O documento descreve as linhas de trem turístico que ainda operam em Minas Gerais, incluindo o Trem da Vale entre Mariana e Ouro Preto, o Trem das Águas entre São Lourenço e Soledade de Minas, e o Trem da Serra da Mantiqueira entre Passa Quatro e Coronel Fulgêncio.
3. O trem é elemento constituinte da história cultural do povo mineiro, sendo fator comum
no imaginário, na linguagem, na estética e na música.
Na era de realizações do progresso tecnológico no final do século XIX e início do XX,
os trilhos costuraram redes de convivência entre cidades e pessoas, diminuindo
distâncias e aumentando a comunicação. A chegada da ferrovia em uma cidade era
garantia de desenvolvimento econômico e cultural. Trem era possibilidade, prosperidade.
O trem cruza por montanhas e vidas, desfila diante de olhares e realidades diversas.
Há o trem que, com seus vagões, otimiza o transporte de cargas pelo país, gera
empregos, agiliza entregas e move grandes empresas. Mas é o trem de passageiros, com
seu ritmo lento que permite namorar as pessoas e paisagens, que carrega imagens e
desejos, sendo o elo que por décadas uniu e formou amizades e famílias.
Não sair da linha é seguir nos trilhos! Mineiro se identifica com o jeito contido e forte das
locomotivas, com o ritmo tranquilo e confiável de fazer seu trajeto, com a possibilidade de
conforto e privacidade que os restaurantes e cabines oferecem. Na segurança e calma
oferecidas pelo trem, o mineiro viaja sentindo-se dentro de casa.
É este trem que se tornou íntimo, espécie de amigo com quem se pode contar, que se
sabe onde e quando procurar com a certeza de encontrar. É ele que carrega o mineiro
que, escondido entre as montanhas, conheceu o mundo, abriu suas terras e seus olhos
quando o trem cruzou seu caminho.
O “trem mineiro” é, antes de tudo, um estado de espírito.
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5. Atualmente há apenas 5 linhas para transporte ferroviário de passageiros
em Minas Gerais:
- Estrada de Ferro Vitória a Minas (Belo Horizonte - Vitória)
- Estrada de Ferro Oeste de Minas (São João del-Rei - Tiradentes)
- Trem da Vale (Mariana - Ouro Preto)
- Trem das Águas (São Lourenço - Soledade de Minas)
- Trem da Serra da Mantiqueira (Passa Quatro - Coronel Fulgêncio)
6. Estrada de Ferro Vitória a Minas
( Belo Horizonte – Vitória )
A Estrada de Ferro Vitória a Minas foi aberta em 1904 num pequeno trecho a partir do porto de
Vitória e tinha como objetivo principal transportar as culturas da região ao longo do Rio Doce,
especialmente a produção de café. Com 905 quilômetros de extensão e bitola métrica, é atualmente
uma das mais modernas e produtivas ferrovias do Brasil, sendo administrada pela Vale S. A., antiga
Companhia Vale do Rio Doce. Transporta 37% de toda a carga ferroviária nacional.
Além de cargas, existe diariamente um trem de passageiros que liga a cidade de Belo Horizonte
(MG) à Cariacica, na região metropolitana de Vitória (ES), passando pela região de mineração de
Itabira em Minas Gerais.
Em 2002 entrou em circulação o trem de 320 vagões, o que equivale a uma extensão de quase três
quilômetros. Além de ser utilizada para escoar o minério de ferro, esta ferrovia também é utilizada
para o transporte de ferro-gusa, aço, carvão, calcário, granito, contêineres, produtos agrícolas,
madeira, celulose, combustíveis e cargas diversas de Minas Gerais para o exterior. Também foi
muito importante para construção de cidades de médio porte no interior de Minas e Espírito Santo,
como no Vale do Aço, cujo crescimento industrial só foi possível pela existência da ferrovia.
Com cerca de 300 clientes é uma das poucas ferrovias brasileiras a manter o transporte contínuo de
passageiros, com cerca de 2.800 usuários diariamente, o que lhe confere uma grande importância
turística.
15. Trem das Águas
( São Lourenço – Soledade de Minas )
Trem turístico a vapor que corre num percurso de 10 quilômetros da antiga linha da Rede Mineira de
Viação, ligando as cidades de São Lourenço e Soledade de Minas em fins de semana e feriados.
Com máquinas a vapor da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) e bitola métrica,
a linha foi inaugurada em 2000, utilizando locomotivas e carros de passageiros originários de
diversas ferrovias antigas de bitola métrica (Leopoldina, Rede Mineira de Viação e outras) e que hoje
pertencem ao acervo da ABPF.
Parte da estação de São Lourenço, passando pela Parada Ramon, chegando até a estação de
Soledade de Minas, antigo entroncamento ferroviário, hoje desaparecido, com a linha da Estrada de
Ferro Sapucaí que ligava a cidade, por um lado, a Sapucaí, na Mogiana, e por outro, a Barra do Piraí
e Passa-Três, na Central do Brasil.
Acompanham os viajantes uma dupla de cantores que, com roupas características de caipiras,
animam o passeio com suas músicas ao som de sanfona e violão. Na estação de São Lourenço há
barracas com artesanato, doces e produtos caseiros. Na estação de Soledade de Minas, enquanto a
locomotiva faz a manobra para o retorno à São Lourenço, se pode visitar um pequeno museu que
conta a história da ferrovia e da cidade, além de comprar comida e produtos artesanais nas barracas
da feira que segue a linha ferroviária.
Viajar no Trem das Águas é conhecer uma antiga ferrovia projetada e construída pelos ingleses há
115 anos e trilhar o caminho de ferro percorrido por Dom Pedro II e toda sua comitiva imperial,
quando estes buscavam o ameno clima mineiro e a salubridade das águas da região.
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25. Trem da Serra da Mantiqueira
( Passa Quatro – Coronel Fungêncio )
Trem turístico a vapor que corre num percurso de 10 quilômetros da antiga linha da Rede Mineira de
Viação, ligando a cidade de Passa Quatro à estação de Coronel Fulgêncio, na Serra da Mantiqueira,
em fins de semana e feriados.
Com máquinas a vapor da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) e bitola métrica,
a linha foi inaugurada em janeiro de 2004, utilizando locomotivas a vapor e carros de passageiros
originários de diversas ferrovias antigas e que hoje pertencem ao acervo da ABPF.
Conta com um carro de passageiros e um carro aberto, partindo da estação de Passa-Quatro, onde
os passageiros podem visitar uma exposição fotográfica no hall da estação ao som de música típica
regional, com sanfona, pandeiro e violão.
Após a partida, o trem se dirige à estação Manacá, onde é feita uma breve parada para que os
turistas possam visitar uma feira de artesanato e guloseimas enquanto a locomotiva é preparada
para subida da serra. Partindo da estação Manacá o trem inicia a subida da serra, passando pelas
corredeiras do Manacá e a ponte Estrela.
Chegando na estação Coronel Fulgêncio, a 1085 metros de altura, o trem realiza uma nova parada.
Os passageiros podem então conhecer a exposição fotográfica de máquinas e carros recuperados
pela ABPF e das minisséries Mad Maria e JK, da Rede Globo, filmadas no local.
No local existe um túnel ferroviário que passa sob a serra da Mantiqueira, na divisa dos estados de
Minas Gerais e São Paulo, que desempenhou importante papel estratégico na Revolução
Constitucionalista de 1932. Também é oferecido um passeio cortesia ao túnel.
Após as manobras, o trem parte de volta à Passa Quatro, fazendo uma breve parada na ponte
Estrela para fotografias.
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32. Trem da Vale
( Mariana – Ouro Preto )
Inaugurado em 05 de maio de 2006, o Trem da Vale é um trem turístico-cultural que liga as
cidades de Mariana e Ouro Preto. O projeto é resultado de parcerias entre a Vale S. A., a Ferrovia
Centro-Atlântica e a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), que recolocaram os
trilhos do trecho e reformaram as estações de Mariana, Ouro Preto, Vitorino Dias e Passagem de
Mariana.
De quinta-feira a domingo, além dos feriados, o trem corre num percurso de 18 quilômetros em linha
de bitola métrica, sendo composto por uma locomotiva a diesel ou uma a vapor e vagões de aço que
mantém o mesmo desenho dos antigos trens, sendo quatro com interiores em madeira e um
panorâmico com ar condicionado que permite, por meio da sua estrutura transparente, uma melhor
visualização da paisagem.
O Programa de Educação Patrimonial Trem da Vale oferece bibliotecas, maquetes, informações
sobre a história da ferrovia no Brasil e das cidades sedes em murais, terminais de computador,
vídeos e parques musicais nas estações ferroviárias das duas cidades para turistas e habitantes.
Vagões foram adaptados para servirem como biblioteca, café, oficina de instrumentos sonoros,
estúdio para gravação e tratamento de vídeo onde são gravados depoimentos de moradores para
preservação da história local. Em Mariana há um vagão sensorial onde diversas telas mostram
simultaneamente ou de forma aleatória vídeos em sincronia com sons, mostrando a dinâmica da
população, do folclore e dos sinos. O programa promove também passeios semanais gratuitos para
escolas públicas da região e atividades culturais como teatro, música e palestras.
A construção da ferrovia foi iniciada em 1883 e seu prolongamento até Mariana foi concluído
somente em 1914, após prodigiosas obras de engenharia como túneis, pontes e reforço de
encostas, para transpor as barreiras naturais da região.
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44. Estrada de Ferro Oeste de Minas
( São João del-Rei – Tiradentes )
Trem turístico a vapor que corre num percurso de 12 quilômetros da antiga linha da Estrada de Ferro
Oeste de Minas, ligando as cidades de São João del-Rei e Tiradentes, parando na estação de
Chagas Dória e passando pela estação da Casa de Pedra. Funciona às sextas-feiras, sábados,
domingos e feriados.
Os trens a vapor desta linha são os únicos do mundo de bitola de 0,76 metro, o que lhe conferiu o
carinhoso apelido de “Bitolinha” pelos habitantes da região. É um dos poucos lugares no Brasil onde
houve o uso contínuo de locomotivas a vapor desde 1881.
A parceria entre a população local e a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) fez
com que a ferrovia, juntamente com o complexo composto pelo museu ferroviário, oficinas de
manutenção e rotunda situados em São João del-Rei e a estação e rotunda situadas em Tiradentes
fossem tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1989. O museu
reúne equipamentos, peças, painéis didáticos e fotografias que contam a história da ferrovia no
mundo, Brasil e região. Além disso, estão expostas a primeira locomotiva da ferrovia e um vagão de
luxo que era para uso da administração. Na rotunda estão expostas uma coleção de sete
locomotivas a vapor Baldwin de bitola de 0,762m, três de bitola de 1,00m, oriundas da Rede Mineira
de Viação e uma locomotiva elétrica de bitola de 1,00m, além de carros e vagões de carga.
A estação de São João del-Rei oferece também um vagão com roupas do século XIX e início do XX
para que os turistas sejam fotografados nestes trajes.
A ferrovia original foi inaugurada pelo imperador Dom Pedro II em 28 de agosto de 1881 e
administrada então pela Estrada de Ferro Oeste de Minas para ajudar na desenvolvimento do oeste
de Minas Gerais. Atualmente a Ferrovia Centro-Atlântica opera a linha, onde circulam quatro
locomotivas a vapor com fins turísticos-culturais.
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54. Sylvio Bazote
Junho de 2011
O trenzinho do caipira
Interpretação de Adriana
Calcanhoto
Música:
Formatação:
55. ... o cais é a lembrança de pedra ...
... o sino é o chamado de bronze ...
... o trem é a esperança de ferro ...