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RELATÓRIO DE APRENDIZAGENS & CONCLUSÕES DA TOURNÉE DA FUNDAÇÃO TALENTO

4 de Junho 2010


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INDICE


INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................3

BARCELONA.....................................................................................................................................................4

MADRID.............................................................................................................................................................5

PARIS................................................................................................................................................................5

HAIA..................................................................................................................................................................7

SÃO PAULO......................................................................................................................................................8

RIO DE JANEIRO..............................................................................................................................................9

GENEBRA.......................................................................................................................................................10

BRUXELAS......................................................................................................................................................12

NOVA IORQUE................................................................................................................................................12

BOSTON..........................................................................................................................................................13

SÃO FRANCISCO...........................................................................................................................................14

JOANESBURGO.............................................................................................................................................15

LUANDA..........................................................................................................................................................15

LONDRES.......................................................................................................................................................16

PORTO............................................................................................................................................................16

LISBOA............................................................................................................................................................16

MENSAGEM FINAL.........................................................................................................................................17




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INTRODUÇÃO

No seguimento da iniciativa Star Tracking - A Odisseia do Talento, e o consequente lançamento da rede
social do talento global português - The Star Tracker, os promotores destas iniciativa decidiram responder
ao desafio de SEPR - Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva, propondo criar uma instituição de interesse publico
nacional que perpetue o espirito deste movimento social, criando a Fundação Talento.


A Fundação Talento terá como missão identificar, desenvolver e promover o talento português em todo o
mundo, incluindo Portugal, contribuindo assim para a promoção da imagem do nosso país, mas também de
contribuir para o debate, reflexão e solução das questões emergentes relacionadas com o mais eficiente
aproveitamento do talento no mundo. Ao constituir esta Fundação esperamos construir agente de
transformação social, que fomente a adopção de práticas de meritocracia, diversidade e inclusão social no
seio da sociedade Portuguesa global.


Para que a Fundação representasse os talentos portugueses globais, Tiago Forjaz empreendeu numa
viagem a dezasseis cidades do mundo, onde existem comunidades relevantes de talentos portugueses,
com o propósito de escutar e aprender, através das ideias e sugestões destas comunidades, a melhor forma
de constituir uma instituição que aborde a oportunidade de mobilização da diáspora para uma iniciativa
colectiva de identificação, reconhecimento e promoção do talento português no mundo e consequentemente
da promoção da imagem do nosso país e da edificação da nossa auto-estima enquanto povo.


Este documento foi preparado para os membros constituintes da Fundação Talento, como um diário de
bordo da tournée constituinte da Fundação Talento e procura retratar as aprendizagens e conclusões que a
tournée constituinte da Fundação Talento permitiu encontrar.


Nesta viagem recolheram-se 128 nomeações para Senadores da Fundação Talento, em dezasseis cidades
do mundo, identificaram-se 220 talentos extraordinários, entre os quais estão 66 empreendedores e
recolheram-se 23 sugestões para a constituição da Fundação Talento.


Inspiradas em conversas, partilhas e opiniões das muitas pessoas com quem conversamos, estas
conclusões pretendem ilustrar a percepção que os nossos talentos têm das oportunidades e desafios que o
nosso país encontra na entrada de uma nova década.
 

Estas perspectivas foram adquiridas nos encontros com os mais de 600 portugueses, maioritariamente
entre os 25 e os 40 anos de idade, com quem conversámos em todo o mundo. Apesar de ser discutível a
relevância estatística destas opiniões, pareceu-nos importante e útil partilhá-las, de forma humilde com a
Presidência da República e com a comunidade de talento português.

 
Esperamos que este documento contribua para uma melhor compreensão das percepções, desafios e
oportunidades que a Fundação Talento abordará.
 




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APRENDIZAGENS & CONCLUSÕES:
 
BARCELONA
 
OS PORTUGUESES EMIGRAM PARA OUTRAS CIDADES, NÃO OUTROS PAISES
 
Na primeira cidade onde a tournée fez escala, encontrei uma população jovem que fundamentalmente se
encontrava em Barcelona para estudar, que tinha escolhido aquela cidade por esta constituir um arquétipo
claro de cidade criativa, produtiva e nortenha. A frase que um desses talentos me ofereceu “Barcelona é o
resultado de misturarmos cidades como o Porto, Milão e Rio de Janeiro” fez-me perceber como a proposta
de valor das cidades determina, de facto, a escolha dos destinos da actual diáspora estudantil. Observando
com maior rigor, apercebi-me que a maioria dos jovens eram oriundos do norte de Portugal (sobretudo do
Porto) e justificavam a sua escolha pelo simples facto de Barcelona também ser uma cidade do norte.
 
Os Portugueses emigram com base num conjunto de critérios, mas sempre tendo como destino uma cidade
específica. Já não se emigra para um país. Existem naturalmente pessoas que o fazem por uma questão de
necessidade, outras em busca de oportunidade e ainda aqueles que o fazem por uma combinação de
ambas, contudo o certo é que todos escolhem uma cidade e não um país.
 
Mais do que os Países, são as cidades que hoje desempenham um papel preponderante na atracção de
talento para um país. Basta pensarmos em quão diferente será viver em Palo Alto (Silicon Valley) de Nova
Iorque, ou até de viver no Porto e Lisboa. O reconhecimento da proposta de valor de cada cidade é
determinante para a escolha de um destino de emigração e consequentemente para a estratégia de
atracção de talento.
 
Conclusão / Implicação:

A divulgação da proposta de valor das cidades do mundo em Portugal, facilitará a escolha e sucesso dos
portugueses que querem fazer carreira internacional numa área especializada. Por outro, lado importa
definir e divulgar (a nível mundial) a proposta de valor das nossas principais cidades. Enquanto o turismo é
promovido em função do país, e atrai uma diversidade temporária, a diversidade que deveremos procurar
para o nosso país deve ser residente e permanente. Como parte integrante de uma política de inclusão,
torna-se importante definir e divulgar a proposta de valor das nossas principais cidades, tornando-as pólos
de atracção de talento à escala global. É igualmente importante reconhecer que as escolas e as empresas
têm um papel preponderante nesta estratégia.
 
EXISTEM FORMAS E INICIATIVAS DA SOCIEDADE CIVIL QUE AJUDAM A DIVULGAR A CULTURA
DOS POVOS ATRAVÉS DO TALENTO
 
Na cidade de Barcelona aprendi, com a iniciativa de um Argentino, que a organização de torneios
(informais) de futebol com equipas compostas por nacionalidades é uma excelente forma e convocação e
divulgação das várias comunidades numa cidade. Ao utilizar o futebol como um espaço de promoção
saudável da cultura e da realidade de um povo, tecem-se relações de empatia e colaboração não só no seio
da comunidade originária de um país como nas equipas oponentes.
 
Os Portugueses, que não só gostam de desporto, como de conhecer outras culturas e têm orgulho em
representar o seu país, poderiam utilizar esta fórmula não só para estimular os laços sociais entre
Portugueses como para representarem e divulgarem o seu país às restantes comunidades.
 
Este mesmo conceito poderia ser replicado para idades mais jovens, construindo assim a oportunidade de
juntar os filhos de portugueses de gerações, classes e profissões diferentes na diáspora, sem que os pais
interferissem nas amizades que assim se estabelecessem. O facto de se usarem equipamentos desportivos
e de haver uma instituição com valores inclusivos responsável pela organização dos jogos, facilitaria a
diluição das diferenças, complexos e preconceitos sociais entre os jogadores mais pequenos.


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Conclusão / Implicação:

A sociedade civil tem vontade de participação e representação da realidade e da cultura Portuguesa, mas
não existe uma entidade que crie, sugira e coordene essas iniciativas. A Fundação Talento poderá promover
iniciativas que visem divulgar Portugal pela sociedade civil, sempre através do seu talento.
 
MADRID
 
A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DAS EMBAIXADAS

O facto de nesta cidade, como noutras onde as Embaixadas haviam apoiado iniciativas dos membros da
rede The Star Tracker, se notar a presença de membros das Embaixadas fez abrir uma conversa franca,
aberta e serena sobre a importância do papel das nossas Embaixadas e a complexidade do seu desafio de
representação de Portugal.
 
Partindo-se da consciência de que num contexto de globalização, as Embaixadas deverão ter um papel
cada vez mais importante na promoção dos interesses e da cultura do nosso país no mundo, reconheceu-se
também os efeitos nefastos da dependência destas dos sucessivos governos. Este facto parece ter sido
responsável pela degradação da consistência e coerência estratégica das mesmas, mas mais grave
permitiu uma gradual e exagerada estratificação da carreira dos diplomatas, promovendo o avanço da idade
média dos nossos Embaixadores. A necessidade de regeneração das Embaixadas, quer nos seus agentes
quer na sua filosofia e actuação foi abordada com respeito e é reconhecida hoje como um factor essencial
para a promoção de uma imagem positiva de Portugal no mundo.
 
Consciente do desafio colocado pela facilidade da desmaterialização das actividades que a internet veio
criar, bem como dos constrangimentos orçamentais conflitantes com o interesse das Embaixadas serem
cada vez mais necessárias no papel de divulgação e promoção de Portugal no mundo, percebe-se a
urgência de criar uma campanha de marketing que esclareça os Portugueses do mérito e abrangência das
actividades das suas Embaixadas suas, mas também da promoção e democratização do acesso às
Embaixadas, por forma a criar um sentimento de pertença e comunidade.
 
Conclusão / Implicação:
 
Vistas como elitistas por uma primeira geração de emigração humilde e muitas vezes como irrelevantes pela
nova geração da diáspora, fica uma noção de urgência na necessidade de consciência da sociedade civil de
que as Embaixadas são suas, e que são os cidadãos que devem pôr-se ao dispor das Embaixadas para
maximizar os seus recursos e o seu impacto, e não apenas o contrário. A Fundação Talento assumirá essa
postura construtiva na relação institucional com as Embaixadas.
 
PARIS
 
PAPEL DA TV PORTUGUESA PODE SER MAIS APROVEITADO
 
Se Paris é a cidade da diversidade para os Portugueses, é também lá que a dimensão da comunidade faz
reparar na polarização dos grupos e o nascer dos problemas da concertação e comunicação na
comunidade. O facto de haver um novo projecto de comunicação em curso chamado Luso Press, permitiu
que explorássemos, numa conversa prévia ao jantar da FT, a razão pela qual surgem tantas iniciativas de
rádio e TV em Paris. A conversa ultrapassou rapidamente a hipótese de ser a vaidade pessoal a funcionar
como factor motivacional para o surgimento destas iniciativas e fez debater o papel da televisão portuguesa.




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A percepção que encontrei corroborou a importância reconhecida do papel da TV Portuguesa na
manutenção dos laços sociais e culturais entre Portugal e os Portugueses e entre os Portugueses
(enquanto povo), mas que poderia ser melhor aproveitada por um conjunto de razões:

•  Escolha dos conteúdos desactualizados não só gera desinteresse como cria dificuldade de aceitação em
  comparação com a oferta de conteúdos de que estes cidadãos beneficiam nos países de sua residência.
 
• Os conteúdos escolhem-se sem que haja conhecimento e intenção de acertar numa determinada
população alvo. Sobretudo no caso da RTP Internacional. Esta escolha é muitas vezes feita com base num
conjunto de crenças e preconceitos que estão desactualizadas, sobretudo no que toca à população de luso-
descendentes. Continua a fazer-se televisão para a emigração de 1ª geração com uma lógica de difusão
“de Portugal para o Mundo...e do Mundo para Portugal”, não se fazendo a TV dos Portugueses no mundo.
 
• O conteúdo que flui de Portugal para o mundo não retrata a actualidade do país, nem a publicidade que
em muitas circunstâncias funcional como agente cultural reconhecido e elemento emocional de importância.
A publicidade é angariada nos mercados destino e direccionada para o publico local o que não contribui
para uma imagem moderna, actual e justa de Portugal. Imaginando-se a dificuldade das empresas
domésticas justificarem a compra de publicidade para os mercados internacionais onde não estejam
presentes, não deixa de ser importante incluir publicidade das nossas marcas e produtos portugueses no
canal internacional. Quem sabe a venda deste espaço com preços mais convidativos não desempenhe um
papel importante de estímulo à internacionalização dos produtos enquanto mantêm a saudade por Portugal
e pelos seus produtos.
 
• Outra crítica recolhida na diáspora em relação à divulgação da TV é que não se divulgam conteúdos dos
portugueses de sucesso nos países de destino de emigração em Portugal, sendo isto crítico para quebrar
preconceitos e criar auto-estima nos Portugueses residentes em Portugal. Foi dado o exemplo de um
programa na TVE, chamado “Españoles por el Mundo”, que gozou de imenso sucesso, por retratar a vida
dos Espanhóis fora de Espanha.
 
• O facto de haver uma rede global de talento português facilitaria a organização de uma rede global de
jornalistas que já estejam nestes mercados, e que poderiam produzir este conteúdo se houvesse uma
estrutura de programa definido.
 
Esta conversa fez perceber que existe, e cresce, uma oportunidade clara para um canal de televisão para
portugueses no mundo enquanto a fórmula da televisão em Portugal se esgota. Considerando que Portugal
é um território, um povo e uma língua, parece emergir um conceito novo de televisão que se enfoque no
povo (comunidade) de Portugueses no mundo. A redefinição de conteúdos portugueses com qualidade para
divulgação nos canais internacionais tem oportunidade, mas também a publicidade dos produtos
portugueses terá um papel importante na manutenção dos laços com Portugal, para além de constituir uma
oportunidade de internacionalização dos mesmos.
 
Conclusão / Implicação:
 
A Fundação Talento acredita que poderá contribuir de forma significativa para a criação de conteúdos de
interesse abrangente e que promovam a nossa auto-estima, fazendo erodir os complexos e preconceitos
existentes entre Portugueses no mundo e os que se encontram em Portugal
 
OS PORTUGUESES SEGMENTAM (ESTÃO TREINADOS PARA ENCONTRAR AS SUAS DIFERENÇAS)
 
“Ao assumirmos que existe homogeneidade e unidade entre os Portugueses, passa a ser tarefa de todos
encontrar as nossas diferenças” foi a frase-ignição para outra reflexão que se construiu nesta viagem. De
facto ao visualizar o processo de conhecimento de dois estranhos oriundos de Portugal, percebe-se que
quando dois portugueses se conhecem, a sua conversa irá invariavelmente conduzir à pergunta “de onde
és”. Não sendo ambos da mesma cidade, província ou região, encontra-se desde logo uma diferença e cria-


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se inconscientemente, ou não, um conjunto de preconceitos em relação ao outro. Se estiverem resolvidos a
encontrar uma afinidade entre eles, seguramente falarão de futebol, mas a não ser que sejam da mesma
equipa, continuarão a encontrar mais diferenças que os separam do que afinidades que os façam convergir
e construir. A última tentativa de encontrar uma empatia passará seguramente por perguntar se existe um
conhecido comum, esquecendo muitas vezes a inclusão de um elemento de admiração, o que pressupõe
aceitar uma vez mais o risco de associação que nem sempre é positivo. Com graus de conhecimento
diferentes, e eventualmente até opiniões diferentes, ambos ficarão sem uma afinidade identificada,
limitando-se assim a probabilidade de confiança e colaboração. Talvez a razão seja o facto de assumirmos
com demasiada facilidade que somos todos portugueses logo todos iguais. Pois se em oposição
assumirmos que somos todos diferentes, então provavelmente as nossas conversas passarão a centrar-se
mais no que temos em comum (veja-se o caso dos Estados Unidos, da vizinha Espanha, da Suíça ou até da
Itália, onde internamente se aceitam as grandes diferenças entre os seus estados, províncias e cantões,
mas que no mundo agem como um único país.
 
Conclusão / Implicação:

Independentemente da razão pela qual nos dedicamos a encontrar as nossas diferenças, parece haver
utilidade em encontrar denominadores comuns para que os Portugueses possam, com maior facilidade e
coragem confiar, sem julgamento prévio nos seus compatriotas. A Fundação Talento dedicar-se-á a
encontrar formas de construção dessas afinidades entre os Portugueses.
 
O TALENTO É A MAIOR DEMOCRACIA

À semelhança do que acontece com o povo americano, que fala sempre do seu maior denominador comum,
procurando encontrar uma afinidade comum que potencie a oportunidade de colaboração, se os
Portugueses aprendessem a conversar sobre o seu talento, nenhum português poderia ficar calado, pois
todos temos talento. Uns mais (ou mais evidente) outros menos (ou menos visível), mas todos temos
talento. Se conversássemos abertamente sobre o que nos move e o que nos une, criar-se-ia uma maior
probabilidade de colaboração e seria muito mais fácil convergirmos nas nossas ideias, intenções,
empreendimentos e consequentemente na concertação das nossas acções. Essa oportunidade é falarmos
de algo que é democrático, algo que todos temos, e que nos torna únicos: o nosso talento.
  
Conclusão / Implicação:
 
Acreditando que todos temos talento, a Fundação Talento procurará desenvolver mecanismos massivos e
de fácil utilização para que os portugueses aprendam a identificar o seu talento e que exijam acreditar que é
possível construir uma sociedade onde é possível viver e prosperar através da utilização do nosso talento.
 
HAIA

OS PORTUGUESES SÃO DESCOBRIDORES, NÃO CONQUISTADORES

Na passagem por Haia e como por vezes acontecia, fosse por acompanhar um cônjuge ou um amigo, havia
um estrangeiro entre nós. Tive oportunidade de conversar com ele, pedindo-lhe a sua impressão da
iniciativa e do que se havia passado no jantar e prendi uma perspectiva interessante com o referido basco.
“Penso que a iniciativa é boa, pois os Portugueses têm de se unir mais. Sabe na minha terra diz-se que os
Portugueses são descobridores, enquanto os Espanhóis são conquistadores”. Elaborando, retratou-nos
como pessoas curiosas, profundas, que se entretêm com o conhecimento e com a permanente pergunta do
“porquê”. Contudo, sendo esta uma actividade independente e individual, dificilmente se encontra o valor e
a oportunidade da colaboração. Ouvi-o com interesse e especulámos depois se seria essa a razão para
haver hoje (tantos) portugueses notáveis na área da investigação, nas ciências, na matemática, na
engenharia, na educação e na tecnologia. Concluímos ambos, que sendo descendentes dos Fenícios, ainda
somos mais comerciantes, comunicadores e negociadores e a conversa ficou no domínio dos “porquês” ao



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questionarmo-nos sobre se seria essa a razão pela qual somos também banqueiros, consultores e
diplomatas?
 
Conclusão / Implicação:

Apesar de nada termos concluído sobre as razões que influenciam a percepção que os outros povos têm de
nós, a verdade é que aprendemos muito sobre nós Portugueses, através do diálogo com os outros povos e
ao explorarmos a percepção que têm das nossas virtudes, ganhamos autoconfiança. A Fundação Talento
promoverá o universalismo e o diálogo aberto e construtivo com cidadãos de outras nacionalidades não só
para conhecer em maior profundidade as diferenças de percepção que existem sobre o nosso povo, mas
também para estruturar iniciativas e formas de construir uma imagem justa e fiel das nossas características,
sempre através da promoção do nosso talento.
 
PORTUGAL, SENDO PEQUENO, APENAS TEM UM DESAFIO DE AGREGAÇÃO, NOTORIEDADE E
COERÊNCIA
 
Nos últimos anos a diminuição do número de círculos sociais provocou uma diminuição da nossa vida em
comunidade, criando sinais evidentes até no propósito e funcionamento das famílias. A vivência em tempos
de prosperidade, aliada à ausência de pretextos extremos que apelassem à aglutinação colectiva e a ainda
recente memória dos resultados da agregação social e política que surgiu com a queda da ditadura, tem
tornado clara a falta de aglutinação e mobilização da sociedade civil. A convivência global, num tempo de
transição entre os actuais modelos políticos e a incubação da cidadania, juntam-se às características
sociológicas do nosso povo, para nos desafiarem a concertarmos em conjunto uma visão e uma mensagem
para o mundo.

Foi na Holanda que encontrei uma forma prática e irrefutável de combater o complexo do tamanho do nosso
país. Neste país, que sempre procurou ser global através do comércio e a medir o seu sucesso pelo seu
valor económico e não pela abrangência do seu território, assisti a uma campanha televisiva que consistia
em passar de forma muito rápida e muito assertiva a seguinte mensagem: “Holand is Small, Think Big”. De
forma genial acabou-se com o debate sobre a influência da dimensão de um país no seu sucesso (ao
assumir que a percepção do povo é essa, e isso é que importa) e recomendando uma via para contornar
essa adversidade de dimensão. A campanha em si era brilhante pois sendo um spot muito curto, passava
entre cada dois anúncios, ganhando força pela sua repetição. Esta coincidência inspirou-me a pensar que
Portugal precisa apenas de criar uma oportunidade de agregação, alinhar um discurso e repeti-lo muitas
vezes.
 
Conclusão / Implicação:
 
Encontrada a oportunidade de agregação dos Portugueses em torno da promoção do seu talento e
consequentemente da imagem de marca do seu país, a Fundação Talento procurará formas de comunicar
muito curtas e incisivas procurando alinhar esse discurso e que as pessoas o repitam com frequência no
mundo para que se torne uma percepção.
 
FALTA O RECONHECIMENTO POR PARTE DO NOSSO POVO AOS PORTUGUESES DE SUCESSO NO
MUNDO
 
Nos Jantares da Fundação Talento, debateu-se muitas vezes o ressentimento que por vezes se instala
naqueles portugueses que, apesar de terem alcançado o sucesso fora de Portugal, se insurgem (contra
pessoa incerta) por não lhes ter sido possível fazer o mesmo percurso em Portugal. Esta emoção, difícil de
conter, revela-se inútil por não ter um destinatário e por não achar um culpado, mas não pode ser ignorada.
A verdade é que ela importa, pois fragiliza as relações que se mantém com o país e legitimam a indiferença
para com Portugal. Mais do que reter os talentos todos no nosso país, parece ser importante encontrar
formas inovadoras de incluí-los e de manter o contacto fazendo com que estes sentiam que o país aplaude
o seu sucesso e que se congratula com as suas vitórias.


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O ressentimento que se sente naqueles que alcançam o sucesso fora de Portugal, sem o apoio do seu povo
ou do seu país, é um inibidor da manutenção, divulgação e desenvolvimento dos laços culturais e das
oportunidades económicas entre portugueses, as suas empresas e instituições. A criação de um agente que
identifique os talentos portugueses no mundo inteiro, incluindo Portugal e que estruture as suas iniciativas
de forma profissional por forma a maximizar as oportunidades destes indivíduos constitui um importante
agente de reforço do nosso apreço, gratidão e orgulho do nosso país. Esperamos que seja esse o papel
social da Fundação Talento. Algo que nasça na sociedade civil e que envolva todos na promoção de
Portugal.

Conclusão / Implicação:

A FT pode ser um veículo de actualização e contacto com esta diáspora, convocando-a periodicamente para
participar no processo anual de nomeações para os prémios de reconhecimento de Talento na Gala Anual
da FT.
 
 SÃO PAULO
 
O TALENTO QUE SE ENCONTRA FORA DE PORTUGAL TEM A MESMA QUALIDADE QUE
AQUELE QUE SE ENCONTRA EM PORTUGAL...O QUE É DIFERENTE É O ENQUADRAMENTO
CULTURAL, SOCIAL E ECONÓMICO
 
O pretexto de que o Brasil abre horizontes e que cria uma noção de escala, acrescentando uma pressão de
competição e de responsabilidade aos gestores que trabalham em São Paulo, e talvez também a noção de
que não são sempre os nossos melhores talentos que vão para o Brasil, iniciou uma conversa sobre o facto
dos Portugueses que estão fora de Portugal serem exactamente iguais aos que cá estão. Com uma
pequena pausa para discutir se o facto de estarem fora não significa por si só um sinal da sua
proactividade, ambição e qualidade, (tendo-se refutado essa hipótese com o exemplo dos muitos que hoje
gozam de fortuna e reconhecimento terem emigrado por necessidade, sem que isso lhes retire o seu mérito
na actualidade), construiu-se um ponto de vista interessante: a ideia de que os Portugueses na verdade são
iguais, nem que estatisticamente falando, em todo o mundo. O que não é seguramente idêntico é o
enquadramento cultural, sociológico e económico. As regras aceites por todos para definir o que é o mérito
e o sucesso, como se olha para ele e o que pressupõe são diferentes de país para país, diria mesmo de
cidade para cidade.
 
Conclusão / Implicação:

Uma vez mais, parece-nos útil encontrarmos o que é semelhante e coincidente para construirmos, tendo
consciência que o estudo do que é diferente pode ser útil se servir para implementar medidas bem-
sucedidas e evitar erros cometidos pelos demais. A FT procurará estudar os modelos de enquadramento e
as medidas que criaram impacto na forma como o sucesso pode emergir do talento, para propor a adopção
das melhores práticas.
 
RIO DE JANEIRO
 
PORTUGAL TEM NOS SEUS PORTUGUESES UMA ESTRUTURA DE INFLUÊNCIA PODEROSA
 
No Rio de Janeiro conversou-se sobre o facto dos Portugueses não se darem entre eles, procurando antes
conviver com pessoas de outras nacionalidades e muitas vezes de outros segmentos sociais.
 
Corrigida a tentação de perceber porquê, apesar de ainda se ter justificado este fenómeno com causas que
foram desde o complexo ao nosso DNA, a conversa centrou-se na enorme rede de influência que os
Portugueses têm no mundo. Caracterizaram-se alguns casos particulares como o de um dos presentes que
revelou ter acesso aos decisores chave da indústria cinematográfica e depois explorou-se o poder que isso


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poderia ter se todos estivéssemos dispostos a usar a nossa rede de influência de forma ética, rigorosa e
meritocrática em proveito do nosso país. O facto de sermos efectivamente diferentes, nos nossos hábitos de
convívio e socialização fora de Portugal, e de não nos agregarmos como os Chineses ou os Italianos (que
rapidamente procuram construir os seus bairros), os Portugueses querem estar afastados uns dos outros.
Isto parece reflectir-se também na dispersão que se encontra no The Star Tracker (que sendo uma rede
social de acesso exclusivo e por convite, tem membros em mais de 250 cidades do mundo em 134 países,
com apenas 30,000 talentos na rede).
 

Conclusão / Implicação:

Se todos aceitarmos a FT como uma oportunidade de aglutinação e colaboração, utilizando as nossas redes
de influência no mundo, rapidamente poderemos promover os talentos portugueses, com potencial e
ambição globais, aos lugares de maior reconhecimento no mundo, beneficiando todos com o impacto sobre
a marca Portugal.
 
GENEBRA

A FISCALIDADE PODE ATRAIR A DIVERSIDADE

O caso da Suíça, que negoceia directamente (cantão a cantão) a fiscalidade de cada empresa que lá se
radica, acaba por fomentar a diversidade de sectores representados na economia como também a
diversidade de talentos que se fixam naquele país. Sendo um país composto por muitas realidades,
encontrou força na estratégia de ter um pouco de tudo - a diversidade. A diversidade de actividades
económicas num país também é uma estratégia, que aliás já encontrou uma de correlação forte com a
riqueza de um país. A sugestão que encontrámos nas conversas que mantive com os Portugueses na Suíça
passou por olhar para a fiscalidade de uma forma mais abrangente, mais estratégica, usando-a como uma
arma de atracção e fixação de talento em Portugal. Apesar de apenas alguns estarem conhecedores do
único argumento de de destaque que a revista Economist 2010 assinalou na sua análise a Portugal - a
adopção de fiscalidade mais baixa para talentos qualificados que se radiquem em Portugal, reforçaram a
sua sugestão apontando para Silicon Valley como um exemplo a seguir. Houve até quem sugerisse que
Oeiras poderia ser um concelho com um posicionamento de “Meritocity” usando incentivos fiscais e outros
para construir uma cidade onde o talento se instalasse em Portugal.
 
Conclusão / Implicação:

Embora a FT não tenha como objectivo interferir ou opinar sobre as estratégias governativas, não deixará
de estar disponível para partilhar as ideias, sugestões e opiniões dos seus membros, sempre e desde que
estas estejam directamente relacionadas com a temática do talento e que o intuito de o fazer seja
disponibilizar-se para estudar o impacto e ou melhor abordagem de acção.
 
EXISTEM ROTAS DE TALENTO (EM FUNÇÃO DA CARREIRA E ESPECIALIDADE)
 
Genebra foi a cidade onde me apercebi que existem rotas de talento. Linhas de mobilidade conectadas por
relações entre pessoas que tendo afinidades e confiança estimulam a mobilidade e a cooperação para o
sucesso. Foi de uma conversa com um cientista que havia estado na Holanda e que chegara à Suíça por
causa da necessidade do CERN contratar pessoas (com competência na indústria aeroespacial) que me
apercebi do real valor das afinidades e da confiança entre um Português que sugere o nome de outro para
ocupar uma posição importante numa instituição tão relevante como o CERN. Facilmente se percebe que
as relações que se estabelecem entre os Portugueses fora de Portugal beneficiam-nos de um modo
diferente. Outro exemplo deste fenómeno é o facto de um professor do IST, estabelecido em Delft, ter
informado e atraído Portugueses do IST para estudarem naquela cidade na especialização aeroespacial. O
resultado, após poucos anos, é visível ao constatar-se: a existência de um grupo relevante e de referência



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de Portugueses naquela Universidade, a criação de três empresas de origem portuguesa na indústria do
Aeroespacial e no fluxo de Portugueses que migraram para a Suíça para participar no projecto do CERN.
 
Outro caso sintomático desta evidência, foi ter encontrado uma colaboradora portuguesa da JP Morgan em
três cidades que visitei (Londres, Paris e Joanesburgo) ao longo dos últimos três anos. Se repararmos nas
profissões mais frequentes dos Star Trackers destas cidades, vemos que banca está no top três de cada
uma. Assim a especialidade parece ter impacto na rota de mobilidade dos Portugueses (seja por iniciativa
própria, seja por necessidade corporativa). Isto significa que as empresas e as sua presença global também
influenciam as rotas do talento.

 
Conclusão / Implicação:

A Fundação Talento procurará estudar mais aprofundadamente estes fluxos migratórios, identificando as
rotas de talento por forma a divulgá-las com a intenção de facilitar aos portugueses as suas escolhas de
fixação, mas também de se construir um ponto de vista sobre a estratégia de atracção de talentos para as
cidades portuguesas.
 
BRUXELAS

NÃO SOMOS BONS PORQUE SOMOS PORTUGUESES. MAS SENDO RECONHECIDOS NÃO HÁ
RAZÃO PARA ESCONDERMOS O FACTO DE SERMOS PORTUGUESES
 
Denotei por diversas vezes nesta viagem uma reacção defensiva ao encorajamento para os Portugueses
serem menos discretos em relação à sua nacionalidade. Provocando-os, explicava-lhes que muitas vezes a
diferenciação de sermos Portugueses é positiva, mas a sensação que tinha é que qualquer uma das
pessoas com quem discuti este tema poderia advogar a sua tese e simultaneamente o seu total contrário.
Em Bruxelas houve quem tivesse tido a coragem de dizer: “Mas isso não é um bocado patriótico ou
nacionalista?..acharmos que somos bons porque somos Portugueses”. Pois foi justamente em Bruxelas que
desenovelámos esse princípio. De facto, ser Português não constitui (per si), o privilégio de sermos mais
talentosos do que qualquer outro ser humano. O que é verdade, é que uma vez inseridos em sociedades de
mérito que celebram o sucesso, e ainda que sendo reconhecidos mantemos a nossa descrição.

Reconhecendo esta oportunidade de agirmos como embaixadores de Portugal e de aproveitarmos a
oportunidade única para “representarmos” o nosso país, por não sabermos fazê-lo, encontramos mais
facilidade em dizer que é absurdo do que em tentar. De facto não é num momento de reconhecimento
apenas que existe a oportunidade de falarmos do nosso país. Diria que esse é o primeiro momento, mas
que a partir desse instante em diante, todos podemos incluir nas nossas conversas uma referência a um
produto, a uma região, a uma grande personalidade, a um autor ou a um talento Português. Despertar essa
afinidade por Portugal é algo que nos é natural e que deveria ser assumidamente prazeroso.
 
Conclusão / Implicação:

Ao divulgar o sucesso dos talentos portugueses no mundo e em Portugal a FT espera poder contribuir para
as histórias e exemplos que fortaleçam o orgulho de sermos portugueses, estimulando os Portugueses a
não confundirem o patriotismo, o nacionalismo, o fanatismo ou a arrogância com a necessidade que temos
de diplomaticamente divulgarmos Portugal, através do talento.
 
O QUE É MERITOCRACIA (?)
 
Foi em Bruxelas que tive uma conversa esclarecedora e surpreendente sobre o que é o nível básico da
meritocracia. Ouvi interessado, no exemplo do que acontece num processo de recrutamento típico na
Bélgica.
 


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“Na Bélgica, em resposta a um anúncio, responderão seguramente um conjunto de pessoas, das quais
existirão uma terna de candidatos potencialmente interessados. Entre os finalistas haverá seguramente um
par de nacionalidades (quem sabe mais). Evidentemente haverá pelo menos um Belga entre eles, e é
seguro assumirmos que um Belga que esteja a recrutar encontrará mais afinidades com outro Belga. Mas
isso por si só não justificará que seja ele o escolhido. Isto é, a não ser que o Belga seja o melhor candidato.
Este facto, seja por uma questão de receio de não cumprir com a regulamentação, por uma questão de
inteligência (pois é um acto de inteligência escolher-se o melhor candidato para desempenhar uma função
que dependa de nós...mesmo que o candidato possa representar uma ameaça potencial para a nossa
própria função), ou simplesmente pelo facto de se ter alguém competente em funções que nos permita ir
cedo para casa e gozar a família, isto é diferente do que se passa em Portugal. Ora vejamos o mesmo caso
em Portugal. Para começar a terna de candidatos será composta integralmente por cidadãos Portugueses
domésticos, o que desde logo constitui um problema de diversidade (resultado de falta de políticas de
interesse e inclusão de talentos portugueses internacionais e de outras nacionalidades no nosso país), mas
mais grave é o facto de nem se quer haver entre esses finalistas Portugueses com experiência
internacional. Na verdade, na grande maioria dos casos, os candidatos são todos “Portugueses de
Portugal”. Nos poucos casos em que existe a sorte de estar incluído um português com um perfil
internacional, o responsável pelo recrutamento sentirá um complexo de inferioridade ou até uma ameaça à
sua posição e justificará a sua exclusão do processo com a falta de actualização em relação ao mercado
português, a falta de contactos ou ainda pior com um conjunto de frases como “sabe, esta função é pouco
interessante para si, de certeza que encontrará algo melhor”. Curiosamente é o mesmo complexo que
garante que na maioria dos casos se escolha a pessoa que menos risco oferece, mas nem por isso a que
mais potencial tem.

Esta ilustração básica dos princípios do mérito está longe da constituir uma análise e discussão da
regulamentação que outros países implementam, é apenas uma base de reflexão sobre as percepções da
sociedade e precisa de transformar-se, num debate social mais amplo. Caso contrário os Portugueses
correm o risco nunca ganharem consciência de que os portugueses domésticos são tão bons como os que
estiveram fora, logo tão bons como todos os outros talentos no mundo.
 
Conclusão / Implicação:

A Fundação Talento poderá ser um agente de transformação social, estudando e propondo formas de
aceleração e adopção de práticas, fora e discussões que promovam a abertura do mercado das
oportunidades e do trabalho em Portugal ao talento global, e que facilite a percepção real e comparada da
qualidade e valor dos Portugueses em Portugal.
  
NOVA IORQUE

FALTA DE MERITOCRACIA E DIVERSIDADE É O PRINCIPAL ENTRAVE DE REGRESSO DOS
TALENTOS DA DIÁSPORA AO NOSSO PAÍS

A conversa sobre a meritocracia renasceu, como seria de esperar, nos Estados Unidos onde entre muitos
outros entraves pessoais se apontou a falta de meritocracia como o maior entrave ao regresso a Portugal e
simultaneamente o maior desafio de integração dos talentos, com experiência global, no nosso mercado de
trabalho. Para além do reforço da necessidade de abertura de Portugal ao mundo e da implementação de
medidas de aceleração da diversidade e da inclusão social no mercado de trabalho, explorou-se o que fazia
a diferença nos Estados Unidos.

Conclusão / Implicação:

A Fundação Talento deverá promover a adopção de iniciativas de abertura e inclusão da sociedade, das
instituições e das empresas portuguesas ao talento global de todo o mundo, começando desde logo pelo
talento global português.
 


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NINGUÉM VENCE SOZINHO: TODOS TEMOS TALENTO, ALGUNS TÊM OPORTUNIDADE, POUCOS
SUSTENTAM O SUCESSO, MAS NINGUÉM O CONSEGUE SOZINHO
 
Foi nos Estados Unidos que uma conversa se desviou para esta frase “Os portugueses que estão em
Portugal aceitam com demasiada facilidade a perspectiva de que apenas uma pequena e privilegiada
minoria tem talento”. Isto parecia retirado do livro que “Outliers” de Malcolm Gladwell. Depois de falarmos
um pouco sobre a oportunidade de regulamentação, reconhecemos que a sociedade de oportunidade e
mérito como enquadramento, não só legal mas também social, cria um contexto florescente para o talento.
Aprendi que nos Estados Unidos o conceito social está tão enraizado que o seu cumprimento não vive da
fiscalização dos seus princípios, mas da denúncia por quem não os vê cumpridos. Assim conseguem os
americanos implementar (ao regulamentar também) uma sociedade de
mérito. O princípio base é que “todo e qualquer um pode singrar na vida”. Aqui não se parte do princípio que
foi uma questão de sorte ou o resultado de um privilégio, nem de uma cunha. Em geral os americanos
acreditam que qualquer pessoa tem talento, e que são as suas circunstâncias que influenciam a sua
probabilidade de sucesso. Nem a propósito, no meu livro de viagem, Malcolm Gladwell, defende que o
talento é como a inteligência: todos nós temos! Uns mais outros menos, mas todos temos talento. Contudo
a inteligência é apenas um critério de aceitação, não uma garantia de sucesso (nem na sociedade mais
meritocrática). O que faz a diferença é descobrirmos a nossa vocação. Encontrarmos alguma actividade de
que tanto gostemos, que o treino disciplinado nos saiba a puro prazer. Também depende de sermos
diligentes e perseverantes a treinar esse prazer. Ao que parece são 10,000 horas de treino que nos
permitem ser “fora de série” numa qualquer actividade. Ainda assim não bastam estes dois ingredientes, o
sucesso é feito também da oportunidade e Gladwell defende que há sempre alguém que nos ajuda, que na
verdade ninguém vence sozinho. Esta é uma consciência colectiva que nós Portugueses temos de aceitar e
adoptar. É ela que nos traz a esperança de ver a nossa adversidade como uma oportunidade.
 
Conclusão / Implicação:

A FT: deverá dedicar-se a explorar novas formas de fazer despiste vocacional, garantindo aos mais novos o
apoio de encontrarem as actividades que mais prazer lhes trarão, e criar as oportunidades para que possam
viver dessas actividades. A FT dedicar-se-á à promoção de talentos e oportunidades de forma profissional e
rigorosa, a estruturar planos de carreira e a angariar mecenas para os seus talentos, mais do que a
financiar, pelos seu recursos, os talentos.
 
AS ESCOLAS PORTUGUESAS TÊM DE ENSINAR A PENSAR, NÃO A ESTUDAR. TÊM DE ENSINAR A
AUTONOMIA E A LIBERDADE, NÃO A DEPENDÊNCIA E A OBEDIÊNCIA

A conversa com uma advogada que veio para os Estados Unidos estudar, ofereceu-me esta frase que me
capturou a atenção pela sua força e fluidez. “As escolas em Portugal têm de começar a ensinar a pensar,
não a estudar. Têm de ensinar a autonomia e a liberdade e não a dependência e a obediência.” A
comparação do modelo de ensino Universitário é um tema explorado, mas esta frase pareceu-me merecer
eco nas minhas memórias da tournée da Fundação Talento, talvez porque eu não lhe mudaria uma vírgula.
 
Conclusão / Implicação:

Criar as bases para uma mudança na metodologia de ensino em Portugal é algo que pode ser feito,
começando no ensino privado e depois por contágio verter-se no ensino público.

BOSTON

OS PORTUGUESES PENSAM QUE PORTUGAL É UM TERRITÓRIO, ESQUECENDO-SE QUE É
TAMBÉM UM POVO (UMA COMUNIDADE) E UMA IDIOMA INFLUENTE

A relação de dependência esquizofrénica do povo em relação ao Estado (que muitas vezes confunde
Estado com o Governo) desresponsabiliza as pessoas de agirem. Alguém em Boston disse que os


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Portugueses querem depender do Estado nos primeiros três dias da semana e serem empreendedores nos
últimos dois, mas como se punha o fim de semana pelo meio (e os empreendedores trabalham fins de
semana) começava-se a semana seguinte a querer, de novo, depender do Estado.

Á semelhança de Israel, Portugal não tem uma única marca global, refiro-me a uma marca de consumo.
Temos apenas alguns produtos globais e empresas em fase de internacionalização, mas os agentes de
divulgação da marca de um país deixaram de ser os produtos e as empresas e passaram a ser o seus
talentos e as suas marcas. O elemento mais global que Portugal têm é o Cristiano Ronaldo, que tem mais
pesquisas no Google do que o Presidente George Bush. Isto mostra que uma das vias para aumentar a
notoriedade de Portugal é casar as marcas com potencial global com os agentes individuais (os talentos)
globais (como aliás foi feito com grande sucesso em Espanha pela www.brandsofspain.com)
 
Conclusão / Implicação:

A FT estudará e proporá formas de concertar os interesses das empresas nacionais com marcas de
potencial global com o potencial e estratégia de promoção dos talentos Portugueses, contribuindo para uma
divulgação meritória de Portugal.

UMA CIDADE ACADÉMICA DE REFERÊNCIA PODE FAZER MUITO POR UMA SOCIEDADE
 
Boston fez ganhar consciência de que na história da humanidade é rápido construir algo verdadeiramente
notável. Boston foi construído para ser a cidade mais evoluída dos Estados Unidos em menos de 200 anos.
Isso, para um povo, não é muito tempo. Boston é uma das capitais do conhecimento do mundo, constituindo
uma verdadeira oportunidade de influência global, para não falar já da cidade dos Estados Unidos onde o
network mais conta e influi.

Conclusão / Implicação:: A FT trabalhará em proximidade e comunhão com as escolas e cidades que
queriam construir pólos de atracção de talento em Portugal.
 
A EXODO DE TALENTOS E A MOBILIDADE SÃO FENÓMENOS QUE ESTAM A ACONTECER EM
TODOS OS PAÍSES. ISTO É DETERMINADA MAIORITARIAMENTE PELA AMBIÇÃO PROFISSIONAL E
ECONÓMICA, BEM COMO A CURIOSIDADE, DOS MAIS JOVENS. NÃO É (APENAS) PELA FALTA DE
QUALIDADES E OPORTUNIDADE DO SEU PAÍS DE ORIGEM.

Tendemos a pensar que os jovens talentos saem do nosso país exclusivamente por falta de oportunidades e
recursos em Portugal, sem querer incluir na mobilidade, a influência da globalização. Se em Boston ganhei
consciência de que na Escandinávia se encorajam os jovens (através de mecanismos de incentivo) para
fazerem um ano sabático e a viajarem pelo mundo, antes do ingresso na faculdade, porque acreditam que
essa experiência qualificará as suas primeiras escolhas de carreira e residência de forma determinante,
promovendo uma probabilidade acrescida de felicidade e sucesso individual. Em Portugal deveríamos
considerar que existe uma percentagem de jovens que saem apenas pelo simples efeito da globalização,
pelo facto de quererem autonomizar-se, ou de se provarem a si mesmos como seres capazes.

Conclusão / Implicação: A FT interessar-se-á pelo estudo da mobilidade dos talentos nas suas diferentes
gerações, procurando divulgar os dados encontrados, identificar e aproveitar as oportunidades de fixação
ou regresso do talento ao nosso país, bem como a adopção de iniciativas de colaboração que não obriguem
os talentos da diáspora a estarem em Portugal.
  
SÃO FRANCISCO

AQUELES QUE ESTÃO FORA GANHAM AUTO-ESTIMA (POR VIA DA COMPARAÇÃO COM OUTROS
TALENTOS DE OUTROS PAÍSES)

Sem abandonar o argumento de que existe tanto talento em Portugal como fora e acreditando que é
enquadramento sociológico, cultural e económico, que sendo diferente, influência os Portugueses que

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tiveram (ou têm) a oportunidade de viver fora, todos temos de concordar que esta vivência os influência, ou
condiciona, logo altera. Na medida em que estes ambientes novos os tornam mais autónomos, mais alertas
e mais tolerantes, acreditamos que esta experiência os torna, pelo menos, mais capazes de aceitar a
mudança e de se adaptarem ao mundo global que hoje enfrentamos com maior facilidade. Isto é,
acreditamos que os Portugueses com experiência global têm maior facilidade e probabilidade de se
adaptarem com sucesso ao mundo em que vivemos. As três coisas que me pareceram evidentes sobre os
Portugueses que tiveram uma vivência internacional são que:

• Estes ganham auto-estima por via da comparação com os talentos de outros povos, adquirindo
  consciência de que de facto os Portugueses não sofrem de nenhuma desvantagem. Embora o ponto
  crítico desta mensagem pareça ser a esperança de que afinal temos uma valia equivalente a cidadãos de
  outras nacionalidades, a verdade é que é a falta de diversidade e de feedback credível que nos faz falta
  para aceitarmos quem somos em Portugal. Esta é uma lei da natureza humana. “Estranhamos tudo o que
  não conhecemos, isso intimida-nos logo excluímos as pessoas diferentes”. Este Portugal, tão homogéneo,
  não permite aos Portugueses um conjunto de episódios suficientemente frequentes e relevantes para criar
  auto-conhecimento, nem orgulho nos Portugueses domésticos.

• Adquirem uma verdadeira compreensão da realidade e do potencial que o nosso país tem para oferecer.
  Por comparação e abstenção das virtudes do nosso povo, da nossa língua e do nosso território, os
  Portugueses que estão fora desenvolvem um apreço reforçado pelos elementos da sua cultura, pelos
  produtos do seu país e pelas características únicas do nosso território.

• Acedem e incorporam informação crítica para serem construtivos em relação aos problemas e desafios do
  do seu país. Ao terem acesso a realidades, fontes de informação e organizações novas, é possível
  procurar com vigor as diferenças entre nós (pessoas, empresas, sociedade e instituições) e outros povos
  e também ser construtivo e útil na resolução dos problemas do país. Pois estes Portugueses conseguem
  ir para além da crítica, construindo e oferecendo soluções pelo simples facto de terem visto alternativas.

Conclusão / Implicação:

A FT procurará fomentar o debate desta temática com o objectivo de clarificar este conceito, procurando
desmistificar os complexos e preconceitos existentes entre estas duas realidades.
 
JOANESBURGO

FALTA RECONHECER E DIVULGAR O QUE É O “TALENTO” DOS PORTUGUESES.

Ao partilhar uma ideia em Joanesburgo, um dos nossos convivas, no Jantar da Fundação Talento, sugeriu
que os Portugueses criassem uma apresentação sobre o “talento português” para que sempre que
houvesse a oportunidade de nos apresentarmos a um estrangeiro, soubéssemos o que dizer sobre o
“talento português” e sobretudo que disséssemos todos o mesmo. Embora o conceito de talento é ainda
hoje suficientemente subjectivo para nos deter no debate sobre se existe um “talento nacional”, o que
acredito é que existe um conjunto de características culturais suficientemente generalizadas para podermos
estruturar a identidade de um Português.
 
Conclusão / Implicação:

A FT dedicar-se-á a promover o debate social sobre o conceito do talento, fomentando a concretização das
características culturais dos Portugueses por forma a facilitar a compreensão do nosso povo no mundo.
 




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LUANDA

PARA ALÉM DA OPORTUNIDADE DA COMUNIDADE, PORTUGAL DEVERIA EXPLORAR MELHOR A
OPORTUNIDADE DA LINGUA

Se Portugal é um território, um povo e uma língua, e a força da diáspora é um exemplo de como o nosso
povo pode ser uma alavanca para mudar a nossa percepção no mundo, maior potencial terá a exploração
da influência da nossa língua no mundo. Paradoxalmente e apesar da língua ser um elemento da nossa
cultura, a língua não provou ter sido uma afinidade suficientemente forte para aliar o mundo lusófono. Isto
prende-se com o facto de haver um entendimento de que a língua é originalmente de Portugal, o que cria
uma iniquidade na paridade que é preciso sentirmos na colaboração (ou na perseguição de um objectivo
comum) para manter esse activo na construção do idioma mais relevante no hemisfério sul..

Conclusão / Implicação:

A FT trabalhará em consonância e comunhão com iniciativas que promovam a língua portuguesa como
plataforma de inclusão e entendimento entre as pessoas, sempre numa posição de paridade com os povos
que sendo nossos irmãos partilham a língua Portuguesa.
 
LONDRES

SER-SE PORTUGUÊS É UMA DIFERENCIAÇÃO POSITIVA

Se é verdade que os Portugueses andam sempre à procura das suas diferenças, também vivemos numa
cultura em que ser diferente é bom, contudo poucos são os Portugueses que aproveitam a diferenciação
positiva que ser Português oferece. Encontrei diversos exemplos do efeito positivo criado por aqueles que
sabem aproveitar essa realidade. Este é o caso que um vice president de uma das maiores empresas de
capital de risco nos ofereceu, explicando que o facto de ter 26 anos e de acrescentar à surpresa de ser tão
novo num board tão relevante, a partilha de que é Português o tem beneficiado largamente. Outro caso que
encontrei foi o de um rapaz que, cansado de tentar dizer o seu nome de uma forma mas fácil para os
Ingleses conquistou a empatia e provavelmente o seu emprego ao dizer que se chamava José. “José, like
Mourinho” foi a exclamação que surgiu e que lhe confirmou a vantagem que nunca mais deixou de usar.
 
Conclusão / Implicação:

A FT promoverá a divulgação de histórias, ideias, iniciativas acções e métodos efectivos de explorar a
diferenciação positiva de sermos portugueses.
 
PORTO

A GLOBALIZAÇÃO FEZ COM QUE OS PORTUGUESES PREFERISSEM MIGRAR PARA OUTRAS
CIDADES QUE NÃO AS NOSSAS

Os Portugueses do norte são efectivamente dos mais empreendedores que encontrei na viagem, seja
porque vindo de uma cidade mais pequena têm mais razões para sair, seja porque tem maior ambição e
rigor, são eles os que mais vezes se encontram em posições de empreendedorismo fora de Portugal. São
pessoas mais autónomas e independentes, do Estado. Embora não seja claro se o factor determinante é a
degradação das oportunidades e qualidade de vida no Porto, o que é facto é que os portugueses do norte,
quando decidem migrar pensam, como um rapaz me referiu: “Já que tenho de abandonar a minha cidade
então vou para fora, não vou para Lisboa”.




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Conclusão / Implicação:

A FT trabalhará em proximidade e comunhão com as Cidades que queiram construir pólos de atracção de
talento em Portugal, por perceber que esta é também uma das medidas que se podem construir para fixar e
reter o talento em Portugal.

LISBOA

O TALENTO NÃO ESCOLHE GEOGRAFIAS, TEMOS MAIS TALENTO EM PORTUGAL QUE NO MUNDO
INTEIRO

No evento de Lisboa, que previsivelmente teve o maior numero de presenças, foi também evidente a
relação estatística no conceito do talento. Isto é, temos hoje mais talento em Portugal do que no mundo. Isto
deve-se ao simples facto de que existem mais portugueses em Portugal do que fora do nosso país. Embora
seja estranho pensar numa altura em que esta realidade de inverta, importa reconhecer que isso é possível.
Neste evento recolheram-se cento e sessenta e dois nomes de talentos, o que ultrapassa os cento e trinta
nomes que se recolheram em todos os restantes eventos.


Conclusão / Implicação:

A FT trabalhará afincadamente na identificação do talento português em Portugal, nunca esquecendo que o
objectivo da Fundação Talento é aproximar a realidade do talento em Portugal com as melhores realidades
do talento no mundo e nunca de caracterizar ou enfatizar as diferenças existentes com a intenção de
agudizar a perda de talentos para o mundo.

MENSAGEM FINAL

Nesta odisseia pelo mundo do talento português, foi possível consolidar uma visão que decorre dos
ensinamentos adquiridos e que aponta para um novo entendimento sobre Portugal no mundo.

CONTEXTO

O contexto da globalização obriga-nos a entender Portugal de uma nova forma e de compreender que os
Portugueses hoje emigram não para países mas para cidades. A mobilidade está a acontecer em todos os
países e é determinada pela ambição e curiosidade dos mais jovens e não apenas pela falta de qualidade e
oportunidade nos seus países de origem. Estes jovens escolhem o local para viver e/ou estudar em função
da proposta de valor de cada cidade, com o objectivo de perseguir uma carreira. Este fenómeno não é
exclusivo a Portugal mas afecta outros povos por ser uma característica da nova geração nómada. É neste
contexto que temos também de reconhecer que Portugal não é apenas o nosso país. Mais do que um
território, somos acima de tudo um povo, e que usamos uma língua com grande influência em todo o globo.

OPORTUNIDADE

Importa criar e difundir uma perspectiva sobre a oportunidade de construir a nossa realidade como aquela
que serve quinze milhões de Portugueses e que acolhe os duzentos e trinta milhões de lusófonos em todo o
mundo. Para tal, há que iniciar um processo de transformação de mentalidades, de destruição dos
complexos e preconceitos existentes entre os Portugueses domésticos e os que se encontram espalhados
pelo mundo. Apenas assim, podermos abraçar a oportunidade de afirmação da sétima língua mais falada no
globo (e quarta nos hemisfério sul)

A necessidade de construção de conteúdos de e para a diáspora portuguesa é mais do que uma
oportunidade, é uma urgência, se quisermos manter e actualizar os laços de cultura com a nossa diáspora.



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Assim dever-se-ia centralizar, editar e voltar a distribuir conteúdo de portugueses para portugueses no
mundo.

Ao divulgar as histórias do nosso sucesso e a influência que temos no mundo, estaremos a contribuir com
uma mensagem de esperança e a promover o nível da auto-estima do povo, mas acima de tudo a erodir os
preconceitos e complexos que existem entre os portugueses residentes e os não residentes em Portugal.

A FUNDAÇÃO TALENTO

A oportunidade de identificação de um elemento democrático de aglutinação como o talento, é algo que
permite construir a auto-estima dos portugueses, aproximando-os enquanto se fomenta a construção
colaborativa e cívica da nossa imagem no mundo, conduziu à proposta de usar o talento como elemento de
evolução social e edificar uma Fundação Talento que seja simultaneamente agente e veículo dessa
transformação.

AGENDA INTERNA - AGENTE DE EVOLUÇÃO SOCIAL

Ao propor um debate social sobre o que é o talento, a Fundação Talento ambiciona conduzir a sociedade
para a consciência de que todos temos talento e construir as bases para uma sociedade meritocrática. onde
prevaleça uma cultura de oportunidade e a celebração do sucesso.

Reconhecendo que ninguém vence sozinho, e que a tolerância do erro permite a iniciativa e suporta o risco
de empreendermos em linha com o nosso talento, a Fundação Talento propõe alimentar um novo nível de
ambição nos jovens Portugueses.

Apenas em conjunto poderemos sensibilizar as famílias e as escolas para acelerar o despiste vocacional
dos mais jovens e encaminhá-los para as suas áreas de competências, enquanto se promove uma
sociedade não só mais feliz, mas mais justa e consequentemente mais produtiva.

Promovendo a adopção destes princípios de universalismo, de igualdade, equidade e fomentando a
inclusão e o aumento da diversidade no mundo empresarial português, poderemos ganhar consciência da
nossa real valia e incorporar a riqueza da visão de outros talentos de outras origens, geografias e religiões.

Transformando o ecossistema social, a Fundação Talento, para além de fomentar a transformação da
mentalidade das instituições públicas e da população em geral, espera contribuir para a abertura de
Portugal ao mundo, bem como promover uma imagem positiva dos Portugueses no mundo.

A Fundação Talento acredita que trabalhar para construir a meritocracia em Portugal é contribuir para o
reforço do apelo à re-qualificação do país, do eventual contributo ou regresso dos nossos melhores talentos
globais e de atracção de talento internacional para se fixar em Portugal. Também acreditamos que a falta de
regulamentação do mérito e da diversidade, aliadas à cultura de informalidade, inibem a descoberta e
sucesso dos nossos melhores talentos.

Ao trabalhar com as escolas, a Fundação Talento espera promover a construção da auto-estima dos alunos
portugueses, ensinando-os a pensar sobre o talento e não apenas a estudar, fomentando um enfoque na
construção da autonomia em lugar da dependência, e da liberdade, em vez da obediência.

Ainda na sua dimensão de agente social, a Fundação Talento, reconhecendo a crescente importância das
cidades e da divulgação da sua proposta de valor, poderá propor estratégias de diferenciação das nossas
cidades para atrair o tipo de talento que o país precisa para singrar.




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AGENDA EXTERNA - VEÍCULO DE PROMOÇÃO DO TALENTO PORTUGUÊS NO MUNDO

A Fundação Talento, enquanto veículo de promoção do talento português no mundo, dedicar-se-á a
mobilizar a sua rede humana e virtual para identificar os talentos portugueses com potencial e ambição
global, estudando as carreiras de sucesso das referências nos seus respectivos domínios. Após uma
análise de necessidades personalizada de cada talento, a Fundação Talento construirá um plano de apoio
apropriado para que seja considerada a sua candidatura pelo Conselho Cientifico. Uma vez aprovado o
plano de acção de cada talento seleccionado, e em função das suas necessidades especificas,
implementar-se-á o mesmo com o objectivo de promover o sucesso e reconhecimento desse talento como
um português de talento global.

Reconhecendo que muitas vezes, mais do que financiar um talento, importará criar uma oportunidade única
de promoção ou apoio para sustentar as difíceis circunstâncias do sucesso (tais como a perda de
anonimato e da instabilidade dos laços familiares), a Fundação Talento agirá não só como promotor do
talento, mas em continuidade na sua carreira.

A crise económica e social que se vive no mundo e em Portugal aliam-se à realidade estatística da nossa
demografia, ilustrando a urgência e a premência da acção concertada desta iniciativa.

O facto da Fundação Talento emergir como uma iniciativa privada por parte de uma pequena empresa de
gestão de talento portuguesa, no âmbito da sua internacionalização, de se ter transformado num projecto
comunitário e posteriormente num movimento social reconhecido pela Presidência da Republica, encoraja-
nos a cumprir a nossa promessa de institucionalizar esta iniciativa e a contar com o apoio institucional do
mais alto órgão de soberania da nação.

AGENDA GLOBAL - INSTITUIÇÃO COM RECONHECIMENTO E CONTRIBUIÇÃO GLOBAL

Consciente da importância da agenda económica em detrimento da agenda social como prioridade do dos
países, a Fundação Talento propõe contribuir para a reflexão, debate e construção de soluções para as
grandes questões emergentes relacionadas com o aproveitamento mais eficiente, justo e sustentável do
talento à escala global. Através da construção de um rede de pensadores e contribuidores, em todo o
mundo, a FT investigará e proporá formas mais justas e sustentáveis de organização do mercado das
oportunidades, bem como encontrar novas formas de reconhecer e remunerar o talento em função do valor
do seu contributo em vez de compensar o investimento de tempo.




                                                                                                        19

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Relatório da Fundação Talento revela aprendizagens sobre talento português global

  • 1. RELATÓRIO DE APRENDIZAGENS & CONCLUSÕES DA TOURNÉE DA FUNDAÇÃO TALENTO 4 de Junho 2010 1
  • 2. INDICE INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................3 BARCELONA.....................................................................................................................................................4 MADRID.............................................................................................................................................................5 PARIS................................................................................................................................................................5 HAIA..................................................................................................................................................................7 SÃO PAULO......................................................................................................................................................8 RIO DE JANEIRO..............................................................................................................................................9 GENEBRA.......................................................................................................................................................10 BRUXELAS......................................................................................................................................................12 NOVA IORQUE................................................................................................................................................12 BOSTON..........................................................................................................................................................13 SÃO FRANCISCO...........................................................................................................................................14 JOANESBURGO.............................................................................................................................................15 LUANDA..........................................................................................................................................................15 LONDRES.......................................................................................................................................................16 PORTO............................................................................................................................................................16 LISBOA............................................................................................................................................................16 MENSAGEM FINAL.........................................................................................................................................17 2
  • 3. INTRODUÇÃO No seguimento da iniciativa Star Tracking - A Odisseia do Talento, e o consequente lançamento da rede social do talento global português - The Star Tracker, os promotores destas iniciativa decidiram responder ao desafio de SEPR - Prof. Dr. Aníbal Cavaco Silva, propondo criar uma instituição de interesse publico nacional que perpetue o espirito deste movimento social, criando a Fundação Talento. A Fundação Talento terá como missão identificar, desenvolver e promover o talento português em todo o mundo, incluindo Portugal, contribuindo assim para a promoção da imagem do nosso país, mas também de contribuir para o debate, reflexão e solução das questões emergentes relacionadas com o mais eficiente aproveitamento do talento no mundo. Ao constituir esta Fundação esperamos construir agente de transformação social, que fomente a adopção de práticas de meritocracia, diversidade e inclusão social no seio da sociedade Portuguesa global. Para que a Fundação representasse os talentos portugueses globais, Tiago Forjaz empreendeu numa viagem a dezasseis cidades do mundo, onde existem comunidades relevantes de talentos portugueses, com o propósito de escutar e aprender, através das ideias e sugestões destas comunidades, a melhor forma de constituir uma instituição que aborde a oportunidade de mobilização da diáspora para uma iniciativa colectiva de identificação, reconhecimento e promoção do talento português no mundo e consequentemente da promoção da imagem do nosso país e da edificação da nossa auto-estima enquanto povo. Este documento foi preparado para os membros constituintes da Fundação Talento, como um diário de bordo da tournée constituinte da Fundação Talento e procura retratar as aprendizagens e conclusões que a tournée constituinte da Fundação Talento permitiu encontrar. Nesta viagem recolheram-se 128 nomeações para Senadores da Fundação Talento, em dezasseis cidades do mundo, identificaram-se 220 talentos extraordinários, entre os quais estão 66 empreendedores e recolheram-se 23 sugestões para a constituição da Fundação Talento. Inspiradas em conversas, partilhas e opiniões das muitas pessoas com quem conversamos, estas conclusões pretendem ilustrar a percepção que os nossos talentos têm das oportunidades e desafios que o nosso país encontra na entrada de uma nova década.   Estas perspectivas foram adquiridas nos encontros com os mais de 600 portugueses, maioritariamente entre os 25 e os 40 anos de idade, com quem conversámos em todo o mundo. Apesar de ser discutível a relevância estatística destas opiniões, pareceu-nos importante e útil partilhá-las, de forma humilde com a Presidência da República e com a comunidade de talento português.   Esperamos que este documento contribua para uma melhor compreensão das percepções, desafios e oportunidades que a Fundação Talento abordará.   3
  • 4. APRENDIZAGENS & CONCLUSÕES:   BARCELONA   OS PORTUGUESES EMIGRAM PARA OUTRAS CIDADES, NÃO OUTROS PAISES   Na primeira cidade onde a tournée fez escala, encontrei uma população jovem que fundamentalmente se encontrava em Barcelona para estudar, que tinha escolhido aquela cidade por esta constituir um arquétipo claro de cidade criativa, produtiva e nortenha. A frase que um desses talentos me ofereceu “Barcelona é o resultado de misturarmos cidades como o Porto, Milão e Rio de Janeiro” fez-me perceber como a proposta de valor das cidades determina, de facto, a escolha dos destinos da actual diáspora estudantil. Observando com maior rigor, apercebi-me que a maioria dos jovens eram oriundos do norte de Portugal (sobretudo do Porto) e justificavam a sua escolha pelo simples facto de Barcelona também ser uma cidade do norte.   Os Portugueses emigram com base num conjunto de critérios, mas sempre tendo como destino uma cidade específica. Já não se emigra para um país. Existem naturalmente pessoas que o fazem por uma questão de necessidade, outras em busca de oportunidade e ainda aqueles que o fazem por uma combinação de ambas, contudo o certo é que todos escolhem uma cidade e não um país.   Mais do que os Países, são as cidades que hoje desempenham um papel preponderante na atracção de talento para um país. Basta pensarmos em quão diferente será viver em Palo Alto (Silicon Valley) de Nova Iorque, ou até de viver no Porto e Lisboa. O reconhecimento da proposta de valor de cada cidade é determinante para a escolha de um destino de emigração e consequentemente para a estratégia de atracção de talento.   Conclusão / Implicação: A divulgação da proposta de valor das cidades do mundo em Portugal, facilitará a escolha e sucesso dos portugueses que querem fazer carreira internacional numa área especializada. Por outro, lado importa definir e divulgar (a nível mundial) a proposta de valor das nossas principais cidades. Enquanto o turismo é promovido em função do país, e atrai uma diversidade temporária, a diversidade que deveremos procurar para o nosso país deve ser residente e permanente. Como parte integrante de uma política de inclusão, torna-se importante definir e divulgar a proposta de valor das nossas principais cidades, tornando-as pólos de atracção de talento à escala global. É igualmente importante reconhecer que as escolas e as empresas têm um papel preponderante nesta estratégia.   EXISTEM FORMAS E INICIATIVAS DA SOCIEDADE CIVIL QUE AJUDAM A DIVULGAR A CULTURA DOS POVOS ATRAVÉS DO TALENTO   Na cidade de Barcelona aprendi, com a iniciativa de um Argentino, que a organização de torneios (informais) de futebol com equipas compostas por nacionalidades é uma excelente forma e convocação e divulgação das várias comunidades numa cidade. Ao utilizar o futebol como um espaço de promoção saudável da cultura e da realidade de um povo, tecem-se relações de empatia e colaboração não só no seio da comunidade originária de um país como nas equipas oponentes.   Os Portugueses, que não só gostam de desporto, como de conhecer outras culturas e têm orgulho em representar o seu país, poderiam utilizar esta fórmula não só para estimular os laços sociais entre Portugueses como para representarem e divulgarem o seu país às restantes comunidades.   Este mesmo conceito poderia ser replicado para idades mais jovens, construindo assim a oportunidade de juntar os filhos de portugueses de gerações, classes e profissões diferentes na diáspora, sem que os pais interferissem nas amizades que assim se estabelecessem. O facto de se usarem equipamentos desportivos e de haver uma instituição com valores inclusivos responsável pela organização dos jogos, facilitaria a diluição das diferenças, complexos e preconceitos sociais entre os jogadores mais pequenos. 4
  • 5. Conclusão / Implicação: A sociedade civil tem vontade de participação e representação da realidade e da cultura Portuguesa, mas não existe uma entidade que crie, sugira e coordene essas iniciativas. A Fundação Talento poderá promover iniciativas que visem divulgar Portugal pela sociedade civil, sempre através do seu talento.   MADRID   A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DAS EMBAIXADAS O facto de nesta cidade, como noutras onde as Embaixadas haviam apoiado iniciativas dos membros da rede The Star Tracker, se notar a presença de membros das Embaixadas fez abrir uma conversa franca, aberta e serena sobre a importância do papel das nossas Embaixadas e a complexidade do seu desafio de representação de Portugal.   Partindo-se da consciência de que num contexto de globalização, as Embaixadas deverão ter um papel cada vez mais importante na promoção dos interesses e da cultura do nosso país no mundo, reconheceu-se também os efeitos nefastos da dependência destas dos sucessivos governos. Este facto parece ter sido responsável pela degradação da consistência e coerência estratégica das mesmas, mas mais grave permitiu uma gradual e exagerada estratificação da carreira dos diplomatas, promovendo o avanço da idade média dos nossos Embaixadores. A necessidade de regeneração das Embaixadas, quer nos seus agentes quer na sua filosofia e actuação foi abordada com respeito e é reconhecida hoje como um factor essencial para a promoção de uma imagem positiva de Portugal no mundo.   Consciente do desafio colocado pela facilidade da desmaterialização das actividades que a internet veio criar, bem como dos constrangimentos orçamentais conflitantes com o interesse das Embaixadas serem cada vez mais necessárias no papel de divulgação e promoção de Portugal no mundo, percebe-se a urgência de criar uma campanha de marketing que esclareça os Portugueses do mérito e abrangência das actividades das suas Embaixadas suas, mas também da promoção e democratização do acesso às Embaixadas, por forma a criar um sentimento de pertença e comunidade.   Conclusão / Implicação:   Vistas como elitistas por uma primeira geração de emigração humilde e muitas vezes como irrelevantes pela nova geração da diáspora, fica uma noção de urgência na necessidade de consciência da sociedade civil de que as Embaixadas são suas, e que são os cidadãos que devem pôr-se ao dispor das Embaixadas para maximizar os seus recursos e o seu impacto, e não apenas o contrário. A Fundação Talento assumirá essa postura construtiva na relação institucional com as Embaixadas.   PARIS   PAPEL DA TV PORTUGUESA PODE SER MAIS APROVEITADO   Se Paris é a cidade da diversidade para os Portugueses, é também lá que a dimensão da comunidade faz reparar na polarização dos grupos e o nascer dos problemas da concertação e comunicação na comunidade. O facto de haver um novo projecto de comunicação em curso chamado Luso Press, permitiu que explorássemos, numa conversa prévia ao jantar da FT, a razão pela qual surgem tantas iniciativas de rádio e TV em Paris. A conversa ultrapassou rapidamente a hipótese de ser a vaidade pessoal a funcionar como factor motivacional para o surgimento destas iniciativas e fez debater o papel da televisão portuguesa. 5
  • 6. A percepção que encontrei corroborou a importância reconhecida do papel da TV Portuguesa na manutenção dos laços sociais e culturais entre Portugal e os Portugueses e entre os Portugueses (enquanto povo), mas que poderia ser melhor aproveitada por um conjunto de razões: •  Escolha dos conteúdos desactualizados não só gera desinteresse como cria dificuldade de aceitação em comparação com a oferta de conteúdos de que estes cidadãos beneficiam nos países de sua residência.   • Os conteúdos escolhem-se sem que haja conhecimento e intenção de acertar numa determinada população alvo. Sobretudo no caso da RTP Internacional. Esta escolha é muitas vezes feita com base num conjunto de crenças e preconceitos que estão desactualizadas, sobretudo no que toca à população de luso- descendentes. Continua a fazer-se televisão para a emigração de 1ª geração com uma lógica de difusão “de Portugal para o Mundo...e do Mundo para Portugal”, não se fazendo a TV dos Portugueses no mundo.   • O conteúdo que flui de Portugal para o mundo não retrata a actualidade do país, nem a publicidade que em muitas circunstâncias funcional como agente cultural reconhecido e elemento emocional de importância. A publicidade é angariada nos mercados destino e direccionada para o publico local o que não contribui para uma imagem moderna, actual e justa de Portugal. Imaginando-se a dificuldade das empresas domésticas justificarem a compra de publicidade para os mercados internacionais onde não estejam presentes, não deixa de ser importante incluir publicidade das nossas marcas e produtos portugueses no canal internacional. Quem sabe a venda deste espaço com preços mais convidativos não desempenhe um papel importante de estímulo à internacionalização dos produtos enquanto mantêm a saudade por Portugal e pelos seus produtos.   • Outra crítica recolhida na diáspora em relação à divulgação da TV é que não se divulgam conteúdos dos portugueses de sucesso nos países de destino de emigração em Portugal, sendo isto crítico para quebrar preconceitos e criar auto-estima nos Portugueses residentes em Portugal. Foi dado o exemplo de um programa na TVE, chamado “Españoles por el Mundo”, que gozou de imenso sucesso, por retratar a vida dos Espanhóis fora de Espanha.   • O facto de haver uma rede global de talento português facilitaria a organização de uma rede global de jornalistas que já estejam nestes mercados, e que poderiam produzir este conteúdo se houvesse uma estrutura de programa definido.   Esta conversa fez perceber que existe, e cresce, uma oportunidade clara para um canal de televisão para portugueses no mundo enquanto a fórmula da televisão em Portugal se esgota. Considerando que Portugal é um território, um povo e uma língua, parece emergir um conceito novo de televisão que se enfoque no povo (comunidade) de Portugueses no mundo. A redefinição de conteúdos portugueses com qualidade para divulgação nos canais internacionais tem oportunidade, mas também a publicidade dos produtos portugueses terá um papel importante na manutenção dos laços com Portugal, para além de constituir uma oportunidade de internacionalização dos mesmos.   Conclusão / Implicação:   A Fundação Talento acredita que poderá contribuir de forma significativa para a criação de conteúdos de interesse abrangente e que promovam a nossa auto-estima, fazendo erodir os complexos e preconceitos existentes entre Portugueses no mundo e os que se encontram em Portugal   OS PORTUGUESES SEGMENTAM (ESTÃO TREINADOS PARA ENCONTRAR AS SUAS DIFERENÇAS)   “Ao assumirmos que existe homogeneidade e unidade entre os Portugueses, passa a ser tarefa de todos encontrar as nossas diferenças” foi a frase-ignição para outra reflexão que se construiu nesta viagem. De facto ao visualizar o processo de conhecimento de dois estranhos oriundos de Portugal, percebe-se que quando dois portugueses se conhecem, a sua conversa irá invariavelmente conduzir à pergunta “de onde és”. Não sendo ambos da mesma cidade, província ou região, encontra-se desde logo uma diferença e cria- 6
  • 7. se inconscientemente, ou não, um conjunto de preconceitos em relação ao outro. Se estiverem resolvidos a encontrar uma afinidade entre eles, seguramente falarão de futebol, mas a não ser que sejam da mesma equipa, continuarão a encontrar mais diferenças que os separam do que afinidades que os façam convergir e construir. A última tentativa de encontrar uma empatia passará seguramente por perguntar se existe um conhecido comum, esquecendo muitas vezes a inclusão de um elemento de admiração, o que pressupõe aceitar uma vez mais o risco de associação que nem sempre é positivo. Com graus de conhecimento diferentes, e eventualmente até opiniões diferentes, ambos ficarão sem uma afinidade identificada, limitando-se assim a probabilidade de confiança e colaboração. Talvez a razão seja o facto de assumirmos com demasiada facilidade que somos todos portugueses logo todos iguais. Pois se em oposição assumirmos que somos todos diferentes, então provavelmente as nossas conversas passarão a centrar-se mais no que temos em comum (veja-se o caso dos Estados Unidos, da vizinha Espanha, da Suíça ou até da Itália, onde internamente se aceitam as grandes diferenças entre os seus estados, províncias e cantões, mas que no mundo agem como um único país.   Conclusão / Implicação: Independentemente da razão pela qual nos dedicamos a encontrar as nossas diferenças, parece haver utilidade em encontrar denominadores comuns para que os Portugueses possam, com maior facilidade e coragem confiar, sem julgamento prévio nos seus compatriotas. A Fundação Talento dedicar-se-á a encontrar formas de construção dessas afinidades entre os Portugueses.   O TALENTO É A MAIOR DEMOCRACIA À semelhança do que acontece com o povo americano, que fala sempre do seu maior denominador comum, procurando encontrar uma afinidade comum que potencie a oportunidade de colaboração, se os Portugueses aprendessem a conversar sobre o seu talento, nenhum português poderia ficar calado, pois todos temos talento. Uns mais (ou mais evidente) outros menos (ou menos visível), mas todos temos talento. Se conversássemos abertamente sobre o que nos move e o que nos une, criar-se-ia uma maior probabilidade de colaboração e seria muito mais fácil convergirmos nas nossas ideias, intenções, empreendimentos e consequentemente na concertação das nossas acções. Essa oportunidade é falarmos de algo que é democrático, algo que todos temos, e que nos torna únicos: o nosso talento.    Conclusão / Implicação:   Acreditando que todos temos talento, a Fundação Talento procurará desenvolver mecanismos massivos e de fácil utilização para que os portugueses aprendam a identificar o seu talento e que exijam acreditar que é possível construir uma sociedade onde é possível viver e prosperar através da utilização do nosso talento.   HAIA OS PORTUGUESES SÃO DESCOBRIDORES, NÃO CONQUISTADORES Na passagem por Haia e como por vezes acontecia, fosse por acompanhar um cônjuge ou um amigo, havia um estrangeiro entre nós. Tive oportunidade de conversar com ele, pedindo-lhe a sua impressão da iniciativa e do que se havia passado no jantar e prendi uma perspectiva interessante com o referido basco. “Penso que a iniciativa é boa, pois os Portugueses têm de se unir mais. Sabe na minha terra diz-se que os Portugueses são descobridores, enquanto os Espanhóis são conquistadores”. Elaborando, retratou-nos como pessoas curiosas, profundas, que se entretêm com o conhecimento e com a permanente pergunta do “porquê”. Contudo, sendo esta uma actividade independente e individual, dificilmente se encontra o valor e a oportunidade da colaboração. Ouvi-o com interesse e especulámos depois se seria essa a razão para haver hoje (tantos) portugueses notáveis na área da investigação, nas ciências, na matemática, na engenharia, na educação e na tecnologia. Concluímos ambos, que sendo descendentes dos Fenícios, ainda somos mais comerciantes, comunicadores e negociadores e a conversa ficou no domínio dos “porquês” ao 7
  • 8. questionarmo-nos sobre se seria essa a razão pela qual somos também banqueiros, consultores e diplomatas?   Conclusão / Implicação: Apesar de nada termos concluído sobre as razões que influenciam a percepção que os outros povos têm de nós, a verdade é que aprendemos muito sobre nós Portugueses, através do diálogo com os outros povos e ao explorarmos a percepção que têm das nossas virtudes, ganhamos autoconfiança. A Fundação Talento promoverá o universalismo e o diálogo aberto e construtivo com cidadãos de outras nacionalidades não só para conhecer em maior profundidade as diferenças de percepção que existem sobre o nosso povo, mas também para estruturar iniciativas e formas de construir uma imagem justa e fiel das nossas características, sempre através da promoção do nosso talento.   PORTUGAL, SENDO PEQUENO, APENAS TEM UM DESAFIO DE AGREGAÇÃO, NOTORIEDADE E COERÊNCIA   Nos últimos anos a diminuição do número de círculos sociais provocou uma diminuição da nossa vida em comunidade, criando sinais evidentes até no propósito e funcionamento das famílias. A vivência em tempos de prosperidade, aliada à ausência de pretextos extremos que apelassem à aglutinação colectiva e a ainda recente memória dos resultados da agregação social e política que surgiu com a queda da ditadura, tem tornado clara a falta de aglutinação e mobilização da sociedade civil. A convivência global, num tempo de transição entre os actuais modelos políticos e a incubação da cidadania, juntam-se às características sociológicas do nosso povo, para nos desafiarem a concertarmos em conjunto uma visão e uma mensagem para o mundo. Foi na Holanda que encontrei uma forma prática e irrefutável de combater o complexo do tamanho do nosso país. Neste país, que sempre procurou ser global através do comércio e a medir o seu sucesso pelo seu valor económico e não pela abrangência do seu território, assisti a uma campanha televisiva que consistia em passar de forma muito rápida e muito assertiva a seguinte mensagem: “Holand is Small, Think Big”. De forma genial acabou-se com o debate sobre a influência da dimensão de um país no seu sucesso (ao assumir que a percepção do povo é essa, e isso é que importa) e recomendando uma via para contornar essa adversidade de dimensão. A campanha em si era brilhante pois sendo um spot muito curto, passava entre cada dois anúncios, ganhando força pela sua repetição. Esta coincidência inspirou-me a pensar que Portugal precisa apenas de criar uma oportunidade de agregação, alinhar um discurso e repeti-lo muitas vezes.   Conclusão / Implicação:   Encontrada a oportunidade de agregação dos Portugueses em torno da promoção do seu talento e consequentemente da imagem de marca do seu país, a Fundação Talento procurará formas de comunicar muito curtas e incisivas procurando alinhar esse discurso e que as pessoas o repitam com frequência no mundo para que se torne uma percepção.   FALTA O RECONHECIMENTO POR PARTE DO NOSSO POVO AOS PORTUGUESES DE SUCESSO NO MUNDO   Nos Jantares da Fundação Talento, debateu-se muitas vezes o ressentimento que por vezes se instala naqueles portugueses que, apesar de terem alcançado o sucesso fora de Portugal, se insurgem (contra pessoa incerta) por não lhes ter sido possível fazer o mesmo percurso em Portugal. Esta emoção, difícil de conter, revela-se inútil por não ter um destinatário e por não achar um culpado, mas não pode ser ignorada. A verdade é que ela importa, pois fragiliza as relações que se mantém com o país e legitimam a indiferença para com Portugal. Mais do que reter os talentos todos no nosso país, parece ser importante encontrar formas inovadoras de incluí-los e de manter o contacto fazendo com que estes sentiam que o país aplaude o seu sucesso e que se congratula com as suas vitórias. 8
  • 9.   O ressentimento que se sente naqueles que alcançam o sucesso fora de Portugal, sem o apoio do seu povo ou do seu país, é um inibidor da manutenção, divulgação e desenvolvimento dos laços culturais e das oportunidades económicas entre portugueses, as suas empresas e instituições. A criação de um agente que identifique os talentos portugueses no mundo inteiro, incluindo Portugal e que estruture as suas iniciativas de forma profissional por forma a maximizar as oportunidades destes indivíduos constitui um importante agente de reforço do nosso apreço, gratidão e orgulho do nosso país. Esperamos que seja esse o papel social da Fundação Talento. Algo que nasça na sociedade civil e que envolva todos na promoção de Portugal. Conclusão / Implicação: A FT pode ser um veículo de actualização e contacto com esta diáspora, convocando-a periodicamente para participar no processo anual de nomeações para os prémios de reconhecimento de Talento na Gala Anual da FT.    SÃO PAULO   O TALENTO QUE SE ENCONTRA FORA DE PORTUGAL TEM A MESMA QUALIDADE QUE AQUELE QUE SE ENCONTRA EM PORTUGAL...O QUE É DIFERENTE É O ENQUADRAMENTO CULTURAL, SOCIAL E ECONÓMICO   O pretexto de que o Brasil abre horizontes e que cria uma noção de escala, acrescentando uma pressão de competição e de responsabilidade aos gestores que trabalham em São Paulo, e talvez também a noção de que não são sempre os nossos melhores talentos que vão para o Brasil, iniciou uma conversa sobre o facto dos Portugueses que estão fora de Portugal serem exactamente iguais aos que cá estão. Com uma pequena pausa para discutir se o facto de estarem fora não significa por si só um sinal da sua proactividade, ambição e qualidade, (tendo-se refutado essa hipótese com o exemplo dos muitos que hoje gozam de fortuna e reconhecimento terem emigrado por necessidade, sem que isso lhes retire o seu mérito na actualidade), construiu-se um ponto de vista interessante: a ideia de que os Portugueses na verdade são iguais, nem que estatisticamente falando, em todo o mundo. O que não é seguramente idêntico é o enquadramento cultural, sociológico e económico. As regras aceites por todos para definir o que é o mérito e o sucesso, como se olha para ele e o que pressupõe são diferentes de país para país, diria mesmo de cidade para cidade.   Conclusão / Implicação: Uma vez mais, parece-nos útil encontrarmos o que é semelhante e coincidente para construirmos, tendo consciência que o estudo do que é diferente pode ser útil se servir para implementar medidas bem- sucedidas e evitar erros cometidos pelos demais. A FT procurará estudar os modelos de enquadramento e as medidas que criaram impacto na forma como o sucesso pode emergir do talento, para propor a adopção das melhores práticas.   RIO DE JANEIRO   PORTUGAL TEM NOS SEUS PORTUGUESES UMA ESTRUTURA DE INFLUÊNCIA PODEROSA   No Rio de Janeiro conversou-se sobre o facto dos Portugueses não se darem entre eles, procurando antes conviver com pessoas de outras nacionalidades e muitas vezes de outros segmentos sociais.   Corrigida a tentação de perceber porquê, apesar de ainda se ter justificado este fenómeno com causas que foram desde o complexo ao nosso DNA, a conversa centrou-se na enorme rede de influência que os Portugueses têm no mundo. Caracterizaram-se alguns casos particulares como o de um dos presentes que revelou ter acesso aos decisores chave da indústria cinematográfica e depois explorou-se o poder que isso 9
  • 10. poderia ter se todos estivéssemos dispostos a usar a nossa rede de influência de forma ética, rigorosa e meritocrática em proveito do nosso país. O facto de sermos efectivamente diferentes, nos nossos hábitos de convívio e socialização fora de Portugal, e de não nos agregarmos como os Chineses ou os Italianos (que rapidamente procuram construir os seus bairros), os Portugueses querem estar afastados uns dos outros. Isto parece reflectir-se também na dispersão que se encontra no The Star Tracker (que sendo uma rede social de acesso exclusivo e por convite, tem membros em mais de 250 cidades do mundo em 134 países, com apenas 30,000 talentos na rede).   Conclusão / Implicação: Se todos aceitarmos a FT como uma oportunidade de aglutinação e colaboração, utilizando as nossas redes de influência no mundo, rapidamente poderemos promover os talentos portugueses, com potencial e ambição globais, aos lugares de maior reconhecimento no mundo, beneficiando todos com o impacto sobre a marca Portugal.   GENEBRA A FISCALIDADE PODE ATRAIR A DIVERSIDADE O caso da Suíça, que negoceia directamente (cantão a cantão) a fiscalidade de cada empresa que lá se radica, acaba por fomentar a diversidade de sectores representados na economia como também a diversidade de talentos que se fixam naquele país. Sendo um país composto por muitas realidades, encontrou força na estratégia de ter um pouco de tudo - a diversidade. A diversidade de actividades económicas num país também é uma estratégia, que aliás já encontrou uma de correlação forte com a riqueza de um país. A sugestão que encontrámos nas conversas que mantive com os Portugueses na Suíça passou por olhar para a fiscalidade de uma forma mais abrangente, mais estratégica, usando-a como uma arma de atracção e fixação de talento em Portugal. Apesar de apenas alguns estarem conhecedores do único argumento de de destaque que a revista Economist 2010 assinalou na sua análise a Portugal - a adopção de fiscalidade mais baixa para talentos qualificados que se radiquem em Portugal, reforçaram a sua sugestão apontando para Silicon Valley como um exemplo a seguir. Houve até quem sugerisse que Oeiras poderia ser um concelho com um posicionamento de “Meritocity” usando incentivos fiscais e outros para construir uma cidade onde o talento se instalasse em Portugal.   Conclusão / Implicação: Embora a FT não tenha como objectivo interferir ou opinar sobre as estratégias governativas, não deixará de estar disponível para partilhar as ideias, sugestões e opiniões dos seus membros, sempre e desde que estas estejam directamente relacionadas com a temática do talento e que o intuito de o fazer seja disponibilizar-se para estudar o impacto e ou melhor abordagem de acção.   EXISTEM ROTAS DE TALENTO (EM FUNÇÃO DA CARREIRA E ESPECIALIDADE)   Genebra foi a cidade onde me apercebi que existem rotas de talento. Linhas de mobilidade conectadas por relações entre pessoas que tendo afinidades e confiança estimulam a mobilidade e a cooperação para o sucesso. Foi de uma conversa com um cientista que havia estado na Holanda e que chegara à Suíça por causa da necessidade do CERN contratar pessoas (com competência na indústria aeroespacial) que me apercebi do real valor das afinidades e da confiança entre um Português que sugere o nome de outro para ocupar uma posição importante numa instituição tão relevante como o CERN. Facilmente se percebe que as relações que se estabelecem entre os Portugueses fora de Portugal beneficiam-nos de um modo diferente. Outro exemplo deste fenómeno é o facto de um professor do IST, estabelecido em Delft, ter informado e atraído Portugueses do IST para estudarem naquela cidade na especialização aeroespacial. O resultado, após poucos anos, é visível ao constatar-se: a existência de um grupo relevante e de referência 10
  • 11. de Portugueses naquela Universidade, a criação de três empresas de origem portuguesa na indústria do Aeroespacial e no fluxo de Portugueses que migraram para a Suíça para participar no projecto do CERN.   Outro caso sintomático desta evidência, foi ter encontrado uma colaboradora portuguesa da JP Morgan em três cidades que visitei (Londres, Paris e Joanesburgo) ao longo dos últimos três anos. Se repararmos nas profissões mais frequentes dos Star Trackers destas cidades, vemos que banca está no top três de cada uma. Assim a especialidade parece ter impacto na rota de mobilidade dos Portugueses (seja por iniciativa própria, seja por necessidade corporativa). Isto significa que as empresas e as sua presença global também influenciam as rotas do talento.   Conclusão / Implicação: A Fundação Talento procurará estudar mais aprofundadamente estes fluxos migratórios, identificando as rotas de talento por forma a divulgá-las com a intenção de facilitar aos portugueses as suas escolhas de fixação, mas também de se construir um ponto de vista sobre a estratégia de atracção de talentos para as cidades portuguesas.   BRUXELAS NÃO SOMOS BONS PORQUE SOMOS PORTUGUESES. MAS SENDO RECONHECIDOS NÃO HÁ RAZÃO PARA ESCONDERMOS O FACTO DE SERMOS PORTUGUESES   Denotei por diversas vezes nesta viagem uma reacção defensiva ao encorajamento para os Portugueses serem menos discretos em relação à sua nacionalidade. Provocando-os, explicava-lhes que muitas vezes a diferenciação de sermos Portugueses é positiva, mas a sensação que tinha é que qualquer uma das pessoas com quem discuti este tema poderia advogar a sua tese e simultaneamente o seu total contrário. Em Bruxelas houve quem tivesse tido a coragem de dizer: “Mas isso não é um bocado patriótico ou nacionalista?..acharmos que somos bons porque somos Portugueses”. Pois foi justamente em Bruxelas que desenovelámos esse princípio. De facto, ser Português não constitui (per si), o privilégio de sermos mais talentosos do que qualquer outro ser humano. O que é verdade, é que uma vez inseridos em sociedades de mérito que celebram o sucesso, e ainda que sendo reconhecidos mantemos a nossa descrição. Reconhecendo esta oportunidade de agirmos como embaixadores de Portugal e de aproveitarmos a oportunidade única para “representarmos” o nosso país, por não sabermos fazê-lo, encontramos mais facilidade em dizer que é absurdo do que em tentar. De facto não é num momento de reconhecimento apenas que existe a oportunidade de falarmos do nosso país. Diria que esse é o primeiro momento, mas que a partir desse instante em diante, todos podemos incluir nas nossas conversas uma referência a um produto, a uma região, a uma grande personalidade, a um autor ou a um talento Português. Despertar essa afinidade por Portugal é algo que nos é natural e que deveria ser assumidamente prazeroso.   Conclusão / Implicação: Ao divulgar o sucesso dos talentos portugueses no mundo e em Portugal a FT espera poder contribuir para as histórias e exemplos que fortaleçam o orgulho de sermos portugueses, estimulando os Portugueses a não confundirem o patriotismo, o nacionalismo, o fanatismo ou a arrogância com a necessidade que temos de diplomaticamente divulgarmos Portugal, através do talento.   O QUE É MERITOCRACIA (?)   Foi em Bruxelas que tive uma conversa esclarecedora e surpreendente sobre o que é o nível básico da meritocracia. Ouvi interessado, no exemplo do que acontece num processo de recrutamento típico na Bélgica.   11
  • 12. “Na Bélgica, em resposta a um anúncio, responderão seguramente um conjunto de pessoas, das quais existirão uma terna de candidatos potencialmente interessados. Entre os finalistas haverá seguramente um par de nacionalidades (quem sabe mais). Evidentemente haverá pelo menos um Belga entre eles, e é seguro assumirmos que um Belga que esteja a recrutar encontrará mais afinidades com outro Belga. Mas isso por si só não justificará que seja ele o escolhido. Isto é, a não ser que o Belga seja o melhor candidato. Este facto, seja por uma questão de receio de não cumprir com a regulamentação, por uma questão de inteligência (pois é um acto de inteligência escolher-se o melhor candidato para desempenhar uma função que dependa de nós...mesmo que o candidato possa representar uma ameaça potencial para a nossa própria função), ou simplesmente pelo facto de se ter alguém competente em funções que nos permita ir cedo para casa e gozar a família, isto é diferente do que se passa em Portugal. Ora vejamos o mesmo caso em Portugal. Para começar a terna de candidatos será composta integralmente por cidadãos Portugueses domésticos, o que desde logo constitui um problema de diversidade (resultado de falta de políticas de interesse e inclusão de talentos portugueses internacionais e de outras nacionalidades no nosso país), mas mais grave é o facto de nem se quer haver entre esses finalistas Portugueses com experiência internacional. Na verdade, na grande maioria dos casos, os candidatos são todos “Portugueses de Portugal”. Nos poucos casos em que existe a sorte de estar incluído um português com um perfil internacional, o responsável pelo recrutamento sentirá um complexo de inferioridade ou até uma ameaça à sua posição e justificará a sua exclusão do processo com a falta de actualização em relação ao mercado português, a falta de contactos ou ainda pior com um conjunto de frases como “sabe, esta função é pouco interessante para si, de certeza que encontrará algo melhor”. Curiosamente é o mesmo complexo que garante que na maioria dos casos se escolha a pessoa que menos risco oferece, mas nem por isso a que mais potencial tem. Esta ilustração básica dos princípios do mérito está longe da constituir uma análise e discussão da regulamentação que outros países implementam, é apenas uma base de reflexão sobre as percepções da sociedade e precisa de transformar-se, num debate social mais amplo. Caso contrário os Portugueses correm o risco nunca ganharem consciência de que os portugueses domésticos são tão bons como os que estiveram fora, logo tão bons como todos os outros talentos no mundo.   Conclusão / Implicação: A Fundação Talento poderá ser um agente de transformação social, estudando e propondo formas de aceleração e adopção de práticas, fora e discussões que promovam a abertura do mercado das oportunidades e do trabalho em Portugal ao talento global, e que facilite a percepção real e comparada da qualidade e valor dos Portugueses em Portugal.    NOVA IORQUE FALTA DE MERITOCRACIA E DIVERSIDADE É O PRINCIPAL ENTRAVE DE REGRESSO DOS TALENTOS DA DIÁSPORA AO NOSSO PAÍS A conversa sobre a meritocracia renasceu, como seria de esperar, nos Estados Unidos onde entre muitos outros entraves pessoais se apontou a falta de meritocracia como o maior entrave ao regresso a Portugal e simultaneamente o maior desafio de integração dos talentos, com experiência global, no nosso mercado de trabalho. Para além do reforço da necessidade de abertura de Portugal ao mundo e da implementação de medidas de aceleração da diversidade e da inclusão social no mercado de trabalho, explorou-se o que fazia a diferença nos Estados Unidos. Conclusão / Implicação: A Fundação Talento deverá promover a adopção de iniciativas de abertura e inclusão da sociedade, das instituições e das empresas portuguesas ao talento global de todo o mundo, começando desde logo pelo talento global português.   12
  • 13. NINGUÉM VENCE SOZINHO: TODOS TEMOS TALENTO, ALGUNS TÊM OPORTUNIDADE, POUCOS SUSTENTAM O SUCESSO, MAS NINGUÉM O CONSEGUE SOZINHO   Foi nos Estados Unidos que uma conversa se desviou para esta frase “Os portugueses que estão em Portugal aceitam com demasiada facilidade a perspectiva de que apenas uma pequena e privilegiada minoria tem talento”. Isto parecia retirado do livro que “Outliers” de Malcolm Gladwell. Depois de falarmos um pouco sobre a oportunidade de regulamentação, reconhecemos que a sociedade de oportunidade e mérito como enquadramento, não só legal mas também social, cria um contexto florescente para o talento. Aprendi que nos Estados Unidos o conceito social está tão enraizado que o seu cumprimento não vive da fiscalização dos seus princípios, mas da denúncia por quem não os vê cumpridos. Assim conseguem os americanos implementar (ao regulamentar também) uma sociedade de mérito. O princípio base é que “todo e qualquer um pode singrar na vida”. Aqui não se parte do princípio que foi uma questão de sorte ou o resultado de um privilégio, nem de uma cunha. Em geral os americanos acreditam que qualquer pessoa tem talento, e que são as suas circunstâncias que influenciam a sua probabilidade de sucesso. Nem a propósito, no meu livro de viagem, Malcolm Gladwell, defende que o talento é como a inteligência: todos nós temos! Uns mais outros menos, mas todos temos talento. Contudo a inteligência é apenas um critério de aceitação, não uma garantia de sucesso (nem na sociedade mais meritocrática). O que faz a diferença é descobrirmos a nossa vocação. Encontrarmos alguma actividade de que tanto gostemos, que o treino disciplinado nos saiba a puro prazer. Também depende de sermos diligentes e perseverantes a treinar esse prazer. Ao que parece são 10,000 horas de treino que nos permitem ser “fora de série” numa qualquer actividade. Ainda assim não bastam estes dois ingredientes, o sucesso é feito também da oportunidade e Gladwell defende que há sempre alguém que nos ajuda, que na verdade ninguém vence sozinho. Esta é uma consciência colectiva que nós Portugueses temos de aceitar e adoptar. É ela que nos traz a esperança de ver a nossa adversidade como uma oportunidade.   Conclusão / Implicação: A FT: deverá dedicar-se a explorar novas formas de fazer despiste vocacional, garantindo aos mais novos o apoio de encontrarem as actividades que mais prazer lhes trarão, e criar as oportunidades para que possam viver dessas actividades. A FT dedicar-se-á à promoção de talentos e oportunidades de forma profissional e rigorosa, a estruturar planos de carreira e a angariar mecenas para os seus talentos, mais do que a financiar, pelos seu recursos, os talentos.   AS ESCOLAS PORTUGUESAS TÊM DE ENSINAR A PENSAR, NÃO A ESTUDAR. TÊM DE ENSINAR A AUTONOMIA E A LIBERDADE, NÃO A DEPENDÊNCIA E A OBEDIÊNCIA A conversa com uma advogada que veio para os Estados Unidos estudar, ofereceu-me esta frase que me capturou a atenção pela sua força e fluidez. “As escolas em Portugal têm de começar a ensinar a pensar, não a estudar. Têm de ensinar a autonomia e a liberdade e não a dependência e a obediência.” A comparação do modelo de ensino Universitário é um tema explorado, mas esta frase pareceu-me merecer eco nas minhas memórias da tournée da Fundação Talento, talvez porque eu não lhe mudaria uma vírgula.   Conclusão / Implicação: Criar as bases para uma mudança na metodologia de ensino em Portugal é algo que pode ser feito, começando no ensino privado e depois por contágio verter-se no ensino público. BOSTON OS PORTUGUESES PENSAM QUE PORTUGAL É UM TERRITÓRIO, ESQUECENDO-SE QUE É TAMBÉM UM POVO (UMA COMUNIDADE) E UMA IDIOMA INFLUENTE A relação de dependência esquizofrénica do povo em relação ao Estado (que muitas vezes confunde Estado com o Governo) desresponsabiliza as pessoas de agirem. Alguém em Boston disse que os 13
  • 14. Portugueses querem depender do Estado nos primeiros três dias da semana e serem empreendedores nos últimos dois, mas como se punha o fim de semana pelo meio (e os empreendedores trabalham fins de semana) começava-se a semana seguinte a querer, de novo, depender do Estado. Á semelhança de Israel, Portugal não tem uma única marca global, refiro-me a uma marca de consumo. Temos apenas alguns produtos globais e empresas em fase de internacionalização, mas os agentes de divulgação da marca de um país deixaram de ser os produtos e as empresas e passaram a ser o seus talentos e as suas marcas. O elemento mais global que Portugal têm é o Cristiano Ronaldo, que tem mais pesquisas no Google do que o Presidente George Bush. Isto mostra que uma das vias para aumentar a notoriedade de Portugal é casar as marcas com potencial global com os agentes individuais (os talentos) globais (como aliás foi feito com grande sucesso em Espanha pela www.brandsofspain.com)   Conclusão / Implicação: A FT estudará e proporá formas de concertar os interesses das empresas nacionais com marcas de potencial global com o potencial e estratégia de promoção dos talentos Portugueses, contribuindo para uma divulgação meritória de Portugal. UMA CIDADE ACADÉMICA DE REFERÊNCIA PODE FAZER MUITO POR UMA SOCIEDADE   Boston fez ganhar consciência de que na história da humanidade é rápido construir algo verdadeiramente notável. Boston foi construído para ser a cidade mais evoluída dos Estados Unidos em menos de 200 anos. Isso, para um povo, não é muito tempo. Boston é uma das capitais do conhecimento do mundo, constituindo uma verdadeira oportunidade de influência global, para não falar já da cidade dos Estados Unidos onde o network mais conta e influi. Conclusão / Implicação:: A FT trabalhará em proximidade e comunhão com as escolas e cidades que queriam construir pólos de atracção de talento em Portugal.   A EXODO DE TALENTOS E A MOBILIDADE SÃO FENÓMENOS QUE ESTAM A ACONTECER EM TODOS OS PAÍSES. ISTO É DETERMINADA MAIORITARIAMENTE PELA AMBIÇÃO PROFISSIONAL E ECONÓMICA, BEM COMO A CURIOSIDADE, DOS MAIS JOVENS. NÃO É (APENAS) PELA FALTA DE QUALIDADES E OPORTUNIDADE DO SEU PAÍS DE ORIGEM. Tendemos a pensar que os jovens talentos saem do nosso país exclusivamente por falta de oportunidades e recursos em Portugal, sem querer incluir na mobilidade, a influência da globalização. Se em Boston ganhei consciência de que na Escandinávia se encorajam os jovens (através de mecanismos de incentivo) para fazerem um ano sabático e a viajarem pelo mundo, antes do ingresso na faculdade, porque acreditam que essa experiência qualificará as suas primeiras escolhas de carreira e residência de forma determinante, promovendo uma probabilidade acrescida de felicidade e sucesso individual. Em Portugal deveríamos considerar que existe uma percentagem de jovens que saem apenas pelo simples efeito da globalização, pelo facto de quererem autonomizar-se, ou de se provarem a si mesmos como seres capazes. Conclusão / Implicação: A FT interessar-se-á pelo estudo da mobilidade dos talentos nas suas diferentes gerações, procurando divulgar os dados encontrados, identificar e aproveitar as oportunidades de fixação ou regresso do talento ao nosso país, bem como a adopção de iniciativas de colaboração que não obriguem os talentos da diáspora a estarem em Portugal.    SÃO FRANCISCO AQUELES QUE ESTÃO FORA GANHAM AUTO-ESTIMA (POR VIA DA COMPARAÇÃO COM OUTROS TALENTOS DE OUTROS PAÍSES) Sem abandonar o argumento de que existe tanto talento em Portugal como fora e acreditando que é enquadramento sociológico, cultural e económico, que sendo diferente, influência os Portugueses que 14
  • 15. tiveram (ou têm) a oportunidade de viver fora, todos temos de concordar que esta vivência os influência, ou condiciona, logo altera. Na medida em que estes ambientes novos os tornam mais autónomos, mais alertas e mais tolerantes, acreditamos que esta experiência os torna, pelo menos, mais capazes de aceitar a mudança e de se adaptarem ao mundo global que hoje enfrentamos com maior facilidade. Isto é, acreditamos que os Portugueses com experiência global têm maior facilidade e probabilidade de se adaptarem com sucesso ao mundo em que vivemos. As três coisas que me pareceram evidentes sobre os Portugueses que tiveram uma vivência internacional são que: • Estes ganham auto-estima por via da comparação com os talentos de outros povos, adquirindo consciência de que de facto os Portugueses não sofrem de nenhuma desvantagem. Embora o ponto crítico desta mensagem pareça ser a esperança de que afinal temos uma valia equivalente a cidadãos de outras nacionalidades, a verdade é que é a falta de diversidade e de feedback credível que nos faz falta para aceitarmos quem somos em Portugal. Esta é uma lei da natureza humana. “Estranhamos tudo o que não conhecemos, isso intimida-nos logo excluímos as pessoas diferentes”. Este Portugal, tão homogéneo, não permite aos Portugueses um conjunto de episódios suficientemente frequentes e relevantes para criar auto-conhecimento, nem orgulho nos Portugueses domésticos. • Adquirem uma verdadeira compreensão da realidade e do potencial que o nosso país tem para oferecer. Por comparação e abstenção das virtudes do nosso povo, da nossa língua e do nosso território, os Portugueses que estão fora desenvolvem um apreço reforçado pelos elementos da sua cultura, pelos produtos do seu país e pelas características únicas do nosso território. • Acedem e incorporam informação crítica para serem construtivos em relação aos problemas e desafios do do seu país. Ao terem acesso a realidades, fontes de informação e organizações novas, é possível procurar com vigor as diferenças entre nós (pessoas, empresas, sociedade e instituições) e outros povos e também ser construtivo e útil na resolução dos problemas do país. Pois estes Portugueses conseguem ir para além da crítica, construindo e oferecendo soluções pelo simples facto de terem visto alternativas. Conclusão / Implicação: A FT procurará fomentar o debate desta temática com o objectivo de clarificar este conceito, procurando desmistificar os complexos e preconceitos existentes entre estas duas realidades.   JOANESBURGO FALTA RECONHECER E DIVULGAR O QUE É O “TALENTO” DOS PORTUGUESES. Ao partilhar uma ideia em Joanesburgo, um dos nossos convivas, no Jantar da Fundação Talento, sugeriu que os Portugueses criassem uma apresentação sobre o “talento português” para que sempre que houvesse a oportunidade de nos apresentarmos a um estrangeiro, soubéssemos o que dizer sobre o “talento português” e sobretudo que disséssemos todos o mesmo. Embora o conceito de talento é ainda hoje suficientemente subjectivo para nos deter no debate sobre se existe um “talento nacional”, o que acredito é que existe um conjunto de características culturais suficientemente generalizadas para podermos estruturar a identidade de um Português.   Conclusão / Implicação: A FT dedicar-se-á a promover o debate social sobre o conceito do talento, fomentando a concretização das características culturais dos Portugueses por forma a facilitar a compreensão do nosso povo no mundo.   15
  • 16. LUANDA PARA ALÉM DA OPORTUNIDADE DA COMUNIDADE, PORTUGAL DEVERIA EXPLORAR MELHOR A OPORTUNIDADE DA LINGUA Se Portugal é um território, um povo e uma língua, e a força da diáspora é um exemplo de como o nosso povo pode ser uma alavanca para mudar a nossa percepção no mundo, maior potencial terá a exploração da influência da nossa língua no mundo. Paradoxalmente e apesar da língua ser um elemento da nossa cultura, a língua não provou ter sido uma afinidade suficientemente forte para aliar o mundo lusófono. Isto prende-se com o facto de haver um entendimento de que a língua é originalmente de Portugal, o que cria uma iniquidade na paridade que é preciso sentirmos na colaboração (ou na perseguição de um objectivo comum) para manter esse activo na construção do idioma mais relevante no hemisfério sul.. Conclusão / Implicação: A FT trabalhará em consonância e comunhão com iniciativas que promovam a língua portuguesa como plataforma de inclusão e entendimento entre as pessoas, sempre numa posição de paridade com os povos que sendo nossos irmãos partilham a língua Portuguesa.   LONDRES SER-SE PORTUGUÊS É UMA DIFERENCIAÇÃO POSITIVA Se é verdade que os Portugueses andam sempre à procura das suas diferenças, também vivemos numa cultura em que ser diferente é bom, contudo poucos são os Portugueses que aproveitam a diferenciação positiva que ser Português oferece. Encontrei diversos exemplos do efeito positivo criado por aqueles que sabem aproveitar essa realidade. Este é o caso que um vice president de uma das maiores empresas de capital de risco nos ofereceu, explicando que o facto de ter 26 anos e de acrescentar à surpresa de ser tão novo num board tão relevante, a partilha de que é Português o tem beneficiado largamente. Outro caso que encontrei foi o de um rapaz que, cansado de tentar dizer o seu nome de uma forma mas fácil para os Ingleses conquistou a empatia e provavelmente o seu emprego ao dizer que se chamava José. “José, like Mourinho” foi a exclamação que surgiu e que lhe confirmou a vantagem que nunca mais deixou de usar.   Conclusão / Implicação: A FT promoverá a divulgação de histórias, ideias, iniciativas acções e métodos efectivos de explorar a diferenciação positiva de sermos portugueses.   PORTO A GLOBALIZAÇÃO FEZ COM QUE OS PORTUGUESES PREFERISSEM MIGRAR PARA OUTRAS CIDADES QUE NÃO AS NOSSAS Os Portugueses do norte são efectivamente dos mais empreendedores que encontrei na viagem, seja porque vindo de uma cidade mais pequena têm mais razões para sair, seja porque tem maior ambição e rigor, são eles os que mais vezes se encontram em posições de empreendedorismo fora de Portugal. São pessoas mais autónomas e independentes, do Estado. Embora não seja claro se o factor determinante é a degradação das oportunidades e qualidade de vida no Porto, o que é facto é que os portugueses do norte, quando decidem migrar pensam, como um rapaz me referiu: “Já que tenho de abandonar a minha cidade então vou para fora, não vou para Lisboa”. 16
  • 17. Conclusão / Implicação: A FT trabalhará em proximidade e comunhão com as Cidades que queiram construir pólos de atracção de talento em Portugal, por perceber que esta é também uma das medidas que se podem construir para fixar e reter o talento em Portugal. LISBOA O TALENTO NÃO ESCOLHE GEOGRAFIAS, TEMOS MAIS TALENTO EM PORTUGAL QUE NO MUNDO INTEIRO No evento de Lisboa, que previsivelmente teve o maior numero de presenças, foi também evidente a relação estatística no conceito do talento. Isto é, temos hoje mais talento em Portugal do que no mundo. Isto deve-se ao simples facto de que existem mais portugueses em Portugal do que fora do nosso país. Embora seja estranho pensar numa altura em que esta realidade de inverta, importa reconhecer que isso é possível. Neste evento recolheram-se cento e sessenta e dois nomes de talentos, o que ultrapassa os cento e trinta nomes que se recolheram em todos os restantes eventos. Conclusão / Implicação: A FT trabalhará afincadamente na identificação do talento português em Portugal, nunca esquecendo que o objectivo da Fundação Talento é aproximar a realidade do talento em Portugal com as melhores realidades do talento no mundo e nunca de caracterizar ou enfatizar as diferenças existentes com a intenção de agudizar a perda de talentos para o mundo. MENSAGEM FINAL Nesta odisseia pelo mundo do talento português, foi possível consolidar uma visão que decorre dos ensinamentos adquiridos e que aponta para um novo entendimento sobre Portugal no mundo. CONTEXTO O contexto da globalização obriga-nos a entender Portugal de uma nova forma e de compreender que os Portugueses hoje emigram não para países mas para cidades. A mobilidade está a acontecer em todos os países e é determinada pela ambição e curiosidade dos mais jovens e não apenas pela falta de qualidade e oportunidade nos seus países de origem. Estes jovens escolhem o local para viver e/ou estudar em função da proposta de valor de cada cidade, com o objectivo de perseguir uma carreira. Este fenómeno não é exclusivo a Portugal mas afecta outros povos por ser uma característica da nova geração nómada. É neste contexto que temos também de reconhecer que Portugal não é apenas o nosso país. Mais do que um território, somos acima de tudo um povo, e que usamos uma língua com grande influência em todo o globo. OPORTUNIDADE Importa criar e difundir uma perspectiva sobre a oportunidade de construir a nossa realidade como aquela que serve quinze milhões de Portugueses e que acolhe os duzentos e trinta milhões de lusófonos em todo o mundo. Para tal, há que iniciar um processo de transformação de mentalidades, de destruição dos complexos e preconceitos existentes entre os Portugueses domésticos e os que se encontram espalhados pelo mundo. Apenas assim, podermos abraçar a oportunidade de afirmação da sétima língua mais falada no globo (e quarta nos hemisfério sul) A necessidade de construção de conteúdos de e para a diáspora portuguesa é mais do que uma oportunidade, é uma urgência, se quisermos manter e actualizar os laços de cultura com a nossa diáspora. 17
  • 18. Assim dever-se-ia centralizar, editar e voltar a distribuir conteúdo de portugueses para portugueses no mundo. Ao divulgar as histórias do nosso sucesso e a influência que temos no mundo, estaremos a contribuir com uma mensagem de esperança e a promover o nível da auto-estima do povo, mas acima de tudo a erodir os preconceitos e complexos que existem entre os portugueses residentes e os não residentes em Portugal. A FUNDAÇÃO TALENTO A oportunidade de identificação de um elemento democrático de aglutinação como o talento, é algo que permite construir a auto-estima dos portugueses, aproximando-os enquanto se fomenta a construção colaborativa e cívica da nossa imagem no mundo, conduziu à proposta de usar o talento como elemento de evolução social e edificar uma Fundação Talento que seja simultaneamente agente e veículo dessa transformação. AGENDA INTERNA - AGENTE DE EVOLUÇÃO SOCIAL Ao propor um debate social sobre o que é o talento, a Fundação Talento ambiciona conduzir a sociedade para a consciência de que todos temos talento e construir as bases para uma sociedade meritocrática. onde prevaleça uma cultura de oportunidade e a celebração do sucesso. Reconhecendo que ninguém vence sozinho, e que a tolerância do erro permite a iniciativa e suporta o risco de empreendermos em linha com o nosso talento, a Fundação Talento propõe alimentar um novo nível de ambição nos jovens Portugueses. Apenas em conjunto poderemos sensibilizar as famílias e as escolas para acelerar o despiste vocacional dos mais jovens e encaminhá-los para as suas áreas de competências, enquanto se promove uma sociedade não só mais feliz, mas mais justa e consequentemente mais produtiva. Promovendo a adopção destes princípios de universalismo, de igualdade, equidade e fomentando a inclusão e o aumento da diversidade no mundo empresarial português, poderemos ganhar consciência da nossa real valia e incorporar a riqueza da visão de outros talentos de outras origens, geografias e religiões. Transformando o ecossistema social, a Fundação Talento, para além de fomentar a transformação da mentalidade das instituições públicas e da população em geral, espera contribuir para a abertura de Portugal ao mundo, bem como promover uma imagem positiva dos Portugueses no mundo. A Fundação Talento acredita que trabalhar para construir a meritocracia em Portugal é contribuir para o reforço do apelo à re-qualificação do país, do eventual contributo ou regresso dos nossos melhores talentos globais e de atracção de talento internacional para se fixar em Portugal. Também acreditamos que a falta de regulamentação do mérito e da diversidade, aliadas à cultura de informalidade, inibem a descoberta e sucesso dos nossos melhores talentos. Ao trabalhar com as escolas, a Fundação Talento espera promover a construção da auto-estima dos alunos portugueses, ensinando-os a pensar sobre o talento e não apenas a estudar, fomentando um enfoque na construção da autonomia em lugar da dependência, e da liberdade, em vez da obediência. Ainda na sua dimensão de agente social, a Fundação Talento, reconhecendo a crescente importância das cidades e da divulgação da sua proposta de valor, poderá propor estratégias de diferenciação das nossas cidades para atrair o tipo de talento que o país precisa para singrar. 18
  • 19. AGENDA EXTERNA - VEÍCULO DE PROMOÇÃO DO TALENTO PORTUGUÊS NO MUNDO A Fundação Talento, enquanto veículo de promoção do talento português no mundo, dedicar-se-á a mobilizar a sua rede humana e virtual para identificar os talentos portugueses com potencial e ambição global, estudando as carreiras de sucesso das referências nos seus respectivos domínios. Após uma análise de necessidades personalizada de cada talento, a Fundação Talento construirá um plano de apoio apropriado para que seja considerada a sua candidatura pelo Conselho Cientifico. Uma vez aprovado o plano de acção de cada talento seleccionado, e em função das suas necessidades especificas, implementar-se-á o mesmo com o objectivo de promover o sucesso e reconhecimento desse talento como um português de talento global. Reconhecendo que muitas vezes, mais do que financiar um talento, importará criar uma oportunidade única de promoção ou apoio para sustentar as difíceis circunstâncias do sucesso (tais como a perda de anonimato e da instabilidade dos laços familiares), a Fundação Talento agirá não só como promotor do talento, mas em continuidade na sua carreira. A crise económica e social que se vive no mundo e em Portugal aliam-se à realidade estatística da nossa demografia, ilustrando a urgência e a premência da acção concertada desta iniciativa. O facto da Fundação Talento emergir como uma iniciativa privada por parte de uma pequena empresa de gestão de talento portuguesa, no âmbito da sua internacionalização, de se ter transformado num projecto comunitário e posteriormente num movimento social reconhecido pela Presidência da Republica, encoraja- nos a cumprir a nossa promessa de institucionalizar esta iniciativa e a contar com o apoio institucional do mais alto órgão de soberania da nação. AGENDA GLOBAL - INSTITUIÇÃO COM RECONHECIMENTO E CONTRIBUIÇÃO GLOBAL Consciente da importância da agenda económica em detrimento da agenda social como prioridade do dos países, a Fundação Talento propõe contribuir para a reflexão, debate e construção de soluções para as grandes questões emergentes relacionadas com o aproveitamento mais eficiente, justo e sustentável do talento à escala global. Através da construção de um rede de pensadores e contribuidores, em todo o mundo, a FT investigará e proporá formas mais justas e sustentáveis de organização do mercado das oportunidades, bem como encontrar novas formas de reconhecer e remunerar o talento em função do valor do seu contributo em vez de compensar o investimento de tempo. 19