1. Liceu Nilo Peçanha
Disciplina: Literatura Profª: Tatiana Elizabeth Data: ___/___/____
Aluno(a): _________________________________________________________________ Turma: __________
Comparando imagens
A pintura abaixo representa a arte do Renascimento europeu.
O dilúvio universal,deMichelangelo,
1508-1512.
Na pintura renascentista acima a luz é difusa (espalhada) e atinge todas as figuras representadas com
intensidade semelhante. Nas imagens abaixo, a luz incide com força apenas em alguns elementos, e os
outros permanecem no escuro ou na penumbra, criando-se um forte contraste entre as iluminadas e as
sombreadas.
A crucificação de São Pedro, A descida da cruz,
do pintor italiano Caravaggio, 1600-1601. do pintor Peter Paulo Rubens, 1612-1614.
A presença da religião nas pinturas revela a importância que a Igreja ainda tinha na Europa do século
XVII.
2. O Barroco
Contexto histórico
No século XVI, a Europa viveu uma importante disputa
religiosa. Até então, a Igreja pregara que o homem só alcançaria a
salvação submetendo-se a uma série de rituais, entre os quais o
pagamento de indulgências para “comprar” o perdão divino.
Em 1517, o teólogo alemão Martinho Lutero denuncia, em
suas 95 teses pregadas na porta da igreja do Castelo de Wittenberg,
essa prática corrupta de vender o perdão e a passagempara o céu.
Tem início, assim, o movimento chamado de Reforma Protestante,
que pregava o poder do próprio indivíduo de chegar a Deus e de obter
o perdão e a salvação por meio da moral e da fé – e não por obras e
pagamentos.
A noção de que o perdão não dependia dos padres, bispos e
cardeais fez com que diminuísse bastante a influência da Igreja
católica em toda a Europa.
Preocupados com a perda de fiéis, os católicos reagiram com
o Concílio de Trento, convocado pelo papa Paulo III e realizado de 1545 a 1563, na cidade italiana de Trento. O
objetivo era emitir decretos disciplinares para recuperar os cristãos perdidos para a Reforma Protestante e
deixar clara a doutrina católica quanto à salvação, aos sacramentos e à Bíblia. Entre as medidas tomadas pelo
concílio podemos citar a reorganização e o fortalecimento da Inquisição (surgida no século XII) e a instituição
de uma lista de livros proibidos aos católicos, o Index Librorum Prohibitorum.
O Estilo Barroco
Barroco é o nome que se convencionou dar ao estilo da maioria das obras (músicas, pinturas, textos,
projetos arquitetônicos, esculturas) criadas entre o final do século XVI e meados do século XVIII. O Barroco foi
um período literário marcado por contrastes.
A arte barroca representa o homem nos seus momentos mais conflituosos, cheio de angústia ou em
estado de êxtase. Um dos conflitos eternos do ser humano diz respeito à relação entre a matéria e o espírito
(corpo e alma). O homem costuma buscar a síntese entre esses dois componentes, de forma a não perder sua
condição terrena (a marca do antropocentrismo) nem perder a possibilidade de uma vida divina após a morte
(o eixo do teocentrismo).
O Barroco retoma a religiosidade da Idade Média. No entanto, uma religiosidade acompanhada de
dúvidas e conflitos. A arte barroca buscava fundir concepções de mundo opostas – a medieval (o ser humano
sob o domínio da religião) e o classicista (o homem capaz de explicar o mundo racionalmente) –, e o resultado
é que as obras do período exprimem o conflito entre a fé e a razão, o divino e o humano, o espírito e o corpo.
Para exprimir o mundo contraditório e instável da época, os autores barrocos recorriam a uma
linguagem rebuscada, repleta de figuras de linguagem, e a uma tortuosidade do raciocínio que hoje podem
tornar seus textos difíceis deentender. Devemos pensar, entretanto, em quem eram os leitores da época: eram
poucos, certamente; a circulação dos textos literários estava restrita às universidades, à corte e à academia
(grupos de escritores e poetas que se reuniam para leituras conjuntas e disputas literárias). Portanto, tratava-
se de leitores aptos a compreender e apreciar uma linguagem altamente elaborada.
Um tema comum na literatura barroca é o descontentamento provocado pela constatação de que tudo
no mundo é instável. O bonito se torna feio, tudo o que vive acaba morrendo, e o ser humano, que não pode
alterar essa realidade, sente-se pequeno e miserável.
Daí vem outro tema barroco: a submissão à religião e a entrega da felicidade humana às mãos de Deus.
Nas artes visuais, a entrega a Deus aparece nas imagens do céu, mais claras e gloriosas que as terrenas,
representadas como tristes e sofridas.
O Barroco no Brasil
Entre os séculos XVI e XVIII, o Brasil
ainda era colônia de Portugal, e
apenas nas regiões urbanas mais
importantes da época – Recife e
Salvador, então capital e sede da
administração da colônia – havia
alguma produção artística. Essa
produção, seguindo os moldes de
Portugal, era voltada para o ideal da
Igreja.
Nessa época ainda não existia
imprensa no Brasil(que só chegou em
1808), por isso havia pouca
divulgação dos textos.
3. As correntes do Barroco
Cultismo – predomínio na poesia
A preocupação exagerada com a forma do texto, comum entre os escritores barrocos, especialmente
os poetas, ficou conhecida como cultismo. São características do cultismo o uso intenso de palavras eruditas,
metáforas e outras figuras de linguagem, assim como de neologismos (atribuição de novo significado a uma
palavra já existente), inversões na ordem da frase, trocadilhos e jogos de palavras.
Conceptismo – predomínio na prosa
Em oposição ao cultismo, o conceptismo impõe a ordem racionalista, lógica. O que importa não é
descrever um objeto ou um sentimento, mas conceituá-lo, apresentar sua essência. Para desenvolver seu
raciocínio, o escritor recorre a exemplos, a construções lógicas, comparações, hipérboles, imagens e
analogias.
Carpe diem: aproveita o dia presente
A antítese entre vida e morte está no centro da arte barroca. Daí decorre o sentimento da brevidade da
vida, da angústia da passagemdo tempo, que tudo destrói. O homem barroco oscila entre a renúncia e o gozo
dos prazeres da vida.
Comparando textos
Você pensa que a preocupação com a efemeridade das coisas da vida é algo do passado? Pois saiba que
até hoje os artistas produzem sobre esse tema. Leia a canção Como uma onda, de 1983, e perceba a mesma
preocupação de séculos atrás. A seguir, leia o soneto de Gregório de Matos:
Como uma onda
Nelson Motta e Lulu Santos
Moraliza o poeta nos ocidentes do sol a
inconstância dos bens do mundo
Gregório de Matos
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir pra si mesmo
Agora há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
(MOTTA, Nelson; SANTOS, Lulu.
O ritmo do momento, WEA, 1983.)
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
depois da luz se segue a noite escura,
em tristes sombras morre a formosura,
em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assimse transfigura?
Como o gosto da pena assimse fia?
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza,
na formosura não se dê constância,
e na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
e tem qualquer dos bens por natureza
a firmeza somente na inconstância.
Vocabulário:
constância: continuidade, imutabilidade
moralizar: fazer reflexões morais, discorrer sobre a moral
transfigurar-se: converter-se, transformar-se
4. 1. Gregório de Matos, em seu poema Moraliza o poeta nos ocidentes do sol e a inconstância dos bens do
mundo, mostra por meio de antíteses a efemeridade da vida. Observe a semelhança entre o poema e a
canção:
1 “Nasce o sol, e não dura mais que um dia” (poema barroco)
2 “Nada do que foi será de novo [...]” (canção contemporânea)
3 “depois da Luz se segue a noite escura” (poema barroco)
4 “Tudo o que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo” (canção contemporânea)
a) Na linha 1, por exemplo, Gregório de Matos desenvolve a oposição entre nascer e morrer. Na linha 2,
seguindo um estilo semelhante ao do poeta barroco, Nelson Motta e Lulu Santos apresentam a oposição:
( ) dia X noite ( ) alegria X tristeza ( ) bem X mal ( ) passado X futuro
b) As palavras da canção que confirmam sua resposta anterior são:
( ) foi e será ( ) nada e novo
c) Na linha 3, Gregório de Matos opõe luz a noite escura, uma antítese que pode representar a oposição entre
vida e morte. A oposição desenvolvida por Nelson Motta e Lulu Santos na linha 4 é.
( ) visão X cegueira ( ) presente X passado ( ) hora X segundo
d) As palavras que confirmam sua resposta anterior são:
( ) tudo e não ( ) vê e viu ( ) não e sim
e) A antítese criada na canção está relacionada, portanto,
( ) ao tempo do verbo ( ) a substantivos antônimos ( ) a adjetivos antônimos
2. Na canção, a vida é comparada:
a) ao dia, porque sempre tem um fim, chega a noite e ele se finda.
b) ao mar, porque está sempre em movimento, sempre se modificando.
c) a uma fuga, porque é preciso fugir dos problemas que nela aparecem.
3. Os pronomes indefinidos que auxiliam na construção da temática de transitoriedade na letra de Nelson
Motta e Lulu Santos são:
a) um e uma
b) tudo e nada
c) num e no
4. Os advérbios que ajudam a criar a ideia de oposição são:
a) igual e tudo
b) não e nem
c) dentro e fora
À sua mulher antes de casar
(Gregório de Matos)
[...]
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza,
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.
5. Responda:
A que se opõem a brevidade da vida e o gozo de seus
prazeres (carpe diem)?
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5. 6. Leia outro soneto de Gregório de Matos e responda às perguntas:
A Jesus Cristo Nosso Senhor
Gregório de Matos
Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,
Da vossa alta clemência me despido;
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido;
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino
Vos deu, como afirmais na Sacra História,
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a; e não queirais, Pastor Divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
Vocabulário:
clemência: bondade; indulgência;
disposição para perdoar as ofensas.
cobrar: recuperar.
delinquido: cometido faltas graves,
pecados.
despido: despeço.
há ofendido: tem ofendido.
hei pecado: tenho pecado (ideia de
duração, frequência).
irar: enfurecer, enraivecer.
lisonjeado: satisfeito; enaltecido.
sobejar: sobrar; exceder os limites do
necessário; bastar.
a) O eu lírico do poema dirige-se a alguém, a um suposto ouvinte. A quem? Que nomes ele utiliza para invocar
esse ouvinte?
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b) O segundo nome (Pastor Divino) que o eu lírico utiliza para invocar seu ouvinte tem relação com
determinado aspecto do poema. Com qual?
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c) O eu lírico confessa-se pecador, pede perdão e apresenta um argumento para ser perdoado. De que
argumento se trata?
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d) Na terceira estrofe o eu lírico recorre à Bíblia para sustentar mais um argumento que justifica o perdão
divino. Justifique essa afirmativa.
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e) O que acontecerá, segundo o eu lírico, caso o “Pastor Divino” (Jesus Cristo) não lhe conceda o perdão?
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f) Uma das características marcantes da época em que foi composto o poema (o Barroco) é a inversão da
ordem das palavras ou orações. Para entendê-lo é importante reorganizar tudo na ordem direta. Coloque
na ordem direta a 1ª estrofe.
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