1. O documento discute o papel da teoria no processo de pesquisa em ciências sociais, destacando sua importância como condição necessária para a ciência.
2. Vários autores são citados para defender que a teoria não é um luxo, mas uma necessidade para o pesquisador, e que ela auxilia na formulação de perguntas e hipóteses a serem testadas.
3. Aborda-se diferentes concepções sobre a teoria e sua relação com a pesquisa empírica, desde a visão de que ela é resultado da generalização de fatos,
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Metodologia Pesquisa Administração
1. 1 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
7ª. Aula – 27/Set/11
Seminário O POLO TEÓRICO
De Bruyne, Herman e Schoutheete
(continuando conteúdo Teoria e pesquisa, métodoTeoria e pesquisa, método)
Professor Dr. Luciano Antonio Prates Junqueira
Alunos: Antonio THOMAZ P. Lessa NetoAlunos: Antonio THOMAZ P. Lessa Neto
METODOLOGIA DA PESQUISA APLICADA ÀMETODOLOGIA DA PESQUISA APLICADA À
ADMINISTRAÇÃOADMINISTRAÇÃO
2. 2 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
SUMÁRIOSUMÁRIO
3. 3 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
1. RECAPITULANDO1. RECAPITULANDO
4. 4 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
2. O LIVRO2. O LIVRO
Título Original em Francês: Dynamique
de la recherche em sciences sociales
Título em Português: Dinâmica da
pesquisa em ciências sociais: os pólos
da prática metodológica - Rio de Janeiro
- Ed. Francisco Alves - 225p.
Autores: Paul de Bruyne, JacquesPaul de Bruyne, Jacques
HERMAN e Marc de SCHOUTHEETEHERMAN e Marc de SCHOUTHEETE
Tradução: Ruth JoffilyRuth Joffily
Prefácio: Jean LadrièreJean Ladrière
5. 5 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3. CAPÍTULO 3 - O POLO TEÓRICO3. CAPÍTULO 3 - O POLO TEÓRICO
Bunge (p. 101) - Nas ciências sociais a teoriateoria não é um luxo para o
pesquisador, é muito mais uma necessidade; [...] sob pena de privação do
próprio fundamento de toda a ciência: “Sem teoria não há ciência”.a”.
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 101) - A teoriateoria,
modo de construção do objeto de conhecimento científico, é sua condição de
possibilidade, condição necessária – mas não suficiente – da ruptura com as
explicações pré-científicas do social.
Hempel (1952, p. 47 => p. 101) - “É a formulação de sistemas
conceituais dotados de uma pertinência teóricateórica que opera no progresso
científico(...)”.
6. 6 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.1. Função da Teoria3.1. Função da Teoria
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 102) - O
progresso da pesquisa e o da elaboração teóricateórica não são apenas paralelos,
mas também indissociáveis.
Parsons (1968, p. 9 => 102) - “A teoriateoria não formula apenas o que
sabemos, mas também nos diz o que queremos saber, isto é, nos dá as
perguntas cuja resposta procuramos”.
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 102) - O
processo científico não vai dos “dados” à teoriateoria, mas parte de determinadas
informações, mediatizadas por uma problemática, para uma formulação
epistemológica de problemas e, em seguida, desses problemas para um
corpo de hipóteses que forma a base de toda teorização.
O’Neil (1972, p. 280 => p. 102) - “[...].Sem fatos, as teoriasteorias não
teriam objeto” .
7. 7 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.1. Função da Teoria3.1. Função da Teoria…cont 1
Popper (1972, p. 59 => p. 102) - ”As teoriasteorias são redes estendidas
para capturar o que chamamos ‘o mundo’, para racionalizá-lo, explicá-lo e
dominá-lo”.
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 103) - Quando
uma teoriaeoria trabalha mais em sua autojustificação (que é o papel da
epistemologia) do que na preparação minuciosa de seu confronto com os
fatos experimentais, esta pseudoteoriapseudoteoria torna-se ideologia, isto é, tentativa
de conservação e de justificação de uma “ordem estabelecida”, conceitual
e/ou material. Não sendo especulação, mas construção da prática científica,
a teoriateoria deve implicar a pesquisa empírica, a confrontação com o real que ela
se esforça por apreender. Assim, a teoriateoria deve ser concebida em função da
pesquisa empírica, na direção da experiência do real na qual ela confronta
os fatos que ela própria suscitou com seu sistema de hipóteses.
Trata-se de marcar o lugar de uma teoriateoria integrada na pesquisa e de
denunciar com isso toda visão dicotômica entre teoriateoria e pesquisa.
8. 8 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.1. Função da Teoria3.1. Função da Teoria…cont 2
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 103-104) -
continuando.
A “prática” da pesquisa empírica, objeto do pólo técnico, concerne à coleta
das informações; em ciências sociais essa prática freqüentemente está
dissociada do indispensável quadro teórico que é o único que a pode validar,
ela se sujeita então a um empirismo ingênuo.
[...] O reconhecimento da função indispensável do pólo teórico no processo
metodológico leva a rejeitar o “dataísmo” (Bunge) que prolifera nas ciências
sociais. Nenhuma acumulação de dados (data) pode desembocar numa
ciência. Tal acumulação pode apenas desnaturar toda teorização efetiva.
Por outro lado, um processo de teorizaçãoteorização sistemática nada tem de
comum com uma “soma teórica”, síntese “final”, mais ou menos eclética, de
proposições teóricasteóricas esparsas.
⇒ Essa concepção tradicionalconcepção tradicional da teoriateoria está ligada ao tema filosófico dotema filosófico do
conhecimento universal do realconhecimento universal do real; a “teoriateoria” é então a soma dos
conhecimentos adquiridos num domínio e o progresso teóricoteórico é concebido
como uma acumulação indefinida de dados.
9. 9 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.1. Função da Teoria3.1. Função da Teoria…cont 3
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 104-105) -
continuando.
Essa concepção concorda naturalmente com a pesquisa empirista
ingênua que acumula “Pedaços de conhecimento” esparsos em quadros
“teóricosteóricos” fracamente sistematizados.
Logicamente, a “teoriateoria” é então o resultado de uma generalização a partir
de fatos conhecidos.
[...] A prática teóricateórica deve ser consciente de si mesma, mas sem cair na
obsessão de pensar tudo, que caracteriza a concepção tradicional da ciência.
[...] É preciso evitar o terrorismo da teoriateoria tanto quanto a relação parasitária
com os corpos teóricosteóricos esclerosados, o bloqueio da pesquisa tanto quanto a
erudição interesseira.[...]
⇒ Uma outra doutrina, para além do empirismo, exige uma especificação
“operacionaloperacional” rigorosa de todos os termos empregados. [...]
O conceito operacionaloperacional rejeita, reduz, todo sentido transitivo, toda
significação que vá além da formulação possível em termos de operações.[...]
10. 10 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.1. Função da Teoria3.1. Função da Teoria…cont 4
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 106) -
continuando.
Toda definição, “operacionaloperacional” ou outra qualquer, só pode ser provisória,
transitória por não ser transitiva, ela favorece um acordo intersubjetivo sobre
seu conteúdo e sobre sua extensão possível.[...]
⇒ Uma terceira concepção, contrária a essa, recusa toda espécie de
enraizamento da teoriateoria na realidade investigada; a teoriateoria não passa de pura
convenção, útil, cômoda, colocada arbitrariamente pelos pesquisadores. O
critério de validade destes últimos não é o teste empírico mas somente a
coerência lógica, sua verificabilidade é portanto circular. O
“convencionalismo” é então compatível com um “instrumentalismo” que
reconhece a implicação da teoriateoria na realidade investigada, mas que rejeita a
pretensão de uma ciência que se refira em última instância a essa realidade
enquanto tal. Os utilitaristas, pragmatistas: a melhor teoriateoria é a que fornece o
melhor instrumento para manipular uma realidade dada.
11. 11 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.1. Função da Teoria3.1. Função da Teoria…cont 5
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 106) -
continuando.
Essa posição acarreta um paradoxo: com efeito, se uma teoria “funciona”,
é porque, afinal, ela é pertinente a determinadas estruturas do real que só
são cognoscíveis como efeito da aplicação da teoria.
12. 12 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.2. Médoto e Teorização3.2. Médoto e Teorização
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 108) - A
teorizaçãoteorização inicia-se, portanto, no momento em que começa a pesquisa e a
marcação constante e explícita do nível de teorizaçãoteorização torna-se primordial; a
posição dos objetos de investigação comanda a pertinência, a coerência e a
verificabilidade das teoriasteorias.[...]
As grandes teoriasteorias globais entram então em competição com as teoriasteorias
cujo objeto é limitado a alguns aspectos de uma problemática.[...] De
qualquer modo, a ambição de uma teoriateoria geral como quadro de referência ou
como teoriateoria autônoma é controvertida, o espaço epistemológico das ciências
sociais talvez não seja de tipo “euclidiano” – que autorizaria uma visada
teóricateórica global e extensiva, mas antes de tipo “riemanniano” – que limitaria a
razão téoricatéorica a visadas restritas e parcelares (Granger, 1960). [...]
A teoriateoria, como pólo interno do campo metodológico de pesquisa, deve
realizar a ligação entre os contextos da provacontextos da prova e da descobertada descoberta.
13. 13 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.2. Médoto e Teorização3.2. Médoto e Teorização…cont 1
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 108-109)
-continuando
O contexto da provacontexto da prova é aquele no qual levantamos a questão de saber se
aceitamos ou rejeitamos as hipóteseshipóteses e as teoriasteorias, “sem nos preocuparmos
com a maneira pela qual descobrimos e testamos essas hipóteseshipóteses e essas
teoriasteorias” (Rudner, 1966, p. 6).
O contexto da descobertacontexto da descoberta é aquele no qual nos perguntamos como
encontramos, como construímos nossas hipóteseshipóteses e nossas teoriasteorias; eis aí,
evidentemente, um contexto que a reflexão metodológica não pode deixar de
lado sem se condenar a um formalismo pouco compatível com a função
heurística que toda metodologia conseqüente deve promover.
Os dois contextos devem ser reunidos no contexto mais englobante de um
metodologia geral [...].
14. 14 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.2. Médoto e Teorização3.2. Médoto e Teorização…cont 2
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 109)
-continuando
Está claro, igualmente, que esses dois contextos introduzem uma
distinção cuja própria pertinência é relativa; assim, observou-se que as
teoriasteorias são freqüentemente escolhidas ou rejeitadas por razões estranhas a
toda lógica da prova, sendo que o caráter coercitivo de paradigmas, de
hábitos metodológicos desempenha afinal papel principal na seleção.
Kuhn (1972, p. 234 => p. 109) - [...] “A persuasão é o modo de
difusão das teoriasteorias”.
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 109) - Os
objetivos da teorizaçãoteorização são diversos, quer se trate de explicação de fatos, de
predição por derivações de conseqüências testáveis de um corpo de
hipóteseshipóteses, de modelização que fornece um quadro heurístico à pesquisa.
15. 15 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.2. Médoto e Teorização3.2. Médoto e Teorização…cont 3
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 109) –
continuando
Por outro lado, a teoriateoria pode ser apreendida como atividade ou como
produto acabado, sendo necessário então, antes de descrever a dinâmica da
teorizaçãoteorização, analisar suas condições e seu material.
16. 16 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.3. Formulação Teórica e Explicitação3.3. Formulação Teórica e Explicitação
ConceitualConceitual
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 110) - A teoriateoria
é formulada em linguagem simbólica, isto é, numa linguagem “artificial”,
construída especificamente para isso e, nessa medida, ela comporta
conceitos de tipo “semântico”, que se referem a aspectos dos fenômenos, e
conceitos de tipo “sintático”, cujo papel de funtores é o de articular outros
conceitos.
Os níveis semânticos e sintáticos são dois aspectos indissociáveis dos
sistemas teóricosteóricos.[...]
O sistema teóricoteórico é formulado em termos de proposiçõesproposições: a proposiçãoproposição
sintéticasintética é a forma lógica que a hipótese assume para se submeter ao teste
empírico, ela é “dotada de sentido”, passível de ser infirmada porque “trata de
realidade” (Popper).
Quanto a proposição analíticaproposição analítica, reduze-se a uma simples tautologia, não
pode ser infirmada ou confirmada, tem um função puramente operatória, de
ligação entre proposições sintéticasproposições sintéticas, por exemplo.[...]
17. 17 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.3. Formulação Teórica e Explicitação3.3. Formulação Teórica e Explicitação
Conceitual…Conceitual…cont 1
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 110-111)
-continuando
Portanto, dois aspectos fundamentaisaspectos fundamentais se destacam da teoriateoria: o aspectoaspecto
conceitualconceitual que é o aspecto de explicitação do sentidoaspecto de explicitação do sentido e o aspectoaspecto
proposicionalproposicional que é o aspecto de formulação lógicaaspecto de formulação lógica.
A formulação:formulação:
⇒ obedece ao princípio de reduçãoprincípio de redução – que permite a manipulação de um
objeto teórico claramente delimitado e “decidível”;
⇒ é o aspecto propriamente sintático assumido pelos sistemas teóricosteóricos
como articulações de proposiçõesproposições segundo regras de derivação lógica;
⇒ é o pré-requisito da testabilidade da teoriateoria.
A explicitaçãoexplicitação, em contrapartida:
⇒ obedece ao princípio de compreensãoprincípio de compreensão – que quer dar às hipóteseshipóteses
de pesquisa pertinência mais ampla.
⇒ é o aspecto significativo dos sistemas teóricosteóricos, enquanto comportam
conceitosconceitos cuja compreensão deve ser intersubjetivamente “evidente”;
18. 18 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.3. Formulação Teórica e Explicitação3.3. Formulação Teórica e Explicitação
Conceitual…Conceitual…cont 2
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 111-113)
-continuando
⇒ (conceitual) manifesta a dependência de toda teoriateoria para com sua
problemática.
Esta distinção analítica mostrará a articulação interna dos elementos do
pólo teóricopólo teórico e a dependência deste para com outros pólos –
epistemológico, morfológico e técnico – em seu aspecto dinâmico.
O sistema teórico tem uma natureza hipotético-dedutiva coordenada.
As próprias proposiçõesproposições dos sistemas teóricosteóricos contêm conceitosconceitos e
fornecem a forma lógica de sua vinculação.
Vários tipos de conceitosconceitos podem ser distinguidos segundo seu papel
teoréticoteorético:
19. 19 Programa de Estudos Pós-Graduados em ADMINISTRAÇÃO, nível MESTRADO.
3.3. Formulação Teórica e Explicitação3.3. Formulação Teórica e Explicitação
Conceitual…Conceitual…cont 3
De Bruyne, Herman e Schoutheete (1977, p. 113-114)
-continuando
⇒ os conceitos particularesconceitos particulares;
⇒ os conceitos universaisconceitos universais;
⇒ os conceitos genéricosconceitos genéricos;
⇒ os conceitos analíticosconceitos analíticos;
⇒ os conceitos purosconceitos puros;
⇒ as variáveisvariáveis.
O pólo teóricopólo teórico é um lugar de confluência dos outros pólospólos
metodológicosmetodológicos: o epistemológico com sua exigência de pertinência, o
morfológico com sua exigência de coerência, o técnico com sua
exigência de testabilidade. Essas três exigências condicionam o valor das
teorias – “validade” e “verdade” (a validade concerne o domínio formal, a
verdade o domìnio material ou “fatual”). Uma teoria válida será portanto
idealmente ao mesmo tempo falsificável, coerente e pertinente.