O documento discute a literatura de informação sobre o Novo Mundo produzida no século 15 e 16 com o objetivo de promover a colonização, comparando-a com a literatura indianista do Romantismo brasileiro que buscava construir uma identidade nacional idealizando a cultura indígena pré-colonial.
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1. Literatura de informação versus
literatura indianista –
ATIVIDADE AVALIATIVA
Profa. Maria Eneida Matos da
Rosa
2. Segundo Regina Zilberman,
“[a] América já existia na imaginação
européia antes de ser descoberta. Não
tinha esse nome, mas já correspondia
a uma imagem em que se
combinavam de um lado, informações
tidas como objetivas, encontradas em
obras de cientistas e filósofos, de
outro, fantasias estimuladas pela
literatura clássica” (p. 09).
3. A invenção da imprensa
Com o advento da
imprensa a imagem
edênica e fantasiosa
acerca do novo mundo foi
multiplicada: “Gravuras e
descrições publicadas em
livros asseguravam
simultaneamente o cunho
científico e a
verossimilhança da
imagem”(ZILBERMAN,
1994: 10)
4. “Creiam-me, Vossas Majestades, que essa terra é a melhor e
mais fértil, temperada, plana e boa que tem no mundo”.
(Cristóvão Colombo)
5. Propaganda do Novo Mundo
É esta província mui abastada de mantimentos de muita substância e
menos trabalhosos que os de Espanha. Dão-se nela muitas carnes, assim
naturais dela, como das de Portugal, e maravilhosos pescados;onde se
dão melhores algodões que em outra parte sabida, e muitos açúcares tão
bons como na ilha da Madeira. (...) Em algumas partes dela se dá trigo,
cevada e vinho muito bom, e em todas todos os frutos e sementes de
Espanha, do que haverá muita qualidade, se Sua Majestade mandar
prover nisso com muita instância e no descobrimento dos metais que nesta
terra há, porque lhe não falta ferro, aço, cobre, ouro, esmeralda, cristal e
muito salitre; e em cuja costa sai do mar todos os anos muito bom âmbar;
e de todas estas e outras podiam vir todos os anos a estes reinos em tanta
abastança, que se escusem os que vêm a eles dos estrangeiros, o que se
pode facilitar sem Sua Majestade meter mais cabedal neste Estado que o
rendimento dele nos primeiros anos; com o que pode mandar fortificar e
prover do necessário à sua defesa, o qual está hoje em tamanho
perigo,que se nisso caírem os corsários, com mui pequena armada.
(Gabriel Soares de Sousa. Tratado descritivo do Brasil)
6. Visão do nativo – puramente
descritiva
Pelejam estes índios com arcos e flechas, no que são muito
destros, e grandes caçadores e pescadores de linha, e grandes
mergulhadores, e à flecha matam também muito peixe, de que se
aproveitavam quando não tinham anzóis. As suas casas são mais
fortes que as dos tupinambás e do outro gentio, e têm as suas
aldeias mui fortificadas com grandes cercas de madeira. São
havidos estes tamoios por grandes músicos e bailadores entre todo
o gentio, os quais são grandes componedores de cantigas de
improviso, pelo que são mui estimados do gentio, por onde quer
que vão. Trazem os beiços furados e neles umas pontas de osso
compridas com uma cabeça como prego, em que metem esta
ponta, e para que não caia a tal cabeça lhe fica de dentro do beiço
por onde a metem.Costumam mais em suas festas enfeitarem-se
com capas e carapuças de penas de cores de pássaros (Gabriel
Soares de Sousa. Tratado descritivo do Brasil).
7. Terra lucrativa e generosa
“A manifestação de deslumbramento
perante a região, avaliada conforme
parâmetros herdados da tradição bíblica e
medieval, não é, contudo, o objetivo
principal das obras”
Mas assevera Zilberman,
8. “O rol detalhado e rigoroso tem propósito
definido: salienta o valor mercantil dos
produtos existentes. Enquanto assinala
as propriedades edênicas e medicinais da
natureza, o cronista enfatiza a
lucratividade de seus componentes e os
ganhos a serem auferidos, com sua
exploração, por colonizadores e a Coroa
portuguesa” (ZILBERMAN, 1994: 20).
9. Segundo Antonio Candido
(2000),
“Os primeiros estudiosos da nossa literatura, no
Romantismo, se preocuparam em determinar
como ela surgiu aqui (...). E como era época de
exigente nacionalismo, consideravam que
lutara dois séculos para se formar, a partir do
nada, como expressão de uma realidade local
própria, descobrindo aos poucos o verdadeiro
caminho” (p.89), qual seja, a descrição da
natureza e do índio.
10. Identidade nacional – em
construção
A literatura nesse sentido, tentou
seguir um processo retilíneo de
abrasileiramento, por descoberta da
realidade da terra ou recuperação de
uma posição idealmente pré-
portuguesa, quando não anti-
portuguesa (CANDIDO, 2001: 89);
11. Identidade nacional – em construção
Romantismo
“A fase culminante da nossa afirmação –
Independência política e o nacionalismo
literário do Romantismo – se processou
por meio de verdadeira negação dos
valores portugueses...” (CANDIDO, 2000:
111)
12. Literatura de informação versus
literatura indianista - ATIVIDADE
Partindo das palavras de José de Alencar sobre
a sua obra: “A primitiva (fase literária), que se
pode chamar aborígene, são as lendas e os
mitos da terra selvagem conquistada; são as
tradições que embalaram a infância do povo,
ele escutava como o filho a quem a mãe
acalenta no berço com as canções da pátria,
que abandonou”, fazer uma análise
comparatista entre a literatura de informação e
a literatura indianista (Romantismo).
13. Referências
CANDIDO, Antonio. Literatura e
sociedade. São Paulo: T.A. Queiroz,
2000.
ZILBERMAN, Regina. A terra em que
nasceste. Porto Alegre: Editora da
Universidade, UFRGS, 1994.