O documento discute o funcionamento do sistema nervoso central. Resume que o sistema nervoso realiza três funções principais: sensação, processamento e execução. A neurotransmissão química entre neurônios é modulada por psicofármacos e ocorre em três etapas: produção, liberação e ligação do neurotransmissor. Problemas nesse processo podem levar a distúrbios mentais.
3. Estudo do funcionamento do SN
1. Qual é o propósito do SN?
2. Como o SN trabalha?
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4. Em termos simples, realiza três tarefas:
Sensação
Processamento
Execução
Sensação – provê o “input” de dados ao
sistema
Exterior: cinco sentidos
Interior: monitora várias funções, como pressão
sanguinea, glicemia, nível de oxigenio no sangue,
etc...
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5. Processamento – o que faz com as
informações recolhidas; muitas vezes fora de
participação consciente
P.ex. pressão sanguínea, que ocorre nas regiões
inferiores
Pensamentos e emoções também são
“processamento”, mas ocorrem nas regiões
superiores, onde a informação é processada em
larga escala com participação consciente
Nestes vários níveis, você pode entender e
planejar respostas à informação recebida pelo
cérebro
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6. Execução - À medida em que a informação é
recebida e e você decide o que significa, seu
sistema nervoso coordena uma resposta.Este
loop (sensação -> processamento ->
execução) pode ocorrer em vários níveis, o
mais simples seria o ato reflexo (p. ex.
reflexo patelar), completamente fora de
envolvimento do cérebro. O mesmo loop
ocorre em todos os níveis de interação e
pode se tornar extremamente complexo (p.
ex. encontro com alguém conhecido).
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7. A sequencia “sensação – processamento –
execução” pode ser muito simples ou até
muito complexa.
Em última análise, o propósito do SN é bem
simples: é integrar informação e coordenar
suas reações na relação com o meio
ambiente.
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8. Como funciona o SN?
Através da transmissão de sinais, chamados
impulsos nervosos. O neurônio é uma célula
altamente excitável, que uma vez estimulada
dispara o potencial de ação. Uma vez realizado,
este se espalha em ondas através dos dendritos
até o corpo celular e deste até os axônios e aos
seus terminais, onde é transmitido à célula
seguinte. Este processo é chamado
neurotransmissão.
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10. A neurotrasmissão é o processo sobre o qual
vão atuar os psicofármacos, e que vai nos
ajudar a explicar tanto os efeitos
terapêuticos como os efeitos adversos.
Os psicofármacos possuem pouco ou nenhum
efeito sobre o potencial de ação em si, por
outro lado interferem ou aumentam a
“conversa” entre um neurônio e outro
(neurotransmissão) neste fino espaço que os
separa, que se chama sinapse.
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12. É a neurotransmissão química que é
modulada pelos psicofármacos. Em termos
simples ela se dá em 3 passos: produção do
neurotransmissor, excreção do
neurotransmissor e ação do neurotransmissor
em receptores específicos.
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13. Produção do neurotransmissor
São substâncias relativamente simples, que nosso
corpo fabrica em maioria. A célula nervosa
recebe um precursor (aminoácidos), e o processa
quimicamente, formando o neurotransmissor, que
é armazenado em vesículas dentro do neurônio.
Estas vesículas se depositam nos terminal axonal.
Liberação do neurotransmissor
Quando o neurônio é estimulado e o potencial de
ação chega ao terminal, as vesículas ancoradas à
membrana liberam o neurotransmissor na sinapse
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14. Ligação do neurotransmissor
O neurotransmissor livre na sinapse se difunde
em todas as direções, algumas chegando aos
receptores da célula adjacente na sinapse. Cada
neurotransmissor tem seu receptor específico.
Assim o sinal passa à célula seguinte.
Há neurotransmissores que disparam o potencial de
ação da célula seguinte – são excitatórios; outros
inibem a possibilidade de descarga, são inibitórios; e
outros disparam processos químicos dentro do
neurônio, através de segundos mensageiros. Os dois
primeiros são receptores ionotrópicos, o terceiro é um
receptor metabotrópico.
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15. Interrupção da neurotransmissão
A cessação do estímulo é fundamental para a
comunicação entre os neurônios. ´Se não
acontece o neurônio pós-sináptico pode ser
gravemente danificado e até morrer. (AVC)
Em geral o processo de interrupção atua
impedindo a chegada do neurotransmissor à
célula adjacente, e existem 5 mecanismos pelos
quais ocorre:
1. Difusão – sai da sinapse, se difundindo no meio
extra-celular
2. Desativação na sinapse – Há enzimas na sinapse
(COMT) que rompem a molécula do
neurotransmissor, alterando sua forma
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16. 3. Feedback negativo – o neurotransmissor se difunde
até receptores que existem no corpo do neurônio
que o liberou, chamados autoreceptores que
comunicam à célula para cessar de liberá-lo.
4. Recaptação – Existem sítios de recaptação na
superfície da célula que o liberou, específicos para
cada tipo de neurotransmissor. Atuam como
aspiradores, recolocando o neurotransmissor para
dentro da célula, reciclando-o para novo uso.
5. Desativação dentro do terminal axonal – enquanto
não é novamente empacotado em vesículas, o
neurotransmissor livre no interior do citoplasma
pode ser desativado por enzimas que atuam do
mesmo modo que no exterior da célua, mudando
seu formato e destruindo sua função (MAO).
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17.
18. Circuitos cerebrais
Semelhante a um computador, o cérebro se
estrutura em circuitos, mas à diferença deste
estes circuitos estão em constante mudança.
Outra diferença é que no primeiro os circuitos
possuem apenas duas condições: ON e OFF,
enquanto os circuitos cerebrais, que podem usar
mais de um neurotransmissor, produzem
gradientes de ativação. Existem mais de 100
neurotransmissores identificados, mas os mais
comuns são dopamina, serotonina,
noradrenalina, GABA, glutamato e acetilcolina,
assim como uma nova categoria intitulada
neuropeptideos.
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19. Cada um destes circuitos serve a um propósito
particular e trabalha em integração com outros
circuitos.
Atualmente começamos apenas a conhecer as
funções de alguns destes circuitos através de
novas tecnologias.
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20. Embora ainda se saiba pouco a respeito, a
suspeita de que anormalidades nos
receptores e enzimas que interagem com um
receptor sejam as principais causas
subjacentes às principais doenças mentais
tem se confirmado.
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21. O que pode dar errado?
1. Pouco neurotransmissor: neurodegeneração,
com morte de neurônios (Alzheimer)
2. Muito neurotransmissor: hiperatividade de
alguns circuitos (psicoses – hiperestimulação
dopaminérgica na via mesolímbica). As vezes a
excitação é tão grande que mata a célula
(excitotoxicidade), como na epilepsia.
3. Disparos errados ou atrazos no
desenvolvimento: circuitos com conexões
erradas (desordens desenvolvimentais como
autismo, algumas formas de retardo mental e
esquizofrenia)
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22. 4. “Timing” anormal de neurotransmissão: alguns
hormonios obedecem as variações do ritmo
circadiano, o que se deteriora gerando doenças
como narcolepsia, insônia.
5. Neurotransmissão desbalanceada: A maioria das
regiões cerebrais atua secretanto varios
neurotransmissores, que atuam de forma
balanceada. Quando isso se desregula produz
doenças como Parkinson, ou como os efeitos
adversos de alguns antipsicóticos.
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23. Porque está errado?
Fatores Genéticos – a chance de um gêmeo idêntico
ter esquizofrenia é de 50%, caso o outro apresente. As
doenças mentais, entretanto, não se explicam pela
anormalidade ou ausência de genes únicos. A teoria
predominante é a dos “dois toques”: herança
genética de vulnerabilidade + desencadeamento da
doença por estressores ou traumas ambientais
Neurodegeneração – doenças que resultam de morte
neuronal. São mais comuns em idosos, e pioram
progressivamente com a morte de mais células (
Alzheimer, Parkinson); a esclerose lateral amiotrófica
ataca a medula, resultando em paralisia e morte
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24. Desenvolvimento cerebral anormal – anormalidades
cromossomiais, deficiencias nutricionais, infecções
pré-natais, exposição a toxinas. Aparecem com o
nascimento ou na infância precoce, quando as
conexões cerebrais se estabelecem. As mais
conhecidas são a fenil-cetonúria, paralisia cerebral e
transtornos autistas. A esquizofrenia, embora surja na
adolescência, na maioria dos casos apresenta um
período prodrômico com alterações (personalidade
pré-mórbida) desde a infância, e é considerada uma
enfermidade neurodegenerativa, como a demência,
entretanto alguns a consideram um transtorno do
desenvolvimento. O final da adolescência é um
período de grande formação de sinapses e apoptoses;
considera-se que problemas nestes processos podem
desempenhar um papel fundamental na esquizofrenia
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