SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 18
Cheiro de feijão,  estrelas e  sonhos ...
Aquele cheiro de feijão cozinhando foi demais para Eduardo. Depois de muito tempo nas ruas, comendo os restos do que conseguia, ele se deixou levar pelo aroma daquele feijão e, quando viu, estava batendo palmas naquela casa de onde provinha o aroma tão marcante. Uma senhora de cabelos brancos e com um avental na cintura, também branco, atendeu e não se assustou com a roupa dele, já muito gasta, nem pelos seus cabelos enormes, que há muito não via um corte.
- "Que foi meu jovem, em que posso ajudá-lo?".   Eduardo ficou mudo diante daquele rosto tão bondoso. Sua voz não saía, e ele gaguejou: - "Bom...bom...bom dia. Sabe, é que eu senti o cheiro do feijão cozinhando e lembrei me da minha mãe, lembrei-me da fome e resolvi pedir um pouco, se a senhora puder. Pode ser num copo plástico mesmo, só para eu poder matar a vontade de comer esse feijão tão cheiroso.
Dona Benedita ficou surpresa com o desejo daquele menino. Sim, apesar das roupas velhas e sujas, do rosto marcado pela sujeira, aquele rapazote não deveria ter mais do que 15 ou 16 anos. Até hoje ela não sabe o por quê daquele gesto tão incomum nos tempos atuais, onde a violência está em cada esquina. O fato é que ela se comoveu com aquele menino e pediu para que entrasse.    Eduardo não sabia o que fazer. Nunca alguém o convidara para entrar em uma casa. O máximo que faziam era dar uma comida misturada em latas de goiabada ou em embalagem plástica de sorvete, que normalmente as pessoas nem queriam de volta, como se ele tivesse alguma doença contagiosa.
Timidamente ele entrou naquele quintal enorme e, seguindo aquela senhora tão amável, entrou em uma cozinha muito bonita, simples, com azulejos azuis claros nas paredes, piso vermelho brilhando, uma mesa e 4 cadeiras brancas. Na mesa, uma toalha muito branca e já sobre ela, arroz em uma travessa, água fresca, pratos e copos." Ah, meu Deus, o paraíso deve ser assim!", pensou Eduardo. Sem saber o que fazer, ficou ali, na porta, em pé, observando aquele ambiente que lhe deu uma paz indescritível. Ele já estava andando pelas ruas há mais de 4 anos, desde que sua mãe morreu, lá naquele Estado distante, Sem nenhum parente, Eduardo lembrava-se apenas da mãe dizendo que teve um paizinho muito querido, que morava em São Paulo, lá pelas bandas da Vila Maria, que ela amava muito e queria tanto ver.  Lembrava da mãe chorando todas as noites, falando baixinho para ele não acordar, da saudade do pai e da mãe tão amada, que morreu de uma doença nos pulmões, sem rever os parentes.
Dona Benedita, voltou de um dos cômodos trazendo uma toalha e algumas roupas usadas mas muito limpas, e foi falando para ele tomar um bom banho e se trocar, enquanto ela acabava o feijão. Sem saber muito o que fazer, Eduardo entrou naquele banheiro e tomou o banho mais gostoso da sua vida. Ele também nunca viu tanta água encardida sair de uma pessoa...
Aos poucos, aquela marca e aquela casca impregnada das ruas foram saindo. Junto iam as dores, as mágoas, e ele se pegou cantando. Quando saiu do banheiro, Dona Benedita ficou parada olhando para aquele rosto, os cabelos ligeiramente alourados, cheios de cachos...    Dona Benedita imediatamente lembrou-se da sua filha, que saíra de casa numa briga com o pai. Ela engravidara de um rapaz que não quis assumir a criança. Seu Vicente, homem das antigas, não soube entender a filha caçula, grávida e sem marido, e, num gesto impensado, a mandou embora. Os dois discutiram e moça falou que ela não era mais a sua filha. Ela saiu naquela noite de setembro e nunca mais deu notícias.
Aquilo foi demais para o velho pai, que, apesar do modo grosseiro de tratar os filhos,  rude, acostumado somente ao trabalho, amava como louco a sua filha, e todos os dias, depois que ela partiu, saia às ruas atrás de notícias, de alguma pista que o levasse até ela. Arrependido, seu Vicente foi definhando, definhando e morreu 4 meses depois, sem nunca mais a ver.
E ali estava aquele rapazote, com o rosto parecido com o da filha. Mas, Dona Benedita voltou à realidade do feijão na mesa, e o mandou sentar. Quando o rapaz colocou a primeira garfada na boca, grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto. Dona Benedita, percebendo a situação, perguntou: "Que foi filho? O feijão tá tão ruim assim que te fez chorar?".
Eduardo sorriu timidamente e disse que não. Era apenas a lembrança da mãe que ele amava tanto... Em silêncio eles comeram e, notando o apetite do rapaz, ela mesma o serviu mais duas vezes. Depois, ela passou um café; perguntou o seu nome; quis saber um pouco da sua história. Ele só falou o nome e saiu agradecendo a sua melhor refeição dos últimos tempos.
Meia hora depois, com roupas limpas, banho tomado e barriga forrada, Eduardo acabou descobrindo que já estava na Vila Maria e isso acendeu a sua esperança. Mas, quando a noite chegou, ele viu, pelas luzes que se acendiam, que aquele lugar era muito grande, e sem maiores detalhes do avô e da avó que nunca tinha visto, imaginou que seria impossível encontrar os parentes.   
Enquanto isso, Dona Benedita, estava no seu quintal, observando a noite. Tem sido assim desde que a filha sumiu no mundo. Sempre olhando para o céu, ela sempre nota que uma estrela se destaca das outras, É para essa estrela que ela se dirige há muitos anos, como se fosse para a própria filha. Nessa noite, seu coração estava inquieto. Aquele rapaz na cozinha mexeu com ela. Ao olhar para a sua estrela favorita, notou que ela parecia girar, brilhando mais forte. Dona Benedita imediatamente reviu a imagem do Eduardo e ficou pensando...
No dia seguinte, Dona Benedita sai cedo, sem destino. Passou pelas ruas perguntando se alguém tinha visto um andarilho, descrevendo-o. Ela precisava tirar uma dúvida e não podia perder a chance.  Encontrou-o numa praça, sendo abordado por dois policiais, que o agarravam com ares de poucos amigos. Dona Benedita chamou-o pelo nome e, ao olhar para ela, os policiais o soltaram e perguntaram se ela o conhecia. Ela respondeu afirmativamente, o que fez com que o menino fosse liberado.   
Assustado, Eduardo agradeceu pela gentileza e Dona Benedita o fez sentar no banco e contar a sua história. Conforme ele ia contando, a mulher percebia os pontos em comum com a história da sua filha: o tempo decorrido e a sua idade, os cabelos cacheados e aqueles olhos, que agora ela parecia ver como um espelho, que refletiam os olhos do seu amado marido. Quando ele falou o nome da sua mãe, Dona Benedita começou a chorar. Chorou tanto e abraçava tanto Eduardo que ele ficou com medo de ela morrer: "Mas, dona, o que foi que eu fiz?... Por favor, me fale... Pare de chorar.
Dona Benedita secou as lágrimas e contou a história da filha. Então, Eduardo percebeu que a sua busca tinha acabado. Ela acabou de encontrar a sua família e foi a vez de ele se entregar naquele colo e chorar.   O tempo passou... Mais de 12 anos já se passaram desde aquele "reencontro". Eduardo é arquiteto de muito prestígio na construtora onde trabalha. Casou-se e tem dois filhos e, mesmo podendo morar no seu elegante apartamento, preferiu ficar naquela casa que o abrigou, ao lado da sua avó, que sempre faz aquele feijão cheiroso que o conquistou.
Toda noite Dona Benedita ainda sai para o quintal, olha para o céu e fala com a filha, olhando para aquela mesma estrela, que agora, desde o dia em que Eduardo apareceu, tem outra estrela ao lado. Dona  Benedita tem certeza que pai e filha se reencontraram no céu, no lugar onde o amor venceu e sempre vencerá.    E, se essa história te parece impossível, talvez seja por isso que você ainda sofra com algumas decepções e deixe de lutar pelos seus sonhos. Talvez você tenha esquecido de amar um pouco mais, de dar mais dois passos em direção à sua estrela e descobrir que, apesar da noite escura e chuvosa, ela jamais deixou de brilhar.   
"QUE JESUS E MARIA  ABENÇÕEM O LAR DE  TODAS AS PESSOAS POR ONDE ESTA MENSAGEM PASSAR"
Texto:  Por Paulo Roberto Gaefke  Fo r matação: Ana Delia www.salvaialmas.com.br Visitem o site: Para baixar mais pps acessar o site abaixo: www.recados.aarao.nom.br/ Para participar do  GRUPO VIRTUAL ROSA MÍSTICA ENTRE AQUI http://br.groups.yahoo.com/group/gruporosamistica2/

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014
Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014
Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014ljulianarosal
 
Gossip Girl - You Know You Love Me
Gossip Girl - You Know You Love MeGossip Girl - You Know You Love Me
Gossip Girl - You Know You Love Meguest7c2c72
 
Evangelho no lar com crianças (69)
Evangelho no lar com crianças (69)Evangelho no lar com crianças (69)
Evangelho no lar com crianças (69)Fatoze
 
Vera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_torta
Vera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_tortaVera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_torta
Vera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_tortaPatrick François Jarwoski
 
Primeiras Estórias
Primeiras EstóriasPrimeiras Estórias
Primeiras EstóriasDenise Faria
 
Capítulo 2 Encontre-me.
Capítulo 2   Encontre-me.Capítulo 2   Encontre-me.
Capítulo 2 Encontre-me.StephanyeG
 
C.s.lewis as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do mago
C.s.lewis   as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do magoC.s.lewis   as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do mago
C.s.lewis as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do magoAlex Martins
 
Ae plv5 teste_avancado4
Ae plv5 teste_avancado4Ae plv5 teste_avancado4
Ae plv5 teste_avancado4Ana Ferreira
 
Conto sophia noite.natal_total
Conto sophia noite.natal_totalConto sophia noite.natal_total
Conto sophia noite.natal_totalMaria Ferreira
 

La actualidad más candente (15)

Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014
Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014
Vanessa Biffon - Ensaio Piá 2014
 
Em seus sonhos
Em seus sonhosEm seus sonhos
Em seus sonhos
 
Gossip Girl - You Know You Love Me
Gossip Girl - You Know You Love MeGossip Girl - You Know You Love Me
Gossip Girl - You Know You Love Me
 
Evangelho no lar com crianças (69)
Evangelho no lar com crianças (69)Evangelho no lar com crianças (69)
Evangelho no lar com crianças (69)
 
Vera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_torta
Vera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_tortaVera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_torta
Vera lucia marinzeck_de_carvalho_-_mansao_da_pedra_torta
 
Primeiras Estórias
Primeiras EstóriasPrimeiras Estórias
Primeiras Estórias
 
Capítulo 2 Encontre-me.
Capítulo 2   Encontre-me.Capítulo 2   Encontre-me.
Capítulo 2 Encontre-me.
 
Perfeição - cap. 08
Perfeição - cap. 08Perfeição - cap. 08
Perfeição - cap. 08
 
C.s.lewis as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do mago
C.s.lewis   as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do magoC.s.lewis   as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do mago
C.s.lewis as crônicas de nárnia - vol i - o sobrinho do mago
 
Sr Feliz
Sr FelizSr Feliz
Sr Feliz
 
Sr Feliz
Sr FelizSr Feliz
Sr Feliz
 
Ae plv5 teste_avancado4
Ae plv5 teste_avancado4Ae plv5 teste_avancado4
Ae plv5 teste_avancado4
 
A praga
A pragaA praga
A praga
 
Conto sophia noite.natal_total
Conto sophia noite.natal_totalConto sophia noite.natal_total
Conto sophia noite.natal_total
 
Pollyanna
PollyannaPollyanna
Pollyanna
 

Similar a Cheiro De Feijao, Estrelas E Sonhos

Similar a Cheiro De Feijao, Estrelas E Sonhos (20)

Cheiro de-feijao-estrelas-e-sonhos-100309152203-phpapp02
Cheiro de-feijao-estrelas-e-sonhos-100309152203-phpapp02Cheiro de-feijao-estrelas-e-sonhos-100309152203-phpapp02
Cheiro de-feijao-estrelas-e-sonhos-100309152203-phpapp02
 
Projecto individual
Projecto individualProjecto individual
Projecto individual
 
Contos africanos
Contos africanosContos africanos
Contos africanos
 
Livro Digital
Livro DigitalLivro Digital
Livro Digital
 
Delicadeza
DelicadezaDelicadeza
Delicadeza
 
Recriação do conto de José Saramago
Recriação do conto de José SaramagoRecriação do conto de José Saramago
Recriação do conto de José Saramago
 
Phroybido
PhroybidoPhroybido
Phroybido
 
Contos africanos
Contos africanosContos africanos
Contos africanos
 
Contos africanos
Contos africanosContos africanos
Contos africanos
 
Microsoft word do outro lado da rua - aud d'angelo dias.
Microsoft word   do outro lado da rua - aud d'angelo dias.Microsoft word   do outro lado da rua - aud d'angelo dias.
Microsoft word do outro lado da rua - aud d'angelo dias.
 
silo.tips_a-arvore-que-dava-dinheiro.pdf
silo.tips_a-arvore-que-dava-dinheiro.pdfsilo.tips_a-arvore-que-dava-dinheiro.pdf
silo.tips_a-arvore-que-dava-dinheiro.pdf
 
1 doce de tereza
1 doce de tereza1 doce de tereza
1 doce de tereza
 
001 paolo - detetive cristóvão (primeira parte)
001 paolo - detetive cristóvão (primeira parte)001 paolo - detetive cristóvão (primeira parte)
001 paolo - detetive cristóvão (primeira parte)
 
A carta
A carta A carta
A carta
 
Artur azevedo fatalidade
Artur azevedo   fatalidadeArtur azevedo   fatalidade
Artur azevedo fatalidade
 
Toda a magia numa bola de sabão
Toda a magia numa bola de sabãoToda a magia numa bola de sabão
Toda a magia numa bola de sabão
 
DemPeo (1)
DemPeo (1)DemPeo (1)
DemPeo (1)
 
110
110110
110
 
94
9494
94
 
Caderneta Vermelha
Caderneta VermelhaCaderneta Vermelha
Caderneta Vermelha
 

Más de VVCX

Orquideas Simplesmente Lindo
Orquideas   Simplesmente LindoOrquideas   Simplesmente Lindo
Orquideas Simplesmente LindoVVCX
 
O Principio Do Vazio
O Principio Do VazioO Principio Do Vazio
O Principio Do VazioVVCX
 
O Principio Do Vazio
O Principio Do VazioO Principio Do Vazio
O Principio Do VazioVVCX
 
Olhe!!!
Olhe!!!Olhe!!!
Olhe!!!VVCX
 
Essas Mulheres
Essas MulheresEssas Mulheres
Essas MulheresVVCX
 
Effetsdelune Aj
Effetsdelune AjEffetsdelune Aj
Effetsdelune AjVVCX
 
Chants D Oiseaux
Chants D OiseauxChants D Oiseaux
Chants D OiseauxVVCX
 
Beijinhos
BeijinhosBeijinhos
BeijinhosVVCX
 
Alsace Wineroute
Alsace WinerouteAlsace Wineroute
Alsace WinerouteVVCX
 
A Arte De Pino Daeni1
A Arte De Pino Daeni1A Arte De Pino Daeni1
A Arte De Pino Daeni1VVCX
 
Zzz Sementes
Zzz SementesZzz Sementes
Zzz SementesVVCX
 
Ser Ou Ter
Ser Ou TerSer Ou Ter
Ser Ou TerVVCX
 
Riqueza E Pobreza
Riqueza E PobrezaRiqueza E Pobreza
Riqueza E PobrezaVVCX
 
Raposa
RaposaRaposa
RaposaVVCX
 
Preceda Alma Cansada
Preceda Alma CansadaPreceda Alma Cansada
Preceda Alma CansadaVVCX
 
Para Refletir
Para RefletirPara Refletir
Para RefletirVVCX
 
O Tijolo
O TijoloO Tijolo
O TijoloVVCX
 
O No Do Afeto 8580
O No Do Afeto 8580O No Do Afeto 8580
O No Do Afeto 8580VVCX
 
O Valor Das Pequenas Grandes Coisas
O Valor Das Pequenas Grandes CoisasO Valor Das Pequenas Grandes Coisas
O Valor Das Pequenas Grandes CoisasVVCX
 
Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]
Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]
Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]VVCX
 

Más de VVCX (20)

Orquideas Simplesmente Lindo
Orquideas   Simplesmente LindoOrquideas   Simplesmente Lindo
Orquideas Simplesmente Lindo
 
O Principio Do Vazio
O Principio Do VazioO Principio Do Vazio
O Principio Do Vazio
 
O Principio Do Vazio
O Principio Do VazioO Principio Do Vazio
O Principio Do Vazio
 
Olhe!!!
Olhe!!!Olhe!!!
Olhe!!!
 
Essas Mulheres
Essas MulheresEssas Mulheres
Essas Mulheres
 
Effetsdelune Aj
Effetsdelune AjEffetsdelune Aj
Effetsdelune Aj
 
Chants D Oiseaux
Chants D OiseauxChants D Oiseaux
Chants D Oiseaux
 
Beijinhos
BeijinhosBeijinhos
Beijinhos
 
Alsace Wineroute
Alsace WinerouteAlsace Wineroute
Alsace Wineroute
 
A Arte De Pino Daeni1
A Arte De Pino Daeni1A Arte De Pino Daeni1
A Arte De Pino Daeni1
 
Zzz Sementes
Zzz SementesZzz Sementes
Zzz Sementes
 
Ser Ou Ter
Ser Ou TerSer Ou Ter
Ser Ou Ter
 
Riqueza E Pobreza
Riqueza E PobrezaRiqueza E Pobreza
Riqueza E Pobreza
 
Raposa
RaposaRaposa
Raposa
 
Preceda Alma Cansada
Preceda Alma CansadaPreceda Alma Cansada
Preceda Alma Cansada
 
Para Refletir
Para RefletirPara Refletir
Para Refletir
 
O Tijolo
O TijoloO Tijolo
O Tijolo
 
O No Do Afeto 8580
O No Do Afeto 8580O No Do Afeto 8580
O No Do Afeto 8580
 
O Valor Das Pequenas Grandes Coisas
O Valor Das Pequenas Grandes CoisasO Valor Das Pequenas Grandes Coisas
O Valor Das Pequenas Grandes Coisas
 
Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]
Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]
Ninguem Se Cruza Por Acaso[1]
 

Cheiro De Feijao, Estrelas E Sonhos

  • 1. Cheiro de feijão, estrelas e sonhos ...
  • 2. Aquele cheiro de feijão cozinhando foi demais para Eduardo. Depois de muito tempo nas ruas, comendo os restos do que conseguia, ele se deixou levar pelo aroma daquele feijão e, quando viu, estava batendo palmas naquela casa de onde provinha o aroma tão marcante. Uma senhora de cabelos brancos e com um avental na cintura, também branco, atendeu e não se assustou com a roupa dele, já muito gasta, nem pelos seus cabelos enormes, que há muito não via um corte.
  • 3. - "Que foi meu jovem, em que posso ajudá-lo?".   Eduardo ficou mudo diante daquele rosto tão bondoso. Sua voz não saía, e ele gaguejou: - "Bom...bom...bom dia. Sabe, é que eu senti o cheiro do feijão cozinhando e lembrei me da minha mãe, lembrei-me da fome e resolvi pedir um pouco, se a senhora puder. Pode ser num copo plástico mesmo, só para eu poder matar a vontade de comer esse feijão tão cheiroso.
  • 4. Dona Benedita ficou surpresa com o desejo daquele menino. Sim, apesar das roupas velhas e sujas, do rosto marcado pela sujeira, aquele rapazote não deveria ter mais do que 15 ou 16 anos. Até hoje ela não sabe o por quê daquele gesto tão incomum nos tempos atuais, onde a violência está em cada esquina. O fato é que ela se comoveu com aquele menino e pediu para que entrasse.   Eduardo não sabia o que fazer. Nunca alguém o convidara para entrar em uma casa. O máximo que faziam era dar uma comida misturada em latas de goiabada ou em embalagem plástica de sorvete, que normalmente as pessoas nem queriam de volta, como se ele tivesse alguma doença contagiosa.
  • 5. Timidamente ele entrou naquele quintal enorme e, seguindo aquela senhora tão amável, entrou em uma cozinha muito bonita, simples, com azulejos azuis claros nas paredes, piso vermelho brilhando, uma mesa e 4 cadeiras brancas. Na mesa, uma toalha muito branca e já sobre ela, arroz em uma travessa, água fresca, pratos e copos." Ah, meu Deus, o paraíso deve ser assim!", pensou Eduardo. Sem saber o que fazer, ficou ali, na porta, em pé, observando aquele ambiente que lhe deu uma paz indescritível. Ele já estava andando pelas ruas há mais de 4 anos, desde que sua mãe morreu, lá naquele Estado distante, Sem nenhum parente, Eduardo lembrava-se apenas da mãe dizendo que teve um paizinho muito querido, que morava em São Paulo, lá pelas bandas da Vila Maria, que ela amava muito e queria tanto ver. Lembrava da mãe chorando todas as noites, falando baixinho para ele não acordar, da saudade do pai e da mãe tão amada, que morreu de uma doença nos pulmões, sem rever os parentes.
  • 6. Dona Benedita, voltou de um dos cômodos trazendo uma toalha e algumas roupas usadas mas muito limpas, e foi falando para ele tomar um bom banho e se trocar, enquanto ela acabava o feijão. Sem saber muito o que fazer, Eduardo entrou naquele banheiro e tomou o banho mais gostoso da sua vida. Ele também nunca viu tanta água encardida sair de uma pessoa...
  • 7. Aos poucos, aquela marca e aquela casca impregnada das ruas foram saindo. Junto iam as dores, as mágoas, e ele se pegou cantando. Quando saiu do banheiro, Dona Benedita ficou parada olhando para aquele rosto, os cabelos ligeiramente alourados, cheios de cachos...   Dona Benedita imediatamente lembrou-se da sua filha, que saíra de casa numa briga com o pai. Ela engravidara de um rapaz que não quis assumir a criança. Seu Vicente, homem das antigas, não soube entender a filha caçula, grávida e sem marido, e, num gesto impensado, a mandou embora. Os dois discutiram e moça falou que ela não era mais a sua filha. Ela saiu naquela noite de setembro e nunca mais deu notícias.
  • 8. Aquilo foi demais para o velho pai, que, apesar do modo grosseiro de tratar os filhos, rude, acostumado somente ao trabalho, amava como louco a sua filha, e todos os dias, depois que ela partiu, saia às ruas atrás de notícias, de alguma pista que o levasse até ela. Arrependido, seu Vicente foi definhando, definhando e morreu 4 meses depois, sem nunca mais a ver.
  • 9. E ali estava aquele rapazote, com o rosto parecido com o da filha. Mas, Dona Benedita voltou à realidade do feijão na mesa, e o mandou sentar. Quando o rapaz colocou a primeira garfada na boca, grossas lágrimas escorreram pelo seu rosto. Dona Benedita, percebendo a situação, perguntou: "Que foi filho? O feijão tá tão ruim assim que te fez chorar?".
  • 10. Eduardo sorriu timidamente e disse que não. Era apenas a lembrança da mãe que ele amava tanto... Em silêncio eles comeram e, notando o apetite do rapaz, ela mesma o serviu mais duas vezes. Depois, ela passou um café; perguntou o seu nome; quis saber um pouco da sua história. Ele só falou o nome e saiu agradecendo a sua melhor refeição dos últimos tempos.
  • 11. Meia hora depois, com roupas limpas, banho tomado e barriga forrada, Eduardo acabou descobrindo que já estava na Vila Maria e isso acendeu a sua esperança. Mas, quando a noite chegou, ele viu, pelas luzes que se acendiam, que aquele lugar era muito grande, e sem maiores detalhes do avô e da avó que nunca tinha visto, imaginou que seria impossível encontrar os parentes.  
  • 12. Enquanto isso, Dona Benedita, estava no seu quintal, observando a noite. Tem sido assim desde que a filha sumiu no mundo. Sempre olhando para o céu, ela sempre nota que uma estrela se destaca das outras, É para essa estrela que ela se dirige há muitos anos, como se fosse para a própria filha. Nessa noite, seu coração estava inquieto. Aquele rapaz na cozinha mexeu com ela. Ao olhar para a sua estrela favorita, notou que ela parecia girar, brilhando mais forte. Dona Benedita imediatamente reviu a imagem do Eduardo e ficou pensando...
  • 13. No dia seguinte, Dona Benedita sai cedo, sem destino. Passou pelas ruas perguntando se alguém tinha visto um andarilho, descrevendo-o. Ela precisava tirar uma dúvida e não podia perder a chance. Encontrou-o numa praça, sendo abordado por dois policiais, que o agarravam com ares de poucos amigos. Dona Benedita chamou-o pelo nome e, ao olhar para ela, os policiais o soltaram e perguntaram se ela o conhecia. Ela respondeu afirmativamente, o que fez com que o menino fosse liberado.  
  • 14. Assustado, Eduardo agradeceu pela gentileza e Dona Benedita o fez sentar no banco e contar a sua história. Conforme ele ia contando, a mulher percebia os pontos em comum com a história da sua filha: o tempo decorrido e a sua idade, os cabelos cacheados e aqueles olhos, que agora ela parecia ver como um espelho, que refletiam os olhos do seu amado marido. Quando ele falou o nome da sua mãe, Dona Benedita começou a chorar. Chorou tanto e abraçava tanto Eduardo que ele ficou com medo de ela morrer: "Mas, dona, o que foi que eu fiz?... Por favor, me fale... Pare de chorar.
  • 15. Dona Benedita secou as lágrimas e contou a história da filha. Então, Eduardo percebeu que a sua busca tinha acabado. Ela acabou de encontrar a sua família e foi a vez de ele se entregar naquele colo e chorar.   O tempo passou... Mais de 12 anos já se passaram desde aquele "reencontro". Eduardo é arquiteto de muito prestígio na construtora onde trabalha. Casou-se e tem dois filhos e, mesmo podendo morar no seu elegante apartamento, preferiu ficar naquela casa que o abrigou, ao lado da sua avó, que sempre faz aquele feijão cheiroso que o conquistou.
  • 16. Toda noite Dona Benedita ainda sai para o quintal, olha para o céu e fala com a filha, olhando para aquela mesma estrela, que agora, desde o dia em que Eduardo apareceu, tem outra estrela ao lado. Dona Benedita tem certeza que pai e filha se reencontraram no céu, no lugar onde o amor venceu e sempre vencerá.   E, se essa história te parece impossível, talvez seja por isso que você ainda sofra com algumas decepções e deixe de lutar pelos seus sonhos. Talvez você tenha esquecido de amar um pouco mais, de dar mais dois passos em direção à sua estrela e descobrir que, apesar da noite escura e chuvosa, ela jamais deixou de brilhar.  
  • 17. "QUE JESUS E MARIA ABENÇÕEM O LAR DE TODAS AS PESSOAS POR ONDE ESTA MENSAGEM PASSAR"
  • 18. Texto: Por Paulo Roberto Gaefke Fo r matação: Ana Delia www.salvaialmas.com.br Visitem o site: Para baixar mais pps acessar o site abaixo: www.recados.aarao.nom.br/ Para participar do GRUPO VIRTUAL ROSA MÍSTICA ENTRE AQUI http://br.groups.yahoo.com/group/gruporosamistica2/