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Curso Técnico em Mecânica 
Manutenção Mecânica
Armando de Queiroz Monteiro Neto 
Presidente da Confederação Nacional da Indústria 
José Manuel de Aguiar Martins 
Diretor do Departamento Nacional do SENAI 
Regina Maria de Fátima Torres 
Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI 
Alcantaro Corrêa 
Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina 
Sérgio Roberto Arruda 
Diretor Regional do SENAI/SC 
Antônio José Carradore 
Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC 
Marco Antônio Dociatti 
Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
Confederação Nacional das Indústrias 
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
Curso Técnico em Mecânica 
Manutenção Mecânica 
Maurício José Bechtold 
Florianópolis/SC 
2010
É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio 
consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa. 
Equipe técnica que participou da elaboração desta obra 
Coordenação de Educação a Distância 
Beth Schirmer 
Revisão Ortográfica e Normatização 
FabriCO 
Coordenação Projetos EaD 
Maristela de Lourdes Alves 
Design Educacional, Ilustração, 
Projeto Gráfico Editorial, Diagramação 
Equipe de Recursos Didáticos 
SENAI/SC em Florianópolis 
Autor 
Maurício José Bechtold 
Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC 
Florianópolis. 
Bechtold, Maurício José 
Manutenção mecânica / Maurício José Bechtold – Florianópolis : SENAI/SC, 
73 p. : il. color ; 28 cm. 
B392m 
Inclui bibliografias. 
1. Manutenção. 2. Projetos mecânicos. I. SENAI. Departamento Regional de 
Santa Catarina. II. Título. 
SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC 
CEP: 88034-001 
Fone: (48) 0800 48 12 12 
www.sc.senai.br 
CDU 62-7 
2010.
Prefácio 
Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado. 
Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-das 
e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina. 
No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as 
necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas 
teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação 
por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-senvolver 
habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho. 
Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe 
de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu 
futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em 
oferecer um modelo de educação atual e de qualidade. 
Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de 
ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-mento 
promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos 
de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces-sidades 
do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional, 
oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu-cação 
por Competências, em todos os seus cursos. 
É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. 
Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções 
colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam 
com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-ções, 
tornando a aula mais interativa e atraente. 
Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte 
deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria 
do Conhecimento.
Sumário 
Conteúdo Formativo 9 
Apresentação 11 
12 Unidade de estudo 1 
Introdução à 
Manutenção 
Seção 1 - Introdução 
Seção 2 - Um breve histórico 
Seção 3 - Evolução da manu-tenção 
Seção 4 - Manutenção estra-tégica 
Seção 5 - Produtos da manu-tenção 
Seção 6 - Gestão estratégica 
da manutenção 
22 Unidade de estudo 2 
Sistema de 
Manutenção 
Seção 1 - Sistemas de manu-tenção 
Seção 2 - Manutenção cor-retiva 
Seção 3 - Manutenção pre-ventiva 
Seção 4 - Manutenção pre-ditiva 
Seção 5 - Manutenção 
detectiva 
Seção 6 - Administração da 
manutenção 
Seção 7 - Planejamento e 
programação da manuten-ção 
(PCM) 
13 
14 
14 
18 
20 
21 
34 Unidade de estudo 3 
Técnicas de 
Desmontagem 
e Montagem de 
Acessórios e Equi-pamentos 
Seção 1 - Cuidados prelimi-nares 
Seção 2 - Etapas para des-montagem 
de conjuntos 
mecânicos 
Seção 3 - Etapas para monta-gem 
de conjuntos mecânicos 
38 Unidade de estudo 4 
Ferramentas e 
Dispositivos para 
a Execução da 
Manutenção 
Seção 1 - Introdução 
Seção 2 - Ferramentas de 
encaixe externo 
Seção 3 - Ferramentas de 
encaixe interno 
Seção 4 - Alicates 
Seção 5 - Ferramentas 
especiais 
48 Unidade de estudo 5 
Técnicas de 
Recuperação de 
Peças 
Seção 1 - Análise situacional 
Seção 2 - Recuperação de 
eixos 
Seção 3 - Recuperação de 
mancais 
Seção 4 - Recuperação de 
Engrenagens 
Seção 5 - Recuperação de 
roscas 
54 Unidade de estudo 6 
Manutenção de 
Sistemas Hidráuli-cos 
e Pneumáticos 
Seção 1 - Manutenção de 
sistemas hidráulicos 
Seção 2 - Manutenção de 
sistemas pneumáticos 
60 Unidade de estudo 7 
Lubrificantes 
Seção 1 - Conceito 
Seção 2 - Tipos de lubrifi-cantes 
Seção 3 - Lubrificantes líqui-dos 
(óleos) 
Seção 4 - Lubrificantes pas-tosos 
(graxas) 
Seção 5 - Lubrificantes sóli-dos 
e gasosos 
Seção 6 - Aditivos 
Seção 7 - Sistemas de lubri-ficação 
Seção 8 - Generalidades 
Finalizando 71 
Referências 73 
23 
25 
26 
28 
29 
30 
31 
35 
36 
37 
39 
39 
43 
44 
45 
49 
49 
51 
52 
52 
55 
58 
61 
62 
62 
64 
65 
66 
66 
67
8 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Conteúdo Formativo 
MANUTENÇÃO MECÂNICA 9 
Carga horária da dedicação 
Carga horária: 90 horas 
Competências 
Planejar, executar e controlar a manutenção de sistemas mecânicos. 
Conhecimentos 
▪▪Manutenção (definição, tipos, aplicação e planos de manutenção), lubrificação, 
técnicas de montagem e desmontagem de acessórios e equipamentos, ferramen-tas 
e dispositivos para a execução da manutenção, técnicas de recuperação de 
peças, manutenção de sistemas hidráulicos e pneumáticos 
Habilidades 
▪▪Ler, interpretar e aplicar manuais, catálogos e tabelas técnicas; 
▪▪Elaborar planos de manutenção e lubrificação; 
▪▪Definir e aplicar as técnicas de manutenção; 
▪▪Aplicar normas técnicas de saúde, segurança e meio ambiente; 
▪▪Aplicar planilhas de custo de manutenção, considerando a relação custo-benefí-cio; 
▪▪Utilizar recursos informatizados para planejamento da manutenção; 
▪▪Executar os planos de manutenção e lubrificação de máquinas e equipamentos; 
▪▪Diagnosticar problemas relacionados ao funcionamento de máquinas e equipa-mentos 
em geral; 
▪▪Coletar dados específicos para o planejamento e a execução da manutenção de 
sistemas mecânicos; 
▪▪Elaborar lista de componentes (check list) mecânicos para a manutenção; 
▪▪Elaborar relatórios de atividades de manutenção; 
▪▪Identificar, selecionar e substituir elementos de máquinas; 
▪▪Utilizar ferramentas de coleta e controle de dados no equipamento. 
Atitudes 
▪▪Assiduidade; 
▪▪Proatividade; 
▪▪Relacionamento interpessoal; 
▪▪Trabalho em equipe;
▪▪Cumprimento de prazos; 
▪▪Zelo com os equipamentos; 
▪▪Adoção de normas técnicas, de saúde e segurança do trabalho; 
▪▪Responsabilidade ambiental. 
10 CURSOS TÉCNICOS SENAI
Apresentação 
MANUTENÇÃO MECÂNICA 
Atualmente o mercado de traba-lho 
não se satisfaz apenas com o 
profissional que tenha o conhe-cimento 
prático das coisas que 
acontecem no dia a dia. Ele quer 
cada vez mais profissionais que 
tenham aliado ao conhecimento 
prático o conhecimento teórico 
e, principalmente, a capacidade 
de efetuar a análise da solução 
mais adequada e indicada para o 
problema. Espera-se que o pro-blema, 
além de ser resolvido na-quele 
momento, não ocorra mais, 
ou, se prestes a ocorrer, possa ser 
previsto e solucionado, gerando 
economia no processo produtivo 
e, principalmente, na manutenção 
da vida útil do equipamento. 
Este material tem como objetivo 
principal servir de apoio a você, 
estudante da disciplina de Manu-tenção 
Mecânica, para a elabo-ração 
de planos de manutenção 
adequados à sua realidade fabril 
assegurando-lhe o saber necessá-rio 
e utilizando-se das ferramen-tas 
adequadas de identificação, 
análise e solução de problemas de 
manutenção. 
Você terá contato com o que há 
de melhor na atualidade para o 
desenvolvimento e a preparação 
de relatórios e planos de manu-tenção 
preventiva, bem como 
para analisar falhas na necessidade 
de manutenções corretivas. 
Desejamos a você um bom estudo 
e aproveitamento deste material! 
Marcelo Deschamps e Maurício 
José Bechtold 
Maurício José Bechtold 
Maurício José Bechtold 
Técnico Mecânico, pelo SENAI/SC, em Blumenau, acadêmico do curso 
superior de Tecnologia em Fabricação Mecânica. É colaborador do SE-NAI/ 
SC há dois anos, atuando como instrutor de ensino industrial na 
área da metalmecânica. Tem vasta experiência em manutenção indus-trial, 
tento atuado vários anos nas empresas Coteminas /Artex e Cia. 
Hering, como Mecânico de Manutenção. 
11
Unidade de 
estudo 1 
Seções de estudo 
Seção 1 – Introdução 
Seção 2 – Um breve histórico 
Seção 3 – Evolução da manutenção 
Seção 4 – Manutenção estratégica 
Seção 5 – Produtos da manutenção 
Seção 6 – Gestão estratégica da manu-tenção
MANUTENÇÃO MECÂNICA 13 
Introdução à Manutenção 
Seção 1 
Introdução 
Os últimos 25 anos têm se ca-racterizado 
pela globalização da 
economia com a queda constante 
das barreiras econômicas e co-merciais. 
Dessa forma, a busca 
da qualidade total de serviços e 
produtos, bem como a crescen-te 
preocupação com os aspec-tos 
ambientais, passou a ser uma 
constante nas empresas. Sendo 
assim, a grande questão que vem 
tomando corpo nas organizações 
é definir o papel da manutenção 
no contexto da competitividade 
das organizações no mercado em 
que atuam. 
A manutenção, direta ou indire-tamente, 
faz parte desse contex-to, 
principalmente porque não se 
permite mais a existência de uma 
organização competitiva sem que 
seja otimizada a disponibilida-de 
de máquinas, a maximização 
da lucratividade, a satisfação dos 
clientes e a confiabilidade dos 
produtos traduzidas no conceito 
dos seis sigma (ou defeito zero). 
Saiba Mais 
Saiba o que significa o concei-to 
Seis Sigma acessando o link 
abaixo. Vamos! Acesse logo! 
http://www.softexpert.com. 
br/norma-seis-sigma.php 
Há, aproximadamente 10 anos, 
eu trabalho em uma empresa de 
injeção de plásticos e uma das 
máquinas produzia baldes de 8 
litros de capacidade. Baldes são 
os produtos mais simples de se-rem 
produzidos em injeção, pois 
a fabricação de moldes é relativa-mente 
barata e simples. Pois bem, 
para que eu venha a manter meus 
clientes e conquistar outros pre-cisarei 
retirar o máximo de rendi-mento 
de minhas máquinas para 
oferecer baldes “bons, bonitos e 
baratos”. 
Neste sentido, os cronogramas de 
fabricação e de entrega dos meus 
produtos devem ser cumpridos 
de forma perfeita não sendo per-mitido, 
neste tipo de mercado, 
qualquer falha, principalmente 
de perda de prazo de entrega. 
Pergunta: com toda essa pressão, 
máquina produzindo no máximo 
de sua capacidade, otimização 
de tempo de produção, é aceitável 
eu não ter implantado na empresa 
um programa de manutenção pe-riódica 
de minhas máquinas e que 
eu sempre esteja somente focado 
em tirar “110%” do rendimento 
delas? 
Otimização: No sentido de 
redução.
Não existe pensamento mais er-rado 
e que dê mais prejuízo que 
esse. Máquinas se desgastam 
com o tempo, peças sofrem de-sajustes 
periódicos e máquinas 
não são “seres” inanimados que 
ficam livres de cargas dinâmicas. 
Se eu não tiver um bom progra-ma 
de manutenção, os prejuízos 
serão inevitáveis, pois máquinas 
com defeitos ou quebradas são 
as causadoras da diminuição ou 
interrupção da produção, o que 
gera atrasos das entregas e per-das 
financeiras. Além disso, se as 
máquinas não operam de forma 
ajustada aumentam os custos de 
produção, pois gastam mais ener-gia 
e recursos e os produtos têm 
grandes possibilidades de apre-sentar 
defeitos de fabricação. 
Tudo isso junto gera a insatisfação 
dos clientes e a consequente per-da 
de mercado que em situações 
extremas pode levar a empresa à 
falência. 
Sendo assim, para evitar esse fim 
desastroso, é condição obrigatória 
estabelecer e manter um rigoroso 
programa de manutenção preven-tiva 
para garantir que os produtos 
da empresa sejam produzidos na 
quantidade correta e com a qua-lidade 
requerida pelo mercado 
sempre prevendo a maximização 
da vida útil de minhas máquinas e 
equipamentos. 
Todos esses aspectos mostram 
a importância que se deve dar à 
manutenção de minhas máqui-nas, 
equipamentos, ferramentas e 
pessoal. Sim, pessoal! Porque não 
adianta nada eu ter o melhor pro-grama 
de manutenção sem levar 
em conta que, para realizar esse 
programa de manutenção de for-ma 
adequada, eu preciso ter pes-soal 
capacitado e treinado, tanto 
para a execução da manutenção, 
quanto para a operação das má-quinas. 
14 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Seção 2 
Um breve histórico 
“Manutenção é isto: quando tudo 
vai bem, 
ninguém lembra que existe. 
Quando algo vai mal, dizem que 
não existe. 
Quando é para gastar, acha-se que 
não é preciso que exista. 
Porém, quando realmente não 
existe, todos concordam que de-veria 
existir.” 
A manutenção que conhecemos 
hoje se iniciou com o surgimento 
dos primeiros relógios mecânicos, 
por volta do século XVI. Antes 
disto era despercebida. Com a 
criação dos primeiros relógios, foi 
criado um plano de manutenção 
para essas máquinas, chamado de 
programa de revisões, que garan-tisse 
o perfeito funcionamento 
dos relógios. 
Com o surgimento das máquinas, 
principalmente durante a Revo-lução 
Industrial, tornou-se cada 
vez mais necessário seu uso, tanto 
para garantir o seu funcionamen-to, 
como também para prevenir 
possíveis quebras. 
Durante a Segunda Guerra Mun-dial 
o monitoramento no proces-so 
produtivo tornou-se quase que 
totalitário por necessidade de um 
perfeito funcionamento de armas 
e munições durante as batalhas. 
Para isso acontecer as máquinas 
deviam estar bem reguladas e mo-nitoradas. 
Já no princípio da reconstrução 
pós-guerra, Inglaterra, Alemanha, 
Itália e, principalmente, Japão 
alicerçaram seu desempenho in-dustrial 
nas bases da engenharia e 
da manutenção. Destaque funda-mental 
para o Japão que, por estar 
sob o domínio dos Estados Uni-dos 
e ter seus processos produti-vos 
baseados nesses sistemas de 
produção, aproveitou a oportuni-dade 
para adotar, pelos recursos 
escassos disponíveis, programas 
efetivos de manutenção com o 
objetivo de prolongar ao máximo 
a utilização de seus equipamentos, 
dentro de padrões cada vez mais 
exigentes de produção. 
Essa visão parte do pressuposto 
principal de que máquina parada 
por quebras imprevistas é prejuízo 
completo no processo produtivo, 
podendo levar, em alguns casos, à 
falência de algumas empresas. 
Imagine se um alto-forno de uma 
empresa siderúrgica, por falta de 
manutenção em seus sistemas, 
apresentar uma fissura, mínima 
que seja, que obrigue a empresa 
a interromper seu processo pro-dutivo. 
Só para constar: para des-ligar 
um alto-forno é necessária 
uma semana de operações e para 
religá-lo e colocá-lo em funciona-mento 
pleno são necessárias mais 
duas semanas de operação. 
Com o passar dos anos, a comple-xidade 
de máquinas e equipamen-tos 
fez do setor de manutenção 
um forte aliado do setor produti-vo, 
no qual cada minuto é trans-formado 
em dinheiro, precisando 
cada vez mais de uma atuação 
rápida e eficaz do setor de manu-tenção. 
Com a evolução das tecnologias 
empregadas nas máquinas, a ma-nutenção 
também evoluiu, a qual 
se refere ao: gerenciamento, fer-ramental 
e instrumental. 
Vejamos, a seguir, um pouco so-bre 
essa evolução histórica.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 15 
Seção 3 
Evolução da manuten-ção 
Desde a década de 1930, a evo-lução 
da manutenção pode ser 
dividida em três gerações. Não 
se pode necessariamente afirmar 
que cada uma delas teve início e 
fim bem definidos visto que, em 
alguns casos, pode-se afirmar que 
muitas empresas ainda estão de-sempenhando 
suas funções sob 
a ótica de uma ou outra geração, 
ou ainda num misto entre elas. 
Porém, de modo geral, pode-se 
descrevê-las da seguinte forma: 
Divisão das gerações 
por períodos 
Primeira Geração (antes da Se-gunda 
Guerra Mundial): Caracte-rizou- 
se pela pouca utilização das 
máquinas, pelo seu superdimen-sionamento 
e pela simplicidade 
dessas máquinas. A manutenção 
era efetuada basicamente no siste-ma 
quebra-conserta (manutenção 
corretiva). 
Segunda Geração (depois da Se-gunda 
Guerra Mundial até a déca-da 
de 1960): Caracterizou-se pelo 
aumento da demanda de produtos 
industrializados, com a escassez 
de mão de obra, principalmente 
a masculina uma vez que a indús-tria 
buscava cada vez mais a me-canização 
de seus parques fabris. 
Controles de peças, de defeitos e 
de tempo eram manuscritos para 
posterior análise, início da manu-tenção 
preventiva. 
Terceira Geração (depois da dé-cada 
de 1970): No setor indus-trial 
circulava uma tendência 
mundial às mudanças, tanto na 
área gerencial como também na 
comportamental. Nas indústrias, 
começou-se a usar ferramentas de 
gerenciamento, como just in time 
e kanban, que pregavam a dou-trina 
do estoque zero. As horas 
que as máquinas ficavam paradas 
para manutenção começaram a 
prejudicar a produtividade, mui-tas 
aguardavam longos períodos 
paradas à espera das peças de 
reposição. A partir dessas situa-ções 
começou no setor de manu-tenção 
uma revolução no modo 
de pensar dos responsáveis pela 
manutenção: a partir de dados co-letados 
pela manutenção forma-ram- 
se bancos de dados referen-tes 
a cada máquina e equipamento 
com o intuito de prever a próxi-ma 
quebra e se antecipar a ela. A 
palavra análise então começou a 
circular no meio da manutenção 
através da análise de vibrações, 
análise de ruído, análise de óleos 
e lubrificação (ferrógrafo), entre 
outras. Também a preocupação 
com o meio ambiente fica cada 
vez mais evidente. 
Na Terceira Geração reforçou-se 
o conceito de uma manu-tenção 
preditiva. Ou seja, ga-rantia- 
se que o equipamento 
correria mínimos riscos de 
falha. 
Sendo assim, considerando-se de 
forma esquemática, mas não dife-rente, 
a evolução da manutenção 
passa pelas seguintes fases: 
▪▪ operação até a falha; 
▪▪ manutenção baseada em 
períodos; 
▪▪ manutenção planejada; 
▪▪ manutenção baseada em con-dição; 
▪▪ manutenção proativa ou de-tectiva. 
Discorreremos, agora, sobre cada 
uma das fases descritas. Acompa-nhe! 
Operação até a falha 
O equipamento é posto em opera-ção 
não tendo sobre ele nenhum 
acompanhamento com o objetivo 
de manter suas condições opera-cionais 
que preservem ou aumen-tem 
a sua vida útil. 
É o quebra-conserta. Esse mode-lo 
de manutenção durou, como 
estratégia única, até o fim da dé-cada 
de 1940, e as ocorrências de 
falhas nos equipamentos ficavam 
sujeitas a impactar o processo 
produtivo. 
Nesse período, o grau de meca-nização 
não era alto e as quebras 
então não causavam impactos 
relevantes na produção. Da mes-ma 
maneira, era menor o grau de 
complexidade dos equipamentos, 
não demandando serviços siste-máticos 
e de rotina tais como lu-brificação 
e limpeza.
16 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Manutenção baseada em períodos 
O equipamento sofre troca periódica de componentes, independente-mente 
de sua condição, eliminando previamente as possibilidades de 
falhas que o equipamento poderia apresentar, minimizando assim os 
impactos no processo produtivo. 
Esse modelo teve início na década de 1950, após a Segunda Guerra 
Mundial, quando se verificou um processo de mecanização mais intenso 
nas indústrias. 
Manutenção planejada 
A partir da década de 1960, inicia-se uma estratégia de manutenção com 
base em planejamento de atividades, com visão voltada para a prevenção 
de falhas através da elaboração de planos sistemáticos de manutenção, 
a partir da tomada de consciência das perdas devido às falhas de manu-tenção. 
Como as máquinas vão ficando mais complexas, o seu custo de 
aquisição e sua vida útil passam a ter muita importância, face ao custo 
do capital investido. 
Nessa época os custos de manutenção começaram a crescer e a se des-tacar 
dentre os custos de operação, provocando a necessidade de se 
medirem tais custos, acompanhando-os frequentemente, na tentativa de 
mantê-los sob controle. 
Dá-se início então ao planejamento e à programação de manutenção. 
Manutenção baseada em condição 
Inicia-se na década de 1980, sendo uma estratégia de manutenção ba-seada 
em técnicas de monitoramento das condições dos equipamentos, 
visando detectar sinais de falha iminente. 
Dessa forma é possível acompanhar os estágios de desgaste nas máqui-nas 
e aumentar o grau de previsibilidade do momento de ocorrências 
indesejáveis, antecipando ações antes da falha. Permite eliminar também 
trocas desnecessárias como acontece no caso da manutenção baseada 
em períodos, vista anteriormente. 
Esse tipo de manutenção, corretamente empregada, permite a redução 
dos pesados custos ligados à troca sistemática, gerando um melhor apro-veitamento 
das partes e componentes dos equipamentos. 
Manutenção proativa ou detectiva 
Forma sofisticada de manutenção baseada também no acompanhamen-to 
das condições das máquinas, na qual o controle do equipamento é de-terminado 
por múltiplas medidas interpretadas por sistemas inteligentes, 
computadores, instrumentos de medição, frequentemente acoplados aos 
equipamentos.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 17 
Nesse tipo de manutenção existe o objetivo claro de prolongar a vida 
útil do equipamento, através da avaliação dos seus componentes, mini-mizando 
a necessidade de fazer manutenção, através da engenharia de 
manutenção e da aplicação de várias tecnologias. 
Nos últimos anos, cada vez mais se agregam aos aspectos tradicionais 
de manutenção os aspectos relativos a segurança e meio ambiente como 
fatores críticos de sucesso, nos quais os complexos parques industriais 
devem ser gerenciados com alta confiabilidade. 
A interação entre as fases de implantação de um sistema e a dispo-nibilidade/ 
confiabilidade torna-se cada vez mais evidente e necessária 
para o bom desempenho da indústria. 
A interação entre as fases 
Como vimos anteriormente, a evolução da manutenção ao longo dos 
anos, fez com que cada uma das fases da existência de uma máquina e/ 
ou equipamento assumisse um papel com importância crescente nos 
processos de fabricação. Sendo assim, da correta realização, do apro-fundamento 
e do domínio de cada fase – projeto, fabricação, instalação, 
operação e manutenção – dependem a maximização da disponibilidade 
e a total confiabilidade do sistema. 
Já da interação correta entre as fases, pode-se afirmar com toda a certeza 
que a disponibilidade e a confiabilidade dos sistemas tendem a trazer 
maiores retornos financeiros e de produtividade para as empresas. A 
figura a seguir ilustra de forma esquemática essa relação. Observe-a. 
PROJETO + FABRICAÇÃO + INSTALAÇÃO + MANUTENÇÃO + OPERAÇÃO 
DISPONIBILIDADE / CONFIABILIDADE 
Figura 1 – Interação entre as fases 
Fonte: Kardec e Xavier, 2002. 
No quadro que segue, apresentamos um resumo dos principais pontos 
das diferentes gerações da manutenção. Veja! 
Implantação de um sistema: 
Projeto, fabricação, instala-ção 
e manutenção.
Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração 
18 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Períodos 
Antes da 2ª Guerra Mundial 
Depois da 2ª Guerra Mundial até a 
década de 1960 Depois da década de 1970 
Características 
Quebra-Conserta 
Manutenção Corretiva 
Maior disponibilidade 
Controles manuais 
Início da manutenção preventiva 
Maior disponibilidade e 
confiabilidade 
Análise de riscos 
Maior produtividade 
Início da manutenção preditiva 
Quadro 1 – Gerações por períodos 
Seção 4 
Manutenção estratégica 
A manutenção existe para que não 
haja manutenção, este é o concei-to 
moderno da manutenção em 
que a satisfação do cliente vem 
em primeiro lugar, não se paga 
mais por serviços, mas sim pela 
solução do problema. No setor de 
manutenção o cliente pode ser o 
setor ao qual ele dá apoio (setor 
produtivo). 
Para que esse conceito vire rea-lidade, 
o pessoal da manutenção 
tem de estar cada vez mais qualifi-cado 
e o setor mais equipado. No 
que se refere ao mantenedor, ele 
deverá se atualizar tecnicamente 
para se equiparar mercado, estar 
aberto às mudanças quando ele 
passará de simples trocador de 
peças para especialista em manu-tenção. 
Para aplicar este conceito o geren-te 
da área deverá ser o principal 
responsável pela disseminação e 
aplicação das diversas ferramen-tas 
gerenciais aplicáveis à manu-tenção, 
tais como: CCQ, GQT, 
TPM, terceirização e reengenharia 
em outros. 
Com a aplicação dessas ferramen-tas 
é possível ter reflexo direto no 
resultado da empresa ou do setor, 
aumentando: 
▪▪ disponibilidade; 
▪▪ faturamento e lucro; 
▪▪ segurança pessoal e das insta-lações; 
▪▪ preservação ambiental. 
E reduzindo: 
▪▪ demanda de serviços; 
▪▪ lucro cessante; 
▪▪ custos. 
É importante frisar que, às 
vezes, muitos gerentes usam 
essas ferramentas de modo 
exagerado obtendo resulta-dos 
desastrosos. Mas o uso 
correto dessas ferramentas 
pode apresentar ótimos re-sultados 
para a organização. 
Sendo assim: 
▪▪ busca-se atualmente cada vez 
mais eficiência; 
▪▪ nenhum setor está fora do 
ciclo de competitividade; 
▪▪ clientes exigem cada vez mais 
com melhor qualidade e rapidez 
na entrega, com preços mais 
acessíveis de aquisição. 
Os acionistas, por sua vez, para 
apostar em um negócio exigem 
retorno do investimento compatí-vel 
com o grau de risco envolvido, 
exigindo geração de valor em cada 
empreendimento. 
A comunidade exige melhores 
práticas de convivência, em que 
o respeito pelo meio ambiente e 
a responsabilidade social estejam 
inseridos fortemente na visão das 
empresas. 
É nesse contexto de confiabilida-de 
operacional que a manutenção 
se insere para garantir a condição 
para que as empresas entreguem 
seus produtos com a qualidade 
requerida, no tempo exigido, com 
boas práticas de saúde, segurança 
e meio ambiente. 
Os clientes cada vez mais querem 
operar no modelo just in time, ou 
seja, sem estoques em suas plan-tas, 
e isso passa a exigir altíssima 
confiabilidade, com demanda de 
efetividade direta na gestão da 
manutenção.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 19 
Esquematicamente: assim, é 
razoável deduzir que a manu-tenção 
passa a ter, cada vez 
mais, uma função estratégi-ca 
no contexto empresarial, 
como alavanca na competiti-vidade 
dos negócios em que 
está inserida. 
É parte fundamental dessa es-tratégia 
a construção dos planos 
mestres de manutenção que se 
constituem nas listas das ordens 
de serviços específicas (OSs) para 
cada máquina. 
Para a formatação das ordens de 
serviços e seus procedimentos de 
execução, deverão ser levados em 
consideração os seguintes fatores, 
como fontes de informações para 
obtenção de pleno êxito na elabo-ração 
dos planos de manutenção: 
▪▪ requisitos técnicos previs-tos 
nos manuais das máquinas, 
fornecidos pelos fabricantes dos 
equipamentos; 
▪▪ experiência técnica dos pro-fissionais 
da própria empresa 
adquirida ao longo de anos de 
convivência com os tipos de 
equipamentos; 
▪▪ histórico de máquinas existen-tes, 
similares às máquinas para as 
quais se está pretendendo montar 
um plano mestre de manutenção. 
Reunidos todos esses requisitos, é 
possível iniciar um gerenciamen-to 
estratégico, girando o ciclo dos 
processos do sistema de manuten-ção, 
que se constitui em PLANE-JAMENTO, 
PROGRAMAÇÃO, 
EXECUÇÃO e GERÊNCIA 
DE DESEMPENHO, sendo este 
último o índice de controle para 
avaliação dos resultados de con-fiabilidade 
e custos, validando a 
qualidade da estratégia implantada 
e considerando as metas estabele-cidas 
para as instalações. 
Doenças graves das or-ganizações 
▪▪ Perda de conhecimento 
– A perda de conhecimento, 
ou mesmo a não aquisição de 
conhecimentos que suportem 
o futuro, tem levado à perda de 
competitividade. Fala-se muito 
em depreciação do hard, mas 
muito pouco sobre a depreciação 
do conhecimento. 
▪▪ Satisfação dos colaborado-res 
– Se a “saúde” dos colabo-radores 
não está bem, pode-se 
esperar que haverá perda grave 
de competitividade. 
▪▪ Visão crítica da comu-nidade 
– A maneira como a 
sociedade vê as empresas e sua 
contribuição para a “saúde” do 
planeta é, hoje, outro fator crítico 
de sucesso empresarial. Não vai 
existir empresa excelente empre-sarialmente 
se não for, também, 
excelente em questões de saú-de, 
meio ambiente e segurança 
(SMS). 
paradigma do passado: 
“o homem de manutenção 
sente-se bem quando execu-ta 
um bom reparo”. 
paradigma moderno: 
“o homem de manutenção 
sente-se bem quando conse-gue 
evitar todas as falhas não 
previstas”. 
Uma boa estratégia de manuten-ção 
deve conter os seguintes pon-tos 
importantes: 
▪▪ contexto operacional do 
negócio em que está inserida, 
considerando fortemente os de-sejos 
do cliente final da empresa, 
os requisitos das instalações em 
confiabilidade para atender a esse 
mercado; 
▪▪ visão de curto, médio e longo 
prazo para as práticas de manu-tenção; 
▪▪ práticas de saúde, segurança e 
meio ambiente adequadas, para 
assegurar o desenvolvimento sus-tentado 
das práticas operacionais; 
▪▪ identificação seletiva nas 
instalações, determinando qual a 
importância de cada equipamen-to 
do ponto de vista operacional 
(impacto na produção) e práti-cas 
de saúde, segurança e meio 
ambiente; 
▪▪ definição do tipo de manuten-ção 
aplicada em cada equipamen-to 
e sua respectiva confiabilidade 
requerida: 
▪▪ preventiva/preditiva; 
▪▪ preventiva/sistemática; 
▪▪ corretiva.
20 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
O resultado positivo apresentado 
pelas empresas passa, necessaria-mente, 
pela simples relação entre 
o faturamento e os custos apre-sentados 
pelas organizações. Essa 
relação é denominada produtivi-dade, 
e quanto mais elevada é a 
produtividade, maior a competiti-vidade 
apresentada pela empresa, 
uma relação simples mas que deve 
ser perseguida constantemente 
pelas empresas. 
O papel do Departamento de Ma-nutenção 
nesse contexto é de fun-damental 
importância visto que é 
ele que dará as condições ideais, 
através dos planos de manutenção 
de disponibilidade, confiabilidade 
e qualidade dos equipamentos. 
Seção 5 
Produtos da 
manutenção 
A produção é, de maneira básica, 
composta pelas atividades de ope-ração, 
manutenção e engenharia. 
Existem outras atividades que dão 
suporte à produção: suprimentos, 
inspeção de equipamentos, se-gurança 
industrial, entre outros. 
Mas, em suma, as três primeiras 
são a base de qualquer processo 
produtivo. 
Sendo assim, pode-se afirmar que 
essas atividades básicas são e sem-pre 
serão complementares entre si 
e que a falha de uma delas acarre-tará 
no colapso de todo o sistema 
produtivo da empresa. 
Dessa forma, e levando em con-sideração 
as atividades de supor-te 
da produção, pode-se concluir 
que o principal produto da ma-nutenção 
é fornecer MAIOR 
DISPONIBILIDADE CONFI-ÁVEL 
AO MENOR CUSTO. 
Com todos esses dados em mãos 
e realizando uma reflexão mais 
aprofundada, podemos nos ar-riscar 
a desenvolver um conceito 
moderno de manutenção. 
Manutenção é garantir a disponibi-lidade 
da função dos equipamentos 
e instalações de modo a atender 
a um processo de produção ou de 
serviço, com confiabilidade, segu-rança, 
preservação do meio am-biente 
e custos adequados. 
Redução da demanda 
de serviços 
Pode ser dividida nos seguintes 
tópicos. 
▪▪ Qualidade da manutenção 
Tem como ponto principal a qua-lidade 
do trabalho. Por outro lado, 
a sua falta provocará um retraba-lho 
(falha prematura). 
▪▪ Qualidade da operação 
Tem como principal ponto a qua-lidade 
da operação. Do mesmo 
modo, uma má qualidade na ope-ração 
do equipamento também 
pode provocar uma falha prema-tura 
e a imediata perda de produ-ção. 
▪▪ Problemas crônicos 
Problemas decorrentes do pró-prio 
equipamento e do projeto de 
instalação podem levar a falhas e 
defeitos crônicos. Às vezes, por se 
tratar de um problema conhecido, 
não se dá a devida importância. 
Simplesmente é feito o restabe-lecimento 
da funcionalidade da 
máquina. 
Funcionalidade da máqui-na: 
Mesmo que se conheça 
a real causa da quebra não é 
feito nada para resolver defi-nitivamente 
o problema, so-mente 
troca-se a peça dani-ficada 
e fica por isso mesmo.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 21 
Esse tipo de atitude reflete muito 
bem a cultura conservadora que 
certos mantenedores teimam em 
fazer, cultura esta que precisa ser 
mudada. 
▪▪ Problemas tecnológicos 
Repete exatamente o conceito an-terior, 
mudando somente o que 
diz respeito à solução, pois, nes-se 
caso, a causa do defeito é re-almente 
desconhecida, havendo 
necessidade de uma ação tecno-lógica 
mais aprofundada sobre a 
causa do defeito, possibilitando 
melhorias nos sistemas e equipa-mentos. 
▪▪ Serviços desnecessários 
O homem de manutenção ou 
mantenedor, muitas vezes por 
inexperiência ou medo, realiza a 
manutenção preventiva em exces-so, 
sem considerar o histórico de 
defeito da máquina aumentando 
muito o custo-benefício do equi-pamento. 
Seção 6 
Gestão estratégica da 
manutenção 
Na gestão estratégica da manu-tenção, 
várias ferramentas da ges-tão 
pela qualidade total (GQT) 
têm se mostrado bastante eficazes 
quando aplicadas corretamente, 
levando a uma grande melhoria 
dos resultados. Dessa forma, é 
comum atualmente não se falar 
apenas em planos de manutenção, 
mas sim em sistemas de manu-tenção, 
focados na engenharia da 
manutenção, que é uma evolução 
dos processos até hoje utilizados 
nas indústrias para definir o setor 
de manutenção. 
Nesse sentido, o Departamento 
de Manutenção atualmente passa 
a ter papel estratégico e de vital 
importância nas organizações, 
não sendo mais o lugar onde se 
encontram profissionais sem ca-pacitação 
técnica para se tornar 
um ambiente onde todo o pro-fissional 
tem de ter capacidade 
técnica para identificar, analisar 
e resolver problemas, garantindo 
que não se realize apenas um con-serto, 
mas se eliminem problemas 
presentes e futuros. 
Na GQT, diversos outros instru-mentos 
têm se revelado impor-tantes 
para sistematizar e profis-sionalizar 
cada vez mais o setor de 
manutenção. Quais sejam: 
▪▪ gerência da rotina; 
▪▪ padronização; 
▪▪ 5 S; 
▪▪ TPM; 
▪▪ ISO 9000; 
▪▪ CCQ. 
Fatores adicionais im-portantes 
num sistema es-tratégico 
de manutenção. 
▪▪ Implantar uma sistemática 
orçamental para os serviços de 
manutenção; 
▪▪ Alocar aos solicitantes os cus-tos 
dos serviços de manutenção 
correspondentes; 
▪▪ Reavaliar a frequência de 
problemas em equipamentos e 
decidir, com base na análise do 
custo-benefício, sobre a viabili-dade 
da sua substituição; 
▪▪ Identificar equipamentos que 
estejam operando fora de suas 
condições de projeto, gerando 
elevada demanda de serviços, e 
analisar a conveniência de sua 
recapacitação ou mesmo a sua 
substituição; 
▪▪ Rever, continuamente, os 
programas de manutenção pre-ventiva, 
visando à otimização de 
sua frequência, considerando as 
novas tecnologias de manutenção 
preditiva que são normalmente 
mais vantajosas; 
▪▪ Implantar um programa de 
desativação de equipamentos e 
sistemas inoperantes, desde que 
a análise de custo-benefício se 
mostre adequada; é o sistema 5S 
na instalação industrial; 
▪▪ Rever a metodologia de inspe-ção 
e procurar aumentar o tempo 
de campanha das unidades ou 
sistemas, evitando ocorrências 
não planejadas; 
▪▪ Evitar operar equipamen-tos 
fora das suas condições de 
projeto, a menos que os resul-tados 
empresariais mostrem ser 
vantajoso; 
▪▪ Incrementar o acompanha-mento 
de parâmetros preditivos, 
visando trabalhar mais próximo 
dos limites estabelecidos e, com 
isso, aumentar o tempo de cam-panha 
com confiabilidade; 
▪▪ Estudar métodos para aumen-tar 
a previsibilidade das inspeções 
antes das paradas das unidades, 
inclusive com as novas tecnolo-gias 
de inspeção; 
▪▪ Aumentar o uso de métodos 
de manutenção com o equipa-mento 
ou sistema em operação. 
Nessa primeira unidade de estu-dos, 
você teve uma noção introdu-tória 
do que vem a ser a manuten-ção 
a partir de uma compreensão 
histórica de seu desenvolvimento. 
Prepare-se, agora, para conhecer 
os sistemas de manutenção e as 
estratégias empregadas em cada 
item de manutenção. Vamos lá!
Unidade de 
estudo 2 
Seções de estudo 
Seção 1 – Sistemas de manutenção 
Seção 2 – Manutenção corretiva 
Seção 3 – Manutenção preventiva 
Seção 4 – Manutenção preditiva 
Seção 5 – Manutenção detectiva 
Seção 6 – Administração da manuten-ção 
Seção 7 – Planejamento e programação 
da manutenção (PCM)
MANUTENÇÃO MECÂNICA 23 
Sistema de Manutenção 
Seção 1 
Sistemas de 
manutenção 
Um sistema de manutenção para 
uma planta ou uma unidade in-dustrial 
específica compreende 
toda a formulação de estratégias 
para cada item de manutenção 
e os respectivos planos mestres 
contendo as ordens de serviços 
necessárias para a garantia do 
desempenho desejado na formu-lação 
da estratégia. Além disso, 
um sistema deve contemplar as 
ferramentas de análise e solução 
de problemas aliadas às técnicas 
de análises de dados históricos de 
problemas e soluções, realizadas 
com o intuito de abastecer o sis-tema 
de informações suficientes 
para auxiliar na tomada de deci-sões 
de novos investimentos em 
máquinas e equipamentos, bem 
como a otimização da utilização 
dos recursos necessários para o 
bom funcionamento de uma in-dústria 
ou setor. 
Dessa forma, a definição da estra-tégia 
a ser adotada e seguida, no 
que se refere ao tipo de manuten-ção, 
é de vital importância para o 
bom funcionamento do sistema. 
A figura anterior mostra os passos 
a serem seguidos no estabeleci-mento 
da estrutura de um sistema 
de manutenção em uma indústria 
ou setor da fábrica. 
O plano mestre de manutenção é 
o conjunto de ordens de serviço 
necessárias para cada equipamen-to 
a fim de cumprir seu programa 
de manutenção, onde devem ser 
definidas as atividades que serão 
desenvolvidas, a carga de horas 
homens previstas, a frequência 
com que a atividade deve ser exe-cutada 
e assim por diante. 
Figura 2 – Estrutura de um plano mestre de manutenção 
Fonte: Kardec e Xavier, 2002. 
Nesse ponto é definido o tipo de 
manutenção que deverá ser segui-do 
prioritariamente no sistema, de 
acordo com o grau de importân-cia 
e/ou prioridade que o equipa-mento 
tem no processo produtivo 
da fábrica, além do custo-benefí-cio 
apresentado para se efetuar ou 
não sua manutenção, conserto ou 
simplesmente troca.
Manutenção Corretiva Manutenção Preventiva 
24 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Sistemática Preditiva 
Estratégia de atuação do tipo 
quebra-conserta; 
Altos custos de reparo; 
Baixa confiabilidade; 
Grandes esforços de recursos 
para resolver falhas. 
Atuação em intervalos 
regulares; 
Pode apresentar custos altos 
devido a trocas desnecessárias 
(prematuras). 
Baseada no 
acompanhamento da condição 
da máquina possibilitando 
intervenções mais precisas. 
Figura 3 – Tipos de manutenção 
Fonte: Kardec e Xavier, 2002. 
Quando construímos uma estratégia para um sistema de manutenção, 
temos a nosso dispor três possibilidades para escolher a que melhor 
atende as nossas condições de performance em custo, qualidade, segurança 
e meio ambiente. No momento da escolha devemos fazer os seguintes 
questionamentos: 
1. Que requisitos de confiabilidade as instalações requerem? 
2. Qual é o melhor tipo de manutenção para cada equipamento? 
3. Como definir esta estratégia ao melhor custo? 
4. Que critérios estabelecer para cada caso? 
Manutenção Corretiva Manutenção Sistemática 
Manutenção Sistemática 
Manutenção Preditiva 
APLICAÇÕES 
- Onde existe equipamentos 
em Stand By; 
-Onde não é possível prevenir falha; 
-O impacto da quebra é quase nulo; 
-O custo do reparo é baixo. 
- Onde o controle por tempo é eficaz; 
-A monitoração da condição não é 
possível. 
- Máquinas críticas (Custo de reparo 
Alto/tempo de reparo longo) 
-A falha tem alto impacto de produção, 
segurança e meio ambiente. 
Figura 4 - Aplicações dos tipos de manutenção 
Fonte: Kardec e Xavier, 2002.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 25 
Vale ressaltar ainda, que no comparativo para a definição de qual sistema 
utilizar e a auxiliar a responder a pergunta dois, a tabela abaixo pode ser 
decisiva no processo de definição. Nele é apresentado o custo por uni-dade 
de potência instalada por ano para cada sistema de manutenção e é 
importante ressaltar o quão caro é o custo da adoção do conceito: “Nos-sa 
fábrica não pode parar para efetuar manutenção. Quando quebrar, 
arrumamos”... e, quem sabe, poderíamos completar com a expressão: 
“ou quebramos junto com a máquina”. 
TIPO DE MANUTENÇÃO Custo R$/(HP/ano) 
Corretiva não planejada 34 a 36 
Preventiva 22 a 26 
Preditiva e corretiva planejada 14 a 18 
Tabela 1 – Tabela comparativa de custos de manutenção 
Fonte: Kardec E Nassif (2006). 
Seção 2 
Manutenção corretiva 
A sistemática da manutenção corretiva se caracteriza pelo ciclo “quebra-conserta”. 
Além disso, a manutenção corretiva pode ser dividida em dois 
tipos: 
a. CORRETIVA PROGRAMADA – Aquela em que a falha apresen-tada 
pelo equipamento não faz com que este sofra uma parada obri-gatória 
nem apresente prejuízos importantes no rendimento da má-quina. 
São os casos de fissuras em carcaças de motores ou pequenas 
folgas em determinados componentes da máquina. Nesses casos, 
o conserto pode ser efetuado no momento em que o equipamento 
apresentar uma parada por falta de produção ou por não funciona-mento 
em determinado turno ou período. 
b. CORRETIVA NÃO PROGRAMADA – É o tipo de falha mais co-mumente 
conhecido e se caracteriza pela falha completa do equi-pamento, 
pela quebra ou falha de um componente que impede seu 
funcionamento total ou parcialmente. São as quebras de rolamentos, 
mancais, correntes, etc. Nesses casos, a parada é imediata e a necessi-dade 
de manutenção é imperativa. Ou seja, não há escolha: ou se faz 
o conserto ou o equipamento simplesmente não funciona. 
A manutenção corretiva, independentemente do tipo que acontecer é a 
forma mais cara de manutenção, visto que se caracteriza principalmente 
pela utilização dos componentes até seu limite extremo, não levando em 
consideração seu funcionamento, nem os efeitos colaterais que seu de-sempenho 
fora da especificação pode levar a outras partes da máquina. 
Seus principais efeitos são: 
▪▪ baixo índice de utilização de 
máquinas e equipamentos visto 
que, com o passar do tempo, o 
rendimento destes passa a ser 
muito inferior ao projetado pelo 
fabricante, devido principalmente 
ao desgaste excessivo dos com-ponentes; 
▪▪ diminuição da vida útil de 
equipamentos, máquinas e insta-lações 
visto que, ao se optar pela 
não parada periódica para a veri-ficação 
e ajustes necessários, os 
componentes vão se desgastando 
e desajustando cada vez mais e 
transmitindo esses desajustes a 
outros componentes, iniciando 
um efeito “cascata” de desgastes 
e desajustes que levam em de-terminado 
momento ao colapso 
de um componente que pode ter 
prejudicado outros; 
▪▪ paradas aleatórias e nem sem-pre 
no melhor momento. Aliás, 
quase sempre no pior momento 
e – mais grave ainda – de forma 
totalmente imprevisível em todos 
os sentidos, seja para a preserva-ção 
da máquina ou equipamento, 
seja para a segurança do opera-dor; 
▪▪ ao optar por esse tipo de ma-nutenção 
não são analisados os 
defeitos gerados para se verificar 
se podem estar sendo causados 
por falhas na operação ou por fa-lhas 
no projeto do próprio equi-pamento, 
o que leva ao desperdí-cio 
financeiro para a empresa que 
utiliza esses equipamentos; 
▪▪ finalmente, mas não menos 
importante principalmente nos 
dias atuais, nesse tipo de manu-tenção 
os riscos à segurança dos 
operários é imenso. Os defeitos 
podem acarretar sérios danos aos 
operadores e, até mesmo, às ins-talações 
físicas da empresa. Além 
disso, equipamentos sem a devida 
manutenção podem ser sérios 
contribuintes à poluição do meio
26 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
ambiente pela liberação de gases, 
partículas ou componentes noci-vos 
ao ecossistema, gerando uma 
imagem antipática à comunidade 
na qual se encontra inserida. 
Seção 3 
Manutenção preventiva 
Esse tipo de manutenção se ba-seia 
na prevenção de defeitos que 
possam originar a parada ou o bai-xo 
rendimento dos equipamentos 
em operação. É feita, basicamen-te, 
levando-se em consideração a 
análise de: 
▪▪ estudos estatísticos; 
▪▪ estado do equipamento; 
▪▪ local de instalação; 
▪▪ dados fornecidos pelo fa-bricante 
(condições ótimas de 
funcionamento, pontos e periodi-cidade 
de lubrificação, etc.) 
Nos estudos estatísticos, são 
considerados todos os históricos 
levantados do equipamento, com 
base em indicadores de manuten-ção 
que serão vistos mais adiante. 
Exemplos desses indicadores são 
o TMEF apresentado pelo equi-pamento 
para que determinada 
peça entre em colapso ou perca 
seu rendimento ideal e aceitável. 
Aqui entra também a possibili-dade 
de se utilizar a ferramenta 
CEP para se realizar a análise dos 
dados coletados no equipamento, 
para se determinar se os compo-nentes 
estão trabalhando dentro 
de um regime aceitável de tole-rância 
de variação de rendimento. 
O estado do equipamento 
baseia-se na consideração de vá-rios 
aspectos visuais e em infor-mações 
obtidas durante a vida 
de funcionamento da máquina. 
As condições gerais apresentadas 
pelo equipamento vão determinar 
maior ou menor atenção no mo-mento 
das paradas para as verifi-cações 
de rotina. 
O local da instalação é um dos 
principais fatores a serem con-siderados 
quando da utilização 
dessa metodologia de manuten-ção, 
vistas as condições externas 
ao funcionamento. A temperatura 
do local da instalação e os conta-minantes, 
como poeira, umidade, 
gases tóxicos (ácidos ou básicos), 
determinarão o nível de insalubri-dade 
do ambiente e interferem de 
forma direta na definição da vida 
útil de utilização dos equipamen-tos. 
Exemplos bastante comuns são 
os equipamentos que trabalham 
numa linha de fiação da indústria 
têxtil. As felpas em suspensão no 
ambiente podem acarretar um 
acúmulo de poeira nos sistemas 
de refrigeração de motores e pro-vocar 
o superaquecimento destes, 
diminuindo, em muito, a vida útil 
dos rotores, além de contaminar 
as graxas de lubrificação de man-cais 
e rolamentos. Podem ocasio-nar 
também queda de rendimento 
significativa no funcionamento 
dos motores pelo esforço adicio-nal 
necessário para a movimenta-ção 
dos eixos de transmissão. 
Finalmente, e talvez a informação 
de maior importância, os dados 
fornecidos pelo fabricante são 
invariavelmente o ponto de parti-da 
para se estabelecer o primeiro 
ciclo de manutenção preventiva 
no equipamento. 
TMEF: Tempo médio entre 
falhas. 
CEP: Controle estatístico do 
processo. 
Dados fornecidos pelo fa-bricante: 
Condições ótimas 
de funcionamento, pontos 
e periodicidade de lubrifica-ção, 
etc.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 27 
As informações são importantes 
para, em conjunto com outras 
informações de instalação e de 
dados estatísticos de equipamen-tos 
semelhantes, determinarem 
o tempo, os tipos de materiais a 
serem aplicados, bem como os 
custos envolvidos nessa operação. 
Alguns fatores devem ser levados 
em consideração para se determi-nar 
a adoção desse tipo de ma-nutenção. 
Dentre eles, podemos 
destacar os seguintes: 
▪▪ a possibilidade da implementa-ção 
de uma sistemática de manu-tenção 
preditiva se mostra muito 
onerosa em relação aos benefí-cios 
trazidos, não justificando tal 
investimento pelo posicionamen-to 
estratégico do equipamento na 
produção; 
▪▪ os aspectos relacionados à se-gurança 
pessoal ou da instalação 
tornam obrigatória a intervenção, 
normalmente para substituição 
de componentes; 
▪▪ a necessidade de se programar 
a retirada de produção de equi-pamentos 
que vitais ao processo, 
mas que não justificam a adoção 
da sistemática preditiva, e que 
não podem ser utilizados de 
forma a adotar uma sistemática 
de manutenção corretiva; 
▪▪ os riscos de agressão ao meio 
ambiente por problemas no ajus-te 
e na regulagem do equipamen-to 
que fazem com que este emita 
poluentes de forma indesejada, 
gerando, além dos danos ambien-tais, 
danos à imagem da empresa 
junto à comunidade onde está 
inserida e aos seus clientes; 
▪▪ em sistemas complexos ou 
de operação contínua, em que as 
paradas devem ser rigorosamente 
programadas por utilizarem sis-temas 
que exigem muito tempo 
para colocar fora de operação os 
sistemas e para religá-los. 
As principais vantagens da ado-ção 
de uma sistemática de manu-tenção 
preventiva são: 
▪▪ a mínima intervenção correti-va, 
porque as paradas programa-das 
diminuem consideravelmente 
os riscos de quebras inesperadas 
e imprevistas; 
▪▪ a possibilidade de planejamen-to 
das paradas para momentos 
oportunos, evitando que nos mo-mentos 
de maior necessidade do 
equipamento ele se torne indis-ponível 
por quebras indesejadas; 
▪▪ o aumento da taxa de utiliza-ção 
do sistema de produção devi-do 
à possibilidade da otimização 
do uso do equipamento pela 
vantagem de se saber quando ele 
estará disponível para a produção 
e pela redução da necessidade 
de paradas para manutenções 
corretivas. 
Alguns pontos negativos, porém, 
devem ser levados em considera-ção 
quando da adoção da siste-mática 
da manutenção preventiva. 
Dentre eles podemos destacar: 
▪▪ falha humana, pois as inter-venções 
e verificações serão 
mais constantes e a utilização de 
mão de obra inadequadamente 
preparada pode acarretar ajus-tes 
errados que podem causar 
desgastes prematuros e quebras 
indesejadas; 
▪▪ falha de sobressalentes, prin-cipalmente 
quando se utilizam 
peças de reposição diferentes 
do original recomendado pelo 
fabricante; 
▪▪ contaminações introduzidas 
no sistema de lubrificação pelo 
Sistemas complexos: Exem-plo 
típico desses tipos de sis-temas 
são as siderúrgicas e 
as indústrias petroquímicas.
28 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
manejo inadequado de produtos 
e do óleo, permitindo a inserção 
de contaminantes; 
▪▪ danos durante as partidas e 
paradas dos equipamentos; 
▪▪ falhas dos procedimentos de 
manutenção devido à elaboração 
por pessoal despreparado ou pela 
utilização por pessoal que não 
siga rigorosamente as instruções 
contidas nesses procedimentos. 
As condições básicas para a ado-ção 
de uma sistemática de manu-tenção 
preventiva devem levar em 
consideração se o equipamento 
permite algum tipo de monitora-mento 
e se a avaliação custo-be-nefício 
é favorável à adoção de tal 
sistemática. Outro aspecto impor-tante 
a ser considerado é a pos-sibilidade 
de se realizar a análise 
das falhas que permita rastrear as 
causas originais, dando condições 
adequadas de elimina-las e de se 
adotar ações corretivas que eli-minem 
definitivamente eventuais 
problemas através do estabeleci-mento 
de programa de acompa-nhamento, 
análise e diagnósti-co 
sistematizado. 
Seção 4 
Manutenção preditiva 
A manutenção preditiva é o tipo 
de manutenção que é realizada 
levando-se em consideração as 
modificações encontradas na con-dição 
e no desempenho do equi-pamento, 
cujo acompanhamento 
no tempo obedece a parâmetros 
de aceitabilidade previamente es-tabelecidos. 
É considerada uma grande evo-lução 
e uma quebra de paradigma 
na manutenção por levar em con-sideração 
o estado real do equi-pamento 
para prevenir as falhas e 
atuar na troca ou no ajuste, per-mitindo 
a operação contínua do 
equipamento pelo maior tempo 
possível. 
A manutenção preditiva está li-gada 
ao conceito de predição da 
ocorrência de um fato ou falha 
no equipamento. Ou seja, esse 
tipo de sistemática de manuten-ção 
privilegia a maximização da 
disponibilidade do equipamento à 
medida que não promove a inter-venção 
visto que o monitoramen-to 
e as medições são efetuadas 
com o equipamento em operação. 
A monitoração e os procedimen-tos 
determinados em consequên-cia 
dessa monitoração são uma 
das formas mais eficientes e mais 
baratas de estratégia de manuten-ção 
em unidades industriais nas 
quais o custo da falha gera prejuí-zos 
e perdas consideráveis. 
As condições básicas para a ado-ção 
de uma sistemática de manu-tenção 
preditiva passam pelos se-guintes 
pontos: 
▪▪ o equipamento ou sistema 
deve aceitar algum tipo de mo-nitoramento 
a custos aceitáveis 
e com tecnologia acessível e de 
fácil utilização; 
▪▪ o equipamento deve ser consi-derado 
estratégico a tal ponto de 
compensar os custos-benefícios 
envolvidos; 
Programa de acompanha-mento, 
análise e diagnósti-co 
sistematizado.: Emprego 
de mão de obra qualificada 
em análise e formulação de 
diagnósticos e de resolução 
de problemas.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 29 
Seção 5 
Manutenção detectiva 
São geralmente dispositivos ou 
sistemas integrados de proteção 
que detectam automaticamente 
falhas imperceptíveis ao operador 
e ao mantenedor. 
Um exemplo clássico é o circuito 
que comanda a entrada em fun-cionamento 
de um gerador de 
hospital. Se houver falta de ener-gia 
e o circuito tiver uma falha, o 
gerador não entrará em funciona-mento. 
Este tipo de falha é inad-missível, 
visto que vidas depen-dem 
do perfeito funcionamento 
desse sistema. A identificação de 
falhas ocultas é primordial para 
garantir a confiabilidade. Em sis-temas 
complexos, essas ações só 
podem ser operacionalizadas por 
pessoal especializado e devida-mente 
treinado. 
A principal diferença entre esse 
tipo de sistema e o sistema de ma-nutenção 
preditiva é que o nível 
de permissão de atuação automa-tizado 
deve ser elevado, permitin-do 
ao usuário leituras constantes 
e em tempo real da situação dos 
sistemas. Ou seja, enquanto que 
na manutenção preditiva os dados 
são colhidos e analisados após o 
acontecimento, na manutenção 
detectiva são lidos em tempo real, 
apresentando o comportamento 
do sistema no momento em que 
ele ocorre, possibilitando corrigir 
o problema assim que ele é detec-tado. 
A manutenção detectiva caminha 
junto com a evolução de equipa-mentos, 
instrumentos e automati-zação 
dessas máquinas no âmbi-to 
industrial, criando sistemas de 
monitoramento individuais e in-terligados, 
utilizados para assegu-rar 
a integridade da máquina, do 
operador e do ambiente, forçando 
cada vez mais a garantirem a con-fiabilidade 
e segurança do sistema 
e da unidade industrial. 
Vale salientar que esses sistemas de 
monitoramento são independentes 
e têm por finalidade garantir que o 
sistema não venha a ter falhas du-rante 
o processo. 
Segundo Kardec e Nassif (2006, 
p. 45), para escolher qual o tipo de 
manutenção será utilizada, a deci-são 
será focada na confiabilidade. 
Para a adoção de um sistema de 
manutenção detectiva, devem ser 
levadas em consideração certas 
particularidades que assim eles 
descrevem: 
▪▪ as falhas devem poder ser mo-nitoradas, 
avaliadas e mensuradas 
de maneira correta e fidedigna; 
▪▪ as equipes envolvidas em tal 
sistemática devem ter capacidade 
de montar uma sistemática de 
acompanhamento, análise e diag-nóstico 
sistematizado das falhas. 
Ao se analisar a viabilidade da ado-ção 
de um sistema de manutenção 
preditiva, devem-se levar em con-sideração 
os aspectos de segu-rança 
pessoal e operacional, visto 
que a falta de um monitoramento 
do estado do equipamento pode 
acarretar sérios danos à saúde 
do pessoal envolvido, bem como 
longos períodos do equipamento 
fora de produção. Além disso, o 
acompanhamento constante das 
condições do equipamento deve 
levar em consideração a redu-ção 
dos custos, evitando paradas 
desnecessárias, e que é o grande 
diferencial entre esse tipo de sis-temática 
de manutenção e o de 
manutenção preventiva. Um dos 
grandes fatores da análise é tam-bém 
a possibilidade de maximi-zação 
do tempo de equipamento 
em operação sem paradas para in-tervenções, 
o que aumenta signi-ficativamente 
a produtividade do 
equipamento. 
Um fator extremamente im-portante 
para a adoção desse 
tipo de manutenção é que o 
pessoal envolvido na opera-ção 
deve ser muito bem trei-nado 
em análise, diagnóstico 
e solução de problemas. A 
análise dos dados coletados 
é fator essencial para o bom 
funcionamento deste tipo de 
sistema.
[...] Os sistemas de trip ou 
shut-down são a última fron-teira 
entre a integridade e a 
falha. Graças a eles as máqui-nas, 
equipamentos, instalações 
e até mesmo plantas inteiras 
estão protegidos contra falhas 
e suas consequências meno-res, 
maiores ou catastróficas; 
Esses sistemas são proje-tados 
para atuar automa-ticamente 
na iminência de 
desvios que possam compro-meter 
as máquinas, a produ-ção, 
a segurança no seu aspec-to 
global ou o meio ambiente; 
Os componentes dos sistemas 
de trip ou shut-down, como 
qualquer componente, tam-bém 
apresentam falhas e es-tas 
podem acarretar em dois 
tipos de situação, quais sejam: 
o sistema não atua ou atua de 
forma indevida. Em ambos, os 
problemas gerados podem ser 
de efeitos indesejáveis (KAR-DEC 
E NASSIF, 2006, p. 45). 
Nesse tipo de manutenção, o 
grande diferencial está na capa-cidade 
de verificação do sistema 
sem retirá-lo de operação, pela 
sua capacidade de detectar e iden-tificar 
a falha oculta no sistema e 
possibilitar a sua correção man-tendo 
o equipamento ainda em 
pleno funcionamento. 
Seção 6 
Administração da ma-nutenção 
A manutenção industrial tem sido 
vista cada vez mais, nas indústrias 
de ponta ou nos grandes conglo-merados 
industriais, como estraté-gica 
e um pilar fundamental para 
a competitividade das organiza-ções. 
30 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Na cadeia produtiva é fator 
de confiabilidade e de melhorias 
na produtividade, cumprindo sua 
função de confiabilidade, manten-do 
as condições ideais dos equipa-mentos, 
modernizando e/ou oti-mizando 
as instalações industriais. 
Assim, a gestão ou administração 
da manutenção passa a ser foco 
de destaque das empresas, refle-tindo 
nas estruturas hierárquicas, 
em que há uma variação enorme 
na forma ou tipo de manutenção 
a se inserir. 
De qualquer maneira, cada vez 
mais a hierarquia fica menos im-portante 
e a manutenção deve ser 
flexível e veloz o bastante para 
atender às exigências a que está 
submetida. Para uma administra-ção 
eficaz, velocidade e flexibili-dade 
são palavras-chave, para uma 
gestão focada em resultados. 
A manutenção deve refletir na 
maneira de sua gestão a visão dos 
resultados finais do negócio em 
que está inserida, não sendo um 
fim em si mesmos, ou seja, suas 
prioridades são as prioridades do 
negócio para o qual ela trabalha. 
O primeiro ponto que deve ser 
enfatizado é a gestão do princi-pal 
ativo de qualquer empresa 
ou área de trabalho, que são as 
pessoas que formam o time da 
manutenção e que produzem os 
resultados auferidos pela empre-sa. 
Essas equipes devem estar ali-nhadas 
com a visão e os conceitos 
de administração da manutenção 
e deverão ser os grandes pratican-tes 
no dia a dia de uma filosofia 
moderna de manutenção. 
Todo o processo de desenvolvi-mento 
das pessoas, desde a corre-ta 
seleção, passando pelo consis-tente 
programa de treinamento e 
desenvolvimento, gerando opor-tunidades 
de carreiras, cresci-mento 
profissional e a geração de 
um clima de trabalho harmônico, 
deve ser o primeiro foco de um 
gerente de manutenção. 
DICA 
Portanto, equipe motivada, 
bem treinada, valorizada e 
conhecedora de sua missão 
gera resultados de alto de-sempenho. 
O segundo aspecto é o desenvol-vimento 
de um modelo de gestão, 
compreendendo o processo de 
planejar, programar, executar e 
controlar o desempenho, no qual 
esteja clara, e seja do conhecimen-to 
de todos, a forma como o de-sempenho 
será medido e avaliado. 
DICA 
Uma estrutura de relaciona-mento 
flexível e fácil, sem 
barreiras administrativas, 
dará sustentação a um mo-derno 
modelo de gestão com 
alto desempenho e assertivi-dade. 
A gestão do desempenho, no caso 
da manutenção, é formada basica-mente 
por um ciclo que pode ser: 
▪▪ virtuoso; 
▪▪ vicioso.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 31 
No ciclo virtuoso: 
▪▪ cada pilar gera um resultado 
positivo crescente que se fecha 
de tal forma que existe uma influ-ência 
em cadeia, gerando uma 
melhoria crescente nos demais 
índices e assim por diante; 
▪▪ uma manutenção que possua 
forte pilar de planejamento e 
programação gera boas condi-ções 
para se fazer a intervenção 
com qualidade, garantindo menor 
nível de intervenções não progra-madas, 
reduzindo a ocorrência de 
horas extras e liberando a equipe 
para fazer melhor planejamento e 
programação, reforçando nova-mente 
o ciclo. 
No ciclo vicioso: 
▪▪ são necessárias estruturas 
grandes, para atender grandes 
manutenções não planejadas, 
aumentando os custos em todos 
os sentidos; 
▪▪ deve-se ter em mente que os 
índices são consequência de uma 
boa política de manutenção e a 
base para a obtenção de resulta-dos 
consistentes é possuir uma 
equipe motivada e uma direção 
clara em termos de estratégia 
geral para a busca de resultados 
duradouros. 
Seção 7 
Planejamento e Pro-gramação 
da Manuten-ção 
(PCM) 
O processo de planejamento é 
de fundamental valor para lograr 
êxito e atingir metas propostas 
de forma estruturada e segura, 
garantindo o melhor aproveita-mento 
dos recursos nas melhores 
condições possíveis. 
A qualidade do planejamento 
pode variar bastante e disso de-pende 
do que se busca em termos 
de resultado e da competência das 
pessoas que estão desenvolvendo 
essa ferramenta. 
Em toda boa estratégia de manu-tenção, 
o custo e a qualidade são 
objetivos primordiais a serem al-cançados 
nos melhores padrões. 
Quando se fala em manutenção 
de classe mundial, esses objeti-vos 
se somam a: baixo número de 
horas extras, zero acidentes e au-sência 
de impactos ambientais nas 
instalações. 
Para a otimização dos custos e a 
elevação do padrão de performance 
da manutenção, temos de pensar 
em um sistema de manutenção es-pecífico 
para cada instalação. 
Qualquer planta industrial pos-sui 
uma necessidade própria com 
características muito particulares 
e, portanto, exige uma estratégia 
inteiramente específica para cada 
caso. Para cumprir seus objetivos, 
é necessário montar uma estraté-gia 
com base em suas necessida-des 
de confiabilidade, porém, para 
cada estratégia, existe uma con-junção 
onde se encontra o melhor 
(ou menor) custo da manutenção. 
Esse ponto denominamos de 
ponto ideal de manutenção. 
Devemos, com o planejamento, 
garantir a eficiência da gestão da 
mão de obra, da gestão dos ser-viços 
terceirizados, do foco dos 
equipamentos que representam 
os maiores custos de manutenção, 
objetivando o nível ótimo de cus-tos, 
agregado a uma visão de con-fiabilidade, 
segurança, meio am-biente 
e atendimento ao cliente. 
O planejamento deve ser a lo-comotiva 
que puxa, com seu 
esforço, todos os recursos ao 
melhor ponto para o melhor 
desempenho da manutenção 
e, consequentemente, do ne-gócio. 
Os objetivos gerais do planeja-mento 
da manutenção passam 
necessariamente pelos seguintes 
pontos, que são fundamentais 
para o sucesso da implantação: 
a. redução/otimização de custos; 
b. eficiência do uso da mão de 
obra e otimização dos tempos 
de execução; 
c. revisão contínua do sistema de 
manutenção (reduzir/eliminar 
ou aumentar a necessidade de 
fazer manutenção); 
d. garantia da confiabilidade; 
e. redução de estoques de manu-tenção 
e peças reservas; 
f. excelência das práticas de qua-lidade, 
saúde, segurança e meio 
ambiente; 
g. busca constante de padrões de 
classe mundial. 
Para um bom planejamento da 
manutenção é necessário que a 
equipe, ou as pessoas responsá-veis 
pela implementação e opera-cionalização 
do sistema/progra-ma 
de manutenção, efetue várias 
atividades iniciais e de acompa-nhamento 
contínuo que envolve:
a. planejamento das atividades; 
b. planejamento de tempos e movimentos; 
c. planejamento de custos/orçamentos; 
d. planejamento de pessoal; 
e. planejamento de recursos de apoio; 
f. planejamento de serviços externos; 
g. criação e desenvolvimento de procedimentos operacionais de alta 
qualidade; 
h. engenharia de manutenção. 
Esses planejamentos, quando bem efetuados, subsidiam os administra-dores 
de forma efetiva para analisar a viabilidade e a importância de se 
manter sistemas de manutenção em vigor dentro das empresas. 
A título de informação, vamos nos ater ao planejamento de custos/orça-mentos 
e fazer algumas considerações. Os custos de manutenção podem 
ser divididos em três grandes famílias: custos diretos, custos de perda de 
produção e custos indiretos. 
32 CURSOS TÉCNICOS SENAI
MANUTENÇÃO MECÂNICA 33 
▪▪ Custos Diretos – Como o próprio nome já diz, é aquele que reflete 
diretamente sobre a funcionalidade dos equipamentos. Inclui gastos 
com peças de reposição, manutenção, mão de obra, etc. 
▪▪ Custos de Perda de Produção – Causados pela parada da má-quina. 
Máquina parada não produz e, geralmente, o custo é de hora 
máquina. 
▪▪ Custos Indiretos – Geralmente incluídos pela área de apoio como 
a administrativa e a tecnológica. Exemplo: gastos com análise de defei-to 
ou melhorias no sistema. 
Podemos concluir, então, que para termos uma indústria ou produto 
competitivo no mercado temos de ter um planejamento adequado e de-talhado 
da manutenção, considerando-a área estratégica da empresa. 
Visto tudo isso, que tal agora conhecermos as técnicas de desmontagem 
e montagem de acessórios e equipamentos? Vamos juntos!
Unidade de 
estudo 3 
Seções de estudo 
Seção 1 – Cuidados preliminares 
Seção 2 – Etapas para desmontagem de 
conjuntos mecânicos 
Seção 3 – Etapas para montagem de 
conjuntos mecânicos
Técnicas de Desmontagem e Monta-gem 
de Acessórios e Equipamentos 
MANUTENÇÃO MECÂNICA 35 
Seção 1 
Cuidados preliminares 
Primeiramente temos de ter em 
mente que qualquer máquina ou 
equipamento instalado correta-mente 
e funcionando conforme 
as recomendações do fabricante, 
como pontos de lubrificação, uso 
de lubrificante recomendado, ma-nutenções 
e revisões periódicas 
sempre em dia, é capaz de fun-cionar 
bem por um longo perío-do, 
sem a necessidade de grandes 
intervenções. 
Temos de considerar, porém, que 
qualquer máquina ou equipamen-to 
está sujeito a quebras. E ao 
ocorrer essas paradas teremos de 
efetuar a desmontagem a fim de 
realizar a manutenção. Para isto, 
devemos seguir um cronograma 
de análise do problema antes de 
iniciar a desmontagem propria-mente. 
Deverá ser baseada nos seguintes 
pontos: 
▪▪ primeiro, pelo relato do 
operador, então pelo histórico 
da máquina tipo de operação 
que estava sendo efetuada pela 
máquina. 
▪▪ na observação dos instrumen-tos 
de controle da própria máqui-na 
ou realizar teste na máquina 
para verificar a real importância 
da desmontagem. 
Ex.: 
1-Verificar se a rotação do motor 
está dentro da normalidade com 
um tacógrafo. 
2- Utilizar o manômetro para ve-rificar 
se a pressão da rede de ar-comprimido 
está dentro das espe-cificações 
técnicas do fabricante. 
3- Através do multímetro, verifi-car 
se a tensão da rede de abaste-cimento 
da máquina está correta. 
Verificando que realmente é ne-cessária 
a desmontagem, o man-tenedor 
deverá obedecer a uma 
sequência de procedimentos que 
irão garantir sua saúde e seu tra-balho: 
▪▪ primeira providência: desligar 
a fonte de energia e circuitos 
elétricos em geral. 
Observação – Colocar uma 
placa avisando o motivo do 
desligamento (EM MANU-TENÇÃO) 
ou uma trava para 
que não haja o risco de reli-gamento 
da energia evita aci-dentes. 
▪▪ consultar o manual técnico da 
máquina, a fim de identificar as 
peças, a correta remoção delas e 
conseguir uma boa visualização 
das peças inacessíveis. 
▪▪ remover as carenagens, como: 
proteções externas e acessórios. 
▪▪ efetuar a limpeza da máquina 
com pincéis, estopas, desengra-xantes, 
etc. Deixar a máquina 
limpa, sem possíveis contami-nantes, 
como areia, barro, graxas 
contaminadas com partículas 
sólidas, cavacos de metal, etc. 
▪▪ retirar os fluidos, óleo de 
caixas, líquido de arrefecimento, 
etc., evitando assim acidentes, 
como o derramamento de óleo 
no piso ou em circuitos elétricos. 
▪▪ remover a fiação elétrica e 
seus circuitos melhora a limpe-za. 
Devem ser levados ao setor 
de manutenção elétrica a fim de 
serem testados. 
▪▪ remover mangueiras, manípu-los, 
volantes, alavancas e man-gueiras. 
▪▪ colocar calços apropriados 
em peças pesadas que possam se 
soltar ou danificar outras peças. 
Desse modo você evita inconve-nientes 
como empenamento de 
eixos, por estarem ainda fixos a 
essas peças, e acidentes. 
Obedecida essa sequência, o man-tenedor 
deverá prosseguir a opera-ção 
de desmontagem.
36 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Seção 2 
Etapas para desmon-tagem 
de conjuntos 
mecânicos 
▪▪ Retirada dos parafusos. Para 
parafusos travados, deve-se 
colocar óleo desoxidante. Esse 
micro-óleo penetra entre a rosca 
e o parafuso atuando sobre a fer-rugem. 
Não sendo suficiente para 
soltar o parafuso, o mantenedor 
pode aquecer o parafuso a fim 
de queimar alguma cola que, por 
ventura, esteja inserida na rosca. 
Usa-se normalmente uma chama 
oxiacetilênica ou um maçarico a 
gás GLP. 
▪▪ Procure saber no manual 
do equipamento a sequência 
de aberto dos parafusos. Para 
soltá-los, é só seguir a sequência 
contrária. Observação – Mui-tos 
manuais trazem somente a 
sequência de aberto e torque dos 
parafusos. 
Verifique a posição e o local dos 
componentes da máquina antes 
de desmontar. Se não possuir o 
manual com foto ou sequência, 
fazer um croqui ou tirar uma foto 
da parte da máquina a ser des-montada. 
▪▪ Retirar as peças e colocá-las de 
forma ordenada sobre a bancada 
facilita a montagem. 
▪▪ Efetuar marcações que re-gistrem 
informações úteis para 
posterior montagem; 
▪▪ Retirar sobras de cola, junta 
ou outros elementos de vedação 
do conjunto desmontado, dei-xando 
as superfícies de contato 
bem limpas, sem poeira, óleo ou 
resíduos da junta antiga. Caso 
isso não seja feito poderá haver 
vazamento após a montagem. 
▪▪ Retirar a graxa ou sujeira 
Croqui: Esboço. 
das peças, deixando-as limpas, 
utilizando para isso a máquina de 
lavar peça com produtos desen-graxantes 
e pincel. Esse procedi-mento 
é muito importante para 
verificar possíveis defeitos ou 
falhas. 
Procedimentos para a cor-reta 
lavagem das peças 
▪▪ Sempre que utilizar a máquina 
de lavar peça, utilizar os E.P.I. 
obrigatórios, que são os seguin-tes: 
óculos de proteção e luvas. 
▪▪ Colocar as peças na máquina 
de lavar, utilizando desengraxan-tes 
específicos para a limpeza de 
peças, evitando o uso de gasoli-na, 
solventes, álcool automotivo 
ou diesel, pois esses produtos 
podem causar irritações e até 
doenças de pele. 
▪▪ Utilizar pincel de cerdas duras 
para auxiliar a limpeza e no esgui-cho 
fazer a lavagem final. 
▪▪ Secagem das peças. Retirar as 
peças da máquina e, por alguns 
minutos, deixá-los escorrer 
em um recipiente limpo. Usar 
ar-comprimido para terminar a 
secagem das peças 
Cuidados ao utilizar o ar-comprimido 
na secagem das 
peças 
▪▪ Utilizar pressão baixa, em 
torno de 4 bar. 
▪▪ Utilizar sempre óculos de 
proteção. 
▪▪ Não usar o jato de ar-compri-mido 
no corpo, pode provocar 
a entrada de pequenas partículas 
nos poros da pele; 
▪▪ Após a limpeza, resguardar 
(proteger) conjuntos mecânicos 
expostos, conexões, aberturas 
para lubrificação, etc.;
MANUTENÇÃO MECÂNICA 37 
▪▪ Separação das peças em lotes, 
conforme o estado em que se en-contram. 
Essa separação se dará 
conforme o grau de reaproveita-mento 
da peça. Exemplo: 
1. peças reaproveitáveis, que não 
possuem defeitos; 
2. peças com defeito com possi-bilidade 
de recuperação; 
3. peças com defeito sem possibi-lidade 
de reaproveitamento; 
4. peças que deverão ser analisa-das 
no laboratório. 
Normalmente as máquinas ou 
equipamentos possuem manuais 
técnicos informando: a sua devida 
utilização, o modo de instalação, 
os circuitos elétricos, hidráulicos 
e pneumáticos, fotos ou desenhos 
de peças e conjuntos, sequência 
de montagem, plano de lubrifica-ção, 
plano de manutenção e espe-cificações 
técnicas. 
Pode acontecer, também – até de-mais 
da conta –, falta de manual 
ou manual incompleto, de inter-pretação 
difícil, escrito em língua 
estrangeira, adverso à compreen-são 
do operador ou mantenedor. 
Muitas vezes isso acontece por se 
tratar de maquinário antigo ou por 
falta de conhecimento do pessoal 
da área de compras das leis do co-mércio 
internacional que obriga 
o fabricante de qualquer máquina 
ou equipamento a fornecer o ma-nual 
com todas as informações na 
língua do comprador, isto na hora 
da compra do equipamento novo. 
Falta então um pouco de cons-cientização 
e cobrança pelo com-prador 
na hora da compra deste 
item tão importante para o pesso-al 
da manutenção e da produção. 
Com os conjuntos mecânicos já 
Montagem não seria-da 
Após a conclusão das etapas de 
desmontagem e limpeza das pe-ças, 
o passo seguinte é a monta-gem 
das peças e dos conjuntos. O 
principal objetivo é restabelecer 
a funcionalidade da máquina ou 
equipamento, lembrando que o 
mantenedor é o principal respon-sável 
pelo perfeito desempenho 
da máquina após a montagem, 
devendo ele ter atenção redobra-da 
nesse momento, focando sua 
atenção: 
▪▪ na sequência correta das pe-ças, 
acompanhando pelo manual 
técnico a ordem de montagem na 
seção de desenhos de conjunto; 
▪▪ na verificação da qualidade 
das peças novas ou recuperadas a 
serem utilizadas, principalmente 
o dimensional; 
▪▪ na verificação da limpeza das 
peças e do local da montagem; 
▪▪ no exame de todas as peças 
antes da montagem, verificando 
suas posições nos conjuntos a 
serem montados; 
▪▪ na verificação de marcações 
ou referências que ajudem a loca-lizar 
o lado correto das peças que 
serão montadas, tendo o cuidado 
de não inverter a posição da peça; 
▪▪ em efetuar teste de funcio-namento 
dos subconjuntos e 
conjuntos, de acordo com o 
andamento da montagem, verifi-cando 
o perfeito funcionamento 
das partes. 
A nossa discussão, agora, tem 
como foco o estudo das ferra-mentas 
e dos dispositivos para a 
execução da manutenção. Conti-nue 
antenado! 
desmontados e com as peças lim-pas 
e separadas conforme o grau 
de defeito, inicia-se a etapa de re-cuperação 
das peças que têm pos-sibilidade 
de recuperação e substi-tuição 
de peças ou conjuntos. 
Itens a serem verificados 
antes da montagem 
▪▪ ajuste e usinagem de novas 
peças ou parte delas; 
▪▪ recuperação de roscas exter-nas 
ou internas; 
▪▪ troca de elementos de fixação 
danificados; 
▪▪ substituição de peças ou 
conjuntos sem condições de 
utilização; 
▪▪ verificação da limpeza das 
peças; 
▪▪ aplicação de uma fina cama-da 
de óleo nas peças antes da 
montagem; 
Seção 3 
Etapas para montagem 
de conjuntos mecânicos 
Existem dois tipos de montagem 
no ambiente industrial. 
1. Montagem em série – Uti-lizada 
nas indústrias em que 
ocorre a montagem seriada de 
peças em conjuntos mecâni-cos. 
2. Montagem não seriada – É 
a montagem realizada na ban-cada, 
peça a peça, feita pelo 
mantenedor. É a que vamos 
abordar neste capítulo.
Unidade de 
estudo 4 
Seções de estudo 
Seção 1 – Introdução 
Seção 2 – Ferramentas de encaixe externo 
Seção 3 – Ferramentas de encaixe interno 
Seção 4 – Alicates 
Seção 5 – Ferramentas especiais 
Seção 6 – Recomendações finais
Ferramentas e Dispositivos para 
Execução da Manutenção 
MANUTENÇÃO MECÂNICA 39 
Seção 1 
Introdução 
Vimos até o momento alguns 
conceitos básicos de manutenção 
e também os diferentes tipos de 
manutenção que existem e que 
podem ser aplicados na empresa. 
Além disso, vimos também que, 
dependendo da necessidade da 
empresa, um sistema de manu-tenção 
pode e deve inserir vários 
tipos de manutenção em seu pla-nejamento. 
Outro fator importante que foi 
abordado, e que veremos com 
mais detalhes na unidade de estu-do 
referente à construção de um 
plano mestre de manutenção, é a 
necessidade de se realizar o plane-jamento 
detalhado do sistema de 
manutenção a ser implementado 
na organização, que se refletirá de 
forma direta nos custos envolvi-dos 
na operação do processo. 
A partir de agora, antes de en-trar 
nos tipos de manutenção e 
de componentes de manutenção, 
devemos conhecer algumas das 
ferramentas mais utilizadas no 
desenvolvimento da manutenção. 
DICA 
É importante você pedir ao 
professor que mostre essas 
ferramentas e que o deixe 
praticar um pouco com al-gumas 
delas a fim de se fa-miliarizar 
com seu manuseio 
e cuidados na sua utilização, 
conservação e guarda. 
Seção 2 
Ferramentas de encaixe 
externo 
É comum na manutenção o uso 
de ferramentas para aperto e de-saperto. 
Normalmente utilizadas 
em porcas e parafusos, suas medi-das 
são padronizadas. 
Observação – Todo parafuso 
ou porca ao ser produzido 
segue uma norma internacio-nal 
de construção. Para tanto, 
também as ferramentas se-guem 
essa padronização. 
O bom mantenedor deve saber 
que para retirar ou colocar um 
parafuso com medidas em pole-gadas 
deverá utilizar uma ferra-menta 
também com medidas em 
polegadas, evitando com isso o 
espanamento da cabeça do para-fuso. 
O uso correto das ferramentas 
assegura seu longo e perfeito fun-cionamento 
e também dos ele-mentos 
de fixação nos quais serão 
utilizadas. 
Modo adequado de utilização e 
armazenamento das ferramentas 
▪▪ Ao utilizar uma ferramenta 
de encaixe, deve-se observar se 
realmente esta encaixou perfeita-mente 
até o fundo e perpendicu-larmente 
ao parafuso. 
▪▪ Para facilitar a retirada de um 
parafuso, deve-se utilizar toda a 
extensão da ferramenta a fim de 
aproveitar ao máximo o torque 
que o cabo da ferramenta pode 
produzir, sem o uso de prolon-gadores. 
▪▪ Toda ferramenta é produzida 
de acordo com sua utilização, 
não devendo o usuário utilizar 
artifícios para prolongar o cabo a 
fim de aumentar a força (torque). 
Esse tipo de procedimento pode 
acarretar danos às ferramentas, à 
peça e pôr em risco a segurança 
do mecânico. 
▪▪ Toda a ferramenta danificada 
deverá ser descartada, a fim de 
não provocar acidentes. 
▪▪ É dever do mecânico, deixar a 
caixa de ferramentas limpa e or-ganizada. 
Ao finalizar um serviço, 
deverá limpar suas ferramentas e 
guardá-las.
Tipos de ferramentas de encaixe externo 
Chave de boca fixa 
Tem como finalidade o aperto e o afrouxamento de parafusos e porcas 
com geometria definida (perfil sextavado ou quadrado). Sua principal 
característica é a rapidez com que é feito o encaixe. Não é aconselhado 
seu uso em locais em que é necessário um maior esforço. 
Figura 5 – Chave fixa 
Fonte: Penteado (1997). 
Chave estrela 
Utilizada em porcas e parafusos que necessitam de um esforço maior 
no aperto ou na retirada. Por ser totalmente fechada garante uma distri-buição 
mais equilibrada da força envolvida, concentrando o esforço em 
um ponto central. Muitas vezes é utilizada em conjunto com a chave de 
boca, para dar o aperto final ou no começo da retirada. Apresenta uma 
grande variedade de tipos e aplicações. 
Figura 6 – Chave estrela 
Fonte: Penteado (1997). 
40 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Chave combinada 
Combina a chave de boca fixa 
com a chave estrela. É a chave 
ideal para o mecânico, pois a mes-ma 
ferramenta propicia a rapidez 
do encaixe da chave de boca e a 
segurança da chave estrela para 
situações que necessitem mais 
força.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 41 
Figura 7 – Chave combinada 
Fonte: Penteado (1997). 
Chave de bater 
Em situações que necessitem o emprego de mais força para a retirada 
ou o aperto de porcas ou parafusos, deve-se utilizar equipamentos mais 
robustos como as chaves de bater. Especialmente projetada para levar 
pancadas na extremidade do cabo reforçado, esta chaves é usada em 
conjunto com martelos ou marretas. 
Figura 8 – Chave de bater 
Fonte: Penteado (1997). 
Soquetes 
Vendidos separadamente ou em conjunto, se tornou uma ferramenta 
muito versátil. Apresenta uma vasta lista de acessórios que a tornam prá-tica, 
conforme a necessidade de profundidade, perfil, força, mobilidade 
e encaixe. Adapta-se facilmente a máquinas elétricas ou pneumáticas e 
manuais como, manivelas, prolongadores, torquímetros, catracas e jun-tas 
universais. 
Na linha profissional, em que se 
encontram as máquinas elétricas 
e pneumática, deve-se utilizar so-quetes 
específicos para altas ro-tações 
e impactos causados por 
essas máquinas. Os soquetes de 
impacto são os ideais para essas 
situações por apresentarem uma 
geometria perfeita (concentrici-dade), 
que evitam vibrações, e 
paredes reforçadas, que garantem 
segurança contra os esforços tan-genciais.
Figura 9 – Soquetes, catracas e extensores 
Fonte: Penteado (1997). 
Chave tipo biela 
Também conhecida como chave L, pode ser maciça, com dois lados 
sextavados, ou com um lado com furo passante, permitindo a saída de 
parafusos com comprimento maior. Muito utilizada em parafusos e por-cas 
alojadas em rebaixos. 
Figura 10 – Chave tipo biela 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
Chave de boca ajustável 
A chave de boca de encaixe externo ajustável tem a boca ajustável con-forme 
a medida da cabeça do parafuso ou da porca. É conhecida tam-bém 
como chave inglesa. É fornecida em diversos tipos e tamanhos. 
42 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Figura 11 – Chave de boca ajustável 
Fonte: Penteado (1997). 
Chave para tubos e canos 
(Griff) 
Como o próprio nome diz, é utili-zada 
para aperto ou afrouxamen-to 
de tubos de flanges em sistemas 
hidráulicos. Conhecida também 
pelo nome de chave Griff. 
É uma ferramenta projetada para 
realizar serviços em peças com 
geometria circular, como tubula-ções. 
Por esse motivo não deve-mos 
utilizar essa ferramenta em 
porcas ou parafusos com geome-tria 
sextava ou quadrada. 
Figura 12 – Chave para tubos 
Fonte: Ferramentas... (2010).
MANUTENÇÃO MECÂNICA 43 
Figura 13 – Modo de utilização da chave para tubos 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
Seção 3 
Ferramentas de encaixe interno 
São utilizadas em parafusos que apresentam na cabeça ou no corpo do 
parafuso encaixe específico para essas ferramentas. 
Tipos de ferramentas para encaixe interno 
Chave hexagonal ou chave Allen 
O tipo de chave Allen mais conhecido apresenta o perfil do corpo em 
L, o que possibilita o efeito de alavanca durante o aperto ou desaperto 
de parafusos. É utilizada em parafusos com encaixe interno sextavado. 
O encaixe deverá ser perfeito sem folga. Limpe bem o encaixe interno 
do parafuso, retirando todo e qualquer tipo de sujeira. Uma chave mal 
encaixada pode escapar e causar um acidente ao mantenedor. 
Não se esqueça de que para parafuso com bitola em milímetros a chave 
também deverá ser em milímetros. Exemplo: em parafusos M5, usar 
uma chave 4 de mm. Em parafusos com bitola em polegadas, a chave 
também deverá ser em polegadas. Exemplo: em parafusos BSW 3/8”, 
usar uma chave 1/4”. 
Figura 14 – Chave Allen 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
Chave de fenda simples e 
cruzada 
A chave de fenda é geralmente 
constituída de um cabo em uma 
extremidade de uma haste e na 
outra extremidade uma ponta que 
pode ser simples ou cruzada. É 
utilizada para aperto ou desaperto 
de parafusos que não necessitem 
de muita força de aperto, como 
parafusos de fenda simples ou 
cruzada. 
Cuidados com as chaves de fen-das 
▪▪ Não utilizá-las como talhadei-ra. 
▪▪ A ponta da ferramenta deverá 
ter o mesmo comprimento da 
fenda da cabeça do parafuso. 
▪▪ Não esmerilhar a ponta da 
chave de fenda para não haver 
perda das propriedades mecâni-cas 
do metal por aquecimento. 
▪▪ Se houver a necessidade de 
refazer a ponta da ferramenta 
proceda conforme a seguinte 
recomendação:
1. Refaça a geometria da ponta da ferramenta no esmeril. Essa geome-tria 
deverá ter linhas retas formando um retângulo na ponta. 
2. Agora, você deverá fazer um tratamento térmico nessa ponta. Aque-ça 
a ponta com um maçarico até que atinja a temperatura de 880 °C 
(coloração vermelho-amarelada), mergulhe a ponta bruscamente no 
óleo, resfriando-a. 
3. A seguir, você deverá fazer o revenimento dessa têmpera. Se não for 
feito, a ponta torna-se quebradiça. Aqueça novamente a ponta até 
uma temperatura de 300 °C (cor azulada). Deixe resfriar na tempera-tura 
ambiente. 
Figura 15 – Chaves de fenda simples e cruzadas 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
Chave tipo Torx 
Chave parecida com a chave Allen, porém com as extremidades diferen-tes. 
São utilizadas em parafusos tipo Torx. 
Figura 16 – Extremidade da chave tipo Torx 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
44 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Seção 4 
Alicates 
Ferramenta composta de dois bra-ços 
unidos por um pino forman-do 
uma articulação. Na extremi-dade 
de cada braço encontram-se 
pontas apropriadas para segurar, 
dobrar, cortar, etc. 
Existem várias derivações desse 
modelo, abrangendo um amplo e 
diversificado seguimento de fer-ramentas 
para muitas operações 
específicas. 
Alicate universal 
São os mais conhecidos e usados. 
São encontrados no mercado em 
vários tipos e variam principal-mente 
no acabamento e no for-mato 
da cabeça e dos braços, que 
podem ser plastificados ou não.
MANUTENÇÃO MECÂNICA 45 
Figura 17 – Alicate universal 
Fonte: Adaptado de Ferramentas... (2010). 
Alicate de pressão 
Ferramenta destinada a segurar/prender objetos, tem diversas formas 
e utilizações como soltar parafusos com o sextavado espanado, segurar 
chapas para unir com solda em trabalhos leves, sendo utilizada como 
uma morsa. 
Figura 18 – Alicate de pressão 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
Alicates para anéis de segmento interno e externo 
Ferramenta utilizada na remoção e na colocação de anéis elásticos em 
eixos, segmento externo ou carcaças (exemplo: sede de rolamento), seg-mento 
interno. 
O mantenedor deverá ter muito cuidado ao utilizar esse alicate, pois du-rante 
a operação de retirada ou colocação dos anéis elásticos vai tracio-nar 
ou comprimir o anel, o qual poderá se soltar bruscamente, podendo 
ocasionar um acidente ou a perda do anel. 
Figura 19 – Alicate para anéis elásticos 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
Seção 5 
Ferramentas especiais 
Torquímetro 
Ferramenta utilizada para medir 
o torque de aperto de parafusos 
e porcas. Os fabricantes de con-juntos 
mecânicos informam nos 
manuais o torque de aperto dos 
parafusos que necessitam de con-trole 
na força de aperto de para-fusos 
ou porcas de travamento. 
Esse controle evita tensões e de-formações 
das peças. 
Existem no mercado diversos ti-pos 
de torquímetros, com varia-ções 
de tamanho, capacidade de 
medição, utilização e unidade de 
medida. Normalmente os torquí-metros 
vêm em três tipos de uni-dades 
de medida: o newton metro 
(N.m), o quilograma-força metro 
(kgf.m) e a libra-força polegada 
(lbf.in).
46 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Cuidados a serem tomados pelo usuário 
▪▪ Nunca desapertar parafusos ou porcas com o torquímetro. 
▪▪ Verificar antes de iniciar a operação se o torquímetro tem a capaci-dade 
de medição. 
▪▪ Evitar choques bruscos durante o uso. 
▪▪ Depois do uso, guardar o equipamento limpo e em local protegido. 
Figura 20 – Torquímetro de escala graduada 
Fonte: Penteado (1997). 
Figura 21 – Torquímetro com relógio 
Fonte: Penteado (1997). 
Figura 22 – Torquímetro de estalo 
Fonte: Penteado (1997).
MANUTENÇÃO MECÂNICA 47 
Saca-polias ou extrator 
São ferramentas utilizadas para 
a desmontagem de polias, rodas 
dentadas, rolamentos, engrena-gens 
de eixos ou carcaças. Para 
cada tipo de operação existe um 
tipo de sacador que pode ser in-terno 
ou externo. 
Os extratores podem ser defini-dos 
como, mecânicos, hidráulicos 
ou pela forma e disposição das 
garras e utilização. 
Figura 23 – Saca-polias 
Fonte: Ferramentas... (2010). 
Cuidados especiais 
▪▪ Lembre-se de que a ferramen-ta 
é seu instrumento de trabalho. 
Mantenha-a sempre limpa e em 
perfeitas condições de uso. 
▪▪ Evite acidentes! Sempre que 
for usar uma ferramenta para 
apertar ou soltar um parafuso 
aplique a força sempre em sua 
direção, nunca ao contrário. 
▪▪ Ferramentas danificadas de-vem 
ser descartadas. 
Com isso, concluímos mais uma 
unidade de estudos. Prepare-se 
agora para conhecer as técnicas 
de recuperação de peças. Conti-nue 
conosco!
Unidade de 
estudo 5 
Seções de estudo 
Seção 1 – Análise preliminar 
Seção 2 – Recuperação de eixos 
Seção 3 – Recuperação de mancais 
Seção 4 – Recuperação de engrenagens 
Seção 5 – Recuperação de roscas
Técnicas de Recuperação de 
Peças 
MANUTENÇÃO MECÂNICA 49 
Seção 1 
Análise preliminar 
Para a recuperação de peças ou 
componentes de máquinas e equi-pamentos, 
é necessário que sejam 
utilizadas técnicas específicas para 
cada elemento. Porém, de maneira 
geral, antes de qualquer atuação, 
deve-se realizar uma análise deta-lhada 
do tipo de falha. 
Antes de iniciar a desmontagem, 
o mecânico deverá analisar com 
cuidado todo o conjunto mecâni-co 
para que tenha certeza da real 
necessidade da desmontagem do 
conjunto. 
Essa decisão é muito impor-tante 
porque, sempre que 
possível, deve-se evitar a 
desmontagem de um equipa-mento. 
Os riscos de ocorrer 
uma regulagem inadequada 
após a remontagem são mui-to 
grandes. 
Fatores que podem influenciar as 
decisões a serem tomadas 
▪▪ Primeiro: efetuar uma análise 
de todo conjunto. 
▪▪ Segundo: efetuar uma análise 
individual de cada componente, 
verificando partes com desgastes. 
▪▪ Terceiro: verificar a procedên-cia 
das avarias. 
▪▪ Quarto: verificar a gravidade 
do desgaste das peças avariadas. 
▪▪ Quinto: separar os elementos 
que serão aproveitados. 
Depois dessa eliminação de fato-res, 
com a relação das peças que 
serão recuperadas em mãos, é 
feita a recuperação, utilizando-se 
processos específicos para cada 
defeito apresentado. Veremos a 
seguir os procedimentos adequa-dos 
para cada tipo de defeito e sua 
solução. Fique antenado! 
Seção 2 
Recuperação de eixos 
Eixos são elementos de apoio 
muito solicitados em um conjun-to 
mecânico, tanto estaticamente 
como dinamicamente. Conhecer 
a solicitação do eixo é a primeira 
coisa a se fazer antes de sua re-cuperação, 
saber se ele é um eixo 
fixo que suporta uma carga gi-ratória 
ou se é um eixo giratório 
com uma carga fixa. 
A seguir, veja as recomendações 
que ajudarão na escolha do pro-cesso 
mais adequado de recupera-ção 
de um eixo danificado. 
▪▪ Verificação do emprego do 
eixo, sua real utilização na má-quina. 
▪▪ Verificar a RPM do eixo em 
ordem de trabalho. 
▪▪ Verificar se local onde ele se 
encontra é agressivo. 
▪▪ Verificar se há lubrificação e se 
o sistema é eficiente. 
Com essas informações coletadas, 
que dizem respeito às caracterís-ticas 
de solicitações e do trabalho 
executado, você pode dar conti-nuidade 
ao processo de recupera-ção 
do eixo. 
A próxima etapa consiste em de-terminar 
o material que será uti-lizado 
na recuperação e qual o 
processo, que poderá ser de duas 
maneiras: 
▪▪ usinando um eixo novo; ou 
▪▪ recuperando o eixo danificado.
50 CURSOS TÉCNICOS SENAI 
Usinando um eixo 
novo 
Nas empresas, esse processo é 
feito, geralmente, pelo pessoal da 
usinagem, terceirizado ou pelo 
próprio mecânico. Para tanto, o 
pessoal da manutenção tem de 
passar as informações necessárias 
para a sua confecção. 
Inicialmente é feito um croqui 
do eixo, contento suas medidas 
originais e o tipo de material a 
ser empregado, seguindo as es-pecificações 
técnicas do projeto 
da máquina. Normalmente, eixos 
sofrem algum tipo de tratamento 
térmico no processo de sua fabri-cação, 
portanto, registre também 
essa informação no croqui, pois 
ele deverá ser usinado com um 
sobremetal para permitir o pro-cesso 
de acabamento após o tra-tamento 
térmico. 
Recuperando o eixo 
danificado 
Após verificar a possibilidade de 
recuperação do eixo, que pode ser 
total ou parcial, dependendo do 
defeito, utilizam-se basicamente 
dois tipos ou formas de recupe-ração: 
▪▪ por soldagem; ou 
▪▪ por deposição metálica. 
Recuperação de eixo pelo 
processo de soldagem 
Inicialmente verifica-se o tipo de 
solda que será feito. Por exemplo, 
se for uma trinca (rachadura), ou 
quebra, ou se for um preenchi-mento 
em área desgastada. 
Modo de execução 
▪▪ Trinca ou quebra 
▪▪ Localizar no eixo a trin-ca, 
ou a quebra. 
▪▪ Limpar a superfície 
retirando restos de tinta, 
óleo, água, qualquer tipo de 
impureza que poderá con-taminar 
a solda interferindo 
na sua qualidade. 
▪▪ Preparar as juntas em 
eixos partidos, realizando 
o chanfro e a limpeza do 
material fadigado. 
▪▪ Caso haja a necessidade 
de inserção de um pino guia 
no eixo partido, deverá ser 
realizada uma pré-usinagem 
nas duas extremidades onde 
serão colocados, com uma 
tolerância dimensional na 
faixa de H7 e H6. Esse guia 
deverá ser feito com o mes-mo 
tipo de material do eixo 
ou de aço ABNT 1045. 
▪▪ Realizar a goivagem no 
local da trinca ou abrir um 
pouco mais a largura da 
trinca com disco de corte 
e fazer um furo em cada 
extremidade a fim de evitar 
o prolongamento da trinca. 
▪▪ O processo de soldagem 
mais adequado para a solda 
de manutenção é o elétri-co 
com uso de eletrodo 
revestido. 
▪▪ Escolher o metal de 
adição, levando em consi-deração 
que ele deverá ter 
elevada resistência mecânica 
e que o metal base (eletro-do) 
deverá ter características 
superiores às do eixo. 
▪▪ Preparar um dispositi-vo 
pelo qual o eixo possa 
girar durante o processo de 
soldagem. Obs.: depois de 
ponteados. 
Usinagem: Torneiro. 
Mecânico: Ajustador mecâ-nico
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Curso Técnico Mecânica Manutenção

  • 1. Curso Técnico em Mecânica Manutenção Mecânica
  • 2. Armando de Queiroz Monteiro Neto Presidente da Confederação Nacional da Indústria José Manuel de Aguiar Martins Diretor do Departamento Nacional do SENAI Regina Maria de Fátima Torres Diretora de Operações do Departamento Nacional do SENAI Alcantaro Corrêa Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina Sérgio Roberto Arruda Diretor Regional do SENAI/SC Antônio José Carradore Diretor de Educação e Tecnologia do SENAI/SC Marco Antônio Dociatti Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC
  • 3. Confederação Nacional das Indústrias Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Curso Técnico em Mecânica Manutenção Mecânica Maurício José Bechtold Florianópolis/SC 2010
  • 4. É proibida a reprodução total ou parcial deste material por qualquer meio ou sistema sem o prévio consentimento do editor. Material em conformidade com a nova ortografia da língua portuguesa. Equipe técnica que participou da elaboração desta obra Coordenação de Educação a Distância Beth Schirmer Revisão Ortográfica e Normatização FabriCO Coordenação Projetos EaD Maristela de Lourdes Alves Design Educacional, Ilustração, Projeto Gráfico Editorial, Diagramação Equipe de Recursos Didáticos SENAI/SC em Florianópolis Autor Maurício José Bechtold Ficha catalográfica elaborada por Kátia Regina Bento dos Santos - CRB 14/693 - Biblioteca do SENAI/SC Florianópolis. Bechtold, Maurício José Manutenção mecânica / Maurício José Bechtold – Florianópolis : SENAI/SC, 73 p. : il. color ; 28 cm. B392m Inclui bibliografias. 1. Manutenção. 2. Projetos mecânicos. I. SENAI. Departamento Regional de Santa Catarina. II. Título. SENAI/SC — Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Rodovia Admar Gonzaga, 2.765 – Itacorubi – Florianópolis/SC CEP: 88034-001 Fone: (48) 0800 48 12 12 www.sc.senai.br CDU 62-7 2010.
  • 5. Prefácio Você faz parte da maior instituição de educação profissional do estado. Uma rede de Educação e Tecnologia, formada por 35 unidades conecta-das e estrategicamente instaladas em todas as regiões de Santa Catarina. No SENAI, o conhecimento a mais é realidade. A proximidade com as necessidades da indústria, a infraestrutura de primeira linha e as aulas teóricas, e realmente práticas, são a essência de um modelo de Educação por Competências que possibilita ao aluno adquirir conhecimentos, de-senvolver habilidade e garantir seu espaço no mercado de trabalho. Com acesso livre a uma eficiente estrutura laboratorial, com o que existe de mais moderno no mundo da tecnologia, você está construindo o seu futuro profissional em uma instituição que, desde 1954, se preocupa em oferecer um modelo de educação atual e de qualidade. Estruturado com o objetivo de atualizar constantemente os métodos de ensino-aprendizagem da instituição, o Programa Educação em Movi-mento promove a discussão, a revisão e o aprimoramento dos processos de educação do SENAI. Buscando manter o alinhamento com as neces-sidades do mercado, ampliar as possibilidades do processo educacional, oferecer recursos didáticos de excelência e consolidar o modelo de Edu-cação por Competências, em todos os seus cursos. É nesse contexto que este livro foi produzido e chega às suas mãos. Todos os materiais didáticos do SENAI Santa Catarina são produções colaborativas dos professores mais qualificados e experientes, e contam com ambiente virtual, mini-aulas e apresentações, muitas com anima-ções, tornando a aula mais interativa e atraente. Mais de 1,6 milhões de alunos já escolheram o SENAI. Você faz parte deste universo. Seja bem-vindo e aproveite por completo a Indústria do Conhecimento.
  • 6.
  • 7. Sumário Conteúdo Formativo 9 Apresentação 11 12 Unidade de estudo 1 Introdução à Manutenção Seção 1 - Introdução Seção 2 - Um breve histórico Seção 3 - Evolução da manu-tenção Seção 4 - Manutenção estra-tégica Seção 5 - Produtos da manu-tenção Seção 6 - Gestão estratégica da manutenção 22 Unidade de estudo 2 Sistema de Manutenção Seção 1 - Sistemas de manu-tenção Seção 2 - Manutenção cor-retiva Seção 3 - Manutenção pre-ventiva Seção 4 - Manutenção pre-ditiva Seção 5 - Manutenção detectiva Seção 6 - Administração da manutenção Seção 7 - Planejamento e programação da manuten-ção (PCM) 13 14 14 18 20 21 34 Unidade de estudo 3 Técnicas de Desmontagem e Montagem de Acessórios e Equi-pamentos Seção 1 - Cuidados prelimi-nares Seção 2 - Etapas para des-montagem de conjuntos mecânicos Seção 3 - Etapas para monta-gem de conjuntos mecânicos 38 Unidade de estudo 4 Ferramentas e Dispositivos para a Execução da Manutenção Seção 1 - Introdução Seção 2 - Ferramentas de encaixe externo Seção 3 - Ferramentas de encaixe interno Seção 4 - Alicates Seção 5 - Ferramentas especiais 48 Unidade de estudo 5 Técnicas de Recuperação de Peças Seção 1 - Análise situacional Seção 2 - Recuperação de eixos Seção 3 - Recuperação de mancais Seção 4 - Recuperação de Engrenagens Seção 5 - Recuperação de roscas 54 Unidade de estudo 6 Manutenção de Sistemas Hidráuli-cos e Pneumáticos Seção 1 - Manutenção de sistemas hidráulicos Seção 2 - Manutenção de sistemas pneumáticos 60 Unidade de estudo 7 Lubrificantes Seção 1 - Conceito Seção 2 - Tipos de lubrifi-cantes Seção 3 - Lubrificantes líqui-dos (óleos) Seção 4 - Lubrificantes pas-tosos (graxas) Seção 5 - Lubrificantes sóli-dos e gasosos Seção 6 - Aditivos Seção 7 - Sistemas de lubri-ficação Seção 8 - Generalidades Finalizando 71 Referências 73 23 25 26 28 29 30 31 35 36 37 39 39 43 44 45 49 49 51 52 52 55 58 61 62 62 64 65 66 66 67
  • 9. Conteúdo Formativo MANUTENÇÃO MECÂNICA 9 Carga horária da dedicação Carga horária: 90 horas Competências Planejar, executar e controlar a manutenção de sistemas mecânicos. Conhecimentos ▪▪Manutenção (definição, tipos, aplicação e planos de manutenção), lubrificação, técnicas de montagem e desmontagem de acessórios e equipamentos, ferramen-tas e dispositivos para a execução da manutenção, técnicas de recuperação de peças, manutenção de sistemas hidráulicos e pneumáticos Habilidades ▪▪Ler, interpretar e aplicar manuais, catálogos e tabelas técnicas; ▪▪Elaborar planos de manutenção e lubrificação; ▪▪Definir e aplicar as técnicas de manutenção; ▪▪Aplicar normas técnicas de saúde, segurança e meio ambiente; ▪▪Aplicar planilhas de custo de manutenção, considerando a relação custo-benefí-cio; ▪▪Utilizar recursos informatizados para planejamento da manutenção; ▪▪Executar os planos de manutenção e lubrificação de máquinas e equipamentos; ▪▪Diagnosticar problemas relacionados ao funcionamento de máquinas e equipa-mentos em geral; ▪▪Coletar dados específicos para o planejamento e a execução da manutenção de sistemas mecânicos; ▪▪Elaborar lista de componentes (check list) mecânicos para a manutenção; ▪▪Elaborar relatórios de atividades de manutenção; ▪▪Identificar, selecionar e substituir elementos de máquinas; ▪▪Utilizar ferramentas de coleta e controle de dados no equipamento. Atitudes ▪▪Assiduidade; ▪▪Proatividade; ▪▪Relacionamento interpessoal; ▪▪Trabalho em equipe;
  • 10. ▪▪Cumprimento de prazos; ▪▪Zelo com os equipamentos; ▪▪Adoção de normas técnicas, de saúde e segurança do trabalho; ▪▪Responsabilidade ambiental. 10 CURSOS TÉCNICOS SENAI
  • 11. Apresentação MANUTENÇÃO MECÂNICA Atualmente o mercado de traba-lho não se satisfaz apenas com o profissional que tenha o conhe-cimento prático das coisas que acontecem no dia a dia. Ele quer cada vez mais profissionais que tenham aliado ao conhecimento prático o conhecimento teórico e, principalmente, a capacidade de efetuar a análise da solução mais adequada e indicada para o problema. Espera-se que o pro-blema, além de ser resolvido na-quele momento, não ocorra mais, ou, se prestes a ocorrer, possa ser previsto e solucionado, gerando economia no processo produtivo e, principalmente, na manutenção da vida útil do equipamento. Este material tem como objetivo principal servir de apoio a você, estudante da disciplina de Manu-tenção Mecânica, para a elabo-ração de planos de manutenção adequados à sua realidade fabril assegurando-lhe o saber necessá-rio e utilizando-se das ferramen-tas adequadas de identificação, análise e solução de problemas de manutenção. Você terá contato com o que há de melhor na atualidade para o desenvolvimento e a preparação de relatórios e planos de manu-tenção preventiva, bem como para analisar falhas na necessidade de manutenções corretivas. Desejamos a você um bom estudo e aproveitamento deste material! Marcelo Deschamps e Maurício José Bechtold Maurício José Bechtold Maurício José Bechtold Técnico Mecânico, pelo SENAI/SC, em Blumenau, acadêmico do curso superior de Tecnologia em Fabricação Mecânica. É colaborador do SE-NAI/ SC há dois anos, atuando como instrutor de ensino industrial na área da metalmecânica. Tem vasta experiência em manutenção indus-trial, tento atuado vários anos nas empresas Coteminas /Artex e Cia. Hering, como Mecânico de Manutenção. 11
  • 12. Unidade de estudo 1 Seções de estudo Seção 1 – Introdução Seção 2 – Um breve histórico Seção 3 – Evolução da manutenção Seção 4 – Manutenção estratégica Seção 5 – Produtos da manutenção Seção 6 – Gestão estratégica da manu-tenção
  • 13. MANUTENÇÃO MECÂNICA 13 Introdução à Manutenção Seção 1 Introdução Os últimos 25 anos têm se ca-racterizado pela globalização da economia com a queda constante das barreiras econômicas e co-merciais. Dessa forma, a busca da qualidade total de serviços e produtos, bem como a crescen-te preocupação com os aspec-tos ambientais, passou a ser uma constante nas empresas. Sendo assim, a grande questão que vem tomando corpo nas organizações é definir o papel da manutenção no contexto da competitividade das organizações no mercado em que atuam. A manutenção, direta ou indire-tamente, faz parte desse contex-to, principalmente porque não se permite mais a existência de uma organização competitiva sem que seja otimizada a disponibilida-de de máquinas, a maximização da lucratividade, a satisfação dos clientes e a confiabilidade dos produtos traduzidas no conceito dos seis sigma (ou defeito zero). Saiba Mais Saiba o que significa o concei-to Seis Sigma acessando o link abaixo. Vamos! Acesse logo! http://www.softexpert.com. br/norma-seis-sigma.php Há, aproximadamente 10 anos, eu trabalho em uma empresa de injeção de plásticos e uma das máquinas produzia baldes de 8 litros de capacidade. Baldes são os produtos mais simples de se-rem produzidos em injeção, pois a fabricação de moldes é relativa-mente barata e simples. Pois bem, para que eu venha a manter meus clientes e conquistar outros pre-cisarei retirar o máximo de rendi-mento de minhas máquinas para oferecer baldes “bons, bonitos e baratos”. Neste sentido, os cronogramas de fabricação e de entrega dos meus produtos devem ser cumpridos de forma perfeita não sendo per-mitido, neste tipo de mercado, qualquer falha, principalmente de perda de prazo de entrega. Pergunta: com toda essa pressão, máquina produzindo no máximo de sua capacidade, otimização de tempo de produção, é aceitável eu não ter implantado na empresa um programa de manutenção pe-riódica de minhas máquinas e que eu sempre esteja somente focado em tirar “110%” do rendimento delas? Otimização: No sentido de redução.
  • 14. Não existe pensamento mais er-rado e que dê mais prejuízo que esse. Máquinas se desgastam com o tempo, peças sofrem de-sajustes periódicos e máquinas não são “seres” inanimados que ficam livres de cargas dinâmicas. Se eu não tiver um bom progra-ma de manutenção, os prejuízos serão inevitáveis, pois máquinas com defeitos ou quebradas são as causadoras da diminuição ou interrupção da produção, o que gera atrasos das entregas e per-das financeiras. Além disso, se as máquinas não operam de forma ajustada aumentam os custos de produção, pois gastam mais ener-gia e recursos e os produtos têm grandes possibilidades de apre-sentar defeitos de fabricação. Tudo isso junto gera a insatisfação dos clientes e a consequente per-da de mercado que em situações extremas pode levar a empresa à falência. Sendo assim, para evitar esse fim desastroso, é condição obrigatória estabelecer e manter um rigoroso programa de manutenção preven-tiva para garantir que os produtos da empresa sejam produzidos na quantidade correta e com a qua-lidade requerida pelo mercado sempre prevendo a maximização da vida útil de minhas máquinas e equipamentos. Todos esses aspectos mostram a importância que se deve dar à manutenção de minhas máqui-nas, equipamentos, ferramentas e pessoal. Sim, pessoal! Porque não adianta nada eu ter o melhor pro-grama de manutenção sem levar em conta que, para realizar esse programa de manutenção de for-ma adequada, eu preciso ter pes-soal capacitado e treinado, tanto para a execução da manutenção, quanto para a operação das má-quinas. 14 CURSOS TÉCNICOS SENAI Seção 2 Um breve histórico “Manutenção é isto: quando tudo vai bem, ninguém lembra que existe. Quando algo vai mal, dizem que não existe. Quando é para gastar, acha-se que não é preciso que exista. Porém, quando realmente não existe, todos concordam que de-veria existir.” A manutenção que conhecemos hoje se iniciou com o surgimento dos primeiros relógios mecânicos, por volta do século XVI. Antes disto era despercebida. Com a criação dos primeiros relógios, foi criado um plano de manutenção para essas máquinas, chamado de programa de revisões, que garan-tisse o perfeito funcionamento dos relógios. Com o surgimento das máquinas, principalmente durante a Revo-lução Industrial, tornou-se cada vez mais necessário seu uso, tanto para garantir o seu funcionamen-to, como também para prevenir possíveis quebras. Durante a Segunda Guerra Mun-dial o monitoramento no proces-so produtivo tornou-se quase que totalitário por necessidade de um perfeito funcionamento de armas e munições durante as batalhas. Para isso acontecer as máquinas deviam estar bem reguladas e mo-nitoradas. Já no princípio da reconstrução pós-guerra, Inglaterra, Alemanha, Itália e, principalmente, Japão alicerçaram seu desempenho in-dustrial nas bases da engenharia e da manutenção. Destaque funda-mental para o Japão que, por estar sob o domínio dos Estados Uni-dos e ter seus processos produti-vos baseados nesses sistemas de produção, aproveitou a oportuni-dade para adotar, pelos recursos escassos disponíveis, programas efetivos de manutenção com o objetivo de prolongar ao máximo a utilização de seus equipamentos, dentro de padrões cada vez mais exigentes de produção. Essa visão parte do pressuposto principal de que máquina parada por quebras imprevistas é prejuízo completo no processo produtivo, podendo levar, em alguns casos, à falência de algumas empresas. Imagine se um alto-forno de uma empresa siderúrgica, por falta de manutenção em seus sistemas, apresentar uma fissura, mínima que seja, que obrigue a empresa a interromper seu processo pro-dutivo. Só para constar: para des-ligar um alto-forno é necessária uma semana de operações e para religá-lo e colocá-lo em funciona-mento pleno são necessárias mais duas semanas de operação. Com o passar dos anos, a comple-xidade de máquinas e equipamen-tos fez do setor de manutenção um forte aliado do setor produti-vo, no qual cada minuto é trans-formado em dinheiro, precisando cada vez mais de uma atuação rápida e eficaz do setor de manu-tenção. Com a evolução das tecnologias empregadas nas máquinas, a ma-nutenção também evoluiu, a qual se refere ao: gerenciamento, fer-ramental e instrumental. Vejamos, a seguir, um pouco so-bre essa evolução histórica.
  • 15. MANUTENÇÃO MECÂNICA 15 Seção 3 Evolução da manuten-ção Desde a década de 1930, a evo-lução da manutenção pode ser dividida em três gerações. Não se pode necessariamente afirmar que cada uma delas teve início e fim bem definidos visto que, em alguns casos, pode-se afirmar que muitas empresas ainda estão de-sempenhando suas funções sob a ótica de uma ou outra geração, ou ainda num misto entre elas. Porém, de modo geral, pode-se descrevê-las da seguinte forma: Divisão das gerações por períodos Primeira Geração (antes da Se-gunda Guerra Mundial): Caracte-rizou- se pela pouca utilização das máquinas, pelo seu superdimen-sionamento e pela simplicidade dessas máquinas. A manutenção era efetuada basicamente no siste-ma quebra-conserta (manutenção corretiva). Segunda Geração (depois da Se-gunda Guerra Mundial até a déca-da de 1960): Caracterizou-se pelo aumento da demanda de produtos industrializados, com a escassez de mão de obra, principalmente a masculina uma vez que a indús-tria buscava cada vez mais a me-canização de seus parques fabris. Controles de peças, de defeitos e de tempo eram manuscritos para posterior análise, início da manu-tenção preventiva. Terceira Geração (depois da dé-cada de 1970): No setor indus-trial circulava uma tendência mundial às mudanças, tanto na área gerencial como também na comportamental. Nas indústrias, começou-se a usar ferramentas de gerenciamento, como just in time e kanban, que pregavam a dou-trina do estoque zero. As horas que as máquinas ficavam paradas para manutenção começaram a prejudicar a produtividade, mui-tas aguardavam longos períodos paradas à espera das peças de reposição. A partir dessas situa-ções começou no setor de manu-tenção uma revolução no modo de pensar dos responsáveis pela manutenção: a partir de dados co-letados pela manutenção forma-ram- se bancos de dados referen-tes a cada máquina e equipamento com o intuito de prever a próxi-ma quebra e se antecipar a ela. A palavra análise então começou a circular no meio da manutenção através da análise de vibrações, análise de ruído, análise de óleos e lubrificação (ferrógrafo), entre outras. Também a preocupação com o meio ambiente fica cada vez mais evidente. Na Terceira Geração reforçou-se o conceito de uma manu-tenção preditiva. Ou seja, ga-rantia- se que o equipamento correria mínimos riscos de falha. Sendo assim, considerando-se de forma esquemática, mas não dife-rente, a evolução da manutenção passa pelas seguintes fases: ▪▪ operação até a falha; ▪▪ manutenção baseada em períodos; ▪▪ manutenção planejada; ▪▪ manutenção baseada em con-dição; ▪▪ manutenção proativa ou de-tectiva. Discorreremos, agora, sobre cada uma das fases descritas. Acompa-nhe! Operação até a falha O equipamento é posto em opera-ção não tendo sobre ele nenhum acompanhamento com o objetivo de manter suas condições opera-cionais que preservem ou aumen-tem a sua vida útil. É o quebra-conserta. Esse mode-lo de manutenção durou, como estratégia única, até o fim da dé-cada de 1940, e as ocorrências de falhas nos equipamentos ficavam sujeitas a impactar o processo produtivo. Nesse período, o grau de meca-nização não era alto e as quebras então não causavam impactos relevantes na produção. Da mes-ma maneira, era menor o grau de complexidade dos equipamentos, não demandando serviços siste-máticos e de rotina tais como lu-brificação e limpeza.
  • 16. 16 CURSOS TÉCNICOS SENAI Manutenção baseada em períodos O equipamento sofre troca periódica de componentes, independente-mente de sua condição, eliminando previamente as possibilidades de falhas que o equipamento poderia apresentar, minimizando assim os impactos no processo produtivo. Esse modelo teve início na década de 1950, após a Segunda Guerra Mundial, quando se verificou um processo de mecanização mais intenso nas indústrias. Manutenção planejada A partir da década de 1960, inicia-se uma estratégia de manutenção com base em planejamento de atividades, com visão voltada para a prevenção de falhas através da elaboração de planos sistemáticos de manutenção, a partir da tomada de consciência das perdas devido às falhas de manu-tenção. Como as máquinas vão ficando mais complexas, o seu custo de aquisição e sua vida útil passam a ter muita importância, face ao custo do capital investido. Nessa época os custos de manutenção começaram a crescer e a se des-tacar dentre os custos de operação, provocando a necessidade de se medirem tais custos, acompanhando-os frequentemente, na tentativa de mantê-los sob controle. Dá-se início então ao planejamento e à programação de manutenção. Manutenção baseada em condição Inicia-se na década de 1980, sendo uma estratégia de manutenção ba-seada em técnicas de monitoramento das condições dos equipamentos, visando detectar sinais de falha iminente. Dessa forma é possível acompanhar os estágios de desgaste nas máqui-nas e aumentar o grau de previsibilidade do momento de ocorrências indesejáveis, antecipando ações antes da falha. Permite eliminar também trocas desnecessárias como acontece no caso da manutenção baseada em períodos, vista anteriormente. Esse tipo de manutenção, corretamente empregada, permite a redução dos pesados custos ligados à troca sistemática, gerando um melhor apro-veitamento das partes e componentes dos equipamentos. Manutenção proativa ou detectiva Forma sofisticada de manutenção baseada também no acompanhamen-to das condições das máquinas, na qual o controle do equipamento é de-terminado por múltiplas medidas interpretadas por sistemas inteligentes, computadores, instrumentos de medição, frequentemente acoplados aos equipamentos.
  • 17. MANUTENÇÃO MECÂNICA 17 Nesse tipo de manutenção existe o objetivo claro de prolongar a vida útil do equipamento, através da avaliação dos seus componentes, mini-mizando a necessidade de fazer manutenção, através da engenharia de manutenção e da aplicação de várias tecnologias. Nos últimos anos, cada vez mais se agregam aos aspectos tradicionais de manutenção os aspectos relativos a segurança e meio ambiente como fatores críticos de sucesso, nos quais os complexos parques industriais devem ser gerenciados com alta confiabilidade. A interação entre as fases de implantação de um sistema e a dispo-nibilidade/ confiabilidade torna-se cada vez mais evidente e necessária para o bom desempenho da indústria. A interação entre as fases Como vimos anteriormente, a evolução da manutenção ao longo dos anos, fez com que cada uma das fases da existência de uma máquina e/ ou equipamento assumisse um papel com importância crescente nos processos de fabricação. Sendo assim, da correta realização, do apro-fundamento e do domínio de cada fase – projeto, fabricação, instalação, operação e manutenção – dependem a maximização da disponibilidade e a total confiabilidade do sistema. Já da interação correta entre as fases, pode-se afirmar com toda a certeza que a disponibilidade e a confiabilidade dos sistemas tendem a trazer maiores retornos financeiros e de produtividade para as empresas. A figura a seguir ilustra de forma esquemática essa relação. Observe-a. PROJETO + FABRICAÇÃO + INSTALAÇÃO + MANUTENÇÃO + OPERAÇÃO DISPONIBILIDADE / CONFIABILIDADE Figura 1 – Interação entre as fases Fonte: Kardec e Xavier, 2002. No quadro que segue, apresentamos um resumo dos principais pontos das diferentes gerações da manutenção. Veja! Implantação de um sistema: Projeto, fabricação, instala-ção e manutenção.
  • 18. Primeira Geração Segunda Geração Terceira Geração 18 CURSOS TÉCNICOS SENAI Períodos Antes da 2ª Guerra Mundial Depois da 2ª Guerra Mundial até a década de 1960 Depois da década de 1970 Características Quebra-Conserta Manutenção Corretiva Maior disponibilidade Controles manuais Início da manutenção preventiva Maior disponibilidade e confiabilidade Análise de riscos Maior produtividade Início da manutenção preditiva Quadro 1 – Gerações por períodos Seção 4 Manutenção estratégica A manutenção existe para que não haja manutenção, este é o concei-to moderno da manutenção em que a satisfação do cliente vem em primeiro lugar, não se paga mais por serviços, mas sim pela solução do problema. No setor de manutenção o cliente pode ser o setor ao qual ele dá apoio (setor produtivo). Para que esse conceito vire rea-lidade, o pessoal da manutenção tem de estar cada vez mais qualifi-cado e o setor mais equipado. No que se refere ao mantenedor, ele deverá se atualizar tecnicamente para se equiparar mercado, estar aberto às mudanças quando ele passará de simples trocador de peças para especialista em manu-tenção. Para aplicar este conceito o geren-te da área deverá ser o principal responsável pela disseminação e aplicação das diversas ferramen-tas gerenciais aplicáveis à manu-tenção, tais como: CCQ, GQT, TPM, terceirização e reengenharia em outros. Com a aplicação dessas ferramen-tas é possível ter reflexo direto no resultado da empresa ou do setor, aumentando: ▪▪ disponibilidade; ▪▪ faturamento e lucro; ▪▪ segurança pessoal e das insta-lações; ▪▪ preservação ambiental. E reduzindo: ▪▪ demanda de serviços; ▪▪ lucro cessante; ▪▪ custos. É importante frisar que, às vezes, muitos gerentes usam essas ferramentas de modo exagerado obtendo resulta-dos desastrosos. Mas o uso correto dessas ferramentas pode apresentar ótimos re-sultados para a organização. Sendo assim: ▪▪ busca-se atualmente cada vez mais eficiência; ▪▪ nenhum setor está fora do ciclo de competitividade; ▪▪ clientes exigem cada vez mais com melhor qualidade e rapidez na entrega, com preços mais acessíveis de aquisição. Os acionistas, por sua vez, para apostar em um negócio exigem retorno do investimento compatí-vel com o grau de risco envolvido, exigindo geração de valor em cada empreendimento. A comunidade exige melhores práticas de convivência, em que o respeito pelo meio ambiente e a responsabilidade social estejam inseridos fortemente na visão das empresas. É nesse contexto de confiabilida-de operacional que a manutenção se insere para garantir a condição para que as empresas entreguem seus produtos com a qualidade requerida, no tempo exigido, com boas práticas de saúde, segurança e meio ambiente. Os clientes cada vez mais querem operar no modelo just in time, ou seja, sem estoques em suas plan-tas, e isso passa a exigir altíssima confiabilidade, com demanda de efetividade direta na gestão da manutenção.
  • 19. MANUTENÇÃO MECÂNICA 19 Esquematicamente: assim, é razoável deduzir que a manu-tenção passa a ter, cada vez mais, uma função estratégi-ca no contexto empresarial, como alavanca na competiti-vidade dos negócios em que está inserida. É parte fundamental dessa es-tratégia a construção dos planos mestres de manutenção que se constituem nas listas das ordens de serviços específicas (OSs) para cada máquina. Para a formatação das ordens de serviços e seus procedimentos de execução, deverão ser levados em consideração os seguintes fatores, como fontes de informações para obtenção de pleno êxito na elabo-ração dos planos de manutenção: ▪▪ requisitos técnicos previs-tos nos manuais das máquinas, fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos; ▪▪ experiência técnica dos pro-fissionais da própria empresa adquirida ao longo de anos de convivência com os tipos de equipamentos; ▪▪ histórico de máquinas existen-tes, similares às máquinas para as quais se está pretendendo montar um plano mestre de manutenção. Reunidos todos esses requisitos, é possível iniciar um gerenciamen-to estratégico, girando o ciclo dos processos do sistema de manuten-ção, que se constitui em PLANE-JAMENTO, PROGRAMAÇÃO, EXECUÇÃO e GERÊNCIA DE DESEMPENHO, sendo este último o índice de controle para avaliação dos resultados de con-fiabilidade e custos, validando a qualidade da estratégia implantada e considerando as metas estabele-cidas para as instalações. Doenças graves das or-ganizações ▪▪ Perda de conhecimento – A perda de conhecimento, ou mesmo a não aquisição de conhecimentos que suportem o futuro, tem levado à perda de competitividade. Fala-se muito em depreciação do hard, mas muito pouco sobre a depreciação do conhecimento. ▪▪ Satisfação dos colaborado-res – Se a “saúde” dos colabo-radores não está bem, pode-se esperar que haverá perda grave de competitividade. ▪▪ Visão crítica da comu-nidade – A maneira como a sociedade vê as empresas e sua contribuição para a “saúde” do planeta é, hoje, outro fator crítico de sucesso empresarial. Não vai existir empresa excelente empre-sarialmente se não for, também, excelente em questões de saú-de, meio ambiente e segurança (SMS). paradigma do passado: “o homem de manutenção sente-se bem quando execu-ta um bom reparo”. paradigma moderno: “o homem de manutenção sente-se bem quando conse-gue evitar todas as falhas não previstas”. Uma boa estratégia de manuten-ção deve conter os seguintes pon-tos importantes: ▪▪ contexto operacional do negócio em que está inserida, considerando fortemente os de-sejos do cliente final da empresa, os requisitos das instalações em confiabilidade para atender a esse mercado; ▪▪ visão de curto, médio e longo prazo para as práticas de manu-tenção; ▪▪ práticas de saúde, segurança e meio ambiente adequadas, para assegurar o desenvolvimento sus-tentado das práticas operacionais; ▪▪ identificação seletiva nas instalações, determinando qual a importância de cada equipamen-to do ponto de vista operacional (impacto na produção) e práti-cas de saúde, segurança e meio ambiente; ▪▪ definição do tipo de manuten-ção aplicada em cada equipamen-to e sua respectiva confiabilidade requerida: ▪▪ preventiva/preditiva; ▪▪ preventiva/sistemática; ▪▪ corretiva.
  • 20. 20 CURSOS TÉCNICOS SENAI O resultado positivo apresentado pelas empresas passa, necessaria-mente, pela simples relação entre o faturamento e os custos apre-sentados pelas organizações. Essa relação é denominada produtivi-dade, e quanto mais elevada é a produtividade, maior a competiti-vidade apresentada pela empresa, uma relação simples mas que deve ser perseguida constantemente pelas empresas. O papel do Departamento de Ma-nutenção nesse contexto é de fun-damental importância visto que é ele que dará as condições ideais, através dos planos de manutenção de disponibilidade, confiabilidade e qualidade dos equipamentos. Seção 5 Produtos da manutenção A produção é, de maneira básica, composta pelas atividades de ope-ração, manutenção e engenharia. Existem outras atividades que dão suporte à produção: suprimentos, inspeção de equipamentos, se-gurança industrial, entre outros. Mas, em suma, as três primeiras são a base de qualquer processo produtivo. Sendo assim, pode-se afirmar que essas atividades básicas são e sem-pre serão complementares entre si e que a falha de uma delas acarre-tará no colapso de todo o sistema produtivo da empresa. Dessa forma, e levando em con-sideração as atividades de supor-te da produção, pode-se concluir que o principal produto da ma-nutenção é fornecer MAIOR DISPONIBILIDADE CONFI-ÁVEL AO MENOR CUSTO. Com todos esses dados em mãos e realizando uma reflexão mais aprofundada, podemos nos ar-riscar a desenvolver um conceito moderno de manutenção. Manutenção é garantir a disponibi-lidade da função dos equipamentos e instalações de modo a atender a um processo de produção ou de serviço, com confiabilidade, segu-rança, preservação do meio am-biente e custos adequados. Redução da demanda de serviços Pode ser dividida nos seguintes tópicos. ▪▪ Qualidade da manutenção Tem como ponto principal a qua-lidade do trabalho. Por outro lado, a sua falta provocará um retraba-lho (falha prematura). ▪▪ Qualidade da operação Tem como principal ponto a qua-lidade da operação. Do mesmo modo, uma má qualidade na ope-ração do equipamento também pode provocar uma falha prema-tura e a imediata perda de produ-ção. ▪▪ Problemas crônicos Problemas decorrentes do pró-prio equipamento e do projeto de instalação podem levar a falhas e defeitos crônicos. Às vezes, por se tratar de um problema conhecido, não se dá a devida importância. Simplesmente é feito o restabe-lecimento da funcionalidade da máquina. Funcionalidade da máqui-na: Mesmo que se conheça a real causa da quebra não é feito nada para resolver defi-nitivamente o problema, so-mente troca-se a peça dani-ficada e fica por isso mesmo.
  • 21. MANUTENÇÃO MECÂNICA 21 Esse tipo de atitude reflete muito bem a cultura conservadora que certos mantenedores teimam em fazer, cultura esta que precisa ser mudada. ▪▪ Problemas tecnológicos Repete exatamente o conceito an-terior, mudando somente o que diz respeito à solução, pois, nes-se caso, a causa do defeito é re-almente desconhecida, havendo necessidade de uma ação tecno-lógica mais aprofundada sobre a causa do defeito, possibilitando melhorias nos sistemas e equipa-mentos. ▪▪ Serviços desnecessários O homem de manutenção ou mantenedor, muitas vezes por inexperiência ou medo, realiza a manutenção preventiva em exces-so, sem considerar o histórico de defeito da máquina aumentando muito o custo-benefício do equi-pamento. Seção 6 Gestão estratégica da manutenção Na gestão estratégica da manu-tenção, várias ferramentas da ges-tão pela qualidade total (GQT) têm se mostrado bastante eficazes quando aplicadas corretamente, levando a uma grande melhoria dos resultados. Dessa forma, é comum atualmente não se falar apenas em planos de manutenção, mas sim em sistemas de manu-tenção, focados na engenharia da manutenção, que é uma evolução dos processos até hoje utilizados nas indústrias para definir o setor de manutenção. Nesse sentido, o Departamento de Manutenção atualmente passa a ter papel estratégico e de vital importância nas organizações, não sendo mais o lugar onde se encontram profissionais sem ca-pacitação técnica para se tornar um ambiente onde todo o pro-fissional tem de ter capacidade técnica para identificar, analisar e resolver problemas, garantindo que não se realize apenas um con-serto, mas se eliminem problemas presentes e futuros. Na GQT, diversos outros instru-mentos têm se revelado impor-tantes para sistematizar e profis-sionalizar cada vez mais o setor de manutenção. Quais sejam: ▪▪ gerência da rotina; ▪▪ padronização; ▪▪ 5 S; ▪▪ TPM; ▪▪ ISO 9000; ▪▪ CCQ. Fatores adicionais im-portantes num sistema es-tratégico de manutenção. ▪▪ Implantar uma sistemática orçamental para os serviços de manutenção; ▪▪ Alocar aos solicitantes os cus-tos dos serviços de manutenção correspondentes; ▪▪ Reavaliar a frequência de problemas em equipamentos e decidir, com base na análise do custo-benefício, sobre a viabili-dade da sua substituição; ▪▪ Identificar equipamentos que estejam operando fora de suas condições de projeto, gerando elevada demanda de serviços, e analisar a conveniência de sua recapacitação ou mesmo a sua substituição; ▪▪ Rever, continuamente, os programas de manutenção pre-ventiva, visando à otimização de sua frequência, considerando as novas tecnologias de manutenção preditiva que são normalmente mais vantajosas; ▪▪ Implantar um programa de desativação de equipamentos e sistemas inoperantes, desde que a análise de custo-benefício se mostre adequada; é o sistema 5S na instalação industrial; ▪▪ Rever a metodologia de inspe-ção e procurar aumentar o tempo de campanha das unidades ou sistemas, evitando ocorrências não planejadas; ▪▪ Evitar operar equipamen-tos fora das suas condições de projeto, a menos que os resul-tados empresariais mostrem ser vantajoso; ▪▪ Incrementar o acompanha-mento de parâmetros preditivos, visando trabalhar mais próximo dos limites estabelecidos e, com isso, aumentar o tempo de cam-panha com confiabilidade; ▪▪ Estudar métodos para aumen-tar a previsibilidade das inspeções antes das paradas das unidades, inclusive com as novas tecnolo-gias de inspeção; ▪▪ Aumentar o uso de métodos de manutenção com o equipa-mento ou sistema em operação. Nessa primeira unidade de estu-dos, você teve uma noção introdu-tória do que vem a ser a manuten-ção a partir de uma compreensão histórica de seu desenvolvimento. Prepare-se, agora, para conhecer os sistemas de manutenção e as estratégias empregadas em cada item de manutenção. Vamos lá!
  • 22. Unidade de estudo 2 Seções de estudo Seção 1 – Sistemas de manutenção Seção 2 – Manutenção corretiva Seção 3 – Manutenção preventiva Seção 4 – Manutenção preditiva Seção 5 – Manutenção detectiva Seção 6 – Administração da manuten-ção Seção 7 – Planejamento e programação da manutenção (PCM)
  • 23. MANUTENÇÃO MECÂNICA 23 Sistema de Manutenção Seção 1 Sistemas de manutenção Um sistema de manutenção para uma planta ou uma unidade in-dustrial específica compreende toda a formulação de estratégias para cada item de manutenção e os respectivos planos mestres contendo as ordens de serviços necessárias para a garantia do desempenho desejado na formu-lação da estratégia. Além disso, um sistema deve contemplar as ferramentas de análise e solução de problemas aliadas às técnicas de análises de dados históricos de problemas e soluções, realizadas com o intuito de abastecer o sis-tema de informações suficientes para auxiliar na tomada de deci-sões de novos investimentos em máquinas e equipamentos, bem como a otimização da utilização dos recursos necessários para o bom funcionamento de uma in-dústria ou setor. Dessa forma, a definição da estra-tégia a ser adotada e seguida, no que se refere ao tipo de manuten-ção, é de vital importância para o bom funcionamento do sistema. A figura anterior mostra os passos a serem seguidos no estabeleci-mento da estrutura de um sistema de manutenção em uma indústria ou setor da fábrica. O plano mestre de manutenção é o conjunto de ordens de serviço necessárias para cada equipamen-to a fim de cumprir seu programa de manutenção, onde devem ser definidas as atividades que serão desenvolvidas, a carga de horas homens previstas, a frequência com que a atividade deve ser exe-cutada e assim por diante. Figura 2 – Estrutura de um plano mestre de manutenção Fonte: Kardec e Xavier, 2002. Nesse ponto é definido o tipo de manutenção que deverá ser segui-do prioritariamente no sistema, de acordo com o grau de importân-cia e/ou prioridade que o equipa-mento tem no processo produtivo da fábrica, além do custo-benefí-cio apresentado para se efetuar ou não sua manutenção, conserto ou simplesmente troca.
  • 24. Manutenção Corretiva Manutenção Preventiva 24 CURSOS TÉCNICOS SENAI Sistemática Preditiva Estratégia de atuação do tipo quebra-conserta; Altos custos de reparo; Baixa confiabilidade; Grandes esforços de recursos para resolver falhas. Atuação em intervalos regulares; Pode apresentar custos altos devido a trocas desnecessárias (prematuras). Baseada no acompanhamento da condição da máquina possibilitando intervenções mais precisas. Figura 3 – Tipos de manutenção Fonte: Kardec e Xavier, 2002. Quando construímos uma estratégia para um sistema de manutenção, temos a nosso dispor três possibilidades para escolher a que melhor atende as nossas condições de performance em custo, qualidade, segurança e meio ambiente. No momento da escolha devemos fazer os seguintes questionamentos: 1. Que requisitos de confiabilidade as instalações requerem? 2. Qual é o melhor tipo de manutenção para cada equipamento? 3. Como definir esta estratégia ao melhor custo? 4. Que critérios estabelecer para cada caso? Manutenção Corretiva Manutenção Sistemática Manutenção Sistemática Manutenção Preditiva APLICAÇÕES - Onde existe equipamentos em Stand By; -Onde não é possível prevenir falha; -O impacto da quebra é quase nulo; -O custo do reparo é baixo. - Onde o controle por tempo é eficaz; -A monitoração da condição não é possível. - Máquinas críticas (Custo de reparo Alto/tempo de reparo longo) -A falha tem alto impacto de produção, segurança e meio ambiente. Figura 4 - Aplicações dos tipos de manutenção Fonte: Kardec e Xavier, 2002.
  • 25. MANUTENÇÃO MECÂNICA 25 Vale ressaltar ainda, que no comparativo para a definição de qual sistema utilizar e a auxiliar a responder a pergunta dois, a tabela abaixo pode ser decisiva no processo de definição. Nele é apresentado o custo por uni-dade de potência instalada por ano para cada sistema de manutenção e é importante ressaltar o quão caro é o custo da adoção do conceito: “Nos-sa fábrica não pode parar para efetuar manutenção. Quando quebrar, arrumamos”... e, quem sabe, poderíamos completar com a expressão: “ou quebramos junto com a máquina”. TIPO DE MANUTENÇÃO Custo R$/(HP/ano) Corretiva não planejada 34 a 36 Preventiva 22 a 26 Preditiva e corretiva planejada 14 a 18 Tabela 1 – Tabela comparativa de custos de manutenção Fonte: Kardec E Nassif (2006). Seção 2 Manutenção corretiva A sistemática da manutenção corretiva se caracteriza pelo ciclo “quebra-conserta”. Além disso, a manutenção corretiva pode ser dividida em dois tipos: a. CORRETIVA PROGRAMADA – Aquela em que a falha apresen-tada pelo equipamento não faz com que este sofra uma parada obri-gatória nem apresente prejuízos importantes no rendimento da má-quina. São os casos de fissuras em carcaças de motores ou pequenas folgas em determinados componentes da máquina. Nesses casos, o conserto pode ser efetuado no momento em que o equipamento apresentar uma parada por falta de produção ou por não funciona-mento em determinado turno ou período. b. CORRETIVA NÃO PROGRAMADA – É o tipo de falha mais co-mumente conhecido e se caracteriza pela falha completa do equi-pamento, pela quebra ou falha de um componente que impede seu funcionamento total ou parcialmente. São as quebras de rolamentos, mancais, correntes, etc. Nesses casos, a parada é imediata e a necessi-dade de manutenção é imperativa. Ou seja, não há escolha: ou se faz o conserto ou o equipamento simplesmente não funciona. A manutenção corretiva, independentemente do tipo que acontecer é a forma mais cara de manutenção, visto que se caracteriza principalmente pela utilização dos componentes até seu limite extremo, não levando em consideração seu funcionamento, nem os efeitos colaterais que seu de-sempenho fora da especificação pode levar a outras partes da máquina. Seus principais efeitos são: ▪▪ baixo índice de utilização de máquinas e equipamentos visto que, com o passar do tempo, o rendimento destes passa a ser muito inferior ao projetado pelo fabricante, devido principalmente ao desgaste excessivo dos com-ponentes; ▪▪ diminuição da vida útil de equipamentos, máquinas e insta-lações visto que, ao se optar pela não parada periódica para a veri-ficação e ajustes necessários, os componentes vão se desgastando e desajustando cada vez mais e transmitindo esses desajustes a outros componentes, iniciando um efeito “cascata” de desgastes e desajustes que levam em de-terminado momento ao colapso de um componente que pode ter prejudicado outros; ▪▪ paradas aleatórias e nem sem-pre no melhor momento. Aliás, quase sempre no pior momento e – mais grave ainda – de forma totalmente imprevisível em todos os sentidos, seja para a preserva-ção da máquina ou equipamento, seja para a segurança do opera-dor; ▪▪ ao optar por esse tipo de ma-nutenção não são analisados os defeitos gerados para se verificar se podem estar sendo causados por falhas na operação ou por fa-lhas no projeto do próprio equi-pamento, o que leva ao desperdí-cio financeiro para a empresa que utiliza esses equipamentos; ▪▪ finalmente, mas não menos importante principalmente nos dias atuais, nesse tipo de manu-tenção os riscos à segurança dos operários é imenso. Os defeitos podem acarretar sérios danos aos operadores e, até mesmo, às ins-talações físicas da empresa. Além disso, equipamentos sem a devida manutenção podem ser sérios contribuintes à poluição do meio
  • 26. 26 CURSOS TÉCNICOS SENAI ambiente pela liberação de gases, partículas ou componentes noci-vos ao ecossistema, gerando uma imagem antipática à comunidade na qual se encontra inserida. Seção 3 Manutenção preventiva Esse tipo de manutenção se ba-seia na prevenção de defeitos que possam originar a parada ou o bai-xo rendimento dos equipamentos em operação. É feita, basicamen-te, levando-se em consideração a análise de: ▪▪ estudos estatísticos; ▪▪ estado do equipamento; ▪▪ local de instalação; ▪▪ dados fornecidos pelo fa-bricante (condições ótimas de funcionamento, pontos e periodi-cidade de lubrificação, etc.) Nos estudos estatísticos, são considerados todos os históricos levantados do equipamento, com base em indicadores de manuten-ção que serão vistos mais adiante. Exemplos desses indicadores são o TMEF apresentado pelo equi-pamento para que determinada peça entre em colapso ou perca seu rendimento ideal e aceitável. Aqui entra também a possibili-dade de se utilizar a ferramenta CEP para se realizar a análise dos dados coletados no equipamento, para se determinar se os compo-nentes estão trabalhando dentro de um regime aceitável de tole-rância de variação de rendimento. O estado do equipamento baseia-se na consideração de vá-rios aspectos visuais e em infor-mações obtidas durante a vida de funcionamento da máquina. As condições gerais apresentadas pelo equipamento vão determinar maior ou menor atenção no mo-mento das paradas para as verifi-cações de rotina. O local da instalação é um dos principais fatores a serem con-siderados quando da utilização dessa metodologia de manuten-ção, vistas as condições externas ao funcionamento. A temperatura do local da instalação e os conta-minantes, como poeira, umidade, gases tóxicos (ácidos ou básicos), determinarão o nível de insalubri-dade do ambiente e interferem de forma direta na definição da vida útil de utilização dos equipamen-tos. Exemplos bastante comuns são os equipamentos que trabalham numa linha de fiação da indústria têxtil. As felpas em suspensão no ambiente podem acarretar um acúmulo de poeira nos sistemas de refrigeração de motores e pro-vocar o superaquecimento destes, diminuindo, em muito, a vida útil dos rotores, além de contaminar as graxas de lubrificação de man-cais e rolamentos. Podem ocasio-nar também queda de rendimento significativa no funcionamento dos motores pelo esforço adicio-nal necessário para a movimenta-ção dos eixos de transmissão. Finalmente, e talvez a informação de maior importância, os dados fornecidos pelo fabricante são invariavelmente o ponto de parti-da para se estabelecer o primeiro ciclo de manutenção preventiva no equipamento. TMEF: Tempo médio entre falhas. CEP: Controle estatístico do processo. Dados fornecidos pelo fa-bricante: Condições ótimas de funcionamento, pontos e periodicidade de lubrifica-ção, etc.
  • 27. MANUTENÇÃO MECÂNICA 27 As informações são importantes para, em conjunto com outras informações de instalação e de dados estatísticos de equipamen-tos semelhantes, determinarem o tempo, os tipos de materiais a serem aplicados, bem como os custos envolvidos nessa operação. Alguns fatores devem ser levados em consideração para se determi-nar a adoção desse tipo de ma-nutenção. Dentre eles, podemos destacar os seguintes: ▪▪ a possibilidade da implementa-ção de uma sistemática de manu-tenção preditiva se mostra muito onerosa em relação aos benefí-cios trazidos, não justificando tal investimento pelo posicionamen-to estratégico do equipamento na produção; ▪▪ os aspectos relacionados à se-gurança pessoal ou da instalação tornam obrigatória a intervenção, normalmente para substituição de componentes; ▪▪ a necessidade de se programar a retirada de produção de equi-pamentos que vitais ao processo, mas que não justificam a adoção da sistemática preditiva, e que não podem ser utilizados de forma a adotar uma sistemática de manutenção corretiva; ▪▪ os riscos de agressão ao meio ambiente por problemas no ajus-te e na regulagem do equipamen-to que fazem com que este emita poluentes de forma indesejada, gerando, além dos danos ambien-tais, danos à imagem da empresa junto à comunidade onde está inserida e aos seus clientes; ▪▪ em sistemas complexos ou de operação contínua, em que as paradas devem ser rigorosamente programadas por utilizarem sis-temas que exigem muito tempo para colocar fora de operação os sistemas e para religá-los. As principais vantagens da ado-ção de uma sistemática de manu-tenção preventiva são: ▪▪ a mínima intervenção correti-va, porque as paradas programa-das diminuem consideravelmente os riscos de quebras inesperadas e imprevistas; ▪▪ a possibilidade de planejamen-to das paradas para momentos oportunos, evitando que nos mo-mentos de maior necessidade do equipamento ele se torne indis-ponível por quebras indesejadas; ▪▪ o aumento da taxa de utiliza-ção do sistema de produção devi-do à possibilidade da otimização do uso do equipamento pela vantagem de se saber quando ele estará disponível para a produção e pela redução da necessidade de paradas para manutenções corretivas. Alguns pontos negativos, porém, devem ser levados em considera-ção quando da adoção da siste-mática da manutenção preventiva. Dentre eles podemos destacar: ▪▪ falha humana, pois as inter-venções e verificações serão mais constantes e a utilização de mão de obra inadequadamente preparada pode acarretar ajus-tes errados que podem causar desgastes prematuros e quebras indesejadas; ▪▪ falha de sobressalentes, prin-cipalmente quando se utilizam peças de reposição diferentes do original recomendado pelo fabricante; ▪▪ contaminações introduzidas no sistema de lubrificação pelo Sistemas complexos: Exem-plo típico desses tipos de sis-temas são as siderúrgicas e as indústrias petroquímicas.
  • 28. 28 CURSOS TÉCNICOS SENAI manejo inadequado de produtos e do óleo, permitindo a inserção de contaminantes; ▪▪ danos durante as partidas e paradas dos equipamentos; ▪▪ falhas dos procedimentos de manutenção devido à elaboração por pessoal despreparado ou pela utilização por pessoal que não siga rigorosamente as instruções contidas nesses procedimentos. As condições básicas para a ado-ção de uma sistemática de manu-tenção preventiva devem levar em consideração se o equipamento permite algum tipo de monitora-mento e se a avaliação custo-be-nefício é favorável à adoção de tal sistemática. Outro aspecto impor-tante a ser considerado é a pos-sibilidade de se realizar a análise das falhas que permita rastrear as causas originais, dando condições adequadas de elimina-las e de se adotar ações corretivas que eli-minem definitivamente eventuais problemas através do estabeleci-mento de programa de acompa-nhamento, análise e diagnósti-co sistematizado. Seção 4 Manutenção preditiva A manutenção preditiva é o tipo de manutenção que é realizada levando-se em consideração as modificações encontradas na con-dição e no desempenho do equi-pamento, cujo acompanhamento no tempo obedece a parâmetros de aceitabilidade previamente es-tabelecidos. É considerada uma grande evo-lução e uma quebra de paradigma na manutenção por levar em con-sideração o estado real do equi-pamento para prevenir as falhas e atuar na troca ou no ajuste, per-mitindo a operação contínua do equipamento pelo maior tempo possível. A manutenção preditiva está li-gada ao conceito de predição da ocorrência de um fato ou falha no equipamento. Ou seja, esse tipo de sistemática de manuten-ção privilegia a maximização da disponibilidade do equipamento à medida que não promove a inter-venção visto que o monitoramen-to e as medições são efetuadas com o equipamento em operação. A monitoração e os procedimen-tos determinados em consequên-cia dessa monitoração são uma das formas mais eficientes e mais baratas de estratégia de manuten-ção em unidades industriais nas quais o custo da falha gera prejuí-zos e perdas consideráveis. As condições básicas para a ado-ção de uma sistemática de manu-tenção preditiva passam pelos se-guintes pontos: ▪▪ o equipamento ou sistema deve aceitar algum tipo de mo-nitoramento a custos aceitáveis e com tecnologia acessível e de fácil utilização; ▪▪ o equipamento deve ser consi-derado estratégico a tal ponto de compensar os custos-benefícios envolvidos; Programa de acompanha-mento, análise e diagnósti-co sistematizado.: Emprego de mão de obra qualificada em análise e formulação de diagnósticos e de resolução de problemas.
  • 29. MANUTENÇÃO MECÂNICA 29 Seção 5 Manutenção detectiva São geralmente dispositivos ou sistemas integrados de proteção que detectam automaticamente falhas imperceptíveis ao operador e ao mantenedor. Um exemplo clássico é o circuito que comanda a entrada em fun-cionamento de um gerador de hospital. Se houver falta de ener-gia e o circuito tiver uma falha, o gerador não entrará em funciona-mento. Este tipo de falha é inad-missível, visto que vidas depen-dem do perfeito funcionamento desse sistema. A identificação de falhas ocultas é primordial para garantir a confiabilidade. Em sis-temas complexos, essas ações só podem ser operacionalizadas por pessoal especializado e devida-mente treinado. A principal diferença entre esse tipo de sistema e o sistema de ma-nutenção preditiva é que o nível de permissão de atuação automa-tizado deve ser elevado, permitin-do ao usuário leituras constantes e em tempo real da situação dos sistemas. Ou seja, enquanto que na manutenção preditiva os dados são colhidos e analisados após o acontecimento, na manutenção detectiva são lidos em tempo real, apresentando o comportamento do sistema no momento em que ele ocorre, possibilitando corrigir o problema assim que ele é detec-tado. A manutenção detectiva caminha junto com a evolução de equipa-mentos, instrumentos e automati-zação dessas máquinas no âmbi-to industrial, criando sistemas de monitoramento individuais e in-terligados, utilizados para assegu-rar a integridade da máquina, do operador e do ambiente, forçando cada vez mais a garantirem a con-fiabilidade e segurança do sistema e da unidade industrial. Vale salientar que esses sistemas de monitoramento são independentes e têm por finalidade garantir que o sistema não venha a ter falhas du-rante o processo. Segundo Kardec e Nassif (2006, p. 45), para escolher qual o tipo de manutenção será utilizada, a deci-são será focada na confiabilidade. Para a adoção de um sistema de manutenção detectiva, devem ser levadas em consideração certas particularidades que assim eles descrevem: ▪▪ as falhas devem poder ser mo-nitoradas, avaliadas e mensuradas de maneira correta e fidedigna; ▪▪ as equipes envolvidas em tal sistemática devem ter capacidade de montar uma sistemática de acompanhamento, análise e diag-nóstico sistematizado das falhas. Ao se analisar a viabilidade da ado-ção de um sistema de manutenção preditiva, devem-se levar em con-sideração os aspectos de segu-rança pessoal e operacional, visto que a falta de um monitoramento do estado do equipamento pode acarretar sérios danos à saúde do pessoal envolvido, bem como longos períodos do equipamento fora de produção. Além disso, o acompanhamento constante das condições do equipamento deve levar em consideração a redu-ção dos custos, evitando paradas desnecessárias, e que é o grande diferencial entre esse tipo de sis-temática de manutenção e o de manutenção preventiva. Um dos grandes fatores da análise é tam-bém a possibilidade de maximi-zação do tempo de equipamento em operação sem paradas para in-tervenções, o que aumenta signi-ficativamente a produtividade do equipamento. Um fator extremamente im-portante para a adoção desse tipo de manutenção é que o pessoal envolvido na opera-ção deve ser muito bem trei-nado em análise, diagnóstico e solução de problemas. A análise dos dados coletados é fator essencial para o bom funcionamento deste tipo de sistema.
  • 30. [...] Os sistemas de trip ou shut-down são a última fron-teira entre a integridade e a falha. Graças a eles as máqui-nas, equipamentos, instalações e até mesmo plantas inteiras estão protegidos contra falhas e suas consequências meno-res, maiores ou catastróficas; Esses sistemas são proje-tados para atuar automa-ticamente na iminência de desvios que possam compro-meter as máquinas, a produ-ção, a segurança no seu aspec-to global ou o meio ambiente; Os componentes dos sistemas de trip ou shut-down, como qualquer componente, tam-bém apresentam falhas e es-tas podem acarretar em dois tipos de situação, quais sejam: o sistema não atua ou atua de forma indevida. Em ambos, os problemas gerados podem ser de efeitos indesejáveis (KAR-DEC E NASSIF, 2006, p. 45). Nesse tipo de manutenção, o grande diferencial está na capa-cidade de verificação do sistema sem retirá-lo de operação, pela sua capacidade de detectar e iden-tificar a falha oculta no sistema e possibilitar a sua correção man-tendo o equipamento ainda em pleno funcionamento. Seção 6 Administração da ma-nutenção A manutenção industrial tem sido vista cada vez mais, nas indústrias de ponta ou nos grandes conglo-merados industriais, como estraté-gica e um pilar fundamental para a competitividade das organiza-ções. 30 CURSOS TÉCNICOS SENAI Na cadeia produtiva é fator de confiabilidade e de melhorias na produtividade, cumprindo sua função de confiabilidade, manten-do as condições ideais dos equipa-mentos, modernizando e/ou oti-mizando as instalações industriais. Assim, a gestão ou administração da manutenção passa a ser foco de destaque das empresas, refle-tindo nas estruturas hierárquicas, em que há uma variação enorme na forma ou tipo de manutenção a se inserir. De qualquer maneira, cada vez mais a hierarquia fica menos im-portante e a manutenção deve ser flexível e veloz o bastante para atender às exigências a que está submetida. Para uma administra-ção eficaz, velocidade e flexibili-dade são palavras-chave, para uma gestão focada em resultados. A manutenção deve refletir na maneira de sua gestão a visão dos resultados finais do negócio em que está inserida, não sendo um fim em si mesmos, ou seja, suas prioridades são as prioridades do negócio para o qual ela trabalha. O primeiro ponto que deve ser enfatizado é a gestão do princi-pal ativo de qualquer empresa ou área de trabalho, que são as pessoas que formam o time da manutenção e que produzem os resultados auferidos pela empre-sa. Essas equipes devem estar ali-nhadas com a visão e os conceitos de administração da manutenção e deverão ser os grandes pratican-tes no dia a dia de uma filosofia moderna de manutenção. Todo o processo de desenvolvi-mento das pessoas, desde a corre-ta seleção, passando pelo consis-tente programa de treinamento e desenvolvimento, gerando opor-tunidades de carreiras, cresci-mento profissional e a geração de um clima de trabalho harmônico, deve ser o primeiro foco de um gerente de manutenção. DICA Portanto, equipe motivada, bem treinada, valorizada e conhecedora de sua missão gera resultados de alto de-sempenho. O segundo aspecto é o desenvol-vimento de um modelo de gestão, compreendendo o processo de planejar, programar, executar e controlar o desempenho, no qual esteja clara, e seja do conhecimen-to de todos, a forma como o de-sempenho será medido e avaliado. DICA Uma estrutura de relaciona-mento flexível e fácil, sem barreiras administrativas, dará sustentação a um mo-derno modelo de gestão com alto desempenho e assertivi-dade. A gestão do desempenho, no caso da manutenção, é formada basica-mente por um ciclo que pode ser: ▪▪ virtuoso; ▪▪ vicioso.
  • 31. MANUTENÇÃO MECÂNICA 31 No ciclo virtuoso: ▪▪ cada pilar gera um resultado positivo crescente que se fecha de tal forma que existe uma influ-ência em cadeia, gerando uma melhoria crescente nos demais índices e assim por diante; ▪▪ uma manutenção que possua forte pilar de planejamento e programação gera boas condi-ções para se fazer a intervenção com qualidade, garantindo menor nível de intervenções não progra-madas, reduzindo a ocorrência de horas extras e liberando a equipe para fazer melhor planejamento e programação, reforçando nova-mente o ciclo. No ciclo vicioso: ▪▪ são necessárias estruturas grandes, para atender grandes manutenções não planejadas, aumentando os custos em todos os sentidos; ▪▪ deve-se ter em mente que os índices são consequência de uma boa política de manutenção e a base para a obtenção de resulta-dos consistentes é possuir uma equipe motivada e uma direção clara em termos de estratégia geral para a busca de resultados duradouros. Seção 7 Planejamento e Pro-gramação da Manuten-ção (PCM) O processo de planejamento é de fundamental valor para lograr êxito e atingir metas propostas de forma estruturada e segura, garantindo o melhor aproveita-mento dos recursos nas melhores condições possíveis. A qualidade do planejamento pode variar bastante e disso de-pende do que se busca em termos de resultado e da competência das pessoas que estão desenvolvendo essa ferramenta. Em toda boa estratégia de manu-tenção, o custo e a qualidade são objetivos primordiais a serem al-cançados nos melhores padrões. Quando se fala em manutenção de classe mundial, esses objeti-vos se somam a: baixo número de horas extras, zero acidentes e au-sência de impactos ambientais nas instalações. Para a otimização dos custos e a elevação do padrão de performance da manutenção, temos de pensar em um sistema de manutenção es-pecífico para cada instalação. Qualquer planta industrial pos-sui uma necessidade própria com características muito particulares e, portanto, exige uma estratégia inteiramente específica para cada caso. Para cumprir seus objetivos, é necessário montar uma estraté-gia com base em suas necessida-des de confiabilidade, porém, para cada estratégia, existe uma con-junção onde se encontra o melhor (ou menor) custo da manutenção. Esse ponto denominamos de ponto ideal de manutenção. Devemos, com o planejamento, garantir a eficiência da gestão da mão de obra, da gestão dos ser-viços terceirizados, do foco dos equipamentos que representam os maiores custos de manutenção, objetivando o nível ótimo de cus-tos, agregado a uma visão de con-fiabilidade, segurança, meio am-biente e atendimento ao cliente. O planejamento deve ser a lo-comotiva que puxa, com seu esforço, todos os recursos ao melhor ponto para o melhor desempenho da manutenção e, consequentemente, do ne-gócio. Os objetivos gerais do planeja-mento da manutenção passam necessariamente pelos seguintes pontos, que são fundamentais para o sucesso da implantação: a. redução/otimização de custos; b. eficiência do uso da mão de obra e otimização dos tempos de execução; c. revisão contínua do sistema de manutenção (reduzir/eliminar ou aumentar a necessidade de fazer manutenção); d. garantia da confiabilidade; e. redução de estoques de manu-tenção e peças reservas; f. excelência das práticas de qua-lidade, saúde, segurança e meio ambiente; g. busca constante de padrões de classe mundial. Para um bom planejamento da manutenção é necessário que a equipe, ou as pessoas responsá-veis pela implementação e opera-cionalização do sistema/progra-ma de manutenção, efetue várias atividades iniciais e de acompa-nhamento contínuo que envolve:
  • 32. a. planejamento das atividades; b. planejamento de tempos e movimentos; c. planejamento de custos/orçamentos; d. planejamento de pessoal; e. planejamento de recursos de apoio; f. planejamento de serviços externos; g. criação e desenvolvimento de procedimentos operacionais de alta qualidade; h. engenharia de manutenção. Esses planejamentos, quando bem efetuados, subsidiam os administra-dores de forma efetiva para analisar a viabilidade e a importância de se manter sistemas de manutenção em vigor dentro das empresas. A título de informação, vamos nos ater ao planejamento de custos/orça-mentos e fazer algumas considerações. Os custos de manutenção podem ser divididos em três grandes famílias: custos diretos, custos de perda de produção e custos indiretos. 32 CURSOS TÉCNICOS SENAI
  • 33. MANUTENÇÃO MECÂNICA 33 ▪▪ Custos Diretos – Como o próprio nome já diz, é aquele que reflete diretamente sobre a funcionalidade dos equipamentos. Inclui gastos com peças de reposição, manutenção, mão de obra, etc. ▪▪ Custos de Perda de Produção – Causados pela parada da má-quina. Máquina parada não produz e, geralmente, o custo é de hora máquina. ▪▪ Custos Indiretos – Geralmente incluídos pela área de apoio como a administrativa e a tecnológica. Exemplo: gastos com análise de defei-to ou melhorias no sistema. Podemos concluir, então, que para termos uma indústria ou produto competitivo no mercado temos de ter um planejamento adequado e de-talhado da manutenção, considerando-a área estratégica da empresa. Visto tudo isso, que tal agora conhecermos as técnicas de desmontagem e montagem de acessórios e equipamentos? Vamos juntos!
  • 34. Unidade de estudo 3 Seções de estudo Seção 1 – Cuidados preliminares Seção 2 – Etapas para desmontagem de conjuntos mecânicos Seção 3 – Etapas para montagem de conjuntos mecânicos
  • 35. Técnicas de Desmontagem e Monta-gem de Acessórios e Equipamentos MANUTENÇÃO MECÂNICA 35 Seção 1 Cuidados preliminares Primeiramente temos de ter em mente que qualquer máquina ou equipamento instalado correta-mente e funcionando conforme as recomendações do fabricante, como pontos de lubrificação, uso de lubrificante recomendado, ma-nutenções e revisões periódicas sempre em dia, é capaz de fun-cionar bem por um longo perío-do, sem a necessidade de grandes intervenções. Temos de considerar, porém, que qualquer máquina ou equipamen-to está sujeito a quebras. E ao ocorrer essas paradas teremos de efetuar a desmontagem a fim de realizar a manutenção. Para isto, devemos seguir um cronograma de análise do problema antes de iniciar a desmontagem propria-mente. Deverá ser baseada nos seguintes pontos: ▪▪ primeiro, pelo relato do operador, então pelo histórico da máquina tipo de operação que estava sendo efetuada pela máquina. ▪▪ na observação dos instrumen-tos de controle da própria máqui-na ou realizar teste na máquina para verificar a real importância da desmontagem. Ex.: 1-Verificar se a rotação do motor está dentro da normalidade com um tacógrafo. 2- Utilizar o manômetro para ve-rificar se a pressão da rede de ar-comprimido está dentro das espe-cificações técnicas do fabricante. 3- Através do multímetro, verifi-car se a tensão da rede de abaste-cimento da máquina está correta. Verificando que realmente é ne-cessária a desmontagem, o man-tenedor deverá obedecer a uma sequência de procedimentos que irão garantir sua saúde e seu tra-balho: ▪▪ primeira providência: desligar a fonte de energia e circuitos elétricos em geral. Observação – Colocar uma placa avisando o motivo do desligamento (EM MANU-TENÇÃO) ou uma trava para que não haja o risco de reli-gamento da energia evita aci-dentes. ▪▪ consultar o manual técnico da máquina, a fim de identificar as peças, a correta remoção delas e conseguir uma boa visualização das peças inacessíveis. ▪▪ remover as carenagens, como: proteções externas e acessórios. ▪▪ efetuar a limpeza da máquina com pincéis, estopas, desengra-xantes, etc. Deixar a máquina limpa, sem possíveis contami-nantes, como areia, barro, graxas contaminadas com partículas sólidas, cavacos de metal, etc. ▪▪ retirar os fluidos, óleo de caixas, líquido de arrefecimento, etc., evitando assim acidentes, como o derramamento de óleo no piso ou em circuitos elétricos. ▪▪ remover a fiação elétrica e seus circuitos melhora a limpe-za. Devem ser levados ao setor de manutenção elétrica a fim de serem testados. ▪▪ remover mangueiras, manípu-los, volantes, alavancas e man-gueiras. ▪▪ colocar calços apropriados em peças pesadas que possam se soltar ou danificar outras peças. Desse modo você evita inconve-nientes como empenamento de eixos, por estarem ainda fixos a essas peças, e acidentes. Obedecida essa sequência, o man-tenedor deverá prosseguir a opera-ção de desmontagem.
  • 36. 36 CURSOS TÉCNICOS SENAI Seção 2 Etapas para desmon-tagem de conjuntos mecânicos ▪▪ Retirada dos parafusos. Para parafusos travados, deve-se colocar óleo desoxidante. Esse micro-óleo penetra entre a rosca e o parafuso atuando sobre a fer-rugem. Não sendo suficiente para soltar o parafuso, o mantenedor pode aquecer o parafuso a fim de queimar alguma cola que, por ventura, esteja inserida na rosca. Usa-se normalmente uma chama oxiacetilênica ou um maçarico a gás GLP. ▪▪ Procure saber no manual do equipamento a sequência de aberto dos parafusos. Para soltá-los, é só seguir a sequência contrária. Observação – Mui-tos manuais trazem somente a sequência de aberto e torque dos parafusos. Verifique a posição e o local dos componentes da máquina antes de desmontar. Se não possuir o manual com foto ou sequência, fazer um croqui ou tirar uma foto da parte da máquina a ser des-montada. ▪▪ Retirar as peças e colocá-las de forma ordenada sobre a bancada facilita a montagem. ▪▪ Efetuar marcações que re-gistrem informações úteis para posterior montagem; ▪▪ Retirar sobras de cola, junta ou outros elementos de vedação do conjunto desmontado, dei-xando as superfícies de contato bem limpas, sem poeira, óleo ou resíduos da junta antiga. Caso isso não seja feito poderá haver vazamento após a montagem. ▪▪ Retirar a graxa ou sujeira Croqui: Esboço. das peças, deixando-as limpas, utilizando para isso a máquina de lavar peça com produtos desen-graxantes e pincel. Esse procedi-mento é muito importante para verificar possíveis defeitos ou falhas. Procedimentos para a cor-reta lavagem das peças ▪▪ Sempre que utilizar a máquina de lavar peça, utilizar os E.P.I. obrigatórios, que são os seguin-tes: óculos de proteção e luvas. ▪▪ Colocar as peças na máquina de lavar, utilizando desengraxan-tes específicos para a limpeza de peças, evitando o uso de gasoli-na, solventes, álcool automotivo ou diesel, pois esses produtos podem causar irritações e até doenças de pele. ▪▪ Utilizar pincel de cerdas duras para auxiliar a limpeza e no esgui-cho fazer a lavagem final. ▪▪ Secagem das peças. Retirar as peças da máquina e, por alguns minutos, deixá-los escorrer em um recipiente limpo. Usar ar-comprimido para terminar a secagem das peças Cuidados ao utilizar o ar-comprimido na secagem das peças ▪▪ Utilizar pressão baixa, em torno de 4 bar. ▪▪ Utilizar sempre óculos de proteção. ▪▪ Não usar o jato de ar-compri-mido no corpo, pode provocar a entrada de pequenas partículas nos poros da pele; ▪▪ Após a limpeza, resguardar (proteger) conjuntos mecânicos expostos, conexões, aberturas para lubrificação, etc.;
  • 37. MANUTENÇÃO MECÂNICA 37 ▪▪ Separação das peças em lotes, conforme o estado em que se en-contram. Essa separação se dará conforme o grau de reaproveita-mento da peça. Exemplo: 1. peças reaproveitáveis, que não possuem defeitos; 2. peças com defeito com possi-bilidade de recuperação; 3. peças com defeito sem possibi-lidade de reaproveitamento; 4. peças que deverão ser analisa-das no laboratório. Normalmente as máquinas ou equipamentos possuem manuais técnicos informando: a sua devida utilização, o modo de instalação, os circuitos elétricos, hidráulicos e pneumáticos, fotos ou desenhos de peças e conjuntos, sequência de montagem, plano de lubrifica-ção, plano de manutenção e espe-cificações técnicas. Pode acontecer, também – até de-mais da conta –, falta de manual ou manual incompleto, de inter-pretação difícil, escrito em língua estrangeira, adverso à compreen-são do operador ou mantenedor. Muitas vezes isso acontece por se tratar de maquinário antigo ou por falta de conhecimento do pessoal da área de compras das leis do co-mércio internacional que obriga o fabricante de qualquer máquina ou equipamento a fornecer o ma-nual com todas as informações na língua do comprador, isto na hora da compra do equipamento novo. Falta então um pouco de cons-cientização e cobrança pelo com-prador na hora da compra deste item tão importante para o pesso-al da manutenção e da produção. Com os conjuntos mecânicos já Montagem não seria-da Após a conclusão das etapas de desmontagem e limpeza das pe-ças, o passo seguinte é a monta-gem das peças e dos conjuntos. O principal objetivo é restabelecer a funcionalidade da máquina ou equipamento, lembrando que o mantenedor é o principal respon-sável pelo perfeito desempenho da máquina após a montagem, devendo ele ter atenção redobra-da nesse momento, focando sua atenção: ▪▪ na sequência correta das pe-ças, acompanhando pelo manual técnico a ordem de montagem na seção de desenhos de conjunto; ▪▪ na verificação da qualidade das peças novas ou recuperadas a serem utilizadas, principalmente o dimensional; ▪▪ na verificação da limpeza das peças e do local da montagem; ▪▪ no exame de todas as peças antes da montagem, verificando suas posições nos conjuntos a serem montados; ▪▪ na verificação de marcações ou referências que ajudem a loca-lizar o lado correto das peças que serão montadas, tendo o cuidado de não inverter a posição da peça; ▪▪ em efetuar teste de funcio-namento dos subconjuntos e conjuntos, de acordo com o andamento da montagem, verifi-cando o perfeito funcionamento das partes. A nossa discussão, agora, tem como foco o estudo das ferra-mentas e dos dispositivos para a execução da manutenção. Conti-nue antenado! desmontados e com as peças lim-pas e separadas conforme o grau de defeito, inicia-se a etapa de re-cuperação das peças que têm pos-sibilidade de recuperação e substi-tuição de peças ou conjuntos. Itens a serem verificados antes da montagem ▪▪ ajuste e usinagem de novas peças ou parte delas; ▪▪ recuperação de roscas exter-nas ou internas; ▪▪ troca de elementos de fixação danificados; ▪▪ substituição de peças ou conjuntos sem condições de utilização; ▪▪ verificação da limpeza das peças; ▪▪ aplicação de uma fina cama-da de óleo nas peças antes da montagem; Seção 3 Etapas para montagem de conjuntos mecânicos Existem dois tipos de montagem no ambiente industrial. 1. Montagem em série – Uti-lizada nas indústrias em que ocorre a montagem seriada de peças em conjuntos mecâni-cos. 2. Montagem não seriada – É a montagem realizada na ban-cada, peça a peça, feita pelo mantenedor. É a que vamos abordar neste capítulo.
  • 38. Unidade de estudo 4 Seções de estudo Seção 1 – Introdução Seção 2 – Ferramentas de encaixe externo Seção 3 – Ferramentas de encaixe interno Seção 4 – Alicates Seção 5 – Ferramentas especiais Seção 6 – Recomendações finais
  • 39. Ferramentas e Dispositivos para Execução da Manutenção MANUTENÇÃO MECÂNICA 39 Seção 1 Introdução Vimos até o momento alguns conceitos básicos de manutenção e também os diferentes tipos de manutenção que existem e que podem ser aplicados na empresa. Além disso, vimos também que, dependendo da necessidade da empresa, um sistema de manu-tenção pode e deve inserir vários tipos de manutenção em seu pla-nejamento. Outro fator importante que foi abordado, e que veremos com mais detalhes na unidade de estu-do referente à construção de um plano mestre de manutenção, é a necessidade de se realizar o plane-jamento detalhado do sistema de manutenção a ser implementado na organização, que se refletirá de forma direta nos custos envolvi-dos na operação do processo. A partir de agora, antes de en-trar nos tipos de manutenção e de componentes de manutenção, devemos conhecer algumas das ferramentas mais utilizadas no desenvolvimento da manutenção. DICA É importante você pedir ao professor que mostre essas ferramentas e que o deixe praticar um pouco com al-gumas delas a fim de se fa-miliarizar com seu manuseio e cuidados na sua utilização, conservação e guarda. Seção 2 Ferramentas de encaixe externo É comum na manutenção o uso de ferramentas para aperto e de-saperto. Normalmente utilizadas em porcas e parafusos, suas medi-das são padronizadas. Observação – Todo parafuso ou porca ao ser produzido segue uma norma internacio-nal de construção. Para tanto, também as ferramentas se-guem essa padronização. O bom mantenedor deve saber que para retirar ou colocar um parafuso com medidas em pole-gadas deverá utilizar uma ferra-menta também com medidas em polegadas, evitando com isso o espanamento da cabeça do para-fuso. O uso correto das ferramentas assegura seu longo e perfeito fun-cionamento e também dos ele-mentos de fixação nos quais serão utilizadas. Modo adequado de utilização e armazenamento das ferramentas ▪▪ Ao utilizar uma ferramenta de encaixe, deve-se observar se realmente esta encaixou perfeita-mente até o fundo e perpendicu-larmente ao parafuso. ▪▪ Para facilitar a retirada de um parafuso, deve-se utilizar toda a extensão da ferramenta a fim de aproveitar ao máximo o torque que o cabo da ferramenta pode produzir, sem o uso de prolon-gadores. ▪▪ Toda ferramenta é produzida de acordo com sua utilização, não devendo o usuário utilizar artifícios para prolongar o cabo a fim de aumentar a força (torque). Esse tipo de procedimento pode acarretar danos às ferramentas, à peça e pôr em risco a segurança do mecânico. ▪▪ Toda a ferramenta danificada deverá ser descartada, a fim de não provocar acidentes. ▪▪ É dever do mecânico, deixar a caixa de ferramentas limpa e or-ganizada. Ao finalizar um serviço, deverá limpar suas ferramentas e guardá-las.
  • 40. Tipos de ferramentas de encaixe externo Chave de boca fixa Tem como finalidade o aperto e o afrouxamento de parafusos e porcas com geometria definida (perfil sextavado ou quadrado). Sua principal característica é a rapidez com que é feito o encaixe. Não é aconselhado seu uso em locais em que é necessário um maior esforço. Figura 5 – Chave fixa Fonte: Penteado (1997). Chave estrela Utilizada em porcas e parafusos que necessitam de um esforço maior no aperto ou na retirada. Por ser totalmente fechada garante uma distri-buição mais equilibrada da força envolvida, concentrando o esforço em um ponto central. Muitas vezes é utilizada em conjunto com a chave de boca, para dar o aperto final ou no começo da retirada. Apresenta uma grande variedade de tipos e aplicações. Figura 6 – Chave estrela Fonte: Penteado (1997). 40 CURSOS TÉCNICOS SENAI Chave combinada Combina a chave de boca fixa com a chave estrela. É a chave ideal para o mecânico, pois a mes-ma ferramenta propicia a rapidez do encaixe da chave de boca e a segurança da chave estrela para situações que necessitem mais força.
  • 41. MANUTENÇÃO MECÂNICA 41 Figura 7 – Chave combinada Fonte: Penteado (1997). Chave de bater Em situações que necessitem o emprego de mais força para a retirada ou o aperto de porcas ou parafusos, deve-se utilizar equipamentos mais robustos como as chaves de bater. Especialmente projetada para levar pancadas na extremidade do cabo reforçado, esta chaves é usada em conjunto com martelos ou marretas. Figura 8 – Chave de bater Fonte: Penteado (1997). Soquetes Vendidos separadamente ou em conjunto, se tornou uma ferramenta muito versátil. Apresenta uma vasta lista de acessórios que a tornam prá-tica, conforme a necessidade de profundidade, perfil, força, mobilidade e encaixe. Adapta-se facilmente a máquinas elétricas ou pneumáticas e manuais como, manivelas, prolongadores, torquímetros, catracas e jun-tas universais. Na linha profissional, em que se encontram as máquinas elétricas e pneumática, deve-se utilizar so-quetes específicos para altas ro-tações e impactos causados por essas máquinas. Os soquetes de impacto são os ideais para essas situações por apresentarem uma geometria perfeita (concentrici-dade), que evitam vibrações, e paredes reforçadas, que garantem segurança contra os esforços tan-genciais.
  • 42. Figura 9 – Soquetes, catracas e extensores Fonte: Penteado (1997). Chave tipo biela Também conhecida como chave L, pode ser maciça, com dois lados sextavados, ou com um lado com furo passante, permitindo a saída de parafusos com comprimento maior. Muito utilizada em parafusos e por-cas alojadas em rebaixos. Figura 10 – Chave tipo biela Fonte: Ferramentas... (2010). Chave de boca ajustável A chave de boca de encaixe externo ajustável tem a boca ajustável con-forme a medida da cabeça do parafuso ou da porca. É conhecida tam-bém como chave inglesa. É fornecida em diversos tipos e tamanhos. 42 CURSOS TÉCNICOS SENAI Figura 11 – Chave de boca ajustável Fonte: Penteado (1997). Chave para tubos e canos (Griff) Como o próprio nome diz, é utili-zada para aperto ou afrouxamen-to de tubos de flanges em sistemas hidráulicos. Conhecida também pelo nome de chave Griff. É uma ferramenta projetada para realizar serviços em peças com geometria circular, como tubula-ções. Por esse motivo não deve-mos utilizar essa ferramenta em porcas ou parafusos com geome-tria sextava ou quadrada. Figura 12 – Chave para tubos Fonte: Ferramentas... (2010).
  • 43. MANUTENÇÃO MECÂNICA 43 Figura 13 – Modo de utilização da chave para tubos Fonte: Ferramentas... (2010). Seção 3 Ferramentas de encaixe interno São utilizadas em parafusos que apresentam na cabeça ou no corpo do parafuso encaixe específico para essas ferramentas. Tipos de ferramentas para encaixe interno Chave hexagonal ou chave Allen O tipo de chave Allen mais conhecido apresenta o perfil do corpo em L, o que possibilita o efeito de alavanca durante o aperto ou desaperto de parafusos. É utilizada em parafusos com encaixe interno sextavado. O encaixe deverá ser perfeito sem folga. Limpe bem o encaixe interno do parafuso, retirando todo e qualquer tipo de sujeira. Uma chave mal encaixada pode escapar e causar um acidente ao mantenedor. Não se esqueça de que para parafuso com bitola em milímetros a chave também deverá ser em milímetros. Exemplo: em parafusos M5, usar uma chave 4 de mm. Em parafusos com bitola em polegadas, a chave também deverá ser em polegadas. Exemplo: em parafusos BSW 3/8”, usar uma chave 1/4”. Figura 14 – Chave Allen Fonte: Ferramentas... (2010). Chave de fenda simples e cruzada A chave de fenda é geralmente constituída de um cabo em uma extremidade de uma haste e na outra extremidade uma ponta que pode ser simples ou cruzada. É utilizada para aperto ou desaperto de parafusos que não necessitem de muita força de aperto, como parafusos de fenda simples ou cruzada. Cuidados com as chaves de fen-das ▪▪ Não utilizá-las como talhadei-ra. ▪▪ A ponta da ferramenta deverá ter o mesmo comprimento da fenda da cabeça do parafuso. ▪▪ Não esmerilhar a ponta da chave de fenda para não haver perda das propriedades mecâni-cas do metal por aquecimento. ▪▪ Se houver a necessidade de refazer a ponta da ferramenta proceda conforme a seguinte recomendação:
  • 44. 1. Refaça a geometria da ponta da ferramenta no esmeril. Essa geome-tria deverá ter linhas retas formando um retângulo na ponta. 2. Agora, você deverá fazer um tratamento térmico nessa ponta. Aque-ça a ponta com um maçarico até que atinja a temperatura de 880 °C (coloração vermelho-amarelada), mergulhe a ponta bruscamente no óleo, resfriando-a. 3. A seguir, você deverá fazer o revenimento dessa têmpera. Se não for feito, a ponta torna-se quebradiça. Aqueça novamente a ponta até uma temperatura de 300 °C (cor azulada). Deixe resfriar na tempera-tura ambiente. Figura 15 – Chaves de fenda simples e cruzadas Fonte: Ferramentas... (2010). Chave tipo Torx Chave parecida com a chave Allen, porém com as extremidades diferen-tes. São utilizadas em parafusos tipo Torx. Figura 16 – Extremidade da chave tipo Torx Fonte: Ferramentas... (2010). 44 CURSOS TÉCNICOS SENAI Seção 4 Alicates Ferramenta composta de dois bra-ços unidos por um pino forman-do uma articulação. Na extremi-dade de cada braço encontram-se pontas apropriadas para segurar, dobrar, cortar, etc. Existem várias derivações desse modelo, abrangendo um amplo e diversificado seguimento de fer-ramentas para muitas operações específicas. Alicate universal São os mais conhecidos e usados. São encontrados no mercado em vários tipos e variam principal-mente no acabamento e no for-mato da cabeça e dos braços, que podem ser plastificados ou não.
  • 45. MANUTENÇÃO MECÂNICA 45 Figura 17 – Alicate universal Fonte: Adaptado de Ferramentas... (2010). Alicate de pressão Ferramenta destinada a segurar/prender objetos, tem diversas formas e utilizações como soltar parafusos com o sextavado espanado, segurar chapas para unir com solda em trabalhos leves, sendo utilizada como uma morsa. Figura 18 – Alicate de pressão Fonte: Ferramentas... (2010). Alicates para anéis de segmento interno e externo Ferramenta utilizada na remoção e na colocação de anéis elásticos em eixos, segmento externo ou carcaças (exemplo: sede de rolamento), seg-mento interno. O mantenedor deverá ter muito cuidado ao utilizar esse alicate, pois du-rante a operação de retirada ou colocação dos anéis elásticos vai tracio-nar ou comprimir o anel, o qual poderá se soltar bruscamente, podendo ocasionar um acidente ou a perda do anel. Figura 19 – Alicate para anéis elásticos Fonte: Ferramentas... (2010). Seção 5 Ferramentas especiais Torquímetro Ferramenta utilizada para medir o torque de aperto de parafusos e porcas. Os fabricantes de con-juntos mecânicos informam nos manuais o torque de aperto dos parafusos que necessitam de con-trole na força de aperto de para-fusos ou porcas de travamento. Esse controle evita tensões e de-formações das peças. Existem no mercado diversos ti-pos de torquímetros, com varia-ções de tamanho, capacidade de medição, utilização e unidade de medida. Normalmente os torquí-metros vêm em três tipos de uni-dades de medida: o newton metro (N.m), o quilograma-força metro (kgf.m) e a libra-força polegada (lbf.in).
  • 46. 46 CURSOS TÉCNICOS SENAI Cuidados a serem tomados pelo usuário ▪▪ Nunca desapertar parafusos ou porcas com o torquímetro. ▪▪ Verificar antes de iniciar a operação se o torquímetro tem a capaci-dade de medição. ▪▪ Evitar choques bruscos durante o uso. ▪▪ Depois do uso, guardar o equipamento limpo e em local protegido. Figura 20 – Torquímetro de escala graduada Fonte: Penteado (1997). Figura 21 – Torquímetro com relógio Fonte: Penteado (1997). Figura 22 – Torquímetro de estalo Fonte: Penteado (1997).
  • 47. MANUTENÇÃO MECÂNICA 47 Saca-polias ou extrator São ferramentas utilizadas para a desmontagem de polias, rodas dentadas, rolamentos, engrena-gens de eixos ou carcaças. Para cada tipo de operação existe um tipo de sacador que pode ser in-terno ou externo. Os extratores podem ser defini-dos como, mecânicos, hidráulicos ou pela forma e disposição das garras e utilização. Figura 23 – Saca-polias Fonte: Ferramentas... (2010). Cuidados especiais ▪▪ Lembre-se de que a ferramen-ta é seu instrumento de trabalho. Mantenha-a sempre limpa e em perfeitas condições de uso. ▪▪ Evite acidentes! Sempre que for usar uma ferramenta para apertar ou soltar um parafuso aplique a força sempre em sua direção, nunca ao contrário. ▪▪ Ferramentas danificadas de-vem ser descartadas. Com isso, concluímos mais uma unidade de estudos. Prepare-se agora para conhecer as técnicas de recuperação de peças. Conti-nue conosco!
  • 48. Unidade de estudo 5 Seções de estudo Seção 1 – Análise preliminar Seção 2 – Recuperação de eixos Seção 3 – Recuperação de mancais Seção 4 – Recuperação de engrenagens Seção 5 – Recuperação de roscas
  • 49. Técnicas de Recuperação de Peças MANUTENÇÃO MECÂNICA 49 Seção 1 Análise preliminar Para a recuperação de peças ou componentes de máquinas e equi-pamentos, é necessário que sejam utilizadas técnicas específicas para cada elemento. Porém, de maneira geral, antes de qualquer atuação, deve-se realizar uma análise deta-lhada do tipo de falha. Antes de iniciar a desmontagem, o mecânico deverá analisar com cuidado todo o conjunto mecâni-co para que tenha certeza da real necessidade da desmontagem do conjunto. Essa decisão é muito impor-tante porque, sempre que possível, deve-se evitar a desmontagem de um equipa-mento. Os riscos de ocorrer uma regulagem inadequada após a remontagem são mui-to grandes. Fatores que podem influenciar as decisões a serem tomadas ▪▪ Primeiro: efetuar uma análise de todo conjunto. ▪▪ Segundo: efetuar uma análise individual de cada componente, verificando partes com desgastes. ▪▪ Terceiro: verificar a procedên-cia das avarias. ▪▪ Quarto: verificar a gravidade do desgaste das peças avariadas. ▪▪ Quinto: separar os elementos que serão aproveitados. Depois dessa eliminação de fato-res, com a relação das peças que serão recuperadas em mãos, é feita a recuperação, utilizando-se processos específicos para cada defeito apresentado. Veremos a seguir os procedimentos adequa-dos para cada tipo de defeito e sua solução. Fique antenado! Seção 2 Recuperação de eixos Eixos são elementos de apoio muito solicitados em um conjun-to mecânico, tanto estaticamente como dinamicamente. Conhecer a solicitação do eixo é a primeira coisa a se fazer antes de sua re-cuperação, saber se ele é um eixo fixo que suporta uma carga gi-ratória ou se é um eixo giratório com uma carga fixa. A seguir, veja as recomendações que ajudarão na escolha do pro-cesso mais adequado de recupera-ção de um eixo danificado. ▪▪ Verificação do emprego do eixo, sua real utilização na má-quina. ▪▪ Verificar a RPM do eixo em ordem de trabalho. ▪▪ Verificar se local onde ele se encontra é agressivo. ▪▪ Verificar se há lubrificação e se o sistema é eficiente. Com essas informações coletadas, que dizem respeito às caracterís-ticas de solicitações e do trabalho executado, você pode dar conti-nuidade ao processo de recupera-ção do eixo. A próxima etapa consiste em de-terminar o material que será uti-lizado na recuperação e qual o processo, que poderá ser de duas maneiras: ▪▪ usinando um eixo novo; ou ▪▪ recuperando o eixo danificado.
  • 50. 50 CURSOS TÉCNICOS SENAI Usinando um eixo novo Nas empresas, esse processo é feito, geralmente, pelo pessoal da usinagem, terceirizado ou pelo próprio mecânico. Para tanto, o pessoal da manutenção tem de passar as informações necessárias para a sua confecção. Inicialmente é feito um croqui do eixo, contento suas medidas originais e o tipo de material a ser empregado, seguindo as es-pecificações técnicas do projeto da máquina. Normalmente, eixos sofrem algum tipo de tratamento térmico no processo de sua fabri-cação, portanto, registre também essa informação no croqui, pois ele deverá ser usinado com um sobremetal para permitir o pro-cesso de acabamento após o tra-tamento térmico. Recuperando o eixo danificado Após verificar a possibilidade de recuperação do eixo, que pode ser total ou parcial, dependendo do defeito, utilizam-se basicamente dois tipos ou formas de recupe-ração: ▪▪ por soldagem; ou ▪▪ por deposição metálica. Recuperação de eixo pelo processo de soldagem Inicialmente verifica-se o tipo de solda que será feito. Por exemplo, se for uma trinca (rachadura), ou quebra, ou se for um preenchi-mento em área desgastada. Modo de execução ▪▪ Trinca ou quebra ▪▪ Localizar no eixo a trin-ca, ou a quebra. ▪▪ Limpar a superfície retirando restos de tinta, óleo, água, qualquer tipo de impureza que poderá con-taminar a solda interferindo na sua qualidade. ▪▪ Preparar as juntas em eixos partidos, realizando o chanfro e a limpeza do material fadigado. ▪▪ Caso haja a necessidade de inserção de um pino guia no eixo partido, deverá ser realizada uma pré-usinagem nas duas extremidades onde serão colocados, com uma tolerância dimensional na faixa de H7 e H6. Esse guia deverá ser feito com o mes-mo tipo de material do eixo ou de aço ABNT 1045. ▪▪ Realizar a goivagem no local da trinca ou abrir um pouco mais a largura da trinca com disco de corte e fazer um furo em cada extremidade a fim de evitar o prolongamento da trinca. ▪▪ O processo de soldagem mais adequado para a solda de manutenção é o elétri-co com uso de eletrodo revestido. ▪▪ Escolher o metal de adição, levando em consi-deração que ele deverá ter elevada resistência mecânica e que o metal base (eletro-do) deverá ter características superiores às do eixo. ▪▪ Preparar um dispositi-vo pelo qual o eixo possa girar durante o processo de soldagem. Obs.: depois de ponteados. Usinagem: Torneiro. Mecânico: Ajustador mecâ-nico