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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
              COMUNICAÇÃO SOCIAL




                  HENRIQUE PINHEIRO
                   JÚLIO FILGUEIRAS
                        KEVEN
                     PAULO SERGIO
                  RIVERLAN MACEDO
                    VIRGINIA COSTA




Os estudos da comunicação na América Latina: Teorias da
                      comunicação




                        São Luís
                          2012
                                                          1
HENRIQUE PINHEIRO
                   JÚLIO FILGUEIRAS
                        KELVEN
                     PAULO SERGIO
                  RIVERLAN MACEDO
                    VIRGINIA COSTA




Os estudos da comunicação na América Latina: Teorias da
                       comunicação

                           Trabalho apresentado à disciplina Teorias da Comunicação,
                   para obtenção de nota parcial.

                                                         Professor (a): Flávia Moura




                            São Luís
                             2012

                                                                                  2
Sumário




1. Introdução...........................................................................................................4




2. Os primeiros passos..........................................................................................5



3. Os centros de pesquisa na América Latina .....................................................6




4. Crise econômica e democratização..................................................................10




5. Desafios do novo século.....................................................................................10




6. O culturalismo....................................................................................................11



7. Considerações finais..........................................................................................13



8. Referências.........................................................................................................14




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1. Introdução

        Desde sua gênese, a comunicação social se instaurou como um saber orientado
ao estudo dos meios de comunicação e a influência que exercem na cultura de uma
sociedade. A sociedade moderna se vê cercada pelos mais variados sistemas de
comunicação, desta forma, conhecer e dominar os sistemas de informação e da
comunicação é indispensável no mundo globalizado.
        Logo, para que seja possível ter um domínio sobre as novas tecnologias da
informação, é necessário investigar e conhecer a história do pensamento
comunicacional, bem como a maneira que pesquisadores traçavam seus planos de
estudos.
        Neste trabalho, elaborado em períodos, frisaremos o desenvolvimento dos
estudos de comunicação na América Latina, visto que, mais do que inquietações
científicas, são demandas políticas e sociais que impulsionam a produção de
conhecimento em comunicação latino-americana. No primeiro período discorreremos
acerca das primeiras escolas de estudo comunicacional, marcadas por estudos históricos
e documentais. No segundo serão abordados os principais centros de pesquisa em
comunicação na América Latina. O terceiro é voltado para os aspectos da pesquisa de
comunicação em meio à crise econômica e democratização. No quarto o foco são os
desafios do novo século. Por fim, será traçado um paralelo onde serão discutidas as
influências teóricas das tendências culturalistas.
        Diante disto, ansiamos contribuir para reforço do conhecimento, a quem surtir
interesse a cerca do cenário do estudo em comunicação na América Latina, marcado
pela dependência estrutural norte-americana e européia.




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2. Os primeiros passos

        No final do século XIX e no inicio do XX, a pesquisa na área da comunicação
limitava-se, na América Latina, à documentação descritiva das principais atividades da
imprensa. Foi somente a partir da década de 1930, com a criação dos primeiros cursos
de graduação em Jornalismo e Propaganda, que a atividade começou, lentamente, a
ganhar algum impulso e organização. As primeiras instituições que se implantam
correspondem às demanda sociais emergentes nas empresas jornalísticas, cujo processo
de estruturação industrial reclama profissionais qualificados para o exercício da
comunicação de atualidades.
        Na medida em que a imprensa se renova no continente e as emissoras de
radiodifusão começam a se proliferar, sintonizadas com fluxo desenvolvimentista que se
inicia no pós-guerra, multiplicam-se as instituições dedicadas a formar especialistas
para os meios de comunicação. No início dos anos 50 existiam 13 escolas na América
Latina, localizadas precisamente na Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Equador,
México, Peru e Venezuela. Dez anos depois, esse número havia triplicado, indicando a
presença de escolas em 2/3 dos países da região. Nas duas últimas décadas manteve-se o
mesmo ritmo de crescimento, porém com menor intensidade: a cada década nota-se uma
duplicação do número de instituições. Trata-se, em verdade, de um crescimento
espantoso, que corresponde em parte à extensão do ensino superior no continente, mas
reflete também o impacto gerado pelos processos de comunicação de massa em nossas
sociedades, seduzindo contingentes de jovens que desejam atuar na televisão, na
publicidade, no jornalismo.
        Joaquin Sanchez, presidente da FELAFACS, atribui essa expansão vertiginosa a
dois fatores: o modismo da comunicação e o mercantilismo das entidades universitárias.
“O crescimento acelerado de Faculdades de Comunicação responde basicamente a um
incremento de número de estudantes que terminam o ensino secundário. Isso se volta
contra a Universidade que não tem possibilidade de atender a tantos estudantes, de tal
maneira que se criam faculdades para das oportunidades àqueles que queiram seguir
carreira universitária; também se explica por uma certa moda de estudar a carreira e de
manejar os meios e comunicação, e por um propósito de algumas entidades
universitárias de abrir programas não com um critério acadêmico sério, mas com um afã
comercial de graduar profissionais e de melhorar seu rendimentos.”
        O que realmente deu impulso à pesquisa comunicacional latino-americana,
contudo, foi a dinâmica das transformações históricas que, em meados do século XX,
começavam a redesenhar a organização – mas não a estrutura – da sociedade de
diversos países da América Latina. A partir da Segunda Guerra Mundial, os principais
países do continente passaram por um acelerado processo de industrialização e
urbanização, que levou para as cidades grandes contingentes populacionais oriundos de
uma zona rural pobre, sem tecnologia e completamente marginalizada do sistema
econômico mundial. Ao mesmo tempo em que a sociedade de consumo começava a
tomar forma em centros urbanos como Cidade do México, São Paulo, Rio de Janeiro,
Buenos Aires, Santiago e Lima, intensificavam-se as diferenças sociais.


                                                                                     5
Os rumos que a pesquisa seguiria ao longo dos anos seguintes, eram moldados
pelos fenômenos da comunicação massiva latino-americana: nos centros urbanos, a
população pobre, majoritariamente analfabeta e até então isolada dos principais
acontecimentos do mundo, passou a ter contato diário com o rádio e, em seguida, com a
televisão, que catalisou o fortalecimento de uma indústria cultural calcada em grande
parte no american way of life.


   3. Os centros de pesquisa na América Latina

        O Ciespal – Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a
América Latina – foi fundado na conjuntura desenvolvimentista. A hegemonia norte-
americana na América Latina, viabilizada depois do reordenamento da economia
mundial, no pós-guerra, criou expectativas de transformações estruturais para lograr o
avanço do capitalismo nas zonas rurais e nas cidades. Tal projeto de modernização das
sociedades situadas ao sul do Rio Grande, seja para produzir com eficácia os gêneros
alimentícios indispensáveis ao consumo das populações do norte, seja para incrementar
a compra de bens manufaturados pelas fábricas transplantadas para o sul, exigia o
respaldo dos meios massivos de comunicação. Mas seu funcionamento adequado
dependia de recursos humanos especializados e da definição de estratégias persuasivas
para a mudança de comportamento dos consumidores.
        Criado em 1959, com o apoio da Unesco, da Organização dos Estados
Americanos (OEA) e do governo do Equador, o Ciespal se instala em Quito, oferecendo
cursos para o aperfeiçoamento de profissionais que atuam em comunicação de massa na
região. Paralelamente, verificou-se que o funcionamento das novas tecnologias de
reprodução simbólica – off-set, videoteipe, super-8 e depois os satélites e os
computadores – acarretava o melhor conhecimento do panorama continental dos meios
e seus efeitos diferenciados nas culturas nacionais ou locais. Imediatamente, são
realizadas pesquisas e seminários, bem como o primeiro estudo do perfil morfológico e
de conteúdo dos grandes jornais – Duas semanas na Imprensa da América Latina
(1967) –, com pesquisadores reconhecidos, como Wilbur Schramm, Raymond Nixon,
John McNelly, Jacques Kayser e Joffre Dumazedier, marcando tanto os temas
escolhidos – comunicação e modernização, rádio e teleeducação, liderança de opinião -,
como as metodologias – pesquisa quantitativa e análise de conteúdo -, além da formação
das primeiras gerações de pesquisadores.
        Diz Beltrán: “As áreas que recebem influência mais direta da orientação norte-
americana, são a difusão de inovações na agricultura, a estrutura e função dois meios
impressos e eletrônicos, as experiências de comunicação educativa, os programas
especiais de educação rural” (1976). A avaliação feita por Javier Esteinou, Madri –
Ciespal e a ciência da comunicação, Chasqui (011): 20-27 – indica os seguintes “frutos
culturais”:
              1.     “O Ciespal atuou durante mais de duas décadas como o principal elo de
       ligação entre os especialistas, as escolas e os diversos centros de reflexão da
       informação. Converteu-se no sistema nervoso mais importante que nutriu com sangue
       novo as múltiplas células de comunicação dispersas por todos os extremos do

                                                                                        6
continente. Desta maneira, reduziu substancialmente o grande fosso incomunicante que
       sempre nos isolou como profissionais da comunicação na região.”
               2.      “Com a difusão de suas publicações, o Ciespal iniciou e manteve um
       importatíssimo esforço de reflexão original sobre os problemas da comunicação latino-
       americana. Tal iniciativa contribuiu bastante para criar uma nova ciência da
       comunicação regional. Pode-se dizer, inclusive, que sem a presença ativa do Ciespal
       nesse contexto, o desenvolvimento da ciência da comunicação latino-americana teria
       retardado a linha de evolução, que atingiu recentemente, na zona central e sul do
       hemisfério.”
               3.      “Através da monumental tarefa de edição de livros e da formação do
       seu centro de documentação especializado, o Ciespal contribui a maior memória
       histórica sobre os meios de informação de que se tem conhecimento na área latino-
       americana. Assim sendo, contribui para fincar as bases de uma identidade ideológica
       própria em matéria de comunicação.”
               4.      “O Ciespal acrescentou um pequeno grão de areia para produzir as
       rupturas teóricas no espaço da comunicação, de acordo com as expectativas de vôo
       independente do pensamento latino-americano. Desta maneira, a instituição lançou
       frestas de luz que iluminam as reflexões nacionais sobre os problemas da
       comunicação.”
        Em um seminário na Costa Rica, em 1973, que marcou a produção teórica na
região, pois foi o primeiro encontro organizado entre pesquisadores latino-americanos, o
Ciespal foi avaliado e redirecionado. Conta Beltrán, sobre as críticas ao Centro:

       Primeiro, que lhe falta um marco conceitual próprio; segundo, que a adoção de deu sem
       juízo crítico; terceiro, que lhe falta um mínimo de sistematização; quarto, que há uma
       ênfase exagerada no descritivo e quantitativo com exclusão de uma visão qualitativa
       profundo; quinto, que se prefere analisar fenômenos de comunicação fora do contexto
       das variáveis políticas, sociais, econômicas e culturais; sexto, que há uma preferência
       por temas limitados de pesquisa e uma excessiva concentração em meios massivos e
       especialmente na imprensa; sétimo, que há uma ausência total de políticas e planos para
       orientar a pesquisa em geral, ou seja, a pesquisa é acidental, não e racional; oitavo; que
       há uma falta de coordenação que tem como resultado o desconhecimento, a duplicação
       de esforços, o desaproveitamento de experiências e a perda de sentido; e, em nono, que
       se trabalha, de preferência, de forma não interdisciplinar mas em enclausuramento de
       disciplinas (1981).

       O documento final afirmava:

       Com uma metodologia esboçada por latino-americanos para América Latina, com um
       instrumento de trabalho muito mais depurado e crítico, se deve chegar ao descobrimento
       de toda a inter-relação econômica, política, social e cultural que configura as estruturas
       de dominação e poder que, muitas vezes, condicionam e determinam os sistemas de
       comunicação imperantes. Estes critérios não traduzem uma ótica regionalista ou
       localizada, ao contrário, sinalizam dimensões básicas para o progresso da ciência da
       comunicação. Neste sentido, o contexto atual das sociedades chamadas do Terceiro
       Mundo pode contar com a possibilidade privilegiada de desenvolver novos caminhos,
       tanto teóricos como metodológicos (apud Beltrán, ibidem).


                                                                                               7
É a partir desta avaliação, crítica e ambiciosa, que o Ciespal busca raízes na
América Latina, introduzindo em seus cursos a preocupação pela comunicação popular,
pela pesquisa participante, substituindo os professores estrangeiros por argentinos
(Daniel Prietto), chilenos (Eduardo Contreras Budge), brasileiros (Luiz Gonzaga Mota),
com a intenção de propiciar uma compreensão mais afinada com a realidade da região.
        Enquanto o Ciespal atuava como agência de difusão do pensamento hegemônico
e da metodologia corrente no mundo acadêmico dos Estados Unidos e da Europa
Ocidental, surgia no Chile, no início dos anos 1970, um núcleo de estudos que
desempenhou papel importante na promoção das tendências contra-hegemônicas da
pesquisa da comunicação e da cultura, disseminadas principalmente pelos intelectuais
da Europa Latina. Durante o governo Allende, é criado o CEREN (Centro de Estudos da
Realidade Nacional), vinculado à Universidade Católica do Chile, coordenado por
Armand Mattelart e integrado por Héctor Schmucler, Hugo Assmann, Michele
Mattelart, Mabel Piccini e Ariel Dorfman. Este centro terá uma importância
fundamental na região por realizar pesquisas sobre o domínio das multinacionais na
comunicação latino-americana, desde uma perspectiva marxista, introduzindo conceitos
como ideologia, relações de poder, conflitos de classe.
        Esta perspectiva, inaugurada no Chile da Unidade Popular, já vinha sendo
ensaiada         pelo        grupo        desde        1965,       com        pesquisas
antropológicas/demográficas/comunicacionais, e contava, também, com a participação
de Paulo Freire. A influência daquele pequeno centro “chileno” propagou-se em todo
continente e marcou politicamente a fisionomia da ciência latino-americana da
comunicação. Sua disseminação cultural encontrou terreno fértil na resistência aos
governos autoritários que dominaram vários países da América Latina nas últimas
décadas. Devido a sua atuação, os fenômenos da comunicação popular, antes ignorados
pelos pesquisadores acadêmicos, passaram a ter presença no contexto das pesquisas
universitárias.
        Dois outros centros nacionais, dotados de menor projeção regional que o Ciespal
e o CEREN no mesmo período, devem ser incluídos no panorama pioneiro. Trata-se do
ININCO, na Venezuela, e do ICINFORM, no Brasil.
        O Instituto de Pesquisas da Comunicação – ININCO – foi criado pela
Universidade Central da Venezuela, em 1973, que terá por objetivo: “a pesquisa da
comunicação social ou de massas, que compreendo tanto o estudo teórico e
metodológico dos problemas da comunicação, como a análise permanente dos
diferentes meios de sua incidência no âmbito nacional” (Aguirre,1981). Com pesquisas
feitas por cientistas como Antonio Pasquali, Hector Mújica, Marta Colomina, Eleazar
Dias Rangel e Ludovico Silva, esta equipe suscita reflexões, resgatando, pó um lado, a
vertente crítica da Escola de Frankfut, e, por outro lado o referencial analítico do
marxismo-leninismo. Sua produção acadêmica é autodenominada “pesquisa-denúncia”,
levando em conta as escassas possibilidades que o grupo descortinava para influir na
transformação da estrutura oligárquica dos meios de comunicação de massa no país.
Ciespal expandindo, na primeira fase, sua perspectiva desenvolvimentista por toda
região e ININCO dando guarida à preocupação pela introdução acrítica das novas
tecnologias, aprofundando, assim, as raízes da dependência.

                                                                                     8
O Instituto de Ciências da Informação – ICINFORM – foi fundado em Recife,
Brasil, em 1963, por Luiz Beltrão, dentro da Universidade Católica de Pernambuco,
idealizado para ser à imagem e semelhança do Ciespal, e também influenciado pelo
esforço desenvolvimentista que ocorria no Nordeste brasileiro, na primeira metade dos
anos sessenta. Vivendo numa região estigmatizada pela miséria e pela pobreza, Luiz
Beltrão pretendia inserir os meios de informação coletiva nas tarefas de
desenvolvimento econômico, cultural e educativo, sem, contudo, descartar e desfigurar
os meios tradicionais de comunicação usados pelo povo. Ele propõe uma linha de
pesquisa denominada “folk-comunicação”, destinada a aprofundar o conhecimento
sobre as leituras, feitas pelas maiorias camponesas e operárias, das mensagens
transmitidas coletivamente pela imprensa, rádio, televisão e cinema. Tratava-se de
identificar, na América Latina, as conseqüências culturais e políticas do “two-step-
flow”, tipificado por Lazarsfeld na sociedade norte-americana. Depois do golpe militar
de 1964, Luiz Beltrão transfere a sede do ICINFORM para a Universidade de Brasília e
cria núcleos de difusão dos trabalhos e do pensamento desse centro “nordestino” foi a
revista Comunicações & Problemas, que circulou 1969, ano do endurecimento do
regime militar no Brasil e do desaparecimento de inúmeras atividades intelectuais
independentes. Em seguida à marginalização de Luiz Beltrão da vida universitária
brasileira, pois foi demitido, por razões políticas, do cargo de diretor da Faculdade de
Comunicação da Universidade de Brasília, o ICINFORM se reestruturou como entidade
civil autônoma, mas foi perdendo as condições de aglutinação científica, em face do
obscurantismo intelectual que marcou a história nacional na década de setenta. De
qualquer maneira, as contribuições do ICINFORM se projetaram depois em vários
grupos universitários e nos trabalhos de comunicação popular e participativa
patrocinados pela Igreja Católica e pelas agências nacionais e regionais de fomento à
difusão de inovações tecnológicas na agricultura.
        Os desdobramentos dessa fase deixaram clara a divisão entre a escola empírica,
de inspiração norte-americana e calcada em técnicas de pesquisa de audiência e de
análise de conteúdo, e a escola crítica de base européia, que partia da investigação da
estrutura e do conteúdo ideológico da mídia para abordar temas como o imperialismo
cultural, a formação de monopólios, a comunicação popular e alternativa e a
transnacionalização da cultura. (HERSCOVITZ, 1995, p. 117)


   4. Crise econômica e democratização

       Falência de bancos no México (1982), moratória da divida externa do Brasil
(1985), grandes mobilizações populares que exigiam a volta da democracia e fim dos
regimes militares em diversos países do continente, são os ingredientes que resultariam
naquilo que pode ser chamado de terceira fase da pesquisa comunicacional latino-
americana, fundamenta em três linhas de estudo: a comunicação transnacional, a
comunicação popular e alternativa e a ideologia presente nos meios massivos.
       No balanço de Marques de Melo, o saldo dessa trajetória foi positivo, já que
permitiu a passagem de um estágio de completa dependência teórica e metodológica em


                                                                                      9
relação aos Estados Unidos e à Europa para um outro, no qual a consciência dessa
subordinação aos modelos externos permitiu o fortalecimento de um processo que
levaria à tentativa de uma autonomização investigativa tendo como ponto de partida a
nossa própria realidade. (GOMES, 1995, p. 25)
        Dessa forma, os estudos latino-americanos em comunicação se multiplicaram e
se diversificaram, a partir de 1980, na esteira de transformações que levaram, em vários
países, à retomada das eleições diretas, ao restabelecimento da liberdade de imprensa,
ao crescimento da indústria da comunicação dirigida por companhias privadas, à adoção
de uma economia de mercado fortemente apoiada em vínculos internacionais (inclusive
dentro do próprio continente) e ao uso de novas e sofisticadas tecnologias nos meios de
comunicação. Logo, muitos pesquisadores, fortalecidos pelos programas de pós-
graduação das universidades e organizados em entidades fomentadora do debate como a
Alaic, a Felafacs e a Intercom, passaram então a propor a substituição do radicalismo
retórico do passado por uma linguagem menos agressiva, capaz de refletir contradições
e respeitar diferenças.


   5. Os desafios do novo século

        Nesse cenário de mais liberdade política e menos luta ideológica, no final da
década de 1980, ganhou força no continente a tendência de se abordar a comunicação a
partir das práticas culturais, através de uma combinação de teorias e métodos que
atestam o caráter híbrido dos estudos latino-americanos e onde ganham destaque o
deslocamento dos meios às mediações (Jesús Martin Barbero) e os processos de
hibridização cultural (Néstor García Canclini).
        Embora os estudos culturais não sejam nenhuma novidade, já que eram
realizados desde a década de 1950 pelos culturalistas ingleses, essa opção metodológica
na comunicação pode ser classificada como uma contribuição essencialmente latino-
americana ao campo, que entra no século XXI defrontando-se com o desafio de buscar
caminhos metodológicos que consigam sistematizar o impacto da expansão explosiva
das comunicações sobre a sociedade e minimizar a dicotomia entre teoria e prática.


   6. O CULTURALISMO

        Principalmente a partir da década de 1980, as teorias nas pesquisas latino-
americanas em comunicação, sofrem influência das tendências culturalistas ou estudos
culturais – desde os anos 30 do século XX esses estudos se consolidaram na Inglaterra,
quando um grupo de professores da Literatura passam a estudar e a sistematizar a
relação entre cultura e os meios de comunicação de massa. Em sequência, será essa
relação que fundamentará grande parte das pesquisas realizadas na América Latina.
        Entre esses dois momentos, podem-se também assinalar como contribuição a
essa corrente os estudos sociológicos da Escola de Chicago, onde se faz dessa cidade,
um laboratório social que busca identificar e analisar os sinais de desorganização, de
marginalização, de aculturação e de assimilação da vida urbana. Em suas investigações,

                                                                                     10
os principais autores da Escola de Chicago, Robert Ezra Park e Georg Simmel,
procuram interrogar em suas pesquisas qual “é a função dos jornais e, em especial, das
inúmeras publicações em língua estrangeira junto às comunidades de imigrantes, no que
diz respeito à natureza das informações, à profissionalização do jornalismo e à diferença
que distingue a propaganda social ou publicidade municipal.”
        Com o intuito de compreender a tensão existente entre a sociedade e o indivíduo,
os autores da Escola de Chicago criticam as interpretações unilaterais do processo Ed
urbanização que acreditam no desaparecimento de grupos primários e omitem as
interações entre as tendências uniformizadoras da cidade e o cotidiano vivido por seus
habitantes. Logo, tanto do ponto de vista teórico como do metodológico, é possível
designar a Escola de Chicago como precursora das pesquisas em comunicação
realizadas na América latina a partir da década de 1980, justamente por partirem do
pressuposto de que essa tensão entre indivíduo e sociedade deve ser analisada a partir da
compreensão das relações que se estabelecem entre os contextos macro e microssociais
nos quais está inserida.
        Sem estabelecer uma relação direta entre essa corrente teórica e os estudos
culturais, Mattelart e Neveu (1996) apontam a grande tradição da literatura inglesa
como motivadora dessas pesquisas a partir do século XX. A Inglaterra, que ocupa uma
posição de vanguarda neste contexto, tanto do ponto de vista dos avanços tecnológicos
como do aparecimento de formas culturais do sistema industrial, precede o resto do
continente também no que diz respeito à teorização de questões como o despertar de
uma atitude crítica do tipo culturalista perante a civilização moderna, caracterizada pelo
mau gosto da sociedade de massa e pela pobreza de sua cultura.
        A introdução de estudos ingleses de universidades como Oxford e Cambridge, se
dá em meio a duas guerras mundiais, através de professores de Literatura oriundos de
camadas mais pobres da população. São produzidos estudos relativos à cultura literária,
sua análise textual, seu sentido e seus valores socioculturais.
        A obra de Richard Hoggart, The Uses of Literacy, de 1957, é um dos marcos
dessa escola e descreve as mudanças que revolucionaram o modo de vida e as práticas
culturais das classes trabalhadoras. Nela, Hoggart conclui que o poder de influência
dosmeios de comunicação de massa (em especial dos folhetins impressos) junto aos
trabalhadores ingleses é proporcional à eficácia de outras instituições sociais como a
escola, a igreja, o Estado e à comunidade de pertencimento do indivíduo, seja o bairro
ou a família. A partir da década de 1960, ele passa a definir a cultura como processo
global através do qual as significações se constroem social e historicamente e são ao
mesmo tempo, elementos importantes de sua constituição. Para outros autores como
Williams, a cultura é um sistema de significações em que uma dada ordem social é
comunicada, reproduzida, vivenciada e estudada. Também Thompsom salienta a
pluralidade da cultura onde se devem ressaltar aspectos como os modos diferenciados
de vida, ligados às diferentes culturas e às classes sociais.
        Dessa maneira, os estudos culturais mostram a complexidade das questões
culturais ditando a necessidade de relacionar as estruturas sociais exteriores ao sistema
da mídia às condições históricas, ligada a um processo dialético entre sistema cultural,
conflito e controle social. Daí, os estudos culturais vão ao encontro dos estudos em

                                                                                       11
comunicação realizados na América Latina a partir dos anos 80, nos quais o objeto
preferencial se concentra no espaço do popular das práticas da vida cotidiana, em forte
ligação com as relações de poder e com conotação política. Vale ressaltar que neste
período o continente latino-americano se encontrava em transformações culturais,
marcadas pela entrada massiva dos meios de comunicação de massa nos lares
(especialmente a televisão), pelos processos de migração da populações do campo para
a cidade e por fortes mobilizações sociais e políticas contra os regimes militares
presentes em diversos países.
       Diversos estudiosos latino-americanos podem ser associados a essa tradição de
estudos culturais no continente. Dois deles, porém, merecem destaque e exercem, por
sua vez, influência nas pesquisas brasileiras realizadas sob esta perspectiva: Néstor
García Canclini, que nos traz a noção de hibridismo cultural, e Jesús Martin Barbero
que prioriza a análisen dos meios a partir das mediações. São obras desses dois autores
em especial, mas também de outros autores como o mexicano Guillermo Orozco, por
exemplo, e alguns europeus como David Morley, Pierre Bourdieu, Michel Foucault e
Michel de Certeau, que passaram a exercer forte influência nos estudos de recepção
desenvolvidos no Brasil a partir da década de 90 por autores como Vassalo de Lopes,
Denise Cogo, Pedro Gilberto Gomes, Roseli Fígaro Paulino e Mauro Wilson de Sousa.
Influências e contribuições estas que representam o amadurecimento e a autonomias da
pesquisa em comunicação no Brasil e na América Latina.




                                                                                    12
7. Considerações Finais


        No decorrer de nossas pesquisas, ficou clara a “inspiração” vinda dos estudos
norte-americanos e europeus, nos estudos de comunicação latino-americanos, bem
como a influência dos estudos culturais.
        Neste trabalho foi exposto o estudo de comunicação na América Latina, em
períodos, para um melhor aproveitamento de seus principais trajetos percorridos, ao
longo do século XX.
        É importante realçar que o compromisso e a preocupação continuam presente em
muitos pesquisadores e nas formulações de pesquisas e projetos conjuntos, assumindo a
modalidade de luta plausível para o novo milênio. Hoje, a pesquisa em comunicação é
realizada nos programas de pós-graduação – mestrados e doutorados – que se expandem
e devem propiciar a qualidade teórica e metodológica reivindicadora durante todo o
percurso, deixando vislumbrar a tradição de compromisso social já sedimentada.
        Sendo assim, a nós é cabível vislumbrar os pesquisadores que desenvolveram
estudos na América Latina, e alcançar posições suscetíveis a desenvolvimento de novas
pesquisas e teorias em comunicação.




                                                                                  13
8. Referências bibliográficas

DALLA COSTA, Rosa Maria Cardoso. Teoria da Com. na América Latina: da herança
   cultural à construção de uma identidade própria. Curitiba, UFPR, 2006.

MARQUES DE MELO, José. Comunicação e Modernidade. São Paulo, Loyola, 1991.

HOHLFELDT, Antonio; C. MARTINO, Luiz e VIEGA FRANÇA, Vera. Teorias da
  Com.: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis, Vozes, 2001.

C. MARTINO, Luiz. Marcos Teóricos do Estudo da Comunicação na América Latina.
    Disponível em: < http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Martino.PDF>.
    Acesso em: 22 abr. 2012.
JACKS, Nilda e B. MENEZES, Daiane. Estudos de recepção na América Latina:
    contribuição   para      atualizar  o   panorama.      Disponível   em:   <
    http://www.compos.org.br/files/02_JACKS.pdf> Acesso em: 22 abr. 2012.




                                                                             14

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Os estudos de comunicação na america latina (1)

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO COMUNICAÇÃO SOCIAL HENRIQUE PINHEIRO JÚLIO FILGUEIRAS KEVEN PAULO SERGIO RIVERLAN MACEDO VIRGINIA COSTA Os estudos da comunicação na América Latina: Teorias da comunicação São Luís 2012 1
  • 2. HENRIQUE PINHEIRO JÚLIO FILGUEIRAS KELVEN PAULO SERGIO RIVERLAN MACEDO VIRGINIA COSTA Os estudos da comunicação na América Latina: Teorias da comunicação Trabalho apresentado à disciplina Teorias da Comunicação, para obtenção de nota parcial. Professor (a): Flávia Moura São Luís 2012 2
  • 3. Sumário 1. Introdução...........................................................................................................4 2. Os primeiros passos..........................................................................................5 3. Os centros de pesquisa na América Latina .....................................................6 4. Crise econômica e democratização..................................................................10 5. Desafios do novo século.....................................................................................10 6. O culturalismo....................................................................................................11 7. Considerações finais..........................................................................................13 8. Referências.........................................................................................................14 3
  • 4. 1. Introdução Desde sua gênese, a comunicação social se instaurou como um saber orientado ao estudo dos meios de comunicação e a influência que exercem na cultura de uma sociedade. A sociedade moderna se vê cercada pelos mais variados sistemas de comunicação, desta forma, conhecer e dominar os sistemas de informação e da comunicação é indispensável no mundo globalizado. Logo, para que seja possível ter um domínio sobre as novas tecnologias da informação, é necessário investigar e conhecer a história do pensamento comunicacional, bem como a maneira que pesquisadores traçavam seus planos de estudos. Neste trabalho, elaborado em períodos, frisaremos o desenvolvimento dos estudos de comunicação na América Latina, visto que, mais do que inquietações científicas, são demandas políticas e sociais que impulsionam a produção de conhecimento em comunicação latino-americana. No primeiro período discorreremos acerca das primeiras escolas de estudo comunicacional, marcadas por estudos históricos e documentais. No segundo serão abordados os principais centros de pesquisa em comunicação na América Latina. O terceiro é voltado para os aspectos da pesquisa de comunicação em meio à crise econômica e democratização. No quarto o foco são os desafios do novo século. Por fim, será traçado um paralelo onde serão discutidas as influências teóricas das tendências culturalistas. Diante disto, ansiamos contribuir para reforço do conhecimento, a quem surtir interesse a cerca do cenário do estudo em comunicação na América Latina, marcado pela dependência estrutural norte-americana e européia. 4
  • 5. 2. Os primeiros passos No final do século XIX e no inicio do XX, a pesquisa na área da comunicação limitava-se, na América Latina, à documentação descritiva das principais atividades da imprensa. Foi somente a partir da década de 1930, com a criação dos primeiros cursos de graduação em Jornalismo e Propaganda, que a atividade começou, lentamente, a ganhar algum impulso e organização. As primeiras instituições que se implantam correspondem às demanda sociais emergentes nas empresas jornalísticas, cujo processo de estruturação industrial reclama profissionais qualificados para o exercício da comunicação de atualidades. Na medida em que a imprensa se renova no continente e as emissoras de radiodifusão começam a se proliferar, sintonizadas com fluxo desenvolvimentista que se inicia no pós-guerra, multiplicam-se as instituições dedicadas a formar especialistas para os meios de comunicação. No início dos anos 50 existiam 13 escolas na América Latina, localizadas precisamente na Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Equador, México, Peru e Venezuela. Dez anos depois, esse número havia triplicado, indicando a presença de escolas em 2/3 dos países da região. Nas duas últimas décadas manteve-se o mesmo ritmo de crescimento, porém com menor intensidade: a cada década nota-se uma duplicação do número de instituições. Trata-se, em verdade, de um crescimento espantoso, que corresponde em parte à extensão do ensino superior no continente, mas reflete também o impacto gerado pelos processos de comunicação de massa em nossas sociedades, seduzindo contingentes de jovens que desejam atuar na televisão, na publicidade, no jornalismo. Joaquin Sanchez, presidente da FELAFACS, atribui essa expansão vertiginosa a dois fatores: o modismo da comunicação e o mercantilismo das entidades universitárias. “O crescimento acelerado de Faculdades de Comunicação responde basicamente a um incremento de número de estudantes que terminam o ensino secundário. Isso se volta contra a Universidade que não tem possibilidade de atender a tantos estudantes, de tal maneira que se criam faculdades para das oportunidades àqueles que queiram seguir carreira universitária; também se explica por uma certa moda de estudar a carreira e de manejar os meios e comunicação, e por um propósito de algumas entidades universitárias de abrir programas não com um critério acadêmico sério, mas com um afã comercial de graduar profissionais e de melhorar seu rendimentos.” O que realmente deu impulso à pesquisa comunicacional latino-americana, contudo, foi a dinâmica das transformações históricas que, em meados do século XX, começavam a redesenhar a organização – mas não a estrutura – da sociedade de diversos países da América Latina. A partir da Segunda Guerra Mundial, os principais países do continente passaram por um acelerado processo de industrialização e urbanização, que levou para as cidades grandes contingentes populacionais oriundos de uma zona rural pobre, sem tecnologia e completamente marginalizada do sistema econômico mundial. Ao mesmo tempo em que a sociedade de consumo começava a tomar forma em centros urbanos como Cidade do México, São Paulo, Rio de Janeiro, Buenos Aires, Santiago e Lima, intensificavam-se as diferenças sociais. 5
  • 6. Os rumos que a pesquisa seguiria ao longo dos anos seguintes, eram moldados pelos fenômenos da comunicação massiva latino-americana: nos centros urbanos, a população pobre, majoritariamente analfabeta e até então isolada dos principais acontecimentos do mundo, passou a ter contato diário com o rádio e, em seguida, com a televisão, que catalisou o fortalecimento de uma indústria cultural calcada em grande parte no american way of life. 3. Os centros de pesquisa na América Latina O Ciespal – Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina – foi fundado na conjuntura desenvolvimentista. A hegemonia norte- americana na América Latina, viabilizada depois do reordenamento da economia mundial, no pós-guerra, criou expectativas de transformações estruturais para lograr o avanço do capitalismo nas zonas rurais e nas cidades. Tal projeto de modernização das sociedades situadas ao sul do Rio Grande, seja para produzir com eficácia os gêneros alimentícios indispensáveis ao consumo das populações do norte, seja para incrementar a compra de bens manufaturados pelas fábricas transplantadas para o sul, exigia o respaldo dos meios massivos de comunicação. Mas seu funcionamento adequado dependia de recursos humanos especializados e da definição de estratégias persuasivas para a mudança de comportamento dos consumidores. Criado em 1959, com o apoio da Unesco, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e do governo do Equador, o Ciespal se instala em Quito, oferecendo cursos para o aperfeiçoamento de profissionais que atuam em comunicação de massa na região. Paralelamente, verificou-se que o funcionamento das novas tecnologias de reprodução simbólica – off-set, videoteipe, super-8 e depois os satélites e os computadores – acarretava o melhor conhecimento do panorama continental dos meios e seus efeitos diferenciados nas culturas nacionais ou locais. Imediatamente, são realizadas pesquisas e seminários, bem como o primeiro estudo do perfil morfológico e de conteúdo dos grandes jornais – Duas semanas na Imprensa da América Latina (1967) –, com pesquisadores reconhecidos, como Wilbur Schramm, Raymond Nixon, John McNelly, Jacques Kayser e Joffre Dumazedier, marcando tanto os temas escolhidos – comunicação e modernização, rádio e teleeducação, liderança de opinião -, como as metodologias – pesquisa quantitativa e análise de conteúdo -, além da formação das primeiras gerações de pesquisadores. Diz Beltrán: “As áreas que recebem influência mais direta da orientação norte- americana, são a difusão de inovações na agricultura, a estrutura e função dois meios impressos e eletrônicos, as experiências de comunicação educativa, os programas especiais de educação rural” (1976). A avaliação feita por Javier Esteinou, Madri – Ciespal e a ciência da comunicação, Chasqui (011): 20-27 – indica os seguintes “frutos culturais”: 1. “O Ciespal atuou durante mais de duas décadas como o principal elo de ligação entre os especialistas, as escolas e os diversos centros de reflexão da informação. Converteu-se no sistema nervoso mais importante que nutriu com sangue novo as múltiplas células de comunicação dispersas por todos os extremos do 6
  • 7. continente. Desta maneira, reduziu substancialmente o grande fosso incomunicante que sempre nos isolou como profissionais da comunicação na região.” 2. “Com a difusão de suas publicações, o Ciespal iniciou e manteve um importatíssimo esforço de reflexão original sobre os problemas da comunicação latino- americana. Tal iniciativa contribuiu bastante para criar uma nova ciência da comunicação regional. Pode-se dizer, inclusive, que sem a presença ativa do Ciespal nesse contexto, o desenvolvimento da ciência da comunicação latino-americana teria retardado a linha de evolução, que atingiu recentemente, na zona central e sul do hemisfério.” 3. “Através da monumental tarefa de edição de livros e da formação do seu centro de documentação especializado, o Ciespal contribui a maior memória histórica sobre os meios de informação de que se tem conhecimento na área latino- americana. Assim sendo, contribui para fincar as bases de uma identidade ideológica própria em matéria de comunicação.” 4. “O Ciespal acrescentou um pequeno grão de areia para produzir as rupturas teóricas no espaço da comunicação, de acordo com as expectativas de vôo independente do pensamento latino-americano. Desta maneira, a instituição lançou frestas de luz que iluminam as reflexões nacionais sobre os problemas da comunicação.” Em um seminário na Costa Rica, em 1973, que marcou a produção teórica na região, pois foi o primeiro encontro organizado entre pesquisadores latino-americanos, o Ciespal foi avaliado e redirecionado. Conta Beltrán, sobre as críticas ao Centro: Primeiro, que lhe falta um marco conceitual próprio; segundo, que a adoção de deu sem juízo crítico; terceiro, que lhe falta um mínimo de sistematização; quarto, que há uma ênfase exagerada no descritivo e quantitativo com exclusão de uma visão qualitativa profundo; quinto, que se prefere analisar fenômenos de comunicação fora do contexto das variáveis políticas, sociais, econômicas e culturais; sexto, que há uma preferência por temas limitados de pesquisa e uma excessiva concentração em meios massivos e especialmente na imprensa; sétimo, que há uma ausência total de políticas e planos para orientar a pesquisa em geral, ou seja, a pesquisa é acidental, não e racional; oitavo; que há uma falta de coordenação que tem como resultado o desconhecimento, a duplicação de esforços, o desaproveitamento de experiências e a perda de sentido; e, em nono, que se trabalha, de preferência, de forma não interdisciplinar mas em enclausuramento de disciplinas (1981). O documento final afirmava: Com uma metodologia esboçada por latino-americanos para América Latina, com um instrumento de trabalho muito mais depurado e crítico, se deve chegar ao descobrimento de toda a inter-relação econômica, política, social e cultural que configura as estruturas de dominação e poder que, muitas vezes, condicionam e determinam os sistemas de comunicação imperantes. Estes critérios não traduzem uma ótica regionalista ou localizada, ao contrário, sinalizam dimensões básicas para o progresso da ciência da comunicação. Neste sentido, o contexto atual das sociedades chamadas do Terceiro Mundo pode contar com a possibilidade privilegiada de desenvolver novos caminhos, tanto teóricos como metodológicos (apud Beltrán, ibidem). 7
  • 8. É a partir desta avaliação, crítica e ambiciosa, que o Ciespal busca raízes na América Latina, introduzindo em seus cursos a preocupação pela comunicação popular, pela pesquisa participante, substituindo os professores estrangeiros por argentinos (Daniel Prietto), chilenos (Eduardo Contreras Budge), brasileiros (Luiz Gonzaga Mota), com a intenção de propiciar uma compreensão mais afinada com a realidade da região. Enquanto o Ciespal atuava como agência de difusão do pensamento hegemônico e da metodologia corrente no mundo acadêmico dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, surgia no Chile, no início dos anos 1970, um núcleo de estudos que desempenhou papel importante na promoção das tendências contra-hegemônicas da pesquisa da comunicação e da cultura, disseminadas principalmente pelos intelectuais da Europa Latina. Durante o governo Allende, é criado o CEREN (Centro de Estudos da Realidade Nacional), vinculado à Universidade Católica do Chile, coordenado por Armand Mattelart e integrado por Héctor Schmucler, Hugo Assmann, Michele Mattelart, Mabel Piccini e Ariel Dorfman. Este centro terá uma importância fundamental na região por realizar pesquisas sobre o domínio das multinacionais na comunicação latino-americana, desde uma perspectiva marxista, introduzindo conceitos como ideologia, relações de poder, conflitos de classe. Esta perspectiva, inaugurada no Chile da Unidade Popular, já vinha sendo ensaiada pelo grupo desde 1965, com pesquisas antropológicas/demográficas/comunicacionais, e contava, também, com a participação de Paulo Freire. A influência daquele pequeno centro “chileno” propagou-se em todo continente e marcou politicamente a fisionomia da ciência latino-americana da comunicação. Sua disseminação cultural encontrou terreno fértil na resistência aos governos autoritários que dominaram vários países da América Latina nas últimas décadas. Devido a sua atuação, os fenômenos da comunicação popular, antes ignorados pelos pesquisadores acadêmicos, passaram a ter presença no contexto das pesquisas universitárias. Dois outros centros nacionais, dotados de menor projeção regional que o Ciespal e o CEREN no mesmo período, devem ser incluídos no panorama pioneiro. Trata-se do ININCO, na Venezuela, e do ICINFORM, no Brasil. O Instituto de Pesquisas da Comunicação – ININCO – foi criado pela Universidade Central da Venezuela, em 1973, que terá por objetivo: “a pesquisa da comunicação social ou de massas, que compreendo tanto o estudo teórico e metodológico dos problemas da comunicação, como a análise permanente dos diferentes meios de sua incidência no âmbito nacional” (Aguirre,1981). Com pesquisas feitas por cientistas como Antonio Pasquali, Hector Mújica, Marta Colomina, Eleazar Dias Rangel e Ludovico Silva, esta equipe suscita reflexões, resgatando, pó um lado, a vertente crítica da Escola de Frankfut, e, por outro lado o referencial analítico do marxismo-leninismo. Sua produção acadêmica é autodenominada “pesquisa-denúncia”, levando em conta as escassas possibilidades que o grupo descortinava para influir na transformação da estrutura oligárquica dos meios de comunicação de massa no país. Ciespal expandindo, na primeira fase, sua perspectiva desenvolvimentista por toda região e ININCO dando guarida à preocupação pela introdução acrítica das novas tecnologias, aprofundando, assim, as raízes da dependência. 8
  • 9. O Instituto de Ciências da Informação – ICINFORM – foi fundado em Recife, Brasil, em 1963, por Luiz Beltrão, dentro da Universidade Católica de Pernambuco, idealizado para ser à imagem e semelhança do Ciespal, e também influenciado pelo esforço desenvolvimentista que ocorria no Nordeste brasileiro, na primeira metade dos anos sessenta. Vivendo numa região estigmatizada pela miséria e pela pobreza, Luiz Beltrão pretendia inserir os meios de informação coletiva nas tarefas de desenvolvimento econômico, cultural e educativo, sem, contudo, descartar e desfigurar os meios tradicionais de comunicação usados pelo povo. Ele propõe uma linha de pesquisa denominada “folk-comunicação”, destinada a aprofundar o conhecimento sobre as leituras, feitas pelas maiorias camponesas e operárias, das mensagens transmitidas coletivamente pela imprensa, rádio, televisão e cinema. Tratava-se de identificar, na América Latina, as conseqüências culturais e políticas do “two-step- flow”, tipificado por Lazarsfeld na sociedade norte-americana. Depois do golpe militar de 1964, Luiz Beltrão transfere a sede do ICINFORM para a Universidade de Brasília e cria núcleos de difusão dos trabalhos e do pensamento desse centro “nordestino” foi a revista Comunicações & Problemas, que circulou 1969, ano do endurecimento do regime militar no Brasil e do desaparecimento de inúmeras atividades intelectuais independentes. Em seguida à marginalização de Luiz Beltrão da vida universitária brasileira, pois foi demitido, por razões políticas, do cargo de diretor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, o ICINFORM se reestruturou como entidade civil autônoma, mas foi perdendo as condições de aglutinação científica, em face do obscurantismo intelectual que marcou a história nacional na década de setenta. De qualquer maneira, as contribuições do ICINFORM se projetaram depois em vários grupos universitários e nos trabalhos de comunicação popular e participativa patrocinados pela Igreja Católica e pelas agências nacionais e regionais de fomento à difusão de inovações tecnológicas na agricultura. Os desdobramentos dessa fase deixaram clara a divisão entre a escola empírica, de inspiração norte-americana e calcada em técnicas de pesquisa de audiência e de análise de conteúdo, e a escola crítica de base européia, que partia da investigação da estrutura e do conteúdo ideológico da mídia para abordar temas como o imperialismo cultural, a formação de monopólios, a comunicação popular e alternativa e a transnacionalização da cultura. (HERSCOVITZ, 1995, p. 117) 4. Crise econômica e democratização Falência de bancos no México (1982), moratória da divida externa do Brasil (1985), grandes mobilizações populares que exigiam a volta da democracia e fim dos regimes militares em diversos países do continente, são os ingredientes que resultariam naquilo que pode ser chamado de terceira fase da pesquisa comunicacional latino- americana, fundamenta em três linhas de estudo: a comunicação transnacional, a comunicação popular e alternativa e a ideologia presente nos meios massivos. No balanço de Marques de Melo, o saldo dessa trajetória foi positivo, já que permitiu a passagem de um estágio de completa dependência teórica e metodológica em 9
  • 10. relação aos Estados Unidos e à Europa para um outro, no qual a consciência dessa subordinação aos modelos externos permitiu o fortalecimento de um processo que levaria à tentativa de uma autonomização investigativa tendo como ponto de partida a nossa própria realidade. (GOMES, 1995, p. 25) Dessa forma, os estudos latino-americanos em comunicação se multiplicaram e se diversificaram, a partir de 1980, na esteira de transformações que levaram, em vários países, à retomada das eleições diretas, ao restabelecimento da liberdade de imprensa, ao crescimento da indústria da comunicação dirigida por companhias privadas, à adoção de uma economia de mercado fortemente apoiada em vínculos internacionais (inclusive dentro do próprio continente) e ao uso de novas e sofisticadas tecnologias nos meios de comunicação. Logo, muitos pesquisadores, fortalecidos pelos programas de pós- graduação das universidades e organizados em entidades fomentadora do debate como a Alaic, a Felafacs e a Intercom, passaram então a propor a substituição do radicalismo retórico do passado por uma linguagem menos agressiva, capaz de refletir contradições e respeitar diferenças. 5. Os desafios do novo século Nesse cenário de mais liberdade política e menos luta ideológica, no final da década de 1980, ganhou força no continente a tendência de se abordar a comunicação a partir das práticas culturais, através de uma combinação de teorias e métodos que atestam o caráter híbrido dos estudos latino-americanos e onde ganham destaque o deslocamento dos meios às mediações (Jesús Martin Barbero) e os processos de hibridização cultural (Néstor García Canclini). Embora os estudos culturais não sejam nenhuma novidade, já que eram realizados desde a década de 1950 pelos culturalistas ingleses, essa opção metodológica na comunicação pode ser classificada como uma contribuição essencialmente latino- americana ao campo, que entra no século XXI defrontando-se com o desafio de buscar caminhos metodológicos que consigam sistematizar o impacto da expansão explosiva das comunicações sobre a sociedade e minimizar a dicotomia entre teoria e prática. 6. O CULTURALISMO Principalmente a partir da década de 1980, as teorias nas pesquisas latino- americanas em comunicação, sofrem influência das tendências culturalistas ou estudos culturais – desde os anos 30 do século XX esses estudos se consolidaram na Inglaterra, quando um grupo de professores da Literatura passam a estudar e a sistematizar a relação entre cultura e os meios de comunicação de massa. Em sequência, será essa relação que fundamentará grande parte das pesquisas realizadas na América Latina. Entre esses dois momentos, podem-se também assinalar como contribuição a essa corrente os estudos sociológicos da Escola de Chicago, onde se faz dessa cidade, um laboratório social que busca identificar e analisar os sinais de desorganização, de marginalização, de aculturação e de assimilação da vida urbana. Em suas investigações, 10
  • 11. os principais autores da Escola de Chicago, Robert Ezra Park e Georg Simmel, procuram interrogar em suas pesquisas qual “é a função dos jornais e, em especial, das inúmeras publicações em língua estrangeira junto às comunidades de imigrantes, no que diz respeito à natureza das informações, à profissionalização do jornalismo e à diferença que distingue a propaganda social ou publicidade municipal.” Com o intuito de compreender a tensão existente entre a sociedade e o indivíduo, os autores da Escola de Chicago criticam as interpretações unilaterais do processo Ed urbanização que acreditam no desaparecimento de grupos primários e omitem as interações entre as tendências uniformizadoras da cidade e o cotidiano vivido por seus habitantes. Logo, tanto do ponto de vista teórico como do metodológico, é possível designar a Escola de Chicago como precursora das pesquisas em comunicação realizadas na América latina a partir da década de 1980, justamente por partirem do pressuposto de que essa tensão entre indivíduo e sociedade deve ser analisada a partir da compreensão das relações que se estabelecem entre os contextos macro e microssociais nos quais está inserida. Sem estabelecer uma relação direta entre essa corrente teórica e os estudos culturais, Mattelart e Neveu (1996) apontam a grande tradição da literatura inglesa como motivadora dessas pesquisas a partir do século XX. A Inglaterra, que ocupa uma posição de vanguarda neste contexto, tanto do ponto de vista dos avanços tecnológicos como do aparecimento de formas culturais do sistema industrial, precede o resto do continente também no que diz respeito à teorização de questões como o despertar de uma atitude crítica do tipo culturalista perante a civilização moderna, caracterizada pelo mau gosto da sociedade de massa e pela pobreza de sua cultura. A introdução de estudos ingleses de universidades como Oxford e Cambridge, se dá em meio a duas guerras mundiais, através de professores de Literatura oriundos de camadas mais pobres da população. São produzidos estudos relativos à cultura literária, sua análise textual, seu sentido e seus valores socioculturais. A obra de Richard Hoggart, The Uses of Literacy, de 1957, é um dos marcos dessa escola e descreve as mudanças que revolucionaram o modo de vida e as práticas culturais das classes trabalhadoras. Nela, Hoggart conclui que o poder de influência dosmeios de comunicação de massa (em especial dos folhetins impressos) junto aos trabalhadores ingleses é proporcional à eficácia de outras instituições sociais como a escola, a igreja, o Estado e à comunidade de pertencimento do indivíduo, seja o bairro ou a família. A partir da década de 1960, ele passa a definir a cultura como processo global através do qual as significações se constroem social e historicamente e são ao mesmo tempo, elementos importantes de sua constituição. Para outros autores como Williams, a cultura é um sistema de significações em que uma dada ordem social é comunicada, reproduzida, vivenciada e estudada. Também Thompsom salienta a pluralidade da cultura onde se devem ressaltar aspectos como os modos diferenciados de vida, ligados às diferentes culturas e às classes sociais. Dessa maneira, os estudos culturais mostram a complexidade das questões culturais ditando a necessidade de relacionar as estruturas sociais exteriores ao sistema da mídia às condições históricas, ligada a um processo dialético entre sistema cultural, conflito e controle social. Daí, os estudos culturais vão ao encontro dos estudos em 11
  • 12. comunicação realizados na América Latina a partir dos anos 80, nos quais o objeto preferencial se concentra no espaço do popular das práticas da vida cotidiana, em forte ligação com as relações de poder e com conotação política. Vale ressaltar que neste período o continente latino-americano se encontrava em transformações culturais, marcadas pela entrada massiva dos meios de comunicação de massa nos lares (especialmente a televisão), pelos processos de migração da populações do campo para a cidade e por fortes mobilizações sociais e políticas contra os regimes militares presentes em diversos países. Diversos estudiosos latino-americanos podem ser associados a essa tradição de estudos culturais no continente. Dois deles, porém, merecem destaque e exercem, por sua vez, influência nas pesquisas brasileiras realizadas sob esta perspectiva: Néstor García Canclini, que nos traz a noção de hibridismo cultural, e Jesús Martin Barbero que prioriza a análisen dos meios a partir das mediações. São obras desses dois autores em especial, mas também de outros autores como o mexicano Guillermo Orozco, por exemplo, e alguns europeus como David Morley, Pierre Bourdieu, Michel Foucault e Michel de Certeau, que passaram a exercer forte influência nos estudos de recepção desenvolvidos no Brasil a partir da década de 90 por autores como Vassalo de Lopes, Denise Cogo, Pedro Gilberto Gomes, Roseli Fígaro Paulino e Mauro Wilson de Sousa. Influências e contribuições estas que representam o amadurecimento e a autonomias da pesquisa em comunicação no Brasil e na América Latina. 12
  • 13. 7. Considerações Finais No decorrer de nossas pesquisas, ficou clara a “inspiração” vinda dos estudos norte-americanos e europeus, nos estudos de comunicação latino-americanos, bem como a influência dos estudos culturais. Neste trabalho foi exposto o estudo de comunicação na América Latina, em períodos, para um melhor aproveitamento de seus principais trajetos percorridos, ao longo do século XX. É importante realçar que o compromisso e a preocupação continuam presente em muitos pesquisadores e nas formulações de pesquisas e projetos conjuntos, assumindo a modalidade de luta plausível para o novo milênio. Hoje, a pesquisa em comunicação é realizada nos programas de pós-graduação – mestrados e doutorados – que se expandem e devem propiciar a qualidade teórica e metodológica reivindicadora durante todo o percurso, deixando vislumbrar a tradição de compromisso social já sedimentada. Sendo assim, a nós é cabível vislumbrar os pesquisadores que desenvolveram estudos na América Latina, e alcançar posições suscetíveis a desenvolvimento de novas pesquisas e teorias em comunicação. 13
  • 14. 8. Referências bibliográficas DALLA COSTA, Rosa Maria Cardoso. Teoria da Com. na América Latina: da herança cultural à construção de uma identidade própria. Curitiba, UFPR, 2006. MARQUES DE MELO, José. Comunicação e Modernidade. São Paulo, Loyola, 1991. HOHLFELDT, Antonio; C. MARTINO, Luiz e VIEGA FRANÇA, Vera. Teorias da Com.: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis, Vozes, 2001. C. MARTINO, Luiz. Marcos Teóricos do Estudo da Comunicação na América Latina. Disponível em: < http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Martino.PDF>. Acesso em: 22 abr. 2012. JACKS, Nilda e B. MENEZES, Daiane. Estudos de recepção na América Latina: contribuição para atualizar o panorama. Disponível em: < http://www.compos.org.br/files/02_JACKS.pdf> Acesso em: 22 abr. 2012. 14