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Titulo: Anatomia - 2ª Ed.
Autor: Richard S. Snell
Editora: Medsi Editora Médica e Científica Ltda
Publicação: 1984
Anatomia - 2ª Ed. - Capítulo 01 – Introdução
Termos Anatômicos Descritivos
TERMOS REFERENTES À POSIÇÃO
Anatomia é o estudo da estrutura do corpo a inter-relação
de suas partes constituintes. Todas as descrições do corpo
humano baseiam-se na suposição de que o indivíduo se
encontra em posição ereta (em pé), membros superiores
estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas
para a frente (Fig. 1-1).
Fig. 1-1. Termos anatômicos usados em relação à posição.
Observar que as figuras estão de pé na posição anatômica.
Esta é a chamada posição anatômica. As diversas partes do
corpo são, portanto, descritas em relação a certos planos
imaginários.
O plano mediano é um plano vertical que divide o corpo
humano em metades iguais, direita e esquerda (Fig. 1-1).
Os planos situados de um ou de outro lado do plano
mediano e paralelos a este são denominados paramedianos
(planos sagitais). Uma estrutura situada mais próxima do
plano mediano do corpo do que outra é denominada medial
em relação àquela. Da mesma forma, uma estrutura mais
afastada do plano mediano do que outra é lateral em
relação a esta.
Os planos frontais (coronais) são planos verticais
imaginários, em ângulo reto em relação ao plano mediano
(Fig. 1-1). Planos horizontais ou transversais situam-se em
ângulo reto em relação aos planos mediano e coronal (Fig.
1-1).
Os termos anterior (ventral) e posterior. (dorsal) são
utilizados para indicar, respectivamente, a frente ou o
dorso do corpo (Fig. 1-1); de modo que, para se descrever a
relação de duas estruturas, diz-se estar anterior ou
posterior à outra na medida em que estiver mais próxima
da superfície corporal anterior ou posterior.
Descrevendo-se a mão, utilizam-se os termos faces palmar
e dorsal em lugar de anterior e posterior, e na descrição do
pé, os termos faces plantar e dorsal são utilizados em vez
de face superior e inferior (Fig. 1-1). Os termos proximal e
distal descrevem as distâncias relativas das raízes dos
membros; por exemplo, o braço é proximal ao antebraço, e
a mão é distal ao antebraço.
Os termos superficial e profundo indicam as distâncias
relativas das estruturas da superfície do cor o, e os termos
superior e inferior estruturas relativamente altas ou baixas,
com referência às extremidades superior e inferior do
corpo.
Os termos interno e externo são utilizados para descrever a
distância relativa de uma estrutura do centro de um órgão
ou cavidade; por exemplo, a artéria carótida interna nutre
as estruturas contidas na cavidade craniana e a artéria
carótida externa nutre as estruturas situadas fora desta
cavidade.
O termo ipsilateral refere-se ao mesmo lado do corpo; por
exemplo, a mão esquerda e o pé esquerdo são ipsilaterais;
contralateral refere-se a lados opostos do corpo; por
exemplo, o músculo bíceps braquial esquerdo e o músculo
reto femoral direito são contralaterais.
A posição supina do corpo é a posição de decúbito dorsal; a
posição em pronação é a de decúbito ventral.
TERMOS RELACIONADOS AO MOVIMENTO
O ponto em que dois ou mais ossos se conectam é
conhecido como articulação. Algumas articulações não
apresentam movimento (suturas do crânio); outras
possuem apenas movimentos limitados (articulação
tibiofibular superior), e algumas movimentam-se
livremente (articulação do ombro).
Flexão é o movimento que tem lugar no plano mediano. Por
exemplo, a flexão da articulação do cotovelo aproxima a
superfície anterior do antebraço da superfície anterior do
braço. É usualmente um movimento anterior, porém é por
vezes posterior, como no caso da articulação do joelho (Fig.
1-2).
Fig. 1-2. Alguns termos anatômicos utilizados em relação ao
movimento. Observar a diferença entre flexão do cotovelo e do
joelho.
Extensão significa uma retificação da articulação, e
usualmente ocorre numa direção posterior (Fig. 1-2).
Flexão lateral é um movimento do tronco no plano coronal
frontal (Fig. 1-3).
Fig. 1-3. Termos anatômicos adicionais utilizados em relação ao
movimento.
Abdução de um membro é um movimento em que este se
afasta da linha mediana do corpo, no plano coronal (Fig. 1-
2).
Adução do membro é um movimento em direção ao corpo,
no plano coronal (Fig. 1-2). Nos dedos das mãos e dos pés,
a abdução aplica-se no afastamento destas estruturas, e a
adução aplica-se à aproximação (Fig. 1-3).
Rotação é o termo aplicado ao movimento de uma parte do
corpo em torno de seu eixo longitudinal. Rotação medial é o
movimento que resulta na superfície anterior da parte
voltada para a linha mediana; rotação lateral é o
movimento que resulta na superfície anterior da parte
voltada lateralmente.
Pronação do antebraço é uma rotação medial do antebraço
(Fig.1-3).
Supinação do antebraço é uma rotação lateral deste, a
partir da posição pronada, de modo que a palma da mão
esteja voltada anteriormente (Fig. 1-3).
Circundução é a combinação, em seqüência, dos
movimentos de flexão, extensão, abdução e adução (Fig. 1-
2).
Protração é mover-se para a frente; retração é mover-se
para trás (usado para descrever o movimento da mandíbula
para adiante e para trás nas articulações
temporomandibulares).
Inversão é o movimento do pé de modo que a face plantar
esteja voltada em direção medial (Fig. 1-3). Eversão é o
movimento oposto do pé de modo que a face plantar esteja
voltada lateralmente (Fig. 1-3).
Algumas Estruturas Anatômicas Básicas
PELE
A pele é dividida em duas partes distintas, a parte
superficial - epiderme -, e a parte profunda - derme (Fig. 1-
4).
Fig. 1-4. Estruturas geral da pele e sua relação as camadas
superficial e profunda da fáscia. Observar que os folículos pilosos
estendem-se para baixo e para dentro da parte mais profunda da
derme, ou mesmo para dentro da fáscia superficial, enquanto as
glândulas sudoríparas estendem-se profundamente para dentro da
fáscia superficial.
A epiderme é um epitélio estratificado cujas células se
tornam achatadas à medida que envelhecem e afloram à
superfície. Nas palmas das mãos e plantas dos pés, a
epiderme é extremamente espessa para suportar o uso e o
desgaste destas regiões. Em outras áreas do corpo, por
exemplo na superfície anterior do braço e antebraço, ela é
fina. A derme é composta de tecido conectivo denso
contendo muitos vasos sangüíneos, linfáticos e nervos.
Apresenta uma variação considerável de espessura, em
diferentes partes do corpo, tendendo a ser mais fina na
superfície anterior do que na posterior. É também mais fina
nas mulheres do que nos homens. A derme da pele está
conectada com a fáscia muscular subjacente ou com os
ossos, através da tela subcutânea, também conhecida
como tecido subcutâneo.
Na derme (cório), os feixes de fibras colágenas estão
dispostos, em sua maioria, em filas paralelas. Uma incisão
cirúrgica através da pele, feita ao longo ou entre essas
fileiras, provoca um desarranjo mínimo do colágeno, e a
ferida cicatriza com um mínimo de tecido cicatricial. Por
outro lado, uma incisão feita através das filas de colágeno
rompe e altera a pele, resultando na produção maciça de
colágeno fresco e na formação de uma cicatriz ampla e de
mau aspecto. A direção das fileiras de colágeno é conhecida
como linhas de clivagem (linhas de Langer); elas tendem a
correr longitudinalmente nos membros e
circunferencialmente (transversais) no pescoço e no tronco
(Fig. 1-5).
Fig. 1-5. Linhas de clivagem da pele (modificado de Last).
A pele situada sobre as articulações é sempre dobrada num
mesmo lugar, a pele enrugada (Fig. 1-6).
Fig. 1-6. Os diversos sulcos cutâneos na superfície palmar da mão
e superfície anterior da articulação do punho. A relação da unha
com as outras estruturas de dedo também é demonstrada.
Nestes pontos a pele é mais fina do que em qualquer outro
local, estando firmemente fixada às estruturas subjacentes
por faixas mais fortes de tecido fibroso.
Os apêndices da pele são as unhas, folículos capilares,
glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas.
As unhas são placas queratinizadas, situadas nas
superfícies dorsais das extremidades dos dedos das mãos e
dos pés. A extremidade proximal da placa é a raiz da unha
(Fig. 1-6). Com exceção da extremidade distal da placa, a
unha é delimitada e recoberta por camadas de pele
conhecidas como perioníquio. A superfície da pele coberta
da unha é o leito ungueal (Fig. 1-6).
Os cabelos crescem dos folículos, que são invaginações da
epiderme em direção à derme (Fig. 1-4). O folículo situa-se
obliquamente em relação à superfície cutânea, e suas
extremidades expandidas, chamadas bulbos capilares,
penetram até a parte mais profunda da derme. Cada bulbo
capilar é côncavo na sua extremidade, e a concavidade é
ocupada por tecido conectivo vascular, a papila capilar.
Uma faixa de músculo liso, o músculo eretor do pêlo,
conecta a parte de folículo situada abaixo da superfície com
a parte superficial da derme (Fig. 1-4). O músculo é
inervado por fibras simpáticas, e sua contração faz com que
o pêlo se movimente para uma posição mais vertical; ele
também comprime a glândula sebácea e provoca a
eliminação de parte de sua secreção. O estiramento do
músculo também provoca a ondulação da superfície
cutânea, assim chamada pele arrepiada. Os pêlos estão
distribuídos em quantidade variada, sobre toda a superfície
corporal, exceto nos lábios, palmas das mãos, parte lateral
dos dedos, glande do pênis e clitóris, lábios menores,
superfície interna dos lábios maiores, superfície plantar e
parte lateral dos pés, e na parte lateral dos dedos.
As glândulas sebáceas eliminam sua secreção, o sebo,
dentro das hastes dos pêlos, quando eles passam através
do istmo dos folículos. Estão situadas na parte inclinada
abaixo da superfície dos os folículos e permanecem no
interior da derme (Fig. 1-4). O sebo é um material oleoso,
que ajuda a conservar a flexibilidade do pêlo emergente.
Também lubrifica a epiderme superficial em torno da
abertura do folículo.
As glândulas sudoríparas são longas, espiraladas e
tubulares, distribuídas na superfície do corpo, exceto nas
margens avermelhadas dos lábios, leitos ungueais, glande
do pênis e clitóris (Fig. 1-4). Estendem-se através de toda a
espessura da derme e suas extremidades, e podem estar
situadas na fáscia superficial. Por conseguinte, de todos os
apêndices epidérmicos, as glândulas sudoríparas são as
estruturas que penetram mais profundamente.
FÁSCIAS
As fáscias do corpo podem ser divididas em dois tipos:
superficiais e profundas. Estão situadas entre a pele e os
músculos e ossos subjacentes.
A tela subcutânea, ou fáscia superficial, é uma mistura de
tecido adiposo e areolar frouxo que une a derme da pele à
fáscia profunda subjacente. No couro cabeludo, parte
posterior do pescoço, palmas das mãos e plantas dos pés,
ela contém numerosos feixes de fibras colágenas que
mantêm a pele firmemente ligada às estruturas mais
profundas. Nas sobrancelhas, orelha, pênis e escroto, e
clitóris, ela é desprovida de tecido adiposo.
A fáscia muscular é uma camada membranosa de tecido
conectivo que reveste os músculos e outras estruturas
profundas (Fig. 1-7).
Fig. 1-7. Secção transversal ao nível do terço distal do braço direito,
para demonstrar a disposição das fáscias superficial e profunda.
Observar como septos fibrosos estendem-se entre grupos de
músculos, que dividem o braço em compartimentos fasciais.
No pescoço, forma camadas bem definidas que podem
desempenhar um papel importante, determinando a via de
propagação de organismos patogênicos durante a
disseminação da infecção. No tórax e abdome, é
simplesmente uma película fina de tecido areolar que cobre
os músculos e aponeuroses. Nos membros, forma uma
bainha definida ao redor dos músculos e outras estruturas,
mantendo-os em Posição. Septos fibrosos que se estendem
a partir da superfície profunda da membrana, entre grupos
musculares, e em muitos lugares, dividem-se até o interior
dos membros em compartimentos (Fig. 1-7). Na região das
articulações, a fáscia profunda pode estar
consideravelmente espessada, formando faixas de
retenção, denominadas retináculos (Fig. 1-8).
Fig. 1-8. Retináculo extensor na superfície posterior do punho,
sustentando os tendões dos músculos extensores em posição.
Sua função é manter os tendões subjacentes em posição,
ou servir como roldanas ou polias ao redor das quais os
tendões podem se movimentar.
MÚSCULOS
Existem três tipos de músculos: esqueléticos, lisos, e
cardíaco.
MÚSCULO ESQUELÉTICO
Os músculos esqueléticos são os que realizam os
movimentos do esqueleto; algumas vezes são chamados
músculos voluntários, e constituem-se de fibras musculares
estriadas. O músculo esquelético tem duas ou mais
conexões com os ossos. A conexão que se movimenta
menos é referida como a origem, e a que se move mais,
como a inserção (Fig. 1-9).
Fig. 1-9. Origem, inserção e ventre do músculo braquial.
Sob circunstâncias variadas, o grau de mobilidade das
conexões pode ser invertido e portanto os termos origem e
inserção são intercambiáveis.
A parte carnosa do músculo é denominada ventre (Fig. 1-9).
As extremidades de um músculo estão ligadas aos ossos,
cartilagens ou ligamentos por cordões de tecido fibroso
denominados tendões (Fig. 1-10).
Fig. 1-10. Exemplo de (1) um tendão, (2) uma aponeurose, e (3)
uma rafe.
Ocasionalmente, músculos planos estão ligados por uma
lâmina fina mas forte de tecido fibroso denominada
aponeurose (Fig. 1-10). Uma rafe é uma interdigitação das
extremidades tendinosas das fibras dos músculos planos
(Fig. 1-10).
ESTRUTURA INTERNA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO
As fibras musculares são mantidas juntas por um delicado
tecido areolar que se condensa na superfície para formar
um revestimento fibroso, o epimísio (Fig. 1-11).
Fig. 1-11. (A) Secção transversal de um músculo, mostrando feixes
e fibras musculares, envolvidos e suportados por tecido conectivo.
Observar a entrada do tronco nervoso e dos vasos sangüíneos. (B)
Músculo em repouso e contraído, demonstrando como fibras
musculares em contração encurtam de 1/3 a 1/2 seu comprimento
em repouso. Observar como o músculo fica tumefeito. (C) As
diferentes formas de estrutura interna de músculo esquelético.
As fibras individuais de um músculo são dispostas em
sentido paralelo ou oblíquo ao longo eixo do músculo.
Considerando-se que quando se contrai um músculo
encurta-se de um terço da metade de seu comprimento em
repouso, segue-se então que músculos cujas fibras correm
paralelas à linha de estiramento provocam maior grau de
movimento, em comparação com aqueles cujas fibras
correm obliquamente. Exemplos de músculos com fibras
dispostas em paralelo (Fig. 1-11) são o
esternocleidomastóideo, o reto do abdome e o sartório.
Os músculos cujas fibras correm obliquamente à linha de
estiramento são denominados músculos peniformes
(assemelham-se a uma pena) (Fig. 1-11). Um músculo
unipenado é aquele em que o tendão situa-se ao longo de
um dos lados do músculo, e as fibras musculares passam
em sentido oblíquo a ele (por exemplo, extensor digitorum
longus). Um músculo bipenado é aquele em que o tendão
situa-se no centro do músculo e as fibras musculares
passam dos dois lados em relação a ele (p. ex., o reto
femoral). Um músculo multipenado (1) pode se dispor
como uma série de músculos bipenados um ao lado do
outro (por exemplo, fibras acromiais do deltóide); ou (2)
pode apresentar um tendão no interior do seu centro, as
fibras musculares passando de todos os lados em relação a
ele, convergindo à medida que passam (por exemplo, tibial
anterior).
Para um determinado volume de substâncias musculares,
os músculos peniformes apresentam muito mais fibras
quando comparados com os músculos de fibras dispostas
em paralelo, sendo por conseguinte mais potentes; em
outras palavras, a amplitude do movimento foi sacrificada
pela força.
TÔNUS E AÇÃO MUSCULAR
Uma unidade motora consiste em um neurônio motor da
coluna cinzenta anterior, ou de uma coluna anterior da
medula espinhal e todas as fibras musculares supridas por
ele (Fig. 1-12).
Fig. 1-12. Componentes de uma unidade motora.
Num grande músculo das nádegas, como o glúteo maior,
onde o controle delicado é desnecessário, um determinado
neurônio motor pode suprir até 200 fibras musculares. Em
contraste, nos pequenos músculos das mãos ou nos
músculos intrínsecos da órbita, onde é necessário um
controle delicado, uma fibra nervosa supre apenas algumas
fibras musculares.
Quando em estado de repouso, todo músculo esquelético
está em parcial estado de contração. Esta condição é
denominada tônus muscular. Considerando-se que as fibras
musculares estão totalmente contraídas ou relaxadas, não
existindo estágio intermediário, poucas fibras musculares
num determinado músculo estão completamente contraídas
durante todo o tempo. Para dar origem a este estado e
evitar fadiga, diferentes grupos de unidades motoras e,
deste modo, diferentes grupos de fibras musculares são
postos em ação em diferentes tempos. Isto é realizado pela
descarga assíncrona dos impulsos nervosos nos neurônios
motores do como cinzento anterior da medula espinhal.
Basicamente, o tônus muscular depende da integridade de
um simples arco reflexo monossináptico composto de dois
neurônios no sistema nervoso (Fig. 1-13).
Fig. 1-13. (A) Arco reflexo simples, consistindo em um neurônio
aferente, que se origina nos fusos musculares e fusos tendinosos, e
de um neurônio eferente, cujo corpo celular situa-se na coluna
cinzenta anterior da medula espinhal. (B) Axônio do neurônio motor,
que termina na fibra muscular situada numa placa motora terminal.
(C) Estrutura do fuso muscular.
O grau de tensão do músculo é detectado por terminações
sensoriais sensitivas denominadas fusos musculares e fusos
tendinosos (Fig. 1-13). Os impulsos nervosos atravessam
neurônios aferentes que entram na medula espinhal. Aí,
fazem sinapse com os neurônios motores situados na
coluna cinzenta anterior, que, por sua vez, envia impulsos
para baixo, através de seus axônios, para as fibras
musculares (Fig. 1-13). Se as vias aferentes ou eferentes
deste arco reflexo simples fossem cortadas, o músculo
perderia imediatamente o seu tônus e tornar-se-ia flácido.
O músculo flácido é sentido à palpação como uma massa
pastosa, tendo perdido completamente a sua elasticidade.
Atrofia-se rapidamente e passa a ter volume reduzido. É
importante compreender que o grau de atividade das
células da coluna cinzenta anterior, e por conseguinte o
grau de tônus muscular, depende da soma dos impulsos
nervosos recebidos por estas células de outros neurônios
do sistema nervoso.
O movimento muscular é realizado acionando-se um
número cada vez maior de unidades motoras e, ao mesmo
tempo, reduzindo-se a atividade das unidades motoras dos
músculos que se opõem ou antagonizam o movimento.
Quando é necessário um esforço máximo, todas as
unidades motoras de um músculo são postas em ação.
É importante compreender que todos os movimentos são a
conseqüência da ação coordenada de muitos músculos.
Entretanto, para compreender a ação de um músculo é
necessário estudá-lo individualmente.
Um músculo pode trabalhar do seguinte modo: como (1)
agonista, (2) antagonista, (3) fixador, e (4) sinergista.
AGONISTA. Um músculo é agonista quando é o principal
músculo ou membro de um grupo principal de músculos
responsável por um movimento particular. Por exemplo, o
quadríceps femoral é agonista no movimento de extensão
da articulação do joelho (Fig. 1-14).
Fig. 1-14. Diferentes tipos de ação muscular. (A) Quadríceps
femoral estendendo o joelho como agonista, bíceps femoral
atuando como antagonista. (B) Bíceps femoral fletindo o joelho
como agonista, e quadríceps atuando como antagonista. (C)
Músculos situados em torno da cintura escapular fixando a escápula
de modo que o movimento de abdução na articulação do ombro
possa ser realizado. (D) Músculos flexor e extensor do carpo
atuando como sinergistas e estabilizando o carpo de modo que os
tendões flexor e extensor possam fletir e estender os dedos.
ANTAGONISTA. Qualquer músculo que se opõe à ação do
agonista é um antagonista. Por exemplo, o bíceps femoral
opõe-se à ação do quadríceps femoral quando a articulação
do joelho é estendida (Fig. 1-14). Antes que o agonista
possa se contrair, deve haver igual relaxamento do
músculo antagonista; isto é causado pela inibição do
reflexo nervoso.
FIXADOR. É um músculo que se contrai isometricamente
para estabilizar a origem do agonista de modo que este
possa atuar eficientemente. Por exemplo, os músculos que
unem a cintura escapular ao tronco contraem-se como
fixadores para permitir ao deltóide atuar sobre a articulação
do ombro (Fig. 1-14).
SINERGISTA. Existem muitos exemplos no corpo, onde um
músculo agonista cruza um grande número de articulações
antes de alcançar aquela em que sua ação principal tem
lugar. Para impedir um movimento indesejado numa
articulação intermediária, grupos de músculos denominados
sinergistas, contraem-se e estabilizam as articulações
intermediárias. Por exemplo, os músculos flexor e extensor
do carpo contraem-se para fixar a articulação do punho, o
que permite aos músculos extensor e flexor longos dos
dedos trabalhar eficientemente (Fig. 1-14).
Deve-se compreender que estes são os termos aplicados na
ação de um músculo particular durante um movimento
particular; muitos músculos podem atuar como agonista,
antagonista, fixador ou sinergista, dependendo do
movimento a ser realizado.
INERVAÇÃO DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS
O tronco nervoso para um músculo é um nervo misto, cerca
de 60% motor e 40% sensorial, e também contém algumas
fibras simpáticas autônomas. O nervo entra no músculo
próximo da parte média, sob a sua superfície profunda,
muitas vezes próximo da margem; o local de entrada é
conhecido como ponto motor (Fig. 1-11). Esta disposição
permite ao músculo movimentar-se com o mínimo de
interferência do tronco nervoso
As fibras motoras são de dois tipos: as fibras alfa, maiores,
derivadas de grandes células da coluna cinzenta anterior, e
as fibras gama, menores, derivadas de células menores da
medula espinhal. Todas as fibras são mielinizadas e
terminam dividindo-se em muitos ramos, cada um dos
quais termina em uma fibra muscular na placa motora
terminal (Fig. 1-13). Cada fibra muscular possui pelo menos
uma placa motora terminal; as fibras mais longas possuem
mais.
As fibras sensoriais ou sensitivas são mielinizadas e
originam-se de terminações sensoriais especializadas,
situando-se no interior dos músculos ou tendões
denominados fusos musculares ou fusos tendinosos,
respectivamente. Estas terminações são estimuladas por
tensão no músculo, que pode ocorrer durante contração
ativa ou estiramento passivo. A função destas fibras
sensoriais é dirigir, para o sistema nervoso central, as
informações relativas ao grau de tensão dos músculos. Isto
é essencial para a manutenção do tônus muscular e da
postura corporal, para realizar movimentos voluntários
coordenados.
As fibras simpáticas são não-mielinizadas e passam para os
músculos lisos nas paredes dos vasos sangüíneos que
suprem o músculo. Sua função é regular o fluxo sangüíneo
para os músculos.
MÚSCULO LISO
O músculo liso consiste em células longas, fusiformes,
intimamente dispostas em feixes ou camadas. Nos órgãos
tubulares (ocos), fornecem a força motora para impelir os
conteúdos através do lúmen. No sistema digestivo, também
fazem com que os alimentos ingeridos sejam
completamente misturados com os sucos digestivos. Uma
onda de contração das fibras dispostas circularmente passa
ao longo do canal, ordenhando seu conteúdo para a frente.
Por sua contração, as fibras longitudinais empurram a
parede do tubo no sentido proximal em relação ao
conteúdo. Este método de propulsão é denominado
peristalse.
Nos órgãos de armazenamento, como a bexiga urinária ou
o útero, as fibras estão irregularmente dispostas e
entrelaçadas umas com as outras. Sua contração é lenta e
mantida, e provoca a expulsão do conteúdo dos órgãos.
Nas paredes dos vasos sangüíneos, as fibras musculares
lisas são dispostas de modo circular e servem para
modificar o calibre do lúmen.
Dependendo do órgão, as fibras musculares lisas podem
determinar a contração pelo estiramento local das fibras,
por impulsos nervosos dos nervos autônomos, ou por
estímulo hormonal.
MÚSCULO CARDÍACO
O músculo cardíaco consiste em fibras musculares estriadas
que se ramificam e se unem umas com as outras. É
encontrado no miocárdio do coração. Suas fibras tendem a
se dispor obliquamente e em espirais e apresentam a
propriedade da contração rítmica e espontânea. As fibras
musculares cardíacas especializadas formam o sistema de
condução do coração.
O músculo cardíaco é suprido por fibras nervosas
autônomas que terminam nos nodos do sistema de
condução e no miocárdio.
ARTICULAÇÃO
O local onde dois ou mais ossos entram em contato, exista
ou não movimento entre eles, é denominado articulação. As
articulações são classificadas de acordo com o tecido que
existe entre os ossos: articulações fibrosas, cartilaginosas e
sinoviais.
ARTICULAÇÕES FIBROSAS
As superfícies articulares dos ossos são unidas por tecido
fibroso (Fig. 1-15),
Fig. 1-15. Exempla de três tipos de articulação.
e assim os movimentos são muito restritos. O grau de
movimento depende do comprimento das fibras colágenas
que unem os ossos. As suturas da abóbada craniana e as
articulações tibiofibulares inferiores são exemplos de
articulações fibrosas.
ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS
As articulações cartilagíneas podem ser divididas em dois
tipos: primárias e secundárias. Uma articulação cartilagínea
primária é aquela em que os ossos são unidos por uma
placa ou barra de cartilagem hialina. Desta maneira, a
união entre a epífise e a diáfise de um osso em crescimento
e a situada entre a primeira costela e o manúbrio esternal
constituem exemplos deste tipo de articulação. Nenhum
movimento é possível.
Numa articulação cartilagínea secundária, os ossos são
unidos por uma placa de fibrocartilagem; as superfícies
articulares dos ossos são cobertas por fina camada de
cartilagem hialina. Exemplos são as articulações
intervertebrais (Fig. 1-15) e a sínfise púbica. A quantidade
de movimento possível depende das qualidades físicas da
fibrocartilagem. (Ver Sínfise Púbica na Gravidez.)
ARTICULAÇÕES SINOVIAIS
As superfícies articulares dos ossos são cobertas por fina
camada de cartilagem hialina, separada por uma cavidade
articular sinovial (Fig. 1-15). Esta disposição permite maior
liberdade de movimentos. A cavidade da articulação é
limitada por uma membrana sinovial que se estende das
margens de uma superfície articular às margens da outra. A
membrana sinovial é protegida do lado externo por uma
dura membrana fibrosa, denominada cápsula da articulação
(cápsula articular). As superfícies articulares são
lubrificadas por um líquido viscoso denominado líquido
sinovial. Em certas articulações sinoviais, por exemplo, a
articulação do joelho, discos ou cunhas de fibrocartilagem
estão interpostos entre as superfícies articulares dos ossos.
Estes são denominados discos articulares.
Coxins gordurosos são encontrados em algumas
articulações sinoviais situadas entre a membrana sinovial e
a cápsula fibrosa ou osso. Exemplos são encontrados na
bacia (Fig. 1-15) e articulações do joelho.
O grau de movimento em uma articulação sinovial está
limitado pela forma dos ossos que participam da articulação
pela aproximação das estruturas anatômicas adjacentes
(por exemplo, a coxa contra a parede abdominal anterior,
fletindo-se a articulação da bacia), e a presença de
ligamentos fibrosos que unem os ossos. A maior parte dos
ligamentos situa-se fora da cápsula articular, porém no
joelho, alguns ligamentos importantes, os ligamentos
cruzados, situam-se dentro da cápsula (Fig. 1-16).
Fig. 1-16. Os três fatores Principais responsáveis pela estabilização
de uma articulação. (A) Forma das superfícies articulares, (B)
ligamentos, e (C) tônus muscular.
ESTABILIDADE ARTICULAR
A estabilidade de uma articulação depende de três fatores
principais: (1) a forma, o tamanho e a disposição das
superfícies articulares; (2) os ligamentos; e (3) o tônus dos
músculos em torno da articulação.
SUPERFÍCIES ARTICULARES
A disposição em bola-e-luva da articulação do quadril (Fig.
1-16) e a disposição em encaixe da articulação do tornozelo
são bons exemplos de como a forma do osso desempenha
um papel importante na estabilidade articular. Existem
todavia outros exemplos de articulações em que a forma do
osso contribui pouco, ou nada, para a estabilidade; por
exemplo, a articulação acromioclavicular, a
calcaneocubóide, e a articulação do joelho.
LIGAMENTOS
Os ligamentos fibrosos impedem o movimento excessivo
em uma articulação (Fig. 1-16), porém se o estresse
continua por tempo excessivamente longo, os ligamentos
fibrosos se distendem. Por exemplo, os ligamentos
articulares entre os ossos que formam os arcos dos pés não
mantêm por si mesmos o peso do corpo. No caso de o
tônus muscular, que normalmente mantém os arcos, ficar
prejudicado pela fadiga, os ligamentos se distendem e os
arcos entram em colapso, causando pés chatos.
Os ligamentos elásticos por outro lado, voltam ao seu
comprimento original após estiramento. Os ligamentos
elásticos dos ossículos auditivos desempenham papel ativo
na manutenção das articulações e ajudam no retorno dos
ossos à sua posição original após os movimentos.
TÔNUS MUSCULAR
Na maior parte das articulações, o tônus muscular é o
principal fator para controlar a estabilidade. Por exemplo, o
tônus muscular dos músculos curtos em torno da
articulação do ombro mantém a cabeça hemisférica do
úmero no oco da cavidade glenóide. Sem a ação destes
músculos, seria necessária uma força muito pequena para
deslocar essa articulação. A articulação dos joelhos é muito
instável sem a atividade tônica do músculo quadríceps
femoral. As articulações entre os pequenos ossos que
formam os arcos dos pés são, em grande parte, mantidas
pelo tônus muscular da perna, cujos tendões estão
inseridos nos ossos dos pés (Fig. 1-16).
INERVAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES
A cápsula e os ligamentos recebem abundante inervação
sensorial. Os vasos sangüíneos recebem fibras simpáticas
autônomas. A cartilagem que cobre as superfícies
articulares possui apenas algumas poucas terminações
nervosas próximo à sua extremidade. A superdistensão da
cápsula e dos ligamentos produz contração reflexa dos
músculos situados ao redor da articulação; uma distensão
excessiva causa dor. Os receptores de distensão situados
no interior da cápsula e dos ligamentos estão
continuamente enviando informações proprioceptivas para
o sistema nervoso central, mantendo-o informado partir
dos fusos musculares coordenando os movimentos
voluntários.
As fibras simpáticas controlam o suprimento sangüíneo
para a articulação.
Lei de Hilton: Um nervo que supre uma articulação também
supre os músculos que movimentam a articulação e a pele
sobre as inserções destes músculos.
LIGAMENTOS
O ligamento é um tendão ou uma faixa de tecido conectivo
que une duas estruturas. Comumente encontrados em
associação com as articulações, os ligamentos são de dois
tipos: a maioria é composta de densos feixes de fibras
colágenas e não podem ser distendidos sob condições
normais (por exemplo, ligamento iliofemoral da articulação
do quadril, ligamentos colaterais da articulação do
tornozelo). O segundo tipo é composto, em grande parte,
de tecido elástico, e por conseguinte pode refazer o seu
comprimento original após a distensão (por exemplo,
ligamento flavo da coluna vertebral e ligamento
calcaneonavicular do pé).
BOLSAS
Uma bolsa é um aparelho de lubrificação que consiste de um saco
fibroso- fechado, delimitado por fina membrana lisa. Suas paredes
são separadas por uma camada de líquido viscoso. As bolsas são
encontradas sempre que os tendões são atritados contra ossos,
ligamentos, ou outros tendões. São comumente encontradas
próximo das articulações, onde a pele se atrita contra estruturas
ósseas subjacentes, por exemplo, a bolsa pré-patelar (Fig. 1-17).
Fig. 1-17. (A) Quatro bolsas relacionadas à parte frontal da
articulação do joelho. Observar que a bolsa suprapatelar comunica-
se com a cavidade da articulação. (H) Bainha sinovial,
demonstrando como os vasos sanguíneos alcançam o tendão
através do mesotendão.
Ocasionalmente, a cavidade de uma bolsa comunica-se com a
cavidade da articulação sinovial. Por exemplo, a bolsa suprapatelar
comunica-se com a articulação do joelho (Fig. 1-17), e a bolsa
subescapular comunica-se com a articulação do ombro.
BAINHA SINOVIAL
Uma bainha sinovial é uma bolsa tubular que cerca um tendão. O
tendão invagina a bolsa de um lado, ficando suspenso no interior da
bolsa por um mesotendão (Fig. 1-17). Este permite a entrada dos
vasos sangüíneos no tendão ao longo de seu curso. Em certas
situações, onde a variação do movimento é extensa, o mesotendão
desaparece ou permanece na forma de fios estreitos, os vínculos ou
freios (por exemplo, os tendões flexores longos dos dedos das
mãos e dos pés).
VASOS SANGÜÍNEOS
Os vasos sangüíneos são de três tipos: artérias, velas e capilares
(Fig. 1-18).
Fig. 1-18. Esquema geral da circulação sanguínea vascular.
As artérias levam o sangue do coração e o distribuem para os
vários tecidos do corpo por meio de seus ramos (Figs. 1-18 e 1-19).
Fig. 1-19. Diferentes tipos de vasos sangüíneos e seus métodos de
união. Observar a diferença entre a artéria terminal anatômica e a
artéria terminal funcional.
As artérias menores, inferiores a 0,1 mm, de diâmetro, são
denominadas arteríolas. A união de ramos das artérias é
denominada anastomose. Não existem valvas nas artérias.
As artérias terminais anatômicas (Fig. 1-19) são vasos cujos ramos
terminais não se anastomosam com os ramos das artérias que
suprem áreas adjacentes. Artérias terminais funcionais são vasos
cujos ramos terminais se anastomosam com os das artérias
adjacentes, mas o calibre da anastomose é insuficiente para manter
vivo o tecido caso uma das artérias se torne ocluída.
As veias são vasos que levam o sangue de volta para o coração;
multas delas possuem valvas. As veias menores são denominadas
vênulas (Fig. 1-19). As veias menores, ou tributárias ou afluentes,
unem-se para formar veias maiores, que comumente se ligam umas
com as outras para formar plexos venosos. As artérias profundas de
médio calibre são muitas vezes acompanhadas de duas veias, uma
de cada lado, denominadas venae comitantes.
As veias que saem do trato gastrointestinal não vão diretamente
para o coração, mas convergem para a veia porta; esta entra no
fígado e divide-se novamente em veias de tamanho cada vez
menor, que por fim se unem aos capilares dos lóbulos hepáticos
(Fig. 1-19). Assim, o sistema porta é um sistema de vasos
interpostos entre dois leitos capilares.
Os capilares são vasos microscópicos com a forma de uma rede
conectando as arteríolas às vênulas (Fig. 1-19).
Em algumas áreas do corpo, sobretudo nas pontas dos dedos das
mãos e do pé, existem conexões diretas entre as artérias e as
veias, sem a intervenção de capilares. Os locais destas conexões
são denominados anastomoses arteriovenosas.
SISTEMA LINFÁTICO
Linfa é o nome dado ao líquido tissular depois de entrar em um
vaso linfático. Os capilares linfáticos são uma rede de finos vasos
que drenam a linfa dos tecidos. Estes capilares, por sua vez, são
drenados por pequenos vasos linfáticos, que se unem para formar
grandes vasos linfáticos. Os vasos linfáticos apresentam um
aspecto em contas devido à presença de numerosas valvas ao
longo de seu curso.
A linfa é por fim drenada na corrente sangüínea, mas antes que isso
aconteça, ela passa através de pelo menos um nódulo linfático ou
linfonodo, freqüentemente através de vários linfonodos. Os vasos
linfáticos que levam a linfa para o linfonodo são denominados vasos
aferentes (Fig. 1-20);
Fig. 1-20. (A) Ducto torácico e ducto linfático direito e seus
principais tributários. (É) Áreas do corpo drenadas no ducto torácico
(claro), e ducto linfático direito (escurecida). (C) Estrutura geral de
um linfonodo. (D) Vasos linfáticos e nódulos do membro superior.
os que a transportam para fora do linfonodo são os vasos eferentes.
A linfa alcança a corrente sangüínea, na raiz do pescoço, por
grandes vasos linfáticos denominados ducto linfático direito e ducto
torácico (Fig. 1-20).
SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso é dividido em duas partes principais: sistema
nervoso central, composto de cérebro e medula espinhal, e sistema
nervoso periférico, composto de nervos cranianos e espinhais e
seus gânglios associados.
O sistema nervoso central é composto de grande número de células
nervosas e suas ramificações, mantidas por tecido especializado
denominado neuróglia. Neurônio é o nome dado à célula nervosa e
todas as suas ramificações. As ramificações longas de uma célula
nervosa são denominadas axônios, ou fibras nervosas (Fig. 1-23).
Fig. 1-23. (A) Neurônio motor multipolar e neurônio conector
fazendo sinapse entre si. (B) Secção através do segmento torácico
da medula espinhal com raízes espinhais e gânglio da raiz
posterior. (C) Secção transversal do segmento torácico da medula
espinhal, mostrando raízes, nervo espinhal, ramos anteriores e
posterior e suas ramificações.
O interior do sistema nervoso central é organizado em substância
branca e cinzenta. A substância cinzenta consiste em células
nervosas e das porções proximais; de suas ramificações,
encerradas em neuróglia. A substância branca consiste em fibras
nervosas encerradas em neuróglia.
Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os
nervos cranianos e espinhais são cordões de coloração branco-
acinzentada. São constituídos de feixes de fibras nervosas
mantidos por fino tecido areolar.
Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e
passam através de forâmens do crânio. Existem 31 pares de nervos
espinhais que partem da medula espinhal e passam através de
forâmens intervertebrais na coluna vertebral (Figs. 1-21 e 1-22).
Fig. 1-21. Cérebro, medula espinhal, nervos espinhais e plexos dos
membros.
Fig. 1-22. Associação entre medula espinhal, nervos espinhais e
troncos simpáticos.
Os nervos espinhais são denominados de acordo com as regiões
da coluna vertebral com as quais estão associados: 8 cervicais, 12
torácicos, 5 lombares, 5 sacrais, e 1 coccígico. Observar que
existem 8 nervos cervicais e apenas 7 vértebras cervicais, e que
existem um nervo coccígico e 4 vértebras coccígicas.
Cada nervo espinhal é conectado à medula espinhal por duas
raízes, a raiz anterior e a raiz posterior (Figs. 1-22 e 1-23). A raiz
anterior consiste em feixes de fibras nervosas que levam impulsos
nervosos para fora do sistema nervoso central (Fig. 1-23). Estas
fibras nervosas são denominadas fibras eferentes. As fibras
eferentes que vão para o músculo esquelético e provocam a sua
contração são denominadas fibras motoras. Suas células de origem
situam-se na coluna cinzenta anterior da medula espinhal.
A raiz posterior consiste em feixes de fibras nervosas que levam
impulsos para o sistema nervoso central, sendo denominadas fibras
aferentes (Fig. 1-23). Considerando-se que estas fibras estão
relacionadas com a transmissão de informações sobre as
sensações de tato, dor, temperatura, e vibrações, elas são
denominadas fibras sensoriais. Os corpos celulares destas fibras
nervosas estão situados em uma tumefação da raiz posterior
denominada gânglio da raiz posterior (Figs. 1-22 e 1-23).
Em cada forâmen intervertebral, as raízes anterior e posterior
unem-se para formar um nervo espinhal (Fig. 1-22). Aqui, as fibras
motoras e sensoriais misturam-se entre si, de modo que um nervo
espinhal é constituído de uma mistura de fibras motoras e
sensoriais (Fig. 1-23). Saindo do forâmen, o nervo espinhal divide-
se em um grande ramo anterior e um ramo posterior de menor
calibre. O ramo posterior passa posteriormente, em torno da coluna
vertebral, para suprir os músculos e a pele do dorso (Figs. 1-22 e 1-
23). O ramo anterior continua anteriormente suprindo os músculos
da pele situada sobre a parede ântero-lateral do corpo e todos os
músculos e a pele dos membros.
Na raiz dos membros, os ramos anteriores unem-se entre si para
formarem complicados plexos nervosos (Fig. 1-21). Na raiz dos
braços, situam-se os plexos cervical e braquial, e na raiz das
pernas, os plexos lombar e sacral.
É importante saber que a divisão clássica do sistema nervoso em
parte central e periférica é puramente artificial e de conveniência
descritiva, pois as ramificações dos neurônios passam livremente
entre ambas. Por exemplo, o neurônio motor localizado na coluna
cinzenta anterior do primeiro segmento torácico da medula espinhal
dá origem a um axônio que passa através da raiz anterior do
primeiro nervo torácico (Fig. 1-24),
Fig. 1-24. Dois neurônios que passam do sistema nervoso central
para o sistema nervoso periférico. (A) Neurônio aferente, que se
estende do quinto dedo do pé até o cérebro. (B) Neurônio eferente,
que se estende da coluna cinzenta anterior do primeiro segmento
torácico da medula espinhal até um músculo curto da mão.
através do plexo braquial, segue em direção inferior pelo braço e
antebraço no nervo ulnar e finalmente alcança as placas motoras
terminais em várias fibras musculares de um pequeno músculo da
mão - uma distância total de cerca de 90 cm.
Para tomar outro exemplo: considerar a sensação de tato sentida
na parte lateral do quinto dedo do pé. Esta área da pele é suprida
pelo primeiro segmento sacral da medula espinhal (S1). Os finos
ramos terminais do axônio sensorial, denominados dendritos,
partem dos órgãos sensoriais da pele e unem-se para formar o
axônio do nervo sensorial. Este sobe pela perna no nervo sural
(Fig. 1-24) e depois, nos nervos isquiático e tibial, até o plexo
lombossacral. Passa então através da raiz posterior do primeiro
nervo sacro para alcançar o corpo celular no gânglio da raiz
posterior do primeiro nervo sacral. O axônio central entra, agora, no
funículo posterior da medula espinhal e sobe até o nucleus gracilis
na medula oblongata - numa distância total de cerca de 1,5 metro.
Deste modo, um único neurônio estende-se do quinto dedo do pé
até o interior do cérebro.
Ambos os exemplos ilustram o comprimento extremo de um único
neurônio.
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
O sistema nervoso autônomo é a parte do sistema nervoso
relacionada com a inervação das estruturas involuntárias, como
coração, músculos lisos e glândulas, em todo o corpo. É distribuído
através do sistema nervoso central e periférico. O sistema
autônomo pode ser dividido em duas partes, o simpático e o
parassimpático. Em ambas as partes existem fibras nervosas
aferentes e eferentes.
As atividades da parte simpática do sistema autônomo preparam o
corpo para uma emergência. Aceleram a freqüência cardíaca,
provocam a constrição dos vasos sangüíneos periféricos, e elevam
a pressão sangüínea. A parte simpática do sistema autônomo leva
a uma redistribuição do sangue, de modo que, partindo de áreas da
pele e do intestino, ele fica disponível para o cérebro, coração e
músculos esqueléticos. Ao mesmo tempo, inibe a peristalse do trato
intestinal e fecha os esfíncteres.
As atividades da parte parassimpática do sistema autônomo têm
por objetivo conservar e restaurar energia. Diminuem a freqüência
cardíaca, aumentam a peristalse do intestino e a atividade glandular
e abrem os esfíncteres.
PARTE SIMPÁTICA DO SISTEMA AUTÔNOMO
FIBRAS NERVOSAS EFERENTES. A substância cinzenta da
medula espinhal, do primeiro segmento torácico ate o segundo
segmento lombar, possui uma coluna lateral onde estão localizados
os corpos celulares dos neurônios simpáticos (Fig. 1-25).
Fig. 1-25. Disposição geral das partes somáticas do sistema
nervoso (à esquerda), comparadas com as partes autônomas do
sistema nervoso (à direita).
Os axônios mielinizados destas células deixam a medula espinhal
das raízes nervosas anteriores e depois passam, através dos
ramos comunicantes brancos, para os gânglios paravertebrais do
tronco simpático (Figs. 1-22, 1-25 e 1-26).
Fig. 1-26. Partes diferentes do sistema nervoso autônomo. As fibras
parassimpáticas pré-ganglionares são representadas em linha azul
contínua; as fibras parassimpáticas pós-ganglionares, em linha azul
pontilhada. As fibras simpáticas pré-ganglionares são
representadas em linha vermelha contínua; as fibras simpáticas
pós-ganglionares são representadas em linha vermelha pontilhada.
Estas fibras celulares são denominadas pré-ganglionares quando
passam para um gânglio periférico. Depois que as fibras pré-
ganglionares alcançam os gânglios do tronco simpático, elas podem
ter os seguintes destinos:
1. Podem terminar no gânglio onde entraram, fazendo sinapse com
uma célula excitadora dentro do gânglio (Fig. 1-25). Uma sinapse
pode ser definida como o local em que dois neurônios entram em
estreita proximidade, porém não em continuidade anatômica. O
intervalo entre dois neurônios é preenchido por uma substância
neurotransmissora, a acetilcolina. Os axônios dos neurônios
excitadores deixam o gânglio e são desmielinizados. Estas fibras
nervosas pós-ganglionares passam agora para os nervos espinhais
torácicos como ramos comunicantes cinzentos, e são distribuídas
nos ramos dos nervos espinhais para suprirem os músculos lisos
das paredes dos vasos sangüíneos, glândulas sudoríparas, e
músculos eretores do pêlo da pele.
2. As fibras que entram nos gânglios do tronco simpático, na parte
alta do tórax, podem ascender no tronco simpático até os gânglios
da região cervical, onde fazem sinapse com as células excitadoras
(Figs. 1-25 e 1-26). Aqui, novamente, as fibras nervosas pós-
ganglionares deixam o tronco simpático como ramos comunicantes
cinzentos, e a maior parte delas une-se aos nervos espinhais
cervicais.
Muitas das fibras pré-ganglionares que entram na parte inferior do
tronco simpático a partir dos segmentos torácicos inferiores e dos
dois segmentos lombares superiores da medula espinhal seguem
inferiormente até gânglios das regiões lombar inferior e sacra, onde
fazem sinapse com as células excitadoras (Fig. 1-26). As fibras
pós-ganglionares deixam o tronco simpático como ramos
comunicantes cinzentos, que unem os nervos espinhais lombar,
sacral e coccígico.
3. As fibras pré-ganglionares podem passar através dos gânglios
para a parte torácica do tronco simpático sem fazerem sinapse.
Estas fibras mielinizadas formam os nervos esplâncnicos (Fig. 1-
26), dos quais existem três.
O nervo esplâncnico maior origina-se do quinto ao nono gânglio
torácico, atravessa o diafragma, e faz sinapse com as células
excitadoras dentro dos gânglios do plexo celíaco. Os nervos
esplâncnicos menores originam-se do 10.º e 11.º gânglios,
atravessam o diafragma, e fazem sinapse com as células
excitadoras; dos gânglios da parte inferior do plexo celíaco. O nervo
esplâncnico imo (inferior) (quando presente) origina-se no
12.ºgânglio torácico, atravessa o diafragma, e faz sinapse com as
células excitadoras; dos gânglios do plexo renal. Os nervos
esplâncnicos são, portanto, compostos de fibras pré-ganglionares.
As fibras pós-ganglionares originam-se das células excitadoras dos
plexos periféricos anteriormente citados, sendo distribuídas para os
músculos lisos e glândulas das vísceras. Algumas fibras pré-
ganglionares passam pelo nervo esplâncnico maior e terminam
diretamente nas células da medula supra-renal. Estas células
medulares podem ser consideradas células excitadoras simpáticas
modificadas.
FIBRAS NERVOSAS AFERENTES. As fibras nervosas aferentes
mielinizadas partem das vísceras através dos gânglios simpáticos,
sem fazerem sinapse (Fig. 1-25). Entram no nervo espinhal através
dos ramos comunicantes brancos e alcançam seus corpos celulares
no gânglio da raiz posterior do nervo espinhal correspondente. Os
axônios centrais entram na medula espinhal e podem formar o
componente aferente de um arco reflexo local. Outros podem
ascender até os centros autônomos mais elevados, situados no
cérebro.
PARTE PARASSIMPÁTICA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
FIBRAS NERVOSAS EFERENTES. As células conectoras desta
parte do sistema estão localizadas no cérebro e nos segmentos
sacrais da medula espinhal (Fig. 1-26). As do cérebro formam parte
do núcleo de origem dos nervos cranianos 3, 7, 9 e 10 e os axônios
emergem do cérebro contido nos nervos cranianos
correspondentes.
As células parassimpáticas sacrais são encontradas na substância
cinzenta do segundo, terceiro e quarto segmentos sacrais da
medula. Estas células não são suficientemente numerosas para
formarem uma coluna cinzenta lateral, como fazem as células pré-
ganglionares simpáticas da região toracolombar. Os axônios
mielinizados deixam a medula espinhal nas raízes nervosas
anteriores e espinhais correspondentes. Em seguida, saem dos
nervos sacrais e formam os nervos esplâncnicos pélvicos.
Todas as fibras eferentes até agora descritas são pré-ganglionares
e fazem sinapse com células excitadoras dos gânglios periféricos,
usualmente situadas próximo das vísceras às quais inervam. As
fibras pré-ganglionares cranianas comunicam-se com os gânglios
ciliares, pterigopalatinos submandibulares e óticos (Fig. 1-26). As
fibras pré-ganglionares dos nervos esplâncnicos pélvicos fazem
comunicação nos gânglios dos plexos pélvicos.
Caracteristicamente, as fibras pós-ganglionares são
desmielinizadas e de comprimento relativamente curto quando
comparadas com as fibras simpáticas pós-ganglionares.
FIBRAS NERVOSAS AFERENTES. As fibras aferentes
mielinizadas passam das vísceras para os seus corpos celulares,
localizados ou nos gânglios sensoriais dos nervos cranianos ou nos
gânglios da raiz posterior dos nervos sacrais. Em seguida, os
axônios centrais entram no sistema nervoso central e tomam parte
na formação de arcos reflexos locais, ou passam para centros mais
elevados do sistema nervoso autônomo.
É importante saber que o componente aferente do sistema
autônomo é, na realidade, idêntico ao componente aferente dos
nervos somáticos e forma parte do segmento aferente geral de todo
o sistema nervoso. As terminações nervosas do componente
aferente autônomo podem não ser ativadas por sensações como
calor ou tato e sim por distensão ou privação de oxigênio. Depois
que as fibras aferentes entraram no cérebro ou na medula espinhal,
acredita-se que elas passem ao longo das fibras aferentes
somáticas, ou sejam misturadas com elas.
MEMBRANAS MUCOSAS
Membrana mucosa é o nome dado ao revestimento dos órgãos
tubulares ou de passagens que se comunicam com a superfície do
corpo. Uma membrana mucosa consiste, essencialmente, em uma
camada de epitélio ligada por uma camada de tecido conectivo, a
lâmina própria. Algumas vezes, no tecido conectivo está presente
músculo liso, denominado muscularis mucosae. Uma membrana
mucosa pode ou não secretar muco em sua superfície.
MEMBRANAS SEROSAS
As membranas serosas delimitam as cavidades do tronco refletidas
no interior das vísceras móveis que se situam dentro destas
cavidades (Fig. 1-27).
Fig. 1-27. Disposição da pleura no interior da cavidade torácica.
Observar que, sob condições normais, a cavidade pleural é um
espaço semelhante a uma fenda, e as camadas parietal e visceral
da pleura estão separadas por pequena quantidade de líquido
seroso.
Consistem em uma camada lisa de mesotélio, mantida por uma fina
camada de tecido conectivo. A membrana serosa que delimita a
parede da cavidade é denominada camada parietal, e a que cobre
as vísceras é denominada camada visceral. O estreito intervalo em
forma de fenda que separa estas camadas forma as cavidades
pleural, pericárdica e peritoneal e contém pequena quantidade de
líquido seroso, o líquido pleural. Este lubrifica a superfície das
membranas e permite que as duas camadas deslizem facilmente
uma sobre a outra.
Os mesentérios, omenta e ligamentos serosos são descritos em
outros capítulos deste livro.
Inervação
A camada parietal da membrana serosa desenvolve-se a partir da
somatopleura, sendo ricamente suprida por nervos espinhais. Por
conseguinte, é sensível a todas as sensações comuns, como tato e
dor. A camada visceral desenvolve-se a partir da esplancnopleura,
sendo suprida por nervos autônomos. É insensível ao tato e à
temperatura, porém muito sensível à distensão.
OSSO
O osso é um tecido vivo capaz de modificar sua estrutura em
conseqüência do estresse a que está sujeito. Como outros tecidos
conectivos, consiste em células, fibras e matriz. É duro devido à
calcificação de sua matriz extracelular e possui um grau de
elasticidade devido à presença de fibras orgânicas. O osso possui
uma função protetora; por exemplo, o crânio e a coluna vertebral
protegem o cérebro e a medula espinhal das lesões; o esterno e as
costelas protegem as vísceras torácicas e abdominais superiores
(Fig. 1-28).
Fig. 1-28. O esqueleto. (A) Vista anterior. (B) Vista lateral.
Serve como alavanca, conforme se observa nos ossos longos dos
membros. É uma importante área de armazenamento de sais de
cálcio. Abriga e protege, em suas cavidades, a delicada medula
óssea formadora do sangue.
O osso existe sob duas formas: compacto e esponjoso. O osso
compacto aparece como uma massa sólida; o osso esponjoso
(trabecular) consiste em uma rede de ramificações de trabéculas
(Fig. 1-29).
Fig. 1-29. Secções de diferentes tipos de ossos. (A) Osso longo
(úmero). (B) Osso irregular (calcâneo). (C) Osso plano (os dois
ossos parietais separados pela sutura sagital). (D) Osso sesamóide
(patela ou rótula). (E) Observar a disposição das trabéculas que
atuam como estruturas que resistem às forças de compressão e
tensão na extremidade proximal do fêmur.
As trabéculas são dispostas de tal maneira que resistem ao
estresse e se distendem quando o osso é exposto.
Os ossos podem ser classificados, de acordo com. sua forma geral,
como se segue: (1) ossos longos e curtos, (2) ossos irregulares, (3)
ossos chatos e (4) ossos sesamóides. Os ossos longos e curtos são
encontrados nos membros; os ossos chatos e irregulares, no crânio,
coluna vertebral e cinturas dos membros; e os ossos sesamóides,
em certos tendões (por exemplo, os do quadríceps femorais e do
flexor longo do hálux).
A medula óssea ocupa a cavidade da medula nos ossos longos e
curtos e os interstícios dos ossos esponjosos nos ossos chatos e
irregulares. Por ocasião do nascimento, a medula de todos os ossos
do organismo é vermelha e hematopoiética. Esta atividade
formadora de sangue diminui gradualmente com a idade, e a
medula vermelha é substituída por medula amarela. Aos 7 anos de
idade, a medula amarela começa a aparecer nos ossos distais dos
membros. Esta substituição da medula gradualmente se desloca no
sentido proximal, de modo que, quando o indivíduo se torna adulto,
a medula vermelha está restrita aos ossos do crânio, da coluna
vertebral, da caixa torácica, das cinturas escapular e pélvica, e à
cabeça do úmero e do fêmur.
Todas as superfícies ósseas, exceto as de articulação, estão
cobertas por uma espessa camada de tecido fibroso denominado
periósteo. O periósteo apresenta abundante suprimento vascular, e
as células de sua superfície mais profunda são osteogênicas. O
periósteo é particularmente bem unido ao osso em locais onde
músculos, tendões e ligamentos estão ligados ao osso. Feixes de
fibras colágenas conhecidas como fibras de Sharpey estendem-se
do periósteo até o osso subjacente. O periósteo recebe um rico
suprimento nervoso e é muito sensível.
Desenvolvimento do Osso
O osso se desenvolve por dois métodos: (1) membranoso e (2)
endocondral. No primeiro método, o osso se desenvolve
diretamente de uma membrana de tecido conectivo; no segundo,
um modelo cartilaginoso é inicialmente estabelecido, sendo mais
tarde substituído por osso. Para detalhes das alterações celulares
envolvidas, deve-se consultar obras de histologia ou embriologia.
Os ossos da abóbada craniana desenvolvem-se rapidamente, pelo
método membranoso, no embrião; isto serve para proteger o
cérebro subjacente em desenvolvimento. Por ocasião do
nascimento, persistem pequenas áreas de membrana entre os
ossos, o que é clinicamente importante pois permite aos ossos
certos graus de mobilidade, de modo que o cérebro pode sofrer
uma moldagem durante a sua descida através do canal do parto.
Os ossos longos dos membros são desenvolvidos por ossificação
endocondral. É um processo lento e que só se completa no 18.º ao
20.º ano, ou até mais tarde. O centro de formação óssea
encontrado na haste do osso é denominado diáfise, e os centros
nas extremidades do osso são chamados epífises. A placa de
cartilagem de cada extremidade situada entre a epífise e a diáfise
do osso em crescimento é denominada cartilagem epifisária. A
metáfise é a parte da diáfise que está em contato com a placa
epifisária.
CARTILAGEM
A cartilagem é uma forma de tecido conectivo em que as células e
fibras estão embebidas em uma matriz semelhante a um gel,
responsável por sua firmeza e elasticidade. Exceto nas superfícies
expostas das articulações, é recoberta por uma membrana fibrosa
denominada pericôndrio. Existem três tipos de cartilagens: hialina,
fibrosa e elástica. A cartilagem hialina apresenta uma alta
proporção de matriz amorfa e possui o mesmo índice de refração
das fibras nela mergulhadas. Durante toda a infância e
adolescência, desempenha papel importante no crescimento em
comprimento dos ossos longos (as cartilagens epifisárias; são
compostas de cartilagem hialina). Apresenta maior resistência ao
desgaste e recobre as superfícies articulares e de todas as
articulações sinoviais. É incapaz de ser reparada quando fraturada;
o defeito é preenchido com tecido fibroso.
A cartilagem fibrosa (ou fibrocartilagem) apresenta grande número
de fibras colágenas imersas numa pequena quantidade de matriz. É
encontrada nos discos situados no interior das articulações (por
exemplo, as articulações temporomandibular, esternoclavicular, e
nos joelhos) e sobre as superfícies articulares da mandíbula e da
clavícula. Quando lesada, sofre reparação lenta de modo
semelhante ao do tecido fibroso de qualquer outro local. Os discos
articulares são mal supridos de sangue e, portanto, não sofrem
reparação quando lesados.
A cartilagem elástica possui grande número de fibras elásticas
imersas na matriz. Como seria de se esperar, é muito flexível, e
encontrada na orelha, meato auditivo externo, tuba auditiva, e
epiglote. Se lesada, sofre reparação com tecido fibroso.
A cartilagem hialina e a fibrocartilagem tendem a se calcificar, ou
mesmo a se ossificar na vida mais tardia.
Efeitos do Sexo, Raça e Idade Sobre a Estrutura
A anatomia descritiva tende a se concentrar em uma forma
descritiva fixa. O médico deve sempre lembrar que existem
diferenças sexuais e raciais, e que a estrutura do organismo e suas
funções modificam-se à medida que a pessoa cresce e se torna
mais idosa.
O homem adulto tende a ser mais alto do que a mulher adulta e
possui pernas mais longas; seus ossos são maiores e mais
pesados, e seus músculos também são maiores. Tem menos
gordura subcutânea, o que torna seu aspecto mais angular. Sua
laringe é maior, e as cordas vocais mais longas, de modo que a voz
é mais profunda. Apresenta barba e pêlos corporais vulgares.
Possui pêlos nas regiões axilar e pubiana que se estendem até a
região do umbigo.
A mulher adulta tende a ter menor estatura do que o homem adulto
e possui ossos menores e músculos menos volumosos. Apresenta
mais gordura subcutânea, acúmulo de gordura nas mamas,
nádegas e coxas o que lhe confere um aspecto mais arredondado.
O cabelo da cabeça é mais fino, e sua pele de aspecto mais liso.
Apresenta pêlos nas regiões axilar e pubiana, mas estes não se
estendem até o umbigo. A mulher adulta possui mamas maiores, e
uma pelves mais larga do que o homem. Apresenta um ângulo
maior de movimentação no cotovelo, o que resulta em um maior
desvio lateral do antebraço sobre o braço.
Até a idade de aproximadamente 10 anos, meninos e meninas
crescem mais ou menos na mesma proporção. Por volta dos 12
anos, os meninos muitas vezes começam a crescer mais depressa
do que as meninas, de modo que os homens alcançam a idade
adulta mais altos do que as mulheres. A puberdade começa entre
os 10 e os 14 anos nas meninas, e entre os 12 e os 15 nos
meninos. Na menina, durante a puberdade, as mamas aumentam
de tamanho e a pelve se alarga. Por este mesmo tempo, crescem
no menino o pênis, testículo e escroto e em ambos os sexos
aparecem pêlos axilares e pubianos.
Diferenças raciais podem ser observadas na cor da pele, dos
cabelos e olhos, e na forma e tamanho dos olhos, nariz e lábios.
Africanos e escandinavos tendem a ser mais altos devido às pernas
mais longas, enquanto os orientais tendem a ser baixos, com
pernas curtas. As cabeças dos centro-europeus e orientais também
tendem a ser arredondadas e alargadas.
Após o nascimento e durante a infância, as funções orgânicas
tornam-se progressivamente mais eficazes, alcançando o seu grau
máximo de eficácia no adulto jovem. Durante a idade adulta mais
tardia e na velhice, muitas funções orgânicas se tornam menos
eficientes.
Observações Clínicas
Temos Anatômicos Descritivos
É importante que o estudante de medicina possua uma sólida
compreensão destes termos. Sem eles, é impossível discutir ou
registrar exatamente as funções anormais das articulações, ações
dos músculos, alteração da posição dos órgãos, a exata localização
de tumefações ou tumores, e assim por diante.
PELE
O conhecimento geral da orientação das linhas de clivagem ajuda
bastante o cirurgião na realização de incisões que resultam em
cicatrizes esteticamente aceitáveis. Isto é particularmente
importante no caso de mulheres e nas áreas do corpo normalmente
não cobertas pelas roupas. Por exemplo, um vendedor pode perder
o emprego se uma operação deixar-lhe uma medonha cicatriz no
rosto.
As dobras ungueais, folículos pilosos e glândulas sebáceas são
pontos comuns de entrada nos tecidos subjacentes de organismos
patogênicos, como o Staphylococcus aureus. A infecção que ocorre
entre a unha e a dobra ungueal é denominada paroníquia. A
infecção do folículo piloso e da glândula sebácea é responsável
pelo furúnculo comum. Um carbúnculo é uma infecção
estafilocócica da fáscia superficial que ocorre com frequência na
nuca e geralmente começa como uma infecção de um folículo
piloso ou um grupo de folículos pilosos.
Um cisto sebáceo é devido à obstrução da abertura de um ducto
sebáceo, podendo ser causado por lesão causada por pente ou por
infecção. Ocorre com maior freqüência no couro cabeludo.
Um paciente em estado de choque está pálido e apresenta uma
pele arrepiada devido a hiperatividade do sistema simpático que
determina vasoconstricção das arteríolas dérmicas e contração dos
músculos eretores do pêlo.
A profundidade de uma queimadura determina o método e o grau
de cicatrização. Uma queimadura da pele de espessura parcial
cicatriza a partir das células dos folículos pilosos, glândulas
sebáceas e sudoríparas, bem como das células situadas nas
extremidades da queimadura Outra que se estende mais
profundamente do que as glândulas sudoríparas cicatriza-se muito
lentamente, apenas a partir das extremidades, havendo uma
considerável contratura causada pelo tecido fibroso. Para acelerar a
cicatrização e reduzir a incidência de contratura, deve-se realizar
um enxerto em uma queimadura profunda.
Os enxertos de pele são de dois tipos principais: enxerto de meia
espessura e de espessura completa. No enxerto de meia
espessura, a maior parte da epiderme, inclusive as pontas das
papilas dérmicas, é removida da parte doadora e colocada sobre a
receptora. Isto deixa na parte doadora, com objetivo de
reconstrução, as células epidérmicas situadas ao lado das papilas
dérmicas, e as células dos folículos e glândulas sudoríparas.
Um enxerto cutâneo de espessura completa inclui a epiderme e a
derme, e para sobreviver exige um rápido estabelecimento de uma
nova circulação no seu interior, na parte receptora. A parte doadora
é usualmente coberta por enxerto de meia espessura, realizado sob
a forma de um enxerto pediculado, no qual um retalho cutâneo de
espessura completa é retirado e suturado em posição, na parte
receptora, deixando a base do retalho com seu suprimento
sangüíneo intacto na parte doadora.
FÁSCIAS
Um conhecimento da disposição das fáscias profundas muitas
vezes explica o caminho tomado por uma infecção quando esta se
dissemina a partir de seu ponto primário. Por exemplo, no pescoço,
os diversos planos fasciais explicam como a infecção pode se
estender a partir da região do assoalho da boca para a laringe.
MÚSCULO
A determinação do tônus do músculo é um exame clínico
importante. Quando um músculo está flácido os neurônios aferentes
ou eferentes, ou ambos, envolvidos no arco reflexo necessário para
a produção do tônus muscular são interrompidos. Por exemplo, se
um tronco nervoso de um músculo é seccionado, ambos os
neurônios serão interrompidos. Se a poliomielite comprometer as
células cinzentas da coluna cinzenta anterior ao nível da medula
espinhal que inerva o músculo, os neurônios motores eferentes não
funcionarão. Por outro lado, quando um músculo se encontra
hipertônico, existe a possibilidade de uma lesão comprometendo
neurônios motores superiores na medula espinhal ou no cérebro.
É desnecessário destacar a importância de se conhecer as ligações
de todos os principais músculos do corpo. Apenas com este
conhecimento é possível compreender-se as ações normais ou
anormais de músculos individuais ou grupos musculares. Como se
pode até tentar analisar, por exemplo, a marcha anormal de um
paciente sem essa informação?
O aspecto geral e a forma dos músculos também devem ser
observados, pois um músculo paralisado ou um que não é utilizado
(como ocorre quando se imobiliza um membro num molde de
gesso) atrofia-se rapidamente e muda de forma. No caso dos
membros, vale sempre lembrar que para fim de comparação existe
outro músculo do lado oposto do corpo.
ARTICULAÇÕES
Devemos nos certificar da variação normal do movimento de todas
as articulações. Quando os ossos de uma articulação não estiverem
mais em sua relação anatômica normal entre si, diz-se então que a
articulação está deslocada (luxada). Algumas das articulações são
particularmente suscetíveis ao deslocamento devido à falta de
suporte pelos ligamentos, à má forma das superfícies articulares, ou
à ausência de suporte muscular adequado. Constituem exemplos
as articulações do ombro, temporomandibular e acromioclavicular.
O deslocamento do quadril é geralmente congênito, causado pelo
desenvolvimento inadequado da cavidade que normalmente
mantém a cabeça do fêmur firmemente em posição.
A presença de discos cartilaginosos; no interior das articulações,
sobretudo aquelas que suportam peso, como no caso do joelho, as
torna particularmente suscetíveis a lesões nos esportes. Durante
um movimento rápido, o disco perde a sua relação normal com os
ossos e fica esmagado entre superfícies que suportam o peso.
Em certas doenças do sistema nervoso (por exemplo, na
siringomielia), a sensação de dor articular é perdida. Isto significa
que sensações da dor sentida quando uma articulação se
movimenta além de sua faixa normal de movimento não são
experimentadas. Este fenômeno resulta na destruição da
articulação.
É de grande valor o conhecimento da classificação das articulações,
pois sabe-se que certas doenças acometem somente certos tipos
de articulações. Por exemplo, a artrite gonocócica compromete as
grandes articulações sinoviais, como tornozelo, cotovelo ou punho.
A artrite tuberculosa também afeta as articulações sinoviais,
podendo começar na membrana sinovial ou no osso.
Também é importante lembrar que mais de uma articulação pode
receber a mesma inervação. Por exemplo, as articulações da bacia
e do joelho são supridas pelo nervo obturador. Assim, o paciente
com uma doença limitada a uma destas articulações pode sentir dor
em ambas.
BOLSAS E BAINHAS SINOVIAIS
olsas e bainhas sinoviais são, geralmente, local de doenças
traumáticas ou infecciosas. Por exemplo, as bainhas tendinosas do
extensor da mão podem ficar inflamadas após uso excessivo ou
inabitual; pode ocorrer uma inflamação da bolsa pré-patelar em
conseqüência de trauma pelo ato repetido de se ajoelhar sobre uma
superfície dura.
VASOS SANGÜÍNEOS
As doenças dos vasos sangüíneos são muito comuns. A anatomia
superficial das artérias principais, sobretudo a dos membros, deve
ser aprendida nas seções apropriadas deste livro. A circulação
colateral da maior parte das grandes artérias deve ser
compreendida, devendo-se fazer a distinção entre artérias terminais
anatômicas e artérias terminais funcionais.
Todas as grandes artérias que cruzam uma articulação apresentam
tendência a serem torcidas durante movimentos da articulação.
Entretanto, o fluxo distal de sangue não é interrompido, pois
geralmente existe uma anastomose adequada entre ramos da
artéria que se originam dos lados proximal e distal em relação à
articulação. Os canais sangüíneos alternativos, que se dilatam sob
estas circunstâncias, formam a circulação colateral. O
conhecimento da existência e posição desta circulação pode ser de
importância vital caso seja necessário ligar uma grande artéria
lesada por trauma ou doença.
As artérias coronárias são artérias terminais funcionais, e caso
sejam bloqueadas por doença (a oclusão arterial coronária é
comum), o músculo cardíaco, normalmente suprido por esta artéria,
receberá sangue insuficiente e sofrerá necrose. O bloqueio de uma
grande artéria coronária resulta na morte do paciente.
SISTEMA LINFÁTICO
O sistema linfático não é, muitas vezes, destacado pelos
anatomistas por ser de difícil observação num cadáver. Entretanto,
é de vital importância para um médico praticante, e a drenagem
linfática de todos os órgãos principais do corpo, inclusive a pele,
deve ser conhecida
O paciente pode se queixar de uma tumefação produzida pelo
aumento de um linfonodo. O médico deve conhecer as áreas do
corpo que drenam a linfa para um linfonodo particular, se for capaz
de encontrar o local primário da doença. Com muita freqüência, o
paciente ignora a doença primária, que pode ser um pequeno e
indolor câncer da pele.
Inversamente, o paciente pode se queixar de uma úlcera dolorosa
da língua, por exemplo, e o médico deve conhecer a drenagem
linfática da língua para ser capaz de determinar se a doença
disseminou-se além dos limites da língua.
SISTEMA NERVOSO
A área da pele suprida por um único nervo espinhal, e portanto um
único segmento da medula espinhal, é denominada dermátomo. No
tronco, dermátomos adjacentes interpõem-se em extensão
considerável, de modo que para se produzir uma região de
anestesia completa pelo menos três nervos espinhais contíguos
devem ser seccionados. As tabelas dos dermátomos das
superfícies anterior e posterior- do corpo estão apresentadas nas
Figs. 1-30 e 1-31.
Fig. 1-30. Dermátomos na fáscia anterior do corpo.
Fig. 1-31. Dermátomos na fáscia posterior do corpo.
Nos membros, a disposição dos dermátomos é mais complicada, o
que se deve às alterações embriológicas que têm lugar quando os
membros crescem para fora da parede torácica. Para detalhes,
consultar as Figs. 1-30 e 1-31.
Um médico deve ter um conhecimento funcionante da inervação
segmentar (por dermátomos) da pele, pois, com a ajuda de um
alfinete ou de um pedaço de algodão, ele pode determinar se a
função sensorial de um nervo espinhal particular, ou de um
segmento da medula espinhal, está ou não funcionando
normalmente.
Os músculos esqueléticos também recebem uma inervação
segmentar. A maior parte destes músculos é inervada por dois, três
ou quatro nervos espinhais, e por conseguinte pelo mesmo número
de segmentos da medula espinhal. Para paralisar um músculo
completamente seria então necessário seccionar vários nervos
espinhais, ou destruir vários segmentos da medula espinhal.
Aprender a inervação segmentar de todos os músculos do
organismo é tarefa impossível. Não obstante, a inervação
segmentar dos seguintes músculos deve ser conhecida, pois é
possível testá-los provocando reflexos musculares no paciente (Fig.
1-32).
Fig. 1-32. Reflexo do tendão do bíceps braquial. Observar que o
arco reflexo Passa através do quinto e sexto segmentos cervicais
da medula espinhal.
Reflexo do tendão do bíceps braquial C5-6 (flexão da articulação do
cotovelo, batendo-se de leve no tendão do bíceps).
Reflexo do tendão do tríceps C6-8 (extensão da articulação do
cotovelo, batendo-se de leve no tendão do tríceps).
Reflexo do tendão braquiorradial C7-8 (supinação das articulações
radioulnares, batendo-se de leve na inserção do tendão
braquiorradial).
Reflexos abdominais superficiais (contração dos músculos
abdominais subjacentes, riscando-se a pele). Pele do abdome
superior T6-7; pele do abdome médio T8-9; pele do abdome inferior
T10-12.
Reflexo do tendão patelar (impulsão dos joelhos) L2-4 (extensão da
articulação do joelho, batendo-se de leve no tendão patelar).
Reflexo do tendão de Aquiles (impulsão do tornozelo) L5-S2 (flexão
plantar da articulação do tornozelo, batendo-se de leve no tendão
de Aquiles).
Reflexo Plantar superficial L5-S2 (flexão dos artelhos, riscando-se
firmemente a sola do pé).
Sistema Nervoso Autônomo
Existem muitas drogas e procedimentos cirúrgicos que podem
modificar a atividade do sistema nervoso autônomo. Por exemplo,
podem ser administradas drogas para diminuir a pressão
sangüínea, afetando a função normal dos gânglios simpáticos e
provocando vasodilatação dos vasos sangüíneos periféricos. Em
paciente com doença arterial grave, comprometendo as artérias
principais do membro inferior, este pode, algumas vezes, ser salvo,
seccionando-se a inervação simpática para os vasos sangüíneos.
Isto produz vasodilatação e permite a passagem de uma quantidade
adequada de sangue através da circulação colateral, fazendo assim
um bypass através da obstrução.
EFEITOS DA IDADE SOBRE A ESTRUTURA
O fato de a estrutura e a função das modificações orgânicas no
homem poderem parecer evidentes com a idade é quase sempre
negligenciado. A seguir, serão dados alguns exemplos destas
alterações:
1. No lactente, os ossos do crânio são mais elásticos do que no
adulto, e por esta razão, fraturas do crânio são muito mais comuns
no adulto do que nas crianças pequenas.
2. O fígado é relativamente muito maior nas crianças do que no
adulto. No lactente, a margem inferior do fígado estende-se,
inferiormente, até um nível mais baixo do que no adulto. Esta é uma
consideração importante quando se faz um diagnóstico de aumento
do fígado.
3. A bexiga urinária na criança não pode ser inteiramente
acomodada na pelve devido ao pequeno tamanho da cavidade
pélvica, sendo encontrada na parte inferior da cavidade abdominal.
À medida que a criança cresce, a pelve se alarga e a bexiga se
aprofunda, tornando-se um verdadeiro órgão pélvico.
4. Ao nascimento, toda a medula óssea é da variedade vermelha.
Com o avançar da idade, a medula vermelha diminui nas
extremidades dos ossos, de modo que no adulto está em grande
parte confinada aos ossos da cabeça, tórax e abdome.
5. Os tecidos linfáticos alcançam o seu grau máximo de
desenvolvimento na puberdade, e daí em diante atrofiam-se, de
modo que no velho está consideravelmente reduzido.
Problemas Clínicos
1. Na anamnese de uma paciente constata-se que ela apresenta
uma incisão infraumbilical paramediana direita, através da pele da
parede abdominal anterior. Onde exatamente foi feita esta incisão?
( Resposta)
2. A declaração de um médico afirma que um paciente apresenta
um tumor pequeno e móvel sobre o dorso do pé, exatamente
proximal à base dos dedos do pé e situado superficialmente em
relação aos ossos e tendões extensores, porém em situação
profunda em relação à fáscia superficial. Examine seu próprio pé e
tente visualizar onde este tumor está localizado.( Resposta)
3. Após um ataque de pericapsulite da articulação do ombro, um
paciente acha que os movimentos da articulação estão restritos. Ao
exame, a abdução está limitada a 30º, não existe rotação lateral, e
a extensão está limitada a 10º. A flexão é livre. Demonstre esta
incapacidade em sua própria articulação do ombro.( Resposta)
4. Em conseqüência de uma osteoartrite, um paciente de 60 anos
apresenta movimentos muito restritos na articulação do quadril
direito. Ao exame, o paciente mantém sua articulação em flexão
parcial, abdução e rotação lateral. A faixa de amplitude dos
movimentos está limitada em todas as direções, sobretudo na
abulação e rotação interna. Demonstre esta incapacidade em sua
própria articulação do quadril. ( Resposta)
5. Um paciente com história de poliomielite comprometendo as
células da coluna anterior dos segmentos torácico inferior e lombar
da medula espinhal apresenta grave deformidade da flexão lateral
esquerda da coluna vertebral. Explicar esta condição em termos
anatômicos e fisiológicos.( Resposta)
6. Após uma lesão da articulação do Cotovelo direito, descobre-se
que um paciente é incapaz de executar a pronação do antebraço.
Demonstre isso em seu próprio antebraço. ( Resposta)
7. Após sofrer severo estiramento da articulação do tornozelo
esquerdo enquanto jogava tênis, uma paciente apresenta dor
considerável quando tenta mover o pé, de modo que a planta fique
voltada para a região medial. Qual é o termo anatômico correto para
o movimento do pé que produz a dor? ( Resposta)
8. Após uma lesão grave do nervo da parte anterior do antebraço,
exatamente proximal ao punho, um paciente é incapaz de realizar a
abdução dos dedos. Demonstre, em sua própria mão, o que o
paciente é incapaz de fazer com seus dedos. ( Resposta)
9. Uma atriz de cinema está preocupada com uma nova cicatriz de
sua parede abdominal anterior. Ela diz que desde a idade de 16
anos, após uma apendicectomia, apresentava uma pequena cicatriz
oblíqua do lado direito inferior de seu abdome. Esta cicatriz é
pequena e dificilmente perceptível. Recentemente, sua vesícula
biliar foi removida através de uma incisão supra-umbilical
paramediana vertical direita, e a cicatriz é ampla e saliente. Você
pode explicar por que as cicatrizes são tão diferentes? ( Resposta)
10. Um paciente apresenta um grande abscesso no pescoço que
exige drenagem através de uma incisão cirúrgica. Nesta situação,
você usaria uma incisão horizontal ou vertical para obter os
melhores resultados estéticos?( Resposta)
11. (a) Um trabalhador apresentou severa queimadura do
antebraço, com cerca de 10 cm de diâmetro. Em profundidade,
estendia-se ate a parte superficial da derme. A partir de que ponto
as células epidérmicas deveriam se regenerar? (b) Outro paciente
apresenta uma queimadura que penetra até a faixa superficial. A
partir de onde as células epidérmicas se regenerariam neste
paciente?( Resposta)
12. Em que locais da superfície da pele intacta situam-se
organismos patogênicos com probabilidade de penetrar na derme
ou no tecido subcutâneo?( Resposta)
13. Foi feito um diagnóstico de que um tumor da coluna vertebral
está comprimindo os segmentos lombares da medula espinhal de
um paciente. Este apresenta perda de sensação da pele sobre a
superfície anterior da coxa e é incapaz de estender a articulação do
joelho. Ao exame, descobre-se que os músculos da parte ventral da
coxa se atrofiaram e não apresentam tônus, e que a oscilação do
joelho está ausente. Explicar estes achados em termos anatômicos
e fisiológicos.( Resposta)
14. Um paciente de 65 anos apresentou uma hemorragia cerebral
que destruiu os neurônios motores superiores de um lado do
cérebro. Ao exame de sua perna direita, descobriu-se que os
músculos estavam hipertônicos. Explicar isto em termos anatômicos
e fisiológicos.( Resposta)
15. Uma dona-de-casa foi recentemente empregada numa fábrica.
Durante seis horas por dia ela opera uma máquina e tem de
movimentar repetidamente uma alavanca, que exige que ela
estenda e flexione a sua articulação do punho. Ao fim da segunda
semana de trabalho ela começou a apresentar dor na superfície
posterior do punho e observou uma tumefação nesta área. Qual a
explicação anatômica para o seu desconforto? ( Resposta)
16. Um homem de 40 anos decidiu ladrilhar o chão de uma grande
cozinha e do quarto de sua casa. Isto envolveu muitas horas de
trabalho de joelhos sobre uma superfície dura. Após cinco dias, ele
observou uma tumefação mole na superfície anterior de sua
articulação do joelho. Qual a explicação anatômica para o seu
desconforto?(Resposta)
17. Um jovem jogador de beisebol, retornando ao seu time após ser
hospitalizado por uma grave lesão em seu joelho esquerdo,
declarou que o menisco articular mediano fora dilacerado.
Acrescentou que a cartilagem se regenerara, a laceração havia
cicatrizado, e seus joelhos estavam tão bons como antes do
acidente. Comente esta afirmação.( Resposta)
18. Uma jovem mulher apresentou grave infecção sob a
extremidade lateral da unha de seu dedo indicador direito. Ao
exame observava-se uma série de linhas vermelhas que se
estendiam até o dorso da mão e ao redor da parte dianteira do
antebraço e braço, até o oco axilar: A palpação da axila revelou
grande número de linfonodos aumentados e moles. O que eram as
linhas vermelhas, e por que os linfonodos estavam aumentados?
( Resposta)
19. Num exame postmortem, encontrou-se um ramo da artéria
coronária esquerda de um paciente bloqueado. Uma grande área
de músculo cardíaco estava necrosada. Qual a explicação
anatômica para a necrose do músculo?( Resposta)
20. Um rapaz de 19 anos está sob suspeita de leucemia. Decidiu-se
confirmar o diagnóstico realizando-se uma biópsia de medula
óssea. O residente obteve uma amostra de medula da extremidade
inferior da tíbia, mas ficou surpreso ao saber que a amostra era
inútil para finalidades diagnósticas. Quais os comentários que você
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Anatomia

  • 1. Titulo: Anatomia - 2ª Ed. Autor: Richard S. Snell Editora: Medsi Editora Médica e Científica Ltda Publicação: 1984 Anatomia - 2ª Ed. - Capítulo 01 – Introdução Termos Anatômicos Descritivos TERMOS REFERENTES À POSIÇÃO Anatomia é o estudo da estrutura do corpo a inter-relação de suas partes constituintes. Todas as descrições do corpo humano baseiam-se na suposição de que o indivíduo se encontra em posição ereta (em pé), membros superiores estendidos, aplicados ao tronco e com as palmas voltadas para a frente (Fig. 1-1).
  • 2. Fig. 1-1. Termos anatômicos usados em relação à posição. Observar que as figuras estão de pé na posição anatômica. Esta é a chamada posição anatômica. As diversas partes do corpo são, portanto, descritas em relação a certos planos imaginários. O plano mediano é um plano vertical que divide o corpo humano em metades iguais, direita e esquerda (Fig. 1-1). Os planos situados de um ou de outro lado do plano mediano e paralelos a este são denominados paramedianos (planos sagitais). Uma estrutura situada mais próxima do plano mediano do corpo do que outra é denominada medial em relação àquela. Da mesma forma, uma estrutura mais afastada do plano mediano do que outra é lateral em relação a esta. Os planos frontais (coronais) são planos verticais imaginários, em ângulo reto em relação ao plano mediano (Fig. 1-1). Planos horizontais ou transversais situam-se em
  • 3. ângulo reto em relação aos planos mediano e coronal (Fig. 1-1). Os termos anterior (ventral) e posterior. (dorsal) são utilizados para indicar, respectivamente, a frente ou o dorso do corpo (Fig. 1-1); de modo que, para se descrever a relação de duas estruturas, diz-se estar anterior ou posterior à outra na medida em que estiver mais próxima da superfície corporal anterior ou posterior. Descrevendo-se a mão, utilizam-se os termos faces palmar e dorsal em lugar de anterior e posterior, e na descrição do pé, os termos faces plantar e dorsal são utilizados em vez de face superior e inferior (Fig. 1-1). Os termos proximal e distal descrevem as distâncias relativas das raízes dos membros; por exemplo, o braço é proximal ao antebraço, e a mão é distal ao antebraço. Os termos superficial e profundo indicam as distâncias relativas das estruturas da superfície do cor o, e os termos superior e inferior estruturas relativamente altas ou baixas, com referência às extremidades superior e inferior do corpo. Os termos interno e externo são utilizados para descrever a distância relativa de uma estrutura do centro de um órgão ou cavidade; por exemplo, a artéria carótida interna nutre as estruturas contidas na cavidade craniana e a artéria carótida externa nutre as estruturas situadas fora desta cavidade. O termo ipsilateral refere-se ao mesmo lado do corpo; por exemplo, a mão esquerda e o pé esquerdo são ipsilaterais; contralateral refere-se a lados opostos do corpo; por exemplo, o músculo bíceps braquial esquerdo e o músculo reto femoral direito são contralaterais. A posição supina do corpo é a posição de decúbito dorsal; a posição em pronação é a de decúbito ventral. TERMOS RELACIONADOS AO MOVIMENTO
  • 4. O ponto em que dois ou mais ossos se conectam é conhecido como articulação. Algumas articulações não apresentam movimento (suturas do crânio); outras possuem apenas movimentos limitados (articulação tibiofibular superior), e algumas movimentam-se livremente (articulação do ombro). Flexão é o movimento que tem lugar no plano mediano. Por exemplo, a flexão da articulação do cotovelo aproxima a superfície anterior do antebraço da superfície anterior do braço. É usualmente um movimento anterior, porém é por vezes posterior, como no caso da articulação do joelho (Fig. 1-2).
  • 5. Fig. 1-2. Alguns termos anatômicos utilizados em relação ao movimento. Observar a diferença entre flexão do cotovelo e do joelho. Extensão significa uma retificação da articulação, e usualmente ocorre numa direção posterior (Fig. 1-2). Flexão lateral é um movimento do tronco no plano coronal frontal (Fig. 1-3).
  • 6. Fig. 1-3. Termos anatômicos adicionais utilizados em relação ao movimento. Abdução de um membro é um movimento em que este se afasta da linha mediana do corpo, no plano coronal (Fig. 1- 2). Adução do membro é um movimento em direção ao corpo, no plano coronal (Fig. 1-2). Nos dedos das mãos e dos pés, a abdução aplica-se no afastamento destas estruturas, e a adução aplica-se à aproximação (Fig. 1-3).
  • 7. Rotação é o termo aplicado ao movimento de uma parte do corpo em torno de seu eixo longitudinal. Rotação medial é o movimento que resulta na superfície anterior da parte voltada para a linha mediana; rotação lateral é o movimento que resulta na superfície anterior da parte voltada lateralmente. Pronação do antebraço é uma rotação medial do antebraço (Fig.1-3). Supinação do antebraço é uma rotação lateral deste, a partir da posição pronada, de modo que a palma da mão esteja voltada anteriormente (Fig. 1-3). Circundução é a combinação, em seqüência, dos movimentos de flexão, extensão, abdução e adução (Fig. 1- 2). Protração é mover-se para a frente; retração é mover-se para trás (usado para descrever o movimento da mandíbula para adiante e para trás nas articulações temporomandibulares). Inversão é o movimento do pé de modo que a face plantar esteja voltada em direção medial (Fig. 1-3). Eversão é o movimento oposto do pé de modo que a face plantar esteja voltada lateralmente (Fig. 1-3). Algumas Estruturas Anatômicas Básicas PELE A pele é dividida em duas partes distintas, a parte superficial - epiderme -, e a parte profunda - derme (Fig. 1- 4).
  • 8. Fig. 1-4. Estruturas geral da pele e sua relação as camadas superficial e profunda da fáscia. Observar que os folículos pilosos estendem-se para baixo e para dentro da parte mais profunda da derme, ou mesmo para dentro da fáscia superficial, enquanto as glândulas sudoríparas estendem-se profundamente para dentro da fáscia superficial. A epiderme é um epitélio estratificado cujas células se tornam achatadas à medida que envelhecem e afloram à superfície. Nas palmas das mãos e plantas dos pés, a epiderme é extremamente espessa para suportar o uso e o desgaste destas regiões. Em outras áreas do corpo, por exemplo na superfície anterior do braço e antebraço, ela é fina. A derme é composta de tecido conectivo denso contendo muitos vasos sangüíneos, linfáticos e nervos. Apresenta uma variação considerável de espessura, em diferentes partes do corpo, tendendo a ser mais fina na superfície anterior do que na posterior. É também mais fina nas mulheres do que nos homens. A derme da pele está conectada com a fáscia muscular subjacente ou com os ossos, através da tela subcutânea, também conhecida como tecido subcutâneo. Na derme (cório), os feixes de fibras colágenas estão
  • 9. dispostos, em sua maioria, em filas paralelas. Uma incisão cirúrgica através da pele, feita ao longo ou entre essas fileiras, provoca um desarranjo mínimo do colágeno, e a ferida cicatriza com um mínimo de tecido cicatricial. Por outro lado, uma incisão feita através das filas de colágeno rompe e altera a pele, resultando na produção maciça de colágeno fresco e na formação de uma cicatriz ampla e de mau aspecto. A direção das fileiras de colágeno é conhecida como linhas de clivagem (linhas de Langer); elas tendem a correr longitudinalmente nos membros e circunferencialmente (transversais) no pescoço e no tronco (Fig. 1-5). Fig. 1-5. Linhas de clivagem da pele (modificado de Last). A pele situada sobre as articulações é sempre dobrada num mesmo lugar, a pele enrugada (Fig. 1-6).
  • 10. Fig. 1-6. Os diversos sulcos cutâneos na superfície palmar da mão e superfície anterior da articulação do punho. A relação da unha com as outras estruturas de dedo também é demonstrada. Nestes pontos a pele é mais fina do que em qualquer outro local, estando firmemente fixada às estruturas subjacentes por faixas mais fortes de tecido fibroso. Os apêndices da pele são as unhas, folículos capilares, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas. As unhas são placas queratinizadas, situadas nas superfícies dorsais das extremidades dos dedos das mãos e dos pés. A extremidade proximal da placa é a raiz da unha (Fig. 1-6). Com exceção da extremidade distal da placa, a unha é delimitada e recoberta por camadas de pele conhecidas como perioníquio. A superfície da pele coberta da unha é o leito ungueal (Fig. 1-6). Os cabelos crescem dos folículos, que são invaginações da epiderme em direção à derme (Fig. 1-4). O folículo situa-se obliquamente em relação à superfície cutânea, e suas extremidades expandidas, chamadas bulbos capilares, penetram até a parte mais profunda da derme. Cada bulbo capilar é côncavo na sua extremidade, e a concavidade é ocupada por tecido conectivo vascular, a papila capilar. Uma faixa de músculo liso, o músculo eretor do pêlo, conecta a parte de folículo situada abaixo da superfície com a parte superficial da derme (Fig. 1-4). O músculo é inervado por fibras simpáticas, e sua contração faz com que o pêlo se movimente para uma posição mais vertical; ele também comprime a glândula sebácea e provoca a eliminação de parte de sua secreção. O estiramento do músculo também provoca a ondulação da superfície cutânea, assim chamada pele arrepiada. Os pêlos estão distribuídos em quantidade variada, sobre toda a superfície corporal, exceto nos lábios, palmas das mãos, parte lateral
  • 11. dos dedos, glande do pênis e clitóris, lábios menores, superfície interna dos lábios maiores, superfície plantar e parte lateral dos pés, e na parte lateral dos dedos. As glândulas sebáceas eliminam sua secreção, o sebo, dentro das hastes dos pêlos, quando eles passam através do istmo dos folículos. Estão situadas na parte inclinada abaixo da superfície dos os folículos e permanecem no interior da derme (Fig. 1-4). O sebo é um material oleoso, que ajuda a conservar a flexibilidade do pêlo emergente. Também lubrifica a epiderme superficial em torno da abertura do folículo. As glândulas sudoríparas são longas, espiraladas e tubulares, distribuídas na superfície do corpo, exceto nas margens avermelhadas dos lábios, leitos ungueais, glande do pênis e clitóris (Fig. 1-4). Estendem-se através de toda a espessura da derme e suas extremidades, e podem estar situadas na fáscia superficial. Por conseguinte, de todos os apêndices epidérmicos, as glândulas sudoríparas são as estruturas que penetram mais profundamente. FÁSCIAS As fáscias do corpo podem ser divididas em dois tipos: superficiais e profundas. Estão situadas entre a pele e os músculos e ossos subjacentes. A tela subcutânea, ou fáscia superficial, é uma mistura de tecido adiposo e areolar frouxo que une a derme da pele à fáscia profunda subjacente. No couro cabeludo, parte posterior do pescoço, palmas das mãos e plantas dos pés, ela contém numerosos feixes de fibras colágenas que mantêm a pele firmemente ligada às estruturas mais profundas. Nas sobrancelhas, orelha, pênis e escroto, e clitóris, ela é desprovida de tecido adiposo.
  • 12. A fáscia muscular é uma camada membranosa de tecido conectivo que reveste os músculos e outras estruturas profundas (Fig. 1-7). Fig. 1-7. Secção transversal ao nível do terço distal do braço direito, para demonstrar a disposição das fáscias superficial e profunda. Observar como septos fibrosos estendem-se entre grupos de músculos, que dividem o braço em compartimentos fasciais. No pescoço, forma camadas bem definidas que podem desempenhar um papel importante, determinando a via de propagação de organismos patogênicos durante a disseminação da infecção. No tórax e abdome, é simplesmente uma película fina de tecido areolar que cobre os músculos e aponeuroses. Nos membros, forma uma bainha definida ao redor dos músculos e outras estruturas, mantendo-os em Posição. Septos fibrosos que se estendem a partir da superfície profunda da membrana, entre grupos musculares, e em muitos lugares, dividem-se até o interior dos membros em compartimentos (Fig. 1-7). Na região das articulações, a fáscia profunda pode estar consideravelmente espessada, formando faixas de retenção, denominadas retináculos (Fig. 1-8).
  • 13. Fig. 1-8. Retináculo extensor na superfície posterior do punho, sustentando os tendões dos músculos extensores em posição. Sua função é manter os tendões subjacentes em posição, ou servir como roldanas ou polias ao redor das quais os tendões podem se movimentar. MÚSCULOS Existem três tipos de músculos: esqueléticos, lisos, e cardíaco. MÚSCULO ESQUELÉTICO Os músculos esqueléticos são os que realizam os movimentos do esqueleto; algumas vezes são chamados músculos voluntários, e constituem-se de fibras musculares estriadas. O músculo esquelético tem duas ou mais conexões com os ossos. A conexão que se movimenta menos é referida como a origem, e a que se move mais, como a inserção (Fig. 1-9).
  • 14. Fig. 1-9. Origem, inserção e ventre do músculo braquial. Sob circunstâncias variadas, o grau de mobilidade das conexões pode ser invertido e portanto os termos origem e inserção são intercambiáveis. A parte carnosa do músculo é denominada ventre (Fig. 1-9). As extremidades de um músculo estão ligadas aos ossos, cartilagens ou ligamentos por cordões de tecido fibroso denominados tendões (Fig. 1-10). Fig. 1-10. Exemplo de (1) um tendão, (2) uma aponeurose, e (3) uma rafe.
  • 15. Ocasionalmente, músculos planos estão ligados por uma lâmina fina mas forte de tecido fibroso denominada aponeurose (Fig. 1-10). Uma rafe é uma interdigitação das extremidades tendinosas das fibras dos músculos planos (Fig. 1-10). ESTRUTURA INTERNA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO As fibras musculares são mantidas juntas por um delicado tecido areolar que se condensa na superfície para formar um revestimento fibroso, o epimísio (Fig. 1-11). Fig. 1-11. (A) Secção transversal de um músculo, mostrando feixes e fibras musculares, envolvidos e suportados por tecido conectivo. Observar a entrada do tronco nervoso e dos vasos sangüíneos. (B) Músculo em repouso e contraído, demonstrando como fibras musculares em contração encurtam de 1/3 a 1/2 seu comprimento em repouso. Observar como o músculo fica tumefeito. (C) As diferentes formas de estrutura interna de músculo esquelético. As fibras individuais de um músculo são dispostas em sentido paralelo ou oblíquo ao longo eixo do músculo. Considerando-se que quando se contrai um músculo encurta-se de um terço da metade de seu comprimento em repouso, segue-se então que músculos cujas fibras correm paralelas à linha de estiramento provocam maior grau de
  • 16. movimento, em comparação com aqueles cujas fibras correm obliquamente. Exemplos de músculos com fibras dispostas em paralelo (Fig. 1-11) são o esternocleidomastóideo, o reto do abdome e o sartório. Os músculos cujas fibras correm obliquamente à linha de estiramento são denominados músculos peniformes (assemelham-se a uma pena) (Fig. 1-11). Um músculo unipenado é aquele em que o tendão situa-se ao longo de um dos lados do músculo, e as fibras musculares passam em sentido oblíquo a ele (por exemplo, extensor digitorum longus). Um músculo bipenado é aquele em que o tendão situa-se no centro do músculo e as fibras musculares passam dos dois lados em relação a ele (p. ex., o reto femoral). Um músculo multipenado (1) pode se dispor como uma série de músculos bipenados um ao lado do outro (por exemplo, fibras acromiais do deltóide); ou (2) pode apresentar um tendão no interior do seu centro, as fibras musculares passando de todos os lados em relação a ele, convergindo à medida que passam (por exemplo, tibial anterior). Para um determinado volume de substâncias musculares, os músculos peniformes apresentam muito mais fibras quando comparados com os músculos de fibras dispostas em paralelo, sendo por conseguinte mais potentes; em outras palavras, a amplitude do movimento foi sacrificada pela força. TÔNUS E AÇÃO MUSCULAR Uma unidade motora consiste em um neurônio motor da coluna cinzenta anterior, ou de uma coluna anterior da medula espinhal e todas as fibras musculares supridas por ele (Fig. 1-12).
  • 17. Fig. 1-12. Componentes de uma unidade motora. Num grande músculo das nádegas, como o glúteo maior, onde o controle delicado é desnecessário, um determinado neurônio motor pode suprir até 200 fibras musculares. Em contraste, nos pequenos músculos das mãos ou nos músculos intrínsecos da órbita, onde é necessário um controle delicado, uma fibra nervosa supre apenas algumas fibras musculares. Quando em estado de repouso, todo músculo esquelético está em parcial estado de contração. Esta condição é denominada tônus muscular. Considerando-se que as fibras musculares estão totalmente contraídas ou relaxadas, não existindo estágio intermediário, poucas fibras musculares num determinado músculo estão completamente contraídas durante todo o tempo. Para dar origem a este estado e evitar fadiga, diferentes grupos de unidades motoras e, deste modo, diferentes grupos de fibras musculares são postos em ação em diferentes tempos. Isto é realizado pela descarga assíncrona dos impulsos nervosos nos neurônios motores do como cinzento anterior da medula espinhal.
  • 18. Basicamente, o tônus muscular depende da integridade de um simples arco reflexo monossináptico composto de dois neurônios no sistema nervoso (Fig. 1-13). Fig. 1-13. (A) Arco reflexo simples, consistindo em um neurônio aferente, que se origina nos fusos musculares e fusos tendinosos, e de um neurônio eferente, cujo corpo celular situa-se na coluna cinzenta anterior da medula espinhal. (B) Axônio do neurônio motor, que termina na fibra muscular situada numa placa motora terminal. (C) Estrutura do fuso muscular. O grau de tensão do músculo é detectado por terminações sensoriais sensitivas denominadas fusos musculares e fusos tendinosos (Fig. 1-13). Os impulsos nervosos atravessam neurônios aferentes que entram na medula espinhal. Aí, fazem sinapse com os neurônios motores situados na coluna cinzenta anterior, que, por sua vez, envia impulsos para baixo, através de seus axônios, para as fibras musculares (Fig. 1-13). Se as vias aferentes ou eferentes deste arco reflexo simples fossem cortadas, o músculo perderia imediatamente o seu tônus e tornar-se-ia flácido.
  • 19. O músculo flácido é sentido à palpação como uma massa pastosa, tendo perdido completamente a sua elasticidade. Atrofia-se rapidamente e passa a ter volume reduzido. É importante compreender que o grau de atividade das células da coluna cinzenta anterior, e por conseguinte o grau de tônus muscular, depende da soma dos impulsos nervosos recebidos por estas células de outros neurônios do sistema nervoso. O movimento muscular é realizado acionando-se um número cada vez maior de unidades motoras e, ao mesmo tempo, reduzindo-se a atividade das unidades motoras dos músculos que se opõem ou antagonizam o movimento. Quando é necessário um esforço máximo, todas as unidades motoras de um músculo são postas em ação. É importante compreender que todos os movimentos são a conseqüência da ação coordenada de muitos músculos. Entretanto, para compreender a ação de um músculo é necessário estudá-lo individualmente. Um músculo pode trabalhar do seguinte modo: como (1) agonista, (2) antagonista, (3) fixador, e (4) sinergista. AGONISTA. Um músculo é agonista quando é o principal músculo ou membro de um grupo principal de músculos responsável por um movimento particular. Por exemplo, o quadríceps femoral é agonista no movimento de extensão da articulação do joelho (Fig. 1-14).
  • 20. Fig. 1-14. Diferentes tipos de ação muscular. (A) Quadríceps femoral estendendo o joelho como agonista, bíceps femoral atuando como antagonista. (B) Bíceps femoral fletindo o joelho como agonista, e quadríceps atuando como antagonista. (C) Músculos situados em torno da cintura escapular fixando a escápula de modo que o movimento de abdução na articulação do ombro possa ser realizado. (D) Músculos flexor e extensor do carpo atuando como sinergistas e estabilizando o carpo de modo que os tendões flexor e extensor possam fletir e estender os dedos. ANTAGONISTA. Qualquer músculo que se opõe à ação do agonista é um antagonista. Por exemplo, o bíceps femoral opõe-se à ação do quadríceps femoral quando a articulação do joelho é estendida (Fig. 1-14). Antes que o agonista possa se contrair, deve haver igual relaxamento do músculo antagonista; isto é causado pela inibição do reflexo nervoso. FIXADOR. É um músculo que se contrai isometricamente para estabilizar a origem do agonista de modo que este possa atuar eficientemente. Por exemplo, os músculos que unem a cintura escapular ao tronco contraem-se como
  • 21. fixadores para permitir ao deltóide atuar sobre a articulação do ombro (Fig. 1-14). SINERGISTA. Existem muitos exemplos no corpo, onde um músculo agonista cruza um grande número de articulações antes de alcançar aquela em que sua ação principal tem lugar. Para impedir um movimento indesejado numa articulação intermediária, grupos de músculos denominados sinergistas, contraem-se e estabilizam as articulações intermediárias. Por exemplo, os músculos flexor e extensor do carpo contraem-se para fixar a articulação do punho, o que permite aos músculos extensor e flexor longos dos dedos trabalhar eficientemente (Fig. 1-14). Deve-se compreender que estes são os termos aplicados na ação de um músculo particular durante um movimento particular; muitos músculos podem atuar como agonista, antagonista, fixador ou sinergista, dependendo do movimento a ser realizado. INERVAÇÃO DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS O tronco nervoso para um músculo é um nervo misto, cerca de 60% motor e 40% sensorial, e também contém algumas fibras simpáticas autônomas. O nervo entra no músculo próximo da parte média, sob a sua superfície profunda, muitas vezes próximo da margem; o local de entrada é conhecido como ponto motor (Fig. 1-11). Esta disposição permite ao músculo movimentar-se com o mínimo de interferência do tronco nervoso As fibras motoras são de dois tipos: as fibras alfa, maiores, derivadas de grandes células da coluna cinzenta anterior, e as fibras gama, menores, derivadas de células menores da medula espinhal. Todas as fibras são mielinizadas e terminam dividindo-se em muitos ramos, cada um dos quais termina em uma fibra muscular na placa motora
  • 22. terminal (Fig. 1-13). Cada fibra muscular possui pelo menos uma placa motora terminal; as fibras mais longas possuem mais. As fibras sensoriais ou sensitivas são mielinizadas e originam-se de terminações sensoriais especializadas, situando-se no interior dos músculos ou tendões denominados fusos musculares ou fusos tendinosos, respectivamente. Estas terminações são estimuladas por tensão no músculo, que pode ocorrer durante contração ativa ou estiramento passivo. A função destas fibras sensoriais é dirigir, para o sistema nervoso central, as informações relativas ao grau de tensão dos músculos. Isto é essencial para a manutenção do tônus muscular e da postura corporal, para realizar movimentos voluntários coordenados. As fibras simpáticas são não-mielinizadas e passam para os músculos lisos nas paredes dos vasos sangüíneos que suprem o músculo. Sua função é regular o fluxo sangüíneo para os músculos. MÚSCULO LISO O músculo liso consiste em células longas, fusiformes, intimamente dispostas em feixes ou camadas. Nos órgãos tubulares (ocos), fornecem a força motora para impelir os conteúdos através do lúmen. No sistema digestivo, também fazem com que os alimentos ingeridos sejam completamente misturados com os sucos digestivos. Uma onda de contração das fibras dispostas circularmente passa ao longo do canal, ordenhando seu conteúdo para a frente. Por sua contração, as fibras longitudinais empurram a parede do tubo no sentido proximal em relação ao conteúdo. Este método de propulsão é denominado peristalse.
  • 23. Nos órgãos de armazenamento, como a bexiga urinária ou o útero, as fibras estão irregularmente dispostas e entrelaçadas umas com as outras. Sua contração é lenta e mantida, e provoca a expulsão do conteúdo dos órgãos. Nas paredes dos vasos sangüíneos, as fibras musculares lisas são dispostas de modo circular e servem para modificar o calibre do lúmen. Dependendo do órgão, as fibras musculares lisas podem determinar a contração pelo estiramento local das fibras, por impulsos nervosos dos nervos autônomos, ou por estímulo hormonal. MÚSCULO CARDÍACO O músculo cardíaco consiste em fibras musculares estriadas que se ramificam e se unem umas com as outras. É encontrado no miocárdio do coração. Suas fibras tendem a se dispor obliquamente e em espirais e apresentam a propriedade da contração rítmica e espontânea. As fibras musculares cardíacas especializadas formam o sistema de condução do coração. O músculo cardíaco é suprido por fibras nervosas autônomas que terminam nos nodos do sistema de condução e no miocárdio. ARTICULAÇÃO O local onde dois ou mais ossos entram em contato, exista ou não movimento entre eles, é denominado articulação. As articulações são classificadas de acordo com o tecido que existe entre os ossos: articulações fibrosas, cartilaginosas e sinoviais. ARTICULAÇÕES FIBROSAS
  • 24. As superfícies articulares dos ossos são unidas por tecido fibroso (Fig. 1-15), Fig. 1-15. Exempla de três tipos de articulação. e assim os movimentos são muito restritos. O grau de movimento depende do comprimento das fibras colágenas que unem os ossos. As suturas da abóbada craniana e as articulações tibiofibulares inferiores são exemplos de articulações fibrosas.
  • 25. ARTICULAÇÕES CARTILAGÍNEAS As articulações cartilagíneas podem ser divididas em dois tipos: primárias e secundárias. Uma articulação cartilagínea primária é aquela em que os ossos são unidos por uma placa ou barra de cartilagem hialina. Desta maneira, a união entre a epífise e a diáfise de um osso em crescimento e a situada entre a primeira costela e o manúbrio esternal constituem exemplos deste tipo de articulação. Nenhum movimento é possível. Numa articulação cartilagínea secundária, os ossos são unidos por uma placa de fibrocartilagem; as superfícies articulares dos ossos são cobertas por fina camada de cartilagem hialina. Exemplos são as articulações intervertebrais (Fig. 1-15) e a sínfise púbica. A quantidade de movimento possível depende das qualidades físicas da fibrocartilagem. (Ver Sínfise Púbica na Gravidez.) ARTICULAÇÕES SINOVIAIS As superfícies articulares dos ossos são cobertas por fina camada de cartilagem hialina, separada por uma cavidade articular sinovial (Fig. 1-15). Esta disposição permite maior liberdade de movimentos. A cavidade da articulação é limitada por uma membrana sinovial que se estende das margens de uma superfície articular às margens da outra. A membrana sinovial é protegida do lado externo por uma dura membrana fibrosa, denominada cápsula da articulação (cápsula articular). As superfícies articulares são lubrificadas por um líquido viscoso denominado líquido sinovial. Em certas articulações sinoviais, por exemplo, a articulação do joelho, discos ou cunhas de fibrocartilagem estão interpostos entre as superfícies articulares dos ossos. Estes são denominados discos articulares.
  • 26. Coxins gordurosos são encontrados em algumas articulações sinoviais situadas entre a membrana sinovial e a cápsula fibrosa ou osso. Exemplos são encontrados na bacia (Fig. 1-15) e articulações do joelho. O grau de movimento em uma articulação sinovial está limitado pela forma dos ossos que participam da articulação pela aproximação das estruturas anatômicas adjacentes (por exemplo, a coxa contra a parede abdominal anterior, fletindo-se a articulação da bacia), e a presença de ligamentos fibrosos que unem os ossos. A maior parte dos ligamentos situa-se fora da cápsula articular, porém no joelho, alguns ligamentos importantes, os ligamentos cruzados, situam-se dentro da cápsula (Fig. 1-16). Fig. 1-16. Os três fatores Principais responsáveis pela estabilização de uma articulação. (A) Forma das superfícies articulares, (B) ligamentos, e (C) tônus muscular. ESTABILIDADE ARTICULAR A estabilidade de uma articulação depende de três fatores principais: (1) a forma, o tamanho e a disposição das superfícies articulares; (2) os ligamentos; e (3) o tônus dos músculos em torno da articulação.
  • 27. SUPERFÍCIES ARTICULARES A disposição em bola-e-luva da articulação do quadril (Fig. 1-16) e a disposição em encaixe da articulação do tornozelo são bons exemplos de como a forma do osso desempenha um papel importante na estabilidade articular. Existem todavia outros exemplos de articulações em que a forma do osso contribui pouco, ou nada, para a estabilidade; por exemplo, a articulação acromioclavicular, a calcaneocubóide, e a articulação do joelho. LIGAMENTOS Os ligamentos fibrosos impedem o movimento excessivo em uma articulação (Fig. 1-16), porém se o estresse continua por tempo excessivamente longo, os ligamentos fibrosos se distendem. Por exemplo, os ligamentos articulares entre os ossos que formam os arcos dos pés não mantêm por si mesmos o peso do corpo. No caso de o tônus muscular, que normalmente mantém os arcos, ficar prejudicado pela fadiga, os ligamentos se distendem e os arcos entram em colapso, causando pés chatos. Os ligamentos elásticos por outro lado, voltam ao seu comprimento original após estiramento. Os ligamentos elásticos dos ossículos auditivos desempenham papel ativo na manutenção das articulações e ajudam no retorno dos ossos à sua posição original após os movimentos. TÔNUS MUSCULAR Na maior parte das articulações, o tônus muscular é o principal fator para controlar a estabilidade. Por exemplo, o tônus muscular dos músculos curtos em torno da articulação do ombro mantém a cabeça hemisférica do úmero no oco da cavidade glenóide. Sem a ação destes músculos, seria necessária uma força muito pequena para deslocar essa articulação. A articulação dos joelhos é muito
  • 28. instável sem a atividade tônica do músculo quadríceps femoral. As articulações entre os pequenos ossos que formam os arcos dos pés são, em grande parte, mantidas pelo tônus muscular da perna, cujos tendões estão inseridos nos ossos dos pés (Fig. 1-16). INERVAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES A cápsula e os ligamentos recebem abundante inervação sensorial. Os vasos sangüíneos recebem fibras simpáticas autônomas. A cartilagem que cobre as superfícies articulares possui apenas algumas poucas terminações nervosas próximo à sua extremidade. A superdistensão da cápsula e dos ligamentos produz contração reflexa dos músculos situados ao redor da articulação; uma distensão excessiva causa dor. Os receptores de distensão situados no interior da cápsula e dos ligamentos estão continuamente enviando informações proprioceptivas para o sistema nervoso central, mantendo-o informado partir dos fusos musculares coordenando os movimentos voluntários. As fibras simpáticas controlam o suprimento sangüíneo para a articulação. Lei de Hilton: Um nervo que supre uma articulação também supre os músculos que movimentam a articulação e a pele sobre as inserções destes músculos. LIGAMENTOS O ligamento é um tendão ou uma faixa de tecido conectivo que une duas estruturas. Comumente encontrados em associação com as articulações, os ligamentos são de dois tipos: a maioria é composta de densos feixes de fibras colágenas e não podem ser distendidos sob condições normais (por exemplo, ligamento iliofemoral da articulação
  • 29. do quadril, ligamentos colaterais da articulação do tornozelo). O segundo tipo é composto, em grande parte, de tecido elástico, e por conseguinte pode refazer o seu comprimento original após a distensão (por exemplo, ligamento flavo da coluna vertebral e ligamento calcaneonavicular do pé). BOLSAS Uma bolsa é um aparelho de lubrificação que consiste de um saco fibroso- fechado, delimitado por fina membrana lisa. Suas paredes são separadas por uma camada de líquido viscoso. As bolsas são encontradas sempre que os tendões são atritados contra ossos, ligamentos, ou outros tendões. São comumente encontradas próximo das articulações, onde a pele se atrita contra estruturas ósseas subjacentes, por exemplo, a bolsa pré-patelar (Fig. 1-17). Fig. 1-17. (A) Quatro bolsas relacionadas à parte frontal da articulação do joelho. Observar que a bolsa suprapatelar comunica- se com a cavidade da articulação. (H) Bainha sinovial, demonstrando como os vasos sanguíneos alcançam o tendão através do mesotendão. Ocasionalmente, a cavidade de uma bolsa comunica-se com a cavidade da articulação sinovial. Por exemplo, a bolsa suprapatelar comunica-se com a articulação do joelho (Fig. 1-17), e a bolsa subescapular comunica-se com a articulação do ombro.
  • 30. BAINHA SINOVIAL Uma bainha sinovial é uma bolsa tubular que cerca um tendão. O tendão invagina a bolsa de um lado, ficando suspenso no interior da bolsa por um mesotendão (Fig. 1-17). Este permite a entrada dos vasos sangüíneos no tendão ao longo de seu curso. Em certas situações, onde a variação do movimento é extensa, o mesotendão desaparece ou permanece na forma de fios estreitos, os vínculos ou freios (por exemplo, os tendões flexores longos dos dedos das mãos e dos pés). VASOS SANGÜÍNEOS Os vasos sangüíneos são de três tipos: artérias, velas e capilares (Fig. 1-18). Fig. 1-18. Esquema geral da circulação sanguínea vascular.
  • 31. As artérias levam o sangue do coração e o distribuem para os vários tecidos do corpo por meio de seus ramos (Figs. 1-18 e 1-19). Fig. 1-19. Diferentes tipos de vasos sangüíneos e seus métodos de união. Observar a diferença entre a artéria terminal anatômica e a artéria terminal funcional. As artérias menores, inferiores a 0,1 mm, de diâmetro, são denominadas arteríolas. A união de ramos das artérias é denominada anastomose. Não existem valvas nas artérias.
  • 32. As artérias terminais anatômicas (Fig. 1-19) são vasos cujos ramos terminais não se anastomosam com os ramos das artérias que suprem áreas adjacentes. Artérias terminais funcionais são vasos cujos ramos terminais se anastomosam com os das artérias adjacentes, mas o calibre da anastomose é insuficiente para manter vivo o tecido caso uma das artérias se torne ocluída. As veias são vasos que levam o sangue de volta para o coração; multas delas possuem valvas. As veias menores são denominadas vênulas (Fig. 1-19). As veias menores, ou tributárias ou afluentes, unem-se para formar veias maiores, que comumente se ligam umas com as outras para formar plexos venosos. As artérias profundas de médio calibre são muitas vezes acompanhadas de duas veias, uma de cada lado, denominadas venae comitantes. As veias que saem do trato gastrointestinal não vão diretamente para o coração, mas convergem para a veia porta; esta entra no fígado e divide-se novamente em veias de tamanho cada vez menor, que por fim se unem aos capilares dos lóbulos hepáticos (Fig. 1-19). Assim, o sistema porta é um sistema de vasos interpostos entre dois leitos capilares. Os capilares são vasos microscópicos com a forma de uma rede conectando as arteríolas às vênulas (Fig. 1-19). Em algumas áreas do corpo, sobretudo nas pontas dos dedos das mãos e do pé, existem conexões diretas entre as artérias e as veias, sem a intervenção de capilares. Os locais destas conexões são denominados anastomoses arteriovenosas. SISTEMA LINFÁTICO Linfa é o nome dado ao líquido tissular depois de entrar em um vaso linfático. Os capilares linfáticos são uma rede de finos vasos que drenam a linfa dos tecidos. Estes capilares, por sua vez, são drenados por pequenos vasos linfáticos, que se unem para formar grandes vasos linfáticos. Os vasos linfáticos apresentam um aspecto em contas devido à presença de numerosas valvas ao longo de seu curso.
  • 33. A linfa é por fim drenada na corrente sangüínea, mas antes que isso aconteça, ela passa através de pelo menos um nódulo linfático ou linfonodo, freqüentemente através de vários linfonodos. Os vasos linfáticos que levam a linfa para o linfonodo são denominados vasos aferentes (Fig. 1-20); Fig. 1-20. (A) Ducto torácico e ducto linfático direito e seus principais tributários. (É) Áreas do corpo drenadas no ducto torácico (claro), e ducto linfático direito (escurecida). (C) Estrutura geral de um linfonodo. (D) Vasos linfáticos e nódulos do membro superior. os que a transportam para fora do linfonodo são os vasos eferentes. A linfa alcança a corrente sangüínea, na raiz do pescoço, por grandes vasos linfáticos denominados ducto linfático direito e ducto torácico (Fig. 1-20). SISTEMA NERVOSO
  • 34. O sistema nervoso é dividido em duas partes principais: sistema nervoso central, composto de cérebro e medula espinhal, e sistema nervoso periférico, composto de nervos cranianos e espinhais e seus gânglios associados. O sistema nervoso central é composto de grande número de células nervosas e suas ramificações, mantidas por tecido especializado denominado neuróglia. Neurônio é o nome dado à célula nervosa e todas as suas ramificações. As ramificações longas de uma célula nervosa são denominadas axônios, ou fibras nervosas (Fig. 1-23). Fig. 1-23. (A) Neurônio motor multipolar e neurônio conector fazendo sinapse entre si. (B) Secção através do segmento torácico da medula espinhal com raízes espinhais e gânglio da raiz posterior. (C) Secção transversal do segmento torácico da medula
  • 35. espinhal, mostrando raízes, nervo espinhal, ramos anteriores e posterior e suas ramificações. O interior do sistema nervoso central é organizado em substância branca e cinzenta. A substância cinzenta consiste em células nervosas e das porções proximais; de suas ramificações, encerradas em neuróglia. A substância branca consiste em fibras nervosas encerradas em neuróglia. Na dissecção do sistema nervoso periférico, observa-se que os nervos cranianos e espinhais são cordões de coloração branco- acinzentada. São constituídos de feixes de fibras nervosas mantidos por fino tecido areolar. Existem 12 pares de nervos cranianos que partem do cérebro e passam através de forâmens do crânio. Existem 31 pares de nervos espinhais que partem da medula espinhal e passam através de forâmens intervertebrais na coluna vertebral (Figs. 1-21 e 1-22). Fig. 1-21. Cérebro, medula espinhal, nervos espinhais e plexos dos membros.
  • 36. Fig. 1-22. Associação entre medula espinhal, nervos espinhais e troncos simpáticos. Os nervos espinhais são denominados de acordo com as regiões da coluna vertebral com as quais estão associados: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais, e 1 coccígico. Observar que existem 8 nervos cervicais e apenas 7 vértebras cervicais, e que existem um nervo coccígico e 4 vértebras coccígicas. Cada nervo espinhal é conectado à medula espinhal por duas raízes, a raiz anterior e a raiz posterior (Figs. 1-22 e 1-23). A raiz anterior consiste em feixes de fibras nervosas que levam impulsos nervosos para fora do sistema nervoso central (Fig. 1-23). Estas fibras nervosas são denominadas fibras eferentes. As fibras eferentes que vão para o músculo esquelético e provocam a sua contração são denominadas fibras motoras. Suas células de origem situam-se na coluna cinzenta anterior da medula espinhal. A raiz posterior consiste em feixes de fibras nervosas que levam impulsos para o sistema nervoso central, sendo denominadas fibras aferentes (Fig. 1-23). Considerando-se que estas fibras estão relacionadas com a transmissão de informações sobre as sensações de tato, dor, temperatura, e vibrações, elas são denominadas fibras sensoriais. Os corpos celulares destas fibras nervosas estão situados em uma tumefação da raiz posterior denominada gânglio da raiz posterior (Figs. 1-22 e 1-23).
  • 37. Em cada forâmen intervertebral, as raízes anterior e posterior unem-se para formar um nervo espinhal (Fig. 1-22). Aqui, as fibras motoras e sensoriais misturam-se entre si, de modo que um nervo espinhal é constituído de uma mistura de fibras motoras e sensoriais (Fig. 1-23). Saindo do forâmen, o nervo espinhal divide- se em um grande ramo anterior e um ramo posterior de menor calibre. O ramo posterior passa posteriormente, em torno da coluna vertebral, para suprir os músculos e a pele do dorso (Figs. 1-22 e 1- 23). O ramo anterior continua anteriormente suprindo os músculos da pele situada sobre a parede ântero-lateral do corpo e todos os músculos e a pele dos membros. Na raiz dos membros, os ramos anteriores unem-se entre si para formarem complicados plexos nervosos (Fig. 1-21). Na raiz dos braços, situam-se os plexos cervical e braquial, e na raiz das pernas, os plexos lombar e sacral. É importante saber que a divisão clássica do sistema nervoso em parte central e periférica é puramente artificial e de conveniência descritiva, pois as ramificações dos neurônios passam livremente entre ambas. Por exemplo, o neurônio motor localizado na coluna cinzenta anterior do primeiro segmento torácico da medula espinhal dá origem a um axônio que passa através da raiz anterior do primeiro nervo torácico (Fig. 1-24),
  • 38. Fig. 1-24. Dois neurônios que passam do sistema nervoso central para o sistema nervoso periférico. (A) Neurônio aferente, que se estende do quinto dedo do pé até o cérebro. (B) Neurônio eferente, que se estende da coluna cinzenta anterior do primeiro segmento torácico da medula espinhal até um músculo curto da mão. através do plexo braquial, segue em direção inferior pelo braço e antebraço no nervo ulnar e finalmente alcança as placas motoras terminais em várias fibras musculares de um pequeno músculo da mão - uma distância total de cerca de 90 cm. Para tomar outro exemplo: considerar a sensação de tato sentida na parte lateral do quinto dedo do pé. Esta área da pele é suprida pelo primeiro segmento sacral da medula espinhal (S1). Os finos ramos terminais do axônio sensorial, denominados dendritos, partem dos órgãos sensoriais da pele e unem-se para formar o axônio do nervo sensorial. Este sobe pela perna no nervo sural (Fig. 1-24) e depois, nos nervos isquiático e tibial, até o plexo lombossacral. Passa então através da raiz posterior do primeiro nervo sacro para alcançar o corpo celular no gânglio da raiz posterior do primeiro nervo sacral. O axônio central entra, agora, no funículo posterior da medula espinhal e sobe até o nucleus gracilis
  • 39. na medula oblongata - numa distância total de cerca de 1,5 metro. Deste modo, um único neurônio estende-se do quinto dedo do pé até o interior do cérebro. Ambos os exemplos ilustram o comprimento extremo de um único neurônio. SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO O sistema nervoso autônomo é a parte do sistema nervoso relacionada com a inervação das estruturas involuntárias, como coração, músculos lisos e glândulas, em todo o corpo. É distribuído através do sistema nervoso central e periférico. O sistema autônomo pode ser dividido em duas partes, o simpático e o parassimpático. Em ambas as partes existem fibras nervosas aferentes e eferentes. As atividades da parte simpática do sistema autônomo preparam o corpo para uma emergência. Aceleram a freqüência cardíaca, provocam a constrição dos vasos sangüíneos periféricos, e elevam a pressão sangüínea. A parte simpática do sistema autônomo leva a uma redistribuição do sangue, de modo que, partindo de áreas da pele e do intestino, ele fica disponível para o cérebro, coração e músculos esqueléticos. Ao mesmo tempo, inibe a peristalse do trato intestinal e fecha os esfíncteres. As atividades da parte parassimpática do sistema autônomo têm por objetivo conservar e restaurar energia. Diminuem a freqüência cardíaca, aumentam a peristalse do intestino e a atividade glandular e abrem os esfíncteres. PARTE SIMPÁTICA DO SISTEMA AUTÔNOMO FIBRAS NERVOSAS EFERENTES. A substância cinzenta da medula espinhal, do primeiro segmento torácico ate o segundo segmento lombar, possui uma coluna lateral onde estão localizados os corpos celulares dos neurônios simpáticos (Fig. 1-25).
  • 40. Fig. 1-25. Disposição geral das partes somáticas do sistema nervoso (à esquerda), comparadas com as partes autônomas do sistema nervoso (à direita). Os axônios mielinizados destas células deixam a medula espinhal das raízes nervosas anteriores e depois passam, através dos ramos comunicantes brancos, para os gânglios paravertebrais do tronco simpático (Figs. 1-22, 1-25 e 1-26).
  • 41. Fig. 1-26. Partes diferentes do sistema nervoso autônomo. As fibras parassimpáticas pré-ganglionares são representadas em linha azul contínua; as fibras parassimpáticas pós-ganglionares, em linha azul pontilhada. As fibras simpáticas pré-ganglionares são representadas em linha vermelha contínua; as fibras simpáticas pós-ganglionares são representadas em linha vermelha pontilhada. Estas fibras celulares são denominadas pré-ganglionares quando passam para um gânglio periférico. Depois que as fibras pré- ganglionares alcançam os gânglios do tronco simpático, elas podem ter os seguintes destinos: 1. Podem terminar no gânglio onde entraram, fazendo sinapse com uma célula excitadora dentro do gânglio (Fig. 1-25). Uma sinapse pode ser definida como o local em que dois neurônios entram em estreita proximidade, porém não em continuidade anatômica. O intervalo entre dois neurônios é preenchido por uma substância
  • 42. neurotransmissora, a acetilcolina. Os axônios dos neurônios excitadores deixam o gânglio e são desmielinizados. Estas fibras nervosas pós-ganglionares passam agora para os nervos espinhais torácicos como ramos comunicantes cinzentos, e são distribuídas nos ramos dos nervos espinhais para suprirem os músculos lisos das paredes dos vasos sangüíneos, glândulas sudoríparas, e músculos eretores do pêlo da pele. 2. As fibras que entram nos gânglios do tronco simpático, na parte alta do tórax, podem ascender no tronco simpático até os gânglios da região cervical, onde fazem sinapse com as células excitadoras (Figs. 1-25 e 1-26). Aqui, novamente, as fibras nervosas pós- ganglionares deixam o tronco simpático como ramos comunicantes cinzentos, e a maior parte delas une-se aos nervos espinhais cervicais. Muitas das fibras pré-ganglionares que entram na parte inferior do tronco simpático a partir dos segmentos torácicos inferiores e dos dois segmentos lombares superiores da medula espinhal seguem inferiormente até gânglios das regiões lombar inferior e sacra, onde fazem sinapse com as células excitadoras (Fig. 1-26). As fibras pós-ganglionares deixam o tronco simpático como ramos comunicantes cinzentos, que unem os nervos espinhais lombar, sacral e coccígico. 3. As fibras pré-ganglionares podem passar através dos gânglios para a parte torácica do tronco simpático sem fazerem sinapse. Estas fibras mielinizadas formam os nervos esplâncnicos (Fig. 1- 26), dos quais existem três. O nervo esplâncnico maior origina-se do quinto ao nono gânglio torácico, atravessa o diafragma, e faz sinapse com as células excitadoras dentro dos gânglios do plexo celíaco. Os nervos esplâncnicos menores originam-se do 10.º e 11.º gânglios, atravessam o diafragma, e fazem sinapse com as células excitadoras; dos gânglios da parte inferior do plexo celíaco. O nervo esplâncnico imo (inferior) (quando presente) origina-se no 12.ºgânglio torácico, atravessa o diafragma, e faz sinapse com as células excitadoras; dos gânglios do plexo renal. Os nervos
  • 43. esplâncnicos são, portanto, compostos de fibras pré-ganglionares. As fibras pós-ganglionares originam-se das células excitadoras dos plexos periféricos anteriormente citados, sendo distribuídas para os músculos lisos e glândulas das vísceras. Algumas fibras pré- ganglionares passam pelo nervo esplâncnico maior e terminam diretamente nas células da medula supra-renal. Estas células medulares podem ser consideradas células excitadoras simpáticas modificadas. FIBRAS NERVOSAS AFERENTES. As fibras nervosas aferentes mielinizadas partem das vísceras através dos gânglios simpáticos, sem fazerem sinapse (Fig. 1-25). Entram no nervo espinhal através dos ramos comunicantes brancos e alcançam seus corpos celulares no gânglio da raiz posterior do nervo espinhal correspondente. Os axônios centrais entram na medula espinhal e podem formar o componente aferente de um arco reflexo local. Outros podem ascender até os centros autônomos mais elevados, situados no cérebro. PARTE PARASSIMPÁTICA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO FIBRAS NERVOSAS EFERENTES. As células conectoras desta parte do sistema estão localizadas no cérebro e nos segmentos sacrais da medula espinhal (Fig. 1-26). As do cérebro formam parte do núcleo de origem dos nervos cranianos 3, 7, 9 e 10 e os axônios emergem do cérebro contido nos nervos cranianos correspondentes. As células parassimpáticas sacrais são encontradas na substância cinzenta do segundo, terceiro e quarto segmentos sacrais da medula. Estas células não são suficientemente numerosas para formarem uma coluna cinzenta lateral, como fazem as células pré- ganglionares simpáticas da região toracolombar. Os axônios mielinizados deixam a medula espinhal nas raízes nervosas anteriores e espinhais correspondentes. Em seguida, saem dos nervos sacrais e formam os nervos esplâncnicos pélvicos. Todas as fibras eferentes até agora descritas são pré-ganglionares e fazem sinapse com células excitadoras dos gânglios periféricos,
  • 44. usualmente situadas próximo das vísceras às quais inervam. As fibras pré-ganglionares cranianas comunicam-se com os gânglios ciliares, pterigopalatinos submandibulares e óticos (Fig. 1-26). As fibras pré-ganglionares dos nervos esplâncnicos pélvicos fazem comunicação nos gânglios dos plexos pélvicos. Caracteristicamente, as fibras pós-ganglionares são desmielinizadas e de comprimento relativamente curto quando comparadas com as fibras simpáticas pós-ganglionares. FIBRAS NERVOSAS AFERENTES. As fibras aferentes mielinizadas passam das vísceras para os seus corpos celulares, localizados ou nos gânglios sensoriais dos nervos cranianos ou nos gânglios da raiz posterior dos nervos sacrais. Em seguida, os axônios centrais entram no sistema nervoso central e tomam parte na formação de arcos reflexos locais, ou passam para centros mais elevados do sistema nervoso autônomo. É importante saber que o componente aferente do sistema autônomo é, na realidade, idêntico ao componente aferente dos nervos somáticos e forma parte do segmento aferente geral de todo o sistema nervoso. As terminações nervosas do componente aferente autônomo podem não ser ativadas por sensações como calor ou tato e sim por distensão ou privação de oxigênio. Depois que as fibras aferentes entraram no cérebro ou na medula espinhal, acredita-se que elas passem ao longo das fibras aferentes somáticas, ou sejam misturadas com elas. MEMBRANAS MUCOSAS Membrana mucosa é o nome dado ao revestimento dos órgãos tubulares ou de passagens que se comunicam com a superfície do corpo. Uma membrana mucosa consiste, essencialmente, em uma camada de epitélio ligada por uma camada de tecido conectivo, a lâmina própria. Algumas vezes, no tecido conectivo está presente músculo liso, denominado muscularis mucosae. Uma membrana mucosa pode ou não secretar muco em sua superfície. MEMBRANAS SEROSAS
  • 45. As membranas serosas delimitam as cavidades do tronco refletidas no interior das vísceras móveis que se situam dentro destas cavidades (Fig. 1-27). Fig. 1-27. Disposição da pleura no interior da cavidade torácica. Observar que, sob condições normais, a cavidade pleural é um espaço semelhante a uma fenda, e as camadas parietal e visceral da pleura estão separadas por pequena quantidade de líquido seroso. Consistem em uma camada lisa de mesotélio, mantida por uma fina camada de tecido conectivo. A membrana serosa que delimita a parede da cavidade é denominada camada parietal, e a que cobre as vísceras é denominada camada visceral. O estreito intervalo em forma de fenda que separa estas camadas forma as cavidades pleural, pericárdica e peritoneal e contém pequena quantidade de líquido seroso, o líquido pleural. Este lubrifica a superfície das membranas e permite que as duas camadas deslizem facilmente uma sobre a outra. Os mesentérios, omenta e ligamentos serosos são descritos em outros capítulos deste livro. Inervação A camada parietal da membrana serosa desenvolve-se a partir da somatopleura, sendo ricamente suprida por nervos espinhais. Por conseguinte, é sensível a todas as sensações comuns, como tato e dor. A camada visceral desenvolve-se a partir da esplancnopleura, sendo suprida por nervos autônomos. É insensível ao tato e à
  • 46. temperatura, porém muito sensível à distensão. OSSO O osso é um tecido vivo capaz de modificar sua estrutura em conseqüência do estresse a que está sujeito. Como outros tecidos conectivos, consiste em células, fibras e matriz. É duro devido à calcificação de sua matriz extracelular e possui um grau de elasticidade devido à presença de fibras orgânicas. O osso possui uma função protetora; por exemplo, o crânio e a coluna vertebral protegem o cérebro e a medula espinhal das lesões; o esterno e as costelas protegem as vísceras torácicas e abdominais superiores (Fig. 1-28). Fig. 1-28. O esqueleto. (A) Vista anterior. (B) Vista lateral. Serve como alavanca, conforme se observa nos ossos longos dos membros. É uma importante área de armazenamento de sais de cálcio. Abriga e protege, em suas cavidades, a delicada medula óssea formadora do sangue.
  • 47. O osso existe sob duas formas: compacto e esponjoso. O osso compacto aparece como uma massa sólida; o osso esponjoso (trabecular) consiste em uma rede de ramificações de trabéculas (Fig. 1-29). Fig. 1-29. Secções de diferentes tipos de ossos. (A) Osso longo (úmero). (B) Osso irregular (calcâneo). (C) Osso plano (os dois ossos parietais separados pela sutura sagital). (D) Osso sesamóide (patela ou rótula). (E) Observar a disposição das trabéculas que atuam como estruturas que resistem às forças de compressão e tensão na extremidade proximal do fêmur. As trabéculas são dispostas de tal maneira que resistem ao estresse e se distendem quando o osso é exposto. Os ossos podem ser classificados, de acordo com. sua forma geral, como se segue: (1) ossos longos e curtos, (2) ossos irregulares, (3) ossos chatos e (4) ossos sesamóides. Os ossos longos e curtos são encontrados nos membros; os ossos chatos e irregulares, no crânio, coluna vertebral e cinturas dos membros; e os ossos sesamóides, em certos tendões (por exemplo, os do quadríceps femorais e do flexor longo do hálux). A medula óssea ocupa a cavidade da medula nos ossos longos e curtos e os interstícios dos ossos esponjosos nos ossos chatos e irregulares. Por ocasião do nascimento, a medula de todos os ossos
  • 48. do organismo é vermelha e hematopoiética. Esta atividade formadora de sangue diminui gradualmente com a idade, e a medula vermelha é substituída por medula amarela. Aos 7 anos de idade, a medula amarela começa a aparecer nos ossos distais dos membros. Esta substituição da medula gradualmente se desloca no sentido proximal, de modo que, quando o indivíduo se torna adulto, a medula vermelha está restrita aos ossos do crânio, da coluna vertebral, da caixa torácica, das cinturas escapular e pélvica, e à cabeça do úmero e do fêmur. Todas as superfícies ósseas, exceto as de articulação, estão cobertas por uma espessa camada de tecido fibroso denominado periósteo. O periósteo apresenta abundante suprimento vascular, e as células de sua superfície mais profunda são osteogênicas. O periósteo é particularmente bem unido ao osso em locais onde músculos, tendões e ligamentos estão ligados ao osso. Feixes de fibras colágenas conhecidas como fibras de Sharpey estendem-se do periósteo até o osso subjacente. O periósteo recebe um rico suprimento nervoso e é muito sensível. Desenvolvimento do Osso O osso se desenvolve por dois métodos: (1) membranoso e (2) endocondral. No primeiro método, o osso se desenvolve diretamente de uma membrana de tecido conectivo; no segundo, um modelo cartilaginoso é inicialmente estabelecido, sendo mais tarde substituído por osso. Para detalhes das alterações celulares envolvidas, deve-se consultar obras de histologia ou embriologia. Os ossos da abóbada craniana desenvolvem-se rapidamente, pelo método membranoso, no embrião; isto serve para proteger o cérebro subjacente em desenvolvimento. Por ocasião do nascimento, persistem pequenas áreas de membrana entre os ossos, o que é clinicamente importante pois permite aos ossos certos graus de mobilidade, de modo que o cérebro pode sofrer uma moldagem durante a sua descida através do canal do parto. Os ossos longos dos membros são desenvolvidos por ossificação endocondral. É um processo lento e que só se completa no 18.º ao 20.º ano, ou até mais tarde. O centro de formação óssea encontrado na haste do osso é denominado diáfise, e os centros nas extremidades do osso são chamados epífises. A placa de cartilagem de cada extremidade situada entre a epífise e a diáfise do osso em crescimento é denominada cartilagem epifisária. A
  • 49. metáfise é a parte da diáfise que está em contato com a placa epifisária. CARTILAGEM A cartilagem é uma forma de tecido conectivo em que as células e fibras estão embebidas em uma matriz semelhante a um gel, responsável por sua firmeza e elasticidade. Exceto nas superfícies expostas das articulações, é recoberta por uma membrana fibrosa denominada pericôndrio. Existem três tipos de cartilagens: hialina, fibrosa e elástica. A cartilagem hialina apresenta uma alta proporção de matriz amorfa e possui o mesmo índice de refração das fibras nela mergulhadas. Durante toda a infância e adolescência, desempenha papel importante no crescimento em comprimento dos ossos longos (as cartilagens epifisárias; são compostas de cartilagem hialina). Apresenta maior resistência ao desgaste e recobre as superfícies articulares e de todas as articulações sinoviais. É incapaz de ser reparada quando fraturada; o defeito é preenchido com tecido fibroso. A cartilagem fibrosa (ou fibrocartilagem) apresenta grande número de fibras colágenas imersas numa pequena quantidade de matriz. É encontrada nos discos situados no interior das articulações (por exemplo, as articulações temporomandibular, esternoclavicular, e nos joelhos) e sobre as superfícies articulares da mandíbula e da clavícula. Quando lesada, sofre reparação lenta de modo semelhante ao do tecido fibroso de qualquer outro local. Os discos articulares são mal supridos de sangue e, portanto, não sofrem reparação quando lesados. A cartilagem elástica possui grande número de fibras elásticas imersas na matriz. Como seria de se esperar, é muito flexível, e encontrada na orelha, meato auditivo externo, tuba auditiva, e epiglote. Se lesada, sofre reparação com tecido fibroso. A cartilagem hialina e a fibrocartilagem tendem a se calcificar, ou mesmo a se ossificar na vida mais tardia. Efeitos do Sexo, Raça e Idade Sobre a Estrutura A anatomia descritiva tende a se concentrar em uma forma descritiva fixa. O médico deve sempre lembrar que existem diferenças sexuais e raciais, e que a estrutura do organismo e suas
  • 50. funções modificam-se à medida que a pessoa cresce e se torna mais idosa. O homem adulto tende a ser mais alto do que a mulher adulta e possui pernas mais longas; seus ossos são maiores e mais pesados, e seus músculos também são maiores. Tem menos gordura subcutânea, o que torna seu aspecto mais angular. Sua laringe é maior, e as cordas vocais mais longas, de modo que a voz é mais profunda. Apresenta barba e pêlos corporais vulgares. Possui pêlos nas regiões axilar e pubiana que se estendem até a região do umbigo. A mulher adulta tende a ter menor estatura do que o homem adulto e possui ossos menores e músculos menos volumosos. Apresenta mais gordura subcutânea, acúmulo de gordura nas mamas, nádegas e coxas o que lhe confere um aspecto mais arredondado. O cabelo da cabeça é mais fino, e sua pele de aspecto mais liso. Apresenta pêlos nas regiões axilar e pubiana, mas estes não se estendem até o umbigo. A mulher adulta possui mamas maiores, e uma pelves mais larga do que o homem. Apresenta um ângulo maior de movimentação no cotovelo, o que resulta em um maior desvio lateral do antebraço sobre o braço. Até a idade de aproximadamente 10 anos, meninos e meninas crescem mais ou menos na mesma proporção. Por volta dos 12 anos, os meninos muitas vezes começam a crescer mais depressa do que as meninas, de modo que os homens alcançam a idade adulta mais altos do que as mulheres. A puberdade começa entre os 10 e os 14 anos nas meninas, e entre os 12 e os 15 nos meninos. Na menina, durante a puberdade, as mamas aumentam de tamanho e a pelve se alarga. Por este mesmo tempo, crescem no menino o pênis, testículo e escroto e em ambos os sexos aparecem pêlos axilares e pubianos. Diferenças raciais podem ser observadas na cor da pele, dos cabelos e olhos, e na forma e tamanho dos olhos, nariz e lábios. Africanos e escandinavos tendem a ser mais altos devido às pernas mais longas, enquanto os orientais tendem a ser baixos, com pernas curtas. As cabeças dos centro-europeus e orientais também tendem a ser arredondadas e alargadas. Após o nascimento e durante a infância, as funções orgânicas tornam-se progressivamente mais eficazes, alcançando o seu grau
  • 51. máximo de eficácia no adulto jovem. Durante a idade adulta mais tardia e na velhice, muitas funções orgânicas se tornam menos eficientes. Observações Clínicas Temos Anatômicos Descritivos É importante que o estudante de medicina possua uma sólida compreensão destes termos. Sem eles, é impossível discutir ou registrar exatamente as funções anormais das articulações, ações dos músculos, alteração da posição dos órgãos, a exata localização de tumefações ou tumores, e assim por diante. PELE O conhecimento geral da orientação das linhas de clivagem ajuda bastante o cirurgião na realização de incisões que resultam em cicatrizes esteticamente aceitáveis. Isto é particularmente importante no caso de mulheres e nas áreas do corpo normalmente não cobertas pelas roupas. Por exemplo, um vendedor pode perder o emprego se uma operação deixar-lhe uma medonha cicatriz no rosto. As dobras ungueais, folículos pilosos e glândulas sebáceas são pontos comuns de entrada nos tecidos subjacentes de organismos patogênicos, como o Staphylococcus aureus. A infecção que ocorre entre a unha e a dobra ungueal é denominada paroníquia. A infecção do folículo piloso e da glândula sebácea é responsável pelo furúnculo comum. Um carbúnculo é uma infecção estafilocócica da fáscia superficial que ocorre com frequência na nuca e geralmente começa como uma infecção de um folículo piloso ou um grupo de folículos pilosos. Um cisto sebáceo é devido à obstrução da abertura de um ducto sebáceo, podendo ser causado por lesão causada por pente ou por infecção. Ocorre com maior freqüência no couro cabeludo. Um paciente em estado de choque está pálido e apresenta uma pele arrepiada devido a hiperatividade do sistema simpático que determina vasoconstricção das arteríolas dérmicas e contração dos músculos eretores do pêlo.
  • 52. A profundidade de uma queimadura determina o método e o grau de cicatrização. Uma queimadura da pele de espessura parcial cicatriza a partir das células dos folículos pilosos, glândulas sebáceas e sudoríparas, bem como das células situadas nas extremidades da queimadura Outra que se estende mais profundamente do que as glândulas sudoríparas cicatriza-se muito lentamente, apenas a partir das extremidades, havendo uma considerável contratura causada pelo tecido fibroso. Para acelerar a cicatrização e reduzir a incidência de contratura, deve-se realizar um enxerto em uma queimadura profunda. Os enxertos de pele são de dois tipos principais: enxerto de meia espessura e de espessura completa. No enxerto de meia espessura, a maior parte da epiderme, inclusive as pontas das papilas dérmicas, é removida da parte doadora e colocada sobre a receptora. Isto deixa na parte doadora, com objetivo de reconstrução, as células epidérmicas situadas ao lado das papilas dérmicas, e as células dos folículos e glândulas sudoríparas. Um enxerto cutâneo de espessura completa inclui a epiderme e a derme, e para sobreviver exige um rápido estabelecimento de uma nova circulação no seu interior, na parte receptora. A parte doadora é usualmente coberta por enxerto de meia espessura, realizado sob a forma de um enxerto pediculado, no qual um retalho cutâneo de espessura completa é retirado e suturado em posição, na parte receptora, deixando a base do retalho com seu suprimento sangüíneo intacto na parte doadora. FÁSCIAS Um conhecimento da disposição das fáscias profundas muitas vezes explica o caminho tomado por uma infecção quando esta se dissemina a partir de seu ponto primário. Por exemplo, no pescoço, os diversos planos fasciais explicam como a infecção pode se estender a partir da região do assoalho da boca para a laringe. MÚSCULO A determinação do tônus do músculo é um exame clínico importante. Quando um músculo está flácido os neurônios aferentes ou eferentes, ou ambos, envolvidos no arco reflexo necessário para a produção do tônus muscular são interrompidos. Por exemplo, se um tronco nervoso de um músculo é seccionado, ambos os neurônios serão interrompidos. Se a poliomielite comprometer as
  • 53. células cinzentas da coluna cinzenta anterior ao nível da medula espinhal que inerva o músculo, os neurônios motores eferentes não funcionarão. Por outro lado, quando um músculo se encontra hipertônico, existe a possibilidade de uma lesão comprometendo neurônios motores superiores na medula espinhal ou no cérebro. É desnecessário destacar a importância de se conhecer as ligações de todos os principais músculos do corpo. Apenas com este conhecimento é possível compreender-se as ações normais ou anormais de músculos individuais ou grupos musculares. Como se pode até tentar analisar, por exemplo, a marcha anormal de um paciente sem essa informação? O aspecto geral e a forma dos músculos também devem ser observados, pois um músculo paralisado ou um que não é utilizado (como ocorre quando se imobiliza um membro num molde de gesso) atrofia-se rapidamente e muda de forma. No caso dos membros, vale sempre lembrar que para fim de comparação existe outro músculo do lado oposto do corpo. ARTICULAÇÕES Devemos nos certificar da variação normal do movimento de todas as articulações. Quando os ossos de uma articulação não estiverem mais em sua relação anatômica normal entre si, diz-se então que a articulação está deslocada (luxada). Algumas das articulações são particularmente suscetíveis ao deslocamento devido à falta de suporte pelos ligamentos, à má forma das superfícies articulares, ou à ausência de suporte muscular adequado. Constituem exemplos as articulações do ombro, temporomandibular e acromioclavicular. O deslocamento do quadril é geralmente congênito, causado pelo desenvolvimento inadequado da cavidade que normalmente mantém a cabeça do fêmur firmemente em posição. A presença de discos cartilaginosos; no interior das articulações, sobretudo aquelas que suportam peso, como no caso do joelho, as torna particularmente suscetíveis a lesões nos esportes. Durante um movimento rápido, o disco perde a sua relação normal com os ossos e fica esmagado entre superfícies que suportam o peso. Em certas doenças do sistema nervoso (por exemplo, na siringomielia), a sensação de dor articular é perdida. Isto significa que sensações da dor sentida quando uma articulação se movimenta além de sua faixa normal de movimento não são
  • 54. experimentadas. Este fenômeno resulta na destruição da articulação. É de grande valor o conhecimento da classificação das articulações, pois sabe-se que certas doenças acometem somente certos tipos de articulações. Por exemplo, a artrite gonocócica compromete as grandes articulações sinoviais, como tornozelo, cotovelo ou punho. A artrite tuberculosa também afeta as articulações sinoviais, podendo começar na membrana sinovial ou no osso. Também é importante lembrar que mais de uma articulação pode receber a mesma inervação. Por exemplo, as articulações da bacia e do joelho são supridas pelo nervo obturador. Assim, o paciente com uma doença limitada a uma destas articulações pode sentir dor em ambas. BOLSAS E BAINHAS SINOVIAIS olsas e bainhas sinoviais são, geralmente, local de doenças traumáticas ou infecciosas. Por exemplo, as bainhas tendinosas do extensor da mão podem ficar inflamadas após uso excessivo ou inabitual; pode ocorrer uma inflamação da bolsa pré-patelar em conseqüência de trauma pelo ato repetido de se ajoelhar sobre uma superfície dura. VASOS SANGÜÍNEOS As doenças dos vasos sangüíneos são muito comuns. A anatomia superficial das artérias principais, sobretudo a dos membros, deve ser aprendida nas seções apropriadas deste livro. A circulação colateral da maior parte das grandes artérias deve ser compreendida, devendo-se fazer a distinção entre artérias terminais anatômicas e artérias terminais funcionais. Todas as grandes artérias que cruzam uma articulação apresentam tendência a serem torcidas durante movimentos da articulação. Entretanto, o fluxo distal de sangue não é interrompido, pois geralmente existe uma anastomose adequada entre ramos da artéria que se originam dos lados proximal e distal em relação à articulação. Os canais sangüíneos alternativos, que se dilatam sob estas circunstâncias, formam a circulação colateral. O conhecimento da existência e posição desta circulação pode ser de importância vital caso seja necessário ligar uma grande artéria lesada por trauma ou doença.
  • 55. As artérias coronárias são artérias terminais funcionais, e caso sejam bloqueadas por doença (a oclusão arterial coronária é comum), o músculo cardíaco, normalmente suprido por esta artéria, receberá sangue insuficiente e sofrerá necrose. O bloqueio de uma grande artéria coronária resulta na morte do paciente. SISTEMA LINFÁTICO O sistema linfático não é, muitas vezes, destacado pelos anatomistas por ser de difícil observação num cadáver. Entretanto, é de vital importância para um médico praticante, e a drenagem linfática de todos os órgãos principais do corpo, inclusive a pele, deve ser conhecida O paciente pode se queixar de uma tumefação produzida pelo aumento de um linfonodo. O médico deve conhecer as áreas do corpo que drenam a linfa para um linfonodo particular, se for capaz de encontrar o local primário da doença. Com muita freqüência, o paciente ignora a doença primária, que pode ser um pequeno e indolor câncer da pele. Inversamente, o paciente pode se queixar de uma úlcera dolorosa da língua, por exemplo, e o médico deve conhecer a drenagem linfática da língua para ser capaz de determinar se a doença disseminou-se além dos limites da língua. SISTEMA NERVOSO A área da pele suprida por um único nervo espinhal, e portanto um único segmento da medula espinhal, é denominada dermátomo. No tronco, dermátomos adjacentes interpõem-se em extensão considerável, de modo que para se produzir uma região de anestesia completa pelo menos três nervos espinhais contíguos devem ser seccionados. As tabelas dos dermátomos das superfícies anterior e posterior- do corpo estão apresentadas nas
  • 56. Figs. 1-30 e 1-31. Fig. 1-30. Dermátomos na fáscia anterior do corpo. Fig. 1-31. Dermátomos na fáscia posterior do corpo. Nos membros, a disposição dos dermátomos é mais complicada, o que se deve às alterações embriológicas que têm lugar quando os membros crescem para fora da parede torácica. Para detalhes, consultar as Figs. 1-30 e 1-31.
  • 57. Um médico deve ter um conhecimento funcionante da inervação segmentar (por dermátomos) da pele, pois, com a ajuda de um alfinete ou de um pedaço de algodão, ele pode determinar se a função sensorial de um nervo espinhal particular, ou de um segmento da medula espinhal, está ou não funcionando normalmente. Os músculos esqueléticos também recebem uma inervação segmentar. A maior parte destes músculos é inervada por dois, três ou quatro nervos espinhais, e por conseguinte pelo mesmo número de segmentos da medula espinhal. Para paralisar um músculo completamente seria então necessário seccionar vários nervos espinhais, ou destruir vários segmentos da medula espinhal. Aprender a inervação segmentar de todos os músculos do organismo é tarefa impossível. Não obstante, a inervação segmentar dos seguintes músculos deve ser conhecida, pois é possível testá-los provocando reflexos musculares no paciente (Fig. 1-32). Fig. 1-32. Reflexo do tendão do bíceps braquial. Observar que o arco reflexo Passa através do quinto e sexto segmentos cervicais da medula espinhal. Reflexo do tendão do bíceps braquial C5-6 (flexão da articulação do cotovelo, batendo-se de leve no tendão do bíceps).
  • 58. Reflexo do tendão do tríceps C6-8 (extensão da articulação do cotovelo, batendo-se de leve no tendão do tríceps). Reflexo do tendão braquiorradial C7-8 (supinação das articulações radioulnares, batendo-se de leve na inserção do tendão braquiorradial). Reflexos abdominais superficiais (contração dos músculos abdominais subjacentes, riscando-se a pele). Pele do abdome superior T6-7; pele do abdome médio T8-9; pele do abdome inferior T10-12. Reflexo do tendão patelar (impulsão dos joelhos) L2-4 (extensão da articulação do joelho, batendo-se de leve no tendão patelar). Reflexo do tendão de Aquiles (impulsão do tornozelo) L5-S2 (flexão plantar da articulação do tornozelo, batendo-se de leve no tendão de Aquiles). Reflexo Plantar superficial L5-S2 (flexão dos artelhos, riscando-se firmemente a sola do pé). Sistema Nervoso Autônomo Existem muitas drogas e procedimentos cirúrgicos que podem modificar a atividade do sistema nervoso autônomo. Por exemplo, podem ser administradas drogas para diminuir a pressão sangüínea, afetando a função normal dos gânglios simpáticos e provocando vasodilatação dos vasos sangüíneos periféricos. Em paciente com doença arterial grave, comprometendo as artérias principais do membro inferior, este pode, algumas vezes, ser salvo, seccionando-se a inervação simpática para os vasos sangüíneos. Isto produz vasodilatação e permite a passagem de uma quantidade adequada de sangue através da circulação colateral, fazendo assim um bypass através da obstrução. EFEITOS DA IDADE SOBRE A ESTRUTURA O fato de a estrutura e a função das modificações orgânicas no homem poderem parecer evidentes com a idade é quase sempre negligenciado. A seguir, serão dados alguns exemplos destas alterações:
  • 59. 1. No lactente, os ossos do crânio são mais elásticos do que no adulto, e por esta razão, fraturas do crânio são muito mais comuns no adulto do que nas crianças pequenas. 2. O fígado é relativamente muito maior nas crianças do que no adulto. No lactente, a margem inferior do fígado estende-se, inferiormente, até um nível mais baixo do que no adulto. Esta é uma consideração importante quando se faz um diagnóstico de aumento do fígado. 3. A bexiga urinária na criança não pode ser inteiramente acomodada na pelve devido ao pequeno tamanho da cavidade pélvica, sendo encontrada na parte inferior da cavidade abdominal. À medida que a criança cresce, a pelve se alarga e a bexiga se aprofunda, tornando-se um verdadeiro órgão pélvico. 4. Ao nascimento, toda a medula óssea é da variedade vermelha. Com o avançar da idade, a medula vermelha diminui nas extremidades dos ossos, de modo que no adulto está em grande parte confinada aos ossos da cabeça, tórax e abdome. 5. Os tecidos linfáticos alcançam o seu grau máximo de desenvolvimento na puberdade, e daí em diante atrofiam-se, de modo que no velho está consideravelmente reduzido. Problemas Clínicos 1. Na anamnese de uma paciente constata-se que ela apresenta uma incisão infraumbilical paramediana direita, através da pele da parede abdominal anterior. Onde exatamente foi feita esta incisão? ( Resposta) 2. A declaração de um médico afirma que um paciente apresenta um tumor pequeno e móvel sobre o dorso do pé, exatamente proximal à base dos dedos do pé e situado superficialmente em relação aos ossos e tendões extensores, porém em situação profunda em relação à fáscia superficial. Examine seu próprio pé e tente visualizar onde este tumor está localizado.( Resposta) 3. Após um ataque de pericapsulite da articulação do ombro, um
  • 60. paciente acha que os movimentos da articulação estão restritos. Ao exame, a abdução está limitada a 30º, não existe rotação lateral, e a extensão está limitada a 10º. A flexão é livre. Demonstre esta incapacidade em sua própria articulação do ombro.( Resposta) 4. Em conseqüência de uma osteoartrite, um paciente de 60 anos apresenta movimentos muito restritos na articulação do quadril direito. Ao exame, o paciente mantém sua articulação em flexão parcial, abdução e rotação lateral. A faixa de amplitude dos movimentos está limitada em todas as direções, sobretudo na abulação e rotação interna. Demonstre esta incapacidade em sua própria articulação do quadril. ( Resposta) 5. Um paciente com história de poliomielite comprometendo as células da coluna anterior dos segmentos torácico inferior e lombar da medula espinhal apresenta grave deformidade da flexão lateral esquerda da coluna vertebral. Explicar esta condição em termos anatômicos e fisiológicos.( Resposta) 6. Após uma lesão da articulação do Cotovelo direito, descobre-se que um paciente é incapaz de executar a pronação do antebraço. Demonstre isso em seu próprio antebraço. ( Resposta) 7. Após sofrer severo estiramento da articulação do tornozelo esquerdo enquanto jogava tênis, uma paciente apresenta dor considerável quando tenta mover o pé, de modo que a planta fique voltada para a região medial. Qual é o termo anatômico correto para o movimento do pé que produz a dor? ( Resposta) 8. Após uma lesão grave do nervo da parte anterior do antebraço, exatamente proximal ao punho, um paciente é incapaz de realizar a abdução dos dedos. Demonstre, em sua própria mão, o que o paciente é incapaz de fazer com seus dedos. ( Resposta) 9. Uma atriz de cinema está preocupada com uma nova cicatriz de sua parede abdominal anterior. Ela diz que desde a idade de 16 anos, após uma apendicectomia, apresentava uma pequena cicatriz oblíqua do lado direito inferior de seu abdome. Esta cicatriz é pequena e dificilmente perceptível. Recentemente, sua vesícula biliar foi removida através de uma incisão supra-umbilical
  • 61. paramediana vertical direita, e a cicatriz é ampla e saliente. Você pode explicar por que as cicatrizes são tão diferentes? ( Resposta) 10. Um paciente apresenta um grande abscesso no pescoço que exige drenagem através de uma incisão cirúrgica. Nesta situação, você usaria uma incisão horizontal ou vertical para obter os melhores resultados estéticos?( Resposta) 11. (a) Um trabalhador apresentou severa queimadura do antebraço, com cerca de 10 cm de diâmetro. Em profundidade, estendia-se ate a parte superficial da derme. A partir de que ponto as células epidérmicas deveriam se regenerar? (b) Outro paciente apresenta uma queimadura que penetra até a faixa superficial. A partir de onde as células epidérmicas se regenerariam neste paciente?( Resposta) 12. Em que locais da superfície da pele intacta situam-se organismos patogênicos com probabilidade de penetrar na derme ou no tecido subcutâneo?( Resposta) 13. Foi feito um diagnóstico de que um tumor da coluna vertebral está comprimindo os segmentos lombares da medula espinhal de um paciente. Este apresenta perda de sensação da pele sobre a superfície anterior da coxa e é incapaz de estender a articulação do joelho. Ao exame, descobre-se que os músculos da parte ventral da coxa se atrofiaram e não apresentam tônus, e que a oscilação do joelho está ausente. Explicar estes achados em termos anatômicos e fisiológicos.( Resposta) 14. Um paciente de 65 anos apresentou uma hemorragia cerebral que destruiu os neurônios motores superiores de um lado do cérebro. Ao exame de sua perna direita, descobriu-se que os músculos estavam hipertônicos. Explicar isto em termos anatômicos e fisiológicos.( Resposta) 15. Uma dona-de-casa foi recentemente empregada numa fábrica. Durante seis horas por dia ela opera uma máquina e tem de movimentar repetidamente uma alavanca, que exige que ela estenda e flexione a sua articulação do punho. Ao fim da segunda semana de trabalho ela começou a apresentar dor na superfície
  • 62. posterior do punho e observou uma tumefação nesta área. Qual a explicação anatômica para o seu desconforto? ( Resposta) 16. Um homem de 40 anos decidiu ladrilhar o chão de uma grande cozinha e do quarto de sua casa. Isto envolveu muitas horas de trabalho de joelhos sobre uma superfície dura. Após cinco dias, ele observou uma tumefação mole na superfície anterior de sua articulação do joelho. Qual a explicação anatômica para o seu desconforto?(Resposta) 17. Um jovem jogador de beisebol, retornando ao seu time após ser hospitalizado por uma grave lesão em seu joelho esquerdo, declarou que o menisco articular mediano fora dilacerado. Acrescentou que a cartilagem se regenerara, a laceração havia cicatrizado, e seus joelhos estavam tão bons como antes do acidente. Comente esta afirmação.( Resposta) 18. Uma jovem mulher apresentou grave infecção sob a extremidade lateral da unha de seu dedo indicador direito. Ao exame observava-se uma série de linhas vermelhas que se estendiam até o dorso da mão e ao redor da parte dianteira do antebraço e braço, até o oco axilar: A palpação da axila revelou grande número de linfonodos aumentados e moles. O que eram as linhas vermelhas, e por que os linfonodos estavam aumentados? ( Resposta) 19. Num exame postmortem, encontrou-se um ramo da artéria coronária esquerda de um paciente bloqueado. Uma grande área de músculo cardíaco estava necrosada. Qual a explicação anatômica para a necrose do músculo?( Resposta) 20. Um rapaz de 19 anos está sob suspeita de leucemia. Decidiu-se confirmar o diagnóstico realizando-se uma biópsia de medula óssea. O residente obteve uma amostra de medula da extremidade inferior da tíbia, mas ficou surpreso ao saber que a amostra era inútil para finalidades diagnósticas. Quais os comentários que você faria sobre isto?( Resposta) O livro completo, com 12 capítulos , pode ser adquirido em “” Katando Ofertas” do katalivros, por apenas R$ 38,00, são 1028
  • 63. páginas com gravuras, destinados a médicos e estudantes de medicina.