O documento descreve a arte paleocristã dos séculos III ao VI, caracterizada por pinturas murais simples em catacumbas com símbolos e temas bíblicos. Também apresenta a arquitetura paleocristã, incluindo basílicas e edifícios de planta centralizada com cúpulas, e introduz a arte bizantina com suas características iconográficas e estilísticas. Finalmente, resume os renascimentos carolíngio e otoniano e suas influências na arte medieval européia.
3. Arte paleocristã
(séc.s III-VI)3
É a arte dos primeiros cristãos,
no período em que a nova
religião ainda está em
expansão, primeiro na
clandestinidade, e depois, após
o Édito de Constantino (313), já
como religião oficial.
7. 7
• Na fase da clandestinidade, a arte paleocristã encontra-se nas
catacumbas (necrópoles) e nos altares particulares
• Em todo o Mediterrâneo existem catacumbas paleocristãs,
especialmente em Roma e Nápoles
ambulacra
loculi
8. CARACTERÍSTICAS
• Feitas em CATACUMBAS (túneis
subterrâneos escavados pelos
cristãos )
• Feita por pessoas do povo
• Arte pobre e simples
• Apresenta pintura mural,
ornamental e figurativa
• Técnica do fresco
• Uso de símbolos (pomba, peixe,
fênix, cruz,etc) e episódios bíblicos
• Objetivo de divulgar a palavra de
Cristo
9.
10. Alguns temas das pinturas
paleocristãs são histórias do
Antigo Testamento citados nas
orações fúnebres, como:
- a história de Jonas
- Daniel na fossa dos leões
- Moisés e a água jorrando da
rocha
10
Jonas deitado ao mar,
séc III (?), catacumbas
de S. Pedro, Roma
Temas das pinturas paleocristãs
11. Mas os temas mais abundantes
são temas pagãos romanos, aos
quais é dado um novo sentido
alegórico cristão, como:
– Cenas de género: pastoreio,
pesca, vindima
– Cenas mitológicas: Hércules
no jardim das Hespérides,
Orfeu chamando os animais,
Hélio no carro solar...
11
Cristo-Hélio, mosaico, grutas de S.
Pedro, Roma, séc.III.
12. Cristo não surge de forma directa na arte paleocristã, mas apenas em
símbolos ou alegorias12
Alegorias de Cristo:
1) Bom pastor - tema herdeiro da
iconografia de Aristeu, deus dos jardins;
significa o que alimenta e vela pelo seu
rebanho (cristãos);
2) Soldado romano (Cristo militante,
protector do seu povo)
O Bom Pastor,
séc. III, Roma.
13. Símbolos de Cristo:
• o golfinho empalado no
tridente (Cristo na cruz);
• o cordeiro sobre âncora
(sacrifício pascal,
esperança da alma);
• o peixe (anagrama grego:
icthys – Jesus Cristo filho
de Deus Salvador)
13
14. Outros símbolos cristãos:
- palma (vida eterna)
- oliveira (paz no paraíso)
- fénix (ressurreição dos mortos)
14
Ramos de oliveira e
pombas bebendo em taça
Daniel na fossa dos leões
15.
16. - uso de modelos artísticos de Roma clássica
- assimilação de novas formas técnicas e estéticas do
Oriente (Egipto copta e Ásia Menor)
- Subordinação a um novo espírito e uma temática : a do
Cristianismo
Traços estruturais comuns da
arquitetura paleocristã
17. Tipologia dos templos cristãos
Planta centrada, com cúpula,
de influência oriental e
helenística.
Planta basilical, em cruz
latina, 3 a 5 naves, separadas
por arcadas, cobertas por
tectos em madeira.
19. Basílica de Maxêncio
(Roma)
Finalizada por Constantino, esta foi a
última e a maior das basílicas romanas.
Repare-se na abóboda de arestas que a
cobre e nas enormes janelas
clerestóricas que a iluminam.
Para relembrar!
20. Basílica de S. Pedro do Vaticano
(Roma, 324)
Foi a primeira basílica fundada por Constantino. Possuía 5 naves e
cobertura de madeira, com colunatas e arcadas na separar as naves.
Era antecedida por um atrium, espécie de pátio aberto e, ao contrário
das igrejas cristãs posteriores, tinha a abside orientada para oeste.
25. Os baptistérios (edifícios sagrados destinados à celebração do baptismo), tal
como os mausoléus (túmulos), adoptaram a planta centrada, com uma das
portas orientada a leste e outra a poente, com enormes cúpulas sobre a sala
central
26. Mausoléu de Santa Constança
(Roma, 354)
O túmulo de Santa Constança é um edifício de planta
centrada constituído por uma galeria circular interna, com
nichos murais para altares e sarcófagos, separada da zona
central por uma arcada de doze colunas duplas e coberta
por uma abóbada de berço. Possuía também um peristilo
exterior
27. Sobre a zona central erguia-
se uma enorme cúpula em
tijolo, assente num tambor
com janelas que iluminavam o
centro da construção
Mausoléu de Santa Constança
(Roma, 354)
28. Batistério de Ravena
(Itália, século V)
Os batistérios foram
edifícios sagrados muito
importantes na época. O de
São João de Latrão (Roma)
era composto por uma
piscina central, com uma
escadaria de acesso.
Batistério de Ravena
(Itália, século V)
Entrada do Batistério de S.
João de Latrão
29. A arte bizantina
A igreja de São Vital em RavenaA igreja de São Vital em Ravena
30. SURGIU EM BIZÂNCIO
(capital do império Romano do Oriente)
• Por volta do séc. VI (reinado de Justiniano)
• Com características orientais e ocidentais
• Expressa o poder do Império bizantino
31.
32.
33. PINTURA BIZANTINA
CARACTERÍSTICAS:
• Ausência de perspectiva e volume
• Figuras sagradas e de imperadores
• Representação das figuras de forma alongada
• Figuras todas da mesma altura
• Destaque para a hierarquia(as mais importan-
tes no centro e representadas de modo diferen-
te)
• Ausência de fundo figurativo
• pinturas com fundo dourado
• Predomínio do mosaico
34. Aquitetura
• Utilização dos elementos construtivos
romanos:
• Uso do arco romano, da abóbada e da
cúpula
• Planta octogonal
•Mistura dos elementos construtivos da arte
romana com o clima místico das construções
orientais
•Utilização do plano centrado, de forma
quadrada ou em cruz grega, com cúpula central
e absides laterais
• Decoração interior: mosaicos, pinturas a
fresco, azulejos e colunas de inspiração grega
e romana, embora um pouco modificadas
• Ex: Basílica de São Marcos(Veneza), Basílica
de Santa Sofia (Constantinopla)
37. Possui planta centrada, quase quadrada,
coberta com a maior cúpula construída
até então. Apoia-se sobre pendentes que
fazem a transição da calote esférica para
o quadrado da base
38.
39. Arcos, cúpulas, abóbadas,
mosaicos, colunas, pinturas a
fresco nas paredes e tectos,
azulejos – são alguns dos
elementos decorativos do interior
da igreja.
40. Ravena (Itália)
A Ocidente, a cidade de Ravena possui as mais belas construções de
influência bizantina.
Santo Apolinário
42. A arte bizantina expandiu-se no espaço e no tempo.
Até ao séc. XII foram construídas várias igrejas na Europa
mediterrânica: S. Marcos, de Veneza; na Rússia e
Península Balcânica.
http://www.youtube.com/watch?v=-GfxTS4aasA
http://www.youtube.com/watch?v=-XIFmePqfPQ&feature=related
Basílica de S. Macos, Veneza
44. RENASCIMENTO CAROLINGIO
A partir do séc. VIII, Carlos Magno, primeiro como rei e depois como
imperador, conseguiu unificar o seu poder e formou o Sacro Império
Romano-Germânico. Para isso promoveu uma reforma litúrgica e o
desenvolvimento da cultura e das artes - o Renascimento Carolíngio, que
se prolongou até ao final do séc. X;
45. RENASCIMENTO CAROLINGIO
Inspirada na tradição romana e
nas influências bizantinas, a arte
carolíngia foi humana, realista,
figurativa e monumental.
As construções possuíam
exteriores maciços, pesados e
severos e interiores ricamente
decorados com pinturas murais,
mosaicos e baixos-relevos.
46. De todas as construções feitas neste período destacam-se: os palácios de Ingelheim e
de Nimègue, a capela palatina de Aix-la-Chapelle (actual Aachen) que hoje se enconta
bastante modificada exteriormente, a Igreja de Germigny-des-Près e o Mosteiro de
São Gall, na Suiça, cujo projecto total é conhecido pela descrição num pergaminho.
Reconstituição da possível aparência do Palácio de Carlos Magno
47. Foi desenhada por Eudes de
Metz.
Tem algumas semelhanças
com a de S. Vital de Ravena.
A planta é octogonal com
dois polígonos concêntricos,
sendo o primeiro o núcleo
central e o outro o
deambulatório.
A cúpula em pedra está
apoiada num tambor com
oito janelas.
Vista em corte da capela palatina
Capela Palatina de Aix-la-Chapelle
(Alemanha, final século VIII)
48. Os interiores ricamente decorados da Capela de Aix-la-Chapelle,
Alemanha, séc. VIII
Capela Palatina de Aix-la-Chapelle
(Alemanha, final século VIII)
50. Mosteiro de Saint Gall
Edificado cerca de 817, é formado por um conjunto autónomo
de módulos e serviu de exemplo a futuras construções
monásticas para garantir a sobrevivência dos religiosos
52. O Renascimento Otoniano
Em meados do séc. X, a
Alemanha era governada por Otão
I, que aproveitou a crise política
que arrasava o Norte da Itália e de
pequenos reinos vizinhos, para os
conquistar.
Nasceu o Império Germânico,
mais pequeno e frágil que o
Sacro-Império de Carlos Magno.
Tal como Carlos Magno, Otão
procurou desenvolver a cultura e a
arte - o Renascimento Otoniano,
que se fez sentir entre 936 e 1024.
O Sacro Império Romano-Germânico
quando da morte de Oto I.
53. O Renascimento Otoniano
Igreja de S. Miguel de Hildesheim,
Saxónia, c. 1010-1030
Inspirou-se na tradição romana e na arte bizantina e carolíngia, mas
criou um novo modelo, que será adotado mais tarde pela arquitectura
românica alemã: planta de dupla cabeceira e entradas laterais, com
dois transeptos contrapostos, com tribuna e com torres nos cruzeiros e
nos extremos dos transeptos.
54. Igreja de S. Miguel de Hildesheim,
Saxónia, c. 1010-1030
Dois transeptos contrapostos
55. Igreja de S. Miguel de Hildesheim,
Saxónia, c. 1010-1030
Esta igreja beneditina
apresenta 3 naves largas,
sendo a central mais alta, com
teto plano de madeira e com
janelas na parte superior.
Na parte inferior, as arcadas
estão assentes em colunas e
pilares de secção quadrada.
Por baixo do altar-mor existe
uma cripta coberta por uma
abóbada de arestas e um
deambulatório
Igreja de S. Miguel de Hildesheim,
Saxónia, c. 1010-1030