Este documento fornece informações sobre a cultura do século XVII em Portugal, abordando aspectos económicos, sociais, políticos e religiosos da época, bem como o impacto do absolutismo régio nas artes e na arquitetura. Também descreve eventos históricos como a Guerra dos Trinta Anos e a Guerra de Sucessão Espanhola.
1. ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA IBN MUCANA
História da Cultura e das Artes – 11ºF – 2012/2013
Ficha formativa 1
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Módulo 6 – A Cultura do Palco
1. Caracteriza o século XVII nos seus aspetos económicos, sociais, políticos e religiosos.
- Aspetos económicos: economia essencialmente agrícola; desenvolvimetno do capitalismo comercial
devido ao comércio colonial; frequentes críses agrícolas no decorrer do século XVII; aplicação do
mercantilismo, uma política económica proteccionista que pretendia aumentar a riqueza de um país
através do aumento das exportações e da diminuição das importações;
- Aspetos sociais: sociedade de ordens ou seja, uma sociedade assente no princípio da desigualdade
social através do nascimento e do estatuto jurídico; regista-se o predomínio social do clero e da nobreza
e a ascensão económica da burguesia;
- Aspetos políticos: época de centralização do poder real, justificado pela prigem divina do poder real, o
que levou à criação de um aparelho administrativo centralizado;
- Aspetos religiosos: época conturbado a nível religioso com disputas e lutas entre protestantes e
católicos, depois de, no século XVI, se ter iniciado a Reforma Protestante e, como reação, a Igreja
Católica ter procedido à Contra-Reforma.
2. Descreve os reflexos do absolutismo régio na arte.
A arte surge como elemento de propaganda, quer nas reformas nas capitais, quer na construção de
enormes palácios, com sumptuosos jardins, pinturas, esculturas, espelhos, móveis e tapeçarias, onde se
realizam luxuosas festas (teatro, música e dança). A centralização do poder real vai permitir, portanto,
um
incremento das artes.
3. Em que consistiu a Guerra dos 30 anos?
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) é a denominação genérica de uma série de guerras que diversas nações
europeias travaram entre si a partir de 1618, especialmente na Alemanha, por motivos variados: rivalidades
religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. As rivalidades entre católicos e protestantes gradualmente se
transformaram numa luta europeia. O conflito foi basicamente entre o Sacro Império Romano-Germânico,
católico e dominado pela casa de Habsburgo, e um vasto conjunto de cidades e principados alemães
protestantes, apoiados primeiro pelas principais potências anticatólicas, a Suécia e os Países Baixos, e depois
também pela França católica, em mais um capítulo das antigas rivalidades entre os franceses e os Habsburgos.
4. Descreve as consequências das guerras religiosas na arte.
As lutas religiosas tiveram repercussão na arte: enquanto que os católicos utilizaram as imagens
religiosas (martírios e êxtases de santos) e construíram inúmeras igrejas, os protestantes proibiram a
idolatria e vão limitar-se a representar retratos, paisagens e cenas do quotidiano.
5. Justifica a relação que se pode estabelecer entre a Idade Média e o Barroco quanto à finalidade da
produção arquitetónica.
2. Tal como na Idade Média, tamém no século XVII a arte barroca vai ser utilizada pela Igreja, após o
movimento da Contra-Reforma como um veículo de mensagem ideológica, através dos estímulos à
emoção e ao sentimento. Daí a utilização da imagem plástica, quer visual quer auditiva, como meios de
propaganda e de doutrinação católicos.
6. Quando foi, porque ocorreu e que países envolveu a Guerra de Sucessão de Espanha?
A Guerra de Sucessão de Espanha desenrolou-se entre 1702 e 1714 após a morte de Carlos II, sem ter
descendentes diretos. Disputou-se entre Filipe, duque de Anjou (neto de Luís XIV), apoiado pela França
e pela Baviera, e José Fernando da Baviera (neto de Leopoldo I, arquiduque da Áustria), com o apoio de,
por exemplo, Inglaterra e Portugal.
7. Quais as decisões mais importantes do tratado de Utreque?
Repartição de territórios:
-
Filipe V: fica na posse do reino de Espanha e das colónias espanholas na América
-
Áustria: Países Baixos Espanhóis, Nápoles, Milão e Sardenha
-
Inglaterra: Gibraltar e Minorca (Espanha); territórios coloniais na América do Norte (França)
8. Descreve as consequências para a França e para os países envolvidos.
A França vê terminada a sua tentativa de hegemonia na Europa, enquanto a Inglaterra vê reforçada a
sua posição na América do Norte.
9. Caracteriza a atuação de Luís XIV.
•
defensor do absolutismo régio, afirma-se “rei-sol” e identifica-se cm o Estado
•
limita os poderes da burguesia, do Parlamento e do clero
•
transfere a corte para Versalhes, onde constrói um palácio magnificente como forma de
demonstrar o seu poder e onde a vida girava à sua volta
•
nomeou Colbert como ministro das finanças, cuja política mercantilista permitiu enriquecer o
Estado (=rei) francês e, portanto, proceder à sua política de ostentação
10. Partindo do exemplo de Versalhes, descreve a vida nas cortes europeias deste período,
integrando-a no contexto sociopolítico.
•
O rei atraia à corte inúmeros funcionários e conselheiros da nobreza tradicional, seduzidos pela
expectativa de uma mercê ou favor real
•
desta forma, o rei controlava e disciplinava a nobreza, que se degladiava entre ela por um favor
real
•
O código de comportamento e de etiquetas, às quais a nobreza tinha de obedecer, permitia a
total subordinação desse grupo à vontade real, fazendo com que dependesse inteiramente dos
seus favores
•
A nobreza distraía-se com uma vertigem de festas, bailes, cerimónias, caçadas, jogos,
representações teatrais, torneios, sessões de leitura
3. •
A corte era o palco onde o rei é a personagem principal e os nobres meros figurantes
•
Objetivo: exibir e exaltar o poder real, de forma a subordinar a corte ao esplendor real
•
Palácio e jardins como autênticos palcos
•
Espetáculos organizados de forma espetacular, nos quais muitas vezes a própria corte e o rei
participavam.
11. Integra a“La cérémonie turque”, em “Le Bourgeois Gentilhomme” (1670) nas festividades
realizadas na corte de Luís XIV.
O gosto da corte absolutista de Versalhes pela encenação do poder e pelo artifício, por espectáculos
que associavam a representação à dança ou pelo «ballet de cour» levou ao desenvolvimento do teatro e
ao aparecimento, desenvolvimento e difusão da ópera.
Grandes festas da corte (exemplos):
• as festas são manifestações da grandeza do anfitrião;
• a magnificência da corte absolutista materializava uma encenação aparatosa, que buscava a pompa e
o artifício;
• em Versalhes, eram frequentes as representações de textos dançáveis, ou «ballet de cour», em que a
acção dançada era construída sobre um poema e executada pela própria corte.
Gosto pelo espectáculo encenado (exemplos):
• edificação do Palais Royal, o primeiro teatro francês construído em espaço fechado, e surgimento da
ópera de Versalhes;
• Luís XIV e a sua corte cultivaram o gosto por espectáculos que fundiam a representação e a dança,
como a comédia-ballet, de Jean-Baptiste Lully e Molière: Le Bourgeois Gentilhomme;
• “Le Bourgeois Gentilhomme”, com texto de Molière e música de Lully, é uma sátira social às
pretensões de grandeza dos novos ricos, que desejam aparentar o que não são (grupo personificado
pelo protagonista, Monsieur Jordain), associando o teatro, a música e a dança. Durante a Cerimónia
Turca, no IV Ato, Cléonte, o pretendente à mão de sua filha Lucille, disfarçado de turco (filho do
Grande Turco), numa cerimónia burlesca cheia de movimento, cor e exotismo, vê Monsieur Jourdin
aceitar o seu casamento com a sua filha.
•
desenvolvimento do estudo das condições técnicas e acústicas;
• maior complexidade dos cenários.
12. Demonstra que a igreja era um palco ao serviço da religião e da Igreja.
A igreja como espaço físico foi utilizado como um palco pela Igreja como instituição na sua luta contra o
protestantismo (Contra-Reforma) e como local de doutrinação e de sedução dos crentes, onde todos os
sentidos serão exacerbados de forma a intensificar a fé.
13. Descreve o papel desempenhado pelas academias na vida cultural da época.
4. As academias proporcionaram em França um estilo onde eram impostos a ordem, a unidade, a
harmonia e o gosto pela grandeza da Antiguidade Clássica. Foram utilizadas por Luís XIV como forma de
impor aos artistas a obediência ao gosto real, ou seja, ao estilo oficial. Daí a permanência do Classicismo
em França, aliado à adoção da linguagem decorativa do Barroco.
14. Justifica o termo “revolução científica” aplicado ao século XVII.
Devido ao aparecimetno do método científico no século XVII, várias áreas do conhecimento
conheceram um grande desenvolvimento, com o aparecimento de importantes descobertas: Galileu e a
comprovação da teoria heliocêntrica, a lei da gravidade de Newton, a descoberta da circulação
sanguinea por Harvey, Lavoisier e a química moderna, etc. O século XVII foi, portanto, um período de
transição entre as formas tradicionais de vivência religiosa e o novo mundo emergente de uma
sociedade secularizada e pragmática, decorrente da Revolução Científica.
15. Descreve o objetivo,
a função e as características da arte barroca, distinguindo-a da arte
renascentista.
A função da arte barroca é fascinar pelos sentidos e servir de veículo de uma mensagem ideológica.
Destina-se, portanto, ao grande público, e tem como principal objetivo estimular as emoções. Por isso,
opõe-se à arte renascentista porque tem como principais características o movimento curvilíneo, real
ou aparente, a assimetria, o jogo ostentatório entre luz e sombra, a busca do infinito e a procura do
teatral e do fantástico.
16. Relaciona a Contra-Reforma com o aparecimento da arte barroca.
Devido ao moveimento da Reforma protestante, iniciado por Lutero após a afixação das 95 Teses contra
a indulgências, vai fazer surgir o movimento da Contr-Reforma, como meio de lutar contra a expansão
do protestantismo. Daí que a arte passe a ser encarada como veículo de doutrinação, através do apelo
às emoções e aos sentidos.
17. Descreve o urbanismo implementado no século XVII na cidade de Roma.
O Papa Sisto V promoveu a reforma urbanística de Roma de forma a resolver problemas urbanísticos da
cidade e a ligar os principais lugares religiosos à Basílica de S. Pedro, permitindo a inauguração do
urbanismo moderno. Na remodelação da cidade, são construídas amplas artérias, abertas praças, onde
se destaca a igreja como símbolo da comunidade, e são colocados obeliscos, esculturas e fontes com
jogos de água. Roma torna-se uma cidade-espetáculo, símbolo do poder papal, com dinamismo,
esplendor e extensão.
18. Indica os elementos da arquitetura renascentista que permanecem na arquitetura barroca.
Permanecem: as ordens clássico-renascentistas (jónica, dórica, coríntia, compósita e colossal, às quais é
acrescentada a coluna torsa), a gramática formal (as colunas, os entablamentos e os
frontões
quebrados com cartelas e duplos) e as regras construtivas (proporções “à medida do Homem”).
19. Demonstra de que forma a arquitetura barroca corresponde a uma nova linguagem decorativa.
5. •
Fim da estaticidade e da simetria; busca da fantasia e do movimento
•
antítese espaço interior / espaço exterior
•
Aliança com pintura, escultura, jardinagem, jogos de água
•
Efeitos perspéticos e ilusórios através da decoração (linhas estruturais divergentes para dar
maior amplitude, jogos de claro-escuro e massas salientes e reentrantes), nomeadamente nos
tetos e nas cúpulas
•
Elementos construtivos meramente decorativos: movimento ascensional das fachadas, através
das colunas torsas, helicoidais, duplas ou triplas e dos frontões centrais
•
Paredes ondulantes: côncavas e/ou convexas, permitindo um efeito de surpresa e efeitos
luminosos; cobertura interior feita de estuques, pintura ou retábulos em talha dourada; Ilusão
de espaço maior, pela ligação parede/teto
•
Porta principal: acumulação de ornamentação para transmitir numa ilusão de verticalidade; a
torre sineira como elemento independente, que reforça a verticalidade
•
Decoração interior: exuberância decorativa pela utilização de mármores policromados,
esculturas, retábulos, telas, órgãos e pinturas a fresco com a utilização da técnica de Trompel’oeil ; os janelões, janelas e cúpulas com lanternim permitiam a entrada de luz celestial,
ascendendo ao infinito, na procura de Deus
20. Descreve os outros elementos formais da arquitetura barroca (planta, fachada, cobertura).
•
Plantas retangulares (nave central alonga-se + naves laterais reduzidas a capelas abertas para o
espaço central), elíptico-transversais e elíptico-longitudinais
•
Coberturas: abóbadas com contrafortes exteriores (com volutas, aletas ou orelhões); cúpula
colossal (= céu) prolonga harmoniosamente as paredes
•
Fachadas: esquema renascentista e maneirista (corpo central rematado por grande frontão+
verticalidade); fachada com dois andares sobrepostos, com formas onduladas (côncavas
/convexas)+ irregularidade bizarra
21. Identifica alguns dos mais importantes arquitetos italianos da época.
•
Giacomo della Porta (1533-1602) e Vignola (1507-73) – maneirismo e Contra-Reforma
•
Carlo Maderno (1576-1636) – Primeiro arquitecto barroco
•
Gian-Lorenzo Bernini (1598-1680) – Igreja de S. André do Quirinal
•
Francesco Borromini (1599-1667) – Igreja de S. Carlos das Quatro Fontes
•
Baltazar Longhena (1598-1682) – Igreja de S. Maria da Saúde (1631,Veneza)
22. Relaciona a arquitetura civil com a tentativa de afirrnação do poder político e social.
A construção de palácios nas cidades e de villas por parte de reis, nobres e burgueses, foi expressão do
poder absoluto por parte dos reis, da importânica social e política da nobreza e do poder económico da
burguesia.
6. 23. Descreve os elementos formais que caracterizam os palácios e as villas.
•
Palácios:
◊
Integrados na paisagem e no espaço envolvente (jardins)
◊
planta em U ou duplo U
◊
Fachada: pilastras colossais, corpo central e portal com maior decoração, frontarias rm U ou
em formas onduladas (esquema côncavo – convexo – côncavo)
◊
Interiores: 1º andar (pinao nobile): sala de festas ao centro; galerias e escadarias a ligar os
andares (dois lanços simétricos)
•
Villas:
◊
Diálogo com a natureza: jardins arquiteturais (escadarias, terraços, estátuas) e utilização de
artifícios cenográficos (bosques, grutas artificiais, pavilhões, labirintos)
◊
O “jardim à francesa”: conceção arquitetónica geometrizante; a partir de um eixo central,
subdividia-se o jardim simetricamente em linhas transversais e radiais
24. Apresenta os aspetos da escultura barroca que a tornaram a forma de arte mais difundida da
época.
A escultura foi a arte mais praticada e difundida neste período porque foi associada à arquitetura e à
pintura, colocada isoladamente em praças e jardins ou sobre os mais variados objetos. As razões
devem-se à sua adaptabilidade a interiores e exteriores e às suas capacidades plásticas: a modelação de
volumes (realismo tridimensional), a
dialética de contrastes (luz/sombra), o movimento e
expressividade, a cenografia das composições.
25. Descreve a função simbólica da escultura barroca, dos relevos e das esculturas de vulto redondo,
religiosas ou laicas.
A escultura foi utilizada pela Igreja na transmissão da fé e dos dogmas e no reforço da mensagem
espiritual, pelos Reis na manifestação pública do seu poder e na divulgação da ordem ideológica que o
fundamenta, e pelas famílias ricas como manifestação do seu individualismo e gosto pelo quotidiano.
26. Refere os aspetos da expressão técnico-formal que caracterizam a escultura barroca.
•
preferência por grupos escultóricos (rutura do bloco único);
•
procura do efeito cenográfico na composição (teatralidade dos gestos e dos movimentos e
preocupação pelo enquadramento da peça);
•
Perfeição das formas (anatomias de cânones renascentistas mas de proporções mais esguias),
modeladas com pormenores de realismo e naturalismo levados ao exagero (grande rigor na
execução técnica)
•
dinamismo na composição e sugestão de movimento ( composições livres e soltas organizadas
segundo esquemas complexos, formando grupos escultóricos no qual as personagens são
7. captadas em ação, como num instatâneo fotográfico; exploração das capacidades expressivas
das personagens);
•
utilização dos panejamentos para dar volume e agitação à composição.
•
procura dos efeitos de contraste de textura e de cor
•
valorização da figura do Papa e dos Santos;
•
Escultura de vulto-redondo: nichos, consolas ou mísulas nas fachadas dos edifícios ou paredes
interiores; filas horizontais sobre os parapeitos das pontes e dos áticos dos edifícios, escadarias e
colunatas; estátuas-colunas sustentando tetos e entablamentos: atlantes (figuras masculinas) e
cariátides (figuras femininas); monumentos escultóricos, com mistura de estatuária, relevos e
elementos arquitetónicos : baldaquinos, retábulos e mausoléus
27. Descreve os aspetos inovadores da obra de Bernini.
A escultura de Bernini (Apolo e Dafne, O Êxtase de Sta. Teresa de Ávila, David, Plutão e Proserpia), ao captar o
estado de alma da personagem com expressividade e dramatismo, pretendeu atrair os fiéis e estimular a piedade
e o culto, segundo os princípios tridentinos (Concílio de Trento).
Temática (exemplos):
• temas relacionados com a Bíblia (a figura de Cristo, a Sagrada Família);
• temas marianos;
• temas relacionados com a vida e o culto dos santos;
• representação do êxtase místico.
Expressão técnico-formal (exemplos):
• expressividade exacerbada pelo dramatismo do movimento;
• modelação agitada dos volumes;
•
Posições em desequilíbrio
•
Sentido ascendente das figuras
• contraste luz/sombra;
• contraste das texturas (liso/rugoso).
Intencionalidade (exemplos):
• captação da atenção do espectador pela expressão do «pathos»;
• estímulo à piedade e ao culto;
•
Interiorização dos dogmas religiosos
•
Elevação do espirito
28. Relaciona a função da pintura barroca com as suas características gerais.
A pintura barroca, tal como as outras formas de arte nasceu em Itália e foi a aplicação dos princípios
propostos pela Igreja da Contra-Reforma. A Igreja, através da sedução dos sentidos, tentou captar a
atenção e a fé das multidões, ao contrário do espírito racional que tinha caracterizado o Renascimento.
Daí que o objetivo da pintura barroca seja o deslumbramento, a surpresa, a encenação e a luza,
8. integrando um “espetáculo” que se queria total. Estes objetivos têm reflexos nas características da
pintura barroca: a irracionalidade, os contrastes, a
exuberância, o dramatismo e os ambientes
grandiosos.
29. Reconhece as diferentes tendências e a diversidade temática da pintura barroca.
•
Classicismo: Carraci + Poussin + Lorrain
•
Naturalismo: Caravaggio + Ribera
•
Realismo: Vermeer + Rembrandt
30. Descreve as características técnico-formais da pintura barroca
•
Diversidade temática: temas religiosos, temas profanos,
temas mitológicos, retratos,
paisagens, naturezas mortas
•
Representação do momento, dando ênfase à ação
•
Linha do horizonte delineada abaixo do normal para dar primazia aos elementos
representados e destacar as figuras representadas
•
Composição aberta, onde o espaço compositivo se define em movimentos centrífugos, ou
seja, de dentro para fora
•
sobreposição de formas para conseguir a profundidade, sem descontinuidades, preservando
a unidade do espaço
•
formas dinâmicas e sinuosas, enquadradas ou combinadas com estruturas poligonais
(triângulo, quadrado e sosango) e com formas circulares ou ovaladas
•
União plástica da luz/sombra e da cor para focalizar a atenção nos principais elementos da
composição (por vezes de forma artificial); os restantes elementos ficam diluídos na
penumbra: a luz rasante chama a atenção para determinadas zonas do quadro, orientando a
leitura; a cor pura e cálida tem como objetivo captar e sensibilizar o espectador
31. Descreve os aspetos inovadores da pintura de Caravaggio.
Inovação técnica e formal na pintura de Caravaggio:
• O aspecto mais notável da sua obra é o tratamento da luz:a luz, rasante e descontínua, ilumina o
essencial da composição;
• acentua-se o contraste claro-escuro, ao pintar o fundo da tela com tons escuros – tenebrismo: a
luz é projetada sobre as formas, por vezes com violência, e em contraste intenso e brusco com as
sombras; as figuras e as cenas sobressaem num fundo sem fundo.
• a intensidade dramática é introduzida na composição através da luz, da cor e do realismo da
figuração;
• as personagens são representadas a partir de modelos de pessoas comuns, homens e mulheres do
povo;
9. • a representação do sagrado aproxima-se do profano, ao representar a realidade visível em vez da
beleza idealizada
32. Descreve as técnicas utilizadas na pintura mural.
Nas paredes e nos tetos das igrejas e dos palácios foram utilizadas as seguintes técnicas:
-
trompe-l’oeil - truques de perspetiva que criam uma ilusão óptica de objetos ou formas que não
existem realmente
-
soto in sú – perspetiva vista de baixo para cima, transmitindo a noção de espaço místico
- Quadri riportati – Imitação dos quadros de cavalete inscritos nas paredes ou nos tetos
33. Demonstra a presença da arte barroca noutros países europeus.
Arquitetura:
•
Barroco exuberante: Alemanah (Palácio de Sanssouci, Palácio Zwinger), Áustria (Palácio
Belvedere, Igreja de S. Carlos Borromeo), Flandres (Praça de Bruxelas)
•
Tradição gótica e divulgação do classicismo francês: Inglaterra (Catedral de S. Paulo, Londres
Escultura:
•
Países Baixos: Túmulo de GUilherme I, Estátua do Túmulo do Arcebispo André Crueson
•
Alemanha: Adrien de Vries, Johannes Juncker
Pintura:
•
Bélgica: Pieter Paul Rubens - formação em Itália; pintor oficial e diplomata mais influente da
corte do rei de Espanha nos Países Baixos; pintor da Europa da Contra-Reforma; pintura
requintada, sensual e faustosa cor e forma); temas: retratos, temas religiosos e mitológicos
•
Holanda: pintura executada em reduzidas dimensões, feita para casas de gente vulgar e
comerciada livremente, daí a sua grande diversidade temática (com destaque para os obetos
e as jarras) e o elevado realismo; William Heda, Jan de Heem, Jan de Vermeer, Franz Hals,
Rembrandt e Jacob von Ruysdael
Espanha: presença forte do Barroco devido ao absolutismo régio e à forte ação da Contra-Reforma
(Inquisição) – o século XVII como o “século de ouro” da arte espanhola
•
Palácio de San Lorenzo do Escorial, mandado construir por Filipe II em 1562, como tentativa
de reproduzir o templo de Salomão e como forma de conciliar o poder divino e poder
temporal; exerceu influência sobre toda a arquitetura espanhola e até francesa
•
Predomínio da escultura em madeira policromada
•
José de Ribera: pintura à maneira de Caravaggio; sensualidade e dramatismo próprios;
utilização de pessoas do povo como modelos; grande realismo; contrastes luz/sombra e cor
•
Diego Vélasquez: pintor oficial da corte espanhola; composição cuidada (jogos espaciais reais
e imaginados); formas tratadas com pequenas manchas de cor com leitura apenas à
distância; múltiplos focos de luz; cariz fotográfico e humano
10. •
Francisco Zurbarán: realismo das naturezasmortas; temas religiosos tratados como assuntos
rotineiros e vulgares
•
Bartolomé Esteban Murillo: elevado naturalismo, repleto de serenidade e suavidade, com
quase ausência de simbolismo
34. Insere o uso da talha e do azulejo no contexto do Barroco português.
- Situação político-económica no século XVII: domínio filipino, Guerra da Restauração, Crise dinástica (D.
Afonso VI / D. Pedro III), Inquisição
- Período de esplendor no século XVIII (D. João V e D. José I): a afirmação do absolutismo régio e a
chegada do ouro do Brasil permitem o apoio às artes e à cultura
- utilização do azulejo para revestir grandes superfícies parietais, convertendo os espaços em
verdadeiros panos cenográficos; usados como revestimento decorativo e como forma narrativa