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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS IBN MUCANA
História da Cultura e das Artes – 10ºF – 2013/2014
Ficha formativa 5
_________________________________________________________________________________________
Módulo 4 – A Cultura da Catedral
1. Caracteriza a Europa dos séculos XII a XV.
Devido a uma série de condicionalismos, a Europa Ocidental viveu, entre o século XII e o século XV, tempos ora de
renovação, ora de recessão. Assim, o século XII, caracterizado pela manutenção do feudalismo, conviveu também com
uma fase expansionista. Fruto desse renascimento económico, a produtividade agrícola aumentou, a população cresceu,
as trocas comerciais intensificaram-se (nomeadamente entre Itália e a Flandres, passando pelas feiras de Champagne),
dá-se um ressurgimento das cidades e surge um novo grupo social: a burguesia, que encontra nas obras de arte um meio
de afirmação social. Ao mesmo tempo que os mosteiros perdem a sua importância, as universidades afirmam-se como
centros de conhecimento. O século XIII foi o culminar desse movimento: uma conjuntura económica dinâmica impôs-se
e reflectiu-se na sociedade, no poder político, nas instituições e na intelectualidade. O século XIV viveu a recessão:
guerras, pestes e fomes cobriram a Europa que só recuperou no século XV, com o Renascimento.
2. Enquadra a importância das catedrais no âmbito do surto urbano.
As cidades não paravam de crescer, de se animar, de estender os subúrbios ao longo das estradas. Nelas, a catedral ou sé
tornou-se o símbolo do poder do bispo e dos burgueses. Do bispo que controlava espiritual, jurídica e politicamente o
território episcopal. A Sé tornou-se, por isso, o motor da religiosidade, do poder político e económico. É no seu adro que
se realizam as feiras as representações teatrais, que se faz justiça, junto do pelourinho, e se trocam ideias entre burgueses,
estudantes, letrados e aristocratas, já que era na catedral que funcionavam as mais importantes escolas da época. A
catedral transforma-se no símbolo da cidade e é através dela que a comunidade urbana se afirma.
Os edifícios das câmaras municipais vão rivalizar em altura com as catedrais pois representavam o expoente do dever
cívico. Situavam-se igualmente no centro da cidade, diante dos quais se abrem praças para festas e celebrações.
3. Destaca a importância do abade Suger no aparecimento do estilo Gótico.
Entre os vários criadores do estilo gótico, destaca-se o abade Suger. Foi ele o criador da “Teoria da Iluminação”, que
defende que Deus é Luz e que as catedrais são como o “reino de Deus sobre a Terra” e que, por isso, deveria representar-
se o divino no espaço espiritual e físico da catedral. A partir dessa teoria, deu à catedral uma unidade estrutural, através
da planta, da verticalidade, da decoração dos pórticos e, especialmente, da luz, através de vitrais onde era realçada a cor,
a harmonia da composição, a elegância e a comunicabilidade das figuras. Na igreja da abadia de S. Denis efectuou
experiências que levaram a novas soluções estruturais (o arco ogival e as abóbadas de cruzaria de ogivas), que permitiam
aligeirar as paredes e inundar o espaço da cabeceira de luz, uma verdadeira luz celestial que entra na catedral através de
grandes janelões com vitrais. A luz entrava no interior da catedral, filtrada pela cor dos vitrais e produzindo reflexos e
projeções cromáticas. Deste mod, os vitrais contribuíram para transformar o interior da catedral num espaço mágico,
sobrenatural e metafísico.
4. Descreve a cultura cortesã da baixa Idade Média.
A cultura cortesã desenvolveu-se a partir das alterações económicas, políticas e sociais ocorridas no séc. XII, levando
ao ideal cavaleiresco e cortês. Com a relativa prosperidade e paz, houve mais tempo para o desenvolvimento cultural e a
única “profissão” dos nobres, a guerra, foi escasseando. Para manter a boa forma física e honra, organizaram-se torneios
e justas. As características desta cultura cortesã eram o amor, a alegria de viver, a paz, o prazer, a lealdade. Um
crescente interesse na música e literatura, nas danças e no teatro religioso também pode ser notado. A igreja foi,
contudo, criticando estes exageros, argumentando que os prazeres carnais eram pecado e que a vida era uma passagem
solene para a morte.
5. Descreve os factos mais importantes da biografia de Dante Alighieri
Dante nasceu em 1265, em Florença. Rodeou-se de amigos cultos, poetas, músicos, pintores (Giotto) e filósofos, que
muito contribuíram para a sua formação. Apaixonado por Beatriz Portinari ( m.1290), seu amor eterno, dedica-lhe quase
toda a sua poesia. Porém a sua morte, e a partir de 1295, Dante passa a intervir activamente na vida política da cidade.
Em 1300, foi eleito como um dos seis Principais da Cidade. Mais tarde, por motivos políticos, foi condenado ao desterro.
Refugiou-se em Verona, depois em Pádua, Casentino, Paris (onde estudou filosofia e teologia), talvez Oxford, Pisa e
finalmente, em 1317, instalou-se em Ravena, onde morreu. A sua obra de referência entre outras que publicou foi a
“Divina Comédia” em língua vulgar, o italiano, cultivando o dolce stil nuovo. Estruturou-a em introdução e três partes
ou canzone que são percursos pelo Inferno, Purgatório e Paraíso e que corresponde a três passos – instrução, edificação e
purificação; ao todo, cem cantos que foram publicados pela primeira vez em 1472. Em companhia de Virgílio e depois de
Beatriz, Dante reflecte, nesta obra, o pensamento e a crítica filosóficas, teológicas, literárias e socioeconómica da sua
época. Constitui uma obra única e genial que apresenta: concepção engenhosa; rigor e ordenação estrutural; linguagem
clara, delicada, exigente e depurada; pormenor descritivo e beleza de detalhe; forte crítica social, política e religiosa; e o
uso da fantasia para descrever imagens visuais e auditivas, especialmente no Inferno, o qual se vai diluindo para,
finalmente, ser substituído pela contemplação divina, perante a visão do Paraíso.
6. Descreve de que modo a Peste Negra (1348) marcou a Europa
A Peste Negra de 1348 foi a epidemia que mais profundamente atingiu a Europa.
Trazida do Oriente teve o seu primeiro porto de entrada em Messina, na Itália, através dos barcos do comércio (o
portador parece ter sido a pulga do rato preto, originário da Ásia). As pessoas infectadas, por picadas de pulga ou por
via oral, ao fim de dois ou três dias no máximo, morriam devido à progressão rápida da doença, que atravessou todo o
continente europeu provocando o desaparecimento de 1/3 da população (outros autores referem o valor de ½).
Trouxe alterações a nível económico, social e político: elevada mortalidade (cerca de um 1/3 da população europeia
dizimada), que levou ao desequilíbrio das cidades, da mão de obra, do comércio e da política. Houve uma grande
transferência de populações das cidades para as zonas rurais, procurando cultivar a própria comida de forma a
sobreviver.
As consequências da Peste Negra sobre a mentalidade e a criação artísitca foram:
• incremento das manifestações de piedade colectiva, de que são exemplo os flagelantes e as peregrinações;
• massacre de grupos marginais, tornados «bodes-expiatórios» e acusados de serem responsáveis pelo surto epidémico
(os judeus e os leprosos);
• reforço das doações à Igreja para efeitos assistenciais, para criação de hospitais e de albergarias;
• representação da figura da morte, em esculturas e pinturas, como aviso da sua constante ameaça sobre os vivos;
• representação dos defuntos sob a imagem da decomposição do corpo, como advertência para a fragilidade da vida.
7. Descreve a origem do termo “Gótico”.
O termo “gótico” surgiu no Renascimento italiano para designar, pejorativamente, a arte medieval entre os sécs. XII e
XIV. Referia-se à arte com origem nos Godos (povo bárbaro), associando assim estas obras à barbárie. O gótico foi uma
revolução artística de magnitude impressionante, coincidindo com revoluções a nível social, económico e religioso.
8. Identifica o Gótico como uma arte urbana.
A catedral gótica é expressão da cidade e da renovação económica:
• arte urbana, por excelência, o gótico é contemporâneo e produto do ressurgimento urbano e do desenvolvimento
económico europeu nos séculos XII-XIII;
• reflecte a riqueza, o prestígio e a capacidade técnica e empreendedora das cidades;
• a sua construção constituía um motivo de orgulho para as cidades, que competiam entre si na construção, em
altura, de belos e sumptuosos edifícios;
• Simbolizava o poder espiritual da igreja e o poder económico da burguesia que financiava a construção.
9. Demonstra a laicização da sociedade
Este estilo foi influenciado pela tendência da sociedade para a laicização, que se revela, por exemplo, na representação
do divino — o Cristo-Rei e Pantocrator é substituído pelo Cristo-Salvador do homem — e numa nova concepção do
homem, do mundo e de Deus.
Devido à perda de influência dos mosteiros, uma nova concepção do homem, do mundo e de Deus e a convergência
para a cidade levaram a sociedade a conhecer outras formas de viver que não a ditada pela igreja.
10. Relaciona o aparecimento das Universidades com a implementação da escolástica
Paralelamente ao crescimento das cidades, os mosteiros perderam o seu papel no desenvolvimento económico e
cultural. As urbes tomaram o protagonismo no primeiro aspecto, enquanto as universidades o fizeram no segundo. O
ensino deixa de ser exclusivo dos mosteiros, ganhando um carácter laico. Introduzem-se novas temáticas de estudo
desligadas da religião, como, por exemplo, o pensamento aristotélico, e as universidades começam a ganhar a
influência. São ensinadas as sete artes liberais: o Trivium (gramática, retórica e lógica) e o Quadrivium (aritmética,
geometria, astronomia e música). As Universidades passam a ser os novos centros de saber e de conhecimento.
Estes factores de afastamento da Igreja vão fazer com que esta tente acompanhar o ritmo da época, introduzindo a
escolástica como redinamizador da religião. Surgida como resposta da igreja, a escolástica consistia na especulação
teológica e filosófica guiada pelo pensamento aristotélico que conduzia à indagação e à sistematização das verdades
reveladas, estimulando a crítica, a especulação e a dialética . O seu princípio consistia em conciliar a fé cristã e a razão
aristotélica.
11. Descreve a importância de S. Tomás de Aquino na concepção da catedral gótica
Este esforço teve o seu expoente máximo em S. Tomás de Aquino, na obra Summa Theologica, que consiste na
sistematização de todo o pensamento cristão desde as suas origens para tentar criar uma doutrina lógica e coerente que
suportasse o pensamento religioso. Este novo guia de estudo introduzido pela igreja vai ter um enorme impacto formal
na constituição da arte gótica. A catedral, resultado de uma organização hierárquica de partes relacionadas entre si e
num equilíbrio de forças, corresponde à materialização da obra de S. Tomás. Nota-se, portanto, uma aproximação entre
o racionalismo clássico e a fé cristã. Neste sentido, a catedral constitui a materialização simbólica destes valores pois
conjuga os novos conhecimentos de geometria e de matemática (a ordem racional) com toda a carga simbólica de
ordem mística e cristã a que se encontra ligada.
Por outro lado, S. Tomás de Aquino defendia o conhecimento do mundo físico através dos sentidos. Para ele, o
Universo sensível do Homem serve para este conhecer o mundo e a natureza mas também a deus. A sensação passa a
ter primazia.
12. Refere o objetivo da arquitetura gótica.
Para o Gótico, as catedrais tinham como objetivo louvar Deus ( “Deus é Luz”) e os homens (os pobres, que
participavam na construção e os ricos, que a financiavam). As catedrais eram a suprema representação do divino no
espaço pois constituíam a máxima realização do Homem dirigido a Deus. Por outro lado, a catedral foi uma
demonstração do admirável esforço das populações e da capacidade empreendedora do homem, enquanto súbdito de
deus. Neste sentido, a catedral constituía uma autêntica representação e materialização do divino, através das suas
formas, do seu espaço e das suas imagens. Finalmente, as Catedrais eram motivo de orgulho dos habitantes das cidades,
daí que a expansão destas seja realizada em torno da catedral.
13. Descreve as inovações técnicas introduzidas pelo Gótico.
- Arco ogival, surgido na Borgonha, devido à necessidade de elevar os 4 arcos (principais e
formeiros) à mesma altura, o que só se poderia fazer agudizando os arcos dos lados
menores ( abóbada cruzada simples e abóbada cruzada sexpartida)
- outras inovações: abóbada de cruzaria de ogivas, arcobotante (arco de
descarga da abóbada para o exterior) e contraforte (conduz as cargas até ao solo)
- Vantagens:
- É exercida menos pressão lateral, permitindo uma melhor articulação de forças
- Através das nervuras estruturais dos arcos em ogiva, as forças eram desviadas para os pilares de sustentação e
para os contrafortes no exterior
- Permitiu aumentar as áreas de construção e a verticalidade dos edifícios
- Permitiu aumentar as áreas de construção e a verticalidade dos edifícios
- Consequências: necessidade de reforçar os apoios exteriores com contrafortes mais esbeltos e elegantes; introdução
dos arcobotantes, espécie de meios arcos construídos por cima da cobertura das naves laterais, e dos botaréus,
elementos maciços verticais adossados às paredes exteriores das naves laterais .
14. Caracteriza a nova estética introduzida por essas inovações:
- Aumentou a altura das abóbadas
- Pilares e colunelos mais delgados
- Acentuação da verticalidade
- Espaços internos mais amplos
- Paredes libertas do seu papel de suporte, passando a delimitar e proteger espaços
- Interiores iluminados (melhor aproveitamento da luz) devido aos vitrais
15. Descreve as alterações introduzidas na estrutura formal.
- Mantém-se a planta tipo basilical, em cruz latina - cabeceira virada para este - Corpo geralmente com 3 naves
- o transepto, que se desloca para o centro do edifício, é quase tão largo como o corpo principal mas, em compensação,
pouco ou nada saliente
- A cabeceira tornou-se mais complexa, ocupando cerca de um terço da área da igreja e integrando o coro, o altar-mor e
o deambulatório.
- em consequência das transformações no transepto e na cabeceira, o espaço interior é mais amplo.
- os pilares das arcadas interiores aumentam em número e são colocados mais próximos uns dos outros pois os tramos
eram retangulares (e não quadrados);
- em contrapartida, ficam mais finos e altos, o que, juntamente com a maior altura dos tetos, criava a noção de
verticalidade.
- Nova ordenação nas paredes laterais: devido ao desaparecimento da galeria, passam a ter 3 níveis (arcadas, trifório e
janelas clerestóricas); alongamento das arcadas e do clerestório, sublinhando as linhas verticais
- as janelas, mais alongadas, ocupavam toda a largura das paredes - as rosáceas tornam-se imponentes, permitindo uma
melhor iluminação
- Alterações nos portais:
- portais talhados num corpo saliente da fachada, o qual avançava até à espessura da base dos contrafortes
- as arquivoltas ogivais tornam-se mais esguias, acentuado pelos gabletes (empenas decorativas, de forma
triangular, que servem de moldura e remate), em que, em alguns casos, estavam contidas
- Acentuação da verticalidade pelas torres sineiras, elevando-se em relação ao cruzeiro, terminando em telhados cónicos
ou em flechas rendilhadas eprolongando-se em pináculos e agulhas
- Decoração exterior abundante (estatuária erelevos): tímpanos, arquivoltas, colunelos, mainéis, cornijas, gárgulas,
botaréus, arcobotantes, pináculos
- Interligação da catedral com o espaço que a rodeia:os contrafortes afastadosdas paredes parecem prolongar a igreja
pelo espaço circundante, enquanto, no alto das torres e telhados, pináculos eflechas se perdem no céu.
16. Distingue as várias fases do Gótico:
Fase Local Anos Características
Gótico
primitivo
Île-de-France
(Saint-Denis) e
Paris
1140-1190 Introdução do sistema estrutural gótico (arco
quebrado, abóbada de cruzaria de ogivas e
arcobotante)
Gótico
Clássico
Chartres, Reims,
Bouges e Amiens
1190-1240 Amadurecimento do sistema estrutural gótico
(normaliza-se a utilização da abóbada de cruzaria
e do arcobotante, paredes mais delgadas,
supressão das tribunas)
Gótico
radiante
Expansão pela
Europa
1240-1350 Aparecimento de variantes locais; decoração mais
complexa
Gótico
Flamejante
França e Alemanha 1350-1520 Intensa decoração com motivos ondulantes; arco
ogival menos agudo
O Gótico Internacional surge numa fase tardia(finais do século XIV e inícios do século XV) na Borgonha (França) e
espalha-se por toda a Europa ocidental. Os artistas viajavam por toda a Europa acabando por uniformizar as formas e
atenuar as diferenças regionais, transformando o Gótico numa arte decorativa, sofisticada e cortesã.
17. Distingue as várias “escolas” do Gótico.
- França: foi o modelo que se impôs, seguido em vários países
- Inglaterra: mais austero pela prevalência das catedrais monásticas (corpo alongado, aberturas menores, cabeceiras
quadradas, transeptos duplos)
- Alemanha: estilo Hallenkirchen ou igrejas-salão, pelo seu espaço unificado
- Espanha: desenvolveu-se a partir do séculoXIII e distinguiu-se pela inclusão de elementos decorativos de e influência
árabe(estilo plateresco)
- Itália: introdução tardia, com a manutenção de poucas aberturas nas paredes e da pintura mural em detrimento dos
vitrais; a Catedral de Milão é dos finais do século Catedral de Milão XV, exemplo do Gótico
flamejante
18. Descreve a Catedral de Notre - Dame de Amiens.
- Fachada: portal triplo com gablete e rosácea em pedra; estatuária rica na fachada nos portais e
menor grau no seu interio; Galeria real e Coruchéu rendilhada
- Planta: transepto de três naves; o deambulatório e as capelas salientes são espaçosas e estão
separadas entre si; introdução de capelas poligonais no deambulatório:
- Estruturação das paredes 3 andares: 1º andar - janelas anteriores; 2º andar - Trifório; 3º andar
- Janelas superiores. Percorridos por pilares cilíndricos e quatro colunas adossadas.
Legenda:
1. Capela Radial
2. Deambulatório
3. Altar
4. Coro
5. Corredores laterais do coro
6. Cruzeiro
7. Transepto
8. Contraforte
9. Nave
10. Nave lateral
11. Fachada, portal
19. Caracteriza a decoração das catedrais góticas.
As características da decoração exterior são: o horror ao vazio (elementos decorativos não só no portal, nas rosáceas, e
nas gárgulas mas também nos pináculos, nos arcobotantes, nos gabletes, e nos vitrais), o portal triplo, o enquadramento
do portal em molduras/gabletes, arquivoltas mais esguias, presença de relevos e estatuária, nomeadamente em nichos e
baldaquinos.
Os temas dos tímpanos eram o Cristo em majestade, o Último Julgamento ou Juízo Final, agora com o objetivo de
transmitir não o medo ou o castigo, mas a esperança, a vida da Virgem e o nascimento de Cristo (culto mariano) e
episódios da vida dos santos.
Nota-se também um retorno ao cânone artístico clássico com a maior autonomia da escultura face à arquitectura,
ganhando o seu próprio espaço e desenvolvendo capacidades expressivas próprias.
Nos portais utilizam-se as estátuas-coluna, que se prolongam nas arquivoltas em torno do tímpano, que apresentam
uma evolução significativa ao nível da composição, da expressividade e da monumentalidade:
• a expressão formal (atitudes, gestos) procura transmitir a perfeição espiritual;
• o naturalismo e o realismo das expressões, presentes na representação minuciosa do rosto, das mãos e dos
corpos;
• humanização das figuras representadas, através da serenidade e da graciosidade das suas expressões;
• os pregueados naturais das roupas deixam transparecer a anatomia dos corpos, numa clara recuperação do
modelo clássico;
• autonomização em relação à arquitectura.
Há uma decoração interior muito mais sóbria, influência da ordem de Cister (nos púlpitos, capitéis, nos medalhões, no
fecho das ogivas)
O vitral ocupou o lugar dos antigos murais executados a fresco e a sua utilização integra-se na teoria de que “Deus é
Luz”. Surgem nas rosáceas, janelas rasgadas – criando o ambiente místico que traduzia o espírito religioso da época.
Têm cores vibrantes, eram contornados a chumbo ( que unia os pequenos vidros coloridos). Ao transformar a luz solar
numa “irradiação divina”, os painéis de vitrais, contendo imagens sagradas, produziam efeitos maravilhosos no interior
das catedrais, levando os fiéis a ser transportados misticamente deste mundo inferior ao mundo divino.
20. Caracteriza a escultura do Gótico Inicial.
As esculturas de vulto redondo representam figura alongadas, posição rígida, um jogo curvilíneo do panejamento,
uma ligeira inclinação, rostos cada vez mais individualizados e transmissão de calma e serenidade. Em algumas é
evidente a posição assimétrica oblíqua do corpo em relação ao seu eixo: o tronco roda para um lado e as pernas para
o outro, formando um S.
Algumas estátuas eram colocadas em nichos e sob os baldaquinos, que ocupavam os colunelos dos ombrais
21. Caracteriza a escultura do Gótico Pleno.
A escultura Gótica desenvolveu-se nos seguintes géneros: as estátuas-coluna, estátuas de vulto redondo, baixos-relevos
com narrativas bíblicas e temas religiosos e decoração esculpida em elementos arquitectónicos.
Regista-se uma maior procura de uma tendência mais naturalista e realista, tanto na iconografia como no relevo e na
estatuária. Os corpos são mais volumosos e as posições ligeiramente curvilíneas, acentuadas pelo requebro da anca. A
partir do século XIV, evidencia-se já um sinuoso S, quase em contraposto, numa forte tensão delinhas ondulantes. As
pregas concêntricas, em U e V, acentuam a forma do corpo e das ancas.
Há um progressivo retorno ao cânone clássico de estética, expressão e perfeição espiritual (cânone clássico) e uma
maior correcção anatómica.
A nível da expressão formal, procura-se transmitir a perfeição espiritual: mãos, rosto e corpo tratados com maior
correção anatómica; os cabelos e barbas encaracolados, com mais detalhes. As figuras sagradas (santos, Cristo, Maria)
são tratadas com, grande naturalismo das expressões e dos detalhes, numa representação próxima do real, o que sugere
uma humanização dos temas bíblicos e das figuras sagradas, o que permite caracterizar a escultura gótica como uma
“humanização do céu”.
No século XIV, são recorrentes as esculturas que transmitem sofrimento e que representam feridas exageradas ou um
Cristo esquelético. Esta expressividade é estimulada pela crise económica e social. A constante presença da morte
reflecte-se na arte e representa-se tanto o homem comum com os santos e Cristo em sofrimento. Mais uma vez é patente
as influências de Abelardo e de S. Tomás de Aquino: “A sensibilidade é a fonte do conhecimento”
22. Descreve a evolução da escultura tumular.
- A partir de 1200, vulgarizaram-se as estátuas jacentes, de início apenas com a intenção de evocar o defunto, deitado,
de olhos abertos e de mãos postas sobre o peito em oração, sem pormenorizar os seus traços físicos (utilização de
símbolos,inscrições epigráficas, brasões, …)
- Em meados do século XIII, aparece o retrato idealizado, com um leve sorriso que ilumina o rosto
- No final do século XIV, o morto é representado, muitas vezes,como que enregelado, envolto num lençol ou nu,
autênticocadáver em decomposição
23. Refere as principais alterações registadas na pintura gótica.
A pintura gótica teve o seu período mais importante no séc. XIV e no séc. XV, durante o qual o Papado se fixou em
Avinhão, as repúblicas italianas e o Sacro Império Romano Germânico estavam fragmentados. As variedades regionais
dividiam-se pela Flandres e Itália. As características do chamado estilo internacional ou estilo “1400” são as influências
bizantinas (dourados e tons brilhantes), preocupação pelo realismo dos rostos e velaturas, a inclusão de paisagens e
espaços arquitectónicos, o desenvolvimento da técnica da perspectiva, as imagens ganham volume e a expressão
humanizada de Jesus, Maria e santos. Os quadros compostos por dois ou mais painéis eram chamados de dípticos,
trípticos ou polípticos. A principal mudança na pintura vai-se dar através da relação desta com a arquitectura; o
aparecimento de mais aberturas em detrimento das paredes maciças verificadas no românico obriga ao desenvolvimento
da técnica do vitral em vez do mural. Houve também uma tendência por substituir a pintura mural pela pintura sobre
madeira (retábulos, painéis, quadros, etc.).
24. Descreve as alterações registadas nas principais técnicas:
• Vitral: apogeu: 1200-1260; surge como consequência directa da estrutura do edifício gótico, ocupando o lugar
dos murais a fresco; integra-se numa nova forma de celebrar a fé através da Luz: rosáceas e janelas rasgadas (as
“igrejas de vidro”); temas: Vida de Cristo; Cenas do Antigo e do Novo testamento; Culto da Virgem
• A iluminura: Influências da arte românica e bizantina; aparecimento de iluminadores laicos, a partir de
encomendas de nobres e religiosos; representação do espaço: fundo repleto de figuras humanas e animais,
apontamentos da natureza e arquitetura; riqueza cromática, dominando ao azuis, contrastados com vermelhos
• Pintura - desenvolvimento nos séculos XII, XIV e no início do século XV - a sua principal particularidade foi:
• realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas,
• temas religiosos,
• personagens de corpos pouco volumosos, cobertos com muita roupa, com o olhar voltado para cima,
em direção ao plano celeste.
• Representação de Cristo - ao contrário do verificado no românico, deixa de ser o homem sempre vivo,
vestido, indolor, passando a ser o homem nu, sofredor, corpo arqueado em sofrimento, que fecha os
olhos, aceitando a morte. Verifica-se, portanto, a humanização do divino.
25. Caracteriza a pintura em Itália.
• A maior parte das grandes cidades italianas como Florença, Veneza, Milão e Pisa, adquiriram grande autonomia
e constituíram-se em cidades-estado, prosperando economicamente e obtendo um enorme desenvolvimento nas
artes. Com a ascensão das cidades como centros políticos e económicos autónomos durante o período gótico e
com o consequente florescimento da vida urbana acentuara-se o orgulho cívico que causara naturais rivalidades
e conflitos entre as cidades-estado italianas. O desenvolvimento artístico conjugou humanismo e espiritualidade
e libertou-se definitivamente das influências românicas e bizantinas, antecipando a artedo Renascimento.
• em Itália, ao contrário do Norte da Europa,as Igrejas permaneceram largas ebaixas, mantendo superfícies
parietais(paredes) compactas.Por essa razão, predominou a tradição da pintura a fresco, conjugada com o uso de
retábulos.
• Principais pintores:
• Cimabue - considerado o último grande pintor italiano a seguir a tradição bizantina
• Duccio di Buoninsegna - iniciou uma renovação na artemedieval, estabelecendo uma ruptura com a tradição
bizantina. Efetuou a síntese da plástica bizantina com a gótica desenvolvendo um novo género de espaço
pictórico. O espaço é uma construção arquitetónica onde habitam as suas personagens, aproximando-se ao
“espaço real” através do tratamento volumétrico dos corpos e da tridimensionalidade do espaço. Teve
grande influência na formação do estilo Gótico Internacional e influenciou Simone Martini e os irmãos
Ambrogio e Pietro Lorenzetti, entre outros. Seu grande rival na época foi Giotto, mestre da Escola
Florentina.
• Giotto di Bondone - discípulo de Cimabue
• Inovou a pintura da sua época com a introdução da perspectiva e com a plena ruptura em relação à
arte bizantina (espaço pictórico verosímil):
• criação de uma visão pictórica baseada no princípio da imitação (conceito aristotélico)
• Antecipa a perfeição matemática da perspectiva renascentista, revelando um grande domínio do
desenho e valorizando a luz (iniciação a uma visão racional na representação das coisas e da
natureza)
• valorização das cores na definição dos corpos das figuras representadas
• Humanização das figuras: identificação da mais importante figura dos santos com seres humanos de
aparência bem comum; santos com ar de homem comum, ocupando sempre posição de destaque
• Personagens transmitem grande expressividade (pathos emotivo)
• visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no
Renascimento.
• Simone Martini - a sua pintura caracteriza-se pelo rigor e pelas linhas sinuosas, líricas e estilizadas,
geralmente sob um fundo dourado, de influência bizantina. As suas personagens revelam intensidade
expressiva e dramática. Foi um dos pintores italianos que mais contribuiu para a arte do Estilo
Internacional.
• Os irmãos Lorenzetti - Pietro (1280-1348), que conjugava monumentalidade e doçura. Ambrogio (1290-
1348), conhecido pelas suas obras repletas de naturalismo, perspicácia, ordenação e uma vista panorâmica
da cidade;
• Gentile da Fabriano - as suas obras ficaram conhecidas pelo perfeccionismo técnico e formal e brilhante
policromia.
• António Pisanello - ficou conhecido pelas suas pinturas murais e pelos elegantes retratos
26. Caracteriza a pintura flamenga.
No Norte da Europa, nomeadamente na Flandres, onde o desenvolvimento do Gótico foi mais tardio, a pintura revestiu-
se de certos aspectos peculiares:
- retrato físico e psicológico, de grande realismo
- paisagens naturais e arquitectónicas
- as cenas sagradas como cenas da vida quotidiana se tratassem.
- a perfeição no tratamento de volume e profundidade
A arte flamenga reflectiu bem a prosperidade económica e o bem-estar geral da sociedade da época, impulsionadapela
importância da burguesia mercantilista. A prosperidade da burguesia nascida do sucesso económico foi um grande
impulsionador da arte, uma vez que a posse de uma obra de arte era símbolo de poder e prestígio. Os pintores flamengos
responderam com eficácia a esta solicitação, criando uma linguagem plástica capaz de representar a realidade com tanta
fidelidade que os seus quadros pareciam autênticos espelhos.
Principais pintores
• Robert Campin - Também conhecido como mestre de Flémalle, demonstrou uma visão realista do Mundo e
representou os santos como pessoas comuns e mortais e os temas religiosos como cenas do dia-a-dia.Possuía
uma pintura naturalista, plena de detalhes arquitectónicos e perspectiva
• Dirck Bouts - foi um dos primeiros artistas nórdicos a usar o ponto de fuga nas suas composições, que dava
profundidade à cena pintada e criava uma perspectiva quase fotográfica.As suas personagensapresentam uma
beleza e serenidade intocáveis.
• Flandres Hans Memling - pintor conhecido principalmente pelos seus retratos e pela sua pintura gentil e suave e
de grande sentido humanístico .
• Jan Van Eyck - Lançou as bases de uma nova cultura figurativa. Foi o grande divulgador da pintura a óleo ( de
secagem lenta, permitia um trabalho minucioso pelo retoque e sobreposição de camadas, produzindo grande
detalhe e realismo) . Permanecem os simbolismos medievais; registava os aspectos da vida urbana e da
sociedade de sua época; grande cuidado com a perspectiva,procurando mostrar os detalhes e as paisagens.
• Rogier van der Weyden - Discípulo de Van Eyck, foi o artista mais influente do seu tempo, no Norte daEuropa,
tendo influenciado outros pintores.
• Hugo Van der Goes - nasceu em 1440 e morreu em 1482. A sua obra caracteriza-se pela tensão dramática, pela
sensação de movimento e ritmo e ainda pelasua monumentalidade.
• Hieronymus Bosch - Foi a grande excepção dentro do panorama artístico do seu tempo, pelas suas obras de
carácter apocalíptico e macabro,repletas de figuras simbólicas e imaginativas e composições bastante
complexas. Muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilizaçãode figuras
simbólicas complexas,originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais eram obscuras mesmo no
seutempo.
• Matias Grünewald - Foi autor de cenas sagradas expressivas, vigorosas e agonizantes. O tema mais comum é a
crucificação de Jesus Cristo.
27. Caracteriza o Gótico em Portugal.
Arquitetura:
- introduzido no século XIII, domina no Sul do país, permanecendo ligado às ordens monásticas, pelo que se implantou
sobretudo nas zonas rurais e se caracteriza pela sobriedade e austeridade.
- a introdução do Gótico em Portugal esteve relacionada com a acção da ordem de Cister e dos Dominicanos e
Franciscanos. Inicialmente, apresenta características rurais e monásticas, de formas e linhas modestas e simples, em
harmonia com a austeridade das ordens mendicantes. Somente nas obras de maior dimensão se desenvolveram
programas mais ambiciosos e onde se fizeram sentir as influências internacionais ( Abatida de Alcobaça, Sé de Évora e
Mosteiro da Batalha).
- as linhas e ormas são modestas e simples: igrejas de 3 naves, central mais alta, separada das colaterais por arcadas de
pilares finos; a cobertura é de madeira; abóbadas nervuradas apenas à cabeceira; 3 ou 5 capelas; abside com
deambulatório, cobertura com abóbadas de arcos ogivais; frontaria de portal único e com rosácea sobreposta, abrindo
sobre o corpo central; transepto saliente; exteriores compactos e fechados; austeridade na decoração exterior; abside
com deambulatório;
- primeiras construções góticas em Portugal: Mosteiro de Alcobaça, Claustro da Sé Velha de Coimbra;
- mosteiro de Alcobaça seguiu a influência da Ordem de Cister que, por sua vez, seguiu o modelo da Abadia de
Claraval, fundada por São Bernardo. Caracteriza-se pela sobriedade, solidez e funcionalidade
- Mosteiro da Batalha  grande realização arquitectónica gótica portuguesa do séc. XV (período mais importante do
gótico português): Planta convencional; as naves do corpo central e do transepto são abóbadadas, divididas por arcadas
ogivais, apoiadas em grossos pilares, de colunelos ininterruptos da base ao capitel; uso de arcobotantes laterais,
construídos sobre os telhados da cabeceira
Pintura:
- influências exteriores, assimilando-as de modo próprio e original
- pintura sobre madeira, em polípticas destinadas a altares, retábulos e decoração de paredes (a de maior preferência)
- temáticas: religiosas
- composições ingénuas; demonstraram as dificuldades técnicas experimentadas pelos artistas: erros de representação;
figuras esquematizadas; cores muito duras e sem modelado
- Nuno Gonçalves – Painéis de S. Vicente:
* políptico de 6 tábuas (60 fig. quase em tamanho natural)
* objectivo do artista: retrato característico da sociedade portuguesa
* realismo do retrato de cada uma das personagens individualizando a figura humana
* personalidade bem marcada em cada uma das personagens
* obra de ruptura com os padrões góticos tradicionais
ESCULTURA
● continuou o programa funcional da escultura românica
● decoração esculpida de suporte, essencialmente, arquitectónico (portais, capiteis, rosáceas)
● tumularia: decoração de túmulos, sarcófagos, etc.  onde se vão desenvolver os principais programas escultóricos
● grandes escolas: Lisboa, Évora e Batalha e a notável escola de Coimbra.
Estilo Manuelino
ARQUITECTURA
- surge no reinado de D. Manuel I, a partir do séc. XV-XVI
- Estilo arquitectónico, tipicamente português, associado às Descobertas e à Expansão Marítima portuguesa.Integra-se
no Gótico Final, distinguindo-se pelos elementos decorativos exuberantes (nacionalistas, marítimos e naturalistas).
Mantém o essencial das estruturas góticas
- novos pretextos decorativos à escultura gótica (sobretudo nos portais e fachadas)
- afirma-se principalmente ao nível da decoração da arquitectura: ornamentação [decoração] exuberante (quase
barroca); tudo aparece representado:
- nas fachadas
- em ornatos de ombreiras
- arquivoltas dos portais
- ou em arcos e pilares interiores
- motivos decorativos:
- naturalistas: troncos, cachos de uvas, folhas de loureiro;
- de origem marítima: redes, conchas, cordas, nós, algas
- nacionalistas; esfera armilar, Cruz de Cristo, escudo de D. Manuel
- arcos quebrados desaparecem, sendo substituídos por arcos polilobados (ferradura ou redondo)
- principais construções: Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém (Lisboa), Igreja da Ordem de Cristo (Tomar)
PINTURA
- politica de protecção às artes, seguida por D. Manuel I
- factores que contribuíram para a evolução da pintura no inicio de Quinhentos: importação de obras da Flandres;
fixação em Portugal de pintores flamengos ou a experiencia de alguns portugueses em oficinas estrangeiras
- grande produtividade; escolas regionais: Viseu, Coimbra, Évora
- as obras eram realizadas de forma colectiva entre mestres, artífices e aprendizes (parcerias)
- especializando-se cada um no tratamento especifico de determinados elementos do quadro: a figura humana, as
roupagens, os ambientes interiores, as formas arquitectónicas ou paisagens
- tratamento realista do retrato e das paisagens
- aplicação de coloridos intensos
- representação minuciosa dos tecidos, tapetes, peças de ourivesaria (todo o tipo de acessórios que reflectiam o
requinte e cosmopolitismo/elegância da sociedade cortesã da época)
- apuramento do olhar, interesse pelo sensível e observável
- contexto cultural: emergiu um renovado interesse no homem e na sua relação com o mundo
- influência flamenga
ESCULTURA
● papel predominante que a ornamentação desempenhou na arte manuelina  diversidade formal e plástica no
domínio da escultura
● favoráveis condições de trabalho/aumento da encomenda que aqui se verifica
ESQUEMA COMPARATIVO:
ASPECTOS GERAIS
ARTE ROMÂNICA ARTE GÓTICA
ØDesenvolveu-se nos séculos XI e XII.
ØArte monástica: construções rurais
espalhadas pelos campos.
ØSubstitui o românico a partir do século XII.
ØArte citadina: apareceu com o desenvolvimento
do comércio
ARQUITECTURA
ØPlanta em forma de cruz latina.
ØArco de volta perfeita.
ØDois tipos de abóbadas: de berço e de
arestas.
ØGrossos pilares interiores e contrafortes
exteriores.
ØParedes baixas e grossas.
ØPoucas aberturas: apenas pequenas
frestas.
ØMonumentos escuros, austeros e
pesados.
ØMantém a planta de cruz latina, mas com naves
mais elevadas.
ØArco quebrado ou ogival.
ØNovo tipo de abóbadas: abóbada sobre
cruzamento de ogivas.
ØArcobotantes apoiam , no exterior, a nova
abóbada.
ØJogo de massas verticais; elevadas torres com
flechas.
ØAltas janelas nas paredes e largas rosáceas nas
fachadas,
ØMonumentos muito iluminados e com belos
vitrais a coar a luz.
ESCULTURA
ØUm «catecismo de pedra»; meio de
pregação dos temas religiosos.
ØRepresentação de figuras bíblicas,
monstros, demónios, folhagens e motivos
imaginários.
ØElementos decorativos submetidos à
arquitectura.
ØMuitas decorações nos portais
[tímpanos], fachadas e capitéis.
ØMantém os temas religiosos espalhados pelos
mesmos locais.
ØUso de motivos próprios da vida do homem: flora
e fauna da região.
PINTURA
ØPintura a fresco a decorar as vastas
superfícies nuas das paredes e as capelas
subterrâneas .
ØMuito rica na decoração dos
manuscritos
ØSubstituição da pintura a fresco pelos vitrais.
ØTemas religiosos, mas também profanos [cenas
agrícolas, vida de reis, combates].
Influência dos vitrais nas iluminuras
FIM

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A Cultura da Catedral Gótica na Europa dos Sécs. XII-XV

  • 1. AGRUPAMENTO DE ESCOLAS IBN MUCANA História da Cultura e das Artes – 10ºF – 2013/2014 Ficha formativa 5 _________________________________________________________________________________________ Módulo 4 – A Cultura da Catedral 1. Caracteriza a Europa dos séculos XII a XV. Devido a uma série de condicionalismos, a Europa Ocidental viveu, entre o século XII e o século XV, tempos ora de renovação, ora de recessão. Assim, o século XII, caracterizado pela manutenção do feudalismo, conviveu também com uma fase expansionista. Fruto desse renascimento económico, a produtividade agrícola aumentou, a população cresceu, as trocas comerciais intensificaram-se (nomeadamente entre Itália e a Flandres, passando pelas feiras de Champagne), dá-se um ressurgimento das cidades e surge um novo grupo social: a burguesia, que encontra nas obras de arte um meio de afirmação social. Ao mesmo tempo que os mosteiros perdem a sua importância, as universidades afirmam-se como centros de conhecimento. O século XIII foi o culminar desse movimento: uma conjuntura económica dinâmica impôs-se e reflectiu-se na sociedade, no poder político, nas instituições e na intelectualidade. O século XIV viveu a recessão: guerras, pestes e fomes cobriram a Europa que só recuperou no século XV, com o Renascimento. 2. Enquadra a importância das catedrais no âmbito do surto urbano. As cidades não paravam de crescer, de se animar, de estender os subúrbios ao longo das estradas. Nelas, a catedral ou sé tornou-se o símbolo do poder do bispo e dos burgueses. Do bispo que controlava espiritual, jurídica e politicamente o território episcopal. A Sé tornou-se, por isso, o motor da religiosidade, do poder político e económico. É no seu adro que se realizam as feiras as representações teatrais, que se faz justiça, junto do pelourinho, e se trocam ideias entre burgueses, estudantes, letrados e aristocratas, já que era na catedral que funcionavam as mais importantes escolas da época. A catedral transforma-se no símbolo da cidade e é através dela que a comunidade urbana se afirma. Os edifícios das câmaras municipais vão rivalizar em altura com as catedrais pois representavam o expoente do dever cívico. Situavam-se igualmente no centro da cidade, diante dos quais se abrem praças para festas e celebrações. 3. Destaca a importância do abade Suger no aparecimento do estilo Gótico. Entre os vários criadores do estilo gótico, destaca-se o abade Suger. Foi ele o criador da “Teoria da Iluminação”, que defende que Deus é Luz e que as catedrais são como o “reino de Deus sobre a Terra” e que, por isso, deveria representar- se o divino no espaço espiritual e físico da catedral. A partir dessa teoria, deu à catedral uma unidade estrutural, através da planta, da verticalidade, da decoração dos pórticos e, especialmente, da luz, através de vitrais onde era realçada a cor, a harmonia da composição, a elegância e a comunicabilidade das figuras. Na igreja da abadia de S. Denis efectuou experiências que levaram a novas soluções estruturais (o arco ogival e as abóbadas de cruzaria de ogivas), que permitiam aligeirar as paredes e inundar o espaço da cabeceira de luz, uma verdadeira luz celestial que entra na catedral através de grandes janelões com vitrais. A luz entrava no interior da catedral, filtrada pela cor dos vitrais e produzindo reflexos e projeções cromáticas. Deste mod, os vitrais contribuíram para transformar o interior da catedral num espaço mágico, sobrenatural e metafísico. 4. Descreve a cultura cortesã da baixa Idade Média. A cultura cortesã desenvolveu-se a partir das alterações económicas, políticas e sociais ocorridas no séc. XII, levando ao ideal cavaleiresco e cortês. Com a relativa prosperidade e paz, houve mais tempo para o desenvolvimento cultural e a única “profissão” dos nobres, a guerra, foi escasseando. Para manter a boa forma física e honra, organizaram-se torneios e justas. As características desta cultura cortesã eram o amor, a alegria de viver, a paz, o prazer, a lealdade. Um
  • 2. crescente interesse na música e literatura, nas danças e no teatro religioso também pode ser notado. A igreja foi, contudo, criticando estes exageros, argumentando que os prazeres carnais eram pecado e que a vida era uma passagem solene para a morte. 5. Descreve os factos mais importantes da biografia de Dante Alighieri Dante nasceu em 1265, em Florença. Rodeou-se de amigos cultos, poetas, músicos, pintores (Giotto) e filósofos, que muito contribuíram para a sua formação. Apaixonado por Beatriz Portinari ( m.1290), seu amor eterno, dedica-lhe quase toda a sua poesia. Porém a sua morte, e a partir de 1295, Dante passa a intervir activamente na vida política da cidade. Em 1300, foi eleito como um dos seis Principais da Cidade. Mais tarde, por motivos políticos, foi condenado ao desterro. Refugiou-se em Verona, depois em Pádua, Casentino, Paris (onde estudou filosofia e teologia), talvez Oxford, Pisa e finalmente, em 1317, instalou-se em Ravena, onde morreu. A sua obra de referência entre outras que publicou foi a “Divina Comédia” em língua vulgar, o italiano, cultivando o dolce stil nuovo. Estruturou-a em introdução e três partes ou canzone que são percursos pelo Inferno, Purgatório e Paraíso e que corresponde a três passos – instrução, edificação e purificação; ao todo, cem cantos que foram publicados pela primeira vez em 1472. Em companhia de Virgílio e depois de Beatriz, Dante reflecte, nesta obra, o pensamento e a crítica filosóficas, teológicas, literárias e socioeconómica da sua época. Constitui uma obra única e genial que apresenta: concepção engenhosa; rigor e ordenação estrutural; linguagem clara, delicada, exigente e depurada; pormenor descritivo e beleza de detalhe; forte crítica social, política e religiosa; e o uso da fantasia para descrever imagens visuais e auditivas, especialmente no Inferno, o qual se vai diluindo para, finalmente, ser substituído pela contemplação divina, perante a visão do Paraíso. 6. Descreve de que modo a Peste Negra (1348) marcou a Europa A Peste Negra de 1348 foi a epidemia que mais profundamente atingiu a Europa. Trazida do Oriente teve o seu primeiro porto de entrada em Messina, na Itália, através dos barcos do comércio (o portador parece ter sido a pulga do rato preto, originário da Ásia). As pessoas infectadas, por picadas de pulga ou por via oral, ao fim de dois ou três dias no máximo, morriam devido à progressão rápida da doença, que atravessou todo o continente europeu provocando o desaparecimento de 1/3 da população (outros autores referem o valor de ½). Trouxe alterações a nível económico, social e político: elevada mortalidade (cerca de um 1/3 da população europeia dizimada), que levou ao desequilíbrio das cidades, da mão de obra, do comércio e da política. Houve uma grande transferência de populações das cidades para as zonas rurais, procurando cultivar a própria comida de forma a sobreviver. As consequências da Peste Negra sobre a mentalidade e a criação artísitca foram: • incremento das manifestações de piedade colectiva, de que são exemplo os flagelantes e as peregrinações; • massacre de grupos marginais, tornados «bodes-expiatórios» e acusados de serem responsáveis pelo surto epidémico (os judeus e os leprosos); • reforço das doações à Igreja para efeitos assistenciais, para criação de hospitais e de albergarias; • representação da figura da morte, em esculturas e pinturas, como aviso da sua constante ameaça sobre os vivos; • representação dos defuntos sob a imagem da decomposição do corpo, como advertência para a fragilidade da vida. 7. Descreve a origem do termo “Gótico”. O termo “gótico” surgiu no Renascimento italiano para designar, pejorativamente, a arte medieval entre os sécs. XII e XIV. Referia-se à arte com origem nos Godos (povo bárbaro), associando assim estas obras à barbárie. O gótico foi uma revolução artística de magnitude impressionante, coincidindo com revoluções a nível social, económico e religioso. 8. Identifica o Gótico como uma arte urbana. A catedral gótica é expressão da cidade e da renovação económica:
  • 3. • arte urbana, por excelência, o gótico é contemporâneo e produto do ressurgimento urbano e do desenvolvimento económico europeu nos séculos XII-XIII; • reflecte a riqueza, o prestígio e a capacidade técnica e empreendedora das cidades; • a sua construção constituía um motivo de orgulho para as cidades, que competiam entre si na construção, em altura, de belos e sumptuosos edifícios; • Simbolizava o poder espiritual da igreja e o poder económico da burguesia que financiava a construção. 9. Demonstra a laicização da sociedade Este estilo foi influenciado pela tendência da sociedade para a laicização, que se revela, por exemplo, na representação do divino — o Cristo-Rei e Pantocrator é substituído pelo Cristo-Salvador do homem — e numa nova concepção do homem, do mundo e de Deus. Devido à perda de influência dos mosteiros, uma nova concepção do homem, do mundo e de Deus e a convergência para a cidade levaram a sociedade a conhecer outras formas de viver que não a ditada pela igreja. 10. Relaciona o aparecimento das Universidades com a implementação da escolástica Paralelamente ao crescimento das cidades, os mosteiros perderam o seu papel no desenvolvimento económico e cultural. As urbes tomaram o protagonismo no primeiro aspecto, enquanto as universidades o fizeram no segundo. O ensino deixa de ser exclusivo dos mosteiros, ganhando um carácter laico. Introduzem-se novas temáticas de estudo desligadas da religião, como, por exemplo, o pensamento aristotélico, e as universidades começam a ganhar a influência. São ensinadas as sete artes liberais: o Trivium (gramática, retórica e lógica) e o Quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música). As Universidades passam a ser os novos centros de saber e de conhecimento. Estes factores de afastamento da Igreja vão fazer com que esta tente acompanhar o ritmo da época, introduzindo a escolástica como redinamizador da religião. Surgida como resposta da igreja, a escolástica consistia na especulação teológica e filosófica guiada pelo pensamento aristotélico que conduzia à indagação e à sistematização das verdades reveladas, estimulando a crítica, a especulação e a dialética . O seu princípio consistia em conciliar a fé cristã e a razão aristotélica. 11. Descreve a importância de S. Tomás de Aquino na concepção da catedral gótica Este esforço teve o seu expoente máximo em S. Tomás de Aquino, na obra Summa Theologica, que consiste na sistematização de todo o pensamento cristão desde as suas origens para tentar criar uma doutrina lógica e coerente que suportasse o pensamento religioso. Este novo guia de estudo introduzido pela igreja vai ter um enorme impacto formal na constituição da arte gótica. A catedral, resultado de uma organização hierárquica de partes relacionadas entre si e num equilíbrio de forças, corresponde à materialização da obra de S. Tomás. Nota-se, portanto, uma aproximação entre o racionalismo clássico e a fé cristã. Neste sentido, a catedral constitui a materialização simbólica destes valores pois conjuga os novos conhecimentos de geometria e de matemática (a ordem racional) com toda a carga simbólica de ordem mística e cristã a que se encontra ligada. Por outro lado, S. Tomás de Aquino defendia o conhecimento do mundo físico através dos sentidos. Para ele, o Universo sensível do Homem serve para este conhecer o mundo e a natureza mas também a deus. A sensação passa a ter primazia. 12. Refere o objetivo da arquitetura gótica. Para o Gótico, as catedrais tinham como objetivo louvar Deus ( “Deus é Luz”) e os homens (os pobres, que participavam na construção e os ricos, que a financiavam). As catedrais eram a suprema representação do divino no espaço pois constituíam a máxima realização do Homem dirigido a Deus. Por outro lado, a catedral foi uma demonstração do admirável esforço das populações e da capacidade empreendedora do homem, enquanto súbdito de
  • 4. deus. Neste sentido, a catedral constituía uma autêntica representação e materialização do divino, através das suas formas, do seu espaço e das suas imagens. Finalmente, as Catedrais eram motivo de orgulho dos habitantes das cidades, daí que a expansão destas seja realizada em torno da catedral. 13. Descreve as inovações técnicas introduzidas pelo Gótico. - Arco ogival, surgido na Borgonha, devido à necessidade de elevar os 4 arcos (principais e formeiros) à mesma altura, o que só se poderia fazer agudizando os arcos dos lados menores ( abóbada cruzada simples e abóbada cruzada sexpartida) - outras inovações: abóbada de cruzaria de ogivas, arcobotante (arco de descarga da abóbada para o exterior) e contraforte (conduz as cargas até ao solo) - Vantagens: - É exercida menos pressão lateral, permitindo uma melhor articulação de forças - Através das nervuras estruturais dos arcos em ogiva, as forças eram desviadas para os pilares de sustentação e para os contrafortes no exterior - Permitiu aumentar as áreas de construção e a verticalidade dos edifícios - Permitiu aumentar as áreas de construção e a verticalidade dos edifícios - Consequências: necessidade de reforçar os apoios exteriores com contrafortes mais esbeltos e elegantes; introdução dos arcobotantes, espécie de meios arcos construídos por cima da cobertura das naves laterais, e dos botaréus, elementos maciços verticais adossados às paredes exteriores das naves laterais . 14. Caracteriza a nova estética introduzida por essas inovações: - Aumentou a altura das abóbadas - Pilares e colunelos mais delgados - Acentuação da verticalidade - Espaços internos mais amplos - Paredes libertas do seu papel de suporte, passando a delimitar e proteger espaços - Interiores iluminados (melhor aproveitamento da luz) devido aos vitrais 15. Descreve as alterações introduzidas na estrutura formal. - Mantém-se a planta tipo basilical, em cruz latina - cabeceira virada para este - Corpo geralmente com 3 naves - o transepto, que se desloca para o centro do edifício, é quase tão largo como o corpo principal mas, em compensação, pouco ou nada saliente - A cabeceira tornou-se mais complexa, ocupando cerca de um terço da área da igreja e integrando o coro, o altar-mor e o deambulatório. - em consequência das transformações no transepto e na cabeceira, o espaço interior é mais amplo. - os pilares das arcadas interiores aumentam em número e são colocados mais próximos uns dos outros pois os tramos eram retangulares (e não quadrados); - em contrapartida, ficam mais finos e altos, o que, juntamente com a maior altura dos tetos, criava a noção de verticalidade. - Nova ordenação nas paredes laterais: devido ao desaparecimento da galeria, passam a ter 3 níveis (arcadas, trifório e janelas clerestóricas); alongamento das arcadas e do clerestório, sublinhando as linhas verticais - as janelas, mais alongadas, ocupavam toda a largura das paredes - as rosáceas tornam-se imponentes, permitindo uma melhor iluminação - Alterações nos portais:
  • 5. - portais talhados num corpo saliente da fachada, o qual avançava até à espessura da base dos contrafortes - as arquivoltas ogivais tornam-se mais esguias, acentuado pelos gabletes (empenas decorativas, de forma triangular, que servem de moldura e remate), em que, em alguns casos, estavam contidas - Acentuação da verticalidade pelas torres sineiras, elevando-se em relação ao cruzeiro, terminando em telhados cónicos ou em flechas rendilhadas eprolongando-se em pináculos e agulhas - Decoração exterior abundante (estatuária erelevos): tímpanos, arquivoltas, colunelos, mainéis, cornijas, gárgulas, botaréus, arcobotantes, pináculos - Interligação da catedral com o espaço que a rodeia:os contrafortes afastadosdas paredes parecem prolongar a igreja pelo espaço circundante, enquanto, no alto das torres e telhados, pináculos eflechas se perdem no céu. 16. Distingue as várias fases do Gótico: Fase Local Anos Características Gótico primitivo Île-de-France (Saint-Denis) e Paris 1140-1190 Introdução do sistema estrutural gótico (arco quebrado, abóbada de cruzaria de ogivas e arcobotante) Gótico Clássico Chartres, Reims, Bouges e Amiens 1190-1240 Amadurecimento do sistema estrutural gótico (normaliza-se a utilização da abóbada de cruzaria e do arcobotante, paredes mais delgadas, supressão das tribunas) Gótico radiante Expansão pela Europa 1240-1350 Aparecimento de variantes locais; decoração mais complexa Gótico Flamejante França e Alemanha 1350-1520 Intensa decoração com motivos ondulantes; arco ogival menos agudo O Gótico Internacional surge numa fase tardia(finais do século XIV e inícios do século XV) na Borgonha (França) e espalha-se por toda a Europa ocidental. Os artistas viajavam por toda a Europa acabando por uniformizar as formas e atenuar as diferenças regionais, transformando o Gótico numa arte decorativa, sofisticada e cortesã. 17. Distingue as várias “escolas” do Gótico. - França: foi o modelo que se impôs, seguido em vários países - Inglaterra: mais austero pela prevalência das catedrais monásticas (corpo alongado, aberturas menores, cabeceiras quadradas, transeptos duplos) - Alemanha: estilo Hallenkirchen ou igrejas-salão, pelo seu espaço unificado - Espanha: desenvolveu-se a partir do séculoXIII e distinguiu-se pela inclusão de elementos decorativos de e influência árabe(estilo plateresco) - Itália: introdução tardia, com a manutenção de poucas aberturas nas paredes e da pintura mural em detrimento dos vitrais; a Catedral de Milão é dos finais do século Catedral de Milão XV, exemplo do Gótico flamejante 18. Descreve a Catedral de Notre - Dame de Amiens. - Fachada: portal triplo com gablete e rosácea em pedra; estatuária rica na fachada nos portais e menor grau no seu interio; Galeria real e Coruchéu rendilhada - Planta: transepto de três naves; o deambulatório e as capelas salientes são espaçosas e estão separadas entre si; introdução de capelas poligonais no deambulatório: - Estruturação das paredes 3 andares: 1º andar - janelas anteriores; 2º andar - Trifório; 3º andar - Janelas superiores. Percorridos por pilares cilíndricos e quatro colunas adossadas. Legenda: 1. Capela Radial 2. Deambulatório
  • 6. 3. Altar 4. Coro 5. Corredores laterais do coro 6. Cruzeiro 7. Transepto 8. Contraforte 9. Nave 10. Nave lateral 11. Fachada, portal 19. Caracteriza a decoração das catedrais góticas. As características da decoração exterior são: o horror ao vazio (elementos decorativos não só no portal, nas rosáceas, e nas gárgulas mas também nos pináculos, nos arcobotantes, nos gabletes, e nos vitrais), o portal triplo, o enquadramento do portal em molduras/gabletes, arquivoltas mais esguias, presença de relevos e estatuária, nomeadamente em nichos e baldaquinos. Os temas dos tímpanos eram o Cristo em majestade, o Último Julgamento ou Juízo Final, agora com o objetivo de transmitir não o medo ou o castigo, mas a esperança, a vida da Virgem e o nascimento de Cristo (culto mariano) e episódios da vida dos santos. Nota-se também um retorno ao cânone artístico clássico com a maior autonomia da escultura face à arquitectura, ganhando o seu próprio espaço e desenvolvendo capacidades expressivas próprias. Nos portais utilizam-se as estátuas-coluna, que se prolongam nas arquivoltas em torno do tímpano, que apresentam uma evolução significativa ao nível da composição, da expressividade e da monumentalidade: • a expressão formal (atitudes, gestos) procura transmitir a perfeição espiritual; • o naturalismo e o realismo das expressões, presentes na representação minuciosa do rosto, das mãos e dos corpos; • humanização das figuras representadas, através da serenidade e da graciosidade das suas expressões; • os pregueados naturais das roupas deixam transparecer a anatomia dos corpos, numa clara recuperação do modelo clássico; • autonomização em relação à arquitectura. Há uma decoração interior muito mais sóbria, influência da ordem de Cister (nos púlpitos, capitéis, nos medalhões, no fecho das ogivas) O vitral ocupou o lugar dos antigos murais executados a fresco e a sua utilização integra-se na teoria de que “Deus é Luz”. Surgem nas rosáceas, janelas rasgadas – criando o ambiente místico que traduzia o espírito religioso da época. Têm cores vibrantes, eram contornados a chumbo ( que unia os pequenos vidros coloridos). Ao transformar a luz solar numa “irradiação divina”, os painéis de vitrais, contendo imagens sagradas, produziam efeitos maravilhosos no interior das catedrais, levando os fiéis a ser transportados misticamente deste mundo inferior ao mundo divino. 20. Caracteriza a escultura do Gótico Inicial. As esculturas de vulto redondo representam figura alongadas, posição rígida, um jogo curvilíneo do panejamento, uma ligeira inclinação, rostos cada vez mais individualizados e transmissão de calma e serenidade. Em algumas é evidente a posição assimétrica oblíqua do corpo em relação ao seu eixo: o tronco roda para um lado e as pernas para o outro, formando um S. Algumas estátuas eram colocadas em nichos e sob os baldaquinos, que ocupavam os colunelos dos ombrais 21. Caracteriza a escultura do Gótico Pleno.
  • 7. A escultura Gótica desenvolveu-se nos seguintes géneros: as estátuas-coluna, estátuas de vulto redondo, baixos-relevos com narrativas bíblicas e temas religiosos e decoração esculpida em elementos arquitectónicos. Regista-se uma maior procura de uma tendência mais naturalista e realista, tanto na iconografia como no relevo e na estatuária. Os corpos são mais volumosos e as posições ligeiramente curvilíneas, acentuadas pelo requebro da anca. A partir do século XIV, evidencia-se já um sinuoso S, quase em contraposto, numa forte tensão delinhas ondulantes. As pregas concêntricas, em U e V, acentuam a forma do corpo e das ancas. Há um progressivo retorno ao cânone clássico de estética, expressão e perfeição espiritual (cânone clássico) e uma maior correcção anatómica. A nível da expressão formal, procura-se transmitir a perfeição espiritual: mãos, rosto e corpo tratados com maior correção anatómica; os cabelos e barbas encaracolados, com mais detalhes. As figuras sagradas (santos, Cristo, Maria) são tratadas com, grande naturalismo das expressões e dos detalhes, numa representação próxima do real, o que sugere uma humanização dos temas bíblicos e das figuras sagradas, o que permite caracterizar a escultura gótica como uma “humanização do céu”. No século XIV, são recorrentes as esculturas que transmitem sofrimento e que representam feridas exageradas ou um Cristo esquelético. Esta expressividade é estimulada pela crise económica e social. A constante presença da morte reflecte-se na arte e representa-se tanto o homem comum com os santos e Cristo em sofrimento. Mais uma vez é patente as influências de Abelardo e de S. Tomás de Aquino: “A sensibilidade é a fonte do conhecimento” 22. Descreve a evolução da escultura tumular. - A partir de 1200, vulgarizaram-se as estátuas jacentes, de início apenas com a intenção de evocar o defunto, deitado, de olhos abertos e de mãos postas sobre o peito em oração, sem pormenorizar os seus traços físicos (utilização de símbolos,inscrições epigráficas, brasões, …) - Em meados do século XIII, aparece o retrato idealizado, com um leve sorriso que ilumina o rosto - No final do século XIV, o morto é representado, muitas vezes,como que enregelado, envolto num lençol ou nu, autênticocadáver em decomposição 23. Refere as principais alterações registadas na pintura gótica. A pintura gótica teve o seu período mais importante no séc. XIV e no séc. XV, durante o qual o Papado se fixou em Avinhão, as repúblicas italianas e o Sacro Império Romano Germânico estavam fragmentados. As variedades regionais dividiam-se pela Flandres e Itália. As características do chamado estilo internacional ou estilo “1400” são as influências bizantinas (dourados e tons brilhantes), preocupação pelo realismo dos rostos e velaturas, a inclusão de paisagens e espaços arquitectónicos, o desenvolvimento da técnica da perspectiva, as imagens ganham volume e a expressão humanizada de Jesus, Maria e santos. Os quadros compostos por dois ou mais painéis eram chamados de dípticos, trípticos ou polípticos. A principal mudança na pintura vai-se dar através da relação desta com a arquitectura; o aparecimento de mais aberturas em detrimento das paredes maciças verificadas no românico obriga ao desenvolvimento da técnica do vitral em vez do mural. Houve também uma tendência por substituir a pintura mural pela pintura sobre madeira (retábulos, painéis, quadros, etc.). 24. Descreve as alterações registadas nas principais técnicas: • Vitral: apogeu: 1200-1260; surge como consequência directa da estrutura do edifício gótico, ocupando o lugar dos murais a fresco; integra-se numa nova forma de celebrar a fé através da Luz: rosáceas e janelas rasgadas (as “igrejas de vidro”); temas: Vida de Cristo; Cenas do Antigo e do Novo testamento; Culto da Virgem
  • 8. • A iluminura: Influências da arte românica e bizantina; aparecimento de iluminadores laicos, a partir de encomendas de nobres e religiosos; representação do espaço: fundo repleto de figuras humanas e animais, apontamentos da natureza e arquitetura; riqueza cromática, dominando ao azuis, contrastados com vermelhos • Pintura - desenvolvimento nos séculos XII, XIV e no início do século XV - a sua principal particularidade foi: • realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, • temas religiosos, • personagens de corpos pouco volumosos, cobertos com muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste. • Representação de Cristo - ao contrário do verificado no românico, deixa de ser o homem sempre vivo, vestido, indolor, passando a ser o homem nu, sofredor, corpo arqueado em sofrimento, que fecha os olhos, aceitando a morte. Verifica-se, portanto, a humanização do divino. 25. Caracteriza a pintura em Itália. • A maior parte das grandes cidades italianas como Florença, Veneza, Milão e Pisa, adquiriram grande autonomia e constituíram-se em cidades-estado, prosperando economicamente e obtendo um enorme desenvolvimento nas artes. Com a ascensão das cidades como centros políticos e económicos autónomos durante o período gótico e com o consequente florescimento da vida urbana acentuara-se o orgulho cívico que causara naturais rivalidades e conflitos entre as cidades-estado italianas. O desenvolvimento artístico conjugou humanismo e espiritualidade e libertou-se definitivamente das influências românicas e bizantinas, antecipando a artedo Renascimento. • em Itália, ao contrário do Norte da Europa,as Igrejas permaneceram largas ebaixas, mantendo superfícies parietais(paredes) compactas.Por essa razão, predominou a tradição da pintura a fresco, conjugada com o uso de retábulos. • Principais pintores: • Cimabue - considerado o último grande pintor italiano a seguir a tradição bizantina • Duccio di Buoninsegna - iniciou uma renovação na artemedieval, estabelecendo uma ruptura com a tradição bizantina. Efetuou a síntese da plástica bizantina com a gótica desenvolvendo um novo género de espaço pictórico. O espaço é uma construção arquitetónica onde habitam as suas personagens, aproximando-se ao “espaço real” através do tratamento volumétrico dos corpos e da tridimensionalidade do espaço. Teve grande influência na formação do estilo Gótico Internacional e influenciou Simone Martini e os irmãos Ambrogio e Pietro Lorenzetti, entre outros. Seu grande rival na época foi Giotto, mestre da Escola Florentina. • Giotto di Bondone - discípulo de Cimabue • Inovou a pintura da sua época com a introdução da perspectiva e com a plena ruptura em relação à arte bizantina (espaço pictórico verosímil): • criação de uma visão pictórica baseada no princípio da imitação (conceito aristotélico) • Antecipa a perfeição matemática da perspectiva renascentista, revelando um grande domínio do desenho e valorizando a luz (iniciação a uma visão racional na representação das coisas e da natureza) • valorização das cores na definição dos corpos das figuras representadas • Humanização das figuras: identificação da mais importante figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum; santos com ar de homem comum, ocupando sempre posição de destaque • Personagens transmitem grande expressividade (pathos emotivo)
  • 9. • visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no Renascimento. • Simone Martini - a sua pintura caracteriza-se pelo rigor e pelas linhas sinuosas, líricas e estilizadas, geralmente sob um fundo dourado, de influência bizantina. As suas personagens revelam intensidade expressiva e dramática. Foi um dos pintores italianos que mais contribuiu para a arte do Estilo Internacional. • Os irmãos Lorenzetti - Pietro (1280-1348), que conjugava monumentalidade e doçura. Ambrogio (1290- 1348), conhecido pelas suas obras repletas de naturalismo, perspicácia, ordenação e uma vista panorâmica da cidade; • Gentile da Fabriano - as suas obras ficaram conhecidas pelo perfeccionismo técnico e formal e brilhante policromia. • António Pisanello - ficou conhecido pelas suas pinturas murais e pelos elegantes retratos 26. Caracteriza a pintura flamenga. No Norte da Europa, nomeadamente na Flandres, onde o desenvolvimento do Gótico foi mais tardio, a pintura revestiu- se de certos aspectos peculiares: - retrato físico e psicológico, de grande realismo - paisagens naturais e arquitectónicas - as cenas sagradas como cenas da vida quotidiana se tratassem. - a perfeição no tratamento de volume e profundidade A arte flamenga reflectiu bem a prosperidade económica e o bem-estar geral da sociedade da época, impulsionadapela importância da burguesia mercantilista. A prosperidade da burguesia nascida do sucesso económico foi um grande impulsionador da arte, uma vez que a posse de uma obra de arte era símbolo de poder e prestígio. Os pintores flamengos responderam com eficácia a esta solicitação, criando uma linguagem plástica capaz de representar a realidade com tanta fidelidade que os seus quadros pareciam autênticos espelhos. Principais pintores • Robert Campin - Também conhecido como mestre de Flémalle, demonstrou uma visão realista do Mundo e representou os santos como pessoas comuns e mortais e os temas religiosos como cenas do dia-a-dia.Possuía uma pintura naturalista, plena de detalhes arquitectónicos e perspectiva • Dirck Bouts - foi um dos primeiros artistas nórdicos a usar o ponto de fuga nas suas composições, que dava profundidade à cena pintada e criava uma perspectiva quase fotográfica.As suas personagensapresentam uma beleza e serenidade intocáveis. • Flandres Hans Memling - pintor conhecido principalmente pelos seus retratos e pela sua pintura gentil e suave e de grande sentido humanístico . • Jan Van Eyck - Lançou as bases de uma nova cultura figurativa. Foi o grande divulgador da pintura a óleo ( de secagem lenta, permitia um trabalho minucioso pelo retoque e sobreposição de camadas, produzindo grande detalhe e realismo) . Permanecem os simbolismos medievais; registava os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua época; grande cuidado com a perspectiva,procurando mostrar os detalhes e as paisagens. • Rogier van der Weyden - Discípulo de Van Eyck, foi o artista mais influente do seu tempo, no Norte daEuropa, tendo influenciado outros pintores. • Hugo Van der Goes - nasceu em 1440 e morreu em 1482. A sua obra caracteriza-se pela tensão dramática, pela sensação de movimento e ritmo e ainda pelasua monumentalidade.
  • 10. • Hieronymus Bosch - Foi a grande excepção dentro do panorama artístico do seu tempo, pelas suas obras de carácter apocalíptico e macabro,repletas de figuras simbólicas e imaginativas e composições bastante complexas. Muitos dos seus trabalhos retratam cenas de pecado e tentação, recorrendo à utilizaçãode figuras simbólicas complexas,originais, imaginativas e caricaturais, muitas das quais eram obscuras mesmo no seutempo. • Matias Grünewald - Foi autor de cenas sagradas expressivas, vigorosas e agonizantes. O tema mais comum é a crucificação de Jesus Cristo. 27. Caracteriza o Gótico em Portugal. Arquitetura: - introduzido no século XIII, domina no Sul do país, permanecendo ligado às ordens monásticas, pelo que se implantou sobretudo nas zonas rurais e se caracteriza pela sobriedade e austeridade. - a introdução do Gótico em Portugal esteve relacionada com a acção da ordem de Cister e dos Dominicanos e Franciscanos. Inicialmente, apresenta características rurais e monásticas, de formas e linhas modestas e simples, em harmonia com a austeridade das ordens mendicantes. Somente nas obras de maior dimensão se desenvolveram programas mais ambiciosos e onde se fizeram sentir as influências internacionais ( Abatida de Alcobaça, Sé de Évora e Mosteiro da Batalha). - as linhas e ormas são modestas e simples: igrejas de 3 naves, central mais alta, separada das colaterais por arcadas de pilares finos; a cobertura é de madeira; abóbadas nervuradas apenas à cabeceira; 3 ou 5 capelas; abside com deambulatório, cobertura com abóbadas de arcos ogivais; frontaria de portal único e com rosácea sobreposta, abrindo sobre o corpo central; transepto saliente; exteriores compactos e fechados; austeridade na decoração exterior; abside com deambulatório; - primeiras construções góticas em Portugal: Mosteiro de Alcobaça, Claustro da Sé Velha de Coimbra; - mosteiro de Alcobaça seguiu a influência da Ordem de Cister que, por sua vez, seguiu o modelo da Abadia de Claraval, fundada por São Bernardo. Caracteriza-se pela sobriedade, solidez e funcionalidade - Mosteiro da Batalha  grande realização arquitectónica gótica portuguesa do séc. XV (período mais importante do gótico português): Planta convencional; as naves do corpo central e do transepto são abóbadadas, divididas por arcadas ogivais, apoiadas em grossos pilares, de colunelos ininterruptos da base ao capitel; uso de arcobotantes laterais, construídos sobre os telhados da cabeceira Pintura: - influências exteriores, assimilando-as de modo próprio e original - pintura sobre madeira, em polípticas destinadas a altares, retábulos e decoração de paredes (a de maior preferência) - temáticas: religiosas - composições ingénuas; demonstraram as dificuldades técnicas experimentadas pelos artistas: erros de representação; figuras esquematizadas; cores muito duras e sem modelado - Nuno Gonçalves – Painéis de S. Vicente: * políptico de 6 tábuas (60 fig. quase em tamanho natural) * objectivo do artista: retrato característico da sociedade portuguesa * realismo do retrato de cada uma das personagens individualizando a figura humana * personalidade bem marcada em cada uma das personagens * obra de ruptura com os padrões góticos tradicionais
  • 11. ESCULTURA ● continuou o programa funcional da escultura românica ● decoração esculpida de suporte, essencialmente, arquitectónico (portais, capiteis, rosáceas) ● tumularia: decoração de túmulos, sarcófagos, etc.  onde se vão desenvolver os principais programas escultóricos ● grandes escolas: Lisboa, Évora e Batalha e a notável escola de Coimbra. Estilo Manuelino ARQUITECTURA - surge no reinado de D. Manuel I, a partir do séc. XV-XVI - Estilo arquitectónico, tipicamente português, associado às Descobertas e à Expansão Marítima portuguesa.Integra-se no Gótico Final, distinguindo-se pelos elementos decorativos exuberantes (nacionalistas, marítimos e naturalistas). Mantém o essencial das estruturas góticas - novos pretextos decorativos à escultura gótica (sobretudo nos portais e fachadas) - afirma-se principalmente ao nível da decoração da arquitectura: ornamentação [decoração] exuberante (quase barroca); tudo aparece representado: - nas fachadas - em ornatos de ombreiras - arquivoltas dos portais - ou em arcos e pilares interiores - motivos decorativos: - naturalistas: troncos, cachos de uvas, folhas de loureiro; - de origem marítima: redes, conchas, cordas, nós, algas - nacionalistas; esfera armilar, Cruz de Cristo, escudo de D. Manuel - arcos quebrados desaparecem, sendo substituídos por arcos polilobados (ferradura ou redondo) - principais construções: Mosteiro dos Jerónimos e Torre de Belém (Lisboa), Igreja da Ordem de Cristo (Tomar) PINTURA - politica de protecção às artes, seguida por D. Manuel I - factores que contribuíram para a evolução da pintura no inicio de Quinhentos: importação de obras da Flandres; fixação em Portugal de pintores flamengos ou a experiencia de alguns portugueses em oficinas estrangeiras - grande produtividade; escolas regionais: Viseu, Coimbra, Évora - as obras eram realizadas de forma colectiva entre mestres, artífices e aprendizes (parcerias) - especializando-se cada um no tratamento especifico de determinados elementos do quadro: a figura humana, as roupagens, os ambientes interiores, as formas arquitectónicas ou paisagens - tratamento realista do retrato e das paisagens - aplicação de coloridos intensos - representação minuciosa dos tecidos, tapetes, peças de ourivesaria (todo o tipo de acessórios que reflectiam o requinte e cosmopolitismo/elegância da sociedade cortesã da época) - apuramento do olhar, interesse pelo sensível e observável - contexto cultural: emergiu um renovado interesse no homem e na sua relação com o mundo - influência flamenga ESCULTURA ● papel predominante que a ornamentação desempenhou na arte manuelina  diversidade formal e plástica no
  • 12. domínio da escultura ● favoráveis condições de trabalho/aumento da encomenda que aqui se verifica
  • 13. ESQUEMA COMPARATIVO: ASPECTOS GERAIS ARTE ROMÂNICA ARTE GÓTICA ØDesenvolveu-se nos séculos XI e XII. ØArte monástica: construções rurais espalhadas pelos campos. ØSubstitui o românico a partir do século XII. ØArte citadina: apareceu com o desenvolvimento do comércio ARQUITECTURA ØPlanta em forma de cruz latina. ØArco de volta perfeita. ØDois tipos de abóbadas: de berço e de arestas. ØGrossos pilares interiores e contrafortes exteriores. ØParedes baixas e grossas. ØPoucas aberturas: apenas pequenas frestas. ØMonumentos escuros, austeros e pesados. ØMantém a planta de cruz latina, mas com naves mais elevadas. ØArco quebrado ou ogival. ØNovo tipo de abóbadas: abóbada sobre cruzamento de ogivas. ØArcobotantes apoiam , no exterior, a nova abóbada. ØJogo de massas verticais; elevadas torres com flechas. ØAltas janelas nas paredes e largas rosáceas nas fachadas, ØMonumentos muito iluminados e com belos vitrais a coar a luz. ESCULTURA ØUm «catecismo de pedra»; meio de pregação dos temas religiosos. ØRepresentação de figuras bíblicas, monstros, demónios, folhagens e motivos imaginários. ØElementos decorativos submetidos à arquitectura. ØMuitas decorações nos portais [tímpanos], fachadas e capitéis. ØMantém os temas religiosos espalhados pelos mesmos locais. ØUso de motivos próprios da vida do homem: flora e fauna da região. PINTURA ØPintura a fresco a decorar as vastas superfícies nuas das paredes e as capelas subterrâneas . ØMuito rica na decoração dos manuscritos ØSubstituição da pintura a fresco pelos vitrais. ØTemas religiosos, mas também profanos [cenas agrícolas, vida de reis, combates]. Influência dos vitrais nas iluminuras FIM