Histórias, Mitos e Aspirações das TIC na Educação em Portugal
1. Histórias,
Mitos e
Aspirações das
TIC na Educação
em Portugal
Conselho Nacional de Educação, 6 de Abril de 2016
Seminário“Aprendizagem,TICeRedesDigitais”
2. 40 anos após !
os primeiros !
debates sobre
computadores !
na educação
mais de 30 anos
após as primeiras
iniciativas
nacionais
A educação estará melhor?
Estamos a formar cidadãos mais !
preparados para o mundo em que vivemos?
3. As TIC só estarão
plenamente
integradas na
educação
quando deixarmos
de precisar de!
falar nelas
5. Histórias,
Mitos e
Aspirações das
TIC na Educação
em Portugal
Conselho Nacional de Educação, 6 de Abril de 2016
Seminário“Aprendizagem,TICeRedesDigitais”
6. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO?
4. CONCLUSÕES
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
7. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO?
4. CONCLUSÕES
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
8. Em Abril de 1985 o Ministro da Educação
recebeu para aprovação um projeto
preparado no próprio ministério, para a
Introdução das TIC no Sistema Educativo
Antes de o aprovar, o ministro
exprimiu o desejo de receber uma
proposta alternativa mais flexível
O projeto criava uma complexa
unidade de gestão no âmbito
do próprio ministério
O MINERVA QUE ESTEVE PARA NÃO SER
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
9. Foi contactado o grupo de Coimbra que
tinha projetado o computador Ener 1000
e geria um projeto de introdução das
tecnologias da informação numa rede
de doze escolas da região Centro
O despacho de criação do MINERVA
reproduz no essencial o texto do telex
O grupo respondeu com a proposta do
Projeto MINERVA, elaborada numa semana
e enviada para Lisboa num longo telex
O MINERVA QUE ESTEVE PARA NÃO SER
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
10. “valorizar activamente o próprio
sistema educativo, em todas as
suas componentes”
“congregação, num esforço
nacional, de todos quantos (...)
queiram empenhar-se numa
solução racional e concertada”
O MINERVA QUE ESTEVE PARA NÃO SER
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
“uma dinâmica de permanente
reavaliação e actualização”
“desenvolver-se de forma
descentralizada”
“em 5 pólos (...), podendo agregar
outros organismos ou instituições
interessadas”
“manter uma estrutura tanto
quanto possível aberta”
“todos os grupos ou instituições
que, identificando-se com o
espírito do projeto, quiserem nele
participar, poderão fazê-lo”
11. 1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
Meios
Informáticos
Na
Educação
Racionalização
Valorização
Atualização
O QUE QUERIA DIZER MINERVA?
12. Do ponto de vista político, um dos
objetivos do MINERVA era o de contribuir
para viabilizar uma indústria nacional
de computadores pessoais
apercebi-me de que esse objetivo era
incompatível com um projeto pedagógico
nacional genuíno, descentralizado e aberto
Ao assumir a coordenação do MINERVA,
e tendo visitado os projetos do Reino
Unido, França, Suécia e Holanda
O MINERVA E O EQUIPAMENTO
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
13. O MINERVA E O EQUIPAMENTO
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
Uma das decisões mais difíceis que
tive de assumir foi, assim, a de
abandonar tal objetivo
O projeto MINERVA manteve-se,
assim, aberto a todas as
políticas de equipamentos
embora desse modo prejudicasse o
meu próprio grupo de investigação,
onde tinha nascido, anos antes, o
primeiro computador pessoal nacional
14. O MINERVA E O EQUIPAMENTO
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
Não faltaram, nos anos seguintes, pressões
fortíssimas no sentido de condicionar o
projecto a um único fabricante
Anos depois, uma grande multinacional colocou
idênticas pressões sobre o nosso governo, propondo
o fabrico de equipamentos para a educação em
Portugal. Levou a mesma resposta.
O governo francês mandou a Portugal, num jato
do estado francês, um adjunto do seu ministro da
educação, que acreditava que podia convencer-me
15. O MINERVA jogou fortemente na
sua imagem internacional
Logo em 1987, organizou, no Luso, o
encontro europeu de decisores políticos
EDITE 87 (Evaluation & Dissemination of
Information Technologies in Education)
MINERVA, EUROPA, UNESCO E OCDE
Manteve também uma forte presença na UNESCO, onde o seu
coordenador foi vice-presidente para a Europa Ocidental do
Programa Intergovernamental de Informática (PII)
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
Também mantinha boas relações com a OCDE, que organizou em
Portugal uma conferência sobre a investigação escolas/universidades
16. Modelo de difusão gradual
(versus “big-bang”)
Modelo de confiança (versus
desconfiança)
ESTRATÉGIA E ORGANIZAÇÃO DO MINERVA
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
Modelo de descentralização,
autonomia e iniciativa das partes
(versus centralização)
Modelo de abertura (versus
exclusão)
Modelo de diversidade (versus
uniformidade)
Modelo de organização e gestão
fundado nas teorias das
organizações como ecossistemas
sociais adaptativos complexos
Nos sistemas sociais adaptativos
complexos, o todo é mais do que
as partes e a inovação surge
por fenómenos de emergência
A inovação por emergência
exige abertura, auto-organização,
diversidade e interação
17. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO?
4. CONCLUSÕES
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
18. 2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
Visão rudimentar
da educação
mas hoje ainda
mais acentuada
consolidada
no século XIX
MITO DA EDUCAÇÃO PARA A COGNIÇÃO
e em contradição
com o mundo real
WorldEconomicForum,Março2016
ESCOLA
19. Modelo industrial do século XIX
Para um mundo de diferença
e complementaridade
a escola está a
produzir uniformidade
MITO DA UNIFORMIZAÇÃO
Última onda: generalização da
programação nas escolas
Quanto mais iguais, mais
baratos para os recrutadores
e mais desempregáveis
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
20. Adestrados para serem:
• ouvintes, em vez de
concretizadores
• seguidores em vez de líderes
• conservadores em vez de inovadores
• imitadores em vez de criadores
• analistas em vez de projetistas
• dependentes em vez
de autónomos
MITO DA UNIFORMIZAÇÃO
http://leading-learning.blogspot.com/
SAI DA JANELA!
PREPARA-TE
PARA O
MUNDO!
MAS O
MUNDO
ESTÁ
ALI !
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
21. Mito do Martelo de Maslow
Visão instrumental das TIC,
em vez de visão sociocultural
MITO DO INSTRUMENTO
Projetos não deviam centrar-se
nas TIC, mas sim na educação
“Para quem tem um martelo
na mão, tudo parecem pregos”
http://blog.xuite.net/metafun/life/
Muitos dos títulos dos projetos de
investigação revelam esta distorção
... e as questões de investigação
também a revelam!...
Mito das TIC como instrumentos
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
22. Enquanto as experiências pedagógicas
ditas inovadoras se centrarem
na utilização pedagógica mais ou
menos instrumental de computadores,
tabletes, telemóveis, Web ou redes sociais
e não numa educação mais alargada,
mais sustentável, mais duradoura,
mais transformativa, mais cidadã
MITO DO INSTRUMENTO
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
23. que convoque as TIC na exata
medida em que elas são do mundo
de hoje, mas não mais do que isso
as TIC continuarão a
dominar artificialmente as
agendas de investigação
e a adiar a urgente renovação
da educação e das pedagogias
MITO DO INSTRUMENTO
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
24. MITO DA INOVAÇÃO INCREMENTAL
os sistemas educativos
são redes de atores
que se reforçam mutuamente,
em configurações estáveis
Do ponto de vista da
sociologia da inovação
A cristalização destas
configurações
impede a mudança
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
25.
26. não é possível produzir
inovações com efeito duradouro
A inércia dos sistemas dilui
ou distorce as inovações
Alguns peritos em inovação
dizem que nestes ecossistemas
sociais conservadores
e converte-as para
a uniformidade reinante
MITO DA INOVAÇÃO INCREMENTAL
É como regar no deserto
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
27. é o da inovação disruptiva
Clayton Christensen defende que o
percurso ideal para a inovação
nos sistemas educativos
MITO DA INOVAÇÃO INCREMENTAL
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
McGraw-Hill, New York, 2008
que crescem discretamente
nas margens dos sistemas
As inovações disruptivas
dirigem-se a quem não têm
outras soluções
28. MITO DA INOVAÇÃO INCREMENTAL
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
McGraw-Hill, New York, 2008
Quem as usa gosta delas,
apesar das limitações, porque
não há alternativa
No entanto, rapidamente
ganham força, em contextos
onde não têm concorrência
e acabam por substituir
as soluções tradicionais
Germinam, com carácter
exploratório, em contextos
pouco exigentes
29. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO?
4. CONCLUSÕES
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
30. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
Nem é o de desenvolver nos jovens
presumíveis “competências digitais”
onde todos competem com todos, sem
fronteiras, e onde a sobrevivência de cada um
depende da sua capacidade para criar valor,
com determinação, resiliência e inovação
O problema central da educação não é, hoje,
o de integrar as TIC na aprendizagem
O problema central da educação é o de
preparar os cidadãos para um mundo
globalizado, complexo, de mudança,
centrado no conhecimento
31. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
As TIC são centrais para confrontar
este desafio, mas os projetos da sua
integração na aprendizagem têm falhado
Não se trata apenas de mudar de um
modelo de educação que não integrava as
TIC para um modelo que as incorpora
O que está em causa é uma mudança
profunda, e crescente, do modo de funcionar
das sociedades e das economias
Há dificuldade em inovar de forma
sustentável em sistemas sociais
complexos, como os educativos
32. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
NÃO FAZEMOS IDEIA
DE COMO SERÁ O
MUNDO DE AMANHÃ!
33. Como se estabelece um
processo de acompanhamento
orgânico e reflexivo
Quem ensina quem?
quem analisa as dificuldades,
avalia consequências e
clarifica como progredir?
Num mundo em rápida
mudança, quem sabe
como prosseguir?
3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
34. No essencial, seria ideal que os projetos
mais dirigidos para a utilização instrumental
das tecnologias seguissem o exemplo dos
projetos – felizmente abundantes no meio
nacional – que se centram nas mudanças
culturais e de práticas pedagógicas
num mundo de tecnologias
3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
35. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
Uma espécie de MINERVA, não para as
TIC, mas para a educação do século XXI
Possivelmente financiado pela FCT
e pela Agência de Inovação
Idealmente suportado por um forte
financiamento europeu criado para o efeito
Teria a função adicional de recuperar a
auto-estima dos professores e recuperar a
sua dedicação a uma educação de qualidade
Mas seria importante um projeto nacional
de incentivo à renovação da educação
36. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
• processos sustentáveis
de inovação incremental,
no próprio sistema
• iniciativas de inovação
disruptiva desenvolvidas
nas periferias do sistema
Seria apoiada por um processo
orgânico e coerente de
acompanhamento reflexivo
Promoveria uma estratégia
coerente de mudança cultural,
que estimulasse:
37. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
Assentaria em parcerias
duradouras entre unidades
de investigação e
comunidades escolares
em torno de projetos de
investigação-ação e de
investigação-baseada-em-projetos
conduzidos por equipas
mistas, de investigadores e
professores das escolas
38. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO
Seriam avaliados e
financiados tendo em conta
a sua contribuição para:
• a mudança cultural
do sistema
• a consolidação de práticas
escolares inovadoras
• o enriquecimento
sustentado das didáticas
39. Ofereceriam igualmente:
• Oportunidades para mestrados
e doutoramentos “no terreno”
• oportunidades “autênticas” para
a avaliação de professorses
• Alternativas contextuais
à formação de professores
5. UMA SOLUÇÃO
40. 3. QUE FUTURO PARA AS TIC NA EDUCAÇÃO?
4. CONCLUSÕES
2. TIC NA EDUCAÇÃO – MITOS DE ONTEM E DE HOJE
1. MEMÓRIAS DA DEUSA SEM PÉS DE BARRO
41. está chegada a hora de
esquecer a questões
menores do seu uso
instrumental na educação
5. CONCLUSÕES
30 anos depois da
introdução das TIC na
educação em Portugal
42. e construir uma educação
mais alargada, sustentável,
duradoura, transformativa,
solidária e cidadã
5. CONCLUSÕES
que convoque as TIC na
exata medida em que elas
são do mundo de hoje, mas
não mais do que isso
44. Histórias,
Mitos e
Aspirações das
TIC na Educação
em Portugal
Conselho Nacional de Educação, 6 de Abril de 2016
Seminário“Aprendizagem,TICeRedesDigitais”
FIMSlides em:
www.slideshare.net/
adfigueiredoPT