3. Reconhecimento
Em 1962 me deparei com dois livros: “Tudo e Todas as
Coisas” escritas por Gurdjieff e “Em Busca do Milagroso”,
por Ouspensky.
Tratavam de um conhecimento antigo que todavia era
supostamente conservado e seguido no oriente; a base do
verdadeiro conhecimento e do significado e progresso da
humanidade.
4. Descobri que este conhecimento fora trazido ao Ocidente por
Gurdieff e seu discípulo Ouspensky, ambos russos.O material
original havia sido colecionado pelo primeiro durante as
viagens e estadias no oriente.
Quando tentei entrar em contato com eles, soube que Gurdieff
havia morrido em 1949 e Ouspensky em 1947.
Pacientes investigações mostraram entretanto que
havia um número bastante grande de pessoas que
acreditavam no Tashkil (sistema) (método, forma, enunciado)
e que nunca haviam se reunido totalmente. Tais chefes, que
restaram após a morte dos dois anteriormente mencionados,
seguem seus estudos com tanta energia quanto lhes era
possível.
5. Foi-me dito haver uma forte impressão de que o Tashkil não
era um amálgama de princípios e práticas. Pelo contrário,
aparentemente podia ser reconhecido em várias religiões,
pois tais pistas constituíam na verdade os fragmentos deste
sistema básico, conhecido e aplicado somente por
especialistas.
Um estudo intensivo destes dois livros me fez compreender,
que seguindo as insinuações neles contidas, eu teria a
oportunidade de encontrar uma ou várias das pessoas que
estavam mais perto da origem do que aquelas envolvidas
com o “Trabalho” na Europa.
6. Apresento aqui minha forma de proceder e as insinuações
com que trabalhei:
Hassein (Hussein) era o nome de um personagem
importante no primeiro livro. Ele era o neto da pessoa que
dava a instrução. Portanto busquei no ensinamento oriental
um Hussein histórico que fosse considerado um detentor do
conhecimento secreto, e que fosse neto de um mestre
espiritual.
Havia somente um Hussein, o neto de Maomé o profeta, que a
paz esteja com ele. A tradição oriental mostra que Hussein
passou o ensinamento secreto a seus descendentes.E se fosse
este o ensinamento secreto que eu estava buscando, quem
seria seus guardiões contemporâneos? Primeiro busquei, em
minha ignorância da tradição islâmica, algum rastro dos
descendentes de Hussein. Logo encontrei que havia muitos.
7. Através de Hussein, qual dos descendentes de Maomé
devia buscar? Retornei ao livro de Gurdieff a ao outro. Suas
viagens o haviam levado a muitos países da Ásia Oriental (As
Sahrg al-Osat). A maioria dos paises muçulmanos da Ásia
Central estavam sob domínio comunista e os eliminei como
possibilidades práticas. Os lugares ainda livres então incluíam
o Afeganistão. Gurdieff havia mencionado o rio Amu Daria e
também o Kafiristão. Decidi procurar qualquer família de
Sayeds (descendentes de Maomé) que vivesse no Afeganistão,
ao sul do Amu Daria e em direção ao Kafiristão.
Havia outra característica que decidi buscar em tal
família ou grupo: possuiriam ou estariam associados com uma
tradição dos derviches. Aqui tive um golpe de sorte.
8. Os derviches giradores foram fundados por Jalal-Udin Rumi,
que nasceu no Afeganistão. Descobri que seus ensinamentos
provinham de dois mestres, Attar (o perfumista) e Sanai (o
Afegão) os quais descobri serem mestres de uma importante
escola derviche, os “Naqshbandi”. Naqsh-band significa
“fazedores de impressões”. “Impressão” era uma palavra
muito utilizada no ensinamento.
A palavra Derviche, como soube, era uma palavra persa
que queria dizer “alguém que espera na porta”. É uma
tradução do árabe, “Sufi”, palavra provavelmente mais antiga.
Um informante me disse que, no Afeganistão, “derviche” quer
dizer um Sufi em certa etapa dos estudos. Desta forma eu
poderia usar a palavra Sufi para descrever o que estava
buscando. Cheguei a Kabul, a capital do Afeganistão, sem
conhecer o idioma e sem nuca ter estado na Ásia.
Imediatamente perguntei no Hotel Kabul onde poderia
encontrar “O Sufi”.
9. Para minha surpresa soube que embora houvesse muitos
grupos de sufis no país, seguindo diferentes linhas de
investigação (Tahgigat), havia apenas um homem conhecido
como Sufi. Este era: Sufi Sahab: Sufi Abdul-Hamid Khan,
mestre da real Casa da Moeda Afegã, um personagem idoso
e importante. Encontrei-o sem dificuldade em sua
repartição.Era pequeno, bondoso e estava executando um
desenho complicado para alguma gravação. Não falava
Inglês. Através de um intérprete lhe disse que estava
buscando pessoas com as seguintes características:
Descendentes de Maomé, derviches Sufis, que vivessem ou
ensinassem no Afeganistão, em seu próprio estabelecimento
ou sede geral, pertencendo á ordem Naqsbandi ou da
Persuasão (Mashab) e provavelmente para o lado leste
(Kafiristão) do país.
10. Meu tradutor, antes de colocar isso em persa afegão,
exclamou: “Existe somente um Clã como esse. È a família Ali
Shah de Parwan e Kunar, entre este lugar e o Kafiristão.
Kafiristão é o nome antigo. O país agora se chama Terra da
Luz, Nuristão.
Eu estava enormemente excitado.
O Sufi me convidou a cear pilão em sua casa, depois de haver
confirmado o que o jovem dissera. Sufi, um dos mais famosos
homens do Afeganistão, era um seguidor deste ensinamento.
Também o eram Cardar Acém Kham, o tio do rei e Sardar
Shah Mahumud Kahn, o Primeiro-ministro.
Sufi me perguntou porque eu queria saber a respeito daquelas
pessoas. Disse que, segundo alguns escritos que eu tinha visto
em Londres, esta era uma fonte de ensinamento antiga, que
poderia ser valiosa para o mundo ocidental.
11. Sufi me perguntou se eu tinha perguntas a fazer.
Experimentei-o com cinco perguntas que eu
acreditava serem fundamentais para o ensinamento,
como eu o conhecia. Reconhecia ele:
Um diagrama de nove pontos.
Um “stop” ou pausa.
Recordar a si mesmo.
Os diferentes “eus” (Khudi-ha) de uma pessoa.
O valor da consciência.
Explicou que a figura de nove lados, entre outras coisas,
representava a letra T (to-ay), símbolo do infinito e
também do conhecimento interno.
12. O “stop” era uma atividade (wasifa), uma das onze regras
da ordem Naqshbandi e era chamado a “parada do
tempo”. Outras das regras era o “Yad-Mun”: Recordar a
si mesmo. Ele nomeou os “eus” cambiantes e outros pontos
que coincidam com a teoria dos “diferentes eus”.
Consciência, embora não fosse uma das regras, era o
primeiro ensinamento, aplicado aos discípulos antes de
serem admitidos a um curso dos estudos.
A coincidência era completa em todos os aspectos.
Era evidente que eu estava na pista correta.
Estou reconstruindo os passos que percorri naquele tempo,
porque fui convidado a fazê-lo e porque me dou conta de
quão importante é faze-lo. Não se deve pressupor que meu
estado atual seja semelhante àqueles que me encontrava
anteriormente, ao realizar as investigações.
13. Naquela ocasião eu estava trabalhando de uma maneira
inteiramente racional. Ignorava as possibilidades da
percepção direta do fato. Por esse motivo usei os
instrumentos, os meios que estavam ao meu alcance, para
encontrar a pista dos mestres, através do que de fato são
métodos normais de investigação. Hoje em dia minha
abordagem e a história seriam diferentes. Aqueles que
lerem estas palavras, fruto da mentalidade de um estado
anterior, devem recordar que mesmo que este seja o estado
no qual eles se encontram neste momento (sua estação), o
meu já não é o mesmo. O deles também passará por uma
mudança através da qual, por meio da percepção direta,
poderão ver as origens de seu ensinamento e manter
contato com ele, sem os métodos primários que usamos
atualmente ´para fazer intercâmbios.
14. Bibliografia:
Textos Sufis (Kalendar Ediciones, Nunes 25300, Buenos Aires) tradução Grace Alves Ferreira (Edições Derv
Meus agradecimentos á amiga Vanda Blazina pelos meios que tornaram possível esta pequena apresentação
uma grande obra Sufi.
www.apollo.org -Centro de Porto Alegre