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100 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Ochoa-Vigo K, Pace AE.
Pé diabético:
estratégias para prevenção
Kattia Ochoa-Vigo1
Ana Emilia Pace2
Ochoa-Vigo K, Pace AE. Pé diabético: estratégias para prevenção. Acta Paul Enferm 2005;
18(1):100-9.
RESUMO: Aproximadamente 50% das amputações não-traumáticas em membros inferiores
ocorrem entre pessoas com diabetes. As amputações são precedidas por úlceras, caracteriza-
das por lesões cutâneas, com perda do epitélio, que podem estender-se até a derme ou chegar
a tecidos profundos. As úlceras, geralmente, são acompanhadas de insensibilidade por neuropatia
periférica crônica e associadas a pequenos traumas que se originam do uso de calçados
inapropriados, dermatoses comuns ou manipulações incorretas dos pés. O objetivo deste estu-
do é descrever as principais estratégias para avaliar fatores de risco que conduzem ao desen-
volvimento de complicações nos membros inferiores entre pessoas com diabetes, bem como
considerá-las uma responsabilidade da equipe de assistência primária. É um trabalho de revisão
da literatura, com ênfase na avaliação dos pés como medida preventiva fundamental, para
identificar, precocemente, as alterações neurológica e vascular periféricas e disfunções
biomecânicas. Destaca-se a avaliação dos calçados como fator externo.
Descritores: Diabetes mellitus; Fatores de risco; Pé diabético
• Artigo recebido em 06/04/04 e aprovado em 13/08/04
1
Doutoranda do Programa Interunidades da Escola de Enfermagem e Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de
São Paulo. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP. E-mail: kovpe@latinmail.com
2
Professora Doutora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. E-mail: aepace@eerp.usp.br
INTRODUÇÃO
Denomina-se pé diabético um
estado fisiopatológico multifacetado,
caracterizado por lesões que surgem
nos pés da pessoa com diabetes e
ocorrem como conseqüência de
neuropatia em 90% dos casos, de
doença vascular periférica e de de-
formidades (1)
. As lesões geralmente
decorrem de trauma e freqüente-
mente se complicam com gangrena
e infecção, ocasionadas por falhas no
processo de cicatrização(2-4)
as quais
podem resultar em amputação, quan-
do não se institui tratamento preco-
ce e adequado (1)
.
Cinqüenta por cento das ampu-
tações não-traumáticas de membros
inferiores são atribuídas ao diabe-
tes (2,5-6)
e o risco de amputação é
15 vezes maior do que na popula-
ção geral(7)
. Três anos após ampu-
tação de um membro inferior, a por-
centagem de sobrevida do indivíduo
é de 50%, enquanto, no prazo de
cinco anos, a taxa de mortalidade
permanece de 39% a 68% (8)
. Estu-
do com pessoas diabéticas hospita-
lizadas, recentemente publicado,
apresentou resultados semelhantes
a esses (9)
.
Dados da América do Norte in-
dicam que de 9% a 20% das pesso-
as com diabetes precisaram ser sub-
metidas a uma segunda amputação,
após doze meses da primeira, e que,
nos cinco anos seguintes à amputa-
ção inicial, de 28% a 51% dos que
sobreviveram precisarão submeter-
se a uma segunda intervenção no
mesmo membro (8)
. Outro estudo,
entretanto, reportou um reduzido
percentual de novas e maiores am-
putações no mesmo membro ou
no contralateral, resultados que po-
dem ser atribuídos ao processo
educativo instituído aos participan-
tes, abordando cuidados com os pés,
bem como fornecimento de órtese
aos mesmos (9)
.
101Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Pé diabético: estratégias para prevenção
Estudo realizado no município
do Rio de Janeiro, mediante a técni-
ca de captura-recaptura, quando
comparada à vigilância passiva, en-
controu incidência sete vezes maior
na população diabética entre 55 e 74
anos, do que na população geral. A
estimativa anual de amputações mai-
ores de membros inferiores na po-
pulação geral foi de 31,3/100.000
habitantes, porém, quando relacio-
nada ao diabetes, a cifra elevou-se
para 209/100.000 (10)
.
Freqüentemente, as amputações
nas pessoas com diabetes são pre-
cedidas de úlceras(1,3,5,11-12)
, caracte-
rizadas por lesões cutâneas com per-
da do epitélio, as quais se estendem
até a derme ou a atravessam e che-
gam aos tecidos mais profundos(6,13)
,
envolvendo algumas vezes ossos e
músculos (14)
.
As úlceras em pessoas com di-
abetes são responsáveis por grande
percentual de morbimortalidade e
hospitalização (4)
e têm um período
de internação 59% mais prolongado
que as pessoas com diabetes sem
processos ulcerativos(6)
. O gasto
com as úlceras na fase prodrômica
aumenta de 1,5 a 2,4 vezes, se com-
parado ao dispendido com pessoas
sem úlceras, e, quando o problema
se instala, este custo eleva-se a 5,4
vezes (15)
, duplicando o índice de
mortalidade dessas pessoas (16)
.
As hospitalizações causadas por
pé diabético geralmente são prolon-
gadas e recorrentes, exigindo gran-
de número de consultas ambula-
toriais e necessidade de cuidado
domiciliar(15,17)
. O processo de cica-
trização das lesões ocorre de seis a
14 semanas, requerendo um perío-
do de hospitalização de 30-40 dias,
em países desenvolvidos, enquanto,
no Brasil, essa média fica em torno
de 90 dias(1)
.
Observa-se que 85% dos casos
graves que necessitam de hospitali-
zação são causados por úlceras su-
perficiais ou lesões pré-ulcerativas,
as quais apresentam diminuição da
sensibilidade devido à neuropatia di-
abética. Esses casos estão associa-
dos a pequenos traumas originados
por uso de calçados impróprios,
dermatoses comuns, manipulações
incorretas dos pés ou unhas, seja pela
própria pessoa ou por outras não
habilitadas (11)
.
As lesões do pé diabético resul-
tam da combinação de dois ou mais
fatores de risco que atuam conco-
mitantemente e podem ser desenca-
deadas, tanto por traumas intrínse-
cos como extrínsecos, associados
à neuropatia periférica, à doença
vascular periférica e à alteração
biomecânica (1)
.
A neuropatia periférica consti-
tui-se no fator significante nesses
casos, conduzindo à lesão/ulceração
do membro inferior. Encontra-se
presente em aproximadamente 80%
a 85% dos casos (1,18)
e pode com-
prometer as fibras sensitivas, as
motoras e as autonômicas. O com-
ponente sensitivo produz perda gra-
dual da sensibilidade à dor, percep-
ção da pressão plantar, temperatura
e propriocepção. Quanto ao compo-
nente motor, este contribui para
atrofia e fraqueza dos pequenos
músculos dorsais, desencadeando
desequilíbrio nos tendões flexores e
extensores, deformidades e altera-
ções no modo de caminhar. Já o
componente autonômico reduz ou
suprime o suor nos pés, deixando-
os secos e predispondo-os a racha-
duras e fissuras, além de desenca-
dear alterações arteriovenosas(1,13,18)
.
No que diz respeito às mudanças
neuropáticas em geral, estas afetam
primeiramente os pés e, poste-
riormente, progridem em direção à
perna (19)
.
O mecanismo da neuropatia di-
abética não está claro, porém é atri-
buído à deterioração da função do
nervo, subjacente às anormalidades
metabólicas e isquemia endoneural
da circulação microvascular. Quan-
do a neuropatia periférica se instala,
é irreversível, portanto, é particular-
mente importante que pessoas com
diagnóstico recente tenham precau-
ção em relação à sua progressão,
mantendo adequado controle
glicêmico (19)
.
No que se refere à doença
vascular periférica, esta representa
uma das principais causas de com-
prometimento das úlceras nos pés
das pessoas com diabetes, devido à
aterosclerose das artérias periféricas.
Esta doença é quatro vezes mais pro-
vável de ocorrer em pessoas com
diabetes do que na população em
geral e sua incidência aumenta gra-
dualmente com a idade e com a du-
ração da doença (20)
. Constitui-se em
importante fator de risco para ulce-
ração e amputação, devido ao com-
prometimento da perfusão sangüínea
em membros inferiores, pois priva
os tecidos de adequado fornecimen-
to de oxigênio, nutrientes e antibió-
ticos que prejudica a cicatrização das
úlceras, podendo conseqüentemen-
te levar à gangrena(4)
.
Em pessoas com diabetes, é
comum o aparecimento precoce do
processo aterosclerótico da doença
vascular periférica, o qual pode pro-
gredir mais rapidamente do que na
população geral(20)
. Este processo
aterosclerótico acelerado produz
hipercoagulação e aumento da resis-
tência vascular (20-21)
, precipitando a
obstrução das artérias e arteríolas
distais que, conseqüentemente, difi-
culta o fluxo sangüíneo. Inicialmen-
te são obliteradas as pequenas arté-
rias tibial e peroneal, na altura do
joelho e do tornozelo, que podem
ser agravadas pelo tabagismo e
dislipidemia (20)
.
Após trauma, pode surgir uma
úlcera dolorosa essencialmente
isquêmica ou neuroisquêmica, às
vezes indolor, quando associada à in-
sensibilidade. Os dedos podem tor-
nar-se isquêmicos ou necrosados
diante de trombose séptica, traumas,
edemas leves ou infecções por com-
prometimento de arteríolas semi-
ocluídas (1,13,18)
. Podem-se identificar,
nessa situação ainda, pulsos nas ar-
térias dorsais do pé ou tibial posteri-
or, mesmo em presença de isquemia
102 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Ochoa-Vigo K, Pace AE.
nos dedos, pois nem sempre a do-
ença dos grandes e pequenos vasos
progride na mesma velocidade (20)
.
Em conseqüência da perda da
sensibilidade protetora devido à
polineuropatia simétrica distal asso-
ciada ao diabetes, podem associar-
se a este quadro fatores de risco rela-
cionados à biomecânica da marcha,
causando/agravando lesões nos pés
pelo trauma repetitivo.
Entre as alterações biomecâ-
nicas, estão as relacionadas com o
movimento do corpo, incluindo as
forças verticais, horizontais e de aco-
modação. Na mensuração da
biomecânica corporal, destacam-se
a força-reação do solo e a distribui-
ção da pressão plantar que ocorreu
durante a fase de apoio (22)
. Qualquer
limitação, na extensão do movimen-
to das articulações do pé, interrom-
pe a mecânica da marcha, o que leva
a pessoa a desenvolver um passo
disfuncional o qual, certamente, pro-
duzirá um dano estrutural maior no
pé (13)
.
Nas pessoas com neuropatia
periférica, as deformidades ósseas
desenvolvidas nas cabeças meta-
tarsianas dos pés e no antepé repre-
sentam áreas de excessiva pressão
durante a fase de propulsão do
calcâneo e de apoio plantar no ciclo
da marcha (13)
. Isso porque, quando
o calcâneo se eleva do chão, trans-
fere-se o peso do corpo para o
antepé e dedos. Assim, a força de
pressão gerada depende da veloci-
dade na marcha, ou seja, quanto
maior a velocidade, maiores serão a
força de reação e a pressão.
Normalmente, a região plantar é
protegida por um coxim adiposo, o
qual dissipa as forças do peso para
todas as direções. Portanto, deslo-
camentos ou atrofias nesses coxins
provocarão aumento da pressão
debaixo deles, principalmente sob as
cabeças metatarsianas com defor-
midade rígida, elevando a pressão
nessa região (13)
. Dessa forma, se a
magnitude de forças for suficiente-
mente elevada em uma região plan-
tar, a ocorrência de qualquer perda
de pele ou hipertrofia do estrato
córneo (calos) aumentará o risco de
ulceração por duas ordens de mag-
nitude (13)
.
Entende-se que o risco de ulce-
ração é proporcional ao número de
fatores de risco (23)
, e que estes au-
mentam 1,7 vez em pessoas com
diagnóstico de neuropatia periférica,
subindo para 12 vezes em pessoas
com neuropatia e deformidade do pé
e para 36, naquelas com neuropatia,
deformidade e amputação prévia,
quando comparadas a pessoas sem
fatores de risco (13)
.
Com base nas múltiplas causas
que favorecem o desencadeamento
de lesões e ulcerações nos pés de
pessoas com diabetes e reconhecen-
do a vulnerabilidade das mesmas
para amputações de membros infe-
riores, é que se reforça a necessida-
de de compreensão desse complexo
processo pela equipe multiprofis-
sional, para que ela se envolva com
os mesmos.
Assim, ao se avaliar uma pes-
soa com diabetes, enfatizando-se a
prevenção das complicações nos pés,
o profissional deve buscar não só a
influência dos fatores que poderão
estar envolvidos direta ou indireta-
mente na instalação dessas compli-
cações, mas também as conseqüên-
cias destes na vida da pessoa, des-
tacando-se, principalmente, o con-
trole do diabetes. No atendimento a
essa clientela, o profissional deve
incluir um exame minucioso dos pés,
levando em consideração as carac-
terísticas da pele e fâneros (24)
, se-
gundo as propostas apresentadas na
literatura e os recursos disponíveis.
Com base no exposto, este es-
tudo tem como objetivo descrever
as principais estratégias utilizadas na
avaliação dos membros inferiores
das pessoas com diabetes, destacan-
do os achados que indicam a pre-
sença dos fatores de risco que le-
vam a complicações em pés, a fim
de integrar essas estratégias nos pro-
gramas implementados pela equipe
de assistência primária direcionados
a essa clientela.
Trata-se de uma revisão da lite-
ratura nacional e internacional, com
inclusão de estudos descritivos e
experimentais relevantes, localizados
em bases eletrônicas de dados e re-
ferências citadas. Consideraram-se
estudos que poderiam subsidiar a
prática profissional, ou seja, incluir
estratégias e ações que identificas-
sem, precocemente, as pessoas em
condições de risco, visando a con-
tribuir para a melhoria do prognósti-
co da doença e qualidade de vida.
AVALIAÇÃO DOS PÉS
EPREVENÇÃODE
COMPLICAÇÕES
Estudos vêm ressaltando a ne-
cessidade de os profissionais de saú-
de avaliarem os pés das pessoas com
diabetes de forma minuciosa e com
freqüência regular, bem como desen-
volverem atividades educativas, vi-
sando a melhorar o autocuidado,
principalmente a manutenção de um
bom controle glicêmico(1,2,4,19,21,25-31)
.
A avaliação dos pés constitui-se
em passo fundamental na identifica-
ção dos fatores de risco que podem
ser modificados, o que, conseqüen-
temente, reduzirá o risco de ulcera-
ção e amputação de membros infe-
riores nas pessoas com diabetes (30)
.
Autores destacam que a dimi-
nuição da sensação protetora, carac-
terizada pela redução da sensação
dolorosa de trauma na pele(3,32-37)
,bem
como a ausência parcial ou total do
reflexo Aquileu(14,26,38-39)
constituem
sinais precoces de futuros proces-
sos ulcerativos nos pés, significan-
do alto risco para o desenvolvimen-
to de complicações. Ambas as alte-
rações podem ser avaliadas median-
te testes que utilizam vários tipos
de instrumentos, desde os mais so-
fisticados aos mais simples. Um de-
les é o monofilamento Semmes-
Weistein (SW) 5.07 e outro o
biotesiômetro (VPT) que associados
constituem os melhores preditores
103Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Pé diabético: estratégias para prevenção
de processos ulcerativos em pesso-
as com diabetes, atingindo uma
sensibilidade de 100% e uma
especificidade de 77% (40)
.
O monofilamento SW é um ins-
trumento manual que contém uma
fibra de náilon com força de 10
gramas, sendo aplicado à sola do pé,
a um ângulo de 90 graus (36)
, medi-
ante a técnica da resposta sim-não
ao toque do aparelho em 10 regiões
do pé (primeiro, terceiro e quinto dí-
gitos plantares; primeira, terceira e
quinta cabeça dos metatarsos plan-
tares; laterais esquerda e direita do
meio plantar; calcâneo e dorso entre
primeiro e segundo dedos). A técni-
ca instrui a pessoa a dizer sim, a
cada vez que perceber a aplicação
da fibra. Ainabilidade,paradistinguir
o monofilamento SW em quatro
pontos ou mais, é indicativa de
perda da sensação de proteção(37,40-41)
.
O VPT é um dispositivo manual
que contém um sensor que vibra a
100 Hz ao entrar em contato com a
pele, conectado a uma unidade-base
por meio de um cordão elétrico. Esta
unidade possui uma escala linear
expressa através de voltagens que
oscilam entre 0 (zero) e 50 (cinqüen-
ta) volts. O dispositivo, aplicado à
polpa do hálux, começa a se balan-
cear verticalmente e a voltagem vai
aumentando na unidade-base até que
a pessoa seja capaz de perceber a
vibração(40)
. O padrão de vibração
considerado normal é menor que 25
volts e as voltagens com vibrações
mais intensas ou iguais indicam com-
prometimento neuropático(35,37,40,42)
.
O custo estimado do VPT é ele-
vado, em comparação ao monofi-
lamento SW, girando em torno de
U$ 400,00 (quatrocentos dólares) no
mercado internacional, ao passo que
o monofilamento SW pode ser en-
contrado no mercado nacional por
R$ 7,40 (sete reais e quarenta cen-
tavos). Por essa razão, o monofila-
mento SW é o instrumento portátil
mais utilizado para identificar o
comprometimento da sensibilidade
protetora plantar, como sinal indi-
cativo de neuropatia periférica, seja
pelo seu custo-efetividade ou pela
maior reprodutibilidade demonstra-
da em estudos prospectivos (43)
.
Cabe destacar que o monofila-
mento SW perde sua calibração após
uso repetitivo e, em conseqüência
disso, pode subestimar a incidência
da perda da sensação protetora. Para
controlar essa limitação, recomen-
da-se deixá-lo em restauração duran-
te 24 horas, após aplicação em 10
pessoas (21)
. Na prática, é possível
observar-se diminuição da força do
monofilamento SW em menor nú-
mero de aplicações, fato que pode
estar relacionado à influência do cli-
ma tropical, à qualidade do produto
e à técnica utilizada. Por tais moti-
vos, os profissionais devem tomar
providências que garantam a utiliza-
ção segura do aparelho para uma
avaliação efetiva.
As pessoas da terceira idade
apresentam (pelo próprio processo
do envelhecimento) diminuição da
sensibilidade protetora, o que não
está relacionado, necessariamente,
com a neuropatia periférica. Por isso,
ao fazer a avaliação dessa clientela,
o profissional deve considerar as
características da pele à procura de
sinais de desidratação, fissuras e di-
minuição da transpiração em mem-
bros inferiores (27)
, bem como de
descamação.
Mediante a importância da ava-
liação clínica da sensibilidade
vibratória, alguns autores (14,44)
reco-
mendam utilizar o diapasão de 128
Hz, instrumento manual semiquan-
titativo que deve ser aplicado, de
forma perpendicular, sobre a parte
óssea dorsal da falange distal do
hálux. Frente à incapacidade da per-
cepção de vibração, o teste deve ser
repetido em segmentos mais próxi-
mos, como o maléolo ou tubero-
sidade da tíbia. O teste é qualificado
como positivo (sensibilidade vibra-
tória preservada) quando, após três
aplicações, a pessoa responde,
corretamente, a pelo menos duas
indagações (44)
.
Quanto ao reflexo Aquileu, este
pode ser avaliado ao se colocar a
pessoa ajoelhada sobre a margem de
uma cadeira com respaldo, e o exa-
minador por trás posicionará o pé
em suave dorsiflexão, de modo a
causar estiramento muscular, e per-
cutirá no tendão (45)
.
Outro aspecto a se considerar
na avaliação é a alteração biomecâ-
nica ou osteoarticular dos pés(30,32,46)
.
Essa alteração poderá produzir de-
formidades estruturais (hálux valgo,
pododáctilos em garra, pé plano, pé
cavo), expondo os pés a uma distri-
buição anormal da pressão plantar
em regiões, às vezes, não protegi-
das anatomicamente. Esta constan-
te pressão contribui para o desen-
volvimento de calosidades nas pes-
soas com diabetes (41)
e, paralelamen-
te, pode atuar como feedback posi-
tivo, no sentido de acentuar/agravar
as calosidades (46)
.
Altas pressões em pontos ósse-
os na região plantar(23,35,42,47-48)
,asso-
ciadas a calosidades (41,49)
, são gran-
des preditores de processos ulcera-
tivos, por isso, é necessário deter-
minar os locais específicos da
hiperpressão, para se implementarem
atividades de prevenção e controle.
Vários modelos de sistemas co-
mercialmente disponíveis vêm sen-
do utilizados para esse fim (sistema
de impressão de Harris-Beath,
Pedobarografia, sistema F-scan, sis-
tema EMED-SF, Mikro EMED,
Pedar, sistema Paromed, sistema
Ormes, sistema COSINOS EDV, sis-
tema Pedcad, sistema HALM, siste-
ma Scram-Mel-Card, Planscan
platform, dentre outros), conside-
rando diferentes tipos de sensores
que quantificam a pressão plan-
tar(14,23)
. Métodos semiquantitativos
também são propostos, como uma
alternativa mais simples para o dia-
a-dia, e dentre eles destaca-se o
Podotrack footprint system que
quantifica a pressão plantar por meio
da observação da intensidade da im-
pressão cinzenta em uma pape-
leta(14)
. Porém, o mecanismo para
104 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Ochoa-Vigo K, Pace AE.
medir a pressão plantar ainda não está
bem definido, havendo necessidade
de maiores pesquisas a respeito(46-47)
.
Também, um exame clínico que in-
clua avaliação de calosidades na re-
gião plantar, por meio de simples ins-
peção e palpação, pode ser uma ou-
tra prática alternativa.
Autores identificaram que a
média da pressão plantar entre os
diferentes pontos avaliados foi
mais elevada em pessoas diabéticas
com problemas neuroisquêmicos,
quando comparadas àquelas somen-
te com neuropatia. No estudo, des-
tacou-se que os primeiros possuem
calosidades em menor quantidade,
fato que pode estar relacionado à
baixa supressão de sangue nos mem-
bros inferiores, o que levou os auto-
res a concluir que o aumento da pres-
são plantar em pessoas diabéticas
com problemas isquêmicos, incluí-
dos os neuroisquêmicos, nem sem-
pre está associado a futuros proces-
sos ulcerativos na região plantar, de-
monstrando que existem diferentes
mecanismos para formação das
úlceras, tanto em pés neuroisquê-
micos, como nos neuropáticos (50)
.
A elevação da pressão plantar
também está associada à limitação
da mobilidade articular(23,35,46,51-52,)
,
destacando-se a metatarsofalan-
giano, subtalar e o tornozelo. O mo-
vimento da articulação subtalar é de
especial interesse quando se trata de
pés de pessoas com diabetes, pois
qualquer redução na sua mobilidade
poderá causar aumento da pressão
plantar durante a marcha (52)
, espe-
cialmente ao se considerar que sua
função é absorver o impacto do
calcâneo no chão, no momento do
choque (53)
.
Durante o processo de marcha,
espera-se que, primeiramente, o pé
adapte seu movimento a superfícies
irregulares e acidentadas e, segun-
do, que proporcione rigidez à fase
da propulsão. Nessas fases (de cho-
que e de propulsão), a articulação
subtalar executa os movimentos de
pronação e de supinação e, em pre-
sença de alguma limitação articular,
o pé será incapaz de realizar o me-
canismo de absorção, diminuindo
sua habilidade para manter uma pres-
são normal (52)
. Porém, se a essa con-
dição associarem-se a postura e os
movimentos instáveis, presentes em
pessoas com diabetes(14,54)
, o risco
de sofrer qualquer prejuízo durante
a marcha poderá elevar-se.
O fator essencial, entre limita-
ção da mobilidade articular do pé e
deformidade que levam à ulceração
plantar, parece estar associado à
pressão plantar elevada e à neuro-
patia periférica. Altas pressões ocor-
rem em regiões com deformidades
e nesses locais, com freqüência,
aparece uma úlcera. Certamente, al-
tas pressões plantares, de forma iso-
lada, não causam ulceração, pois
para sua ocorrência é necessária a
co-existência de neuropatia periféri-
ca. Dessa forma, a limitação da mo-
bilidade articular constitui-se no
maior fator de alta pressão plantar e
pode contribuir para o desenca-
deamento de ulceração em pés sus-
ceptíveis de neuropatia, nos quais a
insensibilidade periférica e a micro-
angiopatia, quando associadas, re-
presentam fatores predisponentes à
ulceração (52)
.
Quanto à articulação metatar-
sofalangiana, esta pode ser avaliada
por meio da dorsoflexão do hálux ,
mensurada com goniômetro simples,
em uma amplitude de 50 graus. Re-
duções extremas da dorsoflexão do
hálux em pessoas com diabetes e
neuropatia elevam a pressão sob o
dedo e podem desencadear úlce-
ras(46)
. Para a avaliação da articula-
ção subtalar, utiliza-se goniômetro
especializado (52)
.
Na avaliação vascular periférica,
o profissional deve interrogar a pes-
soa com diabetes sobre a presença
de claudicação intermitente, dor ao
repouso ou durante a noite (31)
.Ador
de claudicação aparece durante a
marcha e cessa assim que esta ter-
mina. Sua gravidade depende da dis-
tância percorrida e da região afeta-
da, tendo pior prognóstico quando
aparece em caminhadas curtas e em
regiões mais distais aos pés. Além
desses, outros sinais isquêmicos
podem estar presentes, tais como
rubor de declive, palidez à elevação
da perna, espessamento de unhas,
pele atrofiada, fria e reluzente e di-
minuição de pêlos no dorso das ex-
tremidades (31)
.
Na palpação de pulsos, o pro-
fissional deve considerar o tibial pos-
terior e o pedioso que podem ser
classificados em palpáveis ou não.
Caso se identifique pulso diminuído
ou ausente, é aconselhada uma se-
gunda avaliação por um outro pro-
fissional e, ao se confirmarem au-
sência de pulsos e presença de ou-
tros sinais de comprometimento
vascular, deve-se encaminhar a pes-
soa ao especialista.
Antecedentes de úlcera e ampu-
tação são informações importantes
e sinais de alto risco em pessoas com
diabetes (1,2,21,25)
. Nesses casos, o pro-
fissional deve adotar todas as inter-
venções de prevenção possíveis, a
fim de garantir um adequado cuida-
do dos problemas apresentados pe-
las pessoas com diabetes. Dentre es-
sas intervenções, salienta-se o uso
constante de calçados apropriados de
acordo com a necessidade de cada
pessoa. Estudos apontam que
os pontos de alta pressão, calo-
sidades, deformidades nos pés,
amputação de dedos, ou mesmo
transmetatarsianos, são proble-
mas que podem ser corrigidos com
calçados confortáveis ou confecci-
onados sob medida, coadjuvados
com palmilhas(9,20-21,25,30,34,37,46)
.
Estudo prospectivo, realizado
em hospital de ensino para avaliar
pessoas com diabetes de alto risco,
identificou menor recorrência de ul-
cerações no grupo que havia recebi-
do calçados especialmente confec-
cionados (55)
. Um outro estudo mos-
trou, também, menor recorrência de
úlceras e amputações entre aqueles
que usaram calçados terapêuticos e
receberam intenso treinamento
105Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Pé diabético: estratégias para prevenção
educativo (9)
. Em contrapartida, es-
tudo randomizado, recentemente
publicado(56)
, não apresentou dife-
rença significativa quanto à
recorrência de úlceras em pessoas
que utilizaram calçados terapêuticos,
comparando dois tipos de solados e
aqueles que continuaram a utilizar
calçados convencionais. O estudo
ainda destacou que calçados especi-
ais podem ser benéficos aos pacien-
tes que não têm assistência especi-
alizada de cuidado aos pés e àqueles
com deformidades graves nessa
mesma região.
Dessa forma, pessoas com dia-
betes devem ser aconselhadas a uti-
lizar calçados apropriados que se
ajustem à anatomia de seus pés.
Quandoidentificadaneuropatia,mes-
mo sem presença de deformidades
estruturais, recomenda-se uso de
palmilhas, para reduzir e amortecer
o efeito de tensão repetitiva. Entre-
tanto, indicam-se calçados especiais
conforme a avaliação de peritos,
quando identificadas deformida-
des(21,57)
. Dentre as características
dos calçados, destacam-se aqueles
com profundidade extra, que permi-
tem a adaptação de palmilhas remo-
víveis; os acolchoados internamen-
te; aqueles com ausência de costu-
ras interiores e sistema de fechamen-
to ajustável (velcro ou cadarço); os
que têm ponta quadrada e saltos de
até três centímetros. É importante
que os calçados cubram totalmente
os dedos e o calcanhar e que sejam
confeccionados com couro macio ou
lona.
Embasado na experiência, pes-
quisador (32)
indica características
importantes a serem consideradas
nos calçados terapêuticos, mediante
o desenvolvimento de um algoritmo.
Enfatiza que a palmilha, unicamen-
te, influencia na distribuição da pres-
são, visto que a redução da fricção
exigiria uma ótima fixação dos pés
aos calçados.
Em relação às intervenções
educativas de autocuidado, autores
ressaltam as direcionadas ao exame
e cuidado com os pés(1,2,4,21,25,36)
, além
de enfatizarem bom controle
glicêmico, da pressão sangüínea,
colesterol (58)
, dieta e realização re-
gular de exercícios.
A educação tem como objetivo
sensibilizar, motivar e mudar atitu-
des da pessoa que deve incorporar a
informação recebida, sobre os cui-
dados com os pés e calçados (1)
, no
seu dia-a-dia, reduzindo, conseqüen-
temente, o risco de ferimento, úlce-
ras e infecção (31)
.
Revisão de estudos prospectivos
sobre intervenções educativas bem
estruturadas identificou melhoria re-
lativa do conhecimento com cuida-
do dos pés, assim como mudança
de conduta das pessoas com diabe-
tes (29)
. No entanto, ainda é difícil
evidenciar o impacto da educação
nessa população (43)
. Acredita-se,
porém, que a acuidade visual, obe-
sidade, mobilidade limitada e proble-
mas cognitivos devam interferir nas
habilidades de autocuidado apropri-
ado com os pés (30)
, mesmo não se
considerando as condições socio-
econômicas que, em suma, determi-
nam o estilo e a qualidade de vida.
Alguns estudos prospectivos
relataram resultados favoráveis e um
deles mostrou significativa diminui-
ção da recorrência de úlceras e pou-
cas amputações nas pessoas do gru-
po experimental, os participantes
receberam assistência de um
podiatra e de um educador diabe-
tologista, além de calçados especi-
ais durante 24 meses. Os sujeitos
eram avaliados a cada três meses no
hospital, onde reforçavam-se as ati-
vidades educativas de acordo com
as necessidades identificadas que
constavam de: apresentação de vídeo
e provisão de materiais ilustrativos(59)
.
Um outro estudo também mostrou
redução efetiva de úlceras, após o
desenvolvimento de um programa
educativo que durou seis anos(60)
.
Nesse período, o percentual acumu-
lado de úlceras no grupo de inter-
venção foi de 3,1% e no controle,
de 31,6%. Os participantes eram in-
seridos em programas de pé, com-
pondo grupos de até seis pessoas,
durante uma semana. Na primeira
sessão, os profissionais avaliaram,
de forma individualizada, as carac-
terísticas dos pés dos participantes,
destacando a percepção sensorial,
habilidades e limitações do auto-cui-
dado, com aconselhamento para
consulta mensal com o podiatra.
Elementos básicos na educação
incluem: inspeção diária de pés, mei-
as e calçados; higiene dos pés com
água morna e sabonete neutro, evi-
tando deixá-los em imersão, com
orientação de enxugá-los cuidadosa-
mente; remoção de pequenas calo-
sidades com lixa de papel ou pedra-
pomes; corte de unhas retas não
muito rentes; uso de creme ou óleo
hidratante; calçados apropriados que
propiciem conforto aos dedos, com
um mínimo de costuras internas,
devendo o forro permitir a evapora-
ção do suor. Não se devem utilizar
produtos químicos para remoção de
calos/verrugas, nem objetos cortan-
tes ou pontiagudos(4,21,31,61-62)
, devido
ao perigo de provocarem ferimentos
na pele.
Quando a pessoa com diabetes
possui dificuldade visual ou outro
tipo de limitação, uma outra deveria
ser preparada para realizar tais cui-
dados, destacando-se a avaliação
diária dos pés à procura de algum
sinal de lesão.
Quanto ao controle glicêmico,
estudos referem que um controle
glicêmico pobre aumenta o risco de
neuropatia e amputação nas pessoas
com diabetes (7,63)
, o que é compro-
vado por revisões recentes, que evi-
denciaram que um controle glicê-
mico eficaz reduz o risco de reti-
nopatia, neuropatia e nefropatia no
diabetes tipo 2(58,62,64)
; assim, seu
parâmetro de medida na hemo-
globina glicada (HbA1c
) constitui-se
em uma das pedras angulares que
podem retardar o desencadeamento
e/ou controlar as doenças associa-
das ao diabetes, com conseqüente
melhora na qualidade de vida.
106 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Ochoa-Vigo K, Pace AE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da revisão, observa-se
que o manejo dos pés da pessoa com
diabetes é complexo, pois exige uma
estreita colaboração e responsa-
bilidade tanto dos pacientes, como
dos profissionais, para rastrear os
problemas reais e potenciais, evitan-
do, assim, o desenvolvimento de
complicações.
No atendimento a essa clientela,
a equipe deve ser constituída basi-
camente, por médico generalista,
enfermeiro especialista ou educador
e podiatra ou quiropodista, os quais
devem ter rápido acesso ao ortodista,
radiologista, cirurgião vascular e
ortopedista. Estes profissionais de-
vem gerenciar os cuidados dire-
cionados à população com diabetes,
garantir um fluxo contínuo nos
diferentes níveis de atenção à saú-
de (2-4,29,46,59)
, para que as interven-
ções tenham o resultado e a eficácia
esperada, visando a alcançar a meta
proposta pela Declaração de St.
Vicent, qual seja a de reduzir em 50%
as amputações.
Diante da inexistência de
podiatra ou quiropodista no Brasil,
os cuidados básicos das lesões po-
dem ser efetuados, nos níveis pri-
mário e secundário, por médicos
generalistas, enfermeiros e diabeto-
logistas, previamente treinados(11)
.
Em recente estudo(65)
, os acidentes
com pedicuros ou os domiciliares,
para retirada de calos plantares, bem
como o tratamento incorreto de le-
sões neuroisquêmicas, sinais súbi-
tos de isquemia periférica e insensi-
bilidade nos pés, além de outros re-
lacionados, foram apontados como
precursores das amputações.
Este último estudo(65)
mostrou,
também, que 60% das pessoas sub-
metidas à amputação possuíam mau
controle metabólico, não tinham
acesso a informações sobre cuida-
dos preventivos, não aderiram ao
tratamento clínico e apresentavam
dificuldades econômicas. Por outro
lado, destaca que esses problemas
são passíveis de soluções, mediante
medidas e tecnologias apropriadas,
principalmente por serem de baixa
complexidade assistencial.
No entanto, sabe-se que a redu-
ção das complicações nos pés, que
conduzem à amputação, não depen-
de unicamente dos recursos hospi-
talares, mas sim, da disponibilidade
de medidas preventivas efetivas so-
bre os cuidados com os pés, bem
como da oferta de programas
educativos a toda a comunidade(33)
.
Esses dados são relevantes ao se
considerar que a maioria das pesso-
as com diabetes é tratada pelo clíni-
co geral da rede pública da comuni-
dade (unidades básicas e unidades
distritais de saúde), onde o apra-
zamento das consultas médicas pode
variar de três meses a um ano.
Dessa maneira, a equipe da
assistência primária deve conscien-
tizar-se das necessidades e riscos a
que estão sujeitas as pessoas com
diabetes, principalmente aquelas em
que a doença tem longa duração e
os idosos. Assim, cabe aos médicos
monitorar os indicadores do controle
do diabetes: glicose em jejum, HbA1c
,
níveis de colesterol, pressão arteri-
al(58)
e creatinina. Resultados obtidos
junto à população brasileira mostra-
ram que exames como hemoglobina
glicosilada e níveis de colesterol são
escassamente registrados nos pron-
tuários da rede pública(65)
, o que pode
retardar a identificação precoce de
complicações crônicas microvas-
culares e macrovasculares.
Portanto, a avaliação da sensi-
bilidade periférica deve fazer parte
da rotina do exame físico das pes-
soas com diabetes, oportunidade em
que o profissional deve descalçar o
paciente para examinar seus pés à
procura de sinais e sintomas preco-
ces, por ser esta uma estratégia fun-
damental, embora ainda ela não faça
parte da rotina da maioria dos servi-
ços de saúde, apesar das recomen-
dações internacionais(43,65)
.
A equipe deve ser capaz de iden-
tificar, na sua atuação junto aos pa-
cientes, as anormalidades precoces
para lhes proporcionar educação
contínua e lhes oferecer apoio na
prevenção de úlceras e infecção de
membros inferiores, mediante a ca-
tegoria de risco identificado(58)
.
O processo de educação forne-
cido à pessoa com diabetes deve ser
reforçado a cada contato, de acordo
com as necessidades relatadas e
identificadas(66)
. Caberá ao profissi-
onal enfatizar os cuidados que o pa-
ciente deverá dispensar a seus pés
no contexto de vida individual. Pes-
soas com baixo risco devem rece-
ber apoio para melhorar o controle
glicêmico, níveis de lipídeos e pres-
são arterial, entretanto, aqueles com
elevado risco precisarão adquirir
habilidadesparainspecionarseuspés,
cuidar das unhas, selecionar os sa-
patos e, na ocorrência de algum
ferimento, saber a quem recorrer(58)
.
Nesta revisão foram descritas
medidas básicas de avaliação passí-
veis de serem implementadas nas
unidades de nível primário, com o
intuito de rastrear o aparecimento de
alterações em membros inferiores
das pessoas com diabetes. Para tan-
to, considera-se importante que es-
ses profissionais sejam sensibiliza-
dos para o risco de o paciente de-
senvolver pé diabético, por meio de
cursos de capacitação e atualização
profissional(11)
. Esse processo de
sensibilização e capacitação deve ser
contínuo, com avaliação periódica e
discussão de casos clínicos,
disponibilizando a eles instrumentos
apropriados para esse fim.
Face à organização atual do sis-
tema de saúde, o enfermeiro com
treinamento específico para cuidar
dos pés de pessoas com diabetes é
apontado como o profissional que
deve assumir a organização e cuida-
do dessa clientela. Suas habilidades
devem levá-lo a detectar alterações
neurológicas e vasculares periféri-
cas, dermatológicas, além de outros
agravantes que podem precipitar pro-
cessos ulcerativos. Cabe, ainda, a
este profissional, planejar interven-
107Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9
Pé diabético: estratégias para prevenção
ções individualizadas, bem como in-
cluir pessoas com diabetes nas ati-
vidades educativas.
A consulta de enfermagem apre-
senta-se como um fator importante
de proteção ao agravo das compli-
cações nos membros inferiores, visto
que contribui para a forma de cui-
dar e educar, motivando o outro a
participar ativamente do tratamento
e a realizar o autocontrole, reforçan-
do assim, sua adesão ao tratamento
clínico (65)
.
Diante do exposto, destaca-se a
importância do atendimento primá-
rio no setor saúde, por meio da am-
pliação das ações básicas direcio-
nadas aos cuidados com o diabetes
e, particularmente, à prevenção de
lesões nos membros inferiores re-
sultantes do mau controle da doen-
ça e de práticas inadequadas aplica-
das aos pés e unhas. Quanto às in-
tervenções de baixa complexidade,
estas podem e devem contribuir,
decisivamente, para a prevenção de
úlceras,minimizandoainfluênciados
riscos, bem como o número de am-
putações (66)
.
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63. Lehto S, Rönnemaa T, Pyörälä K,
Laakso M. Risk factors predicting
lower extremity amputation in
patients with NIDDM. Diabetes Care
1996; 19(6):607-12.
Ochoa-Vigo K, Pace AE. [Diabetic foot: strategies for prevention.]
Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9.
ABSTRACT: Approximately 50% of non-traumatic amputations of
the lower limbs are realized among diabetes mellitus patients.
Amputations are preceded by ulcers, characterized by skin erosion
and loss of the epithelium, which can expand to the dermis or
reach profound tissues, accompanied by insensibility due to chronic
peripheral neuropathy, associated with small traumas as a result
of inappropriate footwear, common dermatoses or incorrect foot
manipulation. This study aims to describe the main findings and
strategies to evaluate risk factors that lead to the development of
lower limb complications among diabetes patients and make them
part of the primary health care team’s responsibilities. This literature
review emphasizes evaluation of the feet and visible skin parts as
a basic prevention measure, with a view to the early identification
of neuropathic and peripheral vascular changes and biomechanical
dysfunctions. The evaluation of footwear characteristics is
highlighted as an external factor.
Descriptors: Diabetes mellitus; Risk factors; Diabetic foot.
64. Clark Jr CM, Snyder JW, Meek RL,
Stutz LS, Parkin CG. The national di-
abetes education program, changing
the way diabetes: comprehensive dia-
betes care. Diabetes Care 2001;
24(4):617-8.
65. GambaMA,GotliebSLD,bergamaschi
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tremidades inferiores por diabetes
mellitus: estudo caso-controle. Rev
Saúde Publica 2004; 38(3):399-404.
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complicações em extremidades inferi-
ores de pessoas com diabetes mellitus.
Rev Bras Enferm 2002; 55(5):514-21.
Ochoa-Vigo K, Pace AE. [Pié diabético: estrategias para
prevención.] Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9.
RESUMEN: Aproximadamente 50% de las amputaciones no trau-
máticas en miembros inferiores ocurren entre personas con dia-
betes. Las amputaciones son antecedidas por úlceras, caracteri-
zadas por lesiones cutáneas con pérdida del epitelio, que pueden
extenderse a la dermis y llegar hasta tejidos profundos. Las úlce-
ras, generalmente, son acompañadas de insensibilidad por
neuropatía periférica crónica e asociadas a pequeños traumas,
originadas por uso de calzados inapropiados, dermatosis común o
manipulaciones incorrectas de los pies. El objetivo del estudio es
describir las principales estrategias para evaluar los factores de
riesgo que conducen al desarrollo de complicaciones en miembros
inferiores distales entre personas con diabetes, bien como
considerarlos una responsabilidad del equipo de asistencia prima-
ria. Es un trabajo de revisión de la literatura, con énfasis en la
realización del examen físico de los pies, como medida preventiva
fundamental, para identificar, precozmente, alteraciones neuroló-
gica y vascular periféricas y disfunciones biomecánicas.
Destacase el examen minucioso de los calzados como factor
externo.
Descriptores: Diabetes mellitus; Factores de riesgo; Pié
diabético

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Prevenção ao pé diabético

  • 1. 100 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Ochoa-Vigo K, Pace AE. Pé diabético: estratégias para prevenção Kattia Ochoa-Vigo1 Ana Emilia Pace2 Ochoa-Vigo K, Pace AE. Pé diabético: estratégias para prevenção. Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9. RESUMO: Aproximadamente 50% das amputações não-traumáticas em membros inferiores ocorrem entre pessoas com diabetes. As amputações são precedidas por úlceras, caracteriza- das por lesões cutâneas, com perda do epitélio, que podem estender-se até a derme ou chegar a tecidos profundos. As úlceras, geralmente, são acompanhadas de insensibilidade por neuropatia periférica crônica e associadas a pequenos traumas que se originam do uso de calçados inapropriados, dermatoses comuns ou manipulações incorretas dos pés. O objetivo deste estu- do é descrever as principais estratégias para avaliar fatores de risco que conduzem ao desen- volvimento de complicações nos membros inferiores entre pessoas com diabetes, bem como considerá-las uma responsabilidade da equipe de assistência primária. É um trabalho de revisão da literatura, com ênfase na avaliação dos pés como medida preventiva fundamental, para identificar, precocemente, as alterações neurológica e vascular periféricas e disfunções biomecânicas. Destaca-se a avaliação dos calçados como fator externo. Descritores: Diabetes mellitus; Fatores de risco; Pé diabético • Artigo recebido em 06/04/04 e aprovado em 13/08/04 1 Doutoranda do Programa Interunidades da Escola de Enfermagem e Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP. E-mail: kovpe@latinmail.com 2 Professora Doutora da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. E-mail: aepace@eerp.usp.br INTRODUÇÃO Denomina-se pé diabético um estado fisiopatológico multifacetado, caracterizado por lesões que surgem nos pés da pessoa com diabetes e ocorrem como conseqüência de neuropatia em 90% dos casos, de doença vascular periférica e de de- formidades (1) . As lesões geralmente decorrem de trauma e freqüente- mente se complicam com gangrena e infecção, ocasionadas por falhas no processo de cicatrização(2-4) as quais podem resultar em amputação, quan- do não se institui tratamento preco- ce e adequado (1) . Cinqüenta por cento das ampu- tações não-traumáticas de membros inferiores são atribuídas ao diabe- tes (2,5-6) e o risco de amputação é 15 vezes maior do que na popula- ção geral(7) . Três anos após ampu- tação de um membro inferior, a por- centagem de sobrevida do indivíduo é de 50%, enquanto, no prazo de cinco anos, a taxa de mortalidade permanece de 39% a 68% (8) . Estu- do com pessoas diabéticas hospita- lizadas, recentemente publicado, apresentou resultados semelhantes a esses (9) . Dados da América do Norte in- dicam que de 9% a 20% das pesso- as com diabetes precisaram ser sub- metidas a uma segunda amputação, após doze meses da primeira, e que, nos cinco anos seguintes à amputa- ção inicial, de 28% a 51% dos que sobreviveram precisarão submeter- se a uma segunda intervenção no mesmo membro (8) . Outro estudo, entretanto, reportou um reduzido percentual de novas e maiores am- putações no mesmo membro ou no contralateral, resultados que po- dem ser atribuídos ao processo educativo instituído aos participan- tes, abordando cuidados com os pés, bem como fornecimento de órtese aos mesmos (9) .
  • 2. 101Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Pé diabético: estratégias para prevenção Estudo realizado no município do Rio de Janeiro, mediante a técni- ca de captura-recaptura, quando comparada à vigilância passiva, en- controu incidência sete vezes maior na população diabética entre 55 e 74 anos, do que na população geral. A estimativa anual de amputações mai- ores de membros inferiores na po- pulação geral foi de 31,3/100.000 habitantes, porém, quando relacio- nada ao diabetes, a cifra elevou-se para 209/100.000 (10) . Freqüentemente, as amputações nas pessoas com diabetes são pre- cedidas de úlceras(1,3,5,11-12) , caracte- rizadas por lesões cutâneas com per- da do epitélio, as quais se estendem até a derme ou a atravessam e che- gam aos tecidos mais profundos(6,13) , envolvendo algumas vezes ossos e músculos (14) . As úlceras em pessoas com di- abetes são responsáveis por grande percentual de morbimortalidade e hospitalização (4) e têm um período de internação 59% mais prolongado que as pessoas com diabetes sem processos ulcerativos(6) . O gasto com as úlceras na fase prodrômica aumenta de 1,5 a 2,4 vezes, se com- parado ao dispendido com pessoas sem úlceras, e, quando o problema se instala, este custo eleva-se a 5,4 vezes (15) , duplicando o índice de mortalidade dessas pessoas (16) . As hospitalizações causadas por pé diabético geralmente são prolon- gadas e recorrentes, exigindo gran- de número de consultas ambula- toriais e necessidade de cuidado domiciliar(15,17) . O processo de cica- trização das lesões ocorre de seis a 14 semanas, requerendo um perío- do de hospitalização de 30-40 dias, em países desenvolvidos, enquanto, no Brasil, essa média fica em torno de 90 dias(1) . Observa-se que 85% dos casos graves que necessitam de hospitali- zação são causados por úlceras su- perficiais ou lesões pré-ulcerativas, as quais apresentam diminuição da sensibilidade devido à neuropatia di- abética. Esses casos estão associa- dos a pequenos traumas originados por uso de calçados impróprios, dermatoses comuns, manipulações incorretas dos pés ou unhas, seja pela própria pessoa ou por outras não habilitadas (11) . As lesões do pé diabético resul- tam da combinação de dois ou mais fatores de risco que atuam conco- mitantemente e podem ser desenca- deadas, tanto por traumas intrínse- cos como extrínsecos, associados à neuropatia periférica, à doença vascular periférica e à alteração biomecânica (1) . A neuropatia periférica consti- tui-se no fator significante nesses casos, conduzindo à lesão/ulceração do membro inferior. Encontra-se presente em aproximadamente 80% a 85% dos casos (1,18) e pode com- prometer as fibras sensitivas, as motoras e as autonômicas. O com- ponente sensitivo produz perda gra- dual da sensibilidade à dor, percep- ção da pressão plantar, temperatura e propriocepção. Quanto ao compo- nente motor, este contribui para atrofia e fraqueza dos pequenos músculos dorsais, desencadeando desequilíbrio nos tendões flexores e extensores, deformidades e altera- ções no modo de caminhar. Já o componente autonômico reduz ou suprime o suor nos pés, deixando- os secos e predispondo-os a racha- duras e fissuras, além de desenca- dear alterações arteriovenosas(1,13,18) . No que diz respeito às mudanças neuropáticas em geral, estas afetam primeiramente os pés e, poste- riormente, progridem em direção à perna (19) . O mecanismo da neuropatia di- abética não está claro, porém é atri- buído à deterioração da função do nervo, subjacente às anormalidades metabólicas e isquemia endoneural da circulação microvascular. Quan- do a neuropatia periférica se instala, é irreversível, portanto, é particular- mente importante que pessoas com diagnóstico recente tenham precau- ção em relação à sua progressão, mantendo adequado controle glicêmico (19) . No que se refere à doença vascular periférica, esta representa uma das principais causas de com- prometimento das úlceras nos pés das pessoas com diabetes, devido à aterosclerose das artérias periféricas. Esta doença é quatro vezes mais pro- vável de ocorrer em pessoas com diabetes do que na população em geral e sua incidência aumenta gra- dualmente com a idade e com a du- ração da doença (20) . Constitui-se em importante fator de risco para ulce- ração e amputação, devido ao com- prometimento da perfusão sangüínea em membros inferiores, pois priva os tecidos de adequado fornecimen- to de oxigênio, nutrientes e antibió- ticos que prejudica a cicatrização das úlceras, podendo conseqüentemen- te levar à gangrena(4) . Em pessoas com diabetes, é comum o aparecimento precoce do processo aterosclerótico da doença vascular periférica, o qual pode pro- gredir mais rapidamente do que na população geral(20) . Este processo aterosclerótico acelerado produz hipercoagulação e aumento da resis- tência vascular (20-21) , precipitando a obstrução das artérias e arteríolas distais que, conseqüentemente, difi- culta o fluxo sangüíneo. Inicialmen- te são obliteradas as pequenas arté- rias tibial e peroneal, na altura do joelho e do tornozelo, que podem ser agravadas pelo tabagismo e dislipidemia (20) . Após trauma, pode surgir uma úlcera dolorosa essencialmente isquêmica ou neuroisquêmica, às vezes indolor, quando associada à in- sensibilidade. Os dedos podem tor- nar-se isquêmicos ou necrosados diante de trombose séptica, traumas, edemas leves ou infecções por com- prometimento de arteríolas semi- ocluídas (1,13,18) . Podem-se identificar, nessa situação ainda, pulsos nas ar- térias dorsais do pé ou tibial posteri- or, mesmo em presença de isquemia
  • 3. 102 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Ochoa-Vigo K, Pace AE. nos dedos, pois nem sempre a do- ença dos grandes e pequenos vasos progride na mesma velocidade (20) . Em conseqüência da perda da sensibilidade protetora devido à polineuropatia simétrica distal asso- ciada ao diabetes, podem associar- se a este quadro fatores de risco rela- cionados à biomecânica da marcha, causando/agravando lesões nos pés pelo trauma repetitivo. Entre as alterações biomecâ- nicas, estão as relacionadas com o movimento do corpo, incluindo as forças verticais, horizontais e de aco- modação. Na mensuração da biomecânica corporal, destacam-se a força-reação do solo e a distribui- ção da pressão plantar que ocorreu durante a fase de apoio (22) . Qualquer limitação, na extensão do movimen- to das articulações do pé, interrom- pe a mecânica da marcha, o que leva a pessoa a desenvolver um passo disfuncional o qual, certamente, pro- duzirá um dano estrutural maior no pé (13) . Nas pessoas com neuropatia periférica, as deformidades ósseas desenvolvidas nas cabeças meta- tarsianas dos pés e no antepé repre- sentam áreas de excessiva pressão durante a fase de propulsão do calcâneo e de apoio plantar no ciclo da marcha (13) . Isso porque, quando o calcâneo se eleva do chão, trans- fere-se o peso do corpo para o antepé e dedos. Assim, a força de pressão gerada depende da veloci- dade na marcha, ou seja, quanto maior a velocidade, maiores serão a força de reação e a pressão. Normalmente, a região plantar é protegida por um coxim adiposo, o qual dissipa as forças do peso para todas as direções. Portanto, deslo- camentos ou atrofias nesses coxins provocarão aumento da pressão debaixo deles, principalmente sob as cabeças metatarsianas com defor- midade rígida, elevando a pressão nessa região (13) . Dessa forma, se a magnitude de forças for suficiente- mente elevada em uma região plan- tar, a ocorrência de qualquer perda de pele ou hipertrofia do estrato córneo (calos) aumentará o risco de ulceração por duas ordens de mag- nitude (13) . Entende-se que o risco de ulce- ração é proporcional ao número de fatores de risco (23) , e que estes au- mentam 1,7 vez em pessoas com diagnóstico de neuropatia periférica, subindo para 12 vezes em pessoas com neuropatia e deformidade do pé e para 36, naquelas com neuropatia, deformidade e amputação prévia, quando comparadas a pessoas sem fatores de risco (13) . Com base nas múltiplas causas que favorecem o desencadeamento de lesões e ulcerações nos pés de pessoas com diabetes e reconhecen- do a vulnerabilidade das mesmas para amputações de membros infe- riores, é que se reforça a necessida- de de compreensão desse complexo processo pela equipe multiprofis- sional, para que ela se envolva com os mesmos. Assim, ao se avaliar uma pes- soa com diabetes, enfatizando-se a prevenção das complicações nos pés, o profissional deve buscar não só a influência dos fatores que poderão estar envolvidos direta ou indireta- mente na instalação dessas compli- cações, mas também as conseqüên- cias destes na vida da pessoa, des- tacando-se, principalmente, o con- trole do diabetes. No atendimento a essa clientela, o profissional deve incluir um exame minucioso dos pés, levando em consideração as carac- terísticas da pele e fâneros (24) , se- gundo as propostas apresentadas na literatura e os recursos disponíveis. Com base no exposto, este es- tudo tem como objetivo descrever as principais estratégias utilizadas na avaliação dos membros inferiores das pessoas com diabetes, destacan- do os achados que indicam a pre- sença dos fatores de risco que le- vam a complicações em pés, a fim de integrar essas estratégias nos pro- gramas implementados pela equipe de assistência primária direcionados a essa clientela. Trata-se de uma revisão da lite- ratura nacional e internacional, com inclusão de estudos descritivos e experimentais relevantes, localizados em bases eletrônicas de dados e re- ferências citadas. Consideraram-se estudos que poderiam subsidiar a prática profissional, ou seja, incluir estratégias e ações que identificas- sem, precocemente, as pessoas em condições de risco, visando a con- tribuir para a melhoria do prognósti- co da doença e qualidade de vida. AVALIAÇÃO DOS PÉS EPREVENÇÃODE COMPLICAÇÕES Estudos vêm ressaltando a ne- cessidade de os profissionais de saú- de avaliarem os pés das pessoas com diabetes de forma minuciosa e com freqüência regular, bem como desen- volverem atividades educativas, vi- sando a melhorar o autocuidado, principalmente a manutenção de um bom controle glicêmico(1,2,4,19,21,25-31) . A avaliação dos pés constitui-se em passo fundamental na identifica- ção dos fatores de risco que podem ser modificados, o que, conseqüen- temente, reduzirá o risco de ulcera- ção e amputação de membros infe- riores nas pessoas com diabetes (30) . Autores destacam que a dimi- nuição da sensação protetora, carac- terizada pela redução da sensação dolorosa de trauma na pele(3,32-37) ,bem como a ausência parcial ou total do reflexo Aquileu(14,26,38-39) constituem sinais precoces de futuros proces- sos ulcerativos nos pés, significan- do alto risco para o desenvolvimen- to de complicações. Ambas as alte- rações podem ser avaliadas median- te testes que utilizam vários tipos de instrumentos, desde os mais so- fisticados aos mais simples. Um de- les é o monofilamento Semmes- Weistein (SW) 5.07 e outro o biotesiômetro (VPT) que associados constituem os melhores preditores
  • 4. 103Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Pé diabético: estratégias para prevenção de processos ulcerativos em pesso- as com diabetes, atingindo uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 77% (40) . O monofilamento SW é um ins- trumento manual que contém uma fibra de náilon com força de 10 gramas, sendo aplicado à sola do pé, a um ângulo de 90 graus (36) , medi- ante a técnica da resposta sim-não ao toque do aparelho em 10 regiões do pé (primeiro, terceiro e quinto dí- gitos plantares; primeira, terceira e quinta cabeça dos metatarsos plan- tares; laterais esquerda e direita do meio plantar; calcâneo e dorso entre primeiro e segundo dedos). A técni- ca instrui a pessoa a dizer sim, a cada vez que perceber a aplicação da fibra. Ainabilidade,paradistinguir o monofilamento SW em quatro pontos ou mais, é indicativa de perda da sensação de proteção(37,40-41) . O VPT é um dispositivo manual que contém um sensor que vibra a 100 Hz ao entrar em contato com a pele, conectado a uma unidade-base por meio de um cordão elétrico. Esta unidade possui uma escala linear expressa através de voltagens que oscilam entre 0 (zero) e 50 (cinqüen- ta) volts. O dispositivo, aplicado à polpa do hálux, começa a se balan- cear verticalmente e a voltagem vai aumentando na unidade-base até que a pessoa seja capaz de perceber a vibração(40) . O padrão de vibração considerado normal é menor que 25 volts e as voltagens com vibrações mais intensas ou iguais indicam com- prometimento neuropático(35,37,40,42) . O custo estimado do VPT é ele- vado, em comparação ao monofi- lamento SW, girando em torno de U$ 400,00 (quatrocentos dólares) no mercado internacional, ao passo que o monofilamento SW pode ser en- contrado no mercado nacional por R$ 7,40 (sete reais e quarenta cen- tavos). Por essa razão, o monofila- mento SW é o instrumento portátil mais utilizado para identificar o comprometimento da sensibilidade protetora plantar, como sinal indi- cativo de neuropatia periférica, seja pelo seu custo-efetividade ou pela maior reprodutibilidade demonstra- da em estudos prospectivos (43) . Cabe destacar que o monofila- mento SW perde sua calibração após uso repetitivo e, em conseqüência disso, pode subestimar a incidência da perda da sensação protetora. Para controlar essa limitação, recomen- da-se deixá-lo em restauração duran- te 24 horas, após aplicação em 10 pessoas (21) . Na prática, é possível observar-se diminuição da força do monofilamento SW em menor nú- mero de aplicações, fato que pode estar relacionado à influência do cli- ma tropical, à qualidade do produto e à técnica utilizada. Por tais moti- vos, os profissionais devem tomar providências que garantam a utiliza- ção segura do aparelho para uma avaliação efetiva. As pessoas da terceira idade apresentam (pelo próprio processo do envelhecimento) diminuição da sensibilidade protetora, o que não está relacionado, necessariamente, com a neuropatia periférica. Por isso, ao fazer a avaliação dessa clientela, o profissional deve considerar as características da pele à procura de sinais de desidratação, fissuras e di- minuição da transpiração em mem- bros inferiores (27) , bem como de descamação. Mediante a importância da ava- liação clínica da sensibilidade vibratória, alguns autores (14,44) reco- mendam utilizar o diapasão de 128 Hz, instrumento manual semiquan- titativo que deve ser aplicado, de forma perpendicular, sobre a parte óssea dorsal da falange distal do hálux. Frente à incapacidade da per- cepção de vibração, o teste deve ser repetido em segmentos mais próxi- mos, como o maléolo ou tubero- sidade da tíbia. O teste é qualificado como positivo (sensibilidade vibra- tória preservada) quando, após três aplicações, a pessoa responde, corretamente, a pelo menos duas indagações (44) . Quanto ao reflexo Aquileu, este pode ser avaliado ao se colocar a pessoa ajoelhada sobre a margem de uma cadeira com respaldo, e o exa- minador por trás posicionará o pé em suave dorsiflexão, de modo a causar estiramento muscular, e per- cutirá no tendão (45) . Outro aspecto a se considerar na avaliação é a alteração biomecâ- nica ou osteoarticular dos pés(30,32,46) . Essa alteração poderá produzir de- formidades estruturais (hálux valgo, pododáctilos em garra, pé plano, pé cavo), expondo os pés a uma distri- buição anormal da pressão plantar em regiões, às vezes, não protegi- das anatomicamente. Esta constan- te pressão contribui para o desen- volvimento de calosidades nas pes- soas com diabetes (41) e, paralelamen- te, pode atuar como feedback posi- tivo, no sentido de acentuar/agravar as calosidades (46) . Altas pressões em pontos ósse- os na região plantar(23,35,42,47-48) ,asso- ciadas a calosidades (41,49) , são gran- des preditores de processos ulcera- tivos, por isso, é necessário deter- minar os locais específicos da hiperpressão, para se implementarem atividades de prevenção e controle. Vários modelos de sistemas co- mercialmente disponíveis vêm sen- do utilizados para esse fim (sistema de impressão de Harris-Beath, Pedobarografia, sistema F-scan, sis- tema EMED-SF, Mikro EMED, Pedar, sistema Paromed, sistema Ormes, sistema COSINOS EDV, sis- tema Pedcad, sistema HALM, siste- ma Scram-Mel-Card, Planscan platform, dentre outros), conside- rando diferentes tipos de sensores que quantificam a pressão plan- tar(14,23) . Métodos semiquantitativos também são propostos, como uma alternativa mais simples para o dia- a-dia, e dentre eles destaca-se o Podotrack footprint system que quantifica a pressão plantar por meio da observação da intensidade da im- pressão cinzenta em uma pape- leta(14) . Porém, o mecanismo para
  • 5. 104 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Ochoa-Vigo K, Pace AE. medir a pressão plantar ainda não está bem definido, havendo necessidade de maiores pesquisas a respeito(46-47) . Também, um exame clínico que in- clua avaliação de calosidades na re- gião plantar, por meio de simples ins- peção e palpação, pode ser uma ou- tra prática alternativa. Autores identificaram que a média da pressão plantar entre os diferentes pontos avaliados foi mais elevada em pessoas diabéticas com problemas neuroisquêmicos, quando comparadas àquelas somen- te com neuropatia. No estudo, des- tacou-se que os primeiros possuem calosidades em menor quantidade, fato que pode estar relacionado à baixa supressão de sangue nos mem- bros inferiores, o que levou os auto- res a concluir que o aumento da pres- são plantar em pessoas diabéticas com problemas isquêmicos, incluí- dos os neuroisquêmicos, nem sem- pre está associado a futuros proces- sos ulcerativos na região plantar, de- monstrando que existem diferentes mecanismos para formação das úlceras, tanto em pés neuroisquê- micos, como nos neuropáticos (50) . A elevação da pressão plantar também está associada à limitação da mobilidade articular(23,35,46,51-52,) , destacando-se a metatarsofalan- giano, subtalar e o tornozelo. O mo- vimento da articulação subtalar é de especial interesse quando se trata de pés de pessoas com diabetes, pois qualquer redução na sua mobilidade poderá causar aumento da pressão plantar durante a marcha (52) , espe- cialmente ao se considerar que sua função é absorver o impacto do calcâneo no chão, no momento do choque (53) . Durante o processo de marcha, espera-se que, primeiramente, o pé adapte seu movimento a superfícies irregulares e acidentadas e, segun- do, que proporcione rigidez à fase da propulsão. Nessas fases (de cho- que e de propulsão), a articulação subtalar executa os movimentos de pronação e de supinação e, em pre- sença de alguma limitação articular, o pé será incapaz de realizar o me- canismo de absorção, diminuindo sua habilidade para manter uma pres- são normal (52) . Porém, se a essa con- dição associarem-se a postura e os movimentos instáveis, presentes em pessoas com diabetes(14,54) , o risco de sofrer qualquer prejuízo durante a marcha poderá elevar-se. O fator essencial, entre limita- ção da mobilidade articular do pé e deformidade que levam à ulceração plantar, parece estar associado à pressão plantar elevada e à neuro- patia periférica. Altas pressões ocor- rem em regiões com deformidades e nesses locais, com freqüência, aparece uma úlcera. Certamente, al- tas pressões plantares, de forma iso- lada, não causam ulceração, pois para sua ocorrência é necessária a co-existência de neuropatia periféri- ca. Dessa forma, a limitação da mo- bilidade articular constitui-se no maior fator de alta pressão plantar e pode contribuir para o desenca- deamento de ulceração em pés sus- ceptíveis de neuropatia, nos quais a insensibilidade periférica e a micro- angiopatia, quando associadas, re- presentam fatores predisponentes à ulceração (52) . Quanto à articulação metatar- sofalangiana, esta pode ser avaliada por meio da dorsoflexão do hálux , mensurada com goniômetro simples, em uma amplitude de 50 graus. Re- duções extremas da dorsoflexão do hálux em pessoas com diabetes e neuropatia elevam a pressão sob o dedo e podem desencadear úlce- ras(46) . Para a avaliação da articula- ção subtalar, utiliza-se goniômetro especializado (52) . Na avaliação vascular periférica, o profissional deve interrogar a pes- soa com diabetes sobre a presença de claudicação intermitente, dor ao repouso ou durante a noite (31) .Ador de claudicação aparece durante a marcha e cessa assim que esta ter- mina. Sua gravidade depende da dis- tância percorrida e da região afeta- da, tendo pior prognóstico quando aparece em caminhadas curtas e em regiões mais distais aos pés. Além desses, outros sinais isquêmicos podem estar presentes, tais como rubor de declive, palidez à elevação da perna, espessamento de unhas, pele atrofiada, fria e reluzente e di- minuição de pêlos no dorso das ex- tremidades (31) . Na palpação de pulsos, o pro- fissional deve considerar o tibial pos- terior e o pedioso que podem ser classificados em palpáveis ou não. Caso se identifique pulso diminuído ou ausente, é aconselhada uma se- gunda avaliação por um outro pro- fissional e, ao se confirmarem au- sência de pulsos e presença de ou- tros sinais de comprometimento vascular, deve-se encaminhar a pes- soa ao especialista. Antecedentes de úlcera e ampu- tação são informações importantes e sinais de alto risco em pessoas com diabetes (1,2,21,25) . Nesses casos, o pro- fissional deve adotar todas as inter- venções de prevenção possíveis, a fim de garantir um adequado cuida- do dos problemas apresentados pe- las pessoas com diabetes. Dentre es- sas intervenções, salienta-se o uso constante de calçados apropriados de acordo com a necessidade de cada pessoa. Estudos apontam que os pontos de alta pressão, calo- sidades, deformidades nos pés, amputação de dedos, ou mesmo transmetatarsianos, são proble- mas que podem ser corrigidos com calçados confortáveis ou confecci- onados sob medida, coadjuvados com palmilhas(9,20-21,25,30,34,37,46) . Estudo prospectivo, realizado em hospital de ensino para avaliar pessoas com diabetes de alto risco, identificou menor recorrência de ul- cerações no grupo que havia recebi- do calçados especialmente confec- cionados (55) . Um outro estudo mos- trou, também, menor recorrência de úlceras e amputações entre aqueles que usaram calçados terapêuticos e receberam intenso treinamento
  • 6. 105Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Pé diabético: estratégias para prevenção educativo (9) . Em contrapartida, es- tudo randomizado, recentemente publicado(56) , não apresentou dife- rença significativa quanto à recorrência de úlceras em pessoas que utilizaram calçados terapêuticos, comparando dois tipos de solados e aqueles que continuaram a utilizar calçados convencionais. O estudo ainda destacou que calçados especi- ais podem ser benéficos aos pacien- tes que não têm assistência especi- alizada de cuidado aos pés e àqueles com deformidades graves nessa mesma região. Dessa forma, pessoas com dia- betes devem ser aconselhadas a uti- lizar calçados apropriados que se ajustem à anatomia de seus pés. Quandoidentificadaneuropatia,mes- mo sem presença de deformidades estruturais, recomenda-se uso de palmilhas, para reduzir e amortecer o efeito de tensão repetitiva. Entre- tanto, indicam-se calçados especiais conforme a avaliação de peritos, quando identificadas deformida- des(21,57) . Dentre as características dos calçados, destacam-se aqueles com profundidade extra, que permi- tem a adaptação de palmilhas remo- víveis; os acolchoados internamen- te; aqueles com ausência de costu- ras interiores e sistema de fechamen- to ajustável (velcro ou cadarço); os que têm ponta quadrada e saltos de até três centímetros. É importante que os calçados cubram totalmente os dedos e o calcanhar e que sejam confeccionados com couro macio ou lona. Embasado na experiência, pes- quisador (32) indica características importantes a serem consideradas nos calçados terapêuticos, mediante o desenvolvimento de um algoritmo. Enfatiza que a palmilha, unicamen- te, influencia na distribuição da pres- são, visto que a redução da fricção exigiria uma ótima fixação dos pés aos calçados. Em relação às intervenções educativas de autocuidado, autores ressaltam as direcionadas ao exame e cuidado com os pés(1,2,4,21,25,36) , além de enfatizarem bom controle glicêmico, da pressão sangüínea, colesterol (58) , dieta e realização re- gular de exercícios. A educação tem como objetivo sensibilizar, motivar e mudar atitu- des da pessoa que deve incorporar a informação recebida, sobre os cui- dados com os pés e calçados (1) , no seu dia-a-dia, reduzindo, conseqüen- temente, o risco de ferimento, úlce- ras e infecção (31) . Revisão de estudos prospectivos sobre intervenções educativas bem estruturadas identificou melhoria re- lativa do conhecimento com cuida- do dos pés, assim como mudança de conduta das pessoas com diabe- tes (29) . No entanto, ainda é difícil evidenciar o impacto da educação nessa população (43) . Acredita-se, porém, que a acuidade visual, obe- sidade, mobilidade limitada e proble- mas cognitivos devam interferir nas habilidades de autocuidado apropri- ado com os pés (30) , mesmo não se considerando as condições socio- econômicas que, em suma, determi- nam o estilo e a qualidade de vida. Alguns estudos prospectivos relataram resultados favoráveis e um deles mostrou significativa diminui- ção da recorrência de úlceras e pou- cas amputações nas pessoas do gru- po experimental, os participantes receberam assistência de um podiatra e de um educador diabe- tologista, além de calçados especi- ais durante 24 meses. Os sujeitos eram avaliados a cada três meses no hospital, onde reforçavam-se as ati- vidades educativas de acordo com as necessidades identificadas que constavam de: apresentação de vídeo e provisão de materiais ilustrativos(59) . Um outro estudo também mostrou redução efetiva de úlceras, após o desenvolvimento de um programa educativo que durou seis anos(60) . Nesse período, o percentual acumu- lado de úlceras no grupo de inter- venção foi de 3,1% e no controle, de 31,6%. Os participantes eram in- seridos em programas de pé, com- pondo grupos de até seis pessoas, durante uma semana. Na primeira sessão, os profissionais avaliaram, de forma individualizada, as carac- terísticas dos pés dos participantes, destacando a percepção sensorial, habilidades e limitações do auto-cui- dado, com aconselhamento para consulta mensal com o podiatra. Elementos básicos na educação incluem: inspeção diária de pés, mei- as e calçados; higiene dos pés com água morna e sabonete neutro, evi- tando deixá-los em imersão, com orientação de enxugá-los cuidadosa- mente; remoção de pequenas calo- sidades com lixa de papel ou pedra- pomes; corte de unhas retas não muito rentes; uso de creme ou óleo hidratante; calçados apropriados que propiciem conforto aos dedos, com um mínimo de costuras internas, devendo o forro permitir a evapora- ção do suor. Não se devem utilizar produtos químicos para remoção de calos/verrugas, nem objetos cortan- tes ou pontiagudos(4,21,31,61-62) , devido ao perigo de provocarem ferimentos na pele. Quando a pessoa com diabetes possui dificuldade visual ou outro tipo de limitação, uma outra deveria ser preparada para realizar tais cui- dados, destacando-se a avaliação diária dos pés à procura de algum sinal de lesão. Quanto ao controle glicêmico, estudos referem que um controle glicêmico pobre aumenta o risco de neuropatia e amputação nas pessoas com diabetes (7,63) , o que é compro- vado por revisões recentes, que evi- denciaram que um controle glicê- mico eficaz reduz o risco de reti- nopatia, neuropatia e nefropatia no diabetes tipo 2(58,62,64) ; assim, seu parâmetro de medida na hemo- globina glicada (HbA1c ) constitui-se em uma das pedras angulares que podem retardar o desencadeamento e/ou controlar as doenças associa- das ao diabetes, com conseqüente melhora na qualidade de vida.
  • 7. 106 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Ochoa-Vigo K, Pace AE. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir da revisão, observa-se que o manejo dos pés da pessoa com diabetes é complexo, pois exige uma estreita colaboração e responsa- bilidade tanto dos pacientes, como dos profissionais, para rastrear os problemas reais e potenciais, evitan- do, assim, o desenvolvimento de complicações. No atendimento a essa clientela, a equipe deve ser constituída basi- camente, por médico generalista, enfermeiro especialista ou educador e podiatra ou quiropodista, os quais devem ter rápido acesso ao ortodista, radiologista, cirurgião vascular e ortopedista. Estes profissionais de- vem gerenciar os cuidados dire- cionados à população com diabetes, garantir um fluxo contínuo nos diferentes níveis de atenção à saú- de (2-4,29,46,59) , para que as interven- ções tenham o resultado e a eficácia esperada, visando a alcançar a meta proposta pela Declaração de St. Vicent, qual seja a de reduzir em 50% as amputações. Diante da inexistência de podiatra ou quiropodista no Brasil, os cuidados básicos das lesões po- dem ser efetuados, nos níveis pri- mário e secundário, por médicos generalistas, enfermeiros e diabeto- logistas, previamente treinados(11) . Em recente estudo(65) , os acidentes com pedicuros ou os domiciliares, para retirada de calos plantares, bem como o tratamento incorreto de le- sões neuroisquêmicas, sinais súbi- tos de isquemia periférica e insensi- bilidade nos pés, além de outros re- lacionados, foram apontados como precursores das amputações. Este último estudo(65) mostrou, também, que 60% das pessoas sub- metidas à amputação possuíam mau controle metabólico, não tinham acesso a informações sobre cuida- dos preventivos, não aderiram ao tratamento clínico e apresentavam dificuldades econômicas. Por outro lado, destaca que esses problemas são passíveis de soluções, mediante medidas e tecnologias apropriadas, principalmente por serem de baixa complexidade assistencial. No entanto, sabe-se que a redu- ção das complicações nos pés, que conduzem à amputação, não depen- de unicamente dos recursos hospi- talares, mas sim, da disponibilidade de medidas preventivas efetivas so- bre os cuidados com os pés, bem como da oferta de programas educativos a toda a comunidade(33) . Esses dados são relevantes ao se considerar que a maioria das pesso- as com diabetes é tratada pelo clíni- co geral da rede pública da comuni- dade (unidades básicas e unidades distritais de saúde), onde o apra- zamento das consultas médicas pode variar de três meses a um ano. Dessa maneira, a equipe da assistência primária deve conscien- tizar-se das necessidades e riscos a que estão sujeitas as pessoas com diabetes, principalmente aquelas em que a doença tem longa duração e os idosos. Assim, cabe aos médicos monitorar os indicadores do controle do diabetes: glicose em jejum, HbA1c , níveis de colesterol, pressão arteri- al(58) e creatinina. Resultados obtidos junto à população brasileira mostra- ram que exames como hemoglobina glicosilada e níveis de colesterol são escassamente registrados nos pron- tuários da rede pública(65) , o que pode retardar a identificação precoce de complicações crônicas microvas- culares e macrovasculares. Portanto, a avaliação da sensi- bilidade periférica deve fazer parte da rotina do exame físico das pes- soas com diabetes, oportunidade em que o profissional deve descalçar o paciente para examinar seus pés à procura de sinais e sintomas preco- ces, por ser esta uma estratégia fun- damental, embora ainda ela não faça parte da rotina da maioria dos servi- ços de saúde, apesar das recomen- dações internacionais(43,65) . A equipe deve ser capaz de iden- tificar, na sua atuação junto aos pa- cientes, as anormalidades precoces para lhes proporcionar educação contínua e lhes oferecer apoio na prevenção de úlceras e infecção de membros inferiores, mediante a ca- tegoria de risco identificado(58) . O processo de educação forne- cido à pessoa com diabetes deve ser reforçado a cada contato, de acordo com as necessidades relatadas e identificadas(66) . Caberá ao profissi- onal enfatizar os cuidados que o pa- ciente deverá dispensar a seus pés no contexto de vida individual. Pes- soas com baixo risco devem rece- ber apoio para melhorar o controle glicêmico, níveis de lipídeos e pres- são arterial, entretanto, aqueles com elevado risco precisarão adquirir habilidadesparainspecionarseuspés, cuidar das unhas, selecionar os sa- patos e, na ocorrência de algum ferimento, saber a quem recorrer(58) . Nesta revisão foram descritas medidas básicas de avaliação passí- veis de serem implementadas nas unidades de nível primário, com o intuito de rastrear o aparecimento de alterações em membros inferiores das pessoas com diabetes. Para tan- to, considera-se importante que es- ses profissionais sejam sensibiliza- dos para o risco de o paciente de- senvolver pé diabético, por meio de cursos de capacitação e atualização profissional(11) . Esse processo de sensibilização e capacitação deve ser contínuo, com avaliação periódica e discussão de casos clínicos, disponibilizando a eles instrumentos apropriados para esse fim. Face à organização atual do sis- tema de saúde, o enfermeiro com treinamento específico para cuidar dos pés de pessoas com diabetes é apontado como o profissional que deve assumir a organização e cuida- do dessa clientela. Suas habilidades devem levá-lo a detectar alterações neurológicas e vasculares periféri- cas, dermatológicas, além de outros agravantes que podem precipitar pro- cessos ulcerativos. Cabe, ainda, a este profissional, planejar interven-
  • 8. 107Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Pé diabético: estratégias para prevenção ções individualizadas, bem como in- cluir pessoas com diabetes nas ati- vidades educativas. A consulta de enfermagem apre- senta-se como um fator importante de proteção ao agravo das compli- cações nos membros inferiores, visto que contribui para a forma de cui- dar e educar, motivando o outro a participar ativamente do tratamento e a realizar o autocontrole, reforçan- do assim, sua adesão ao tratamento clínico (65) . Diante do exposto, destaca-se a importância do atendimento primá- rio no setor saúde, por meio da am- pliação das ações básicas direcio- nadas aos cuidados com o diabetes e, particularmente, à prevenção de lesões nos membros inferiores re- sultantes do mau controle da doen- ça e de práticas inadequadas aplica- das aos pés e unhas. Quanto às in- tervenções de baixa complexidade, estas podem e devem contribuir, decisivamente, para a prevenção de úlceras,minimizandoainfluênciados riscos, bem como o número de am- putações (66) . REFERÊNCIAS 1. Pedrosa HC, Nery ES, Sena FV, Novaes C, Feldkircher TC, Dias MSO et al. O desafio do projeto salvando o pé diabé- tico. Terapia em Diabetes 1998; 4(19): 1-10. 2. Bild DE, Selby JV, Sinnock P, Browner WS, Braveman P, Showstack JA. Lower-extremity amputation in people with diabetes epidemiology and prevention. Diabetes Care 1989; 12(1):24-31. 3. Caputo GM, Cavanagh PR, Ulbrecht JS, Gibbons GW, Karchmer AW. Assessment and management of foot disease in patients with diabetes. New Eng J Med 1994; 331(13): 856-9. 4. Levin ME. Foot lesions in patients with diabetes mellitus. Endocrinol Metab Clin North Am 1996; 25(2): 447-62. 5. Pecoraro RE, Reiber GE, Burgués EM. Pathways to diabetic limb amputation. Diabetes Care 1990; 13(5):513-21. 6. Reiber GE. 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  • 9. 108 Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Ochoa-Vigo K, Pace AE. 28. Grupo de Trabalho Internacional so- bre Pe Diabético. Consenso interna- cional sobre pé diabético. Brasília: Se- cretaria de Estado de Saúde do Distri- to Federal; 2001. 29. Mason J, O´Keeffet C, Mclntosh A, Hutchinson A, Booth A, Young RJ. A systematic review of foot ulcer in patient with type 2 diabetes. 1: prevention. Diabet Med 1999; 16: 801-12. 30. Mayfield JA, Reiber GE, Sanders LJ, Janisse D, Pogach LM. Preventive foot care in people with diabetes. Diabe- tes Care 1998; 21(12):2161-77. 31. Spollett GR. Preventing amputations in the diabetic population. Nurs Clin North Am 1998; 33(4):629-41. 32. Dahmen R, Haspels R, Koomen B, Hoeksma AF. Therapeutic footwear for the neuropathic foot. Diabetes Care 2001; 24(4):705-9. 33. Kumar S, Ashe HA, Parnell LN, Fernando DJS, Tsigos C, Young RJ et al. The prevalence of foot ulceration and its correlates in type 2 diabetic patients: a population-based study. 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  • 10. 109Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9 Pé diabético: estratégias para prevenção 56. Reiber GE, Smith DG, Wallace C, Sullivan K, Hayes S, Vath C et al. Effect of therapeutic footwear on foot reulceration in patients with diabetes. JAMA 2002; 287(19):2552-8. 57. Coleman W. Calçados para a preven- ção de traumatismos: correlação com a categoria de risco. In: Bowker JO, Pfeifer MA. Levin e O´Neal o pé dia- bético. 6a ed. Rio de Janeiro: Di- Livros; 2002. cap. 20, p. 620-34. 58. Rith-Najarian SJ, Reiber GE. Pre- vention of foot problems in persons with diabetes. J Fam Pract 2000; 49(Suppl 11):30-9. 59. Dargis V, Pantelejeva O, JonushaiteA, Vileikyte L, Boulton AJM. Benefits of a multidisciplinary approach in the management of recurrent diabetic foot ulceration in Lithuania. Diabetes Care 1999; 22(9):1428-31. 60. Calle-Pascual AL, Durán A, Benedi A, Calvo MI, Charro A, Diaz JA et al. A preventive foot care programme for people with diabetes with different stages of neuropathy. Diabetes Res Clin Pract 2002; 57:111-17. 61. Global Resource Center. Action plan for persons with diabetes. [online]. Disponível em: <http://www.diabetes resource.com/html/footcare>. (20 abr. 2001). 62. O´Connor PJ, Spann SJ, Wolf SH. Care of adults with type 2 diabetes mellitus: a review of the evidence. J Fam Pract 1998; 47(Suppl 5):13-22. 63. Lehto S, Rönnemaa T, Pyörälä K, Laakso M. Risk factors predicting lower extremity amputation in patients with NIDDM. Diabetes Care 1996; 19(6):607-12. Ochoa-Vigo K, Pace AE. [Diabetic foot: strategies for prevention.] Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9. ABSTRACT: Approximately 50% of non-traumatic amputations of the lower limbs are realized among diabetes mellitus patients. Amputations are preceded by ulcers, characterized by skin erosion and loss of the epithelium, which can expand to the dermis or reach profound tissues, accompanied by insensibility due to chronic peripheral neuropathy, associated with small traumas as a result of inappropriate footwear, common dermatoses or incorrect foot manipulation. This study aims to describe the main findings and strategies to evaluate risk factors that lead to the development of lower limb complications among diabetes patients and make them part of the primary health care team’s responsibilities. This literature review emphasizes evaluation of the feet and visible skin parts as a basic prevention measure, with a view to the early identification of neuropathic and peripheral vascular changes and biomechanical dysfunctions. The evaluation of footwear characteristics is highlighted as an external factor. Descriptors: Diabetes mellitus; Risk factors; Diabetic foot. 64. Clark Jr CM, Snyder JW, Meek RL, Stutz LS, Parkin CG. The national di- abetes education program, changing the way diabetes: comprehensive dia- betes care. Diabetes Care 2001; 24(4):617-8. 65. GambaMA,GotliebSLD,bergamaschi DP, Vianna LAC. Amputações de ex- tremidades inferiores por diabetes mellitus: estudo caso-controle. Rev Saúde Publica 2004; 38(3):399-404. 66. Pace AE, Foss MC, Ochoa-Vigo K, Hayashida M. Fatores de risco para complicações em extremidades inferi- ores de pessoas com diabetes mellitus. Rev Bras Enferm 2002; 55(5):514-21. Ochoa-Vigo K, Pace AE. [Pié diabético: estrategias para prevención.] Acta Paul Enferm 2005; 18(1):100-9. RESUMEN: Aproximadamente 50% de las amputaciones no trau- máticas en miembros inferiores ocurren entre personas con dia- betes. Las amputaciones son antecedidas por úlceras, caracteri- zadas por lesiones cutáneas con pérdida del epitelio, que pueden extenderse a la dermis y llegar hasta tejidos profundos. Las úlce- ras, generalmente, son acompañadas de insensibilidad por neuropatía periférica crónica e asociadas a pequeños traumas, originadas por uso de calzados inapropiados, dermatosis común o manipulaciones incorrectas de los pies. El objetivo del estudio es describir las principales estrategias para evaluar los factores de riesgo que conducen al desarrollo de complicaciones en miembros inferiores distales entre personas con diabetes, bien como considerarlos una responsabilidad del equipo de asistencia prima- ria. Es un trabajo de revisión de la literatura, con énfasis en la realización del examen físico de los pies, como medida preventiva fundamental, para identificar, precozmente, alteraciones neuroló- gica y vascular periféricas y disfunciones biomecánicas. Destacase el examen minucioso de los calzados como factor externo. Descriptores: Diabetes mellitus; Factores de riesgo; Pié diabético