2. “Que importa crer na existência dos
Espíritos, se essa crença não faz que
aquele que a tem se torne melhor,
mais benigno e indulgente para com
os seus semelhantes, mais humilde e
paciente na adversidade?
3. De que serve ao avarento ser
Espírita, se continua avarento?
4. De que serve o conhecimento
Espírita ao orgulhoso, se se
conserva cheio de si?
5. De que serve ao invejoso ser
Espírita, se permanece dominado
pela inveja?
6. A classificação internacional
de doenças agrupa variadas
psicopatologias sob a designação
de transtornos do humor, cuja
origem se encontra nas estruturas
afectivas do Ser.
7. A forma como sentimos o
mundo, as pessoas e os factos que
nos rodeiam, é sintoma
determinante da saúde ou de
distúrbios, sendo estes últimos
diagnosticados desde as neuroses
brandas até às psicoses severas,
com grande incidência de distonias
nas depressões crónicas.
8. Esse modo de reagir à vida é
ponto crucial da actividade mental,
pois retrata a automatização de
mecanismos e reflexos milenares,
construídos através das vivências
morais, consolidadas vida após
vida.
9. Facilmente se percebe, nos
transtornos do humor, a
fragmentação da vida mental do
doente com o mundo real, em
razão da inadequação ou da não
aceitação das experiências perante
as quais é colocado, na vida carnal.
10. A insatisfação persistente,
acrescida da auto-imagem
idealizada para o mundo pessoal,
retrato de anseios reprimidos,
criam um perfil psíquico e
emocional propício à rebeldia, que
se traduz numa reacção de
inconformismo com o que somos,
como estamos e o que temos.
11. Tal inconformismo cria um
campo mental de ampliada
susceptibilidade, muita auto-
piedade, expressões comuns de
“vítimas revoltadas” que criamos
em nós pelo desgosto de viver e
“ser”.
12. Rebeldia é matriz de vários
distúrbios crónicos, é doença da
alma, emissora de irradiações tóxicas
que adoecem a mente.
23. O homem rebelde sofrerá com
intensidade as consequências
espirituais da sua atitude, sendo
libertado pela consciência, somente
quando cumprir o seu dever.
24. Sendo presunçosos e passíveis
de personalismo crónico, os
conhecedores das verdades
espíritas, quando na rebeldia,
arruínam as suas existências com
terríveis conflitos de culpa e
desajustes comportamentais que
procuram mascarar com atitudes
de puritanismo ou indiferença.
25. O homem rebelde, quando
bafejado pelo conhecimento da
imortalidade, é “usurário do
universo”assinando a sua própria
petição para as vielas expiatórias
nos caminhos da dor, estagnando
no charco da revolta e da
desobediência.
26. Indaga o lúcido Allan Kardec:
- Que adianta conhecer o
Espiritismo e não se tornar melhor?
Façamos continuamente essa auto-
avaliação para jamais esquecermos
que o caminho libertador do
comportamento espírita vai para além
do dever, penetrando as esferas do
amor incondicional e da humildade
obediente aos desígnios do Pai.
27. Nos rumos da vida, rebelar-
nos, é lícito a todos, mas à luz da
reencarnação, não podemos
jamais esquecer-nos que fomos,
no passado, os arquitectos das
experiências actuais, nas provas de
que precisamos.
28. Relembrando esse facto, ainda
assim resta-nos o “direito de
discordar” de Deus. Verificaremos,
no entanto, a bem de nós próprios,
que o dever de aceitar-Lhe os
alvitres, é fonte de paz e alívio nas
dores de todo o instante.
30. Quanto mais tempo levares
para reagir, mais alto será o preço
do sacrifício.
31. Opta agora pela mudança, já
que a revolta pouco acrescentou
ao teu sossego e felicidade.
32. Apegos milenares e costumes
que se perdem no tempo, são
renovados à custa de experiências
opostas aos teus sonhos de ventura.
33. Hoje, quando te revoltas com as
tuas provações, alegando cansaço e
insatisfação, não fazes mais do que
repetir o velho hábito de desafiar as
leis da vida, em crise de rebeldia.
34. Não aceitas o presente,
revoltas-te com o passado e
reclamas antecipadamente do
futuro, quando o problema está
em ti e somente de ti partirá a
solução.
35. Aceitação e trabalho de
transformação íntima, são as
tuas receitas de que necessitas.
Aplica-as quanto antes e sentirás
um alívio no torvelinho mental
em que te encontras.
36. A cada acto de
inconformismo, estás a
adoecer a tua alma e de
desgosto em desgosto,
causarás lesões graves na
tua estrutura afectiva,
gerando danos imprevisíveis
para o teu psiquismo.
37. Começa agora a tua recuperação
e ora a Deus pedindo forças. Adquire
a humildade para tal e pára de
desafiar o Criador e as Suas leis.
38. A tua harmonia afectiva e mental
depende do quanto conseguires afinar a
tua realidade à Sábia e Misericordiosa
Vontade do Pai e, para aprenderes a
identificar a Vontade Divina, começa a
aceitar as circunstâncias em que te
encontras, assumindo-as com coragem,
responsabilidade e devoção, sem
utilizar-te dos instrumentos da
reclamação, da leviandade e da fuga.
39. Por fim, lembra-te sempre que a
maior lição em que te deves
empenhar, ante as lutas da rebeldia,
é aprenderes a gostar do que tens,
do que és e do que fazes. Em
resumo, descobre quanto antes
como amar a ti mesmo.