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HISTÓRIA REAL
OCORRIDA
EM CURITIBA
NO ANO DE 2003
LIGUE O SOM...
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A Última Viagem de Táxi.A Última Viagem de Táxi.
Houve um tempo em que eu ganhava a vidaHouve um tempo em que eu ganhava a vida
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21/07/10

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10 Orações Para Honrar São José Operário
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Taxi curitibano

  • 1. HISTÓRIA REAL OCORRIDA EM CURITIBA NO ANO DE 2003 LIGUE O SOM... Dê ENTER
  • 2. A Última Viagem de Táxi.A Última Viagem de Táxi.
  • 3. Houve um tempo em que eu ganhava a vidaHouve um tempo em que eu ganhava a vida como motorista de táxi.como motorista de táxi. Os passageiros embarcavam totalmente anônimos. E, às vezes, me contavam episódios de suas vidas, suas alegrias e suas tristezas. Encontrei pessoas que me surpreenderam. Mas, NENHUMA como aquela da noite de 25 para 26 de julho do último ano em que trabalhei na praça.
  • 4. Havia recebido já tarde da noite umaHavia recebido já tarde da noite uma chamada vinda de um pequeno prédio dechamada vinda de um pequeno prédio de tijolinhos, em uma rua tranqüila, próximotijolinhos, em uma rua tranqüila, próximo do Largo da Ordem no São Francisco,do Largo da Ordem no São Francisco, centro histórico de Curitiba, capital docentro histórico de Curitiba, capital do Paraná.Paraná. Quando cheguei ouvia cachorros latindoQuando cheguei ouvia cachorros latindo longe. O prédio estava escuro, comlonge. O prédio estava escuro, com exceção de uma única lâmpada acesaexceção de uma única lâmpada acesa numa janela do térreo.numa janela do térreo.
  • 5. Nestas circunstâncias, outrosNestas circunstâncias, outros teriam buzinado duas ou três vezes,teriam buzinado duas ou três vezes, esperariam só um pouco e, então,esperariam só um pouco e, então, iriam embora.iriam embora. Mas, eu sabia que muitas pessoasMas, eu sabia que muitas pessoas dependiam de táxis como único meio dedependiam de táxis como único meio de transporte a tal hora.transporte a tal hora. A não ser, portanto, que a situação fosseA não ser, portanto, que a situação fosse claramente perigosa, eu sempre esperava.claramente perigosa, eu sempre esperava.
  • 6. "Este passageiro pode ser alguém queEste passageiro pode ser alguém que necessita de ajuda", pensei.necessita de ajuda", pensei. Assim, fui até a porta e bati.Assim, fui até a porta e bati. "Um minutinho", respondeu uma voz fraca e"Um minutinho", respondeu uma voz fraca e idosa.idosa. Ouvi alguma coisa ser arrastada pelo chão...Ouvi alguma coisa ser arrastada pelo chão... Depois de uma pausa longa, a porta abriu-se.Depois de uma pausa longa, a porta abriu-se. Vi-me então diante de uma senhora bem idosa,Vi-me então diante de uma senhora bem idosa, pequenina e de frágil aparência.pequenina e de frágil aparência.
  • 7. Usava um vestido estampado e umUsava um vestido estampado e um chapéu bizarro daqueles usados pelaschapéu bizarro daqueles usados pelas senhoras idosas nos filmes da década desenhoras idosas nos filmes da década de 40! E se equilibrava numa bengala,40! E se equilibrava numa bengala, enquanto segurava com dificuldade umaenquanto segurava com dificuldade uma pequena mala.pequena mala. Dava para ver que a mobília estava todaDava para ver que a mobília estava toda coberta com lençóis. Não haviam relógios,coberta com lençóis. Não haviam relógios, roupas ou adornos sobre os móveis. Num cantoroupas ou adornos sobre os móveis. Num canto jazia uma caixa aberta com fotografias e vidros.jazia uma caixa aberta com fotografias e vidros.
  • 8. A velha senhora, esboçando então um tímidoA velha senhora, esboçando então um tímido sorriso de quem havia já perdido todos ossorriso de quem havia já perdido todos os dentes, pediu-me:dentes, pediu-me: ““O senhor poderia me ajudar com a mala?”O senhor poderia me ajudar com a mala?” Eu peguei a mala e ajudei-a caminharEu peguei a mala e ajudei-a caminhar lentamente até o carro. E enquanto selentamente até o carro. E enquanto se acomodava ela ficou me agradecendo.acomodava ela ficou me agradecendo.
  • 9. -"Não é nada, apenas procuro tratar meus-"Não é nada, apenas procuro tratar meus passageiros do jeito que gostaria que tratassempassageiros do jeito que gostaria que tratassem minha velha mãe”.minha velha mãe”. -" Oh!, você é um bom rapaz!"-" Oh!, você é um bom rapaz!" Quando embarcamos, deu-me um endereço e pediu:Quando embarcamos, deu-me um endereço e pediu: -"O senhor poderia ir pelo centro da cidade?"-"O senhor poderia ir pelo centro da cidade?" -" Este não é o trajeto mais curto", alertei-a-" Este não é o trajeto mais curto", alertei-a prontamente.prontamente. -" Eu não me importo. Não estou com pressa. Meu-" Eu não me importo. Não estou com pressa. Meu destino é o último, o asilo dos velhos".destino é o último, o asilo dos velhos".
  • 10. Surpreso, eu olhei pelo retrovisor.Surpreso, eu olhei pelo retrovisor. Os olhos da velhinha brilhavam marejados.Os olhos da velhinha brilhavam marejados. -" Eu não tenho mais família e o médico me-" Eu não tenho mais família e o médico me disse que tenho muito pouco tempo".disse que tenho muito pouco tempo". Disfarçadamente desliguei o taxímetro eDisfarçadamente desliguei o taxímetro e perguntei:perguntei: -"Qual o caminho que a senhora deseja que eu-"Qual o caminho que a senhora deseja que eu tome?"tome?"
  • 11. Nas horas seguintes nós dirigimos por toda aNas horas seguintes nós dirigimos por toda a cidade. Ela mostrou-me o edifício na Barãocidade. Ela mostrou-me o edifício na Barão do Cerro Azul em que havia, em certado Cerro Azul em que havia, em certa ocasião, trabalhado como ascensorista.ocasião, trabalhado como ascensorista. Nós passamos pelas cercanias do Centro Cívico,Nós passamos pelas cercanias do Centro Cívico, em que ela e o esposo tinham vivido comoem que ela e o esposo tinham vivido como recém-casados.recém-casados. E também pela Pérpetuo Soccoro no Alto daE também pela Pérpetuo Soccoro no Alto da Glória, onde iam sempre e onde tambémGlória, onde iam sempre e onde também comemoraram Bodas de Ouro.comemoraram Bodas de Ouro.
  • 12. Ela pediu-me que passasse em frente a uma lojaEla pediu-me que passasse em frente a uma loja na Dr. Muricy com a José Loureiro, que elana Dr. Muricy com a José Loureiro, que ela dizia ser um clube alemão, que tinha um grandedizia ser um clube alemão, que tinha um grande salão de dança que ela freqüentara quandosalão de dança que ela freqüentara quando mocinha.mocinha. De vez em quando, pedia-me para dirigirDe vez em quando, pedia-me para dirigir vagarosamente em frente a um edifício ouvagarosamente em frente a um edifício ou esquina. Era quando ficava então com os olhosesquina. Era quando ficava então com os olhos fixos na escuridão, sem dizer nada. E olhava,fixos na escuridão, sem dizer nada. E olhava, olhava e suspirava...olhava e suspirava...
  • 13. E assim rodamos a noite inteirinha.E assim rodamos a noite inteirinha. Passamos por parques, praças, restaurantes,Passamos por parques, praças, restaurantes, tudo o que vinha vindo na imaginação datudo o que vinha vindo na imaginação da doce senhorinha.doce senhorinha. Quando o primeiro raio de sol surgiu noQuando o primeiro raio de sol surgiu no horizonte, ela disse de repente:horizonte, ela disse de repente: "Estou cansada e pronta. Vamos agora!""Estou cansada e pronta. Vamos agora!" Seguimos, então, em silêncio, para o endereçoSeguimos, então, em silêncio, para o endereço que ela havia me dado. Chegamos a uma casaque ela havia me dado. Chegamos a uma casa comum no bairro do Parolin, uma pequenacomum no bairro do Parolin, uma pequena casa de repouso.casa de repouso.
  • 14. Duas atendentes caminharam até o taxi,Duas atendentes caminharam até o taxi, assim que paramos. Eram amáveis eassim que paramos. Eram amáveis e atentas e logo se acercaram da velhaatentas e logo se acercaram da velha senhora, a quem pareciam esperar.senhora, a quem pareciam esperar. Eu abri o porta-malas do carro e levei aEu abri o porta-malas do carro e levei a pequena valise até a porta. A senhora, jápequena valise até a porta. A senhora, já sentada em uma cadeira de rodas, perguntou-sentada em uma cadeira de rodas, perguntou- me então pelo custo da corrida.me então pelo custo da corrida.
  • 15. -"-" Quanto lhe devo?", ela perguntou, pegando aQuanto lhe devo?", ela perguntou, pegando a bolsa.bolsa. -"Nada!", eu disse.-"Nada!", eu disse. -" Você tem que ganhar a vida, meu jovem”-" Você tem que ganhar a vida, meu jovem” -" Há outros passageiros", respondi.-" Há outros passageiros", respondi. - Mas ela insistiu, disse que não precisava mais de- Mas ela insistiu, disse que não precisava mais de dinheiro, e colou 2.000 reais no meu bolso dadinheiro, e colou 2.000 reais no meu bolso da camisa.camisa. Eu não quis aceitar, mas ela foi incisiva aoEu não quis aceitar, mas ela foi incisiva ao extremo, e e quase sem pensar, curvei-me e dei-lheextremo, e e quase sem pensar, curvei-me e dei-lhe um abraço. Ela me envolveu comovidamente eum abraço. Ela me envolveu comovidamente e devolveu-me com um beijo afetuoso e repleto dadevolveu-me com um beijo afetuoso e repleto da mais pura e genuína gratidãomais pura e genuína gratidão e disse:e disse:
  • 16. -"Você deu a mim, bons momentos de alegria,-"Você deu a mim, bons momentos de alegria, como não tinha há tanto tempo. Visitamos não sócomo não tinha há tanto tempo. Visitamos não só lugares, mas momentos que eu vivi. Só Deus élugares, mas momentos que eu vivi. Só Deus é quem sabe o quanto você fez por mim. Obrigada,quem sabe o quanto você fez por mim. Obrigada, MEU AMIGO! Mil vezes obrigada.”MEU AMIGO! Mil vezes obrigada.” Apertei sua mão pela última vez e caminhei até oApertei sua mão pela última vez e caminhei até o carro, na Brigadeiro Franco, onde ficava o asilo, ecarro, na Brigadeiro Franco, onde ficava o asilo, e dirigi olhando o centro da cidade amanhecendodirigi olhando o centro da cidade amanhecendo ao fundo e não conseguia parar de chorar, eao fundo e não conseguia parar de chorar, e pensar como vivemos e ao que damos valor, sepensar como vivemos e ao que damos valor, se daqui não levamos nada.daqui não levamos nada.
  • 17. Atrás de mim, uma moça fechava o portão, e euAtrás de mim, uma moça fechava o portão, e eu avistava ela e outros velhinhos repousando emavistava ela e outros velhinhos repousando em cadeiras.cadeiras. Era como o som do término de uma vida...Era como o som do término de uma vida... Naquele dia não peguei mais passageiros.Naquele dia não peguei mais passageiros. Fiquei sem rumo, parei na Av. Pres. Kennedy,Fiquei sem rumo, parei na Av. Pres. Kennedy, perdido nos meus pensamentos. Mal podia falar.perdido nos meus pensamentos. Mal podia falar. Dois dias depois, tomei coragem e voltei no asilo para verDois dias depois, tomei coragem e voltei no asilo para ver como estava a minha mais nova amiga e quem sabecomo estava a minha mais nova amiga e quem sabe passear com ela de novo. Me disseram, então, que napassear com ela de novo. Me disseram, então, que na noite anterior, seu coração parou durante a noite, e elanoite anterior, seu coração parou durante a noite, e ela adormecera para sempre, em paz e feliz.adormecera para sempre, em paz e feliz.
  • 18. E fiquei a pensar, se a velhinha tivesseE fiquei a pensar, se a velhinha tivesse pego um motorista mal-educado epego um motorista mal-educado e raivoso... Ou, então, algum que estivesseraivoso... Ou, então, algum que estivesse ansioso para terminar seu turno.ansioso para terminar seu turno. Óh, Deus! E se eu houvesse recusado aÓh, Deus! E se eu houvesse recusado a corrida? Ou tivesse buzinado uma vez ecorrida? Ou tivesse buzinado uma vez e ido embora?ido embora? Ao relembrar, creio que eu jamaisAo relembrar, creio que eu jamais tenha feito algo mais importante natenha feito algo mais importante na minha vida até então.minha vida até então.
  • 19. Em geral nos condicionamos a pensar queEm geral nos condicionamos a pensar que nossas vidas são os objetivos e o futuro,nossas vidas são os objetivos e o futuro, mas ela gira em grandes momentos.mas ela gira em grandes momentos. Todavia, osTodavia, os GRANDESGRANDES MOMENTOSMOMENTOS freqüentemente nos pegam desprevenidosfreqüentemente nos pegam desprevenidos e ficam guardados em recantos que quasee ficam guardados em recantos que quase todo mundo considera sem importância,todo mundo considera sem importância, quando nos damos conta, já passou.quando nos damos conta, já passou.
  • 20. AS PESSOAS PODEM NÃOAS PESSOAS PODEM NÃO LEMBRAR EXATAMENTE O QUELEMBRAR EXATAMENTE O QUE VOCÊ FEZ, OU O QUE VOCÊ DISSE.VOCÊ FEZ, OU O QUE VOCÊ DISSE. MAS, ELAS SEMPRE LEMBRARÃO COMO VOCÊ AS FEZ SENTIR-SE. PENSE BEM NISTOPENSE BEM NISTO;; PORTANTO, VOCÊ PODE FAZER A DIFERENÇA.
  • 21. 09/04/14 E OUTRA....E OUTRA.... OS IDOSOS DE HOJE,OS IDOSOS DE HOJE, SOMOS NÓS AMANHÃ.SOMOS NÓS AMANHÃ. Passe adiante, se julgar interessante.Passe adiante, se julgar interessante. 21/07/10