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1926 -
1984
Michel Foucault foi um filósofo, historiador, crítico e ativista político francês
que desenvolveu uma teoria e um método de pesquisa próprios,
caracterizados por aproximar história e filosofia. Seus trabalhos abordam
temas diversos, como poder, conhecimento, discurso, sexualidade, loucura.
Foucault foi influenciado pela filosofia da ciência francesa, pela psicologia e
pelo estruturalismo. Já sua atuação política foi influenciada sobretudo pela
desilusão com o comunismo e pelo movimento de maio de 1968 na
França. Sua experiência pessoal com tratamento psiquiátrico motivou-o a
estudar a loucura. Interessava-se pela relação entre poder, conhecimento
científico e discurso, e pelas práticas a eles associadas na definição da
loucura e no tratamento destinado àqueles classificados como "loucos".
Suas ideias inspiraram tanto críticas quanto apoios fervorosos e
influenciaram diversas áreas, como a arte, a filosofia, a história, a
sociologia, a antropologia e muitas outras. Destacam-se, nela, História da
loucura na idade clássica (1961), As palavras e as coisas (1966),
Arqueologia do saber (1969), Vigiar e punir (1975), Microfísica do poder
(1979), e ainda o projeto inacabado História da sexualidade, composto de A
vontade de saber (1976), O uso dos prazeres (1984) e O cuidado de si
(1984).
Para entender a complicada relação entre verdade e
poder, Foucault realizou pesquisas sobre temas variados. Um
dos pontos em que mais se deteve foi a questão da
disciplina. Como homens e mulheres aprendem a se
comportar? O que acontece quando não se comportam de
acordo com o previsto? Em que tipo de justificativas se baseiam
as regras de comportamento? Em que lugares os ensinamentos
sobre o que é socialmente aceitável e não aceitável são
transmitidos? Por que e por quem eles são cobrados? Para
responder a questões como essas, Foucault investigou a origem
e o desenvolvimento de várias instituições de controle, entre
elas os abrigos, como aquele para onde as pequenas órfãs de
Tempos modernos foram enviadas, e as prisões, como aquela de
onde Carlitos não queria sair.Seguiremos, portanto, com
Michel Foucault, numa visita por algumas instituições de
controle e poder.
Seu interesse se voltou, sobretudo, para as condições de surgimento de
novos saberes - ciências como a biologia, a economia política, a psiquiatria
e a própria sociologia - e novos dispositivos disciplinares. A influência
progressiva desses novos saberes e a multiplicação desses dispositivos por
toda a sociedade levaram, segundo ele, à consolidação de um modelo
peculiar de organização social: as "sociedades disciplinares" dos
séculos XIX e XX.
A emergência desse novo formato de arranjo social, com suas lógicas de
controle e penalização, constitui o tema central de uma das obras mais
conhecidas deFoucault, que tem o sugestivo título Vigiar e punir:
nascimento da prisão. Nesse livro, ele nos mostra como, a partir dos
séculos XVII e XVIII, houve o que chama de um "desbloqueio tecnológico da
produtividade do poder". Esse desbloqueio teria permitido o
estabelecimento de procedimentos de controle ao mesmo tempo muito
mais eficazes e menos dispendiosos. E isso ocorreu não apenas nas prisões,
mas também em várias outras instituições, onde a vigilância dos indivíduos
é constante e necessária.
As formas de curar, educar e punir não foram as únicas a ter
seus princípios alterados na modernidade. Foucault nos mostra
como as maneiras de produzir e os lugares da produção também
passaram por um sério processo de especialização e controle. As
fábricas, por exemplo, reproduzem a estrutura da prisão, no
sentido de que colocam os indivíduos, separados segundo suas
diferentes     funções,   sob   um     rígido     sistema     de
vigilância. Lembremo-nos da fábrica de Carlitos: disciplinados e
sob o olhar vigilante do capitalista, os operários produzem
mais. A indisciplina e o descontrole de Carlitos atrapalham a
produção. Ele é levado ao manicômio para aprender a se
comportar como os demais e novamente se tornar apto a
produzir.
Em uma linha de produção o trabalho é disciplinado, os corpos são
adestrados, e tudo é supervisionado por técnicos que conhecem o
ritmo adequado ("normal"), o produto de qualidade ("normal") e
produtividade esperada ("normal").
Podemos observar que, ao se voltar para a produção, Foucault não
reduz a questão ao aspecto puramente econômico. Mesmo nesse
contexto, diferentemente de Marx, ele está interessado não tanto na
dominação econômica, mas nas relações de poder que perpassam
toda a sociedade. Em uma entrevista que concedeu ao brasileiro
Alexandre Fontana, Foucault resumiu sua posição:
Para dizer as coisas mais simplesmente: o internamento
psiquiátrico, a normalização mental dos indivíduos, as instituições
penais têm, sem dúvida, uma importância muito limitada se se
procura somente sua significação econômica. Em contrapartida, no
funcionamento geral das engrenagens do poder, eles são, sem
dúvida, essenciais. Enquanto se colocava a questão do poder
subordinando-o à instância econômica e ao sistema de interesse
que garantia, se dava pouca importância a estes problemas.

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Michel Foucault e as instituições de controle e poder

  • 1.
  • 3. Michel Foucault foi um filósofo, historiador, crítico e ativista político francês que desenvolveu uma teoria e um método de pesquisa próprios, caracterizados por aproximar história e filosofia. Seus trabalhos abordam temas diversos, como poder, conhecimento, discurso, sexualidade, loucura. Foucault foi influenciado pela filosofia da ciência francesa, pela psicologia e pelo estruturalismo. Já sua atuação política foi influenciada sobretudo pela desilusão com o comunismo e pelo movimento de maio de 1968 na França. Sua experiência pessoal com tratamento psiquiátrico motivou-o a estudar a loucura. Interessava-se pela relação entre poder, conhecimento científico e discurso, e pelas práticas a eles associadas na definição da loucura e no tratamento destinado àqueles classificados como "loucos". Suas ideias inspiraram tanto críticas quanto apoios fervorosos e influenciaram diversas áreas, como a arte, a filosofia, a história, a sociologia, a antropologia e muitas outras. Destacam-se, nela, História da loucura na idade clássica (1961), As palavras e as coisas (1966), Arqueologia do saber (1969), Vigiar e punir (1975), Microfísica do poder (1979), e ainda o projeto inacabado História da sexualidade, composto de A vontade de saber (1976), O uso dos prazeres (1984) e O cuidado de si (1984).
  • 4. Para entender a complicada relação entre verdade e poder, Foucault realizou pesquisas sobre temas variados. Um dos pontos em que mais se deteve foi a questão da disciplina. Como homens e mulheres aprendem a se comportar? O que acontece quando não se comportam de acordo com o previsto? Em que tipo de justificativas se baseiam as regras de comportamento? Em que lugares os ensinamentos sobre o que é socialmente aceitável e não aceitável são transmitidos? Por que e por quem eles são cobrados? Para responder a questões como essas, Foucault investigou a origem e o desenvolvimento de várias instituições de controle, entre elas os abrigos, como aquele para onde as pequenas órfãs de Tempos modernos foram enviadas, e as prisões, como aquela de onde Carlitos não queria sair.Seguiremos, portanto, com Michel Foucault, numa visita por algumas instituições de controle e poder.
  • 5. Seu interesse se voltou, sobretudo, para as condições de surgimento de novos saberes - ciências como a biologia, a economia política, a psiquiatria e a própria sociologia - e novos dispositivos disciplinares. A influência progressiva desses novos saberes e a multiplicação desses dispositivos por toda a sociedade levaram, segundo ele, à consolidação de um modelo peculiar de organização social: as "sociedades disciplinares" dos séculos XIX e XX. A emergência desse novo formato de arranjo social, com suas lógicas de controle e penalização, constitui o tema central de uma das obras mais conhecidas deFoucault, que tem o sugestivo título Vigiar e punir: nascimento da prisão. Nesse livro, ele nos mostra como, a partir dos séculos XVII e XVIII, houve o que chama de um "desbloqueio tecnológico da produtividade do poder". Esse desbloqueio teria permitido o estabelecimento de procedimentos de controle ao mesmo tempo muito mais eficazes e menos dispendiosos. E isso ocorreu não apenas nas prisões, mas também em várias outras instituições, onde a vigilância dos indivíduos é constante e necessária.
  • 6. As formas de curar, educar e punir não foram as únicas a ter seus princípios alterados na modernidade. Foucault nos mostra como as maneiras de produzir e os lugares da produção também passaram por um sério processo de especialização e controle. As fábricas, por exemplo, reproduzem a estrutura da prisão, no sentido de que colocam os indivíduos, separados segundo suas diferentes funções, sob um rígido sistema de vigilância. Lembremo-nos da fábrica de Carlitos: disciplinados e sob o olhar vigilante do capitalista, os operários produzem mais. A indisciplina e o descontrole de Carlitos atrapalham a produção. Ele é levado ao manicômio para aprender a se comportar como os demais e novamente se tornar apto a produzir.
  • 7. Em uma linha de produção o trabalho é disciplinado, os corpos são adestrados, e tudo é supervisionado por técnicos que conhecem o ritmo adequado ("normal"), o produto de qualidade ("normal") e produtividade esperada ("normal"). Podemos observar que, ao se voltar para a produção, Foucault não reduz a questão ao aspecto puramente econômico. Mesmo nesse contexto, diferentemente de Marx, ele está interessado não tanto na dominação econômica, mas nas relações de poder que perpassam toda a sociedade. Em uma entrevista que concedeu ao brasileiro Alexandre Fontana, Foucault resumiu sua posição: Para dizer as coisas mais simplesmente: o internamento psiquiátrico, a normalização mental dos indivíduos, as instituições penais têm, sem dúvida, uma importância muito limitada se se procura somente sua significação econômica. Em contrapartida, no funcionamento geral das engrenagens do poder, eles são, sem dúvida, essenciais. Enquanto se colocava a questão do poder subordinando-o à instância econômica e ao sistema de interesse que garantia, se dava pouca importância a estes problemas.