SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
http://www.computerworld.com.br
NEGÓCIOS > INTERNET


Qual é o futuro da web, segundo Tim Berners-Lee
(http://computerworld.uol.com.br/negocios/2007/07/09/idgnoticia.2007-07-09.9970442373)

Por Peter Moon, especial para o IDG Now!

Publicada em 09 de julho de 2007 - 15h00
Atualizada em 23 de janeiro de 2009 - 09h52

Em entrevista exclusiva, Tim Berners-Lee, o criador da web, fala como a Web
Semântica vai deixar a rede mais inteligente.

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o termo semântico como sendo “o componente do
sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados”. Tim Berners-Lee, o homem
que inventou sozinho a World Wide Web em 1989, pegou emprestado este termo para batizar a internet
do futuro. Trata-se da Web Semântica, um conjunto revolucionário de tecnologias que ele está
desenvolvendo neste exato momento, como diretor do World Wide Web Consortium, órgão ligado ao
Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Nesta entrevista exclusiva por telefone, este londrino de 52 anos, agraciado em 2004 com o título de Sir
pela Rainha Elizabeth II, explica como imagina o futuro da maior de todas as redes e decreta: a Web
Semântica será muito mais poderosa do que tudo o que conhecemos.

Antes de mais nada, devo chamá-lo de Sir Timothy, Professor Timothy ou Mr. Berners-Lee?
Tim Berners-Lee – Você pode me chamar de Tim.

Bem, Tim, minha primeira pergunta é aquela que sempre lhe perguntam: O que vem a ser a Web
Semântica?
Sim, é verdade. Frequentemente me perguntam sobre isso. E o modo mais simples de explicar é: no seu
computador você tem seus arquivos, os documentos que você lê, e existem arquivos de dados como
agendas, programas de planejamento financeiro, planilhas de cálculo. Estes programas contêm dados
que são usados em documentos fora da web. Eles não podem ser colocados na web. Um exemplo: você
está procurando uma página na web para encontrar uma palestra que quer assistir ou um evento que
quer participar. O evento tem um local e um horário e pessoas associadas a ele. Mas você precisa ler a
página da web ao mesmo tempo em que abre a sua agenda para inserir as informações. Se quiser achar
novamente aquela página, terá que digitar o seu endereço para ela voltar até ela. Se quiser os detalhes
corporativos das pessoas, terá que cortar e colar as informações de uma página na web para dentro da
sua agenda, porque o arquivo da sua agenda e os arquivos de dados originais não estão integrados com
os dados na web. Assim, a Web Semântica trata da integração desses dados.

Quando você usa um aplicativo, deveria poder inserir seus dados de modo a poder configurá-los,
informando o computador: “Eu vou nesta reunião”. Quando dissesse isso, a máquina iria entender os
dados. A Web Semântica é sobre a colocação de arquivos de dados na web. Não é apenas uma web de
documentos, mas também de dados. A tecnologia de dados da Web Semântica terá muitas aplicações,
todas interconectadas. Pela primeira vez haverá um formato comum de dados para todos os aplicativos,
permitindo que os bancos de dados e as páginas da web troquem arquivos.

Mas, afinal, qual é a diferença entre uma web de documentos e outra de dados?
Existem muitas diferenças. Pegue, por exemplo, os seus dados financeiros. Existem duas formas de
observá-los. Se olhar numa página normal na web, eles parecem com uma folha de papel. A única coisa
que se pode fazer é lê-los. Mas se observá-los num site da Web 3.0, você poderá, por exemplo, usar um
mecanismo de busca para alterar a ordem dos dados, obtendo desta forma um acesso muito melhor aos
mesmos.

Hoje, antes de realizar uma tarefa como pagar seus impostos, você precisa de um programa de
gerenciamento financeiro. Ao fazê-lo, os dados não são carregados como uma página na web, mas como
arquivos de dados. Esta é a diferença entre documentos e dados. Quando você procura documentos nos
seus dados bancários, só é possível lê-los. Quando procura dados, pode descobrir o quanto de impostos
está devendo ou qual é o total das contas a pagar. Não podemos fazer isso na web atual.

Se fosse possível, as informações reunidas nos seus dados bancários seriam convertidas num padrão
que só funcionaria com bancos. Mas haverá padrões totalmente diferentes, padrões para uso em
agendas, por exemplo. Hoje não se pode perguntar ao computador: “Quando foi que eu preenchi este
cheque? Qual é o nome da função? Quando eu fui naquela reunião?” Não se podem conectar itens em
diferentes arquivos de dados, a não ser que se use a Web Semântica. Ela é muito mais poderosa, porque
nela é possível conectar dados sobre pessoas que tenham a ver com um determinado local e um
determinado momento.

Mas esta integração completa entre dados pessoais, empresariais e governamentais não pode
levar a uma invasão de privacidade?

Sim. Eu também tenho este medo! Um aspecto importante da Web Semântica se chama provenance.
Esta palavra é um código que define de onde vêm os dados e o que pode ser feito com eles. Os padrões
da Web Semântica permitem que se defina como você deseja manipular os dados aos quais tem direitos
de acesso. Estamos desenvolvendo no MIT sistemas para mostrar, sem sombra de dúvidas, quais são os
usos permitidos para as informações, de modo que se possa checar de onde elas vêm e o que significam,
tendo-se a certeza de que não serão usadas em nenhuma forma não autorizada.

Mas não é preciso ter um mínimo de conhecimento técnico para definir estas preferências, o que
não é o caso da maioria da população mundial?

Em primeiro lugar, quando se usa a Web Semântica para dados pessoais, eles não são colocados na
internet aberta. Existe dentro do seu computador uma web pessoal para os dados da sua vida, para
serem navegados localmente. No caso de softwares de planejamento financeiro, os sistemas dos bancos
navegam através da rede no interior de um canal seguro e são executados localmente, no PC. Não se
usa tecnologia de web. Seus dados pessoais não estão na internet. O que estamos falando é permitir ao
usuário combinar as informações pessoais e empresariais a que tem direitos de acesso com informações
públicas de modo a criar um conteúdo muito mais rico.

Sobre o fato das pessoas precisarem de algum conhecimento técnico, isso às vezes é verdade. Mas no
caso de uma agenda estamos manipulando dados, certo? Quando você usa uma agenda de endereços
você está criando dados. Estes programas possuem interfaces amigáveis que permitem uma utilização
sem grandes problemas, a menos que se usem programas incompatíveis. Estas interfaces foram
desenhadas para facilitar o seu emprego pelo usuário comum.

Estamos trabalhando para tornar esta tecnologia disponível àqueles que quiserem manipular documentos
nas empresas. É verdade que não existe ainda tecnologia de Web Semântica que seja facilmente
utilizável por pessoas idosas ou crianças. Mas no MIT temos um grupo de pesquisadores trabalhando
exatamente nisso, produzindo programas que permitam ao cidadão comum ler, escrever e processar os
seus próprios dados.

Foi você quem formulou o termo Web Semântica? É a mesma coisa que a Web 3.0? Qual é a
diferença entre a Web 2.0 e a 3.0?

Sim, fui eu. Foi em 1999, no meu livro "Weaving the Web" (Tecendo a Teia). A Web 2.0 é um nome para
descrever como operam os arquivos usados na web. Com relação ao conteúdo gerado pelos usuários,
isso ocorre quando as pessoas acessam web sites e classificam (tagging) informações, sobem uma
fotografia ou constroem sites comunitários. A Web 2.0, portanto, é baseada em sites comunitários. Mas
não fui eu quem inventou este termo. Foi Tim O’Reilly, em 2005.

Sobre a Web 3.0, algumas pessoas usam este termo para definir uma nova arquitetura de dados. Já
outras usam como uma forma de regulamentação da tecnologia da web. Mas considere o futuro da
tecnologia da web. Um problema típico bem conhecido dos arquivos 2.0 é que seus dados não se
encontram num site, mas num banco de dados. Eles não estão na web, não podem ser manipulados.
Pegue por exemplo um site profissional com informações sobre os seus colegas de trabalho, um outro
site com informações sobre os seus amigos, além de sites de diferentes comunidades. Na Web 2.0 você
não pode enxergar o quadro completo; ninguém pode ver o quadro completo. É por isso que algumas
pessoas dizem que a Web 3.0 será uma realidade quando os sites exibirem dados que possam ser
manipulados.

Vejamos um outro exemplo: se um determinado site encontra informações úteis sobre os meus amigos no
meu blog, então eu posso definir um ícone para informar ao meu computador: “extraia estes dados,
analise-os e os adicione aos dados que tenho de outros sites, para então exibi-los todos juntos”.


Quando a Web Semântica atingir todo o seu potencial, ela desencadeará um segundo boom da
internet?

Bem, sob certo ponto de vista isso já está acontecendo. Mas eu não acho que a web já atingiu todo o seu
potencial, e ela já está aí faz quase 16 anos. A Web Semântica irá decolar quando as pessoas
começarem a colocar links públicos de dados na web, adicionando dados e arquivos pessoais. Mas
acredito que ainda vai levar muitos anos, porque muita coisa terá que ser feita para torná-la uma
realidade.

O que é a Neutralidade na Net? Qual é a sua posição com relação a isto?

Trata-se do seguinte: quando você e eu pagamos para nos conectar na internet, podemos nos comunicar
não importando quem quer que nós sejamos. O que mais chama atenção hoje na rede são os vídeos.
Eles estão tomando conta da net. Uma empresa como o YouTube atrai muita atenção porque transmite
vídeo pela web, aproveitando-se do fato de que, em muitas regiões do mundo, a largura de banda está se
tornando cada vez maior.

Agora suponha que eu esteja em Massachusetts, seja um fã de cinema independente e queira encontrar
um filme brasileiro. Eu entro na internet para procurar no Brasil os meus diretores e filmes independentes
prediletos. Mas de repente o provedor de acesso em Massachusetts bloqueia a transmissão dizendo:
“Não vamos deixar você fazer isso, porque nós vendemos filmes. Sim, nós fornecemos a você acesso à
internet, mas impedimos que assista filmes. Queremos controlar quais filmes você compra.”

Eu já vi empresas de tevê a cabo tentarem impedir o uso de ligações telefônicas na internet. Isso me
preocupa. Eu não quero que isso aconteça. Acredito ser muito importante manter a internet aberta para
quem quer que seja. É isso que chamamos de Neutralidade na Net. É imprescindível preservá-la para o
futuro.

Em 2003, o governo brasileiro ao lado de outras nações propôs uma administração internacional
para a internet, espelhada nos exemplos da União Européia e das Nações Unidas. Será que algum
dia Washington irá permiti-lo?

Acredito que a internet irá se burocratizar aos poucos. Isso é inevitável. É importante permitir que as
pessoas de diversos países, dos países emergentes, desenvolvam o seu uso da internet o mais rápido
possível. Mas a administração de algo tão grande nunca poderá ser controlada por uma burocracia única.
Não sei que forma essa burocracia assumirá, já que existe muita política envolvida. Mas penso que seria
importante manter a rede livre da ação dos governos e sem censurar as pessoas que a utilizam.

Certa vez você disse que criou a web para resolver uma frustração que tinha no CERN – o
Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear, em Genebra. Como foi isso?

O CERN possui uma maravilhosa diversidade de culturas, porque gente de todo o mundo vai lá para
pesquisar física. Em 1989, antes de existir a web, eu escrevi um memorandoexplicando como ela seria.
Eu mencionava o sistema de hipertextos e a World Wide Web como um método para agregar e editar
dados. Eu queria que todas as informações na rede do CERN pudessem ser facilmente acessáveis.
Queria desenvolver ferramentas para permitir às pessoas produzir e usar informações de forma
colaborativa. A primeira ferramenta foi um editor de web que permitia aos pesquisadores do CERN usar
um documento, editá-lo e alterá-lo para então enviá-lo, inserindo links entre as páginas da web e
documentos científicos. Minha frustração era que eu queria trabalhar com pessoas de países diferentes,
usando máquinas diferentes, operando bancos de dados diferentes e distribuindo dados em formatos
diferentes. A web forneceu um padrão para tudo isso.

Muitos pesquisadores ganharam milhões com a web, mas você preferiu continuar desenvolvendo
padrões. Não acha que perdeu a chance de uma vida por não criar uma web proprietária?

Não, não acho, porque se ela fosse proprietária as pessoas não teriam usado nem contribuído para o seu
crescimento. Ela não teria decolado e nós não estaríamos conversando agora.
Empreendedores como Nova Spivak e o co-fundador da Microsoft, Paul Allen, trabalham com uma
linha do tempo que prevê o advento da Web 3.0 em 2010 e até mesmo uma futura Web 4.0 em 2020.
Consegue imaginar como seria esta Web 4.0?

(Risos) Não, eu não consigo. Eu estudo tecnologia real. Eu não inventei a palavra Web 3.0 (ela surgiu
pela primeira vez num blog em janeiro de 2006). A web está em constante evolução. Na Web 2.0 existem
tecnologias, como o JavaScript, que surgiram e se tornaram padrões por auxiliar as pessoas em suas
tarefas. A maioria dos padrões que estão surgindo agora dará um grande impulso a iniciativas como a
web móvel, que é o uso da web nos mais diversos dispositivos.

No futuro teremos a Web Semântica que permitirá muitas outras coisas. Uma das características mais
poderosas das tecnologias de rede como a internet, a web ou a Web Semântica é que as coisas que
conseguimos fazer vão muito além da imaginação de seus criadores. Pegue, por exemplo, os inventores
do TCP/IP (Transmission Control Protocol-Internet Protocol), os protocolos originais para a comunicação
entre computadores na internet, criados por Vinton Cerf e Robert Kahn em 1974. Como eles imaginariam
que aqueles protocolos iriam se tornar a maior de todas as redes?

Quando inventei a web, pensava nela como uma infra-estrutura, como uma fundação para muitas outras
coisas. A Web 2.0 permitiu o surgimento das redes sociais e muitos outros serviços. Quando a Web
Semântica surgir daqui alguns anos, os usuários irão utilizá-la em formas que ainda não podemos prever.
Por isso é uma bobagem tentar imaginar como será uma Web 4.0 quando nem sabemos o que será feito
na 3.0.

As pessoas que a estudam a Web 3.0 terão que desenvolver ideias para fazer esta nova tecnologia ter
sucesso. Eles irão projetar coisas fantásticas, assim como os pesquisadores da Web 2.0 estão
desenhando coisas fantásticas neste instante. Quem trabalhar com a Web Semântica irá fazer coisas
muito mais poderosas. Não podemos imaginar como elas serão. Mas temos que construir a web para ser
uma infra-estrutura. Ela nunca deverá ser usada para propósitos particulares. Somente como uma
fundação para futuros desenvolvimentos.



Copyright 2012 Now!Digital Business Ltda. Todos os direitos reservados.

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

La actualidad más candente (7)

A evolução da web: da Web 1.0 à Web 2.0
A evolução da web: da Web 1.0 à Web 2.0A evolução da web: da Web 1.0 à Web 2.0
A evolução da web: da Web 1.0 à Web 2.0
 
B gates how_i_work
B gates how_i_workB gates how_i_work
B gates how_i_work
 
Tipos de web aula ipog
Tipos de web   aula ipogTipos de web   aula ipog
Tipos de web aula ipog
 
A Comunicação na Internet e a sua utilização para o fortalecimento das comiss...
A Comunicação na Internet e a sua utilização para o fortalecimento das comiss...A Comunicação na Internet e a sua utilização para o fortalecimento das comiss...
A Comunicação na Internet e a sua utilização para o fortalecimento das comiss...
 
Apresentando web 1.0
Apresentando web 1.0Apresentando web 1.0
Apresentando web 1.0
 
Internet – primeira aula
Internet – primeira aulaInternet – primeira aula
Internet – primeira aula
 
Trabalho 4bi-final
Trabalho 4bi-finalTrabalho 4bi-final
Trabalho 4bi-final
 

Destacado

Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...
Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...
Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...Marketeria
 
Plano de Marketing para Pequenas e Médias Empresas
Plano de Marketing para Pequenas e Médias EmpresasPlano de Marketing para Pequenas e Médias Empresas
Plano de Marketing para Pequenas e Médias EmpresasAlexandre Grolla
 
Projeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprende
Projeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprendeProjeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprende
Projeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprendeAlexandre Grolla
 
GNAT GPL For Mindstorms
GNAT GPL For MindstormsGNAT GPL For Mindstorms
GNAT GPL For MindstormsAdaCore
 
Euclid open network - Project Work at #sds2013
Euclid open network - Project Work at #sds2013Euclid open network - Project Work at #sds2013
Euclid open network - Project Work at #sds2013Guglielmo Apolloni
 
Rails Girls Cluj: Programming in the real world
Rails Girls Cluj: Programming in the real worldRails Girls Cluj: Programming in the real world
Rails Girls Cluj: Programming in the real worldMircea Mare
 
Ada Lovelace Day - 200 anos
Ada Lovelace Day - 200 anosAda Lovelace Day - 200 anos
Ada Lovelace Day - 200 anosTania Andrea
 
Introdução ao Comércio Eletrônico - E-Commerce
Introdução ao Comércio Eletrônico - E-CommerceIntrodução ao Comércio Eletrônico - E-Commerce
Introdução ao Comércio Eletrônico - E-CommerceAdriano Maranhão
 
GNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STS
GNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STSGNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STS
GNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STSAdaCore
 
GNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation Generator
GNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation GeneratorGNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation Generator
GNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation GeneratorAdaCore
 
GNAT Pro User Day: Ada Factory
GNAT Pro User Day: Ada FactoryGNAT Pro User Day: Ada Factory
GNAT Pro User Day: Ada FactoryAdaCore
 
GNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore Technology
GNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore TechnologyGNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore Technology
GNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore TechnologyAdaCore
 
ADA programming language
ADA programming languageADA programming language
ADA programming languageAisha Kalsoom
 
Ada Seminar — An Introduction to Ada
Ada Seminar — An Introduction to AdaAda Seminar — An Introduction to Ada
Ada Seminar — An Introduction to AdaAdrian Hoe
 
Ada 2012
Ada 2012Ada 2012
Ada 2012AdaCore
 
Euclid and his contribution in development of math
Euclid and his contribution in development of mathEuclid and his contribution in development of math
Euclid and his contribution in development of mathAkshay Kumar
 

Destacado (20)

Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...
Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...
Inbound Marketing - Pacotes de serviços - Marketeria - Marketing Digital de ...
 
Livro ecommerce
Livro ecommerceLivro ecommerce
Livro ecommerce
 
Plano de Marketing para Pequenas e Médias Empresas
Plano de Marketing para Pequenas e Médias EmpresasPlano de Marketing para Pequenas e Médias Empresas
Plano de Marketing para Pequenas e Médias Empresas
 
Projeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprende
Projeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprendeProjeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprende
Projeto de pesquisa sobre web semântica - a web que aprende
 
GNAT GPL For Mindstorms
GNAT GPL For MindstormsGNAT GPL For Mindstorms
GNAT GPL For Mindstorms
 
Euclid open network - Project Work at #sds2013
Euclid open network - Project Work at #sds2013Euclid open network - Project Work at #sds2013
Euclid open network - Project Work at #sds2013
 
Oop
OopOop
Oop
 
Ada 95 - Programming in the large
Ada 95 - Programming in the largeAda 95 - Programming in the large
Ada 95 - Programming in the large
 
Rails Girls Cluj: Programming in the real world
Rails Girls Cluj: Programming in the real worldRails Girls Cluj: Programming in the real world
Rails Girls Cluj: Programming in the real world
 
Ada Lovelace Day - 200 anos
Ada Lovelace Day - 200 anosAda Lovelace Day - 200 anos
Ada Lovelace Day - 200 anos
 
Introdução ao Comércio Eletrônico - E-Commerce
Introdução ao Comércio Eletrônico - E-CommerceIntrodução ao Comércio Eletrônico - E-Commerce
Introdução ao Comércio Eletrônico - E-Commerce
 
GNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STS
GNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STSGNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STS
GNAT Pro User Day: Ada at Ansaldo STS
 
GNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation Generator
GNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation GeneratorGNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation Generator
GNAT Pro User Day: GNATdoc: Automatic Documentation Generator
 
GNAT Pro User Day: Ada Factory
GNAT Pro User Day: Ada FactoryGNAT Pro User Day: Ada Factory
GNAT Pro User Day: Ada Factory
 
GNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore Technology
GNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore TechnologyGNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore Technology
GNAT Pro User Day: New and Upcoming Developments in the AdaCore Technology
 
ADA programming language
ADA programming languageADA programming language
ADA programming language
 
Ada Seminar — An Introduction to Ada
Ada Seminar — An Introduction to AdaAda Seminar — An Introduction to Ada
Ada Seminar — An Introduction to Ada
 
Ada 2012
Ada 2012Ada 2012
Ada 2012
 
Euclid and his contribution in development of math
Euclid and his contribution in development of mathEuclid and his contribution in development of math
Euclid and his contribution in development of math
 
High performance fibres
High performance fibresHigh performance fibres
High performance fibres
 

Similar a Entrevista exclusiva tim berners lee

Consad 2015 abertura de dados e web semantica
Consad 2015   abertura de dados e web semanticaConsad 2015   abertura de dados e web semantica
Consad 2015 abertura de dados e web semanticaSPUK
 
Consad 2015 abertura de dados e web semantica
Consad 2015   abertura de dados e web semanticaConsad 2015   abertura de dados e web semantica
Consad 2015 abertura de dados e web semanticaSPUK
 
Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...
Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...
Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...susana12345
 
Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!
Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!
Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!Renato Bongiorno Bonfanti
 
Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0
Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0
Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0liverig
 
Tendências Web
Tendências WebTendências Web
Tendências Webriquecosta
 
Navegação pesquisa na internet e segurança na rede
Navegação pesquisa na internet e segurança na redeNavegação pesquisa na internet e segurança na rede
Navegação pesquisa na internet e segurança na redemyrianlaste
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoesmuriellblaas88
 

Similar a Entrevista exclusiva tim berners lee (20)

Consad 2015 abertura de dados e web semantica
Consad 2015   abertura de dados e web semanticaConsad 2015   abertura de dados e web semantica
Consad 2015 abertura de dados e web semantica
 
Consad 2015 abertura de dados e web semantica
Consad 2015   abertura de dados e web semanticaConsad 2015   abertura de dados e web semantica
Consad 2015 abertura de dados e web semantica
 
Web 2.0
Web 2.0Web 2.0
Web 2.0
 
20 things i learned about browsers and the web
20 things i learned about browsers and the web20 things i learned about browsers and the web
20 things i learned about browsers and the web
 
Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...
Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...
Web 2.0 Recursos TecnolóGicos E FormaçãO Susana Ferreira (20061566) & Raquel ...
 
Pim iv
Pim ivPim iv
Pim iv
 
Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!
Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!
Futurecom 2010 - Web Semântica - Pessoas e máquinas pensando juntas!
 
Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0
Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0
Trabalho sobre web 2.0 e web 3.0
 
Tendências Web
Tendências WebTendências Web
Tendências Web
 
Navegação pesquisa na internet e segurança na rede
Navegação pesquisa na internet e segurança na redeNavegação pesquisa na internet e segurança na rede
Navegação pesquisa na internet e segurança na rede
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 
Web 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas OrganizacoesWeb 2 0 Nas Organizacoes
Web 2 0 Nas Organizacoes
 

Más de Alexandre Grolla

Automação de Marketing Digital
Automação de Marketing DigitalAutomação de Marketing Digital
Automação de Marketing DigitalAlexandre Grolla
 
Proposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de Saúde
Proposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de SaúdeProposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de Saúde
Proposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de SaúdeAlexandre Grolla
 
Implantação de E-Commerce para Pequenas e Médias Empresas
Implantação de E-Commerce para Pequenas e Médias EmpresasImplantação de E-Commerce para Pequenas e Médias Empresas
Implantação de E-Commerce para Pequenas e Médias EmpresasAlexandre Grolla
 
Palestra Semana do E-commerce Web Semantica
Palestra Semana do E-commerce Web SemanticaPalestra Semana do E-commerce Web Semantica
Palestra Semana do E-commerce Web SemanticaAlexandre Grolla
 
Introdução a web semântica, ontologia e máquinas de busca
Introdução a web semântica, ontologia e máquinas de buscaIntrodução a web semântica, ontologia e máquinas de busca
Introdução a web semântica, ontologia e máquinas de buscaAlexandre Grolla
 
Consultoria de Marketing para Pequenas Empresas
Consultoria de Marketing para Pequenas EmpresasConsultoria de Marketing para Pequenas Empresas
Consultoria de Marketing para Pequenas EmpresasAlexandre Grolla
 
Semiótica & Web Semântica
Semiótica & Web SemânticaSemiótica & Web Semântica
Semiótica & Web SemânticaAlexandre Grolla
 

Más de Alexandre Grolla (7)

Automação de Marketing Digital
Automação de Marketing DigitalAutomação de Marketing Digital
Automação de Marketing Digital
 
Proposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de Saúde
Proposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de SaúdeProposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de Saúde
Proposta de Marketing Digital para Corretoras de Planos de Saúde
 
Implantação de E-Commerce para Pequenas e Médias Empresas
Implantação de E-Commerce para Pequenas e Médias EmpresasImplantação de E-Commerce para Pequenas e Médias Empresas
Implantação de E-Commerce para Pequenas e Médias Empresas
 
Palestra Semana do E-commerce Web Semantica
Palestra Semana do E-commerce Web SemanticaPalestra Semana do E-commerce Web Semantica
Palestra Semana do E-commerce Web Semantica
 
Introdução a web semântica, ontologia e máquinas de busca
Introdução a web semântica, ontologia e máquinas de buscaIntrodução a web semântica, ontologia e máquinas de busca
Introdução a web semântica, ontologia e máquinas de busca
 
Consultoria de Marketing para Pequenas Empresas
Consultoria de Marketing para Pequenas EmpresasConsultoria de Marketing para Pequenas Empresas
Consultoria de Marketing para Pequenas Empresas
 
Semiótica & Web Semântica
Semiótica & Web SemânticaSemiótica & Web Semântica
Semiótica & Web Semântica
 

Entrevista exclusiva tim berners lee

  • 1. http://www.computerworld.com.br NEGÓCIOS > INTERNET Qual é o futuro da web, segundo Tim Berners-Lee (http://computerworld.uol.com.br/negocios/2007/07/09/idgnoticia.2007-07-09.9970442373) Por Peter Moon, especial para o IDG Now! Publicada em 09 de julho de 2007 - 15h00 Atualizada em 23 de janeiro de 2009 - 09h52 Em entrevista exclusiva, Tim Berners-Lee, o criador da web, fala como a Web Semântica vai deixar a rede mais inteligente. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o termo semântico como sendo “o componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados”. Tim Berners-Lee, o homem que inventou sozinho a World Wide Web em 1989, pegou emprestado este termo para batizar a internet do futuro. Trata-se da Web Semântica, um conjunto revolucionário de tecnologias que ele está desenvolvendo neste exato momento, como diretor do World Wide Web Consortium, órgão ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Nesta entrevista exclusiva por telefone, este londrino de 52 anos, agraciado em 2004 com o título de Sir pela Rainha Elizabeth II, explica como imagina o futuro da maior de todas as redes e decreta: a Web Semântica será muito mais poderosa do que tudo o que conhecemos. Antes de mais nada, devo chamá-lo de Sir Timothy, Professor Timothy ou Mr. Berners-Lee? Tim Berners-Lee – Você pode me chamar de Tim. Bem, Tim, minha primeira pergunta é aquela que sempre lhe perguntam: O que vem a ser a Web Semântica? Sim, é verdade. Frequentemente me perguntam sobre isso. E o modo mais simples de explicar é: no seu computador você tem seus arquivos, os documentos que você lê, e existem arquivos de dados como agendas, programas de planejamento financeiro, planilhas de cálculo. Estes programas contêm dados que são usados em documentos fora da web. Eles não podem ser colocados na web. Um exemplo: você está procurando uma página na web para encontrar uma palestra que quer assistir ou um evento que quer participar. O evento tem um local e um horário e pessoas associadas a ele. Mas você precisa ler a página da web ao mesmo tempo em que abre a sua agenda para inserir as informações. Se quiser achar novamente aquela página, terá que digitar o seu endereço para ela voltar até ela. Se quiser os detalhes corporativos das pessoas, terá que cortar e colar as informações de uma página na web para dentro da sua agenda, porque o arquivo da sua agenda e os arquivos de dados originais não estão integrados com os dados na web. Assim, a Web Semântica trata da integração desses dados. Quando você usa um aplicativo, deveria poder inserir seus dados de modo a poder configurá-los, informando o computador: “Eu vou nesta reunião”. Quando dissesse isso, a máquina iria entender os dados. A Web Semântica é sobre a colocação de arquivos de dados na web. Não é apenas uma web de documentos, mas também de dados. A tecnologia de dados da Web Semântica terá muitas aplicações, todas interconectadas. Pela primeira vez haverá um formato comum de dados para todos os aplicativos, permitindo que os bancos de dados e as páginas da web troquem arquivos. Mas, afinal, qual é a diferença entre uma web de documentos e outra de dados? Existem muitas diferenças. Pegue, por exemplo, os seus dados financeiros. Existem duas formas de observá-los. Se olhar numa página normal na web, eles parecem com uma folha de papel. A única coisa que se pode fazer é lê-los. Mas se observá-los num site da Web 3.0, você poderá, por exemplo, usar um mecanismo de busca para alterar a ordem dos dados, obtendo desta forma um acesso muito melhor aos mesmos. Hoje, antes de realizar uma tarefa como pagar seus impostos, você precisa de um programa de gerenciamento financeiro. Ao fazê-lo, os dados não são carregados como uma página na web, mas como arquivos de dados. Esta é a diferença entre documentos e dados. Quando você procura documentos nos
  • 2. seus dados bancários, só é possível lê-los. Quando procura dados, pode descobrir o quanto de impostos está devendo ou qual é o total das contas a pagar. Não podemos fazer isso na web atual. Se fosse possível, as informações reunidas nos seus dados bancários seriam convertidas num padrão que só funcionaria com bancos. Mas haverá padrões totalmente diferentes, padrões para uso em agendas, por exemplo. Hoje não se pode perguntar ao computador: “Quando foi que eu preenchi este cheque? Qual é o nome da função? Quando eu fui naquela reunião?” Não se podem conectar itens em diferentes arquivos de dados, a não ser que se use a Web Semântica. Ela é muito mais poderosa, porque nela é possível conectar dados sobre pessoas que tenham a ver com um determinado local e um determinado momento. Mas esta integração completa entre dados pessoais, empresariais e governamentais não pode levar a uma invasão de privacidade? Sim. Eu também tenho este medo! Um aspecto importante da Web Semântica se chama provenance. Esta palavra é um código que define de onde vêm os dados e o que pode ser feito com eles. Os padrões da Web Semântica permitem que se defina como você deseja manipular os dados aos quais tem direitos de acesso. Estamos desenvolvendo no MIT sistemas para mostrar, sem sombra de dúvidas, quais são os usos permitidos para as informações, de modo que se possa checar de onde elas vêm e o que significam, tendo-se a certeza de que não serão usadas em nenhuma forma não autorizada. Mas não é preciso ter um mínimo de conhecimento técnico para definir estas preferências, o que não é o caso da maioria da população mundial? Em primeiro lugar, quando se usa a Web Semântica para dados pessoais, eles não são colocados na internet aberta. Existe dentro do seu computador uma web pessoal para os dados da sua vida, para serem navegados localmente. No caso de softwares de planejamento financeiro, os sistemas dos bancos navegam através da rede no interior de um canal seguro e são executados localmente, no PC. Não se usa tecnologia de web. Seus dados pessoais não estão na internet. O que estamos falando é permitir ao usuário combinar as informações pessoais e empresariais a que tem direitos de acesso com informações públicas de modo a criar um conteúdo muito mais rico. Sobre o fato das pessoas precisarem de algum conhecimento técnico, isso às vezes é verdade. Mas no caso de uma agenda estamos manipulando dados, certo? Quando você usa uma agenda de endereços você está criando dados. Estes programas possuem interfaces amigáveis que permitem uma utilização sem grandes problemas, a menos que se usem programas incompatíveis. Estas interfaces foram desenhadas para facilitar o seu emprego pelo usuário comum. Estamos trabalhando para tornar esta tecnologia disponível àqueles que quiserem manipular documentos nas empresas. É verdade que não existe ainda tecnologia de Web Semântica que seja facilmente utilizável por pessoas idosas ou crianças. Mas no MIT temos um grupo de pesquisadores trabalhando exatamente nisso, produzindo programas que permitam ao cidadão comum ler, escrever e processar os seus próprios dados. Foi você quem formulou o termo Web Semântica? É a mesma coisa que a Web 3.0? Qual é a diferença entre a Web 2.0 e a 3.0? Sim, fui eu. Foi em 1999, no meu livro "Weaving the Web" (Tecendo a Teia). A Web 2.0 é um nome para descrever como operam os arquivos usados na web. Com relação ao conteúdo gerado pelos usuários, isso ocorre quando as pessoas acessam web sites e classificam (tagging) informações, sobem uma fotografia ou constroem sites comunitários. A Web 2.0, portanto, é baseada em sites comunitários. Mas não fui eu quem inventou este termo. Foi Tim O’Reilly, em 2005. Sobre a Web 3.0, algumas pessoas usam este termo para definir uma nova arquitetura de dados. Já outras usam como uma forma de regulamentação da tecnologia da web. Mas considere o futuro da tecnologia da web. Um problema típico bem conhecido dos arquivos 2.0 é que seus dados não se encontram num site, mas num banco de dados. Eles não estão na web, não podem ser manipulados. Pegue por exemplo um site profissional com informações sobre os seus colegas de trabalho, um outro site com informações sobre os seus amigos, além de sites de diferentes comunidades. Na Web 2.0 você não pode enxergar o quadro completo; ninguém pode ver o quadro completo. É por isso que algumas pessoas dizem que a Web 3.0 será uma realidade quando os sites exibirem dados que possam ser manipulados. Vejamos um outro exemplo: se um determinado site encontra informações úteis sobre os meus amigos no
  • 3. meu blog, então eu posso definir um ícone para informar ao meu computador: “extraia estes dados, analise-os e os adicione aos dados que tenho de outros sites, para então exibi-los todos juntos”. Quando a Web Semântica atingir todo o seu potencial, ela desencadeará um segundo boom da internet? Bem, sob certo ponto de vista isso já está acontecendo. Mas eu não acho que a web já atingiu todo o seu potencial, e ela já está aí faz quase 16 anos. A Web Semântica irá decolar quando as pessoas começarem a colocar links públicos de dados na web, adicionando dados e arquivos pessoais. Mas acredito que ainda vai levar muitos anos, porque muita coisa terá que ser feita para torná-la uma realidade. O que é a Neutralidade na Net? Qual é a sua posição com relação a isto? Trata-se do seguinte: quando você e eu pagamos para nos conectar na internet, podemos nos comunicar não importando quem quer que nós sejamos. O que mais chama atenção hoje na rede são os vídeos. Eles estão tomando conta da net. Uma empresa como o YouTube atrai muita atenção porque transmite vídeo pela web, aproveitando-se do fato de que, em muitas regiões do mundo, a largura de banda está se tornando cada vez maior. Agora suponha que eu esteja em Massachusetts, seja um fã de cinema independente e queira encontrar um filme brasileiro. Eu entro na internet para procurar no Brasil os meus diretores e filmes independentes prediletos. Mas de repente o provedor de acesso em Massachusetts bloqueia a transmissão dizendo: “Não vamos deixar você fazer isso, porque nós vendemos filmes. Sim, nós fornecemos a você acesso à internet, mas impedimos que assista filmes. Queremos controlar quais filmes você compra.” Eu já vi empresas de tevê a cabo tentarem impedir o uso de ligações telefônicas na internet. Isso me preocupa. Eu não quero que isso aconteça. Acredito ser muito importante manter a internet aberta para quem quer que seja. É isso que chamamos de Neutralidade na Net. É imprescindível preservá-la para o futuro. Em 2003, o governo brasileiro ao lado de outras nações propôs uma administração internacional para a internet, espelhada nos exemplos da União Européia e das Nações Unidas. Será que algum dia Washington irá permiti-lo? Acredito que a internet irá se burocratizar aos poucos. Isso é inevitável. É importante permitir que as pessoas de diversos países, dos países emergentes, desenvolvam o seu uso da internet o mais rápido possível. Mas a administração de algo tão grande nunca poderá ser controlada por uma burocracia única. Não sei que forma essa burocracia assumirá, já que existe muita política envolvida. Mas penso que seria importante manter a rede livre da ação dos governos e sem censurar as pessoas que a utilizam. Certa vez você disse que criou a web para resolver uma frustração que tinha no CERN – o Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear, em Genebra. Como foi isso? O CERN possui uma maravilhosa diversidade de culturas, porque gente de todo o mundo vai lá para pesquisar física. Em 1989, antes de existir a web, eu escrevi um memorandoexplicando como ela seria. Eu mencionava o sistema de hipertextos e a World Wide Web como um método para agregar e editar dados. Eu queria que todas as informações na rede do CERN pudessem ser facilmente acessáveis. Queria desenvolver ferramentas para permitir às pessoas produzir e usar informações de forma colaborativa. A primeira ferramenta foi um editor de web que permitia aos pesquisadores do CERN usar um documento, editá-lo e alterá-lo para então enviá-lo, inserindo links entre as páginas da web e documentos científicos. Minha frustração era que eu queria trabalhar com pessoas de países diferentes, usando máquinas diferentes, operando bancos de dados diferentes e distribuindo dados em formatos diferentes. A web forneceu um padrão para tudo isso. Muitos pesquisadores ganharam milhões com a web, mas você preferiu continuar desenvolvendo padrões. Não acha que perdeu a chance de uma vida por não criar uma web proprietária? Não, não acho, porque se ela fosse proprietária as pessoas não teriam usado nem contribuído para o seu crescimento. Ela não teria decolado e nós não estaríamos conversando agora.
  • 4. Empreendedores como Nova Spivak e o co-fundador da Microsoft, Paul Allen, trabalham com uma linha do tempo que prevê o advento da Web 3.0 em 2010 e até mesmo uma futura Web 4.0 em 2020. Consegue imaginar como seria esta Web 4.0? (Risos) Não, eu não consigo. Eu estudo tecnologia real. Eu não inventei a palavra Web 3.0 (ela surgiu pela primeira vez num blog em janeiro de 2006). A web está em constante evolução. Na Web 2.0 existem tecnologias, como o JavaScript, que surgiram e se tornaram padrões por auxiliar as pessoas em suas tarefas. A maioria dos padrões que estão surgindo agora dará um grande impulso a iniciativas como a web móvel, que é o uso da web nos mais diversos dispositivos. No futuro teremos a Web Semântica que permitirá muitas outras coisas. Uma das características mais poderosas das tecnologias de rede como a internet, a web ou a Web Semântica é que as coisas que conseguimos fazer vão muito além da imaginação de seus criadores. Pegue, por exemplo, os inventores do TCP/IP (Transmission Control Protocol-Internet Protocol), os protocolos originais para a comunicação entre computadores na internet, criados por Vinton Cerf e Robert Kahn em 1974. Como eles imaginariam que aqueles protocolos iriam se tornar a maior de todas as redes? Quando inventei a web, pensava nela como uma infra-estrutura, como uma fundação para muitas outras coisas. A Web 2.0 permitiu o surgimento das redes sociais e muitos outros serviços. Quando a Web Semântica surgir daqui alguns anos, os usuários irão utilizá-la em formas que ainda não podemos prever. Por isso é uma bobagem tentar imaginar como será uma Web 4.0 quando nem sabemos o que será feito na 3.0. As pessoas que a estudam a Web 3.0 terão que desenvolver ideias para fazer esta nova tecnologia ter sucesso. Eles irão projetar coisas fantásticas, assim como os pesquisadores da Web 2.0 estão desenhando coisas fantásticas neste instante. Quem trabalhar com a Web Semântica irá fazer coisas muito mais poderosas. Não podemos imaginar como elas serão. Mas temos que construir a web para ser uma infra-estrutura. Ela nunca deverá ser usada para propósitos particulares. Somente como uma fundação para futuros desenvolvimentos. Copyright 2012 Now!Digital Business Ltda. Todos os direitos reservados.