O documento discute opiniões críticas sobre o uso de computadores na educação de crianças e adolescentes. Aponta riscos como a introdução generalizada de computadores nas escolas sem estudos prévios ou formação de professores, e a dependência excessiva de efeitos multimídia que pode prejudicar a capacidade de formação de imagens mentais. Também questiona se estudantes acostumados a aprender com computadores tolerariam aulas normais sem esses recursos.
2. Em tempos
recentes têm
aparecido opiniões
críticas sobre o uso
de computadores
por crianças e
adolescentes,
especialmente na
educação nos
níveis fundamental
e médio.
3. O Ministério de Educação, orgão
essencialmente político, sujeito à caução do
eleitorado, que tem que ter em conta a opinião
pública e que isso se reflita na introdução
generalizada dos computadores nas Escolas.
É de temer que se faça também de uma forma
descurada, sem estudar antecipadamente os
efeitos, positivos ou negativos; sem formar
seriamente os professores, sem explicitar os
objetivos.
4. O professor é que precisa estar
atento às diversas propostas para
utilização do computador.
Eventualmente, criticar ou rejeitar
aquelas que pareçam
contraproducentes, Será bom
insistir no fato de que é o
professor o eixo da Educação,
que pode avaliar a forma como
trabalhar com uma turma, o ritmo
a impor, as revisões a fazer, os
meios auxiliares a recorrer. O
computador é um destes meios e
não o centro do processo.
5. É uma grande falácia que crianças e jovens
têm que aprender a usar computadores
agora, pois caso contrário eles ficarão para
trás em sua futura busca por empregos
profissionais. Basta olhar para os milhões
de pessoas que usam computadores hoje
em dia, sem que tenham tido nenhum treino
especial antes.
6. Uma das razões de computadores parecerem
excelentes ferramentas para aprendizado é a
atração que eles exercem em crianças e
adolescentes. Os usuários são atraídos pelos
efeitos "multi-media", tais como figuras
fascinantes, som e animação ou por uma
excitação semelhante à sentida quando se
joga um video-game.
7. Uma pergunta interessante é a seguinte:
o que acontece com um estudante que
se acostuma a aprender com
computadores? Será que ele vai tolerar
uma classe normal sem todos aqueles
efeitos cosméticos e de joguinho
eletrônico?
8. O Passo a Passo
De fato, conjecturamos que a capacidade para
formar imagens mentais interiores é prejudicada
pelo uso de tal software. Note-se que se esse
software não é rico em imagens, consistindo
essencialmente de textos, ele será tão maçante
para uma criança que acabará por não ser
usado.
A aceleração de um desenvolvimento mental e
psicológico, fazendo a criança comportar-se
interior e exteriormente como adulto, é em nossa
opinião a pior influencia exercida por
computadores.
9. Os reais desafios da educação:
o Letramento ...
O usuário tem todo o mundo (virtual!) sob seus
dedos, e ninguém o orienta no que deve buscar e
examinar a não ser que, por software, introduzam-se
limites de acesso somente a alguns endereços
- "sites" - nesse caso cremos que a experiência
será tão maçante que o estudante perderá
rapidamente seu interesse.
A abstração excessiva em atividades de
aprendizado, faz com a que as criança e jovens
detestem a escola. O que acontece, nesse
sentido, com os computadores? Sendo máquinas
abstratas, que apresentam um ambiente virtual,
elas introduzem ainda mais abstração no processo
educacional!
10. Esperamos que este trabalho
sirva para chamar a atenção
para a necessária proteção que
necessitam as crianças do
mundo de hoje, que têm sido
atacadas cada vez mais
intensamente desde a década
de 1950 (começando com a TV,
depois os joguinhos eletrônicos
e agora os computadores).
Estamos convencidos de que apenas preservando-se
a sua infância e juventude deliciosa, simples,
ingênua e semi-consciente podemos educar futuros
adultos equilibrados, criativos, socialmente
integrados e com atuação positiva.