O documento descreve o planejamento do Setor Noroeste em Brasília, o primeiro bairro ecológico do Brasil. Ele terá edifícios sustentáveis com recursos como aquecimento solar, reuso de água da chuva e iluminação eficiente. O bairro também contará com amplas áreas verdes, ciclovias, transporte público e um parque vizinho para preservação ambiental.
1. POQUE COMPRAR NOROESTE Alex Braz
O PRIMEIRO BAIRRO ECOLÓGICO DO BRASIL
O Setor Noroeste está numa localização
privilegiada na Asa Norte, rodeado de áreas
verdes, como o Parque Burle Marx e a Água
Mineral. Sua concepção faz parte do Projeto
Brasília Revisitada, elaborado entre 1985 a
1987 pelo urbanista Lucio Costa -
personagem importante na criação do
projeto da capital. O diferencial do Noroeste
começa no seu próprio conceito: ele é
projetado para ser o primeiro bairro
ecológico do Brasil.
A tendência mundial é que os agentes envolvidos no setor da construção adotem diretrizes ecologicamente
corretas na elaboração dos projetos, na realização das obras e no funcionamento do produto final. O consultor
em arquitetura Rogério Markiewicz auxilia algumas empreendedoras do Setor Noroeste e diz que hoje em dia
não é possível pensar em obras sem levar em consideração a questão da sustentabilidade. "O pensamento deve
estar atento desde a compra do material, como optar pela madeira certificada, por exemplo, ao funcionamento
do prédio, que deve ser automatizado com elementos que reduzem o consumo e reaproveitam os recursos
renováveis", explica.
As normas de gabarito do Setor Noroeste foram
feitas baseadas nesse novo conceito. E as
edificações devem respeitá-lo. Os prédios, por
exemplo, terão um reservatório de água da chuva
que será usado para irrigar as áreas verdes. O
aquecimento da água será feito por energia solar.
Os elevadores terão motores de alto desempenho,
que reduzem o consumo de energia.
A iluminação das áreas comuns (sala de entrada,
pilotis) serão feitas com lâmpadas que
economizam em até 80% o consumo normal.
O investimento em tecnologia verde, de acordo com Rogério Markiewicz, é alto no início mas compensador na
hora de pagar o condomínio mensal. "É possível reduzir de 20% a 25% os custos normais de um prédio se forem
instalados esses elementos de sustentabilidade, diz.
Mas o que faz o setor noroeste ser classificado como um bairro ecológico ?
•Amplos estacionamentos;
•Aquecimento natural de águas na tentativa de eliminar o uso de chuveiros elétricos nas residências;
•As ruas serão largas, serguras e haverá transporte público em todas as vias do novo setor; Haverá
ciclovias;
•Haverá o máximo de aproveitamento de luz natural nos edifícios;
•Haverá pistas de cooper; Haverá reaproveitamento da água da chuva - reciclagem; Haverá utilização de
materiais recicláveis; Haverá utilização de ventilação natural;
•Muito verde - jardins e proximidade com o parque Burle Marx;
•O lixo, após a coleta seletiva à vácuo, será tratado e canalizado, impedindo o contato humano e
evitando agressão ao meio-ambiente;
2. •O padrão de construção será o mais elevado;
•O recolhimento do lixo será feito por meio de um sistema à vácuo, já utilizado em cidades europeias
como Barcelona, dispensando o uso de contêiners nas ruas, na frente dos prédios e restaurantes;
•Os prédios serão erguidos de forma ambientalmente correta - prédios ecológicos;
•Utilização de gás natural;
Veja alguns dos elementos que concedem o título de primeiro bairro ecológico do Brasil:
•Ciclovia
•Gás natural
•Reaproveitamento e reciclagem das águas das chuvas
•Sistema de aquecimento solar
•Sistema de depósito de lixo
•Tratamento do lixo (seco/orgânico)
IMPLANTAÇÃO
As quadras residenciais serão designadas como Superquadras Noroeste ou SQNW, levarão a designação de 100
e 300, sendo numeradas em sequencia como SQNWs 102 a 111 para primeira faixa de quadras, e SQNWs 302 a
311 para a segunda faixa de quadras, no sentido Sul – Norte.
As grandes áreas receberão nomenclatura de 500 na mesma sequencia.
O setor Noroeste será composto por:
* 210 projeções residenciais
* 62 blocos de destinação mista (comércio local e
residencial),
* 133 lotes para uso múltiplo.
Também existe destinação de terrenos para uso público e
comunitário. Sendo:
- 08 Escolas Classe;
- 08 Jardins de Infância;
- 01 Posto de saúde;
- 05 Edifícios de Culto;
- 02 Museus; e
- 01 Delegacia.
Visando melhor atender as necessidades de consumo da
população, o setor será atendido por:
- 04 supermercados; e
- 04 postos de gasolina.
Localizados na área de uso múltiplo, com acesso
pela W9.
PADRONIZAÇÃO:
Ao todo serão 20 quadras residenciais com 10 ou 11 blocos cada, todos dispostos de forma estratégica afim de
conservar ao máximo a vista livre e ainda aproveitar o melhor da iluminação e ventilação natural, evitando
também a formação de ilhas de calor.
Isso significa maior conservação dos móveis e do próprio apartamento, além de muito mais conforto térmico
para a família.Tal medida preza também pela privacidade, uma vez que evita que blocos fiquem muito
próximos e de frente um para o outro.
3. Mesmo os blocos que inevitavelmente ficarão frente a frente, deverão ter o afastamento mínimo de 28
metros, que compreende:
- A calçada do primeiro bloco;
- Espaço para vagas de estacionamento;
- Primeira via de circulação;
- Um canteiro com área verde;
- Segunda via de circulação,
- Vagas de estacionamento; e
- Calçada do segundo bloco.
Como as demais áreas do Plano Piloto, o Noroeste também tem sua padronização.
No ultimo setor habitacional de Brasília alguns padrões são diferentes dos já existentes para garantir maior
funcionalidade para seus usuários.
A disposição dos blocos comerciais é um exemplo, o comércio fica entre duas vias de circulação que o separa
das quadras residenciais, na prática cada quadra tem seu próprio comércio.
Dessa forma, só existirão lojas de frente, o que evita que os fundos das lojas sejam usados como depósitos,
criando uma vista feia para quem vem das quadras residenciais, como acontece atualmente principalmente na
asa sul.
Outro ponto favorável das comerciais é a visibilidade, além da comodidade de poder seguir em linha reta e
conseguir acesso direto às vias longitudinais.
Todos os empreendimentos residenciais deverão ter 06 andares de
apartamentos de no mínimo 02 quartos com cobertura coletiva.
Existe no setor apenas 06 projeções destinadas à construção de
residenciais com unidades de 01 quarto.
Já os de destinação mista, serão compostos por quatro pavimentos,
sendo que os dois primeiros compõem as lojas que terão pé direito
duplo, e os dois andares superiores serão direcionados à habitação,
oferecendo apartamentos menores e mais simples, de 01, 02 ou até 03 quartos, mas, sem área de lazer.
O grande diferencial do setor é que nestas áreas o Habite-se será misto, comercial para as lojas e residencial
para os apartamentos, evitando problemas futuros e ainda minimizando custos dos moradores principalmente
com impostos.
Outra exigência é a existência de no mínimo um subsolo de garagem em todos os empreendimentos,
inclusive nas áreas mistas, estas serão de uso exclusivo dos moradores.
Todo o setor é valorizado pelo grande número de vagas de estacionamento e também por sua integração
com as áreas verdes que correspondem à 70% da área total.
ACESSIBILIDADE E LOCOMOÇÃO
Pensando no crescente aumento da frota veicular do Distrito Federal precisaram tomar algumas medidas
visando maior segurança e conforto da população.
4. Paralelamente, foi também considerada a integração do projeto do bairro ao planejamento do sistema de
transporte público da cidade, VLP (Veículo Leve sobre Pneus) e VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), visando à
diminuição da atual dependência do automóvel.
O novo Setor trás soluções urbanísticas que favorecem e privilegiam a circulação do pedestre, do ciclista e dos
portadores de incapacitações físicas locomotoras.
As soluções adotadas consideram também as demandas da população idosa e infantil.
Fazem parte dessas medidas desde rampas de acesso aos empreendimentos até pistas exclusivas para
pedestres e ciclistas.
Para a parte viária, acesso facilitado por quatro vias de entrada e saída do setor.
A primeira no sentido EPIA – Asa Norte, (próxima aos hipermercados e shopping Boulevard), a segunda na
travessia do Parque Burle Marx na altura da 914 Norte, a terceira e a quarta no início do setor noroeste uma
com acessibilidade facilitada para o eixo monumental e a outra para a Asa Norte na altura da quadra 906 Norte.
Outro diferencial é a faixa exclusiva para ônibus, que tem acesso no sentido EPIA – Asa Norte e em passagem
subterrânea que atravessa o Parque Burle Marx.
A melhoria das condições de mobilidade e acessibilidade urbana é um requisito essencial para o bem estar da
população.
Em outras palavras, Noroeste significa trânsito tranqüilo e facilidade no acesso.
Todos os empreendimentos residenciais deverão ter 06 andares de apartamentos de no mínimo 02 quartos
com cobertura coletiva.
RACIONALIZAÇÃO E COMPARTILHAMENTO DE REDES
O avanço tecnológico acelerado e o aumento da demanda por serviços dessa natureza trazem um problema
para a gestão pública das cidades, que é a regulação do espaço subterrâneo e aéreo.
À medida que surgem novas empresas para instalar
seus serviços em rede subterrânea, o espaço torna-se
cada vez mais limitado e a hipótese de esgotamento
do uso do subsolo vai se tornando uma realidade.
No longo prazo, a utilização livre e desenfreada do
subsolo pode ser predatória ao solo urbano.
O projeto do Setor Habitacional propõe uma
racionalização dos sistemas de infra-estrutura urbana,
e um compartilhamento de redes, quando
tecnicamente compatíveis, com vistas a minimizar
custos, reduzir riscos, promover segurança e proteger
o solo e a vegetação nativa.
Assim, é proposta uma área técnica de redes subterrâneas compatíveis (que pode ser executada em galeria ou
em tubulações compartilhadas), nas faixas verdes das superquadras que abrigarão os sistemas de infra-
estrutura urbana evitando também a necessidade de cortes no asfalto para manutenções futuras.
5. TRAVESSIAS
Será possível atravessar de carro da Asa Norte ao Noroeste por dentro do parque, em duas pistas. Uma delas
ficará entre a 913 e a 914 Norte. E a outra, na altura da 912 Norte. Na segunda, haverá um túnel para ligar os
dois bairros. A outra via deve contar com um viaduto interno. Cinco acessos vão possibilitar a entrada na área
verde, todos perto das quadras 900. O Parque Burle Marx terá 280 hectares. Desse espaço, 58 hectares estão
reservados para Área de Preservação Permanente (APP). A ciclovia deve ter 16km de extensão.
A estrutura completa só deve ficar pronta em 2013, de acordo com o presidente da Cota e gerente de projetos
do GDF, Ênio Dutra Fernandes. Segundo ele, o projeto é um dos mais importantes do GDF. "O Parque Burle
Marx é a compensação ecológica do Noroeste (3). Por essa razão, tem de ser prioridade", disse.
A proposta urbanística prevê a construção de museus, espaços culturais, praças e áreas de lazer, como oito
quadras de esporte e oito campos de futebol. Entre as atrações, haverá uma fonte interativa, na qual as
pessoas poderão se banhar. E ainda a Praça do Povo Brasileiro, com desenho no chão de um mapa do Brasil,
com 100m de comprimento e 100m de largura. Um calçadão de pedras portuguesas também vai chamar a
atenção dos frequentadores. Ficará entre o Burle Marx e o Noroeste.
O centro de lazer será o segundo maior do DF. Perderá só para o Parque da Cidade, que tem 320 hectares. As
comparações entre os dois são inevitáveis, mas Fernandes defendeu que os dois espaços são totalmente
diferentes. "O que tentamos fazer no Burle Marx é exatamente o contrário do que ocorreu no Parque da
Cidade. Não vamos desmatar e, sim, manter a vegetação local, como os ipês", explicou o gerente do projeto.
PARQUE BURLE MARX
Uma das principais novidades do PARQUE BURLE MARX
será a construção de quatro lagos artificiais ao longo da área de lazer. Além de seguir o estilo do paisagista
Roberto Burle Marx(2), com aproveitamento da vegetação nativa e presença de espelhos d'água, os
reservatórios vão servir para amortecer o escoamento do sistema de águas pluviais da região.
A construção do Noroeste, futuro bairro vizinho ao parque, fará com que a água da chuva desça para o Burle
Marx com mais intensidade, principalmente por conta da impermeabilização exigida pelo asfalto. As lagoas,
6. assim, servirão para conter a velocidade das águas e evitar erosões. Após passar por esses espaços, o fluxo
seguirá para o Lago Paranoá. O caminho será traçado por meio de dutos subterrâneos, que conectarão os
quatro tanques ao destino final.
A maior lagoa deve ter 90 mil m², com cerca de 50cm a 70cm de profundidade. Os outros reservatórios devem
ser menores e mais profundos. Aline acrescentou vegetação aquática especial no lago principal, que poderá ser
contemplada de um mirante. A iluminação deve ser instalada de forma a privilegiar a visualização das plantas. A
intenção da paisagista é fazer com que o projeto funcione como uma interpretação das obras de Burle Marx.
Não quis imitá-las.
VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS DO PROJETO:
1 - Preservação
Os parques de uso múltiplo têm território dividido em duas áreas: uma aberta a visitação e recreação e outra
reservada apenas para pesquisas e conservação. Nesses locais, o desenvolvimento sustentável das atividades
dentro do parque é o maior objetivo.
2-Várias habilidades
Além de ser um dos maiores paisagistas do mundo, o artista desenvolveu trabalhos também como desenhista,
pintor, tapeceiro, ceramista, cantor e criador de joias, entre outras atividades. Nasceu em São Paulo, em 4 de
agosto de 1909. Burle Marx faleceu em 1994, no Rio de Janeiro, aos 84 anos. Em 2009, comemora-se o
centenário do nascimento desse artista.
3 - Novo bairro
O Noroeste tem 821 hectares de extensão e será erguido na última região disponível para construção dentro do
perímetro tombado de Brasília. O bairro terá um setor comercial a cada duas quadras residenciais, sem área
econômica. Os primeiros lotes começaram a ser licitados pela Terracap em março deste ano. As obras de
infraestrutura, no entanto, ainda não começaram.
Curiosidade:
Arte na natureza
Paisagismo é arte e a técnica de planejar e organizar a paisagem para possibilitar ao homem maior
aproveitamento e fruição de grandes espaços externos de uso coletivo. O estudo serve para a preparação e
realização de paisagens como complemento arquitetônico. O projeto paisagístico se desenvolve a partir da
conjugação de elementos naturais com outros, como seleção e distribuição da vegetação compatível, emprego
do material adequado (pedra, água, concreto). O paisagista pensa também na colocação das estruturas
arquitetônicas, da iluminação e circulação dentro do espaço.
Alex Braz
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