Desde que surgiu na Procter & Gamble em 1931, pela mão de Neil McElroy, a função de Gestão de Produto tem servido de rampa de lançamento para uma carreira de sucesso. McElroy foi disso paradigma, tornando-se presidente da multinacional e, mais tarde, foi capa da “Time” como secretário de estado da Defesa dos Estados Unidos, em plena Guerra Fria.
Isto deve-se à visão global que a Gestão de Produto permite, uma vez que exige uma grande interação com as diferentes áreas da empresa, criar e gerir relações humanas sem poder formal, proporcionando maiores capacidades de liderança. Estes fatores justificam o facto da Gestão de Produto ser uma das profissões de marketing e comercial mais procuradas, tal como comprovam os estudos “Barómetro de Profissões”, realizados pelo IPAM.
No entanto, verifica-se que a Gestão de Produto é ainda difusa nas responsabilidades que lhe são atribuídas e na forma como as empresas e profissionais a encaram. Para a maioria dos jovens licenciados é também pouco clara a forma como poderão assumir este cargo e em que matéria ou bibliografia se poderão basear para a poder desempenhar com elevada performance.
Com “Gestão de Produto em Portugal” – estudo exploratório que realizei com os alunos de Gestão de Marketing do IPAM Lisboa – essas conclusões tornam-se claras. A investigação quantitativa envolveu 35 entrevistas pessoais a diferentes Gestores de Produto e vem complementar uma abordagem mais qualitativa que realizámos desde 2008 junto de 70 gestores. O estudo abarca profissionais e empresas de diferentes sectores de atividade, diferente dimensão, nacionais e multinacionais.
Globalmente constato que há ainda um longo caminho a percorrer até que a maioria das empresas considere as vantagens decorrentes da atribuição de responsabilidades integrais sobre um produto a um único gestor: ter alguém com uma visão dedicada e transversal, garantindo maior coerência e maximização do potencial de cada produto, em desfavor de uma descentralização de responsabilidades noutras áreas, realizada por especialistas em cada atividade, mas que não têm uma abordagem dedicada ao produto. Há também um percurso a seguir, não menos importante, para que os profissionais estejam suficientemente preparados para receber essas responsabilidades.
Em conclusão, embora possam existir diferentes formas de encarar a Gestão de Produto, com este estudo constata-se que, de forma geral, se trata de uma função que exige e atribui elevadas competências, justificando o crescimento na procura por parte das empresas. No entanto, é também agora mais clara a necessidade de haver ainda um processo de aprendizagem e enriquecimento de ferramentas para profissionais e empresas, sem os quais considero que a gestão de produtos e serviços dificilmente maximizará os seus resultados.