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A Guerra Civil na França e a Comuna de PARIS
A Guerra Civil na França (em alemão: Der Bürgerkrieg in Frankreich) é um livro
escrito por Karl Marx como discurso ao Conselho Geral da Internacional, com o
objetivo de disseminar entre os trabalhadores de todos os países um entendimento
claro do caráter e da significância mundial da luta heróica dos participantes da
Comuna de Paris (1871) e suas experiências históricas da quais devem tirar
aprendizado. O livro teve grande circulação em 1872, sendo traduzido em diversos
idiomas e publicado na Europa e nos Estados Unidos.
"A Guerra Civil na França" foi originalmente publicado por Marx somente como
terceiro discurso ao Conselho Geral da Internacional, separado em quatro capítulos.
Em 1891, no vigésimo aniversário da Comuna de Paris, Friedrich Engels reuniu uma
nova coleção de trabalhos. Engels decidiu incluir os dois primeiros discursos que
Marx fez para a Internacional — provendo assim base histórica adicional à Guerra
Civil por parte de Marx na Guerra Franco-Prussiana.
Consequências teóricas[editar | editar código-fonte]
Para Marx, os acontecimentos da Comuna de Paris levaram-no à reavaliar as
significâncias de alguns de seus escritos anteriores. Em um prefácio posterior ao
Manifesto Comunista, Marx escreveria que "nenhuma importância é atribuída às
medidas revolucionárias propostas no final da Seção II. Essa passagem seria hoje, em
muitos aspectos, diferentemente formulada."1 A passagem referida no "Manifesto"
busca mostrar o processo da tomada proletária do poder do Estado. Sugerindo ainda
no mesmo prefácio, que leiam "A Guerra Civil na França", diz: "A Comuna,
sobretudo, provou que 'a classe operária não pode limitar-se a apoderar-se da máquina
do Estado, nem colocá-la em movimento para atingir seus próprios objetivos'."1
Referências
Difícil saber se os livros produzem revoluções. Mas ao ler esta obra o leitor terá
certeza de que as revoluções criam grandes livros. Foi assim que a Comuna de Paris,
a primeira forma de autogoverno dos trabalhadores, encontrou seu maior intérprete,
de tal maneira que é impossível recordar aqueles feitos colossais sem ler A guerra civil
na França de Karl Marx.
Os personagens aparecem em sua condição de classe sem perder a humanidade
naquilo que têm de mais nobre ou mais vil. Vemos o quase ministro Jules Favre
falsificando documentos enquanto vive em adultério com a mulher de um bêbado de
Argel; o futuro primeiro-ministro Jules Ferry como um advogado sem um tostão
pronto a assaltar os cofres públicos; e o celebrado Thiers, que antes de mentir como
presidente já havia feito carreira de mentiroso como historiador…
Se em O 18 de brumário de Luís Bonaparte (Boitempo, 2011) Marx mostrou como
um homem medíocre pôde governar sob a fantasia de “Napoleão III”, aqui ele
desvenda por que um mentiroso, um corrupto e um falsificador conseguiram derrotar
a Comuna e liderar o regime anônimo da burguesia: a República Parlamentar.
Não à toa, Marx recorda que, quando esses “vampiros” fugiram para Versalhes
com suas cocotes e sua polícia, os ladrões comuns foram com eles… Paris se tornou
subitamente uma capital segura, embora sitiada. Em contraste com os carrascos de
Versalhes, Blanqui e seus camaradas erguiam uma cidade nova. Mas tinham tanta
coragem quanto ingenuidade, e cometeram até mesmo o erro de não tomar a sede do
banco!
A guerra civil na França foi escrita como Mensagem do Conselho Geral da I
Internacional e difundida como livro na Europa e nos Estados Unidos. A primorosa
edição que o leitor tem agora em mãos traz as variantes do manuscrito original, que
dão ao estudioso um aparato crítico imprescindível. Bem merecida edição para um
autor que desejava semear outras revoluções. Porque Marx certamente esperava que,
depois da leitura, nenhum revolucionário futuro se detivesse “respeitosamente diante
das portas do Banco da França”.
***
Trecho da Apresentação escrita por Antonio Rago Filho:
A Comuna de Paris foi a primeira experiência histórica de tomada de poder da classe
trabalhadora, cujo significado colocou-a como referencial para as lutas de
emancipação social. Foi uma revolução contra o Estado. A forma política “finalmente
encontrada”, meio orgânico de ação que visava um trânsito socialista, uma nova
forma social sem classes, a poesia do futuro. O heroísmo da classe operária na luta
contra os usurpadores das fontes de vida foi um exemplo que a Associação
Internacional dos Trabalhadores (AIT) tentou imortalizar. Marx, secretário da AIT,
dando continuidade aos combates da Comuna e investindo contra as calúnias e
mentiras dos jornais burgueses, dissemina as virtudes da República do Trabalho: “Que
é a Comuna, essa esfinge tão atordoante para o espírito burguês?”. A essa pergunta o
leitor encontrará respostas claras, minuciosas, concretas, ao estilo do rigor marxiano,
no conjunto de escritos selecionados para compor esta obra.
***
A Coleção Marx e Engels, da Boitempo Editorial, desenvolve um trabalho de
recuperação da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, sempre em traduções diretas
dos originais, com a participação de especialistas nos fundadores do marxismo e um
aparato editorial que faz de seus livros uma referência dentro e fora do país. Com 11
volumes publicados, a coleção teve início com a edição comemorativa dos 150 anos
do Manifesto Comunista, em 1998. Em seguida foi publicado o livro A sagrada
família (2003), obra polêmica que assinala o rompimento definitivo de Marx e Engels
com a esquerda hegeliana. Os Manuscritos econômico-filosóficos (2004) vieram na
sequência, ao qual se seguiram os lançamentos de Crítica da filosofia do direito de
Hegel(2005); Sobre o suicídio (2006); A ideologia alemã (2007); A situação da classe
trabalhadora na Inglaterra (2008); Sobre a questão judaica (2010);Lutas de classes
na Alemanha (2010), O 18 de brumário de Luís Bonaparte(2011), e A guerra civil na
França (2011), em comemoração aos 140 anos da Comuna de Paris., da Boitempo
Editorial, desenvolve um trabalho de recuperação da obra de Karl Marx e Friedrich
Engels, sempre em traduções diretas dos originais, com a participação de especialistas
nos fundadores do marxismo e um aparato editorial que faz de seus livros uma
referência dentro e fora do país. Com 11 volumes publicados, a coleção teve início
com a edição comemorativa dos 150 anos do Manifesto Comunista, em 1998. Em
seguida foi publicado o livro A sagrada família (2003), obra polêmica que assinala o
rompimento definitivo de Marx e Engels com a esquerda hegeliana. Os Manuscritos
econômico-filosóficos (2004) vieram na sequência, ao qual se seguiram os
lançamentos de Crítica da filosofia do direito de Hegel(2005); Sobre o
suicídio (2006); A ideologia alemã (2007); A situação da classe trabalhadora na
Inglaterra (2008); Sobre a questão judaica (2010);Lutas de classes na
Alemanha (2010), O 18 de brumário de Luís Bonaparte(2011), e A guerra civil na
França (2011), em comemoração aos 140 anos da Comuna de Paris.
Vale lembrar que a Boitempo Editorial lançou em abril de 2011 os primeiros nove
títulos da Coleção Marx e Engels no formato virtual. Para mais informações sobre
os títulos da Coleção, visite nosso site.
A Comuna de Paris foi a primeira experiência na história de um governo operário, sob
bases econômicas cooperativistas, sob os signos do igualitarismo e do laicismo. Durou
72 dias: o governo operário na capital francesa vai de 26 de março até 28 de maio de
1871. Desde a 1ª Intenacional (Associação Internacional dos Trabalhadores), Marx
atua em prol da Comuna de Paris, objeto das maiores calúnias pelos jornalões
burgueses europeus.
“Que é a Comuna, essa esfinge tão atordoante para o espírito burguês”?, pergunta-se
Marx em 1871, quando redige o folheto “Guerra Civil na França”. O documento
esclarece o leitor acerca dos acontecimentos de Paris sob um ponto de vista não
burguês, elucidando a luta de classes que perpassa a guerra franco-prussiana e tem
como principal vítima o proletariado francês.
Thieres, líder dos capituladores instalados em Versalhes, estabelece uma paz com a
Prússia cujos termos envolviam o esmagamento da Comuna de Paris. Os traidores da
republica social parisiense abandonaram estrategicamente canhões e armas que serian
utilizados pelas forças armadas prussianas para atacar a Comuna. Por suposto aquela
“esfinge” já era motivo de temor por toda burguesia europeia e a capitulação francesa
envolvia e perpassava pelo massacre daquela experiência, denunciando o caráter
classista daquela luta.
A guerra franco-prussiana inicia-se em 1870: claramente, a França subestimava de
início o poderio militar prussiano. Na verdade as hostilidades entre franceses e
alemães remetem às guerras napoleônicas, cujo final foi o exílio de Napoleão em Elba
e a vitória da Santa Aliança, da reação monárquica sobre a República. Após a ascensão
de Napoleão III (sobrinho de Napoleão I), por meio de um golpe de Estado, a França
consolidaria o Segundo Império, cuja vida seria breve e se encerraria com a derrota
dos franceses na guerra franco-prussiana.
A capitulação oficial de Paris foi conduzida por Thiers em fevereiro de 1971.
Entretanto, a população de Paris recusou-se a depor as armas. Havia diferenças
políticas entre a capital e as províncias. Durante a guerra, as províncias francesas
elegeram para a Assembleia Nacional Francesa deputados monarquistas (os “Rurais”),
bancada francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no
entanto, opunha-se a essa política. Marx lembra que as províncias sofriam com a
desinformação provocada pela burguesia francesa, que impedia qualquer forma de
comunicação entre as províncias e a Comuna, além de todas as mentiras reinteradas a
respeito a república social de paris. Louis Thiers, político experiente,
sistematicamente ironizado por Marx, foi elevado à chefia do gabinete conservador
com a queda do Segundo Império. Tentou esmagar os insurretos parisienses. Estes,
porém, com o apoio da Guarda Nacional e de combatentes que se recusavam a atirar
em crianças e mulheres, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do
governo a abandonar Paris e dirigir sua política desde Versalhes. Segundo Marx, toda
a escória da sociedade parisiense, ou seja, sua parcela improdutiva, fugiu junto com a
burguesia. A partir da medida socialista de eliminação das forças armas e da polícia, e
a constituição do povo em armas, Marx comenta a redução total da criminalidade em
Paris.
Enquanto a Comuna resistia, Thiers foi buscar auxílio junto à Prússia para esmagá-la.
Publicamente, o astuto político dizia não ceder um palmo de terra francesa aos
alemães. Entretanto, seus termos de rendição envolveram a entrega de Alsácia e
Lorena à Prússia. Além disso, a França foi obrigada a pagar uma indenização de
guerra de cinco bilhões de francos de ouro. A Prússia, de outro lado, garantiu que
fossem libertados 100 mil prisioneiros de guerra franceses, os quais foram admitidos
para reprimir a Comuna.
Depois de pouco mais de dois meses de lutas, a Comuna foi esmagada pelas tropas da
reação.
A Comuna de Paris nos legou a bandeira vermelha do igualitarismo e a canção da
Internacional. Legou-nos igualmente uma série de medidas que nos fazem crer ser
aquela experiência, algo à frente de seu tempo. Limitou por exemplo o salário máximo
de cada mandatário a valor correspondente ao salário de um trabalhador; eliminou o
trabalho noturno, legalizou os sindicatos, instituiu a igualdade de sexos, tornou eletivo
o cargo de juiz, incorporou o internacionalismo não só no discurso, mas na prática,
com a participação de estrangeiros nos órgãos de funcionamento da comuna. Separou
a religião do estado e eliminou o ensino religioso. Todas estas mudanças introduzidas
pelo governo operário não poderiam subsistir a um cerco de centenas de milhares de
homens armados amplamente pelas principais potencias europeias. Ainda assim, em
meio a fome e a todas as dificuldades, a Comuna subsistiu brava e heroicamente por
72 dias todas as atrocidades da reação.
Marx não detalha o número de mortos, mas ilustra em diversas passagens a forma
bárbara como a reação esmagou a Comuna. Estima-se que 80.000 pessoas foram
mortas pelas tropas da burguesia franco-prussiana, das quais 20.000 foram executadas,
sumariamente. Fala-se que só interrompeu-se o banho de sangue quando se constatou
que o enorme número de cadáveres disseminaria doenças na cidade. Das 40.000
pessoas presas, uma parcela foi levada à Ilha da Nova Caledônia, onde, ainda hoje, é
possível ver as marcas deixadas pelos comunards. Presos numa ilha perdida num lugar
esquecido do mundo, as marcas dizem “Viva a Comuna”. Mais de um século passou-
se e a luta da Comuna por uma sociedade igualitarista permanece tão viva quanto as
marcas das prisões da Nova Caledônia
Resumo do texto: A Guerra Civil em França, Karl Marx, Introdução de Engel.
Aluno: Savio Emerick Barros Pavani Marinho
A Guerra Civil francesa é compreendida como a segunda parte de um processo que
começara com o Conselho Geral da Guerra Franco Alemã, porque ainda durante a
última metade do século XIX, a Alemanha sofria as consequências daquele
acontecimento. A anexação da Alsácia-Lorena por parte da Alemanha, unificada, a
partir de então, fez com que a França fizesse uma aliança com a Rússia, tal atitude
resultou em duas alternativas para os alemães, tornar-se “servo notório da Rússia, ou
após trégua, teria que se armar para uma nova guerra”, contra os franceses e russos.
Essa rivalidade acirrada entre os povos europeus, também é válida para análise da
Guerra Civil na França. O desenvolvimento político e econômico da França, desde a
Revolução Francesa, desenhou-se e tal forma que só uma revolução de caráter
proletário poderia estourar no país, que quer dizer que após a emblemática “vitória”
na revolução de 1789, a classe de proletário tinha suas revindicações próprias. Mesmo
que tais revindicações fossem imprecisas e confusas, todas tinham, a eliminação das
diferenças de classes entre capitalistas e operários, como objetivo em comum. As
revindicações operárias, contudo, continham um perigo para ordem social, uma vez
que a classe ainda estava armada, dessa forma o desarmamento da classe
operária, por parte da burguesia, era visto como prioridade. Com o objetivo de
enfraquecer os operários, os burgueses liberais tentaram assegurar a reforma eleitoral,
para então fortalecer o partido deles. Dada a crise política entre burguesia liberal e
pequena burguesia, os operários inciaram a luta nas ruas, esse possuíam um grau de
autonomia muito maior do que se imaginava.
Com a conjuntura mencionada, os operários saíram vitoriosos e no lugar da reforma
da república nos moldes da burguesia, ergueu-se a “República Social”. A partir de
então surgiu uma imensa luta de classes na França, as classes burguesas e operárias
lutavam pelo poder, mas ao mesmo tem esse conflito se desenrolava, ficava mais
evidente que nenhuma das duas classes estavam preparadas para governar o país,
enquanto o proletário não conseguia se consolidar em uma unidade aceita com
representatividade, a burguesia, por sua vez, ainda era, em sua maioria, constituída
por sentimentos monárquicos, além de estar dividida em 4 partidos. Como
consequência da crise civil instaurada, Louis Bonaparte centralizou o poder, tendo ao
seu lado o exército, a polícia e a maquinaria administrativa, instaurando um novo
Império. O pretexto usado pelo novo imperador foi que ele iria proteger a burguesia
dos operários e os operários da burguesia, sobre amparo de um forte desenvolvimento
na indústria.
Sob a bandeira de retomar a extensão territorial do primeiro
Império, Napoleão Terceiro não tinha outra alternativa senão a Guerra, que seria
inevitável, mais cedo ou mais tarde. A 4 de setembro de 1870, o império caiu por meio
da Revolução de Paris e a República foi novamente instaurada. Em meio ao colapso
francês naquele momento, no qual o país se via em meio a uma guerra e com um
governo recém instaurado, “o povo consentiu aos deputados de Paris do antigo Corpo
legislativo que agissem como governo de defesa nacional”. Tal ato permitia que todos
aqueles aptos a pegar em armas entrassem para a guarda nacional, o que permitiu com
que os operários agora formassem a grande maioria. Como era de se esperar, em pouco
tempo instaurou-se uma grande oposição entre os burgueses do governo e o proletário
armado, culminando em uma grande Guerra Civil, dentro de uma cidade sitiada por
tropas estrangeiras. Enfim, após 131 dias de isolamento a cidade se rendeu, visto que
recursos básicos para a sobrevivência estavam faltando. Mesmo assim, a rendição foi
de forma parcial, as próprias tropa prussianas tiveram bastante cuidado ao entrar na
cidade, dado o respeito imposto pela Guarda Nacional, o que quer dizer que o
proletário manteve as armas nas mãos, mesmo com a rendição.
Dado o perigo que a classe operária armada representava para os grandes proprietários
rurais e capitalistas, o governo tentou mais uma vez desarmar a população. A tentativa
inicial foi o envio de tropas de
linha com a ordem de roubar a artilharia da Guarda nacional, tentativa essa frustrada.
Como consequência foi decretada a guerra entre Paris e o governo francês, sendo eleita
dia 26 de março a Comuna de Paris, Guarda nacional se transformou no único poder
armado, “isentou todos os pagamentos de rendas de casa de Outubro de 1870 até Abril,
pôs em conta para o prazo de pagamento seguinte as quantias de arrendamento já
pagas e suspendeu todas as vendas de penhores no montepio municipal. No mesmo
dia, os estrangeiros eleitos para a Comuna foram confirmados nas suas funções,
porque a (bandeira da Comuna é a da República mundial). A 1 de Abril foi decidido
que o vencimento mais elevado de um empregado da Comuna, portanto dos seus
próprios membros também, não poderia exceder 6000 francos (4800 marcos)”.
Também foram separadas Igreja e Estado, bem como abolido todos os pagamentos do
Estados para fins religiosos, o trabalho noturno foi abolido. As decisões da comuna
tinha forte caráter proletário pelo fato que só tinham acento nela os próprios ou
representantes deles.
Dada a dificuldade das tropas de Versalhes em entrar e retomar o controle sobre Paris,
o governo francês (Versalheses) aproximou-se daqueles que eram até então inimigos,
os prussianos, negociando assim o retorno de vários soldados franceses que estavam
retidos na Prússia como prisioneiros de guerra. Com a imensa maioria e após dias e
dias de
combate a comuna finalmente sucumbiu, um massacre à população parisiense ocorreu
pelas tropas de Versalhes, as tropas prussianas ficaram do lado de fora da cidade, com
ordens expressas para não deixar nenhum membro da comuna fugir, prisões em massa
foram feitas, o povo parisiense pagara caro por tentar defender os seus interesses.
Aqueles poucos que conseguiram fugir, dividiram-se em uma maioria, os Blanquistas,
que ficaram com o controle sobre a Guarda Nacional, e uma minoria, os membros da
Associação Internacional dos Trabalhadores, formada pelos socialistas.
A comuna teve como decreto mais importante, um projeto de desenvolvimento da
indústria baseado, não só, numa associação dos operários em cada fábrica, mas
também na unificação entre todas as associações em uma grande federação. Tratava-
se, de acordo com Marx, do caminho inteiramente correto para chegar ao comunismo.
Com a comuna, ficou percebido que a classe operária, estando no poder, não poderia
governar com a velha máquina do Estado, de modo a não perder a sua própria
dominação . Dessa forma, era necessário acabar com a “velha maquinaria de
opressão”, para tal, foi aplicado na Comuna duas medidas consideradas inéditas, todos
os cargos administrativos foram ocupados por interessados eleitos por voto via
sufrágio universal e a segunda media, todos os serviços eram pagos com salários
equivalentes ao que um operário recebia.
A 4 de Setembro de
1870, os operários de Paris proclamaram a República, que foi quase instantaneamente
aclamada através de toda a França. O desenrolar da proclamação se deu quando,
pressionados pelas tropas prussianas, que marchavam incessantemente em direção a
Paris, a nova república, sem alternativas, armou a classe operária com o objetivo de
formação da Guarda Nacional, para então se configurar algum tipo de defesa contra o
opressor. A classe operária armada, no entanto, configurou-se no que era de esperar,
uma guerra armada, culminado com a criação da Comuna de Paris.
Configurou-se uma divisão dentro da própria França, de um lado a Comuna, em Paris,
e do outro o governo Francês, sediado em Versalhes. O segundo, por sua vez, dado os
sucessíveis fracassos de reanexação de Paris aliou-se com inimigo, a Prússia, que não
só libertou os soldados prisioneiros da Guerra Franco-Prussiana para lutar e
reconquistar Paris, como também, enviou o seu próprio exército para ajudar. Naquele
momento o governo francês entregava o seu próprio povo nas mãos de um inimigo
externo, prova disso é que pela primeira vez, a capital fora bombardeada dos seus
próprios fortes e o pior pelo seu próprio governo, que havia entregado não só Paris
aos prussianos, mas toda a França.
O início de todo esse desenrolar histórico se deu graças às consequências do segundo
Império, de Luis Bonaparte, esse tinha mergulhado o país em uma forte dívida externa,
todas as cidades estavam também afundadas em pesadíssimas dívidas municipais, sem
falar da caríssima guerra contra a Prússia, com o discurso de que iria resgatar a
extensão territorial francesa do primeiro Império, tal guerra além de ter sido um
fracasso, acabou com os recursos franceses, a nação estava faminta, mergulhada em
dívidas e ainda por cima custeando uma guerra fadada ao fracasso. Sob essa realidade
emergiu a República que criou possibilidades para que pudesse surgir a Comuna.
O cerco à cidade de Paris, ocorrido pela junção das tropas prussianas e do governo
francês, fez com que produtos de primeira necessidade faltassem na capital, a cidade
sofria com a escassez de tudo, além de estar sendo duramente bombardeada, em um
massacre terrível, feito pelo próprio governo francês. Contudo mesmo assim a
Comuna resistiu o quanto pôde, enquanto havia alguma esperança de que a camada
social historicamente reprimida pudesse, enfim, ter um governo menos corrupto mais
justo e de acordo com princípios de igualdade entre as pessoas.
Tal fato único até então, deixa um legado, “A Paris operária com a sua Comuna será
sempre celebrada como o arauto glorioso de uma nova sociedade. Os seus mártires
estão guardados como relíquia no grande coração da classe operária. E aos seus
exterminadores, já a história os amarrou àquele pelourinho eterno donde todas as
orações dos seus padres os não conseguirão redimir”.
MARX, Karl. A Guerra Civil na França. Seleção de textos, tradução e notas de
Rubens Enderle; [apresentação de Antonio Rago Filho]. São Paulo: Boitempo. 2011.
274 p.
A Paris dos trabalhadores, com sua
Comuna, será eternamente celebrada como a gloriosa
precursora de uma nova sociedade.
Karl Marx
Descubram o traço essencial [de Karl
Marx], as imensas sobrancelhas, e vocês saberão
imediatamente que estão lidando com a mais formidável de
todas as forças individuais compostas - um sonhador que
pensa, um pensador que sonha.
R. Landor
Sua queda [da burguesia] e a vitória do
proletariado são igualmente inevitáveis.
Karl Marx e Friedrich Engels
Sobre o autor[1]
SOBRE O AUTOR
Karl Marx (1818-1883) foi um destacado pensador e
revolucionário alemão que atuou em áreas como história, filosofia, economia,
sociedade e política, etc. Suas muitas teorias, sua efetiva atuação política e
revolucionária e seus estudos, destacando-se a luta de classes entre o proletariado e
burguesia como motor da história, desde então, ecoam pelas sociedades
contemporâneas.
A OBRA
O presente livro de Marx, A Guerra Civil na França, tem como
base as cartas enviadas por ele em sua posição como secretário da Associação
Internacional de Trabalhadores (AIT), em apoio a Comuna e
aos communards[2]
redigidas em maio de 1871, pouco tempo depois da derrota da
Comuna. E Paris resistirá ao assédio prussiano? Com essa pergunta de Marx, podem-
se imaginar quais os eventos que o influenciam em seu estudo, sendo ele próprio um
personagem ativo dessa atmosfera.[3]
A conjuntura aponta para Paris (sede da
Comuna) em guerra em 1871, sendo nela visível a influência do movimento
revolucionário de 1848. São denunciados pelo pensador alemão alguns personagens
como Thiers, [4]
um dos principais articuladores da derrota da Comuna, considerado
um personagem "que nunca produziu nada" [5]
, espelhado em seus boletins mentirosos
contra a Comuna, [6]
além de outras figuras;
Pode-se perguntar como esses
ultrapassados charlatães e intriguistas parlamentares como
Thiers, Favre, Dufaure, Garnier-Pagès (apenas
fortalecidos por uns poucos tratantes da mesma laia)
continuam a ressurgir à superfície após cada revolução e a
usurpar o poder Executivo - esses homens que sempre
exploram e traem a revolução, fuzilam o povo que a fez e
sequestram as poucas concessões liberais conquistadas dos
governos anteriores (aos quais se opuseram). [7]
Thiers e outros próximos a ele obtêm vantagens em sua posição
contra os communards, como no enriquecimento de Jules Ferry.[8]
Marx ressalta
também a preocupação deles em relação à Comuna, como no pedido de Thiers, mentor
do partido da ordem, [9]
para Bismarck aumentar o número de soldados das tropas para
enfrentar de Comuna (40 mil para 100 mil) cabendo ressaltar que o próprio Thiers
fortificou Paris em 1840, mas essa não é a única contradição dele. Marx aponta o
exemplo do bombardeio da cidade de Palermo (Itália) pelos prussianos, em que Thiers
criticou-o, mas favorável que fossem usados bombardeios contra a Comuna[10]
e em
sua errônea comparação[11]
com a Guerra Civil dos Estados Unidos.[12]
Outra pergunta
de Marx é: "quem vai pagar a conta?". É Apontado que as províncias no segundo
império estão atoladas em dividas municipais. [13]
Nessa linha de pensamento, o
imperialismo, segundo Marx, é a forma mais prostituta e acabada do estado e a
Comuna apresenta qualidades em oposição a isso. As atrocidades partindo de
Versalhes contra a Comuna foram tamanhas que chocaram até a revista
londrina Times. [14]
Outro exemplo que apontam um eco com a Comuna é o evento
envolvendo o general Lecomte, em que seus homens atiram nele, em oposição à ordem
de fogo dele contra a Comuna.[15]
A classe trabalhadora francesa, segundo o historiador Antonio
Rago foi fortemente reprimida e embora estivesse armada para a guerra[16]
resistiu
bravamente por mais de dois meses, embora a situação fosse desfavorável a Comuna,
pois um terço de seu território estava em domínio do inimig; à capital (Paris) se
encontrava isolada das províncias e suas comunicações estavam cortadas. Essa é,
portanto, uma Paris heróica, em que Marx indica a agitação de várias revistas da
época, inspiradas nessa conjuntura revolucionária. Na descrição de Marx, a Comuna
foi heróica mesmo no curto tempo que teve de se organizar (pouco mais de dois meses)
e devido há esse pouco tempo que durou, as substituições tanto de leis como de
pessoas eram continuas. Nesse clima foi criada a constituição da Comuna, no qual
Marx destaca pontos como o sufrágio universal, a ideia de descentralização dos
poderes, sua flexibilidade e abolição da propriedade privada.[17]
Enfim, Marx afirma
que a Comuna "juntava elementos saudáveis" para a sociedade, pois destruirá duas
esferas do sistema político da época; o funcionalismo estatal e o exército permanente.
Segundo Marx, o Comuna é a sua própria existência produtiva[18]
e nela não existiam
roubos, ela publica todos os seus atos e declarações, diferente do que Marx aponta no
que acontece com outros sistemas. Mas em Versalhes[19]
a Comuna não é bem vista,
sendo que na Assembleia Nacional de Paris ela recebe vaias. Mesmo o povo de Paris
tendo lutado pela Comuna mais do que em qualquer outra situação foram esmagados
em 1871 na conhecida semana sangrenta, como nos muitos exemplos de fuzilamentos
e aniquilações que sofreram os communards.
Marx afirma que "a roda da história girou para trás", na ideia da
derrota da Comuna de Paris, que assim como outras ocorridas no território francês e
europeu foram fortemente reprimidas. O tempo limitado que a Comuna teve, junto de
outros fatores demonstram, segundo Marx, que a classe operária não tinha adquirido
capacidade de governar o estado[20]
, embora ela mesma não se propusesse a ocupar as
funções do estado. A Comuna de um modo em geral, era dividida entre uma maioria
de blanquistas e uma minoria de seguidores da escola socialista de Prudhon[21]
em que
se destacam os acertos entre essas duas partes, embora Marx não interpretasse isso
algo positivo. Observa-se na visão dele que;
Parece-me que a Comuna perde tempo
demais com ninharias e brigas pessoais. Vê-se que, nisso,
ela sofre influências que não provem dos trabalhadores.
Não seria ruim se vocês encontrassem tempo para
recuperar o tempo perdido. [22]
Em suma, a obra A Guerra Civil na França, de Karl Marx, um
atuante dessa conjuntura, apresenta e problematiza a causa ao qual se dedica, qual
seja, atuar junto ao movimento proletário, através de seus escritos, denunciando
abusos, apresentando personagens e suas ações de destaque em seu entender e
encastelado como na proposta de Edward Thompson (destacando-se as diferenças
devidas) que era trazer a história aqueles que eram poucos apresentados. Marx, além
de escrever a história de um movimento que em si recebe pouco destaque quando se
comparado com outros, ganha nessa obra um importante estudo da conjuntura da
época e a visão desse destacado filósofo e historiador
A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na
capital francesa por ocasião da resistência popular ante a invasão por parte do Reino
da Prússia.
A história moderna registra algumas experiências de regimes comunais, impostos
como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas —
a Comuna de Paris — veio no bojo da insurreição popular de 18 de março de 1871.
Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para
a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monarquistas francamente
favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a
essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou
esmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as
forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar
precipitadamente Paris, onde o comitê central da Guarda Nacional passou a exercer
sua autoridade. A Comuna de Paris — considerada a primeira república proletária da
história — adotou uma política de carátersocialista, baseada nos princípios da Primeira
Internacional dos Trabalhadores.
O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. Seu esmagamento
revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com aenciclopédia Barsa, mais de
20 000 communards foram executados pelas forças de Thiers.
O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o
invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de
revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes)
após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar
militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris.
Precedentes[editar | editar código-fonte]
A população francesa já havia enfrentado, após a Revolução Francesa, uma revolta
em Fevereiro de 1848, responsável por destituir o "rei burguês" Luís Filipe d'Orleans,
dando fim à monarquia de Julho e instaurando a Segunda República Francesa.
Entretanto, após um golpe de estado por Luís Bonaparte, conhecido como "O Outro
18 de Brumário", Bonaparte instaurou o Segundo Império Francês e proclamou-se
Napoleão III. No governo de Napoleão III, a França envolveu-se em atritos constantes
com a Prússia, relacionados à sucessão espanhola (veja Guerra franco-prussiana).
Com um telegrama falsificado por Otto Von Bismarck, extremamente ofensivo ao
povo francês, Napoleão III declarou guerra à Prússia.
No entanto, o exército prussiano estava mais bem preparado, vencendo facilmente os
franceses. O imperador francês foi feito prisioneiro em Sedan. Com isso, foi
proclamada aTerceira República Francesa legitimando um governo provisório de
defesa nacional para o qual Louis Adolphe Thiers foi eleito presidente.
O armistício e a Comuna[editar | editar código-fonte]
Wilhelm I foi coroado Imperador da Alemanha no Palácio de Versalhes.Bismarck ao
centro, de branco.
O Governo Provisório, com sede na prefeitura de Paris, iniciou um processo de
capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente bem como
suas armas a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado
era a Guarda Nacional, formada em sua maior parte por operários e alguns membros
da pequena burguesia.
Convictos na resistência ao exército estrangeiro, a Guarda Nacional assaltou a
prefeitura e expulsou os membros da assembleia que se instalariam em Versalhes. A
administração pública de Paris agora se encontrava nas mãos do Comitê Central da
Guarda Nacional que manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando
o presidente Thiers mandou desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa
durante a madrugada daquele dia. Pegos de surpresa, a população parisiense expulsa
o contingente de Thiers dando início à independência política de Paris frente à
Assembleia de Versalhes culminando com a eleição e a declaração da Comuna em 26
e 28 de março.
Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembleia de
Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio
humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo
Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes.
Realizações da Comuna[editar | editar código-fonte]
A Comuna de Paris DECRETA: O alistamento obrigatório é abolido; a guarda
nacional é a única força militar permitida em Paris; todos os cidadãos válidos fazem
parte da guarda nacional.
Destruição da Coluna Vendôme pelos communards.
Por sugestão do revolucionárioGustave Courbet, as pedras da coluna decaída seriam
utilizadas para a reconstrução do hotel de la Monnaie, que a época servia de abrigo
para inválidos.
Ferramentas penhoradas são devolvidas aos operários durante o cerco à Comuna.
O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro
(a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas
primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma
vez por todas". A guarda nacional se misturou aos soldados franceses, que se
amotinaram e massacraram seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia,
fugiu, junto com suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comitê Central da
federação dos bairros ocupou este vácuo, e se instalou na prefeitura. O comitê era
formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos
Trabalhadores, Proudhonistase uma miscelânea de indivíduos não-afiliados
politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas.
Eleições foram realizadas, mas obedecendo à lógica da democracia direta em todos os
níveis da administração pública. A polícia foi abolida e substituída pela guarda
nacional. A educação foi secularizada, a previdência social foi instituída, uma
comissão de inquérito sobre o governo anterior foi formada, e se decidiu por trabalhar
no sentido da abolição da escravidão do salário. Noventa representantes foram eleitos,
mas apenas 25 eram trabalhadores e a maioria foi constituída de pequenos-burgueses.
Entretanto, os revolucionários eram maioria. Em semanas, a recém nomeada Comuna
de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores
combinados:
1. O trabalho noturno foi abolido;
2. Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem
instaladas;
3. Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas;
4. Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação
de moradias;
5. Todas os descontos em salário foram abolidos;
6. A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito
horas;
7. Os sindicatos foram legalizados;
8. Instituiu-se a igualdade entre os sexos;
9. Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la);
10. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários
foram abolidos;
11. Testamentos, adoções e a contratação de advogados se tornaram gratuitos;
12. O casamento se tornou gratuito e simplificado;
13. A pena de morte foi abolida;
14. O cargo de juiz se tornou eletivo;
15. O calendário revolucionário foi novamente adotado;
16. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada
pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo
Estado;
17. A educação se tornou gratuita, secular, e compulsória. Escolas noturnas foram
criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;
18. Imagens santas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas
nas Igrejas;
19. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na
repressão da Revolução de 1848, foi demolida. O confessionário de Luís
XVI e a coluna Vendôme também;
20. A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da
Humanidade;
21. O internacionalismo foi posto em prática: o fato de ser estrangeiro se tornou
irrelevante. Os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, poloneses,
húngaros;
22. Instituiu-se um escritório central de imprensa;
23. Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores;
24. O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;
25. Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência
pública e os telégrafos;
26. Havia um plano para a rotação de trabalhadores;
27. Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a
atual ENA francesa é uma cópia;
28. Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras;
29. O salário dos professores foi duplicado.
A semana sangrenta[editar | editar código-fonte]
Cadáveres de communards.
O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz
com o Império Alemão para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. Como
acordado entre os dois países, a Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor
as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta possuía menos de 15
000 milicianos defendendo a cidade contra o exército de 100 000 soldados sob o
comando de Versalhes.
Assim como durante o período da comuna, em sua queda os revolucionários
destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e
palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na
perspectiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo
era preciso para que novas instituições pudessem florescer.
Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas na
defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20 000 pessoas,
número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80
000 mortos. 40 000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas
sem qualquer comprovação de que fossem de fato membros da Comuna. As execuções
só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar
uma epidemia de doenças.[carece de fontes]
A Comuna é considerada, por grupos políticos revolucionários posteriores
(anarquistas, comunistas, situacionistas), como a primeira experiência moderna
de um governo popular.1
Um acontecimento histórico resultante da iniciativa de
grupos revolucionários e do espontaneísmo político das massas, em meio a
circunstâncias dramáticas de uma guerra perdida (Guerra franco-prussiana) e
de uma guerra civil em curso.
THEIRS: Após a derrota da França na Guerra franco-prussiana e o aprisionamento
do imperador Napoleão III em Sedan pelas tropas deBismarck, Thiers é eleito
presidente do novo Governo Provisório de Defesa Nacional. Importa constatar que
houve certa indefinição a respeito da forma de governo a ser adotada. Assim, nas
eleições para a assembleia nacional constituinte (fevereiro de 1871), foram eleitos 500
monarquistas e apenas 200 republicanos. Aqueles, porém, estavam divididos em três
grupos (bonapartistas, orleanistas e legitimistas), o que dificultava a opção
monárquica. Por fim, como os orleanistas acabaram se aliando aos republicanos,
apenas em 1875 a III República seria formalizada. Theirs foi cauteloso em não se
formalizar como umPresidente de República.
A contragosto da população parisiense, Thiers negociava a capitulação da capital
francesa, no que a Guarda Nacional forçou a então formada assembléia consituinte a
se refugiar em Versalhes. Na capital então organizou-se um Comitê Central formado
por membros da Guarda.
Thiers ainda foi responsável por uma tentativa fracassada de desarmar a Guarda
Nacional na madrugada de 18 de março. A população, no entanto, se rebela, expulsa
o contingente que tentava o desarmamento tendo assim se iniciado a independência
de Paris em relação à Assembléia Constituinte em Versalhes.
Desempenhou ainda importante papel na sangrenta repressão à Comuna de
Paris declarada em 28 de março de 1871.
Comuna de Paris: Autogestão, Democracia Direta e Federalismo
Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares
Há 140 anos, no mês de março, pela primeira vez na história os trabalhadores puderam
ter a experiência, por um curto período de tempo, de se organizarem pela autogestão
e pelo federalismo. Acontecia na França o que ficou conhecido como A Comuna de
Paris.
Na época, a França estava em guerra com a Prússia (que originou o que hoje é a
Alemanha), a qual havia se industrializado e se organizado territorialmente depois de
outros paises da Europa, como a própria França e Inglaterra. No entanto, possuía um
exército poderoso e um enorme apetite por expandir seu território e seu poderio
econômico. A França, que havia acabado de sair de décadas do império de Napoleão
III, se reorganizava como república durante essa guerra (após a prisão do imperador
pelos prussianos) e tinha como presidente Thiers. Como estava perdendo a guerra para
a Prússia, a burguesia francesa decidiu se entregar de forma vergonhosa, a custo do
sacrifício da maioria da população. Nessas horas, o nacionalismo vai por água abaixo
frente à ameaça de prejuízo dos negócios. O governo francês decide assinar um acordo
de paz em que desarma todo seu exército, com exceção da guarda nacional de Paris.
A guarda nacional era composta em sua maioria por operários e a população de Paris,
majoritariamente, discordava dos rumos políticos do novo governo em relação à
Prússia. No dia 18 de março, o proletariado de Paris eclode em revolta com apoio da
guarda nacional, expulsa o governo, destrói os símbolos da opressão e passam a
controlar o dia a dia da cidade. Desmontam toda a lógica de administração estatal e
passam a governar baseados nos princípios da democracia direta. Cada distrito de
Paris elegia um delegado, com mandato revogável e que representava a opinião das
pessoas que compunham aquele distrito.
Os governos provocaram a guerra, quem mais sofreu foram as camadas oprimidas e
depois quiseram acabá-la de uma maneira humilhante, com uma provável
precarização da vida dos trabalhadores. O povo procurou dar a sua resposta.
Era impossível resolver problemas criados por séculos de sistemas sociais injustos em
apenas 40 dias (tempo que durou a Comuna), mas seus feitos foram surpreendentes,
como a redução das jornadas de trabalho, o fim da pena de morte, a criação de um
comitê para organizar a ocupação das habitações vazias, igualdade entre os sexos, a
separação da igreja dos espaços de administração pública e, principalmente, o
desmonte do aparato estatal e substituição da antiga administração centralizada por
uma organização federada e sobre controle direto da população, este sem dúvida
nenhuma um de seus maiores feitos. Infelizmente, a Comuna não durou para realizar
alguns de seus projetos como a autogestão da produção, a rotatividade no trabalho e o
fim do regime de salário. Vale destacar que a Comuna adotou princípios
internacionalistas e contava com a participação ativa de vários estrangeiros, além de
uma forte influência da AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores), entidade
com aspirações socialistas que reunia trabalhadores principalmente da Europa e EUA.
Após a fuga de Paris, o governo Francês se instalou em Versalhes e fez um acordo
com a Prússia, no qual esta liberou os soldados franceses que tinham sido feito
prisioneiros para reprimir a Comuna. 100 mil soldados marcharam sobre Paris, que
era defendida por heróicos 15 mil milicianos. A repressão como sempre foi
desproporcional. Cerca de 20 mil pessoas foram executadas, fora os mortos em
combates. As mortes só cessaram com o medo de uma epidemia na cidade, que estava
amontoada de corpos. Quarenta mil foram presas e várias outras foram deportadas.
As lições da Comuna e a questão do Estado
Apesar de seu fim trágico, a Comuna de Paris nos deixa a certeza de que uma nova
lógica de sociedade é possível. Uma sociedade autogerida, sem desigualdade
econômica e livre. Feitos impressionantes foram realizados em um período de guerra,
imagine o que não poderia ser feito em longo prazo num ambiente mais propício. As
ideias postas em prática em Paris foram o que sempre defenderam os setores
libertários da AIT. Muitos dos seus membros participaram ativamente do processo de
sua construção, mas os socialistas não eram maioria. Ou seja, não eram maioria nem
os adeptos das ideias de Marx e nem os coletivistas (adeptos das ideias de Bakunin).
Apesar disso, os trabalhadores, de maneira geral, fizeram um programa socialista, sem
assim o chamar. As necessidades mais imediatas buscaram soluções em perspectiva
libertárias.
Em todos os documentos, textos teóricos e intervenções no seio da AIT e outros
espaços do movimento operário os coletivistas, que mais tarde viriam a ser conhecidos
como anarquistas, defenderam as ideias que foram colocadas em prática na Comuna.
Mesmo não sendo a corrente política de maior peso (Bakunin se referia a Jacobinos
como os mais numerosos na Comuna), suas ideias foram colocadas em prática. Para
transformar as estruturas injustas da sociedade capitalista somente com um
movimento que tenha efetivamente a participação dos oprimidos, mas não apenas no
combate, na inevitável violência revolucionária, mas na elaboração das estruturas da
nova sociedade que virá. É preciso organizar o trabalho e os aspectos gerais que
garantam o funcionamento de nossa sociedade. Somente na prática, entre erros e
acertos, é que forjaremos o novo homem e assim, juntamente com ele, uma nova
sociedade.
O Estado é uma estrutura criada para manter as injustiças e o pólo oprimido da
sociedade sobre controle da minoria exploradora. Foi assim em todos os sistemas
sociais existentes e no capitalismo ele ganha um novo contorno: não apenas organiza
o aparato repressor que garante que a exploração continue, mas toma conta da
administração da vida em sociedade para que ela permaneça nos rumos que sirvam o
interesse da elite. A burguesia se apoderou direta ou indiretamente do Estado, quando
em sua revolução destituiu a nobreza. Assim o fez, pois o sistema que passava a
consolidar com sua vitória exigia a manutenção da exploração e, portanto, da
sociedade dividida em classes. Na luta do pólo explorado para derrotar a burguesia,
somos movidos por ideais socialistas e temos como uma das nossas grandes metas a
extinção das classes sociais, por isso não podemos usar os mesmos mecanismos que
eles.
Em um processo de transição para uma sociedade socialista não poderíamos nos
apoderar do Estado, pois isso colocaria a perder todas as nossas aspirações. Ao invés
do Estado temos que construir uma nova forma de gerir a sociedade e a forma mais
adequada nesse caso é pela democracia direta num sistema federativo. Temos plena
consciência de que um processo de transição não é algo rápido, e para destruir as
estruturas dessa sociedade não será nada fácil. Porém, não podemos usar um dos
principais instrumentos da classe dominante para manutenção das injustiças: o Estado.
Na AIT existia outra grande corrente política com influência das ideias de Marx e
Engels. Os marxistas tinham um grande peso no movimento operário europeu, mas
sempre defenderam uma via diferente para construção do socialismo. Em seus
materiais anteriores à Comuna de Paris, deixava-se muito claro a necessidade da
centralização do processo de transição e a utilização do aparato do Estado para destruir
a estrutura da sociedade. Podemos ver isso no texto de maior divulgação de Marx e
Engels, que é o Manifesto Comunista, no qual se usa o termo Ditadura do Proletariado
para qualificar essa transição. Por sinal, um termo pouco aprofundado por Marx e que
só vai ganhar maior importância com Engels e Lênin e as necessidades destes em
influenciar o movimento operário alemão e russo, respectivamente. Esse processo
seria bem diferente do que ocorreu na Comuna de Paris.
O fato é que logo depois da Comuna, Marx escreve um texto elogiando o processo
ocorrido em Paris e enaltecendo como um exemplo. Vale destacar que havia um
acirrado debate dentro da AIT entre os dois grupos citados, no qual um dos principais
temas era justamente a discussão entre centralização e federalismo. O que teria
ocorrido? Oportunismo? Mudança de ideia? Vale destacar que em texto da época
Marx e Engels referiam ao Manifesto Comunista como um documento envelhecido e
ultrapassado em alguns aspectos. Infelizmente, essa postura não se manteve após a
Comuna e o próprio Engels reviu algumas ideias defendida nesse texto de Marx. Além
do mais, a postura de ambos e do seu grupo no congresso de 1872 da AIT, em Haia,
foi o de expulsar Bakunin entre outras pessoas da AIT, rachando a entidade e indo de
encontro à maior parte das seções da AIT (principalmente as latinas). Engels ajudou a
fundar uma outra Internacional, mas não uma Internacional de associações de
trabalhadores, mas de partidos socialistas que passavam a disputar o parlamento. A
fração libertária continuou fiel aos seus princípios, mas infelizmente foi se
enfraquecendo.
A Comuna de Paris tem que permanecer sempre viva na memória daqueles que lutam
por uma nova sociedade. Nossa vitória não está determinada, ela é apenas uma
possibilidade. Por mais que a radicalização da democracia direta, com autogestão e
federalismo sejam mais trabalhosos, é o caminho que levará ao objetivo almejado. Só
podemos fazer isso com a participação direta do povo e não por pessoas iluminadas
que centralizariam o processo, supostamente antenadas com o desejo da maioria. Por
mais que tenham sido trabalhadores, uma vez dentro do Estado se tornaram burocratas
e continuaram fazendo funcionar a máquina feita para garantir o aprisionamento da
maioria e a manutenção das injustiças.
SOCIALISMO SEM LIBERDADE É OPRESSÃO,
LIBERDADE SEM SOCIALISMO É INJUSTIÇA!
VIVA A COMUNA DE PARIS!
*Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares*
Maceió, março de 2011.

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Comuna de paris ii

  • 1. A Guerra Civil na França e a Comuna de PARIS A Guerra Civil na França (em alemão: Der Bürgerkrieg in Frankreich) é um livro escrito por Karl Marx como discurso ao Conselho Geral da Internacional, com o objetivo de disseminar entre os trabalhadores de todos os países um entendimento claro do caráter e da significância mundial da luta heróica dos participantes da Comuna de Paris (1871) e suas experiências históricas da quais devem tirar aprendizado. O livro teve grande circulação em 1872, sendo traduzido em diversos idiomas e publicado na Europa e nos Estados Unidos. "A Guerra Civil na França" foi originalmente publicado por Marx somente como terceiro discurso ao Conselho Geral da Internacional, separado em quatro capítulos. Em 1891, no vigésimo aniversário da Comuna de Paris, Friedrich Engels reuniu uma nova coleção de trabalhos. Engels decidiu incluir os dois primeiros discursos que Marx fez para a Internacional — provendo assim base histórica adicional à Guerra Civil por parte de Marx na Guerra Franco-Prussiana. Consequências teóricas[editar | editar código-fonte] Para Marx, os acontecimentos da Comuna de Paris levaram-no à reavaliar as significâncias de alguns de seus escritos anteriores. Em um prefácio posterior ao Manifesto Comunista, Marx escreveria que "nenhuma importância é atribuída às medidas revolucionárias propostas no final da Seção II. Essa passagem seria hoje, em muitos aspectos, diferentemente formulada."1 A passagem referida no "Manifesto" busca mostrar o processo da tomada proletária do poder do Estado. Sugerindo ainda no mesmo prefácio, que leiam "A Guerra Civil na França", diz: "A Comuna, sobretudo, provou que 'a classe operária não pode limitar-se a apoderar-se da máquina do Estado, nem colocá-la em movimento para atingir seus próprios objetivos'."1 Referências Difícil saber se os livros produzem revoluções. Mas ao ler esta obra o leitor terá certeza de que as revoluções criam grandes livros. Foi assim que a Comuna de Paris, a primeira forma de autogoverno dos trabalhadores, encontrou seu maior intérprete, de tal maneira que é impossível recordar aqueles feitos colossais sem ler A guerra civil na França de Karl Marx. Os personagens aparecem em sua condição de classe sem perder a humanidade naquilo que têm de mais nobre ou mais vil. Vemos o quase ministro Jules Favre falsificando documentos enquanto vive em adultério com a mulher de um bêbado de Argel; o futuro primeiro-ministro Jules Ferry como um advogado sem um tostão pronto a assaltar os cofres públicos; e o celebrado Thiers, que antes de mentir como presidente já havia feito carreira de mentiroso como historiador… Se em O 18 de brumário de Luís Bonaparte (Boitempo, 2011) Marx mostrou como um homem medíocre pôde governar sob a fantasia de “Napoleão III”, aqui ele desvenda por que um mentiroso, um corrupto e um falsificador conseguiram derrotar a Comuna e liderar o regime anônimo da burguesia: a República Parlamentar. Não à toa, Marx recorda que, quando esses “vampiros” fugiram para Versalhes com suas cocotes e sua polícia, os ladrões comuns foram com eles… Paris se tornou subitamente uma capital segura, embora sitiada. Em contraste com os carrascos de Versalhes, Blanqui e seus camaradas erguiam uma cidade nova. Mas tinham tanta coragem quanto ingenuidade, e cometeram até mesmo o erro de não tomar a sede do banco! A guerra civil na França foi escrita como Mensagem do Conselho Geral da I Internacional e difundida como livro na Europa e nos Estados Unidos. A primorosa edição que o leitor tem agora em mãos traz as variantes do manuscrito original, que dão ao estudioso um aparato crítico imprescindível. Bem merecida edição para um autor que desejava semear outras revoluções. Porque Marx certamente esperava que, depois da leitura, nenhum revolucionário futuro se detivesse “respeitosamente diante das portas do Banco da França”. *** Trecho da Apresentação escrita por Antonio Rago Filho:
  • 2. A Comuna de Paris foi a primeira experiência histórica de tomada de poder da classe trabalhadora, cujo significado colocou-a como referencial para as lutas de emancipação social. Foi uma revolução contra o Estado. A forma política “finalmente encontrada”, meio orgânico de ação que visava um trânsito socialista, uma nova forma social sem classes, a poesia do futuro. O heroísmo da classe operária na luta contra os usurpadores das fontes de vida foi um exemplo que a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) tentou imortalizar. Marx, secretário da AIT, dando continuidade aos combates da Comuna e investindo contra as calúnias e mentiras dos jornais burgueses, dissemina as virtudes da República do Trabalho: “Que é a Comuna, essa esfinge tão atordoante para o espírito burguês?”. A essa pergunta o leitor encontrará respostas claras, minuciosas, concretas, ao estilo do rigor marxiano, no conjunto de escritos selecionados para compor esta obra. *** A Coleção Marx e Engels, da Boitempo Editorial, desenvolve um trabalho de recuperação da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, sempre em traduções diretas dos originais, com a participação de especialistas nos fundadores do marxismo e um aparato editorial que faz de seus livros uma referência dentro e fora do país. Com 11 volumes publicados, a coleção teve início com a edição comemorativa dos 150 anos do Manifesto Comunista, em 1998. Em seguida foi publicado o livro A sagrada família (2003), obra polêmica que assinala o rompimento definitivo de Marx e Engels com a esquerda hegeliana. Os Manuscritos econômico-filosóficos (2004) vieram na sequência, ao qual se seguiram os lançamentos de Crítica da filosofia do direito de Hegel(2005); Sobre o suicídio (2006); A ideologia alemã (2007); A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (2008); Sobre a questão judaica (2010);Lutas de classes na Alemanha (2010), O 18 de brumário de Luís Bonaparte(2011), e A guerra civil na França (2011), em comemoração aos 140 anos da Comuna de Paris., da Boitempo Editorial, desenvolve um trabalho de recuperação da obra de Karl Marx e Friedrich Engels, sempre em traduções diretas dos originais, com a participação de especialistas nos fundadores do marxismo e um aparato editorial que faz de seus livros uma referência dentro e fora do país. Com 11 volumes publicados, a coleção teve início com a edição comemorativa dos 150 anos do Manifesto Comunista, em 1998. Em seguida foi publicado o livro A sagrada família (2003), obra polêmica que assinala o rompimento definitivo de Marx e Engels com a esquerda hegeliana. Os Manuscritos econômico-filosóficos (2004) vieram na sequência, ao qual se seguiram os lançamentos de Crítica da filosofia do direito de Hegel(2005); Sobre o suicídio (2006); A ideologia alemã (2007); A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (2008); Sobre a questão judaica (2010);Lutas de classes na Alemanha (2010), O 18 de brumário de Luís Bonaparte(2011), e A guerra civil na França (2011), em comemoração aos 140 anos da Comuna de Paris. Vale lembrar que a Boitempo Editorial lançou em abril de 2011 os primeiros nove títulos da Coleção Marx e Engels no formato virtual. Para mais informações sobre os títulos da Coleção, visite nosso site. A Comuna de Paris foi a primeira experiência na história de um governo operário, sob bases econômicas cooperativistas, sob os signos do igualitarismo e do laicismo. Durou 72 dias: o governo operário na capital francesa vai de 26 de março até 28 de maio de 1871. Desde a 1ª Intenacional (Associação Internacional dos Trabalhadores), Marx atua em prol da Comuna de Paris, objeto das maiores calúnias pelos jornalões burgueses europeus. “Que é a Comuna, essa esfinge tão atordoante para o espírito burguês”?, pergunta-se Marx em 1871, quando redige o folheto “Guerra Civil na França”. O documento esclarece o leitor acerca dos acontecimentos de Paris sob um ponto de vista não burguês, elucidando a luta de classes que perpassa a guerra franco-prussiana e tem como principal vítima o proletariado francês. Thieres, líder dos capituladores instalados em Versalhes, estabelece uma paz com a Prússia cujos termos envolviam o esmagamento da Comuna de Paris. Os traidores da republica social parisiense abandonaram estrategicamente canhões e armas que serian utilizados pelas forças armadas prussianas para atacar a Comuna. Por suposto aquela “esfinge” já era motivo de temor por toda burguesia europeia e a capitulação francesa envolvia e perpassava pelo massacre daquela experiência, denunciando o caráter classista daquela luta.
  • 3. A guerra franco-prussiana inicia-se em 1870: claramente, a França subestimava de início o poderio militar prussiano. Na verdade as hostilidades entre franceses e alemães remetem às guerras napoleônicas, cujo final foi o exílio de Napoleão em Elba e a vitória da Santa Aliança, da reação monárquica sobre a República. Após a ascensão de Napoleão III (sobrinho de Napoleão I), por meio de um golpe de Estado, a França consolidaria o Segundo Império, cuja vida seria breve e se encerraria com a derrota dos franceses na guerra franco-prussiana. A capitulação oficial de Paris foi conduzida por Thiers em fevereiro de 1971. Entretanto, a população de Paris recusou-se a depor as armas. Havia diferenças políticas entre a capital e as províncias. Durante a guerra, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa deputados monarquistas (os “Rurais”), bancada francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Marx lembra que as províncias sofriam com a desinformação provocada pela burguesia francesa, que impedia qualquer forma de comunicação entre as províncias e a Comuna, além de todas as mentiras reinteradas a respeito a república social de paris. Louis Thiers, político experiente, sistematicamente ironizado por Marx, foi elevado à chefia do gabinete conservador com a queda do Segundo Império. Tentou esmagar os insurretos parisienses. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional e de combatentes que se recusavam a atirar em crianças e mulheres, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar Paris e dirigir sua política desde Versalhes. Segundo Marx, toda a escória da sociedade parisiense, ou seja, sua parcela improdutiva, fugiu junto com a burguesia. A partir da medida socialista de eliminação das forças armas e da polícia, e a constituição do povo em armas, Marx comenta a redução total da criminalidade em Paris. Enquanto a Comuna resistia, Thiers foi buscar auxílio junto à Prússia para esmagá-la. Publicamente, o astuto político dizia não ceder um palmo de terra francesa aos alemães. Entretanto, seus termos de rendição envolveram a entrega de Alsácia e Lorena à Prússia. Além disso, a França foi obrigada a pagar uma indenização de guerra de cinco bilhões de francos de ouro. A Prússia, de outro lado, garantiu que fossem libertados 100 mil prisioneiros de guerra franceses, os quais foram admitidos para reprimir a Comuna. Depois de pouco mais de dois meses de lutas, a Comuna foi esmagada pelas tropas da reação. A Comuna de Paris nos legou a bandeira vermelha do igualitarismo e a canção da Internacional. Legou-nos igualmente uma série de medidas que nos fazem crer ser aquela experiência, algo à frente de seu tempo. Limitou por exemplo o salário máximo de cada mandatário a valor correspondente ao salário de um trabalhador; eliminou o trabalho noturno, legalizou os sindicatos, instituiu a igualdade de sexos, tornou eletivo o cargo de juiz, incorporou o internacionalismo não só no discurso, mas na prática, com a participação de estrangeiros nos órgãos de funcionamento da comuna. Separou a religião do estado e eliminou o ensino religioso. Todas estas mudanças introduzidas pelo governo operário não poderiam subsistir a um cerco de centenas de milhares de homens armados amplamente pelas principais potencias europeias. Ainda assim, em meio a fome e a todas as dificuldades, a Comuna subsistiu brava e heroicamente por 72 dias todas as atrocidades da reação. Marx não detalha o número de mortos, mas ilustra em diversas passagens a forma bárbara como a reação esmagou a Comuna. Estima-se que 80.000 pessoas foram mortas pelas tropas da burguesia franco-prussiana, das quais 20.000 foram executadas, sumariamente. Fala-se que só interrompeu-se o banho de sangue quando se constatou que o enorme número de cadáveres disseminaria doenças na cidade. Das 40.000 pessoas presas, uma parcela foi levada à Ilha da Nova Caledônia, onde, ainda hoje, é possível ver as marcas deixadas pelos comunards. Presos numa ilha perdida num lugar esquecido do mundo, as marcas dizem “Viva a Comuna”. Mais de um século passou- se e a luta da Comuna por uma sociedade igualitarista permanece tão viva quanto as marcas das prisões da Nova Caledônia Resumo do texto: A Guerra Civil em França, Karl Marx, Introdução de Engel. Aluno: Savio Emerick Barros Pavani Marinho A Guerra Civil francesa é compreendida como a segunda parte de um processo que começara com o Conselho Geral da Guerra Franco Alemã, porque ainda durante a última metade do século XIX, a Alemanha sofria as consequências daquele acontecimento. A anexação da Alsácia-Lorena por parte da Alemanha, unificada, a partir de então, fez com que a França fizesse uma aliança com a Rússia, tal atitude resultou em duas alternativas para os alemães, tornar-se “servo notório da Rússia, ou após trégua, teria que se armar para uma nova guerra”, contra os franceses e russos. Essa rivalidade acirrada entre os povos europeus, também é válida para análise da Guerra Civil na França. O desenvolvimento político e econômico da França, desde a
  • 4. Revolução Francesa, desenhou-se e tal forma que só uma revolução de caráter proletário poderia estourar no país, que quer dizer que após a emblemática “vitória” na revolução de 1789, a classe de proletário tinha suas revindicações próprias. Mesmo que tais revindicações fossem imprecisas e confusas, todas tinham, a eliminação das diferenças de classes entre capitalistas e operários, como objetivo em comum. As revindicações operárias, contudo, continham um perigo para ordem social, uma vez que a classe ainda estava armada, dessa forma o desarmamento da classe operária, por parte da burguesia, era visto como prioridade. Com o objetivo de enfraquecer os operários, os burgueses liberais tentaram assegurar a reforma eleitoral, para então fortalecer o partido deles. Dada a crise política entre burguesia liberal e pequena burguesia, os operários inciaram a luta nas ruas, esse possuíam um grau de autonomia muito maior do que se imaginava. Com a conjuntura mencionada, os operários saíram vitoriosos e no lugar da reforma da república nos moldes da burguesia, ergueu-se a “República Social”. A partir de então surgiu uma imensa luta de classes na França, as classes burguesas e operárias lutavam pelo poder, mas ao mesmo tem esse conflito se desenrolava, ficava mais evidente que nenhuma das duas classes estavam preparadas para governar o país, enquanto o proletário não conseguia se consolidar em uma unidade aceita com representatividade, a burguesia, por sua vez, ainda era, em sua maioria, constituída por sentimentos monárquicos, além de estar dividida em 4 partidos. Como consequência da crise civil instaurada, Louis Bonaparte centralizou o poder, tendo ao seu lado o exército, a polícia e a maquinaria administrativa, instaurando um novo Império. O pretexto usado pelo novo imperador foi que ele iria proteger a burguesia dos operários e os operários da burguesia, sobre amparo de um forte desenvolvimento na indústria. Sob a bandeira de retomar a extensão territorial do primeiro Império, Napoleão Terceiro não tinha outra alternativa senão a Guerra, que seria inevitável, mais cedo ou mais tarde. A 4 de setembro de 1870, o império caiu por meio da Revolução de Paris e a República foi novamente instaurada. Em meio ao colapso francês naquele momento, no qual o país se via em meio a uma guerra e com um governo recém instaurado, “o povo consentiu aos deputados de Paris do antigo Corpo legislativo que agissem como governo de defesa nacional”. Tal ato permitia que todos aqueles aptos a pegar em armas entrassem para a guarda nacional, o que permitiu com que os operários agora formassem a grande maioria. Como era de se esperar, em pouco tempo instaurou-se uma grande oposição entre os burgueses do governo e o proletário armado, culminando em uma grande Guerra Civil, dentro de uma cidade sitiada por tropas estrangeiras. Enfim, após 131 dias de isolamento a cidade se rendeu, visto que recursos básicos para a sobrevivência estavam faltando. Mesmo assim, a rendição foi de forma parcial, as próprias tropa prussianas tiveram bastante cuidado ao entrar na cidade, dado o respeito imposto pela Guarda Nacional, o que quer dizer que o proletário manteve as armas nas mãos, mesmo com a rendição. Dado o perigo que a classe operária armada representava para os grandes proprietários rurais e capitalistas, o governo tentou mais uma vez desarmar a população. A tentativa inicial foi o envio de tropas de linha com a ordem de roubar a artilharia da Guarda nacional, tentativa essa frustrada. Como consequência foi decretada a guerra entre Paris e o governo francês, sendo eleita dia 26 de março a Comuna de Paris, Guarda nacional se transformou no único poder armado, “isentou todos os pagamentos de rendas de casa de Outubro de 1870 até Abril, pôs em conta para o prazo de pagamento seguinte as quantias de arrendamento já pagas e suspendeu todas as vendas de penhores no montepio municipal. No mesmo dia, os estrangeiros eleitos para a Comuna foram confirmados nas suas funções, porque a (bandeira da Comuna é a da República mundial). A 1 de Abril foi decidido que o vencimento mais elevado de um empregado da Comuna, portanto dos seus próprios membros também, não poderia exceder 6000 francos (4800 marcos)”. Também foram separadas Igreja e Estado, bem como abolido todos os pagamentos do Estados para fins religiosos, o trabalho noturno foi abolido. As decisões da comuna tinha forte caráter proletário pelo fato que só tinham acento nela os próprios ou representantes deles. Dada a dificuldade das tropas de Versalhes em entrar e retomar o controle sobre Paris, o governo francês (Versalheses) aproximou-se daqueles que eram até então inimigos, os prussianos, negociando assim o retorno de vários soldados franceses que estavam retidos na Prússia como prisioneiros de guerra. Com a imensa maioria e após dias e dias de combate a comuna finalmente sucumbiu, um massacre à população parisiense ocorreu pelas tropas de Versalhes, as tropas prussianas ficaram do lado de fora da cidade, com ordens expressas para não deixar nenhum membro da comuna fugir, prisões em massa foram feitas, o povo parisiense pagara caro por tentar defender os seus interesses. Aqueles poucos que conseguiram fugir, dividiram-se em uma maioria, os Blanquistas, que ficaram com o controle sobre a Guarda Nacional, e uma minoria, os membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, formada pelos socialistas. A comuna teve como decreto mais importante, um projeto de desenvolvimento da indústria baseado, não só, numa associação dos operários em cada fábrica, mas também na unificação entre todas as associações em uma grande federação. Tratava-
  • 5. se, de acordo com Marx, do caminho inteiramente correto para chegar ao comunismo. Com a comuna, ficou percebido que a classe operária, estando no poder, não poderia governar com a velha máquina do Estado, de modo a não perder a sua própria dominação . Dessa forma, era necessário acabar com a “velha maquinaria de opressão”, para tal, foi aplicado na Comuna duas medidas consideradas inéditas, todos os cargos administrativos foram ocupados por interessados eleitos por voto via sufrágio universal e a segunda media, todos os serviços eram pagos com salários equivalentes ao que um operário recebia. A 4 de Setembro de 1870, os operários de Paris proclamaram a República, que foi quase instantaneamente aclamada através de toda a França. O desenrolar da proclamação se deu quando, pressionados pelas tropas prussianas, que marchavam incessantemente em direção a Paris, a nova república, sem alternativas, armou a classe operária com o objetivo de formação da Guarda Nacional, para então se configurar algum tipo de defesa contra o opressor. A classe operária armada, no entanto, configurou-se no que era de esperar, uma guerra armada, culminado com a criação da Comuna de Paris. Configurou-se uma divisão dentro da própria França, de um lado a Comuna, em Paris, e do outro o governo Francês, sediado em Versalhes. O segundo, por sua vez, dado os sucessíveis fracassos de reanexação de Paris aliou-se com inimigo, a Prússia, que não só libertou os soldados prisioneiros da Guerra Franco-Prussiana para lutar e reconquistar Paris, como também, enviou o seu próprio exército para ajudar. Naquele momento o governo francês entregava o seu próprio povo nas mãos de um inimigo externo, prova disso é que pela primeira vez, a capital fora bombardeada dos seus próprios fortes e o pior pelo seu próprio governo, que havia entregado não só Paris aos prussianos, mas toda a França. O início de todo esse desenrolar histórico se deu graças às consequências do segundo Império, de Luis Bonaparte, esse tinha mergulhado o país em uma forte dívida externa, todas as cidades estavam também afundadas em pesadíssimas dívidas municipais, sem falar da caríssima guerra contra a Prússia, com o discurso de que iria resgatar a extensão territorial francesa do primeiro Império, tal guerra além de ter sido um fracasso, acabou com os recursos franceses, a nação estava faminta, mergulhada em dívidas e ainda por cima custeando uma guerra fadada ao fracasso. Sob essa realidade emergiu a República que criou possibilidades para que pudesse surgir a Comuna. O cerco à cidade de Paris, ocorrido pela junção das tropas prussianas e do governo francês, fez com que produtos de primeira necessidade faltassem na capital, a cidade sofria com a escassez de tudo, além de estar sendo duramente bombardeada, em um massacre terrível, feito pelo próprio governo francês. Contudo mesmo assim a Comuna resistiu o quanto pôde, enquanto havia alguma esperança de que a camada social historicamente reprimida pudesse, enfim, ter um governo menos corrupto mais justo e de acordo com princípios de igualdade entre as pessoas. Tal fato único até então, deixa um legado, “A Paris operária com a sua Comuna será sempre celebrada como o arauto glorioso de uma nova sociedade. Os seus mártires estão guardados como relíquia no grande coração da classe operária. E aos seus exterminadores, já a história os amarrou àquele pelourinho eterno donde todas as orações dos seus padres os não conseguirão redimir”. MARX, Karl. A Guerra Civil na França. Seleção de textos, tradução e notas de Rubens Enderle; [apresentação de Antonio Rago Filho]. São Paulo: Boitempo. 2011. 274 p. A Paris dos trabalhadores, com sua Comuna, será eternamente celebrada como a gloriosa precursora de uma nova sociedade. Karl Marx Descubram o traço essencial [de Karl Marx], as imensas sobrancelhas, e vocês saberão imediatamente que estão lidando com a mais formidável de todas as forças individuais compostas - um sonhador que pensa, um pensador que sonha. R. Landor Sua queda [da burguesia] e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis. Karl Marx e Friedrich Engels Sobre o autor[1] SOBRE O AUTOR
  • 6. Karl Marx (1818-1883) foi um destacado pensador e revolucionário alemão que atuou em áreas como história, filosofia, economia, sociedade e política, etc. Suas muitas teorias, sua efetiva atuação política e revolucionária e seus estudos, destacando-se a luta de classes entre o proletariado e burguesia como motor da história, desde então, ecoam pelas sociedades contemporâneas. A OBRA O presente livro de Marx, A Guerra Civil na França, tem como base as cartas enviadas por ele em sua posição como secretário da Associação Internacional de Trabalhadores (AIT), em apoio a Comuna e aos communards[2] redigidas em maio de 1871, pouco tempo depois da derrota da Comuna. E Paris resistirá ao assédio prussiano? Com essa pergunta de Marx, podem- se imaginar quais os eventos que o influenciam em seu estudo, sendo ele próprio um personagem ativo dessa atmosfera.[3] A conjuntura aponta para Paris (sede da Comuna) em guerra em 1871, sendo nela visível a influência do movimento revolucionário de 1848. São denunciados pelo pensador alemão alguns personagens como Thiers, [4] um dos principais articuladores da derrota da Comuna, considerado um personagem "que nunca produziu nada" [5] , espelhado em seus boletins mentirosos contra a Comuna, [6] além de outras figuras; Pode-se perguntar como esses ultrapassados charlatães e intriguistas parlamentares como Thiers, Favre, Dufaure, Garnier-Pagès (apenas fortalecidos por uns poucos tratantes da mesma laia) continuam a ressurgir à superfície após cada revolução e a usurpar o poder Executivo - esses homens que sempre exploram e traem a revolução, fuzilam o povo que a fez e sequestram as poucas concessões liberais conquistadas dos governos anteriores (aos quais se opuseram). [7] Thiers e outros próximos a ele obtêm vantagens em sua posição contra os communards, como no enriquecimento de Jules Ferry.[8] Marx ressalta também a preocupação deles em relação à Comuna, como no pedido de Thiers, mentor do partido da ordem, [9] para Bismarck aumentar o número de soldados das tropas para enfrentar de Comuna (40 mil para 100 mil) cabendo ressaltar que o próprio Thiers fortificou Paris em 1840, mas essa não é a única contradição dele. Marx aponta o exemplo do bombardeio da cidade de Palermo (Itália) pelos prussianos, em que Thiers criticou-o, mas favorável que fossem usados bombardeios contra a Comuna[10] e em sua errônea comparação[11] com a Guerra Civil dos Estados Unidos.[12] Outra pergunta de Marx é: "quem vai pagar a conta?". É Apontado que as províncias no segundo império estão atoladas em dividas municipais. [13] Nessa linha de pensamento, o imperialismo, segundo Marx, é a forma mais prostituta e acabada do estado e a Comuna apresenta qualidades em oposição a isso. As atrocidades partindo de Versalhes contra a Comuna foram tamanhas que chocaram até a revista londrina Times. [14] Outro exemplo que apontam um eco com a Comuna é o evento envolvendo o general Lecomte, em que seus homens atiram nele, em oposição à ordem de fogo dele contra a Comuna.[15] A classe trabalhadora francesa, segundo o historiador Antonio Rago foi fortemente reprimida e embora estivesse armada para a guerra[16] resistiu bravamente por mais de dois meses, embora a situação fosse desfavorável a Comuna, pois um terço de seu território estava em domínio do inimig; à capital (Paris) se encontrava isolada das províncias e suas comunicações estavam cortadas. Essa é, portanto, uma Paris heróica, em que Marx indica a agitação de várias revistas da época, inspiradas nessa conjuntura revolucionária. Na descrição de Marx, a Comuna
  • 7. foi heróica mesmo no curto tempo que teve de se organizar (pouco mais de dois meses) e devido há esse pouco tempo que durou, as substituições tanto de leis como de pessoas eram continuas. Nesse clima foi criada a constituição da Comuna, no qual Marx destaca pontos como o sufrágio universal, a ideia de descentralização dos poderes, sua flexibilidade e abolição da propriedade privada.[17] Enfim, Marx afirma que a Comuna "juntava elementos saudáveis" para a sociedade, pois destruirá duas esferas do sistema político da época; o funcionalismo estatal e o exército permanente. Segundo Marx, o Comuna é a sua própria existência produtiva[18] e nela não existiam roubos, ela publica todos os seus atos e declarações, diferente do que Marx aponta no que acontece com outros sistemas. Mas em Versalhes[19] a Comuna não é bem vista, sendo que na Assembleia Nacional de Paris ela recebe vaias. Mesmo o povo de Paris tendo lutado pela Comuna mais do que em qualquer outra situação foram esmagados em 1871 na conhecida semana sangrenta, como nos muitos exemplos de fuzilamentos e aniquilações que sofreram os communards. Marx afirma que "a roda da história girou para trás", na ideia da derrota da Comuna de Paris, que assim como outras ocorridas no território francês e europeu foram fortemente reprimidas. O tempo limitado que a Comuna teve, junto de outros fatores demonstram, segundo Marx, que a classe operária não tinha adquirido capacidade de governar o estado[20] , embora ela mesma não se propusesse a ocupar as funções do estado. A Comuna de um modo em geral, era dividida entre uma maioria de blanquistas e uma minoria de seguidores da escola socialista de Prudhon[21] em que se destacam os acertos entre essas duas partes, embora Marx não interpretasse isso algo positivo. Observa-se na visão dele que; Parece-me que a Comuna perde tempo demais com ninharias e brigas pessoais. Vê-se que, nisso, ela sofre influências que não provem dos trabalhadores. Não seria ruim se vocês encontrassem tempo para recuperar o tempo perdido. [22] Em suma, a obra A Guerra Civil na França, de Karl Marx, um atuante dessa conjuntura, apresenta e problematiza a causa ao qual se dedica, qual seja, atuar junto ao movimento proletário, através de seus escritos, denunciando abusos, apresentando personagens e suas ações de destaque em seu entender e encastelado como na proposta de Edward Thompson (destacando-se as diferenças devidas) que era trazer a história aqueles que eram poucos apresentados. Marx, além de escrever a história de um movimento que em si recebe pouco destaque quando se comparado com outros, ganha nessa obra um importante estudo da conjuntura da época e a visão desse destacado filósofo e historiador A Comuna de Paris foi o primeiro governo operário da história, fundado em 1871 na capital francesa por ocasião da resistência popular ante a invasão por parte do Reino da Prússia. A história moderna registra algumas experiências de regimes comunais, impostos como afirmação revolucionária da autonomia da cidade. A mais importante delas — a Comuna de Paris — veio no bojo da insurreição popular de 18 de março de 1871. Durante a guerra franco-prussiana, as províncias francesas elegeram para a Assembleia Nacional Francesa uma maioria de deputados monarquistas francamente favorável à capitulação ante a Prússia. A população de Paris, no entanto, opunha-se a essa política. Louis Adolphe Thiers, elevado à chefia do gabinete conservador, tentou esmagar os insurretos. Estes, porém, com o apoio da Guarda Nacional, derrotaram as forças legalistas, obrigando os membros do governo a abandonar precipitadamente Paris, onde o comitê central da Guarda Nacional passou a exercer sua autoridade. A Comuna de Paris — considerada a primeira república proletária da história — adotou uma política de carátersocialista, baseada nos princípios da Primeira Internacional dos Trabalhadores.
  • 8. O poder comunal manteve-se durante cerca de quarenta dias. Seu esmagamento revestiu-se de extrema crueldade. De acordo com aenciclopédia Barsa, mais de 20 000 communards foram executados pelas forças de Thiers. O governo durou oficialmente de 26 de março a 28 de maio, enfrentando não só o invasor alemão como também tropas francesas, pois a Comuna era um movimento de revolta ante o armistício assinado pelo governo nacional (transferido para Versalhes) após a derrota na guerra franco-prussiana. Os alemães tiveram ainda que libertar militares franceses feitos prisioneiros de guerra para auxiliar na tomada de Paris. Precedentes[editar | editar código-fonte] A população francesa já havia enfrentado, após a Revolução Francesa, uma revolta em Fevereiro de 1848, responsável por destituir o "rei burguês" Luís Filipe d'Orleans, dando fim à monarquia de Julho e instaurando a Segunda República Francesa. Entretanto, após um golpe de estado por Luís Bonaparte, conhecido como "O Outro 18 de Brumário", Bonaparte instaurou o Segundo Império Francês e proclamou-se Napoleão III. No governo de Napoleão III, a França envolveu-se em atritos constantes com a Prússia, relacionados à sucessão espanhola (veja Guerra franco-prussiana). Com um telegrama falsificado por Otto Von Bismarck, extremamente ofensivo ao povo francês, Napoleão III declarou guerra à Prússia. No entanto, o exército prussiano estava mais bem preparado, vencendo facilmente os franceses. O imperador francês foi feito prisioneiro em Sedan. Com isso, foi proclamada aTerceira República Francesa legitimando um governo provisório de defesa nacional para o qual Louis Adolphe Thiers foi eleito presidente. O armistício e a Comuna[editar | editar código-fonte] Wilhelm I foi coroado Imperador da Alemanha no Palácio de Versalhes.Bismarck ao centro, de branco. O Governo Provisório, com sede na prefeitura de Paris, iniciou um processo de capitulação da França entregando a maior parte de seu exército permanente bem como suas armas a contragosto da população parisiense. O único contingente agora armado era a Guarda Nacional, formada em sua maior parte por operários e alguns membros da pequena burguesia. Convictos na resistência ao exército estrangeiro, a Guarda Nacional assaltou a prefeitura e expulsou os membros da assembleia que se instalariam em Versalhes. A administração pública de Paris agora se encontrava nas mãos do Comitê Central da Guarda Nacional que manteria conversações com Versalhes até 18 de março, quando o presidente Thiers mandou desarmar a Guarda Nacional numa operação sigilosa durante a madrugada daquele dia. Pegos de surpresa, a população parisiense expulsa o contingente de Thiers dando início à independência política de Paris frente à Assembleia de Versalhes culminando com a eleição e a declaração da Comuna em 26 e 28 de março. Apesar da evidente disposição do povo parisiense em resistir, a Assembleia de Versalhes acabou assinando a paz com os alemães. Num episódio humilhante, Guilherme I, o soberano alemão, foi coroado imperador do Segundo Reich na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes. Realizações da Comuna[editar | editar código-fonte] A Comuna de Paris DECRETA: O alistamento obrigatório é abolido; a guarda nacional é a única força militar permitida em Paris; todos os cidadãos válidos fazem parte da guarda nacional. Destruição da Coluna Vendôme pelos communards. Por sugestão do revolucionárioGustave Courbet, as pedras da coluna decaída seriam utilizadas para a reconstrução do hotel de la Monnaie, que a época servia de abrigo para inválidos. Ferramentas penhoradas são devolvidas aos operários durante o cerco à Comuna. O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a "abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas". A guarda nacional se misturou aos soldados franceses, que se amotinaram e massacraram seus comandantes. O governo oficial, que ainda existia, fugiu, junto com suas tropas leais, e Paris ficou sem autoridade. O Comitê Central da federação dos bairros ocupou este vácuo, e se instalou na prefeitura. O comitê era formado por Blanquistas, membros da Associação Internacional dos Trabalhadores, Proudhonistase uma miscelânea de indivíduos não-afiliados politicamente, a maioria trabalhadores braçais, escritores e artistas. Eleições foram realizadas, mas obedecendo à lógica da democracia direta em todos os níveis da administração pública. A polícia foi abolida e substituída pela guarda nacional. A educação foi secularizada, a previdência social foi instituída, uma comissão de inquérito sobre o governo anterior foi formada, e se decidiu por trabalhar no sentido da abolição da escravidão do salário. Noventa representantes foram eleitos, mas apenas 25 eram trabalhadores e a maioria foi constituída de pequenos-burgueses. Entretanto, os revolucionários eram maioria. Em semanas, a recém nomeada Comuna de Paris introduziu mais reformas do que todos os governos nos dois séculos anteriores combinados:
  • 9. 1. O trabalho noturno foi abolido; 2. Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas; 3. Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas; 4. Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias; 5. Todas os descontos em salário foram abolidos; 6. A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas; 7. Os sindicatos foram legalizados; 8. Instituiu-se a igualdade entre os sexos; 9. Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la); 10. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos; 11. Testamentos, adoções e a contratação de advogados se tornaram gratuitos; 12. O casamento se tornou gratuito e simplificado; 13. A pena de morte foi abolida; 14. O cargo de juiz se tornou eletivo; 15. O calendário revolucionário foi novamente adotado; 16. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado; 17. A educação se tornou gratuita, secular, e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto; 18. Imagens santas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas; 19. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848, foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendôme também; 20. A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade; 21. O internacionalismo foi posto em prática: o fato de ser estrangeiro se tornou irrelevante. Os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, poloneses, húngaros; 22. Instituiu-se um escritório central de imprensa; 23. Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores; 24. O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos; 25. Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos; 26. Havia um plano para a rotação de trabalhadores; 27. Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia; 28. Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras; 29. O salário dos professores foi duplicado. A semana sangrenta[editar | editar código-fonte] Cadáveres de communards. O governo oficial, agora instalado em Versalhes e sob o comando de Thiers, fez a paz com o Império Alemão para que tivesse tempo de esmagar a Comuna de Paris. Como acordado entre os dois países, a Alemanha libertou prisioneiros de guerra para compor as forças que o exército francês usaria contra a Comuna. Esta possuía menos de 15 000 milicianos defendendo a cidade contra o exército de 100 000 soldados sob o comando de Versalhes. Assim como durante o período da comuna, em sua queda os revolucionários destruíram os símbolos do Segundo Império Francês - prédios administrativos e palácios - e executaram reféns, em sua maioria clérigos, militares e juízes. Na perspectiva dos communards, derrubar a velha ordem e tudo que com ela tinha vínculo era preciso para que novas instituições pudessem florescer. Ao todo, a Comuna de Paris executou cem pessoas e matou outras novecentas na defesa da cidade. As tropas de Thiers, por outro lado, executaram 20 000 pessoas, número que, somado às baixas em combate, provavelmente alcançou a cifra dos 80 000 mortos. 40 000 pessoas foram presas e muitas delas foram torturadas e executadas sem qualquer comprovação de que fossem de fato membros da Comuna. As execuções só pararam por medo de que a quantidade imensa de cadáveres pudesse causar uma epidemia de doenças.[carece de fontes] A Comuna é considerada, por grupos políticos revolucionários posteriores (anarquistas, comunistas, situacionistas), como a primeira experiência moderna de um governo popular.1 Um acontecimento histórico resultante da iniciativa de grupos revolucionários e do espontaneísmo político das massas, em meio a circunstâncias dramáticas de uma guerra perdida (Guerra franco-prussiana) e de uma guerra civil em curso. THEIRS: Após a derrota da França na Guerra franco-prussiana e o aprisionamento do imperador Napoleão III em Sedan pelas tropas deBismarck, Thiers é eleito presidente do novo Governo Provisório de Defesa Nacional. Importa constatar que houve certa indefinição a respeito da forma de governo a ser adotada. Assim, nas eleições para a assembleia nacional constituinte (fevereiro de 1871), foram eleitos 500 monarquistas e apenas 200 republicanos. Aqueles, porém, estavam divididos em três grupos (bonapartistas, orleanistas e legitimistas), o que dificultava a opção monárquica. Por fim, como os orleanistas acabaram se aliando aos republicanos,
  • 10. apenas em 1875 a III República seria formalizada. Theirs foi cauteloso em não se formalizar como umPresidente de República. A contragosto da população parisiense, Thiers negociava a capitulação da capital francesa, no que a Guarda Nacional forçou a então formada assembléia consituinte a se refugiar em Versalhes. Na capital então organizou-se um Comitê Central formado por membros da Guarda. Thiers ainda foi responsável por uma tentativa fracassada de desarmar a Guarda Nacional na madrugada de 18 de março. A população, no entanto, se rebela, expulsa o contingente que tentava o desarmamento tendo assim se iniciado a independência de Paris em relação à Assembléia Constituinte em Versalhes. Desempenhou ainda importante papel na sangrenta repressão à Comuna de Paris declarada em 28 de março de 1871. Comuna de Paris: Autogestão, Democracia Direta e Federalismo Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares Há 140 anos, no mês de março, pela primeira vez na história os trabalhadores puderam ter a experiência, por um curto período de tempo, de se organizarem pela autogestão e pelo federalismo. Acontecia na França o que ficou conhecido como A Comuna de Paris. Na época, a França estava em guerra com a Prússia (que originou o que hoje é a Alemanha), a qual havia se industrializado e se organizado territorialmente depois de outros paises da Europa, como a própria França e Inglaterra. No entanto, possuía um exército poderoso e um enorme apetite por expandir seu território e seu poderio econômico. A França, que havia acabado de sair de décadas do império de Napoleão III, se reorganizava como república durante essa guerra (após a prisão do imperador pelos prussianos) e tinha como presidente Thiers. Como estava perdendo a guerra para a Prússia, a burguesia francesa decidiu se entregar de forma vergonhosa, a custo do sacrifício da maioria da população. Nessas horas, o nacionalismo vai por água abaixo frente à ameaça de prejuízo dos negócios. O governo francês decide assinar um acordo de paz em que desarma todo seu exército, com exceção da guarda nacional de Paris. A guarda nacional era composta em sua maioria por operários e a população de Paris, majoritariamente, discordava dos rumos políticos do novo governo em relação à Prússia. No dia 18 de março, o proletariado de Paris eclode em revolta com apoio da guarda nacional, expulsa o governo, destrói os símbolos da opressão e passam a controlar o dia a dia da cidade. Desmontam toda a lógica de administração estatal e passam a governar baseados nos princípios da democracia direta. Cada distrito de Paris elegia um delegado, com mandato revogável e que representava a opinião das pessoas que compunham aquele distrito. Os governos provocaram a guerra, quem mais sofreu foram as camadas oprimidas e depois quiseram acabá-la de uma maneira humilhante, com uma provável precarização da vida dos trabalhadores. O povo procurou dar a sua resposta. Era impossível resolver problemas criados por séculos de sistemas sociais injustos em apenas 40 dias (tempo que durou a Comuna), mas seus feitos foram surpreendentes, como a redução das jornadas de trabalho, o fim da pena de morte, a criação de um comitê para organizar a ocupação das habitações vazias, igualdade entre os sexos, a separação da igreja dos espaços de administração pública e, principalmente, o desmonte do aparato estatal e substituição da antiga administração centralizada por uma organização federada e sobre controle direto da população, este sem dúvida nenhuma um de seus maiores feitos. Infelizmente, a Comuna não durou para realizar alguns de seus projetos como a autogestão da produção, a rotatividade no trabalho e o fim do regime de salário. Vale destacar que a Comuna adotou princípios internacionalistas e contava com a participação ativa de vários estrangeiros, além de uma forte influência da AIT (Associação Internacional dos Trabalhadores), entidade com aspirações socialistas que reunia trabalhadores principalmente da Europa e EUA. Após a fuga de Paris, o governo Francês se instalou em Versalhes e fez um acordo com a Prússia, no qual esta liberou os soldados franceses que tinham sido feito prisioneiros para reprimir a Comuna. 100 mil soldados marcharam sobre Paris, que era defendida por heróicos 15 mil milicianos. A repressão como sempre foi desproporcional. Cerca de 20 mil pessoas foram executadas, fora os mortos em combates. As mortes só cessaram com o medo de uma epidemia na cidade, que estava amontoada de corpos. Quarenta mil foram presas e várias outras foram deportadas. As lições da Comuna e a questão do Estado Apesar de seu fim trágico, a Comuna de Paris nos deixa a certeza de que uma nova lógica de sociedade é possível. Uma sociedade autogerida, sem desigualdade
  • 11. econômica e livre. Feitos impressionantes foram realizados em um período de guerra, imagine o que não poderia ser feito em longo prazo num ambiente mais propício. As ideias postas em prática em Paris foram o que sempre defenderam os setores libertários da AIT. Muitos dos seus membros participaram ativamente do processo de sua construção, mas os socialistas não eram maioria. Ou seja, não eram maioria nem os adeptos das ideias de Marx e nem os coletivistas (adeptos das ideias de Bakunin). Apesar disso, os trabalhadores, de maneira geral, fizeram um programa socialista, sem assim o chamar. As necessidades mais imediatas buscaram soluções em perspectiva libertárias. Em todos os documentos, textos teóricos e intervenções no seio da AIT e outros espaços do movimento operário os coletivistas, que mais tarde viriam a ser conhecidos como anarquistas, defenderam as ideias que foram colocadas em prática na Comuna. Mesmo não sendo a corrente política de maior peso (Bakunin se referia a Jacobinos como os mais numerosos na Comuna), suas ideias foram colocadas em prática. Para transformar as estruturas injustas da sociedade capitalista somente com um movimento que tenha efetivamente a participação dos oprimidos, mas não apenas no combate, na inevitável violência revolucionária, mas na elaboração das estruturas da nova sociedade que virá. É preciso organizar o trabalho e os aspectos gerais que garantam o funcionamento de nossa sociedade. Somente na prática, entre erros e acertos, é que forjaremos o novo homem e assim, juntamente com ele, uma nova sociedade. O Estado é uma estrutura criada para manter as injustiças e o pólo oprimido da sociedade sobre controle da minoria exploradora. Foi assim em todos os sistemas sociais existentes e no capitalismo ele ganha um novo contorno: não apenas organiza o aparato repressor que garante que a exploração continue, mas toma conta da administração da vida em sociedade para que ela permaneça nos rumos que sirvam o interesse da elite. A burguesia se apoderou direta ou indiretamente do Estado, quando em sua revolução destituiu a nobreza. Assim o fez, pois o sistema que passava a consolidar com sua vitória exigia a manutenção da exploração e, portanto, da sociedade dividida em classes. Na luta do pólo explorado para derrotar a burguesia, somos movidos por ideais socialistas e temos como uma das nossas grandes metas a extinção das classes sociais, por isso não podemos usar os mesmos mecanismos que eles. Em um processo de transição para uma sociedade socialista não poderíamos nos apoderar do Estado, pois isso colocaria a perder todas as nossas aspirações. Ao invés do Estado temos que construir uma nova forma de gerir a sociedade e a forma mais adequada nesse caso é pela democracia direta num sistema federativo. Temos plena consciência de que um processo de transição não é algo rápido, e para destruir as estruturas dessa sociedade não será nada fácil. Porém, não podemos usar um dos principais instrumentos da classe dominante para manutenção das injustiças: o Estado. Na AIT existia outra grande corrente política com influência das ideias de Marx e Engels. Os marxistas tinham um grande peso no movimento operário europeu, mas sempre defenderam uma via diferente para construção do socialismo. Em seus materiais anteriores à Comuna de Paris, deixava-se muito claro a necessidade da centralização do processo de transição e a utilização do aparato do Estado para destruir a estrutura da sociedade. Podemos ver isso no texto de maior divulgação de Marx e Engels, que é o Manifesto Comunista, no qual se usa o termo Ditadura do Proletariado para qualificar essa transição. Por sinal, um termo pouco aprofundado por Marx e que só vai ganhar maior importância com Engels e Lênin e as necessidades destes em influenciar o movimento operário alemão e russo, respectivamente. Esse processo seria bem diferente do que ocorreu na Comuna de Paris. O fato é que logo depois da Comuna, Marx escreve um texto elogiando o processo ocorrido em Paris e enaltecendo como um exemplo. Vale destacar que havia um acirrado debate dentro da AIT entre os dois grupos citados, no qual um dos principais temas era justamente a discussão entre centralização e federalismo. O que teria ocorrido? Oportunismo? Mudança de ideia? Vale destacar que em texto da época Marx e Engels referiam ao Manifesto Comunista como um documento envelhecido e ultrapassado em alguns aspectos. Infelizmente, essa postura não se manteve após a Comuna e o próprio Engels reviu algumas ideias defendida nesse texto de Marx. Além do mais, a postura de ambos e do seu grupo no congresso de 1872 da AIT, em Haia, foi o de expulsar Bakunin entre outras pessoas da AIT, rachando a entidade e indo de encontro à maior parte das seções da AIT (principalmente as latinas). Engels ajudou a fundar uma outra Internacional, mas não uma Internacional de associações de
  • 12. trabalhadores, mas de partidos socialistas que passavam a disputar o parlamento. A fração libertária continuou fiel aos seus princípios, mas infelizmente foi se enfraquecendo. A Comuna de Paris tem que permanecer sempre viva na memória daqueles que lutam por uma nova sociedade. Nossa vitória não está determinada, ela é apenas uma possibilidade. Por mais que a radicalização da democracia direta, com autogestão e federalismo sejam mais trabalhosos, é o caminho que levará ao objetivo almejado. Só podemos fazer isso com a participação direta do povo e não por pessoas iluminadas que centralizariam o processo, supostamente antenadas com o desejo da maioria. Por mais que tenham sido trabalhadores, uma vez dentro do Estado se tornaram burocratas e continuaram fazendo funcionar a máquina feita para garantir o aprisionamento da maioria e a manutenção das injustiças. SOCIALISMO SEM LIBERDADE É OPRESSÃO, LIBERDADE SEM SOCIALISMO É INJUSTIÇA! VIVA A COMUNA DE PARIS! *Coletivo Anarquista Zumbi dos Palmares* Maceió, março de 2011.