O texto descreve as lembranças e saudades de quando criança de ir ao circo, com as primeiras alegrias e emoções que o circo trazia, como os palhaços, acrobatas e animais. O autor reflete que todas as pessoas guardam essas memórias afetivas da infância de ver o circo, seja um circo simples ou luxuoso, e que essas recordações do circo farão sempre parte de nossas vidas.
3. Quem não guarda, lá dentro, no mais profundo da alma,
uma saudade menina da primeira alegria no circo?
4. Quem não se lembra do
primeiro velho palhaço,
roupas coloridas, frouxonas,
cheias de longos babados,
espicha-encolhe, querendo
cair toda hora?
5. Quem não se recorda do
palhaço mais novo
fazendo negaças,
pisca- piscando,
equilibrando como
um joão-bobo,
piruetando em volta de si
mesmo, triste e alegre
ao mesmo tempo?
6. Quem não conserva a visão das moças bonitas,
dos meninos e rapagões bem alimentados, do
forte e grisalho dono do circo,
7. De um domador vestido de preto lamê,
todos a sustentarem com força o
equilíbrio do mundo?
8. Todos nós temos um
universo de lembranças
de um novo ou de um velho
circo,dependendo de onde
nasceu e de onde viveu os
primeiros anos de vida,
em cidade pequena
ou cidade grande.
10. Em nossas lembranças haverá sempre um circo.
Circo pobrezinho de chão de poeira,de lona
furada, sem cores, de leões já velhos, sem
dentes,
11. de bicicletinhas para
equilíbrio, ou então
de uma visão de brilho,
de rico luxo, de
madrepérolas, com
mágicos importantes
a criar mil fantasias de
coelhos e bandeiras.
12. Como eram lindas
as moças vendendo
saúde,os meninos louros
voando em trapézios,
tudo mais que um
sonho acordado!
13. Sempre guardaremos a lírica de boas lembranças,
a saudade gostosa do primeiro encontro com o circo,
jamais desfeita de nossa memória e de nosso coração…
14. Nada há mais delicioso que o primeiro
espetáculo de circo… Nada mais!...
Wanderlino Arruda