SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 4
Descargar para leer sin conexión
História 27

                                         O Gigante Egoísta

Ciclo Primário
                                          Autor: Oscar Wilde
                                          Tema: Egoísmo

                                          Pelo Departamento de Evangelização da UMEA.

                                          Era uma vez um gigante que morava num castelo muito
                                          bonito. Apesar de lá ser a sua casa, havia já sete anos que
                                          estava ausente. Fora visitar um seu amigo. Como o
                                          castelo estivesse abandonado durante esses sete anos,
                                          todas as crianças daquela cidade brincavam em seu
                                          jardim. Lá, eram felizes. Brincavam despreocupadas e só
                                          interrompiam os seus folguedos para ouvir os pássaros.

Como somos felizes : Costumavam exclamar.




Mas certo dia, o gigante voltou:

Que fazem aqui ? Perguntou às crianças. Este jardim é
meu e somente eu posso brincar nele.

As crianças assustadas, correram para suas casas. E,
desde asse dia então, o gigante passou a ser conhecido
como gigante egoísta. Após a meninada Ter ido embora, o
gigante cercou todo o seu terreno com um muro altíssimo,
e colocou uma tabuleta com o seguinte aviso: "È
PROIBIDA A ENTRADA"

A partir deste dia, as crianças ficaram sem Ter onde brincar. Tentaram distrair-se na estrada, mas esta
era poeirenta e cheia de pedras. Costumavam passear depois das aulas, ao redor da muralha,
lembrando-se dos dias em que brincavam no jardim do castelo. Como eram felizes! Diziam-se umas
às outras.

                                          O tempo passou. Ao chegar a primavera, toda a cidade
                                          ficou florida e cheia de pássaros. Só no jardim do gigante
                                          egoísta o inverno continuou. Os pássaros não queriam
                                          pousar nas árvores parque lá não estavam as crianças. E,

                                            Pelo mesmo motivo, as
                                            árvores não floriram.
                                            Certo dia uma bela flor
                                            surgiu da relva, mas, ao
                                            ver a tabuleta ficou com
                                            tanta pena das crianças
                                            que se recolheu de novo e
adormeceu. Os únicos que brincavam no jardim do gigante eram a
neve e a geada: A primavera esqueceu-se deste jardim dissera
Ficaremos nele todo o ano. A neve cobria a relva com seu manto
branco, enquanto a geada balançava as árvores. As duas então,
convidaram, o vento Nordeste a ir brincar com elas no jardim do
gigante egoísta, e ele foi. Todos os dias, uivava, sem cessar, pelo
jardim; derrubando as chaminés; quebrando os galhos das árvores,


                                                                                                       1
sempre forte e furioso. Que recanto delicioso! Exclamou o vento Nordeste.
                          Precisamos convidar o granizo a passar uns tempos aqui.

                           E o granizo aceitou o convite. Todos os dias, durante umas três horas, caía
                           forte sobre o telhado do castelo. Chegou, mesmo, a quebrar-lhe grande
                           parte das telhas. Vestia de cinzento toda a paisagem, e seu bafo era de
gelo. Não compreendo porque a primavera esta demorando tanto a chegar, pensava o gigante
egoísta, olhando, pela janela de seu quarto, o jardim gelado e branco. Espero que o tempo mude
logo. Mas a Primavera não veio, nem o Verão. O Outono trouxe frutos a todos ao jardins, menos ao
do gigante. Ele é muito egoísta disse o Outono ao
granizo. Não merece o seu jardim cheio de flores e
frutos. E o inverno continuou lá, com o vento Nordeste,                                             o
Granizo, a Geada e a neve a bailarem entre as árvores.
Certa manhã, três anos depois de ter expulsado as
crianças de seu jardim, estava o gigante acordado em
sua cama, quando ouviu uma música muito suave. Ela
era tão doce, que lhe pareceu ser dos músicos do Rei.

Na verdade, amigos, era apenas um pintarroxo que
cantava perto da janela de seu quarto. Como há muito
tempo não ouvia o gorjeio de um pássaro, pensou que
fosse os músicos do Rei. Então levado pela curiosidade,
                                         chegou até a janela e viu, maravilhado, que não mais
                                         existiam a Geada, o Vento Nordeste, o Granizo e a Neve.
                                         Em todo o seu jardim, haviam flores e pássaros: Que bom!
                                         Exclamou satisfeito. A primavera chegou, finalmente! E,
                                         olhando mais uma vez, percebeu que seu jardim estava
                                         repleto de crianças. Ah, agora compreendo pensou ele,
                                         comovido. São as crianças que fazem as flores surgirem e
                                         os pássaros cantarem! Sim, o gigante que era egoísta,
                                         percebeu finalmente, que o que faltava em seu jardim,
                                         eram as crianças. Mas, quando admirou pela terceira vez o
                                         seu jardim, viu que a um canto, o inverno, o inverno
                                         continuava.

Era o canto mais afastado do jardim e onde se achava um menino. Este era tão pequeno, que não
conseguia subir numa árvore; e por isso, o inverno perdurava naquele lugar. A árvore, coitada, ainda
coberta de neve, tinha o vento Nordeste soprando sobre sua revolta cabeleira de galhos secos. Sobe
pequenino, pedia ela, encurvar os seus galhos. Mas o menino era pequeno demais e não a
alcançava E, quanto mais o gigante o olhava, mais lhe doía o coração: Então, desceu as escadas,
abriu a porta da frente e saiu. Ao verem-no, porém, as crianças fugiram, amedrontadas. E o inverno
invadiu de novo, o jardim. Só o pequenino não fugiu.
Estava com os olhos tão cheios de lágrimas que nem
percebeu a chegada do gigante. Este aproximou-se, e
com cuidado, botou o menino na árvore, e esta
recebendo logo as flores. Vieram logo os pássaros e
cantaram em seus galhos.

E, o menino ficou agradecido ao gigante. As outras
crianças, ao verem que o gigante já não era mau,
voltaram a correr pelo jardim do castelo. E a primavera
ressurgiu. Este jardim é de vocês. Podem brincar nele
quanto quiserem, disse o gigante a petizada.




                                                                                                      2
Então apanhou um martelo e derrubou o muro. Arrancou a tabuleta do portão e foi brincar com a
meninada. As pessoas que por ali passavam, ao verem o Gigante, brincando com as crianças,
ficavam enternecidas e contentes Não há mais problemas com o Gigante Egoísta, falavam entre si. E
o                                        tempo parecia correr. Quando chegou a tarde e as
                                         crianças começaram a ir embora, o Gigante perguntou:
                                         Onde esta aquele menino que eu botei na árvore? Não
                                         sabemos. Talvez tenha ido embora responderam.

                                           Não deixem de dizer-lhe que venha, amanhã sem falta.

                                           Mas não sabemos onde ele mora. Nunca o vimos por
                                           aqui! E o Gigante ficou triste.

                                           Todas as tardes, ao saírem da escola, as crianças iam
                                           brincar com o Gigante. Mas o menino de quem ele tanto
                                           gostava nunca mais apareceu. Ele era bom para a
meninada, mas sentia muita falta do seu primeiro amigo pequenino. Gostava tanto dele. Como eu
gostaria de tornar a vê-lo.

E os anos passaram. O gigante foi ficando cada vez mais velho e cansado. Já não podia brincar; por
isso, costumava sentar-se numa enorme cadeira e assistir às crianças brincarem. As vezes, quando
seus amigos iam embora, ficava admirando seu formoso jardim.

Tenho muitas flores bonitas, pensava ele, mas as crianças são as flores mais lindas que eu possuo.
Certa manhã de inverno, enquanto se vestia;
pensou: Já não odeio o Inverno, pois sei que ele é
apenas o sono da Primavera e o tempo em que as
flores dormem.

De repente, avistou alguém. Espantado, esfregou os
olhos e... é ele! Ele voltou! Exclamou o Gigante...

Sim amigos. No canto mais afastado do jardim, havia                                            uma
árvore toda coberta de flores. De seus ramos, todos                                            de
ouro, pendiam frutos de prata e, a sua sombra, estava                                          o
pequenino de que tanto o Gigante gostava.

Muito alegre, o Gigante desceu para o jardim. Bem devagar , pois já estava velho demais.
Atravessou a relva e aproximou-se da criança. Mas, ao chegar perto, enrubesceu de raiva e
perguntou.

Quem feriu você? Nas mãos do menino havia duas feridas, como se houvesse sido atravessadas por
pregos, e o mesmo acontecia em seus pés.

                                         Quem ousou ferir você? Tornou a perguntar. Diga-me
                                         quem foi que eu o castigarei por isso.

                                         Nunca! Respondeu o pequenino. Estas são as chagas do
                                         AMOR.

                                         Quem é você? Qual é o seu nome? Perguntou o Gigante
                                         assustado.

                                         O menino sorriu para ele e disse:

Certa vez você me deixou brincar em seu jardim. Hoje sou eu quem vai levá-lo para BRINCAR EM
MEU JARDIM.



                                                                                                     3
4

Más contenido relacionado

Destacado

O gigante egoista_historia
O gigante egoista_historiaO gigante egoista_historia
O gigante egoista_historiabibliotecap
 
16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)
16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)
16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)Ana Cristina Freitas
 
Avalia 3 alfa_lp
Avalia 3 alfa_lpAvalia 3 alfa_lp
Avalia 3 alfa_lpflufy
 
Avalia global alfa_lp
Avalia global alfa_lpAvalia global alfa_lp
Avalia global alfa_lpflufy
 
O dia em que um monstro veio à escola
O dia em que um monstro veio à escolaO dia em que um monstro veio à escola
O dia em que um monstro veio à escolaMafalda Souto
 

Destacado (7)

O gigante egoista_historia
O gigante egoista_historiaO gigante egoista_historia
O gigante egoista_historia
 
16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)
16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)
16752468 Espiritismo Infantil Historia 07(2)
 
Avalia 3 alfa_lp
Avalia 3 alfa_lpAvalia 3 alfa_lp
Avalia 3 alfa_lp
 
Avalia global alfa_lp
Avalia global alfa_lpAvalia global alfa_lp
Avalia global alfa_lp
 
Os animais
Os animaisOs animais
Os animais
 
Um amor de família
Um amor de famíliaUm amor de família
Um amor de família
 
O dia em que um monstro veio à escola
O dia em que um monstro veio à escolaO dia em que um monstro veio à escola
O dia em que um monstro veio à escola
 

Similar a 16874590 Espiritismo Infantil Historia 27

pptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdf
pptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdfpptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdf
pptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdfSimoQuaresma
 
Fic.av.trimestral páscoa2014 b
Fic.av.trimestral páscoa2014 bFic.av.trimestral páscoa2014 b
Fic.av.trimestral páscoa2014 blveiga
 
Livro A Viagem Da Sementinha
Livro A Viagem Da SementinhaLivro A Viagem Da Sementinha
Livro A Viagem Da Sementinhafefybc
 
Pdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da SementinhaPdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da SementinhaRoberta Fontana
 
Pdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da SementinhaPdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da Sementinhajanetemagali
 
Histórias selecionadas do Ateliê
Histórias selecionadas do Ateliê Histórias selecionadas do Ateliê
Histórias selecionadas do Ateliê Cristina Calado
 
Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02
Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02
Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02margaridafonseca63
 
Escrita na Ponta de um Lápis
Escrita na Ponta de um LápisEscrita na Ponta de um Lápis
Escrita na Ponta de um Lápisanabelalmeida
 
Escrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápisEscrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápisanabelalmeida
 
Escrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápisEscrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápisanabelalmeida
 
AMeninaGigante.pdf
AMeninaGigante.pdfAMeninaGigante.pdf
AMeninaGigante.pdfEDP28
 

Similar a 16874590 Espiritismo Infantil Historia 27 (20)

pptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdf
pptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdfpptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdf
pptogiganteegosta-scarwilde-121126161107-phpapp01.pdf
 
O gigante egoista
O gigante egoistaO gigante egoista
O gigante egoista
 
Fic.av.trimestral páscoa2014 b
Fic.av.trimestral páscoa2014 bFic.av.trimestral páscoa2014 b
Fic.av.trimestral páscoa2014 b
 
.
..
.
 
.
..
.
 
.
..
.
 
Livro A Viagem Da Sementinha
Livro A Viagem Da SementinhaLivro A Viagem Da Sementinha
Livro A Viagem Da Sementinha
 
Pdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da SementinhaPdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da Sementinha
 
Pdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da SementinhaPdf Livro A Viagem Da Sementinha
Pdf Livro A Viagem Da Sementinha
 
Histórias selecionadas do Ateliê
Histórias selecionadas do Ateliê Histórias selecionadas do Ateliê
Histórias selecionadas do Ateliê
 
Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02
Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02
Pdflivroaviagemdasementinha 091030111515-phpapp02
 
A Polegarzinha
A PolegarzinhaA Polegarzinha
A Polegarzinha
 
Escrita na Ponta de um Lápis
Escrita na Ponta de um LápisEscrita na Ponta de um Lápis
Escrita na Ponta de um Lápis
 
Escrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápisEscrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápis
 
Escrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápisEscrita na ponta de um lápis
Escrita na ponta de um lápis
 
.
..
.
 
Textos a pares
Textos a paresTextos a pares
Textos a pares
 
História de outono
História de outonoHistória de outono
História de outono
 
AMeninaGigante.pdf
AMeninaGigante.pdfAMeninaGigante.pdf
AMeninaGigante.pdf
 
A menina gigante
A menina giganteA menina gigante
A menina gigante
 

Más de Ana Cristina Freitas (20)

Bingo amor ao proximo
Bingo amor ao proximoBingo amor ao proximo
Bingo amor ao proximo
 
Jesus modelo e guia
Jesus modelo e guiaJesus modelo e guia
Jesus modelo e guia
 
Sugestão de atividades para aulas de evangelização ovelha (1)
Sugestão de atividades para aulas de evangelização ovelha (1)Sugestão de atividades para aulas de evangelização ovelha (1)
Sugestão de atividades para aulas de evangelização ovelha (1)
 
Colônias espirituais nosso lar
Colônias espirituais nosso larColônias espirituais nosso lar
Colônias espirituais nosso lar
 
Médico dos pobres
Médico dos pobresMédico dos pobres
Médico dos pobres
 
Atos administrativo sa
Atos administrativo saAtos administrativo sa
Atos administrativo sa
 
Serviços públicos adm ii
Serviços públicos adm iiServiços públicos adm ii
Serviços públicos adm ii
 
Poder de polícia
Poder de políciaPoder de polícia
Poder de polícia
 
Poderes administrativos parte ii adm i
Poderes administrativos parte ii adm iPoderes administrativos parte ii adm i
Poderes administrativos parte ii adm i
 
Adm i revisao av1.2013
Adm i revisao av1.2013Adm i revisao av1.2013
Adm i revisao av1.2013
 
Revisão av1 (2)
Revisão av1 (2)Revisão av1 (2)
Revisão av1 (2)
 
Seres orgânicos e inorgânicos
Seres orgânicos e inorgânicosSeres orgânicos e inorgânicos
Seres orgânicos e inorgânicos
 
Formacao dos seres_vivos
Formacao dos seres_vivosFormacao dos seres_vivos
Formacao dos seres_vivos
 
Seres orgânicos e inorgânicos aula grupo - 08 de julho 2012
Seres orgânicos e inorgânicos   aula grupo - 08 de julho 2012Seres orgânicos e inorgânicos   aula grupo - 08 de julho 2012
Seres orgânicos e inorgânicos aula grupo - 08 de julho 2012
 
Paz no lar
Paz no larPaz no lar
Paz no lar
 
Nonô
NonôNonô
Nonô
 
Trabalho
TrabalhoTrabalho
Trabalho
 
A paz nasce no lar
A paz nasce no larA paz nasce no lar
A paz nasce no lar
 
Manual le1-arquivo1
Manual le1-arquivo1Manual le1-arquivo1
Manual le1-arquivo1
 
Manual le1-arquivo1
Manual le1-arquivo1Manual le1-arquivo1
Manual le1-arquivo1
 

16874590 Espiritismo Infantil Historia 27

  • 1. História 27 O Gigante Egoísta Ciclo Primário Autor: Oscar Wilde Tema: Egoísmo Pelo Departamento de Evangelização da UMEA. Era uma vez um gigante que morava num castelo muito bonito. Apesar de lá ser a sua casa, havia já sete anos que estava ausente. Fora visitar um seu amigo. Como o castelo estivesse abandonado durante esses sete anos, todas as crianças daquela cidade brincavam em seu jardim. Lá, eram felizes. Brincavam despreocupadas e só interrompiam os seus folguedos para ouvir os pássaros. Como somos felizes : Costumavam exclamar. Mas certo dia, o gigante voltou: Que fazem aqui ? Perguntou às crianças. Este jardim é meu e somente eu posso brincar nele. As crianças assustadas, correram para suas casas. E, desde asse dia então, o gigante passou a ser conhecido como gigante egoísta. Após a meninada Ter ido embora, o gigante cercou todo o seu terreno com um muro altíssimo, e colocou uma tabuleta com o seguinte aviso: "È PROIBIDA A ENTRADA" A partir deste dia, as crianças ficaram sem Ter onde brincar. Tentaram distrair-se na estrada, mas esta era poeirenta e cheia de pedras. Costumavam passear depois das aulas, ao redor da muralha, lembrando-se dos dias em que brincavam no jardim do castelo. Como eram felizes! Diziam-se umas às outras. O tempo passou. Ao chegar a primavera, toda a cidade ficou florida e cheia de pássaros. Só no jardim do gigante egoísta o inverno continuou. Os pássaros não queriam pousar nas árvores parque lá não estavam as crianças. E, Pelo mesmo motivo, as árvores não floriram. Certo dia uma bela flor surgiu da relva, mas, ao ver a tabuleta ficou com tanta pena das crianças que se recolheu de novo e adormeceu. Os únicos que brincavam no jardim do gigante eram a neve e a geada: A primavera esqueceu-se deste jardim dissera Ficaremos nele todo o ano. A neve cobria a relva com seu manto branco, enquanto a geada balançava as árvores. As duas então, convidaram, o vento Nordeste a ir brincar com elas no jardim do gigante egoísta, e ele foi. Todos os dias, uivava, sem cessar, pelo jardim; derrubando as chaminés; quebrando os galhos das árvores, 1
  • 2. sempre forte e furioso. Que recanto delicioso! Exclamou o vento Nordeste. Precisamos convidar o granizo a passar uns tempos aqui. E o granizo aceitou o convite. Todos os dias, durante umas três horas, caía forte sobre o telhado do castelo. Chegou, mesmo, a quebrar-lhe grande parte das telhas. Vestia de cinzento toda a paisagem, e seu bafo era de gelo. Não compreendo porque a primavera esta demorando tanto a chegar, pensava o gigante egoísta, olhando, pela janela de seu quarto, o jardim gelado e branco. Espero que o tempo mude logo. Mas a Primavera não veio, nem o Verão. O Outono trouxe frutos a todos ao jardins, menos ao do gigante. Ele é muito egoísta disse o Outono ao granizo. Não merece o seu jardim cheio de flores e frutos. E o inverno continuou lá, com o vento Nordeste, o Granizo, a Geada e a neve a bailarem entre as árvores. Certa manhã, três anos depois de ter expulsado as crianças de seu jardim, estava o gigante acordado em sua cama, quando ouviu uma música muito suave. Ela era tão doce, que lhe pareceu ser dos músicos do Rei. Na verdade, amigos, era apenas um pintarroxo que cantava perto da janela de seu quarto. Como há muito tempo não ouvia o gorjeio de um pássaro, pensou que fosse os músicos do Rei. Então levado pela curiosidade, chegou até a janela e viu, maravilhado, que não mais existiam a Geada, o Vento Nordeste, o Granizo e a Neve. Em todo o seu jardim, haviam flores e pássaros: Que bom! Exclamou satisfeito. A primavera chegou, finalmente! E, olhando mais uma vez, percebeu que seu jardim estava repleto de crianças. Ah, agora compreendo pensou ele, comovido. São as crianças que fazem as flores surgirem e os pássaros cantarem! Sim, o gigante que era egoísta, percebeu finalmente, que o que faltava em seu jardim, eram as crianças. Mas, quando admirou pela terceira vez o seu jardim, viu que a um canto, o inverno, o inverno continuava. Era o canto mais afastado do jardim e onde se achava um menino. Este era tão pequeno, que não conseguia subir numa árvore; e por isso, o inverno perdurava naquele lugar. A árvore, coitada, ainda coberta de neve, tinha o vento Nordeste soprando sobre sua revolta cabeleira de galhos secos. Sobe pequenino, pedia ela, encurvar os seus galhos. Mas o menino era pequeno demais e não a alcançava E, quanto mais o gigante o olhava, mais lhe doía o coração: Então, desceu as escadas, abriu a porta da frente e saiu. Ao verem-no, porém, as crianças fugiram, amedrontadas. E o inverno invadiu de novo, o jardim. Só o pequenino não fugiu. Estava com os olhos tão cheios de lágrimas que nem percebeu a chegada do gigante. Este aproximou-se, e com cuidado, botou o menino na árvore, e esta recebendo logo as flores. Vieram logo os pássaros e cantaram em seus galhos. E, o menino ficou agradecido ao gigante. As outras crianças, ao verem que o gigante já não era mau, voltaram a correr pelo jardim do castelo. E a primavera ressurgiu. Este jardim é de vocês. Podem brincar nele quanto quiserem, disse o gigante a petizada. 2
  • 3. Então apanhou um martelo e derrubou o muro. Arrancou a tabuleta do portão e foi brincar com a meninada. As pessoas que por ali passavam, ao verem o Gigante, brincando com as crianças, ficavam enternecidas e contentes Não há mais problemas com o Gigante Egoísta, falavam entre si. E o tempo parecia correr. Quando chegou a tarde e as crianças começaram a ir embora, o Gigante perguntou: Onde esta aquele menino que eu botei na árvore? Não sabemos. Talvez tenha ido embora responderam. Não deixem de dizer-lhe que venha, amanhã sem falta. Mas não sabemos onde ele mora. Nunca o vimos por aqui! E o Gigante ficou triste. Todas as tardes, ao saírem da escola, as crianças iam brincar com o Gigante. Mas o menino de quem ele tanto gostava nunca mais apareceu. Ele era bom para a meninada, mas sentia muita falta do seu primeiro amigo pequenino. Gostava tanto dele. Como eu gostaria de tornar a vê-lo. E os anos passaram. O gigante foi ficando cada vez mais velho e cansado. Já não podia brincar; por isso, costumava sentar-se numa enorme cadeira e assistir às crianças brincarem. As vezes, quando seus amigos iam embora, ficava admirando seu formoso jardim. Tenho muitas flores bonitas, pensava ele, mas as crianças são as flores mais lindas que eu possuo. Certa manhã de inverno, enquanto se vestia; pensou: Já não odeio o Inverno, pois sei que ele é apenas o sono da Primavera e o tempo em que as flores dormem. De repente, avistou alguém. Espantado, esfregou os olhos e... é ele! Ele voltou! Exclamou o Gigante... Sim amigos. No canto mais afastado do jardim, havia uma árvore toda coberta de flores. De seus ramos, todos de ouro, pendiam frutos de prata e, a sua sombra, estava o pequenino de que tanto o Gigante gostava. Muito alegre, o Gigante desceu para o jardim. Bem devagar , pois já estava velho demais. Atravessou a relva e aproximou-se da criança. Mas, ao chegar perto, enrubesceu de raiva e perguntou. Quem feriu você? Nas mãos do menino havia duas feridas, como se houvesse sido atravessadas por pregos, e o mesmo acontecia em seus pés. Quem ousou ferir você? Tornou a perguntar. Diga-me quem foi que eu o castigarei por isso. Nunca! Respondeu o pequenino. Estas são as chagas do AMOR. Quem é você? Qual é o seu nome? Perguntou o Gigante assustado. O menino sorriu para ele e disse: Certa vez você me deixou brincar em seu jardim. Hoje sou eu quem vai levá-lo para BRINCAR EM MEU JARDIM. 3
  • 4. 4