Prática de interpretação de imagens de satélite no QGIS
Migrações
1. As migrações
As migrações são as deslocações de pessoas do seu lugar de origem para um outro
lugar.
As migrações têm origem sobretudo nas regiões de elevado crescimento demográfico
e dirigem-se para as regiões onde a pressão populacional é mais reduzida. A taxa de
crescimento natural está a reduzir nos países desenvolvidos. Pelo contrário, nos países
em desenvolvimento, o crescimento natural é ainda elevado e a proporção de jovens é
significativa, enquanto o desemprego e o subemprego são crónicos. O desequilíbrio
demográfico e económico está então na base dos fluxos migratórios dominantes, que
se observam no sentido Sul- Norte.
O progresso dos meios de transporte e comunicação contribui não só para melhorara
as acessibilidades e reduzir os custos das deslocações como também, no que diz
respeito às populações pobres do sul, o contacto com os modelos de vida dos países
desenvolvidos, reforçando as migrações de caráter económico que estão na base da
maioria dos fluxos migratórios.
As migrações podem ser classificadas em diferentes tipos:
Quanto à forma podem ser:
Voluntárias – quando a decisão da deslocação é feita por vontade própria
Forçadas – quando as pessoas são obrigadas a sair da sua área de residência
Quanto ao controlo podem ser:
Legais – quando são realizadas com o conhecimento e autorização das
entidades administrativas do pais de destino
Clandestinas – quando as pessoas entram e ficam num determinado país sem
efetuarem os registos legais
Quanto ao tempo de duração podem ser:
Temporárias – quando as pessoas se deslocampor um determinado período de
tempo
Definitivas – quando as pessoas se deslocampor tempo indeterminado
Diárias – também chamadas de movimentos pendulares, traduzem um
movimento diário que se faz de casa para o trabalho/escola e do
trabalho/escola para casa.
2. Quanto ao espaço em que se realizam podem ser:
Internas – quando a deslocação se efetua de uma região para outra dentro do
mesmo país. O êxodo rural e o êxodo urbano são exemplos deste tipo de
migração.
Externas ou internacionais – movimentos que implicam a saída de pessoas do
seu país para outro. Assumem duas formas: a emigração e a imigração. Estas
migrações podem ser intracontinentais (entre países do mesmo continente) ou
intercontinentais (entre países de continentes diferentes).
Emigração: saída de população do seu país para outro, para aí residir.
Imigração: entrada de população de um país estrangeiro para aí residir.
CAUSAS DAS MIGRAÇÕES
São várias as causas que levam as pessoas a deslocarem-se:
- Causas económicas: a diferença de desenvolvimento socioeconómico entre regiões
gera fluxos migratórios. Quase sempre, os baixos salários e o desemprego levam as
pessoas a migrar à procura de melhores condições de vida. As causas económicas são
as que originam as deslocações mais importantes da população no mundo. É o caso
das deslocações dos países pobres para os países ricos.
- Causas socioculturais: o motivo da deslocação é a valorização pessoal, formação e
enriquecimento de conhecimentos. Por exemplo, a mobilidade de estudantes para
realizarem os estudos superiores em universidades estrangeiras.
- Causas turísticas: as pessoas deslocam-se temporariamente (por um período
consecutivo inferior a um ano) por motivos de lazer, de religião, de saúde. Por
exemplo, férias de Verão, Natal…
- Causas bélicas: os conflitos bélicos e a existência de regimes políticos ditatoriais
obrigam muitas pessoas a deslocarem-se, dando origem a um grande número de
refugiados (indivíduos a quem foi dado asilo e que foram obrigados a migrar por
motivos de perseguição política, religiosa, militar ou guerra) e de deslocados.
- Causas políticas, étnicas e religiosas: estas migrações devem-se a perseguições:
políticas, pelo facto de as pessoas não concordarem com as políticas governamentais;
étnicas, quando as pessoas são alvo de xenofobia; religiosas, pelo facto de as pessoas
professarem uma determinada religião.
- Causas naturais: são as migrações que têm origem em fenómenos naturais. Por
exemplo, as inundações ou erupções vulcânicas.
3. Destacam-se também outros tipos de causas:
- Deterioração da vida rural: em resultado da redução dos rendimentos agrícolas e do
rápido crescimento demográfico, que aumenta a pressão sobre os recursos – solo,
água, florestas, combustíveis. Estas pressões podem ser intensificadas pela agricultura
de grande escala, caracterizada por uma intensa utilização dos recursos, pela perda
dos direitos tradicionais às terras comunitárias e por outras políticas que reduzem a
necessidade de mão-de-obra e a possibilidade de autonomia.
-reduzidos obstáculos à migração: os obstáculos físicos, tais como a distância a
acessibilidade, foram melhorados, e os obstáculos sociais firam atenuados pelas redes
de amigos ou parentes que proporcionam um contexto familiar, encorajamento e
apoio aos futuros migrantes – no primeiro caso as redes mundiais de comunicações e
transportes facultaram às pessoas as informações de que necessitavam para se
deslocarem de um local para outro e proporcionam as condições necessárias para
atravessarem o mundo de um modo muito mais fácil e barato; no segundo caso, o
crescimento das redes sociais mundiais e das diásporas tornam mais fácil a mudança
das pessoas para outro país a sua adaptação a uma nova sociedade.
- os períodos de prosperidade económica: que são sobretudo importantes nas
migrações internacionais, já que em numerosos países industrializados os anos de
crescimento económico se têm traduzido num aumento da necessidade de mão-de-
obra e, consequentemente, no recursos aos trabalhadores imigrantes.
Fuga de cérebros
De acordo com a ONU, três quartos dos 185 milhões de desempregados vivem nos
países do sul. A escolarização é insuficiente e à maior parte dos trabalhadores falta
qualificação. O acesso ao trabalho é particularmente difícil para as mulheres, devido à
discriminação de que são vítimas no sistema de ensino e às tradições que bloqueiam a
sua vontade de emancipação.
Por falta de meios financeiros e às vezes de vontade política, o orçamento consagrado
à educação é demasiado reduzido. Poucos são os estudantes que prosseguem os
estudos superiores. A falta de oportunidades de emprego e a inércia do sistema
económico levam muitos estudantes e recém-diplomados a emigrarem para os países
do Norte, onde são tentados a prosseguir os estudos e a carreira. Este movimento no
sentido Sul- Norte, designado habitualmente como fuga de cérebros, provoca um
défice no número de quadros técnicos e superiores, que seriam necessários ao
desenvolvimento dos países do sul.
Também entre países desenvolvidos se verificam migrações consideráveis de
trabalhadores com elevadas qualificações, devido aos desiguais níveis de
desenvolvimento verificados.