O documento discute conceitos fundamentais para o ensino de história, incluindo: 1) A diferença entre educação bancária e construção da autonomia intelectual; 2) Os conceitos de história, processo histórico, tempo e sujeito histórico; 3) A noção de cultura; 4) A historicidade dos conceitos. O documento defende que a exposição cronológica de eventos não é suficiente para que os alunos compreendam criticamente o mundo, e que é necessário desenvolver a autonomia intelectual dos estudantes.
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
Conceitos básicos do ensino de história
1. Ensino de História:
Conteúdos e conceitos
básicos
(APRESENTAÇÃO BASEADA EM CELSO VASCONCELLOS, HOLIEN
GONÇALVES BEZERRA E NOS PARÂMETROS CURRICULARES
NACIONAIS. ANDRÉ AUGUSTO DA FONSECA, 2015.
2. Conteúdos são meios ou fins?
A escola ensina TODO o conhecimento socialmente
construído pela humanidade?
Exposição cronológica dos eventos históricos consagrados
leva os alunos a compreenderem criticamente o mundo
onde vivem, a compreender como se produz o
conhecimento histórico, a “exercer a cidadania, progredir no
trabalho e prosseguir nos estudos posteriores”?
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3. AUTONOMIA INTELECTUAL x EDUCAÇÃO
BANCÁRIA
Alguns livros didáticos mantém a exposição linear e cronológica, mas intercalada por atividades
chamadas de “estratégias”, que ajudam o aluno a compreender como se constrói o
conhecimento histórico, problemáticas comuns ao presente e ao passado estudado e a assumir
atitudes cidadãs.
ENSINO ALIENADO (EDUCAÇÃO BANCÁRIA) CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA (criticidade)
“fixação de conteúdos”
Memorização de informações – privilegia a
quantidade de conteúdos expostos a alunos
passivos
Incapacidade de selecionar informações (falsos
“seminários” sem pesquisa nem aprendizagem)
Descontextualização
Conteúdos sem conexão entre si ou com os
problemas vividos pelos alunos
Avaliação punitiva, classificatória
Desenvolvimento de competências e
habilidades (comparação, seleção das
informações, crítica externa e interna das
fontes, compreensão do contexto de sua
produção) e atitudes – ver PCNs
Privilegia a atividade do aluno, orientado pelo
professor
Problematização permanente da realidade e do
conhecimento
Avaliação processual, tanto do ensino quanto da
aprendizagem
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4. 1. Conceito de HISTÓRIA
Refletir sobre si, sobre seu grupo social e sobre a sociedade.
Problematizar a realidade, criar questões/perguntas de pesquisa
Delimitar objeto da pesquisa
Examinar o estado da questão
Formular hipóteses (proposta de explicação)
Selecionar as informações, organizar e criticar diferentes tipos de fontes (documentos, imagens,
músicas, relatos de viajantes, diários etc.)
Perceber os SUJEITOS HISTÓRICOS envolvidos
Verificar as hipóteses
Organizar a exposição e redigir o texto com as conclusões
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5. 2. Conceito de PROCESSO HISTÓRICO
“Para além da descrição factual e linear, a História busca explicar tanto as uniformidades e as
regularidades das formações sociais quanto as rupturas e diferenças que se constituem no
embate das ações humanas” (BEZERRA, p. 43).
“O processo histórico constitui-se dessas práticas [humanas], ordenadas e estruturadas de
maneiras racionais. São os problemas colocados constantemente na indeterminação do social
que fazem com que os homens se definam pelos caminhos possíveis e desenhem os
acontecimentos que passam a ser registrados” (p. 43).
A enunciação de um processo histórico, porém, “resulta de uma construção cognitiva dos
estudiosos.”
Acontecimentos “tem sua importância como ponto referencial das relações sociais [...]; no
entanto, o sentido pleno dos acontecimentos” só pode ser compreendido quando inseridos em
processos históricos mais amplos.
NÃO ADIANTA FAZER LISTAS DE ACONTECIMENTOS DESCONEXOS.
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6. 3. Conceito de TEMPO
“O tempo representa um conjunto complexo de vivências humanas” (BEZERRA, p. 44).
Por isso temos de relativizar as periodizações propostas (diferentes periodizações são frutos de
distintas metodologias e/ou ideologias ou visões de mundo).
Por isso temos que mostrar as relações entre CONTINUIDADE e RUPTURA, entre
PERMANÊNCIAS e TRANSFORMAÇÕES, entre SUCESSÃO E SIMULTANEIDADE etc.
Por isso temos de estar atentos aos diferentes ritmos do tempo histórico.
Isso ajudará a evitar o pecado capital do ANACRONISMO (“atribuir a determinadas sociedades
do passado nossos próprios sentimentos ou razões, e assim interpretar suas ações; ou aplicar
critérios e conceitos que foram elaborados para uma determinada época, em circunstâncias
específicas, para outras épocas com características diferentes” – p. 45).
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7. 4 . Conceito de SUJEITO HISTÓRICO
H. G. BEZERRA: qual é o lugar do indivíduo na trama da História?
PCN: “os sujeitos históricos são indivíduos, grupos ou classes sociais participantes de
acontecimentos de repercussão coletiva e/ou imersos em situações cotidianas na luta por
transformações ou permanências.”
H. G. BEZERRA: “a trama da história não é o resultado apenas da ação de figuras de destaque,
consagradas pelos interesses explicativos de grupos, mas sim a construção
consciente/inconsciente, paulatina e imperceptível de todos os agentes sociais, individuais ou
coletivos” (p. 45).
Assim, a História é resultado das ações, interações, contradições, êxitos e fracassos parciais de
sujeitos históricos e seus projetos, E NÃO da pura vontade de instituições como o Estado, os
países, a Escola etc., NEM do jogo de conceitos como sistemas, capitalismo, socialismo etc.
“a trama histórica não se localiza nas ações individuais, mas no embate das relações sociais no
tempo” (p. 46).
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8. 5. Conceito de CULTURA
A ideia de sujeito histórico exige pensar tanto as possibilidades de escolha
individual quanto as determinações que ele sofre (econômicas, culturais etc.).
“Cultura não é apenas o conjunto de manifestações artísticas [vejam as
“Secretarias de Cultura” ou “Projetos/ Atividades Culturais”]. Envolve as formas
de organização do trabalho, da casa, da família, do cotidiano das pessoas, dos
ritos, das religiões, das festas etc.”
Culturas também são históricas, ou seja, não estão paradas no tempo mas
transformam-se o tempo todo.
Culturas estão em permanente interação umas com as outras.
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9. 6. Historicidade dos conceitos
Que é historicidade? O que seria uma ideia a-histórica de família, escola, democracia, trabalho,
capitalismo?
Não compreender a historicidade das coisas leva ao ANACRONISMO.
“Conceitos criados para explicar certas realidades históricas tem seu significado voltado para essas
realidades, não sendo possível emprega-los indistintamente para toda e qualquer situação
semelhante”. Exemplos: feudalismo, ditadura, fascismo.
No entanto, quando o conceito é um super-conceito, oferecendo uma compreensão geral, aplicável a
realidades histórico-sociais semelhantes, pode ser chamado de CATEGORIA. P. ex.:
◦ Categoria TRABALHO
◦ Categoria HOMEM
◦ Categoria REVOLUÇÃO
◦ Categoria CONTINENTE
CONCEITOS não podem ser utilizados como MODELOS [sujeitando a si os dados empíricos], mas
facilitam o processo de conhecer como INDICADORES de expectativas analíticas.
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10. Conclusão: quais são os fins e quais são os
meios do ensino-aprendizagem em História?
Estes são os objetivos dos PCNs para os 4 anos finais do ensino fundamental:
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