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DIMENSIONAMENTO DE SALA DE CULTIVO PARA PESQUISA,
    DESENVOLVIMENTO E PREPARO DE INÓCULO DE MICROALGAS
       USADAS EM FOTOBIORREATORES PARA PRODUÇÃO DE
                         BIODIESEL
Diego Carias de Sousa1, Erick Lastra2, Emerson Dilay3, Keli Cristiane Correia Morais4, José Viriato Coelho
Vargas5, Raevon Pulliam6, André Bellin Mariano7
1
    Graduando de Engenharia Mecânica, Universidade Positivo, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – – diegocarias@gmail.com
2
    Graduando de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Paraná, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – ericklastra@gmail.com
3
    Engenheiro Mecânico, M.Sc., Doutorando PIPE, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – emerson197212@hotmail.com
4
    Bióloga, Mestranda do PIPE, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – biokeli2000@gmail.com
5
    Engenheiro Mecânico, Ph.D., Departamento de Engenharia Mecânica, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – jvargas@demec.ufpr
6
    Engenheira Mecânica, M.Sc., Doutoranda PIPE, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – raevonpulliam@gmail.com
7
    Farmacêutico Bioquímico–Industrial, D.Sc., NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – andrebmariano@gmail.com




                                                            RESUMO

Ao buscar novas fontes de matéria-prima para produção de biodiesel, as microalgas aparecem como uma
alternativa promissora devido ao seu potencial de crescimento e teor de óleo elevado. Entretanto, trabalhar com
microalgas exige muitos cuidados, em especial, com a sala de cultivo. Este ambiente deve ser projetado e
construído, respeitando-se cinco necessidades fundamentais: 1) Manutenção das cepas utilizadas nas pesquisas;
2) Pesquisa e desenvolvimento de meios de cultivo com foco no aumento da produtividade de biomassa e óleo e
concomitante diminuição dos custos de produção; 3) Preparo dos inóculos para crescimento em fotobiorreatores;
4) Controle de Temperatura; e 5) Controle da Iluminação. Levando isso em consideração, o Núcleo de Pesquisa
e Desenvolvimento de Energia Auto-Sustentável (NPDEAS) da UFPR desenvolveu um projeto de sala de cultivo
de microalgas multiproposta que fornece as condições fundamentais para este tipo de pesquisa. Além disso, este
projeto fornece a possibilidade de avaliação de protótipos de fotobiorreatores em um ambiente controlado. O
projeto aqui apresentado está em fase de implantação no NPDEAS contemplando: sistema de iluminação com
possibilidade de uso de fotoperíodo, aeração com controle de vazão com compressor de ar reserva e sistema de
controle de temperatura em função da carga térmica calculada.

Palavras–chave: sala de cultivo, microalgas, produção de inoculo, fotobiorreator, biomassa, biodiesel

                                                           ABSTRACT

Sizing of room for research in the cultivation of microalgae and preparation of inoculum of microalgae in
photobioreactors for production of biodiesel. In seeking new sources of feedstock for biodiesel production,
microalgae appear as a promising alternative due to their potential for growth and high oil content. However,
working with microalgae requires great care, especially with the cultivation room. This environment should be
designed and built focusing on the five basic needs: 1) Maintenance of the strains used in research, 2) Research
and development of culture media with focus on increasing the productivity of biomass and oil and simultaneous
decrease in production costs 3) Preparation of inoculum for growth in photobioreactors, 4) Temperature Control,
and 5) Lighting Control. Taking this into account, the Center for Research and Development of Self-Sustainable
Energy (NPDEAS) UFPR developed a project for a multipurpose microalgae cultivation room that provides the
basic conditions for working with microalgae. Additionally, this project provides the capability to evaluate
prototypes of photobioreactors in a controlled environment. The project presented here is being implemented at
NPDEAS and contains: lighting system with the capability of using photoperiod, aeration flow control with air
compressor and reservation system for temperature control depending on thermal load calculated.

Keywords: room culture, microalgae, inoculum production, photobioreactor, biomass, biodiesel

INTRODUÇÃO

          Comparando a produtividade anual de várias oleaginosas com a capacidade de crescimento das
microalgas, baixo uso de terras e conteúdo lipídico, fica evidente o seu potencial para uso como matéria prima
para produção de biodiesel (SATYANARAYANA et al., 2010). Entretanto, muitas pesquisas precisam ser
realizadas para transformar esse potencial em realidade. Muitas microalgas que apresentam, em determinadas
condições de cultivo, alto crescimento de biomassa apresentam baixo teor de lipídeos. Em outras situações em
que se observam grande acúmulo de lipídeos, as microalgas apresentam baixa produtividade de biomassa.
           O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Auto-Sustentável da Universidade Federal do
Paraná desenvolveu um Fotobiorreator (FBR) Tubular Compacto para cultivo de microalgas com objetivo de
produção de biomassa e óleo a ser utilizado na produção de biodiesel. O meio de cultivo utilizado no FBR para
cultivo de microalga deve fornecer as condições para rápido crescimento e maior conteúdo lipídico possível.
Desta forma, faz-se necessário a construção de uma sala de cultivo de microalgas que proporcione as condições
fundamentais este tipo de atividade.

Aspectos importantes das salas de cultivo de microalgas

           Devido à grande importância de manutenção das condições do ambiente de cultivo, nosso grupo tem
desenvolvido trabalhos de simulação numérica envolvendo parâmetros com base na literatura. Ribeiro e
colaboradores 2009 realizaram simulações usando os parâmetros iluminação e temperatura bem como o fator
fotoinibição, fenômeno que provoca um decréscimo na produtividade devido a condições extremas destas
variáveis, com base nos dados da literatura, para investigar a produtividade máxima nos cultivos da microalga
Phaeodactylum tricornutum. Futuramente com a implementação da sala de cultivo para preparação de inóculo
destinado ao fotobioreator, serão possíveis utilizar os próprios dados experimentais nas simulações numéricas.
           O projeto de uma sala de cultivo de microalgas deve levar em consideração alguns aspectos
importantes: 1) manutenção das cepas utilizadas nas pesquisas, 2) pesquisa e desenvolvimento de meios de
cultivo com foco no aumento da produtividade de biomassa e óleo e concomitante diminuição dos custos de
produção, 3) preparo dos inóculos para crescimento em fotobiorreatores, 4) controle de temperatura, 5) controle
da iluminação, e 6) compressor de ar com sistema de reserva.

Manutenção das cepas utilizadas na pesquisa

           Comumente os laboratórios de pesquisa que trabalham com microalgas estudam mais de uma espécie
ao mesmo tempo com o objetivo de selecionar candidatos ao uso em fotobiorreatores ou outras aplicações
biotecnológicas. Consiste de fundamental importância a manutenção destes organismos vivos em condições
ideais de crescimento para que a pesquisa tenha continuidade e reprodutibilidade.

Pesquisa e Desenvolvimento de meios de cultivo com foco no aumento da produtividade de biomassa e óleo

           Um dos aspectos a serem investigados no NPDEAS será o desenvolvimento de meios de cultivo
apropriados para o crescimento de microalgas para produção de biomassa e óleo. O objetivo principal desta etapa
dos estudos é o aprimoramento do meio de cultivo com foco na diminuição dos custos e aumento de
produtividade. Este tipo de estudo deve ser feito de forma fatorial de modo a propiciar o maior número de
resultados com a realização da menor quantidade de experimentos possíveis. Além disso, para se ter
reprodutibilidade e confiabilidade dos resultados, a experimentação deve ser feita em triplicata. No NPDEAS são
utilizados erlenmeyers de 2 L para essa finalidade. Portanto, ao se variar 4 parâmetros de forma aleatória (por
exemplo: concentração de fonte nitrogênio, fosfato, carbono orgânico e CO2), serão necessários a realização de
15 testes, considerando 3 somente para o controle experimental. Desta forma, o armário de cultivo deve possuir
espaço adequado para suportar todos estes erlenmeyers.

Preparo dos inóculos para crescimento em fotobiorreatores

           Outra função importante da sala de cultivo para o desenvolvimento de biodiesel a partir de microalgas
é a produção do inóculo que fornecerá as microalgas em condições adequadas para iniciar no crescimento no
FBR. O inoculo consiste em microalgas produzidas de forma controlada e adaptadas às condições de
crescimento que serão experimentadas. Sem uma sala de cultivo preparada para fornecer as quantidades iniciais
do cultivo em FBR não há condições de se trabalhar com produção de microalgas em larga escala.

Controle da Temperatura

          Microalgas são organismos sensíveis e são adaptadas para crescer em determinadas faixas de
temperatura e sem mudanças abruptas. Desta forma, a sala de cultivo deve apresentar um controle de
temperatura. Para manutenção das cepas é fundamental que a temperatura se mantenha na faixa de 17 – 19 ºC o
que permite um crescimento lento das microalgas sem grandes consumos de nutrientes do meio de cultivo. Desta
forma não é necessário realizar re-inoculações repetidamente.
          A temperatura é um dos fatores que mais afetam a taxa metabólica dos organismos, por isso a
temperatura do ambiente deve ser escolhida em função das necessidades das espécies presentes e da finalidade
dos cultivos. (LOURENÇO, 2006). Para os experimentos de avaliação dos meios de cultivo a manutenção da
temperatura é fundamental para uniformidade dos resultados. A variação da temperatura durante esses
experimentos compromete a interpretação dos resultados e inviabiliza este tipo de estudo.

Controle da Iluminação

           A iluminação segundo Lourenço (2006), é um dos pilares do cultivo de microalgas que requerem
especial atenção. Os melhores resultados com cultivos de microalgas são alcançados com iluminação artificial
fluorescentes. A lâmpada deve ser instalada na prateleira onde o está o frasco com a cultura a fim de fornecer
mais energia do que apenas a luz difusa do ambiente. A maioria dos trabalhos com microalgas não leva em
consideração o fotoperíodo (quantidade de horas de luz e escuro). Como no NPDEAS pretende desenvolver um
FBR para produção de biodiesel de microalgas de forma sustentável, os experimentos devem ser realizados nas
mesmas condições de operação do equipamento exposto ao tempo. Desta maneira, o armário de microalgas deve
conter temporizadores para controle dos períodos de iluminação.
           O fotoperíodo é uma variável que deve ser levada em conta nos experimentos com as microalgas a fim
de reproduzir as condições a qual o fotobiorreator esta sujeito. No período de luz, que depende da altitude e das
estações do ano, a intensidade luminosa é maior que o limiar de compensação fotossintética. Em cultivos
realizados com fotoperíodo de 12 horas de luz para diversas espécies de microalgas houve menor crescimento do
que em cultivos realizados em regime integral de luz (SOARES, 2010; SANTOS, 2009), isto demonstra a forte
influência dos fotoperíodos nos cultivos e aproxima os resultados à realidade.

Compressor de ar com sistema reserva

           Nos cultivos autotróficos a única fonte de carbono disponível para o crescimento das microalgas CO 2
proveniente do ar injetado. O fornecimento de ar deve ocorrer de forma constante e sem interrupções. Desta
forma é fundamental a presença de um sistema de reserva para operar em momentos de emergência.
           Em cultivos densos e/ou em grandes volumes é necessário o emprego de aeração, que ocasiona um
borbulhamento de ar dentro dos fracos de cultivo. A aeração é obtida por meio de compressores de ar instalados
externamente ou no local de cultivo. A aeração lançada no fundo do frasco se dá através de mangueiras de
silicone e/ou pipetas (materias autocláveis), a subida do ar acarreta dissolução de parte do conteúdo do gás no
meio de cultura (LOURENÇO, 2006). Outro papel importante da aeração é a remoção do O 2 produzido pela
fotossíntese que se acumulado no meio de cultivo pode provocar inibição do crescimento ou morte celular.

MATERIAIS E MÉTODOS

Dimensionamento da Sala de Cultivo

           Em uma sala de cultivo onde serão realizados experimentos e existe a preocupação com a
reprodutibilidade dos resultados envolvendo o crescimento das microalgas, consiste de vital importância que
parâmetros como o fluxo de ar e a iluminância sejam similares entre os vários experimentos. Além disso, fatores
como dimensões do espaço físico e dos equipamentos, bem como posicionamento e restrições devem ser
considerados.
           Uma restrição é causada pela presença de paredes construídas com materiais distintos. Diferentes
materiais apresentam diferentes fatores de troca térmica. Além disso, apenas as paredes de concreto são capazes
de suportar maiores cargas, logo, o aparelho utilizado para refrigeração e o cepário (estrutura destinada à
manutenção das cepas) deverão, obrigatoriamente, ser fixados nelas.
           Abaixo, na Tabela 1, encontram-se descritos e quantificados alguns dos principais materiais e
equipamentos requeridos pela sala.

Cálculo da Carga Térmica

         Pode-se definir carga térmica como o calor (sensível ou latente) a ser fornecido ou subtraído ao ar em
uma dada unidade de tempo para que um recinto mantenha-se dentro de condições desejadas. Para se efetuar o
dimensionamento de um sistema de refrigeração, devem-se considerar tanto os ganhos internos (iluminação
artificial, motores, pessoas) quanto externos (infiltração e renovação de ar, calor solar) à instalação em seu
momento de funcionamento mais crítico (IOSHIMOTO E PRADO, 2010).

Tabela 1 – Materiais e Equipamentos Utilizados na Sala para Cultivo de Microalgas
Table 1 – Materials and Equipments used in microalgae cultivation room
                                            Quantidade                                    Quantidade
                Materiais                                           Materiais
                                            (unidades)                                    (unidades)
Erlenmeyer 250 mL                               30        Lâmpada 40 W                         2
Erlenmeyer 2 L                                  54        Lâmpada 30 W                        33
Pipetas de aeração                              54        Lâmpada 15 W                         1
Pedra porosa                                     6        Interruptor 3 teclas                 6
Galões de 20 L                                   6        Temporizador digital                 3
Tubos de ensaio                                 15        Compressor de ar                     1
Mangueiras de silicone (0,5 m)                  51        Filtro Regulador                     1
Reator 2 × 32 W                                 15        Condicionador de ar                  1
Reator 1 × 32 W                                  3        Cepário                              1
Reator 2 × 40 W                                  1        Armários                             3

           O local destinado ao projeto deste trabalho possui área 10 m² (2 m x 5 m) e altura de 2,65 m. Os 3
armários utilizados para comportar os erlenmeyers e os galões de 20 L, somados, apresentam 2,8 m de
comprimento, 0,3 m de largura e 2 m de altura. Cada prateleira possui aproximadamente 0,92 m de comprimento
e 0,35 m de altura.
           A sala não possui janelas, apresenta uma parede de concreto (2 m x 2,65 m), uma segunda mista que
emprega tecnologia dry wall (4,5 m x 2,65 m) e concreto (0,5 x 2,65 m) e duas outras tipo “gabinete” (2 x 2,65
m e 5 x 2,65 m). A única comunicação da sala é efetuada através de uma porta, conforme pode ser notado na
Figura 2, e ligada a um ambiente que apresenta refrigeração. As duas paredes tipo “gabinete” são fronteiras de
ambientes condicionados e o ar utilizado para ventilação é proveniente de um destes ambientes.




                 Figura 1 – Desenho esquemático da sala destinada ao cultivo de microalgas
                 Figure 1 – Schematic drawing of the room for the cultivation of microalgae

           Os cálculos para a determinação da carga térmica foram efetuados através de uma planilha baseada na
norma ABNT NBR 5858 e adaptada a partir de literatura (STOECKER e JONES, 1985 e SILVA, 2004).
Também foram utilizados dados da Munters Brasil para as temperaturas de bulbo úmido e de bulbo seco de
Curitiba para o verão, 23,5 ºC e 30 ºC, respectivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Configuração final dos armários e cepário para cultivo de microalgas

          Na região onde há o encontro entre as paredes de concreto ficará disposto o cepário. Nesta caixa de
paredes recobertas por espelhos será instalada uma lâmpada com potência de 15 W, a fim de oferecer condições
à manutenção das cepas de várias espécies microalgais. As microalgas ficarão mantidas em tubos de ensaios
apoiadas em suportes metálicos do tipo grade normalmente utilizados em laboratório. A Figura 2 representa
graficamente a caixa em que ficarão contidas as cepas com suas respectivas dimensões.
Figura 2 – Dimensões da caixa para cepas
                             Figure 2 – Box dimensions for strains

           Com o objetivo de otimizar o espaço disponível, a Figura 3 mostra a configuração do armário bem
como a disposição dos erlenmeyers para o cultivo das microalgas. As cepas oriundas do tubo de
aproximadamente 40 mL de volume ficam em torno de 7 a 10 dias no cepário até serem repassadas aos
erlenmeyers de 250 mL. No espaço mais estreito, na região superior do armário, ficarão acomodados os
erlenmeyers de 250 mL, sem aeração, após a inoculação do volume total do tubo em 200 mL de meio.
Posteriormente, após 7 dias, este meio será repicado em erlenmeyers de volume de 2 L com 1,5 L de meio de
cultura sob aeração constante. Neste espaço onde ficam os erlenmeyers de 2 L há disponibilidade de preparação
de inóculo e simultaneamente a realização de experimentos já que a cada 6 erlenmeyers, há uma disposição
independente, podendo assim, variar a intensidade da luz, ou ainda realizar experimentos com fotoperíodos.
Finalmente após 10 dias de cultivo, ainda na fase exponencial de crescimento, os meios serão repicados em
galões de 20 L localizados na parte inferior do armário. Nesta região encontram-se 4 lâmpadas fluorescentes a
fim de suprir a necessidade de luz da microalga devido à alta densidade celular. Após o término deste processo
de repicagens o inóculo estará pronto para a inoculação no fotobiorreator.




                    Figura 3 – Configuração dos armários para cultivo de microalgas
                    Figure 3 – Configuration of the cabinets for cultivation of microalgae

Sistemas de aeração e iluminação

           A aeração será efetuada através de um equipamento de ar comprimido que apresenta na linha pressão
de fluido entre 6 e 7 bar. Um regulador de pressão será utilizado para reduzi-la para 1,5 bar. O sistema também
conta com um compressor reserva que apresenta deslocamento teórico de 150 L.min-1. Um desenho esquemático
do sistema de aeração pode ser visto na Figura 4A.




Figura 4 – Armários de Cultivo de Microalgas. (A) Sistema de injeção de ar comprimido. (B) Sistema de
iluminação com temporizador para controle de fotoperíodo.
Figure 4 – Cabinets for microalgae cultivation. (A) System for injection of compressed air. (B) Light system
with timer to control photoperiod.

            Após passar pelo regulador de pressão a tubulação será dividida em duas, visando abastecer as quatro
prateleiras que comportam os erlenmeyers de 2 L e os galões de 20 L. Cada uma destas duas tubulações será um
manifold. Nelas serão conectadas as mangueiras de silicone, com 4 mm de diâmetro interno, responsáveis pela
condução do fluido até as pipetas ou pedras porosas que direcionarão o fluxo de ar para o dentro dos erlenmeyers
e galões, respectivamente.
            Foi projetado um sistema para distribuição de ar utilizando manifold. O manifold será uma tubulação
de PVC com orifícios, apresentando uma área de seção transversal interna muito maior que a soma das áreas das
mangueiras de silicone ligadas a ele para a divisão de ar. A grande vantagem deste sistema será uma vazão de ar
mais homogênea entre todos os erlenmeyers.
            A iluminação se dará através de lâmpadas fluorescentes tubulares com potência de 30 W e fluxo
luminoso de 1900 lm. Serão utilizadas duas lâmpadas por prateleira (Figura 4B), à exceção das prateleiras
inferiores, onde será utilizado um total de doze e na superior, onde estarão concentrados os erlenmeyers de 250
mL (três lâmpadas) As lâmpadas serão dispostas separadas equitativamente do centro de massa dos erlenmeyers
e presas à parede por abraçadeiras específicas.
            Os reatores eletrônicos (1 × 32W e 2 × 32W) também estarão fixados à parede, contudo, situados
acima dos armários. A fiação (2,5 mm²) utilizada na ligação entre eles e as tomadinhas será conduzida através de
eletrodutos antichamas até „caixas de passagem‟ e finalmente aos plugs, que estarão em contato com as
lâmpadas.
            Uma peça será construída para combinar todos os interruptores destinados ao armário e
temporizadores em um único local. Serão utilizados três temporizadores digitais (um para cada armário) e seis
interruptores três teclas (uma tecla para cada prateleira – exceção: prateleiras inferiores, onde serão utilizadas
duas teclas).

Carga Térmica e Sistema de Refrigeração

            Foi elaborada uma planilha para determinação da carga térmica da sala de cultivo de microalgas. A
Tabela 2 contém os elementos mais expressivos em sua contribuição para a carga térmica da sala.
          O valor calculado para a carga térmica da sala em sua situação de trabalho mais crítica situou-se
próximo aos 8750 Btu.h-1, indicando que o aparelho refrigerante escolhido, com capacidade de 12.000 Btu.h-1
estaria suficientemente dimensionado, abrindo possibilidades ainda, caso seja solicitado, de expansão no número
de armários (as 11 lâmpadas necessárias para iluminar um armário oferecem em torno de 1150 Btu.h -1) . Na
situação que apresenta a menor área e pontos semelhantes como a grande quantidade de equipamentos (no
NPDEAS - alto número de lâmpadas em pequeno espaço), a Secretaria Municipal de Gestão Pública (SMGP) de
São Paulo sugere que se utilize um aparelho de ar-condicionado com a capacidade de 12.000 Btu.h-1.
Tabela 2 – Principais fornecedores de calor na sala para cultivo de microalgas
Table 2 – Leading suppliers of heat in the room for cultivation of microalgae
               Condução                              Área                             Capacidade Térmica
                                        (m²)                     (sq.ft)                    (Btu/h)
    Parede (4,5 m × 2,65 m)            11,925                  128,313                       513,3
    Piso                                  10                     107,6                       322,8
    Teto                                  10                     107,6                       322,8
              Equipamentos            Quantidade               Potência               Capacidade Térmica
                                         (un)                     (W)                       (Btu/h)
    Lâmpadas 30 W                         33                       30                       3366,0
    Compressor 1 CV                        1                     735,5                      2500,7
                Pessoas                                     Taxa metabólica           Capacidade Térmica
                                                                (Btu/h)                     (Btu/h)
    Pessoas                               3                       475                       1425,0
                 Outros                                                                      278,4
                                                                              Total         8729,0

Instalação e teste de protótipos de Fotobiorreatores Tubulares

           A área destinada ao teste de protótipos de Fotobiorreatores Tubulares será importante para a avaliação
dos meios de cultivos selecionados nos experimentos realizados em fotobiorreatores simples (erlenmeyers)
acomodados nos armários de cultivos. Na sala de cultivo ela fica localizada a frente dos armários com espaço
suficiente para a instalação dos equipamentos a serem utilizados. O desempenho de produção de biomassa e óleo
das microalgas, avaliado nos protótipos (Figura 5), será determinante na utilização destas condições para
produção de matéria prima de biodiesel em grande escala no FBR tubular compacto de 10 m3 construído pelo
NPDEAS.




Figura 5 – Protótipos do FBR: (A) Projeto em 3D do primeiro protótipo; (B) Visão lateral - pode-se perceber em
detalhe a bomba centrífuga e o reservatório de meio de cultivo; (C) Visão superior – Tubos transparentes e
sistema de refrigeração.
Figure 5 – Photo Bioreactor Prototype: (A) First Prototype 3D Design; (B) Lateral vision – centrifuge pump and
tank in detail; (C) Superior vision – transparent tubes and refrigeration system.

CONCLUSÕES

          As microalgas apresentam-se como grande alternativa para diversificar as matérias-primas utilizadas
para produção de biodiesel no Brasil e no mundo. Entretanto, muitas pesquisas devem ser realizadas para
adequar as condições ideais de cultivo para se atingir a maior produtividade de biomassa e óleo. Através do
projeto e construção de uma sala de cultivo de microalgas multiproposta o NPDEAS apresenta condições
adequadas para a realização de pesquisa e desenvolvimento de meios de cultivo, bem como para produção de
inóculos de qualidade para uso em fotobiorreator tubular e compacto de 10 m3 construído e instalado na UFPR.
AGRADECIMENTOS

          O NPDEAS agradece ao CNPq, PRH24, CAPES e Nilko Metalurgia Ltda. pelo financiamento das
pesquisas e a UFPR pela infraestrutura.

REFERÊNCIAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.:Condicionador de Ar de Uso Doméstico – Especificação
NBR 5858.

IOSHIMOTO, E., PRADO, R. T. A.: Carga térmica; Disponível em: < pcc261.pcc.usp.br > acesso em:
16/06/2010.

LOURENÇO, S. O. Cultivo de microalgas marinhas – princípios e aplicações. São Carlos: RiMa, 2006.

MUNTERS – Munters Brasil: Estudo de Caso:Volvo; Disponível em: < www.munters.com.br > acesso em:
16/06/2010.

RIBEIRO, R. L. L. ; MORAIS, K. C. C. ; MARIANO, A. B. ; SOUZA, J. A. ; MITCHELL, D. A. ; VARGAS, J.
V. C. . Simulação numérica da influência da temperatura e intensidade luminosa na produção de microalgas em
fotobiorreatores demonstrando efeitos de fotoinibição. In: 4º Congresso Internacional de Bioenergia, 2009,
Curitiba. 4º Congresso Internacional de Bioenergia; 1º Congresso Brasileiro de Geração Distribuída e Energias
Renováveis, 2009.

SANTOS, L. B. G.; CALAZANS, N. K. F.; MARINHO, Y. F.; FELIPE, A. P. Influência do fotoperíodo no
crescimento da Chlorella vulgaris (Chlorophyceae) visando produção de biodiesel. Disponível em
http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0358-1.pdf. Acesso em 18/06/10.

SILVA, J. G.: Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização, ArtLiber, 2004.

SMGP – Secretaria Municipal de Gestão Pública de São Paulo: Especificações Técnicas – Ar Condicionado.
Disponível em: <ww2.prefeitura.sp.gov.br> Acesso em 16/06/2010.

SATYANARAYANA, K. G.; MARIANO, A. B.; VARGAS, J.V.C. A review on microalgae, a versatile source
for sustainable energy and materials. International Journal Of Energy Research, [s.i], n. , p.1-21, 2010.

SOARES, D. Avaliação do crescimento celular e da produtividade de lipídeos de microalgas marinhas em
diferentes regimes de cultivo. Dissertação de Pós-Graduação em Bioquímica. Curitiba, 2010.

STOECKER, W. F., JONES, J. W.: Refrigeração e Ar Condicionado, McGraw-Hill do Brasil, 1984.

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Cultivo microalgas UFPR

  • 1. DIMENSIONAMENTO DE SALA DE CULTIVO PARA PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E PREPARO DE INÓCULO DE MICROALGAS USADAS EM FOTOBIORREATORES PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL Diego Carias de Sousa1, Erick Lastra2, Emerson Dilay3, Keli Cristiane Correia Morais4, José Viriato Coelho Vargas5, Raevon Pulliam6, André Bellin Mariano7 1 Graduando de Engenharia Mecânica, Universidade Positivo, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – – diegocarias@gmail.com 2 Graduando de Engenharia Mecânica, Universidade Federal do Paraná, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – ericklastra@gmail.com 3 Engenheiro Mecânico, M.Sc., Doutorando PIPE, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – emerson197212@hotmail.com 4 Bióloga, Mestranda do PIPE, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – biokeli2000@gmail.com 5 Engenheiro Mecânico, Ph.D., Departamento de Engenharia Mecânica, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – jvargas@demec.ufpr 6 Engenheira Mecânica, M.Sc., Doutoranda PIPE, NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – raevonpulliam@gmail.com 7 Farmacêutico Bioquímico–Industrial, D.Sc., NPDEAS, UFPR, Curitiba, PR, Brasil – andrebmariano@gmail.com RESUMO Ao buscar novas fontes de matéria-prima para produção de biodiesel, as microalgas aparecem como uma alternativa promissora devido ao seu potencial de crescimento e teor de óleo elevado. Entretanto, trabalhar com microalgas exige muitos cuidados, em especial, com a sala de cultivo. Este ambiente deve ser projetado e construído, respeitando-se cinco necessidades fundamentais: 1) Manutenção das cepas utilizadas nas pesquisas; 2) Pesquisa e desenvolvimento de meios de cultivo com foco no aumento da produtividade de biomassa e óleo e concomitante diminuição dos custos de produção; 3) Preparo dos inóculos para crescimento em fotobiorreatores; 4) Controle de Temperatura; e 5) Controle da Iluminação. Levando isso em consideração, o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Auto-Sustentável (NPDEAS) da UFPR desenvolveu um projeto de sala de cultivo de microalgas multiproposta que fornece as condições fundamentais para este tipo de pesquisa. Além disso, este projeto fornece a possibilidade de avaliação de protótipos de fotobiorreatores em um ambiente controlado. O projeto aqui apresentado está em fase de implantação no NPDEAS contemplando: sistema de iluminação com possibilidade de uso de fotoperíodo, aeração com controle de vazão com compressor de ar reserva e sistema de controle de temperatura em função da carga térmica calculada. Palavras–chave: sala de cultivo, microalgas, produção de inoculo, fotobiorreator, biomassa, biodiesel ABSTRACT Sizing of room for research in the cultivation of microalgae and preparation of inoculum of microalgae in photobioreactors for production of biodiesel. In seeking new sources of feedstock for biodiesel production, microalgae appear as a promising alternative due to their potential for growth and high oil content. However, working with microalgae requires great care, especially with the cultivation room. This environment should be designed and built focusing on the five basic needs: 1) Maintenance of the strains used in research, 2) Research and development of culture media with focus on increasing the productivity of biomass and oil and simultaneous decrease in production costs 3) Preparation of inoculum for growth in photobioreactors, 4) Temperature Control, and 5) Lighting Control. Taking this into account, the Center for Research and Development of Self-Sustainable Energy (NPDEAS) UFPR developed a project for a multipurpose microalgae cultivation room that provides the basic conditions for working with microalgae. Additionally, this project provides the capability to evaluate prototypes of photobioreactors in a controlled environment. The project presented here is being implemented at NPDEAS and contains: lighting system with the capability of using photoperiod, aeration flow control with air compressor and reservation system for temperature control depending on thermal load calculated. Keywords: room culture, microalgae, inoculum production, photobioreactor, biomass, biodiesel INTRODUÇÃO Comparando a produtividade anual de várias oleaginosas com a capacidade de crescimento das microalgas, baixo uso de terras e conteúdo lipídico, fica evidente o seu potencial para uso como matéria prima
  • 2. para produção de biodiesel (SATYANARAYANA et al., 2010). Entretanto, muitas pesquisas precisam ser realizadas para transformar esse potencial em realidade. Muitas microalgas que apresentam, em determinadas condições de cultivo, alto crescimento de biomassa apresentam baixo teor de lipídeos. Em outras situações em que se observam grande acúmulo de lipídeos, as microalgas apresentam baixa produtividade de biomassa. O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia Auto-Sustentável da Universidade Federal do Paraná desenvolveu um Fotobiorreator (FBR) Tubular Compacto para cultivo de microalgas com objetivo de produção de biomassa e óleo a ser utilizado na produção de biodiesel. O meio de cultivo utilizado no FBR para cultivo de microalga deve fornecer as condições para rápido crescimento e maior conteúdo lipídico possível. Desta forma, faz-se necessário a construção de uma sala de cultivo de microalgas que proporcione as condições fundamentais este tipo de atividade. Aspectos importantes das salas de cultivo de microalgas Devido à grande importância de manutenção das condições do ambiente de cultivo, nosso grupo tem desenvolvido trabalhos de simulação numérica envolvendo parâmetros com base na literatura. Ribeiro e colaboradores 2009 realizaram simulações usando os parâmetros iluminação e temperatura bem como o fator fotoinibição, fenômeno que provoca um decréscimo na produtividade devido a condições extremas destas variáveis, com base nos dados da literatura, para investigar a produtividade máxima nos cultivos da microalga Phaeodactylum tricornutum. Futuramente com a implementação da sala de cultivo para preparação de inóculo destinado ao fotobioreator, serão possíveis utilizar os próprios dados experimentais nas simulações numéricas. O projeto de uma sala de cultivo de microalgas deve levar em consideração alguns aspectos importantes: 1) manutenção das cepas utilizadas nas pesquisas, 2) pesquisa e desenvolvimento de meios de cultivo com foco no aumento da produtividade de biomassa e óleo e concomitante diminuição dos custos de produção, 3) preparo dos inóculos para crescimento em fotobiorreatores, 4) controle de temperatura, 5) controle da iluminação, e 6) compressor de ar com sistema de reserva. Manutenção das cepas utilizadas na pesquisa Comumente os laboratórios de pesquisa que trabalham com microalgas estudam mais de uma espécie ao mesmo tempo com o objetivo de selecionar candidatos ao uso em fotobiorreatores ou outras aplicações biotecnológicas. Consiste de fundamental importância a manutenção destes organismos vivos em condições ideais de crescimento para que a pesquisa tenha continuidade e reprodutibilidade. Pesquisa e Desenvolvimento de meios de cultivo com foco no aumento da produtividade de biomassa e óleo Um dos aspectos a serem investigados no NPDEAS será o desenvolvimento de meios de cultivo apropriados para o crescimento de microalgas para produção de biomassa e óleo. O objetivo principal desta etapa dos estudos é o aprimoramento do meio de cultivo com foco na diminuição dos custos e aumento de produtividade. Este tipo de estudo deve ser feito de forma fatorial de modo a propiciar o maior número de resultados com a realização da menor quantidade de experimentos possíveis. Além disso, para se ter reprodutibilidade e confiabilidade dos resultados, a experimentação deve ser feita em triplicata. No NPDEAS são utilizados erlenmeyers de 2 L para essa finalidade. Portanto, ao se variar 4 parâmetros de forma aleatória (por exemplo: concentração de fonte nitrogênio, fosfato, carbono orgânico e CO2), serão necessários a realização de 15 testes, considerando 3 somente para o controle experimental. Desta forma, o armário de cultivo deve possuir espaço adequado para suportar todos estes erlenmeyers. Preparo dos inóculos para crescimento em fotobiorreatores Outra função importante da sala de cultivo para o desenvolvimento de biodiesel a partir de microalgas é a produção do inóculo que fornecerá as microalgas em condições adequadas para iniciar no crescimento no FBR. O inoculo consiste em microalgas produzidas de forma controlada e adaptadas às condições de crescimento que serão experimentadas. Sem uma sala de cultivo preparada para fornecer as quantidades iniciais do cultivo em FBR não há condições de se trabalhar com produção de microalgas em larga escala. Controle da Temperatura Microalgas são organismos sensíveis e são adaptadas para crescer em determinadas faixas de temperatura e sem mudanças abruptas. Desta forma, a sala de cultivo deve apresentar um controle de
  • 3. temperatura. Para manutenção das cepas é fundamental que a temperatura se mantenha na faixa de 17 – 19 ºC o que permite um crescimento lento das microalgas sem grandes consumos de nutrientes do meio de cultivo. Desta forma não é necessário realizar re-inoculações repetidamente. A temperatura é um dos fatores que mais afetam a taxa metabólica dos organismos, por isso a temperatura do ambiente deve ser escolhida em função das necessidades das espécies presentes e da finalidade dos cultivos. (LOURENÇO, 2006). Para os experimentos de avaliação dos meios de cultivo a manutenção da temperatura é fundamental para uniformidade dos resultados. A variação da temperatura durante esses experimentos compromete a interpretação dos resultados e inviabiliza este tipo de estudo. Controle da Iluminação A iluminação segundo Lourenço (2006), é um dos pilares do cultivo de microalgas que requerem especial atenção. Os melhores resultados com cultivos de microalgas são alcançados com iluminação artificial fluorescentes. A lâmpada deve ser instalada na prateleira onde o está o frasco com a cultura a fim de fornecer mais energia do que apenas a luz difusa do ambiente. A maioria dos trabalhos com microalgas não leva em consideração o fotoperíodo (quantidade de horas de luz e escuro). Como no NPDEAS pretende desenvolver um FBR para produção de biodiesel de microalgas de forma sustentável, os experimentos devem ser realizados nas mesmas condições de operação do equipamento exposto ao tempo. Desta maneira, o armário de microalgas deve conter temporizadores para controle dos períodos de iluminação. O fotoperíodo é uma variável que deve ser levada em conta nos experimentos com as microalgas a fim de reproduzir as condições a qual o fotobiorreator esta sujeito. No período de luz, que depende da altitude e das estações do ano, a intensidade luminosa é maior que o limiar de compensação fotossintética. Em cultivos realizados com fotoperíodo de 12 horas de luz para diversas espécies de microalgas houve menor crescimento do que em cultivos realizados em regime integral de luz (SOARES, 2010; SANTOS, 2009), isto demonstra a forte influência dos fotoperíodos nos cultivos e aproxima os resultados à realidade. Compressor de ar com sistema reserva Nos cultivos autotróficos a única fonte de carbono disponível para o crescimento das microalgas CO 2 proveniente do ar injetado. O fornecimento de ar deve ocorrer de forma constante e sem interrupções. Desta forma é fundamental a presença de um sistema de reserva para operar em momentos de emergência. Em cultivos densos e/ou em grandes volumes é necessário o emprego de aeração, que ocasiona um borbulhamento de ar dentro dos fracos de cultivo. A aeração é obtida por meio de compressores de ar instalados externamente ou no local de cultivo. A aeração lançada no fundo do frasco se dá através de mangueiras de silicone e/ou pipetas (materias autocláveis), a subida do ar acarreta dissolução de parte do conteúdo do gás no meio de cultura (LOURENÇO, 2006). Outro papel importante da aeração é a remoção do O 2 produzido pela fotossíntese que se acumulado no meio de cultivo pode provocar inibição do crescimento ou morte celular. MATERIAIS E MÉTODOS Dimensionamento da Sala de Cultivo Em uma sala de cultivo onde serão realizados experimentos e existe a preocupação com a reprodutibilidade dos resultados envolvendo o crescimento das microalgas, consiste de vital importância que parâmetros como o fluxo de ar e a iluminância sejam similares entre os vários experimentos. Além disso, fatores como dimensões do espaço físico e dos equipamentos, bem como posicionamento e restrições devem ser considerados. Uma restrição é causada pela presença de paredes construídas com materiais distintos. Diferentes materiais apresentam diferentes fatores de troca térmica. Além disso, apenas as paredes de concreto são capazes de suportar maiores cargas, logo, o aparelho utilizado para refrigeração e o cepário (estrutura destinada à manutenção das cepas) deverão, obrigatoriamente, ser fixados nelas. Abaixo, na Tabela 1, encontram-se descritos e quantificados alguns dos principais materiais e equipamentos requeridos pela sala. Cálculo da Carga Térmica Pode-se definir carga térmica como o calor (sensível ou latente) a ser fornecido ou subtraído ao ar em uma dada unidade de tempo para que um recinto mantenha-se dentro de condições desejadas. Para se efetuar o
  • 4. dimensionamento de um sistema de refrigeração, devem-se considerar tanto os ganhos internos (iluminação artificial, motores, pessoas) quanto externos (infiltração e renovação de ar, calor solar) à instalação em seu momento de funcionamento mais crítico (IOSHIMOTO E PRADO, 2010). Tabela 1 – Materiais e Equipamentos Utilizados na Sala para Cultivo de Microalgas Table 1 – Materials and Equipments used in microalgae cultivation room Quantidade Quantidade Materiais Materiais (unidades) (unidades) Erlenmeyer 250 mL 30 Lâmpada 40 W 2 Erlenmeyer 2 L 54 Lâmpada 30 W 33 Pipetas de aeração 54 Lâmpada 15 W 1 Pedra porosa 6 Interruptor 3 teclas 6 Galões de 20 L 6 Temporizador digital 3 Tubos de ensaio 15 Compressor de ar 1 Mangueiras de silicone (0,5 m) 51 Filtro Regulador 1 Reator 2 × 32 W 15 Condicionador de ar 1 Reator 1 × 32 W 3 Cepário 1 Reator 2 × 40 W 1 Armários 3 O local destinado ao projeto deste trabalho possui área 10 m² (2 m x 5 m) e altura de 2,65 m. Os 3 armários utilizados para comportar os erlenmeyers e os galões de 20 L, somados, apresentam 2,8 m de comprimento, 0,3 m de largura e 2 m de altura. Cada prateleira possui aproximadamente 0,92 m de comprimento e 0,35 m de altura. A sala não possui janelas, apresenta uma parede de concreto (2 m x 2,65 m), uma segunda mista que emprega tecnologia dry wall (4,5 m x 2,65 m) e concreto (0,5 x 2,65 m) e duas outras tipo “gabinete” (2 x 2,65 m e 5 x 2,65 m). A única comunicação da sala é efetuada através de uma porta, conforme pode ser notado na Figura 2, e ligada a um ambiente que apresenta refrigeração. As duas paredes tipo “gabinete” são fronteiras de ambientes condicionados e o ar utilizado para ventilação é proveniente de um destes ambientes. Figura 1 – Desenho esquemático da sala destinada ao cultivo de microalgas Figure 1 – Schematic drawing of the room for the cultivation of microalgae Os cálculos para a determinação da carga térmica foram efetuados através de uma planilha baseada na norma ABNT NBR 5858 e adaptada a partir de literatura (STOECKER e JONES, 1985 e SILVA, 2004). Também foram utilizados dados da Munters Brasil para as temperaturas de bulbo úmido e de bulbo seco de Curitiba para o verão, 23,5 ºC e 30 ºC, respectivamente. RESULTADOS E DISCUSSÃO Configuração final dos armários e cepário para cultivo de microalgas Na região onde há o encontro entre as paredes de concreto ficará disposto o cepário. Nesta caixa de paredes recobertas por espelhos será instalada uma lâmpada com potência de 15 W, a fim de oferecer condições à manutenção das cepas de várias espécies microalgais. As microalgas ficarão mantidas em tubos de ensaios apoiadas em suportes metálicos do tipo grade normalmente utilizados em laboratório. A Figura 2 representa graficamente a caixa em que ficarão contidas as cepas com suas respectivas dimensões.
  • 5. Figura 2 – Dimensões da caixa para cepas Figure 2 – Box dimensions for strains Com o objetivo de otimizar o espaço disponível, a Figura 3 mostra a configuração do armário bem como a disposição dos erlenmeyers para o cultivo das microalgas. As cepas oriundas do tubo de aproximadamente 40 mL de volume ficam em torno de 7 a 10 dias no cepário até serem repassadas aos erlenmeyers de 250 mL. No espaço mais estreito, na região superior do armário, ficarão acomodados os erlenmeyers de 250 mL, sem aeração, após a inoculação do volume total do tubo em 200 mL de meio. Posteriormente, após 7 dias, este meio será repicado em erlenmeyers de volume de 2 L com 1,5 L de meio de cultura sob aeração constante. Neste espaço onde ficam os erlenmeyers de 2 L há disponibilidade de preparação de inóculo e simultaneamente a realização de experimentos já que a cada 6 erlenmeyers, há uma disposição independente, podendo assim, variar a intensidade da luz, ou ainda realizar experimentos com fotoperíodos. Finalmente após 10 dias de cultivo, ainda na fase exponencial de crescimento, os meios serão repicados em galões de 20 L localizados na parte inferior do armário. Nesta região encontram-se 4 lâmpadas fluorescentes a fim de suprir a necessidade de luz da microalga devido à alta densidade celular. Após o término deste processo de repicagens o inóculo estará pronto para a inoculação no fotobiorreator. Figura 3 – Configuração dos armários para cultivo de microalgas Figure 3 – Configuration of the cabinets for cultivation of microalgae Sistemas de aeração e iluminação A aeração será efetuada através de um equipamento de ar comprimido que apresenta na linha pressão de fluido entre 6 e 7 bar. Um regulador de pressão será utilizado para reduzi-la para 1,5 bar. O sistema também
  • 6. conta com um compressor reserva que apresenta deslocamento teórico de 150 L.min-1. Um desenho esquemático do sistema de aeração pode ser visto na Figura 4A. Figura 4 – Armários de Cultivo de Microalgas. (A) Sistema de injeção de ar comprimido. (B) Sistema de iluminação com temporizador para controle de fotoperíodo. Figure 4 – Cabinets for microalgae cultivation. (A) System for injection of compressed air. (B) Light system with timer to control photoperiod. Após passar pelo regulador de pressão a tubulação será dividida em duas, visando abastecer as quatro prateleiras que comportam os erlenmeyers de 2 L e os galões de 20 L. Cada uma destas duas tubulações será um manifold. Nelas serão conectadas as mangueiras de silicone, com 4 mm de diâmetro interno, responsáveis pela condução do fluido até as pipetas ou pedras porosas que direcionarão o fluxo de ar para o dentro dos erlenmeyers e galões, respectivamente. Foi projetado um sistema para distribuição de ar utilizando manifold. O manifold será uma tubulação de PVC com orifícios, apresentando uma área de seção transversal interna muito maior que a soma das áreas das mangueiras de silicone ligadas a ele para a divisão de ar. A grande vantagem deste sistema será uma vazão de ar mais homogênea entre todos os erlenmeyers. A iluminação se dará através de lâmpadas fluorescentes tubulares com potência de 30 W e fluxo luminoso de 1900 lm. Serão utilizadas duas lâmpadas por prateleira (Figura 4B), à exceção das prateleiras inferiores, onde será utilizado um total de doze e na superior, onde estarão concentrados os erlenmeyers de 250 mL (três lâmpadas) As lâmpadas serão dispostas separadas equitativamente do centro de massa dos erlenmeyers e presas à parede por abraçadeiras específicas. Os reatores eletrônicos (1 × 32W e 2 × 32W) também estarão fixados à parede, contudo, situados acima dos armários. A fiação (2,5 mm²) utilizada na ligação entre eles e as tomadinhas será conduzida através de eletrodutos antichamas até „caixas de passagem‟ e finalmente aos plugs, que estarão em contato com as lâmpadas. Uma peça será construída para combinar todos os interruptores destinados ao armário e temporizadores em um único local. Serão utilizados três temporizadores digitais (um para cada armário) e seis interruptores três teclas (uma tecla para cada prateleira – exceção: prateleiras inferiores, onde serão utilizadas duas teclas). Carga Térmica e Sistema de Refrigeração Foi elaborada uma planilha para determinação da carga térmica da sala de cultivo de microalgas. A Tabela 2 contém os elementos mais expressivos em sua contribuição para a carga térmica da sala. O valor calculado para a carga térmica da sala em sua situação de trabalho mais crítica situou-se próximo aos 8750 Btu.h-1, indicando que o aparelho refrigerante escolhido, com capacidade de 12.000 Btu.h-1 estaria suficientemente dimensionado, abrindo possibilidades ainda, caso seja solicitado, de expansão no número de armários (as 11 lâmpadas necessárias para iluminar um armário oferecem em torno de 1150 Btu.h -1) . Na situação que apresenta a menor área e pontos semelhantes como a grande quantidade de equipamentos (no NPDEAS - alto número de lâmpadas em pequeno espaço), a Secretaria Municipal de Gestão Pública (SMGP) de São Paulo sugere que se utilize um aparelho de ar-condicionado com a capacidade de 12.000 Btu.h-1.
  • 7. Tabela 2 – Principais fornecedores de calor na sala para cultivo de microalgas Table 2 – Leading suppliers of heat in the room for cultivation of microalgae Condução Área Capacidade Térmica (m²) (sq.ft) (Btu/h) Parede (4,5 m × 2,65 m) 11,925 128,313 513,3 Piso 10 107,6 322,8 Teto 10 107,6 322,8 Equipamentos Quantidade Potência Capacidade Térmica (un) (W) (Btu/h) Lâmpadas 30 W 33 30 3366,0 Compressor 1 CV 1 735,5 2500,7 Pessoas Taxa metabólica Capacidade Térmica (Btu/h) (Btu/h) Pessoas 3 475 1425,0 Outros 278,4 Total 8729,0 Instalação e teste de protótipos de Fotobiorreatores Tubulares A área destinada ao teste de protótipos de Fotobiorreatores Tubulares será importante para a avaliação dos meios de cultivos selecionados nos experimentos realizados em fotobiorreatores simples (erlenmeyers) acomodados nos armários de cultivos. Na sala de cultivo ela fica localizada a frente dos armários com espaço suficiente para a instalação dos equipamentos a serem utilizados. O desempenho de produção de biomassa e óleo das microalgas, avaliado nos protótipos (Figura 5), será determinante na utilização destas condições para produção de matéria prima de biodiesel em grande escala no FBR tubular compacto de 10 m3 construído pelo NPDEAS. Figura 5 – Protótipos do FBR: (A) Projeto em 3D do primeiro protótipo; (B) Visão lateral - pode-se perceber em detalhe a bomba centrífuga e o reservatório de meio de cultivo; (C) Visão superior – Tubos transparentes e sistema de refrigeração. Figure 5 – Photo Bioreactor Prototype: (A) First Prototype 3D Design; (B) Lateral vision – centrifuge pump and tank in detail; (C) Superior vision – transparent tubes and refrigeration system. CONCLUSÕES As microalgas apresentam-se como grande alternativa para diversificar as matérias-primas utilizadas para produção de biodiesel no Brasil e no mundo. Entretanto, muitas pesquisas devem ser realizadas para adequar as condições ideais de cultivo para se atingir a maior produtividade de biomassa e óleo. Através do projeto e construção de uma sala de cultivo de microalgas multiproposta o NPDEAS apresenta condições adequadas para a realização de pesquisa e desenvolvimento de meios de cultivo, bem como para produção de inóculos de qualidade para uso em fotobiorreator tubular e compacto de 10 m3 construído e instalado na UFPR.
  • 8. AGRADECIMENTOS O NPDEAS agradece ao CNPq, PRH24, CAPES e Nilko Metalurgia Ltda. pelo financiamento das pesquisas e a UFPR pela infraestrutura. REFERÊNCIAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.:Condicionador de Ar de Uso Doméstico – Especificação NBR 5858. IOSHIMOTO, E., PRADO, R. T. A.: Carga térmica; Disponível em: < pcc261.pcc.usp.br > acesso em: 16/06/2010. LOURENÇO, S. O. Cultivo de microalgas marinhas – princípios e aplicações. São Carlos: RiMa, 2006. MUNTERS – Munters Brasil: Estudo de Caso:Volvo; Disponível em: < www.munters.com.br > acesso em: 16/06/2010. RIBEIRO, R. L. L. ; MORAIS, K. C. C. ; MARIANO, A. B. ; SOUZA, J. A. ; MITCHELL, D. A. ; VARGAS, J. V. C. . Simulação numérica da influência da temperatura e intensidade luminosa na produção de microalgas em fotobiorreatores demonstrando efeitos de fotoinibição. In: 4º Congresso Internacional de Bioenergia, 2009, Curitiba. 4º Congresso Internacional de Bioenergia; 1º Congresso Brasileiro de Geração Distribuída e Energias Renováveis, 2009. SANTOS, L. B. G.; CALAZANS, N. K. F.; MARINHO, Y. F.; FELIPE, A. P. Influência do fotoperíodo no crescimento da Chlorella vulgaris (Chlorophyceae) visando produção de biodiesel. Disponível em http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0358-1.pdf. Acesso em 18/06/10. SILVA, J. G.: Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização, ArtLiber, 2004. SMGP – Secretaria Municipal de Gestão Pública de São Paulo: Especificações Técnicas – Ar Condicionado. Disponível em: <ww2.prefeitura.sp.gov.br> Acesso em 16/06/2010. SATYANARAYANA, K. G.; MARIANO, A. B.; VARGAS, J.V.C. A review on microalgae, a versatile source for sustainable energy and materials. International Journal Of Energy Research, [s.i], n. , p.1-21, 2010. SOARES, D. Avaliação do crescimento celular e da produtividade de lipídeos de microalgas marinhas em diferentes regimes de cultivo. Dissertação de Pós-Graduação em Bioquímica. Curitiba, 2010. STOECKER, W. F., JONES, J. W.: Refrigeração e Ar Condicionado, McGraw-Hill do Brasil, 1984.