1. O fim do Currículo
POR ANDRÉ MEDEIROS
NOVOS TEMPOS
Há tempos vemos dicas e mais dicas
de como escrever um bom currículo.
Profissionais de recursos humanos,
empresas e sites especializados
aparecem com fórmulas quase
mágicas e infalíveis de como um bom
currículo deve ser escrito.
Alguns dizem que os recrutadores
sabem se você mente quando escreve
de um jeito, outros insistem em dizer:
as 10 dicas infalíveis de como não
errar ao escrever um currículo e
outros dizem que você nunca deve
colocar sua foto, ou que sim, deve-se
colocar a foto.
Há profissionais que cobram para
“revisar” seu currículo e outros que
apresentam “modelos” que servem
como guias aceleradores para você
conseguir seu próximo e melhor
emprego. Mas, sejamos razoáveis, há
muito tempo o currículo deixou de ser
um item essencial na hora de mudar
ou conquistar um bom emprego e
dependendo do nível de senioridade
da posição desejada, o currículo
chega a ser completamente
dispensável.
Que os sites de recolocação
profissional não me escutem, mas
seus serviços estão seriamente
comprometidos, caso não haja uma
inovação urgente, assim como fez
recentemente uma famosa rede
social, que estabeleceu uma
ferramenta pra que as pessoas
conectadas umas as outras
endossassem, ou não, suas
respectivas proficiências em
determinado tema.
Em outras palavras, se você diz que é
especialista em recursos humanos,
finanças, planejamento estratégico,
etc, então as pessoas conectadas a
você podem confirmar isto, e quanto
mais gente confirma, mais confiante
passa a ser o que você escreve a seu
respeito.
Este é um jeito interessante de ter
uma opinião mais segura sobre quem
você diz ser e sobre suas habilidades,
no entanto, ainda é um jeito muito
primário de mostrar algum diferencial
e realmente se fazer ouvir para o
mercado.
Dependendo do nível de
senioridade, da posição
desejada, o currículo chega a
ser completamente dispensável.
2. O que você vale não é o que você diz, mas o
que o mercado diz sobre você.
A verdade sobre quem você
realmente é e sobre o que fez
Outro dia estava procurando um
profissional para uma vaga de consultor
sênior para nossa empresa e após
acessar inicialmente minha própria rede
de relacionamentos (o que a grande
maioria faz), recebi alguns currículos.
Um deles me chamou atenção especial
pois as características, habilidades e
experiências se encaixavam exatamente
à vaga.
Como a principal habilidade para nosso
ramo de negócio é a capacidade de
estabelecer conexões, ou seja,
habilidades interpessoais, a primeira
coisa que pedi para este profissional foi
o telefone de seu chefe anterior e do
chefe do chefe. Depois fiz o mesmo,
para o emprego anterior.
Por motivos simples e óbvios, por mais
que você se esforce em dizer que tem
habilidades interpessoais, não
consegue expressar isso em um
currículo, mesmo sendo um exímio
escritor. Neste sentido, não pensei duas
vezes, o que os superiores dissessem a
respeito deste profissional,
confirmariam o que ele escreveu.
E para minha surpresa as quatro
pessoas não endossaram o que ele
havia com tanta habilidade escrito no
currículo.
Você pode até dizer: não valeria uma
entrevista para saber o outro lado da
história? Sim valeria, desde que a
avaliação dos quatro chefes anteriores
não fosse unânime. Este profissional
ainda está em um estágio muito aquém
do exigido para a vaga. Ou seja, não
adiantaria o que ele fosse falar, mas,
sim o que o mercado disse sobre ele.
Por isto uma entrevista seria uma perda
de tempo, tanto minha quanto dele.
Um bom profissional se preocupa
continuamente sobre a marca que está
deixando, sobre o legado de relações e
principalmente sobre uma verdade
inexorável: o que você escreve nas
linhas da sua carreira é realmente a
verdade que vale e não adianta você
dizer que é bom, o mercado tem que
dizer que você é.
Pergunte a você mesmo: meus
chefes anteriores endossariam o
que eu escrevi no meu
currículo?
3. Então da próxima vez que você for
escrever um currículo, coloque abaixo
de cada habilidade ou experiência:
Confirme com meu antigo superior no
telefone xxx.
Isto chamará atenção de qualquer um
que esteja procurando por um
profissional com suas características.
Isto garantirá sua vaga? Obviamente
que não, mas logo de saída mostrará
um diferencial e segurança. E
diferencial é o que realmente os
recrutadores tentam encontrar em meio
a uma oferta de empregos alta, como a
que estamos vivendo atualmente.
No mundo do Direito isto é ainda mais
importante e irrefutável, pois negócios
jurídicos são sobre pessoas.
A Advocacia é um negócio de
relacionamentos, por este simples
motivo, você tem que se perguntar
todos os dias: Estou mesmo
construindo relações fundamentadas
em confiança e, mais importante,
minhas habilidades são realmente
consistentes e expressadas em tudo o
que faço?
Caso contrário, ou você está se
enganando, ou enganando o mercado,
ou adiando um desligamento.
E por falar em desligamento, um amigo
empresário me disse que tem uma
técnica infalível, ele pede permissão
para gravar a entrevista de emprego e
se algo der errado com o desempenho
do profissional, meses e até anos
depois, ele resgata a gravação e diz:
MAECENAS ALIQUAM
MAECENAS LIGULA
NOSTRA, ACCUMSAN
TACITI. SOCIIS NETUS
NON DUI CRAS.
Está vendo? (literalmente), você não
cumpriu com aquilo que prometeu no
dia da sua entrevista de emprego e por
isto está sendo desligado hoje.
André Medeiros
é palestrante e
Coach, formado pela
Sociedade Brasileira
de Coaching como
Personal &
Professional Coach e
Líder Coach. Membro
do Institute of
Coaching Professional
Association (ICPA),
afiliado à Harvard
Medical School.
Sócio da Advoco
Brasil - consultoria
para o
desenvolvimento do
universo jurídico.
Para que você não caia nesta situação
vexatória, comece hoje mesmo a
construir conexões mais maduras,
agindo de forma proativa, criativa,
automotivada, que se comunica bem,
que inova os processos de trabalho,
sempre atento ao que pode ser
melhorado ou desenvolvido. E a cima
de tudo, que aja com integridade em
tudo o que faz.
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