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Neurobiologia da adição:
           base do tratamento de
                 transtornos
           pelo uso de substancias

Profa. Dra. Roseli Boerngen de Lacerda
Professora Associada do Departamento de Farmacologia
Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Farmacologia
Mestre em Farmacologia e Doutora em Psicobiologia
E-mail: boerngen@ufpr.br
Níveis de tratamento
   Drogas    aguda      intoxicação –     mecanismos de
                        ação  efeitos centrais e periféricos



             crônica    contra-adaptação
                         Tolerância
                         Sindrome de Abstinência

                        dependência/adição
   efeitos deletérios        (3 estágios)
   centrais e
   periféricos
Classificação de Chalout Psicoativos (1971)
• Depressores ou Psicolépticos
     • Álcool, benzodiazepínicos ansiolíticos, hipnóticos, inalantes,
       opióides, antipsicóticos.
• Estimulantes ou Psicoanalépticos
      • Cocaína, anfetaminas, nicotina, xantinas, outros.
      • Inibidores da MAO, tricíclicos, Inibidores Seletivos da
       Recaptação de monoaminas.
• Perturbadores ou Psicodislépticos (Alucinógenos)
      • Naturais: maconha, mescalina, psilocibina, ayuhasca
      • Sintéticos: LSD, MDMA (ecstasy), fenciclidina, quetamina,
       anticolinérgicos, outros.
DROGA: Substância química ou mistura de substâncias
que altera a função biológica e possivelmente a sua
estrutura (OMS, 1981)


DROGA PSICOATIVA: São as drogas que alteram o
comportamento, humor e cognição, agindo nos neurônios
e assim afetando o sistema nervoso central (OMS, 1981)


DROGA PSICOTRÓPICA: São as drogas que alteram o
comportamento, humor e cognição, possuindo
propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de
auto-administração (OMS, 1981). Em outras palavras,
essas drogas podem levar ao abuso e à dependência.
Drogas e alimentos podem atuar tanto como
  reforçadores positivos como negativos:


       Exemplos:


Positivo: comida    sabor particularmente agradável
            droga   efeito de euforia, prazer, alteração da
                    consciência, inserir-se no “grupo”
  

Negativo: comida
                  alivia a fome (estado desagradável)
           droga    alivia os sintomas de uma síndrome de
                    abstinência, ou ansiedade, dor, outros
MECANISMO NEUROBIOLÓGICO
       COMUM ENTRE AS DROGAS
LIBERAÇÃO DE DOPAMINA NO NÚCLEO ACCUMBENS
   • Ativação das vias de Reforço/Recompensa Cerebral:
          vias mesolímbica e mesocortical
O mecanismo de ação agudo comum de drogas psicotrópicas é a capacidade de
ativar a via dopaminérgica mesolímbica, levando a liberação de dopamina (DA) no
núcleo accumbens.




                                                        E. J. Nestler 2005
B Johnson, AJP 2010
Questões centrais da Adição
• Como episódios repetidos de liberação aumentada de
 DA transformam o comportamento de procura à
 droga em uso compulsivo? ( DA importante na iniciação
 ao uso)
• Por que muitos indivíduos experimentam uma droga
 mas “poucos” se tornam dependentes.
• Por que o risco de recaída persiste por anos após a
 suspensão do uso crônico?

• Como as pistas relacionadas à droga passam a
 controlar o comportamento?
Teorias da Adição


• Teoria da dependência
• Teoria da automedicação
• Teoria da alostase hedônica
• Teoria do aprendizado aberrante
• Teoria do incentivo-sensibilização
Teorias da Dependência

• Teorias mais antigas focalizavam a
  dependência física como um fator causal da
  adição

• O uso repetido da droga produz
  neuroadaptações homeostaticas que levam à
  tolerância e dependência
Teorias da Dependência

• A suspensão do uso da droga produz sintomas
  desagradáveis da retirada (SA) (sintomas
  físicos, anedonia, disforia)

• De acordo com essas teorias o uso compulsivo
  da droga é mantido para evitar a sindrome de
  abstinência (assim…. Relacionado com reforço
  negativo)
Teorias da Dependência

• Limitações das teorias da dependência :

   • recaída ocorre na ausência da SA
   • Drogas com SA não-típica causam forte
     fissura e recaída (ex. Cocaina)
   • Pistas associadas à droga produzem craving
     e induzem recaída
Teoria da automedicação
• Uso continuado da droga para aliviar um
  transtorno (reforço negativo)

• Deveria haver forte relação causal entre
  transtornos psiquiátricos e abuso/dependencia

• Transtorno de conduta na infância 
  Transtorno de personalidade antissocial
  (TPAS) no adulto. 67% do TPAS são
  alcoolistas e 20% dos alcoolistas tem TPAS
COMORBIDADES PREVALÊNCIA
Comorbidade entre transtornos por uso de álcool e outras drogas atual e na
vida e outros transtornos psiquiátricos - Odds ratios (NLAES, NCS e ECA)
                                          ATUAL                  NA VIDA


    TRANSTORNO       ESTUDO       T. USO        T. USO    T. USO       T. USO
                                 ÁLCOOL        OUTRAS    ÁLCOOL       OUTRAS
                                               DROGAS                 DROGAS

  USO OUTRAS
  DROGAS              NLAES        25,1            -      13,0              -
                       NCS         20,6            -      13,7              -
                       ECA         7,8             -      5,8               -
  DEPRESSÃO
  MAIOR               NLAES        3,7            7,2      3,6             5,2
                       NCS         2,6            3,0      1,9             2,4
                       ECA         2,7            3,4      1,9             3,5
  MANIA                NCS         5,6            5,7      4,9             7,4
                       ECA         3,8            3,2      4,6              -
  TOC                  ECA         3,4            3,4      2,1             3,3
  FOBIA                NCS         2,3            3,9      1,7             2,2
                       ECA         1,7            1,7      1,4             1,8
  PÂNICO               NCS         1,4            3,9      1,6             3,0
                       ECA         4,6            1,0      2,6             3,1
  TAG                  NCS         2,7            5,0      2,0             2,9
  ESTRESSE
  POSTRAUMÁTICO        NCS         2,2            2,9      1,7             3,2
  PERSONALIDADE
  ANTISSOCIAL          NCS           -             -      11,3             11,5
                       ECA           -             -      14,6             8,9
  ATUAL: ECA e NCS, 6 meses; NLAES, 12 meses
Teoria da automedicação
• Transtorno de conduta na infância  Transtorno de
  personalidade antissocial (TPAS) no adulto:
    • Padrões persistentes de impulsividade
    • Dificuldade de resposta à punição
    • Agressividade e comportamento criminal
    • Busca de novidade e sensações novas
    • Extroversão, ausencia de evitar perigo
    • Relacionado com alcoolista tipo 2/tipo B (precoce, curso
      grave, criminalidade, outras drogas)
• 67% do TPAS são alcoolistas e 20% dos alcoolistas tem TPAS
Teoria da Alostase Hedônica

• Uso repetido leva à redução do firing dos
  circuitos do reforço positivo  gera
  estresse cronico  afeto negativo  força
  dominante em direção à droga (craving)
Teoria da Alostase Hedônica
• Agudamente:
   • Drogas ativam HPA e  lib CRF
   • Estresse, CRF e GC     auto-admnistração

   • Auto-administração na aquisição       GC

• Cronicamente:
   • Estresse  disfunção do reforço + (DA)
   • Afeto negativo  recaída
Impulsividade – reforço positivo
Ciclo da adição:
Preocupação / craving  aquisição e transição
Intoxicação / binge  manutenção
Abstinência / estado emocional negativo  recaída

       ↑CRF         ↑Estresse
       ↑NA                       Sistema anti-reforço
                    ↓Reforço
       ↓NPY

         Compulsividade – reforço negativo

                     Alostasia
Teorias do Aprendizado Aberrante

• A adição às drogas é resultado de
  processos aberrantes de aprendizado
  promovidos pelas drogas

• Este aprendizado aberrante pode envolver
  várias formas de aprendizado:
Teorias do Aprendizado Aberrante


1) Aprendizado R-O - resposta direcionada ao
  objetivo
2) Aprendizado S-R - resposta condicionada
  ao estímulo (hábito)
3) Aprendizado S-S - resposta condicionada
  a pistas
Teorias do Aprendizado Aberrante

Robbins and Everitt (1999)

  • Efatizam o aprendizado S-R (hábito)

  • Uso cronico da droga resulta na transição
    da procura direcionada à droga
    (aprendizado R-O) para a procura habitual
    pela droga (aprendizado S-R)
Teorias do Aprendizado Aberrante

Di Chiara e colaboradores (1998)

  • Enfatizam o aprendizado S-S

  • Uso crônico da droga fortalece as
    associações estímulos-droga de maneira que
    os estímulos associados à droga adquirem a
    habilidade de controlar o comportamento
Teoria do Aprendizado Aberrante
• Uso cronico da droga resulta na transição da
  procura direcionada à droga (aprendizado R-O)
  para a procura habitual pela droga
  (aprendizado S-R)
• Uso crônico da droga fortalece as associações
  estímulos-droga de maneira que as pistas
  associadas à droga (estimulos extero e
  interoceptivos) adquirem a habilidade de
  controlar o comportamento (aprendizado S-S)
Fissura / craving: desejo impetuoso,
                     impulsivo e quase compulsivo para buscar e
                     consumir uma droga.




Fatores que podem eliciar a fissura:
    • pistas exteroceptivas
   (ambientais):
   • pistas interoceptivas:
   situações de estresse, emoções, afeto negativo

                   APRENDIZADO?????
Teoria do Incentivo-Sensibilização
• drogas sensibilizam os mecanismos neurais
  relacionados ao reforço que medeiam a
  atribuição da saliência do incentivo (“sequestro
  das vias”)
• Resulta na atribuição excessiva da saliência do
  incentivo para as motivações relacionadas à
  droga, causando o “querer” patologico pela droga
  (no início “gostar”)
NEUROBIOLOGIA DA ADIÇÃO
            Resultante de todas teorias:
•   Neuroadaptações homeostáticas e alostáticas
•   Importância do reforço negativo da SA e da
      automedicação
•   Importância da resposta motivacional (R-O) 
      sistema de recompensa
•   Importância do hábito (S-R)
•   Importância dos estímulos associados (S-S)
•   Importância da saliência do incentivo
Neuroplasticidade e Adição


• Uso repetido da droga produz varias
  adaptações neurais que levam à adição
  similares àquelas envolvidas no aprendizado e
  memória
• Neuroplasticidade  reforça as conexões
  sinápticas existentes e remodela (formação
  ou eliminação) outras.
Neuroplasticidade e Adição

• sinapses excitatorias nos neuronios DA da
  ATV expressam long-term potentiation (LTP)


• ATV é crítica para o desenvolvimento de
  sensibilização comportamental – pode ser
  dependente da LTP nos neurônios DA na ATV
Neuroplasticidade e Adição

• Exposição aguda in vivo induz LTP na ATV
  nos neuronios DA – efeito de média duração
  (5 dias)


• Exposição cronica produz mudanças na
  morfologia dos dendritos no NAcc – efeito de
  longa duração (30+ dias)
Neuroplasticidade e Adição
Neuroplasticidade e Adição
• A plasticidade sináptica reorganiza os
  circuitos neurais através da alteração da
  expressão gênica e proteica em resultado a
  LTP e LTD (NMDA-R e AMPA-R).
• Mecanismos moleculares envolvidos:
  • Fosforilação de proteinas-chave
  • Alterações na disponibilidade de
    receptores glu nas sinapses
  • Regulação da expressão gênica
Neuroplasticidade e Adição
• Estágio I – efeitos agudos das drogas
  • Efeitos reforçadores com liberação DA
    suprafisiológica no circuito motivacional
    induzindo mudanças na sinalização celular:
    DA +  D1R +  PKA +  CREB 
    indução de cFos  mudanças
    neuroplásticas de curta duração (poucas
    horas ou dias)
Neuroplasticidade e Adição
• Estágio II – transição
• Uso repetido acumula as mudanças na função
  neuronal:
  • DA +  D1R +  proteinas com meia vida longa
    como FosB
  • FosB é um regulador transcricional que modula a
    síntese de certas subunidades do AMPA-R e de
    certas enzimas sinalizadoras da célula
(tirosina-hidroxilase, RGS9-2, autoR-D2, DAT 
 Mudanças compensatórias não responsáveis diretas da transição)
Neuroplasticidade e Adição
• Estágio II – transição
  • FosB passa a ser “overexpressed”
    desencadeando um perfil de expressão
    gênica distinto daquele normal  aumento da
    resposta ao reforço e às pistas relacionadas
    ao reforço (adição)
Neuroplasticidade e Adição
• Estágio III – estágio final da adição
  • Mudanças na expressão de proteinas
    conferem vulnerabilidade para recaída.
  • “Redirecionamento” do sistema DA para o
    Glu  adaptações celulares nas projeções
    glu do c. préfrontal para o NAcc
ESTÁGIO 1 - INTOXICAÇÃO




                      Koob et al., 2009
Estágio 1
• Estriado ventral (NAc) – euforia, reforço positivo

• Estriado dorsal – hábito, repetição


• Globo pálido – hábito, repetição

• Tálamo – hábito, repetição

 • Neurotransmissores:
 DA, Opioides, GABA, Glu, endocanabinoides, 5-HT
B Johnson, AJP 2010
Litten et al., 2012
NALTREXONE:

ANTAGONISTAS OPIÓIDES:
naltrexone (Revia®)
nalmefene (- hepatotoxico)

Volpicelli et al 1992; O’Malley et al 1992:
 recaídas
 craving
 número de drinques



  Aprovado em 1994 nos EUA e em 2000 no Brasil
NALTREXONE - evidências favoráveis:
• O álcool afeta a produção e a liberação dos opióides
endógenos
• Os opióides liberam dopamina --> efeitos reforçadores
do álcool. Mais acentuado em ratos P.
• Os antagonistas opióides inibem o reforço induzido
pelo álcool e o comportamento consumatório geral
• Indivíduos FH+, de alto-risco genético, tem um
aumento exagerado induzido pelo álcool nos níveis de -
endorfina, e são mais responsivos ao tratamento com
naltrexone (polimorfismo no gene OPRM1 que codifica o
receptor μ opioide)
• Preparação de naltrexone Depot aumenta a aderência
NALTREXONE - evidências contrárias:
• Alguns estudos clínicos nenhuma eficácia
• Eficácia somente para subgrupo com aderência 80 - 90%
• Efeitos adversos, principalmente náusea --> abandono -->
limitam o seu emprego em centros de atenção primária e
secundária
• Identificação de subgrupos de alcoolistas mais responsivos
ao naltrexone é um importante objetivo científico
• Naltrexone diminui consumo mas não em camundongos
adictos (Fachin-Scheit et al., 2006)
Modelo de adição para camundongos
BACLOFENO

• Agonista GABA B: Diminui a liberação de NT como
glutamato e aspartato e modula os canais GIRK  inibe
o sistema mesolimbico cortical

• Reduz o craving e consumo do álcool (Addolorato et
al., 2007)

• Muita sedação  limita o uso

•Diminui consumo em camundongos “light drinkers” mas
não altera consumo nos “addicted” (Villas-Boas et al.
2012) e a expressão dos receptores GABA-B em áreas
relacionadas com a adição está alterada nos “adictos”
(Frozino-Ribeiro et al., 2012).
RIMONABANT
• Proposto como anti-craving para nicotina, álcool,
cocaína e heroína


• Antagonista canabinoide (CB1)


• Bastante efetivo para pacientes obesos que
desejam parar de fumar.


• Não foi aprovado pelo FDA (alto risco de suicídio)
Relação da serotonina com o álcool:

• Em animais os ISRSs (fluoxetina, citalopram) diminuem o consumo
de álcool; entretanto, ocorre uma redução geral nos
comportamentos consumatórios.
• Alcoolistas de início precoce (tipo B - EOA) comparados com os de
início tardio (tipo A - LOA), apresentam níveis reduzidos de 5-
hydroxyindoleacetic acid (5-HIAA), no líquido cerebrospinal.
• Os ISRS não foram eficazes para os alcoolistas tipo B (EOA)
• Os ISRS foram eficazes para os alcoolistas tipo A (LOA)
• Os ISRS tem sido empregados para tratar alcoolistas com
quadros de depressão concomitantes ou decorrentes.

• Ondansetrona, antagonista 5-HT3, reduziu o consumo nos EOA

(grande envolvimento da 5-HT no comportamento antissocial)
CONTRIBUTION OF SEROTONIN 5-HT2 RECEPTOR TO THE ETHANOL-
INDUCED SENSITIZATION AND ETHANOL CONSUMPTION IN MICE. R.
Boerngen-Lacerda; Y. Jamal; D. Correia; F.O. Goeldner; In: Nova Science
Publishers, Inc., Serotonin: Biosynthesis, Regulation and Health
Implications, 2012 (prelo)


                                Mianserin effect on voluntary ethanol consumption
DISSULFIRAM
                          inibe
        ADH                       ALDH
etanol ------------> acetaldeido ------------> ácido acético

ingestão de álcool concomitante:
rubor facial indo para todo o corpo, cefaléia latejante,
dificuldade respiratória, náusea, vômito, sudorese,
fraqueza, dor torácica, visão turva, vertigem, hipotensão.
---> EFEITO AVERSIVO PERIFÉRICO associado ao álcool

• Algumas evidências positivas para a cocaína
(talvez pela ação de inibição da dopamina beta hidroxilase)
ESTÁGIO 2 – AFETO NEGATIVO/SA




                         Koob et al., 2009
Estágio 2
• Amigdala extendida (amigdala e nucleo do leito da
  estria terminal) – desconforto, disforia, estado
  emocional negativo (reforço negativo)

• Estriado ventral – diminuição do reforço positivo

• Ativação do sistema de resposta ao estresse (CRF
  liberado no eixo HPA e extra-hipotalamico)

 • Neurotransmissores:
 DA,GABA, Glu, CRF, NA, NpY, dinorfina, Subst P
ANTAGONISTAS CRF

• Reverte ansiedade na abstinência aguda e prolongada em
  animais dependentes (Valdez et al., 2002, Knapp et al.,
  2004; Overstreet et al., 2004; Funk et al., 2007; Gehlert
  et al., 2007)

• Estudos em humanos em andamento
Tese de doutorado do Diego Correia

INFLUÊNCIA DO FATOR DE LIBERAÇÃO DE
  CORTICOTROFINAS (CRF) E DAS
  UROCORTINAS NO DESENVOLVIMENTO DE
  ADIÇÃO AO ETANOL EM CAMUNDONGOS

Uso do antagonista de receptor para CRF:
 antalarmine
Determinação do mRNA nos diferentes grupos
DINORFINA

• Agonista kappa opioide  relacionado com depressão e
  disforia

• Antagonista kappa  diminui auto-administração em ratos
  dependentes em abstinência (Walker and Koob, 2008)

• Estudos em humanos em andamento
PRAZOSIN

• Antagonista alfa1-adrenérgico, atua no sistema modulador
  central do estresse (CRF-NA)

• Diminui auto-administração e sinais de abstinência em
  ratos dependentes (Walker et al., 2008)

• Estudos em humanos em andamento
NEUROPEPTIDEO Y, NOCICEPTINA, SUBSTANCIA P

• Ação contrária ao sistema de estresse ligado ao CRF

• Agonistas NY e nociceptina  diminui consumo em ratos
  dependentes (Heilig et al., 1994; Ciccocioppo et al., 2000)

• Antagonista da Substancia P  diminui consumo em
  camundongos HAD e diminui craving em humanos (George
  et al., 2008)
Tratamento da dependência à cocaína:
• Agonistas parciais
   • “estabilizadores dopaminérgicos”
   • ação antagonista no autorreceptor  libera DA
   • em doses altas ou ação elevada dopaminérgica 
                       bloqueio pós-sináptico.
   • AJ76, UH232, DS131: Reduzem a atividade locomotora
  induzida pela cocaína, quando administradas simultaneamente a
  cocaína ou 30 minutos após; diminui a auto-administração da cocaína
  em animais.
  • Terguride: Reverte os efeitos da anfetamina e diminui a sua
  auto-administração.
  • Aripiprazol: aprovado para tratamento de esquizofrenia
  (interesse do NIDA)
ESTÁGIO 3 – PREOCUPAÇÃO/ANTECIPAÇÃO




                            Koob et al., 2009
Estágio 3
• Cingulo anterior, cortex prefrontal, cortex orbito
  frontal – efeitos subjetivos de craving, função
  executiva

• Nucleo basolateral da amigdala – pistas
  condicionadas

• Hipocampo – pistas condicionadas contextuais

 • Neurotransmissores:
 Glu, endocanabinoides, NA, Ach, GABA
ACAMPROSATO (Campral ®) aprovado no Brasil em 2001

• Diminui a liberação do glutamato (modulando os mGluR5), diminui
o influxo de cálcio, diminui a excitabilidade dos receptores
NMDA (agonista parcial), aumenta os níveis de taurina

• O acamprosato reduz a intensidade do craving na abstinência
aguda e prolongada quando da exposição a situações de alto-risco
para beber (pistas condicionadas) (Witte et al., 2005; Spanagel
and Kiefer, 2008).
ACAMPROSATO evidências favoráveis:

•  procura ao álcool em modelo animal de livre escolha
•  sintomas da sindrome de abstinência
•  efeitos aversivos durante a SA
• Nenhum estudo publicado com resultados negativos
• Baixa absorção com biodisponibilidade de cerca de 10%
• Excretado sem metabolização; sem risco de
hepatotoxicidade
• Pode ser usado com precaução em indivíduos com falência
renal
• Poucos efeitos adversos; diarréia é o mais freqüente
TOPIRAMATO

• Aprovado para uso antiepiléptico

• Inibe a atividade glutamatérgica (AMPA e kainato)

•Diminui consumo e preferência em camundongos (Gabriel and
Cunningham, 2005; Gremel et al., 2006; Farook et al., 2009)

• Diminui o consumo e aumenta o número de dias em abstinência
em humanos para álcool e cocaina (Johnson et al., 2007; Olmsted
and Kockler, 2008)

• Diminui obesidade, hipertensão, anormalidades no figado e
colesterol

• Prejuízo cognitivo reversível
GABAPENTINA

• Aprovado para uso antiepiléptico

• Modulador dos canais voltagem-dependente de Ca++
tipo N, modulador do receptor GABAA e do tonus
glutamatergico

• Diminui o craving subjetivo e o evocado por emoção,
melhora a qualidade do sono (Mason et al., 2009)

• Gabapentina + naltrexone: melhor que naltrexone
sozinho, melhora SA aguda e previne recaída (Anton et
al., 2011, projeto COMBINE)
PROPRANOLOL

• Diminui a associação de pistas, principalmente relacionadas
ao estresse

• Bloqueio da re-consolidação (amnésia dependente de pista)
quando administrado no momento da reativação da memória
 ação na amigdala basolateral (BLA) e nucleo accumbens
core (mesmo efeito de antagonista NMDA-R, como
dizolcipina)

• Diminuiu as recaídas para cocaina num estudo controlado e
randomizado
Estágios da Adição
• Estágio III – estágio final da adição
  • Uma das mudanças observadas é a redução
    nas respostas de receptores acoplados a Gi
    por uma elevação nas proteinas AGS3 que se
    acoplam a Gi  aumento na atividade das
    projeções glu do c.pre-frontal para o Nacc
  • Em ratos adictos de cocaína, a normalização
    de AGS3 evita a procura pela droga
Estágios da Adição
• Estágio III – estágio final da adição
• No NAcc:
  •  Liberação de glu na pré-sinapse:
   na troca cysteina-glutamato na glia
  Regulação pelos autoR mGlu
  Alteração na organização das vesículas


                                           (cont.)
Estágios da Adição
• Estágio III – estágio final da adição
• No NAcc:
  •  Responsividade pós-sinaptica ao glu:
   Proteinas estruturais da membrana (PSD-
    95, Homer)
  Animais com deleção genética de Homer:
   Troca cisteina-glu na glia; AGS3;
     liberação de glu;  resposta
    comportamental à cocaina (~ adictos)

                     
                         
    


            




      Mudanças observadas na adição
Alvos glutamatérgicos no CPF/NAcc
                       para
        tratamento farmacológico da Adição
    Objetiva interferir na saliência aumentada da droga ou
    das pistas relacionadas à droga

•   Inibir AGS3
•   Aumentar troca glial Cys/glu (ex. N-acetilcysteina)
•   Agonista mGluR2/3 pré-sinaptico
•   Antagonista mGluR5 pós-sinaptico
•   Antagonista AMPA
•   Restabelecer PSD-95
•   Promover Homer
MODULADORES GLUTAMATERGICOS

• Antagonistas mGluR5 e agonistas mGluR2 e mGluR3
diminuem a função glutamatergica  bloqueio da auto-
administração induzida por pistas em animais (Schroeder
et al., 2008; Zhao et al., 2006)

• Memantina, antagonista não competitivo NMDA –
reduziu craving pelo álcool em humanos em laboratório
(Bisaga; Evans, 2004; Krupitsky et al., 2007) e melhora
nos efeitos subjetivos em dependentes de heroina
(Evans et al., 2007). Efeitos colaterais muito intoleráveis
(Comer; Sullivan, 2007)
MODULADORES GLUTAMATERGICOS

• D-cicloserina, agonista parcial NMDA no sitio da glicina
– facilita a extinção do CPP para cocaina (Paolone et al.,
2009); reduziu craving em fumantes (Santa Ana et al.,
2009) e reduziu craving para cocaina em humanos (Price
et al., 2009).

• N-Acetilcisteina, anti-oxidante, ativa a troca de glu por
cisteina na glia – em humanos, reduziu sintomas da SA e
craving para cocaina (LaRowe et al., 2007, 2007), e
reduziu o craving para maconha (Gray et al., 2010).
Evidencias científicas sugerem o uso de
medicamentos para aumentar a efetividade
dos tratamentos psicossociais (Litten et al.
1996, 2012)
Psicoterapia da Adição
• Aumentar o valor da saliência de reforçadores
naturais (inclusive suporte social)
• Fortalecer o controle inibitório e a função
executora
• Diminuir respostas condicionadas através de
monitoramento e enfrentamento
• Promover a re-consolidação da memoria (Milton;
Everitt, 2012)
Obstáculos para tratamento da Adição
• Retenção do paciente ao programa, incluindo a
aderência ao medicamento;
• Custo da manutenção num programa de tratemtno
prolongado;
• A estigmatização do adicto  importante barreira
para desenvolver um novo estilo de vida, sem droga;
• Manter a abstinencia quando o indivíduo retorna ao
ambiente previamente pareado com a droga.
A adição é um fenômeno bio-psico-social e
seu tratamento deve ser integrativo e
analítico e não reducionista (Kalant, 2009;
Cunningham; McCambridge, 2011)

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  • 1. Neurobiologia da adição: base do tratamento de transtornos pelo uso de substancias Profa. Dra. Roseli Boerngen de Lacerda Professora Associada do Departamento de Farmacologia Professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Farmacologia Mestre em Farmacologia e Doutora em Psicobiologia E-mail: boerngen@ufpr.br
  • 2. Níveis de tratamento Drogas aguda intoxicação – mecanismos de ação  efeitos centrais e periféricos crônica contra-adaptação Tolerância Sindrome de Abstinência dependência/adição efeitos deletérios (3 estágios) centrais e periféricos
  • 3. Classificação de Chalout Psicoativos (1971) • Depressores ou Psicolépticos • Álcool, benzodiazepínicos ansiolíticos, hipnóticos, inalantes, opióides, antipsicóticos. • Estimulantes ou Psicoanalépticos • Cocaína, anfetaminas, nicotina, xantinas, outros. • Inibidores da MAO, tricíclicos, Inibidores Seletivos da Recaptação de monoaminas. • Perturbadores ou Psicodislépticos (Alucinógenos) • Naturais: maconha, mescalina, psilocibina, ayuhasca • Sintéticos: LSD, MDMA (ecstasy), fenciclidina, quetamina, anticolinérgicos, outros.
  • 4. DROGA: Substância química ou mistura de substâncias que altera a função biológica e possivelmente a sua estrutura (OMS, 1981) DROGA PSICOATIVA: São as drogas que alteram o comportamento, humor e cognição, agindo nos neurônios e assim afetando o sistema nervoso central (OMS, 1981) DROGA PSICOTRÓPICA: São as drogas que alteram o comportamento, humor e cognição, possuindo propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de auto-administração (OMS, 1981). Em outras palavras, essas drogas podem levar ao abuso e à dependência.
  • 5. Drogas e alimentos podem atuar tanto como reforçadores positivos como negativos: Exemplos: Positivo: comida sabor particularmente agradável droga efeito de euforia, prazer, alteração da consciência, inserir-se no “grupo”  Negativo: comida  alivia a fome (estado desagradável) droga alivia os sintomas de uma síndrome de abstinência, ou ansiedade, dor, outros
  • 6. MECANISMO NEUROBIOLÓGICO COMUM ENTRE AS DROGAS LIBERAÇÃO DE DOPAMINA NO NÚCLEO ACCUMBENS • Ativação das vias de Reforço/Recompensa Cerebral: vias mesolímbica e mesocortical
  • 7. O mecanismo de ação agudo comum de drogas psicotrópicas é a capacidade de ativar a via dopaminérgica mesolímbica, levando a liberação de dopamina (DA) no núcleo accumbens. E. J. Nestler 2005
  • 9. Questões centrais da Adição • Como episódios repetidos de liberação aumentada de DA transformam o comportamento de procura à droga em uso compulsivo? ( DA importante na iniciação ao uso) • Por que muitos indivíduos experimentam uma droga mas “poucos” se tornam dependentes. • Por que o risco de recaída persiste por anos após a suspensão do uso crônico? • Como as pistas relacionadas à droga passam a controlar o comportamento?
  • 10. Teorias da Adição • Teoria da dependência • Teoria da automedicação • Teoria da alostase hedônica • Teoria do aprendizado aberrante • Teoria do incentivo-sensibilização
  • 11. Teorias da Dependência • Teorias mais antigas focalizavam a dependência física como um fator causal da adição • O uso repetido da droga produz neuroadaptações homeostaticas que levam à tolerância e dependência
  • 12. Teorias da Dependência • A suspensão do uso da droga produz sintomas desagradáveis da retirada (SA) (sintomas físicos, anedonia, disforia) • De acordo com essas teorias o uso compulsivo da droga é mantido para evitar a sindrome de abstinência (assim…. Relacionado com reforço negativo)
  • 13. Teorias da Dependência • Limitações das teorias da dependência : • recaída ocorre na ausência da SA • Drogas com SA não-típica causam forte fissura e recaída (ex. Cocaina) • Pistas associadas à droga produzem craving e induzem recaída
  • 14. Teoria da automedicação • Uso continuado da droga para aliviar um transtorno (reforço negativo) • Deveria haver forte relação causal entre transtornos psiquiátricos e abuso/dependencia • Transtorno de conduta na infância  Transtorno de personalidade antissocial (TPAS) no adulto. 67% do TPAS são alcoolistas e 20% dos alcoolistas tem TPAS
  • 15. COMORBIDADES PREVALÊNCIA Comorbidade entre transtornos por uso de álcool e outras drogas atual e na vida e outros transtornos psiquiátricos - Odds ratios (NLAES, NCS e ECA) ATUAL NA VIDA TRANSTORNO ESTUDO T. USO T. USO T. USO T. USO ÁLCOOL OUTRAS ÁLCOOL OUTRAS DROGAS DROGAS USO OUTRAS DROGAS NLAES 25,1 - 13,0 - NCS 20,6 - 13,7 - ECA 7,8 - 5,8 - DEPRESSÃO MAIOR NLAES 3,7 7,2 3,6 5,2 NCS 2,6 3,0 1,9 2,4 ECA 2,7 3,4 1,9 3,5 MANIA NCS 5,6 5,7 4,9 7,4 ECA 3,8 3,2 4,6 - TOC ECA 3,4 3,4 2,1 3,3 FOBIA NCS 2,3 3,9 1,7 2,2 ECA 1,7 1,7 1,4 1,8 PÂNICO NCS 1,4 3,9 1,6 3,0 ECA 4,6 1,0 2,6 3,1 TAG NCS 2,7 5,0 2,0 2,9 ESTRESSE POSTRAUMÁTICO NCS 2,2 2,9 1,7 3,2 PERSONALIDADE ANTISSOCIAL NCS - - 11,3 11,5 ECA - - 14,6 8,9 ATUAL: ECA e NCS, 6 meses; NLAES, 12 meses
  • 16. Teoria da automedicação • Transtorno de conduta na infância  Transtorno de personalidade antissocial (TPAS) no adulto: • Padrões persistentes de impulsividade • Dificuldade de resposta à punição • Agressividade e comportamento criminal • Busca de novidade e sensações novas • Extroversão, ausencia de evitar perigo • Relacionado com alcoolista tipo 2/tipo B (precoce, curso grave, criminalidade, outras drogas) • 67% do TPAS são alcoolistas e 20% dos alcoolistas tem TPAS
  • 17. Teoria da Alostase Hedônica • Uso repetido leva à redução do firing dos circuitos do reforço positivo  gera estresse cronico  afeto negativo  força dominante em direção à droga (craving)
  • 18. Teoria da Alostase Hedônica • Agudamente: • Drogas ativam HPA e  lib CRF • Estresse, CRF e GC   auto-admnistração • Auto-administração na aquisição   GC • Cronicamente: • Estresse  disfunção do reforço + (DA) • Afeto negativo  recaída
  • 19. Impulsividade – reforço positivo Ciclo da adição: Preocupação / craving  aquisição e transição Intoxicação / binge  manutenção Abstinência / estado emocional negativo  recaída ↑CRF ↑Estresse ↑NA Sistema anti-reforço ↓Reforço ↓NPY Compulsividade – reforço negativo Alostasia
  • 20. Teorias do Aprendizado Aberrante • A adição às drogas é resultado de processos aberrantes de aprendizado promovidos pelas drogas • Este aprendizado aberrante pode envolver várias formas de aprendizado:
  • 21. Teorias do Aprendizado Aberrante 1) Aprendizado R-O - resposta direcionada ao objetivo 2) Aprendizado S-R - resposta condicionada ao estímulo (hábito) 3) Aprendizado S-S - resposta condicionada a pistas
  • 22. Teorias do Aprendizado Aberrante Robbins and Everitt (1999) • Efatizam o aprendizado S-R (hábito) • Uso cronico da droga resulta na transição da procura direcionada à droga (aprendizado R-O) para a procura habitual pela droga (aprendizado S-R)
  • 23. Teorias do Aprendizado Aberrante Di Chiara e colaboradores (1998) • Enfatizam o aprendizado S-S • Uso crônico da droga fortalece as associações estímulos-droga de maneira que os estímulos associados à droga adquirem a habilidade de controlar o comportamento
  • 24. Teoria do Aprendizado Aberrante • Uso cronico da droga resulta na transição da procura direcionada à droga (aprendizado R-O) para a procura habitual pela droga (aprendizado S-R) • Uso crônico da droga fortalece as associações estímulos-droga de maneira que as pistas associadas à droga (estimulos extero e interoceptivos) adquirem a habilidade de controlar o comportamento (aprendizado S-S)
  • 25. Fissura / craving: desejo impetuoso, impulsivo e quase compulsivo para buscar e consumir uma droga. Fatores que podem eliciar a fissura: • pistas exteroceptivas (ambientais): • pistas interoceptivas: situações de estresse, emoções, afeto negativo APRENDIZADO?????
  • 26. Teoria do Incentivo-Sensibilização • drogas sensibilizam os mecanismos neurais relacionados ao reforço que medeiam a atribuição da saliência do incentivo (“sequestro das vias”) • Resulta na atribuição excessiva da saliência do incentivo para as motivações relacionadas à droga, causando o “querer” patologico pela droga (no início “gostar”)
  • 27. NEUROBIOLOGIA DA ADIÇÃO Resultante de todas teorias: • Neuroadaptações homeostáticas e alostáticas • Importância do reforço negativo da SA e da automedicação • Importância da resposta motivacional (R-O)  sistema de recompensa • Importância do hábito (S-R) • Importância dos estímulos associados (S-S) • Importância da saliência do incentivo
  • 28. Neuroplasticidade e Adição • Uso repetido da droga produz varias adaptações neurais que levam à adição similares àquelas envolvidas no aprendizado e memória • Neuroplasticidade  reforça as conexões sinápticas existentes e remodela (formação ou eliminação) outras.
  • 29. Neuroplasticidade e Adição • sinapses excitatorias nos neuronios DA da ATV expressam long-term potentiation (LTP) • ATV é crítica para o desenvolvimento de sensibilização comportamental – pode ser dependente da LTP nos neurônios DA na ATV
  • 30. Neuroplasticidade e Adição • Exposição aguda in vivo induz LTP na ATV nos neuronios DA – efeito de média duração (5 dias) • Exposição cronica produz mudanças na morfologia dos dendritos no NAcc – efeito de longa duração (30+ dias)
  • 32. Neuroplasticidade e Adição • A plasticidade sináptica reorganiza os circuitos neurais através da alteração da expressão gênica e proteica em resultado a LTP e LTD (NMDA-R e AMPA-R). • Mecanismos moleculares envolvidos: • Fosforilação de proteinas-chave • Alterações na disponibilidade de receptores glu nas sinapses • Regulação da expressão gênica
  • 33.
  • 34. Neuroplasticidade e Adição • Estágio I – efeitos agudos das drogas • Efeitos reforçadores com liberação DA suprafisiológica no circuito motivacional induzindo mudanças na sinalização celular: DA +  D1R +  PKA +  CREB  indução de cFos  mudanças neuroplásticas de curta duração (poucas horas ou dias)
  • 35. Neuroplasticidade e Adição • Estágio II – transição • Uso repetido acumula as mudanças na função neuronal: • DA +  D1R +  proteinas com meia vida longa como FosB • FosB é um regulador transcricional que modula a síntese de certas subunidades do AMPA-R e de certas enzimas sinalizadoras da célula (tirosina-hidroxilase, RGS9-2, autoR-D2, DAT  Mudanças compensatórias não responsáveis diretas da transição)
  • 36. Neuroplasticidade e Adição • Estágio II – transição • FosB passa a ser “overexpressed” desencadeando um perfil de expressão gênica distinto daquele normal  aumento da resposta ao reforço e às pistas relacionadas ao reforço (adição)
  • 37. Neuroplasticidade e Adição • Estágio III – estágio final da adição • Mudanças na expressão de proteinas conferem vulnerabilidade para recaída. • “Redirecionamento” do sistema DA para o Glu  adaptações celulares nas projeções glu do c. préfrontal para o NAcc
  • 38. ESTÁGIO 1 - INTOXICAÇÃO Koob et al., 2009
  • 39. Estágio 1 • Estriado ventral (NAc) – euforia, reforço positivo • Estriado dorsal – hábito, repetição • Globo pálido – hábito, repetição • Tálamo – hábito, repetição • Neurotransmissores: DA, Opioides, GABA, Glu, endocanabinoides, 5-HT
  • 42. NALTREXONE: ANTAGONISTAS OPIÓIDES: naltrexone (Revia®) nalmefene (- hepatotoxico) Volpicelli et al 1992; O’Malley et al 1992:  recaídas  craving  número de drinques Aprovado em 1994 nos EUA e em 2000 no Brasil
  • 43. NALTREXONE - evidências favoráveis: • O álcool afeta a produção e a liberação dos opióides endógenos • Os opióides liberam dopamina --> efeitos reforçadores do álcool. Mais acentuado em ratos P. • Os antagonistas opióides inibem o reforço induzido pelo álcool e o comportamento consumatório geral • Indivíduos FH+, de alto-risco genético, tem um aumento exagerado induzido pelo álcool nos níveis de - endorfina, e são mais responsivos ao tratamento com naltrexone (polimorfismo no gene OPRM1 que codifica o receptor μ opioide) • Preparação de naltrexone Depot aumenta a aderência
  • 44. NALTREXONE - evidências contrárias: • Alguns estudos clínicos nenhuma eficácia • Eficácia somente para subgrupo com aderência 80 - 90% • Efeitos adversos, principalmente náusea --> abandono --> limitam o seu emprego em centros de atenção primária e secundária • Identificação de subgrupos de alcoolistas mais responsivos ao naltrexone é um importante objetivo científico • Naltrexone diminui consumo mas não em camundongos adictos (Fachin-Scheit et al., 2006)
  • 45. Modelo de adição para camundongos
  • 46.
  • 47. BACLOFENO • Agonista GABA B: Diminui a liberação de NT como glutamato e aspartato e modula os canais GIRK  inibe o sistema mesolimbico cortical • Reduz o craving e consumo do álcool (Addolorato et al., 2007) • Muita sedação  limita o uso •Diminui consumo em camundongos “light drinkers” mas não altera consumo nos “addicted” (Villas-Boas et al. 2012) e a expressão dos receptores GABA-B em áreas relacionadas com a adição está alterada nos “adictos” (Frozino-Ribeiro et al., 2012).
  • 48.
  • 49.
  • 50. RIMONABANT • Proposto como anti-craving para nicotina, álcool, cocaína e heroína • Antagonista canabinoide (CB1) • Bastante efetivo para pacientes obesos que desejam parar de fumar. • Não foi aprovado pelo FDA (alto risco de suicídio)
  • 51. Relação da serotonina com o álcool: • Em animais os ISRSs (fluoxetina, citalopram) diminuem o consumo de álcool; entretanto, ocorre uma redução geral nos comportamentos consumatórios. • Alcoolistas de início precoce (tipo B - EOA) comparados com os de início tardio (tipo A - LOA), apresentam níveis reduzidos de 5- hydroxyindoleacetic acid (5-HIAA), no líquido cerebrospinal. • Os ISRS não foram eficazes para os alcoolistas tipo B (EOA) • Os ISRS foram eficazes para os alcoolistas tipo A (LOA) • Os ISRS tem sido empregados para tratar alcoolistas com quadros de depressão concomitantes ou decorrentes. • Ondansetrona, antagonista 5-HT3, reduziu o consumo nos EOA (grande envolvimento da 5-HT no comportamento antissocial)
  • 52. CONTRIBUTION OF SEROTONIN 5-HT2 RECEPTOR TO THE ETHANOL- INDUCED SENSITIZATION AND ETHANOL CONSUMPTION IN MICE. R. Boerngen-Lacerda; Y. Jamal; D. Correia; F.O. Goeldner; In: Nova Science Publishers, Inc., Serotonin: Biosynthesis, Regulation and Health Implications, 2012 (prelo) Mianserin effect on voluntary ethanol consumption
  • 53. DISSULFIRAM inibe ADH ALDH etanol ------------> acetaldeido ------------> ácido acético ingestão de álcool concomitante: rubor facial indo para todo o corpo, cefaléia latejante, dificuldade respiratória, náusea, vômito, sudorese, fraqueza, dor torácica, visão turva, vertigem, hipotensão. ---> EFEITO AVERSIVO PERIFÉRICO associado ao álcool • Algumas evidências positivas para a cocaína (talvez pela ação de inibição da dopamina beta hidroxilase)
  • 54. ESTÁGIO 2 – AFETO NEGATIVO/SA Koob et al., 2009
  • 55. Estágio 2 • Amigdala extendida (amigdala e nucleo do leito da estria terminal) – desconforto, disforia, estado emocional negativo (reforço negativo) • Estriado ventral – diminuição do reforço positivo • Ativação do sistema de resposta ao estresse (CRF liberado no eixo HPA e extra-hipotalamico) • Neurotransmissores: DA,GABA, Glu, CRF, NA, NpY, dinorfina, Subst P
  • 56. ANTAGONISTAS CRF • Reverte ansiedade na abstinência aguda e prolongada em animais dependentes (Valdez et al., 2002, Knapp et al., 2004; Overstreet et al., 2004; Funk et al., 2007; Gehlert et al., 2007) • Estudos em humanos em andamento
  • 57.
  • 58. Tese de doutorado do Diego Correia INFLUÊNCIA DO FATOR DE LIBERAÇÃO DE CORTICOTROFINAS (CRF) E DAS UROCORTINAS NO DESENVOLVIMENTO DE ADIÇÃO AO ETANOL EM CAMUNDONGOS Uso do antagonista de receptor para CRF: antalarmine Determinação do mRNA nos diferentes grupos
  • 59. DINORFINA • Agonista kappa opioide  relacionado com depressão e disforia • Antagonista kappa  diminui auto-administração em ratos dependentes em abstinência (Walker and Koob, 2008) • Estudos em humanos em andamento
  • 60. PRAZOSIN • Antagonista alfa1-adrenérgico, atua no sistema modulador central do estresse (CRF-NA) • Diminui auto-administração e sinais de abstinência em ratos dependentes (Walker et al., 2008) • Estudos em humanos em andamento
  • 61. NEUROPEPTIDEO Y, NOCICEPTINA, SUBSTANCIA P • Ação contrária ao sistema de estresse ligado ao CRF • Agonistas NY e nociceptina  diminui consumo em ratos dependentes (Heilig et al., 1994; Ciccocioppo et al., 2000) • Antagonista da Substancia P  diminui consumo em camundongos HAD e diminui craving em humanos (George et al., 2008)
  • 62. Tratamento da dependência à cocaína: • Agonistas parciais • “estabilizadores dopaminérgicos” • ação antagonista no autorreceptor  libera DA • em doses altas ou ação elevada dopaminérgica  bloqueio pós-sináptico. • AJ76, UH232, DS131: Reduzem a atividade locomotora induzida pela cocaína, quando administradas simultaneamente a cocaína ou 30 minutos após; diminui a auto-administração da cocaína em animais. • Terguride: Reverte os efeitos da anfetamina e diminui a sua auto-administração. • Aripiprazol: aprovado para tratamento de esquizofrenia (interesse do NIDA)
  • 63. ESTÁGIO 3 – PREOCUPAÇÃO/ANTECIPAÇÃO Koob et al., 2009
  • 64. Estágio 3 • Cingulo anterior, cortex prefrontal, cortex orbito frontal – efeitos subjetivos de craving, função executiva • Nucleo basolateral da amigdala – pistas condicionadas • Hipocampo – pistas condicionadas contextuais • Neurotransmissores: Glu, endocanabinoides, NA, Ach, GABA
  • 65. ACAMPROSATO (Campral ®) aprovado no Brasil em 2001 • Diminui a liberação do glutamato (modulando os mGluR5), diminui o influxo de cálcio, diminui a excitabilidade dos receptores NMDA (agonista parcial), aumenta os níveis de taurina • O acamprosato reduz a intensidade do craving na abstinência aguda e prolongada quando da exposição a situações de alto-risco para beber (pistas condicionadas) (Witte et al., 2005; Spanagel and Kiefer, 2008).
  • 66. ACAMPROSATO evidências favoráveis: •  procura ao álcool em modelo animal de livre escolha •  sintomas da sindrome de abstinência •  efeitos aversivos durante a SA • Nenhum estudo publicado com resultados negativos • Baixa absorção com biodisponibilidade de cerca de 10% • Excretado sem metabolização; sem risco de hepatotoxicidade • Pode ser usado com precaução em indivíduos com falência renal • Poucos efeitos adversos; diarréia é o mais freqüente
  • 67. TOPIRAMATO • Aprovado para uso antiepiléptico • Inibe a atividade glutamatérgica (AMPA e kainato) •Diminui consumo e preferência em camundongos (Gabriel and Cunningham, 2005; Gremel et al., 2006; Farook et al., 2009) • Diminui o consumo e aumenta o número de dias em abstinência em humanos para álcool e cocaina (Johnson et al., 2007; Olmsted and Kockler, 2008) • Diminui obesidade, hipertensão, anormalidades no figado e colesterol • Prejuízo cognitivo reversível
  • 68. GABAPENTINA • Aprovado para uso antiepiléptico • Modulador dos canais voltagem-dependente de Ca++ tipo N, modulador do receptor GABAA e do tonus glutamatergico • Diminui o craving subjetivo e o evocado por emoção, melhora a qualidade do sono (Mason et al., 2009) • Gabapentina + naltrexone: melhor que naltrexone sozinho, melhora SA aguda e previne recaída (Anton et al., 2011, projeto COMBINE)
  • 69. PROPRANOLOL • Diminui a associação de pistas, principalmente relacionadas ao estresse • Bloqueio da re-consolidação (amnésia dependente de pista) quando administrado no momento da reativação da memória  ação na amigdala basolateral (BLA) e nucleo accumbens core (mesmo efeito de antagonista NMDA-R, como dizolcipina) • Diminuiu as recaídas para cocaina num estudo controlado e randomizado
  • 70. Estágios da Adição • Estágio III – estágio final da adição • Uma das mudanças observadas é a redução nas respostas de receptores acoplados a Gi por uma elevação nas proteinas AGS3 que se acoplam a Gi  aumento na atividade das projeções glu do c.pre-frontal para o Nacc • Em ratos adictos de cocaína, a normalização de AGS3 evita a procura pela droga
  • 71. Estágios da Adição • Estágio III – estágio final da adição • No NAcc: •  Liberação de glu na pré-sinapse:  na troca cysteina-glutamato na glia Regulação pelos autoR mGlu Alteração na organização das vesículas (cont.)
  • 72. Estágios da Adição • Estágio III – estágio final da adição • No NAcc: •  Responsividade pós-sinaptica ao glu:  Proteinas estruturais da membrana (PSD- 95, Homer) Animais com deleção genética de Homer:  Troca cisteina-glu na glia; AGS3;  liberação de glu;  resposta comportamental à cocaina (~ adictos)
  • 73.       Mudanças observadas na adição
  • 74. Alvos glutamatérgicos no CPF/NAcc para tratamento farmacológico da Adição Objetiva interferir na saliência aumentada da droga ou das pistas relacionadas à droga • Inibir AGS3 • Aumentar troca glial Cys/glu (ex. N-acetilcysteina) • Agonista mGluR2/3 pré-sinaptico • Antagonista mGluR5 pós-sinaptico • Antagonista AMPA • Restabelecer PSD-95 • Promover Homer
  • 75. MODULADORES GLUTAMATERGICOS • Antagonistas mGluR5 e agonistas mGluR2 e mGluR3 diminuem a função glutamatergica  bloqueio da auto- administração induzida por pistas em animais (Schroeder et al., 2008; Zhao et al., 2006) • Memantina, antagonista não competitivo NMDA – reduziu craving pelo álcool em humanos em laboratório (Bisaga; Evans, 2004; Krupitsky et al., 2007) e melhora nos efeitos subjetivos em dependentes de heroina (Evans et al., 2007). Efeitos colaterais muito intoleráveis (Comer; Sullivan, 2007)
  • 76. MODULADORES GLUTAMATERGICOS • D-cicloserina, agonista parcial NMDA no sitio da glicina – facilita a extinção do CPP para cocaina (Paolone et al., 2009); reduziu craving em fumantes (Santa Ana et al., 2009) e reduziu craving para cocaina em humanos (Price et al., 2009). • N-Acetilcisteina, anti-oxidante, ativa a troca de glu por cisteina na glia – em humanos, reduziu sintomas da SA e craving para cocaina (LaRowe et al., 2007, 2007), e reduziu o craving para maconha (Gray et al., 2010).
  • 77. Evidencias científicas sugerem o uso de medicamentos para aumentar a efetividade dos tratamentos psicossociais (Litten et al. 1996, 2012)
  • 78. Psicoterapia da Adição • Aumentar o valor da saliência de reforçadores naturais (inclusive suporte social) • Fortalecer o controle inibitório e a função executora • Diminuir respostas condicionadas através de monitoramento e enfrentamento • Promover a re-consolidação da memoria (Milton; Everitt, 2012)
  • 79. Obstáculos para tratamento da Adição • Retenção do paciente ao programa, incluindo a aderência ao medicamento; • Custo da manutenção num programa de tratemtno prolongado; • A estigmatização do adicto  importante barreira para desenvolver um novo estilo de vida, sem droga; • Manter a abstinencia quando o indivíduo retorna ao ambiente previamente pareado com a droga.
  • 80. A adição é um fenômeno bio-psico-social e seu tratamento deve ser integrativo e analítico e não reducionista (Kalant, 2009; Cunningham; McCambridge, 2011)