O documento descreve a história do cordel nordestino e seus principais autores. Começa explicando o que é cordel e como surgiu no Nordeste brasileiro. Também apresenta alguns dos maiores nomes da literatura de cordel, como Leandro Gomes de Barros, considerado o primeiro escritor do gênero, e Patativa do Assaré, poeta e cantor cearense. Por fim, resume a história do poema "Pavão Mysteriozo".
4. Cordel segundo o dicionário:
s.m. Corda muito delgada; cordinha.
Bras. Literatura de cordel, o romanceiro
popular nordestino, que se distingue em
dois grandes grupos: o da poesia
improvisada, cantada nas "cantorias", e o
da poesia tradicional, de composição
literária, contida em folhetos pobremente
impressos e vendidos a baixo preço nas
feiras, esquinas e mercados do Nordeste.
6. Repente (conhecido também como desafio)
é uma tradição
folclórica brasileira
cuja origem remonta aos trovadores
medievais. Especialmente forte no
nordeste brasileiro, é uma mescla
entre poesia e música na qual
predomina o improviso – a criação
de versos "de repente”
8. Leandro Gomes de Barros ( Pombal, 19 de
novembro de 1865
— Recife, 4 de março de 1918). É considerado por
alguns como o
primeiro escritor brasileiro de literatura de
cordel, tendo escrito
mais de 230 obras.
Suas obras inspiraram outros grandes autores,
como podemos citar:
Ariano Suassuna que escreveu O Auto da
Compadecida inspirado nas obras:O Cavalo Que
Defecava Dinheiro e O Testamento do Cachorro.
9. Antônio Gonçalves da Silva, dito
Patativa do Assaré, nasceu a 5 de
março de 1909 na Serra de
Santana, pequena propriedade
rural, no município de Assaré, no Sul
do Ceará. De família pobre Patativa só
passou seis meses na escola. Além de
poeta foi cantor e compositor. Em 08
de julho de 2002 faleceu na cidade
que lhe emprestava o nome.
10. A treze do mês
Ele fez experiência
Perdeu sua crença
Nas pedras de sal,
Meu Deus, meu Deus
Mas noutra esperança
Com gosto se agarra
Pensando na barra
Do alegre Natal
Ai, ai, ai, ai
11. Sem chuva na terra
Rompeu-se o Natal Descamba Janeiro,
Porém barra não veio Depois fevereiro
O sol bem vermeio E o mesmo verão
Nasceu muito além Meu Deus, meu
Meu Deus, meu Deus Deus
Na copa da mata Entonce o nortista
Buzina a cigarra Pensando consigo
Ninguém vê a barra Diz: "isso é castigo
Pois a barra não tem não chove mais
Ai, ai, ai, ai não"
Ai, ai, ai, ai ...
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Eu vou contar uma história O velho turco era dono
De um pavão misterioso Duma fábrica de tecidos
Que levantou vôo na Grécia Com largas propriedades
Com um rapaz corajoso Dinheiro e bens possuídos
Raptando uma condessa Deu de herança a seus filhos
Filha de um conde orgulhoso. Porque eram bem unidos.
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Residia na Turquia Depois que o velho morreu
Um viúvo capitalista Fizeram combinação
Pai de dois filhos solteiros Porque o tal João Batista
O mais velho João Batista Concordou com o seu irmão
Então o filho mais novo E foram negociar
Se chamava Evangelista. Na mais perfeita união.
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5
Respondeu Evangelista:
Um dia João Batista
- Vai que eu ficarei
Pensou pela vaidade
regendo os negócios
E disse a Evangelista:
como sempre eu trabalhei
- Meu mano eu tenho vontade
garanto que nossos bens
de visitar o estrangeiro
com cuidado zelarei.
se não te deixar saudade.
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- Quero te fazer um pedido:
- Olha que nossa riqueza
procure no estrangeiro
se acha muito aumentada
um objeto bonito
e dessa nossa fortuna
só para rapaz solteiro;
ainda não gozei nada
traz para mim de presente
portanto convém qu'eu passe
embora custe dinheiro
um ano em terra afastada.
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João Batista entrou na Grécia
João Batista prometeu
Divertiu-se em passear
Com muito boa intenção
Comprou passagem de bordo
De comprar um objeto
E quando ia embarcar
De gosto de seu irmão
Ouviu um grego dizer
Então tomou um paquete
Acho bom se demorar.
E seguiu para o Japão.
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João Batista no Japão
João Batista interrogou:
Esteve seis meses somente
- Amigo fale a verdade
Gozando daquele império
por qual motivo o senhor
Percorreu o Oriente
manda eu ficar na cidade?
Depois voltou para a Grécia
Disse o grego: - Vai haver
Outro país diferente.
Uma grande novidade.
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- Mora aqui nesta cidade - De ano em ano essa moça
um conde muito valente bota a cabeça de fora
mais soberbo do que Nero para o povo adorá-la
pai de uma filha somente no espaço de uma hora
é a moça mais bonita para ser vista outra vez
que há no tempo presente tem um ano de demora.
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- É a moça em que eu falo O conde não consentiu
Filha do tal potentado Outro homem educá-la
O pai tem ela escondida Só ele como pai dela
Em um quarto de sobrado Teve o poder de ensiná-la
Chama-se Creuza e criou-se E será morto o criado
Sem nunca ter passeado. Que dela ouvir a fala.
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Às quatro da madrugada O rapaz disse: - Menina
Evangelista desceu A mim não fizeste mal
Creuza estava acordada Toda a moça é inocente
Nunca mais adormeceu Tem seu papel virginal
A moça estava chorando Cerimônia de donzela
O rapaz lhe apareceu. É uma coisa natural.
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O jovem cumprimentou-a - Todo o seu sonho dourado
Deu-lhe um aperto de mão é fazer-te minha senhora
A condessa ajoelhou-se se quiseres casar comigo
Para pedir-lhe perdão te arrumas e vamos embora
Dizendo: - Meu pai mandou senão o dia amanhece
Eu fazer-te uma traição e se perde a nossa hora.
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- Se o senhor é homem sério
e comigo quer casar
pois tome conta de mim
aqui não quero ficar
se eu falar em casamento
meu pai manda me matar.
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- Que importa que ele mande
tropas e navios pelos mares
minha viagem é aérea
meu cavalo anda nos ares
nós vamos sair daqui
casar em outros lugares...
23. .
Pavão Mysteriozo composta por
José Ednardo Soares
Costa Souza ( Ednardo), já foi
gravada por grandes
nomes da MPB como Amelinha,
Belchior e Ney Matogrosso