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A PRESENÇA JUVENIL NO ESPAÇO RELIGIOSO BRASILEIRO

                                                           José Aniervson Souza dos Santos1




Falar da presença juvenil no campo religioso brasileiro, num primeiro momento, é
caracterizar suas práticas religiosas. Podemos dizer que o que pode impulsionar
os mesmos a aderirem a tais práticas religiosas, além de outros motivos, são suas
concepções morais e familiares. Sim, a família tem um papel influenciador na
escolha da religião do jovem, porém não decisório, pois cada dia mais cresce o
índice de jovens que buscam por religiões diferentes de seus pais muitas vezes e
crescentemente como buscas por outros horizontes.

Com isso, dizer que um dos maiores motivos da busca pela religião seja a de dar
sentido a vida, embora algumas pessoas só a procurem em algum momento
específico da sua vida. A religião, nesse contexto, também assume a “função” de
agregação social. A sociedade costuma se agregar a partir de divisões sociais
etárias, econômicas, étnicas, geográficas, entre outras. A religião como agregador
social também assume essas características, embora seus adeptos não adiram ao
sistema por completo. O que costuma ser o fator comum agregador nos espaços
religiosos é a busca de contato com o sagrado.

Vale ressaltar também o papel da religião como fonte de regras de conduta,
mediando o que pode e o que não pode ser consumido, e a maneira de estar no
mundo e de se posicionar nele. Podemos dizer então que a adesão religiosa traz
diversas repercussões na vida das pessoas. Ela tem papel influenciador nas
tomadas de decisões dos seus adeptos e atua diretamente em questões sociais de
interesse comum, chegando algumas vezes a interferir no processo democrático,
na medida em que incide sobre as escolhas políticas das pessoas. A presença da
religião na sociedade é marcada por desenhos institucionais que compõem o
cenário brasileiro. Em nosso país várias religiões funcionam como estruturas que
se apresentam como reguladoras e guardiãs dos direitos humanos e


1
  Possui Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Pernambuco – UPE e Pós-graduação em
Juventude no Mundo Contemporâneo pela FAJE. Atua na área de juventude há mais de 10 anos
acompanhando e assessorando grupos juvenis e instituições que trabalham com jovens. Desenvolve
acompanhamento a projetos governamentais que lidam com o público jovem. Já atuou na área social
em projetos do governo federal, lindando com famílias vulneráveis e em situação de risco, coordenando
atividades de aumento da autoestima, valorização pessoal, qualificação profissional e educacional,
reaproveitamento e tecnologia. Coordenou durante muitos anos a Pastoral da Juventude na Diocese de
Nazaré/PE,. Participou da comissão nacional de coordenação do Projeto da Pastoral da Juventude
intitulado “A Juventude quer Viver”, representando o Regional Nordeste 2 (CNBB). Foi Diretor
Presidente do Instituto de Protagonismo Juvenil – IPJ. Publicou 3 materiais de pesquisas desenvolvidos
pelo IPJ. Atuou na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE) e no Programa ATITUDE do
Estado de Pernambuco. Foi Assessor Técnico do CMDCA e membro da Comissão Municipal Pró-Selo
Unicef em Surubim/PE. Atualmente é Development Instructor no Institute for Internacional Cooperation
and Development – IICD/Michigan/USA.
desempenham papel de interferência, muitas vezes, entre o povo e os governos,
falando pelo povo, representando-os.

É correto afirmar também que a presença, tanto do jovem quanto de outros
segmentos etários nas igrejas, não quer dizer que estes assumem por completo o
compromisso com aquela doutrina específica. O que se pode observar é que a
pessoa começa a estabelecer uma “negociação” com o corpus doutrinário da
religião que escolheu. Citar, por exemplo, a atitude de alguém que se diz católico e
que ao mesmo tempo se diz a favor do uso de métodos contraceptivos artificiais é
dar forma aos “acordos” feitos entre o adepto e a estrutura religiosa. Isso não quer
dizer que esses acordos sejam firmados com o consentimento dos responsáveis
religiosos, pelo contrário, por iniciativa própria o indivíduo costuma firmar suas
negociações para que suas ideologias possam sobreviver e conviver com aquele
determinado sistema religioso.

O que também é comum são as pessoas aderirem a diversos sistemas religiosos
para ampliar as possibilidades de relação com o sagrado. Já não se encontra
numa única religião uma “fórmula” absoluta de fortalecer o espiritual. A adesão a
diversos sistemas religiosos não quer dizer também o descompromisso ou a falta
do zelo religioso. Pelo contrário, se busca outras práticas religiosas quando a sua
de origem já não lhe satisfaz ou não consegue lhe ajudar a experimentar e se
aproximar do sagrado. O que chama atenção é que muitas vezes as adesões
religiosas feita pelas pessoas entram em conflito umas com as outras. Não se
adere a sistemas iguais ou semelhantes entre si. O que é comum são pessoas
aderirem a práticas espirituais distintas uma das outras. Há história de pessoas
que participam da missa ou do culto dominical e procuram centros espíritas para
tomarem um passe ou quem freqüente terreiros de candomblé e também
freqüentem igrejas cristãs.

Olhar para essas realidades é também perceber que a juventude encara a religião
como um momento de experimentação. Da mesma forma que os jovens estão
experimentando o trabalho, o namoro, a escola, a sexualidade, as drogas, o corpo,
eles também experimentam a religião. Ela precisa fazer sentido em sua vida para
que justifique uma aproximação e adesão. Aqui também o jovem procura por freios
sociais e sentido de pertença ao mundo. À medida que ele deseja algo que o faça,
por meios espirituais, conseguir uma convivência sadia no mundo, ele também
almeja se sentir integrante do cosmo social. Ele deseja e precisa se sentir
responsável por seus atos e ações, mas isso, é claro, não pode ser
demasiadamente acusador e imposto, pois nesse período da vida, os jovens quase
não toleram a imposição e as obrigações impostas sem suas contribuições diretas
na construção dessas regras.

Ao analisar o campo religioso, é preciso considerar também as pessoas ditas “sem
religião”. Essas estão distantes de não acreditarem ou não buscarem o sagrado.
Mais pessoas em todo o mundo e especialmente no Brasil, como mostram
diversas pesquisas, não aderem a nenhuma religião específica, mas têm em seus
momentos de reflexão seu contato com o sagrado. Esses acreditam que não
precisam estar imersos numa instituição religiosa para sentirem a presença de
Deus ou invocá-lo. Os “sem religião” crescem no Brasil como imagem da liberdade
de escolha religiosa. Quando não estiver se sentindo bem ou não mais se acredita
num sistema religioso, busca-se mesmo continuar sua vida espiritual de sua
própria forma. Será então nesse momento que se procura também não aderir a um
único sistema religioso?

O que se sabe até aqui é que os jovens são muito religiosos. Talvez seja correto
afirmar que há na juventude uma prática religiosa em maior visibilidade do que nas
outras faixas etárias. Quem nunca viu um jovem no dia de vestibular, sentado em
sua cadeira com a prova na mão, fazer o sinal da cruz e esse mesmo jovem
“nunca” freqüentar uma igreja? Ou, jovens estritamente religiosos, adeptos a um
sistema religioso, praticante, conhecedor de sua doutrina, serem violentos, muitas
vezes, consigo mesmos? Estão os jovens na fase da vida em que se deseja
experimentar o máximo de oportunidades para depois poderem fazer suas
escolhas conscientes. O trânsito religioso dos jovens, talvez descreva bem essa
afirmação. Não se sabe bem quando vão parar numa religião, mas o que se
observa é que a cada manhã os jovens trocam de igrejas, pastores, reverendos,
mestres, padres, etc. Esse trânsito entre uma religião e outra não pode ser
encarado como “infantilismo juvenil” , deve ser levado em conta seu desejo pela
busca de sentidos à sua vida e uma ou outra religião o ajudará.

Quem poderá dizer qual religião é mais presente na vida dos jovens brasileiros?
Quem conseguirá apontar precisamente em qual religião ou igreja há mais
presença juvenil? Como conseguiremos descrever a presença juvenil nas
celebrações religiosas? Esses números podem ser descritos em pesquisas
quantitativas como o censo do IBGE, por exemplo, porém deve ser levado em
conta o trânsito religioso desses jovens. A cada dia o jovem costuma “marcar
presença” em diversas manifestações religiosas e, muitas vezes, por não
conseguir espaço de pertença se recusa a permanecer naquele grupo religioso
procurando mais uma vez um espaço institucional onde consiga experimentar o
sagrado e manter relações sociais. O que não se pode esquecer é que nenhum
desses fatores impede o jovem de viver suas experiências religiosas, sejam nas
igrejas, escolas, templos, ou até mesmo sozinhos, em casa, nos seus quartos.

Com isso, podemos dizer que homens e mulheres são produtores de religiões à
medida que possibilitam a troca de materiais e a troca de relações afetivas dentro
do grande conjunto dos componentes sociais, criando, dessa forma, uma rede de
solidariedade e ajuda mútua.


Agradecimentos especiais a Solange Rodrigues, pesquisadora de religião
e juventude do ISER Assessoria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




RODRIGUES, Solange dos Santos. Nova trindade: busca, fé e questionamentos.
Sociologia. Ciência e Vida, número especial sobre juventude, organizado por
Patrícia Lânes, Edição especial número 2, São Paulo: Editora Escala Ltda.,
setembro de 2007, PP 64-73.


SILVA, Lourival Rodrigues. Religião e juventude na contemporaneidade. Artigo a
ser publicado no livro que reúne trabalhos apresentados no III Simpósio
Internacional sobre a Juventude Brasileira-JUBRA, realizado em Goiânia, junho de
2008 (no prelo).

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A presença Juvenil no Espaço Religioso Brasileiro

  • 1. A PRESENÇA JUVENIL NO ESPAÇO RELIGIOSO BRASILEIRO José Aniervson Souza dos Santos1 Falar da presença juvenil no campo religioso brasileiro, num primeiro momento, é caracterizar suas práticas religiosas. Podemos dizer que o que pode impulsionar os mesmos a aderirem a tais práticas religiosas, além de outros motivos, são suas concepções morais e familiares. Sim, a família tem um papel influenciador na escolha da religião do jovem, porém não decisório, pois cada dia mais cresce o índice de jovens que buscam por religiões diferentes de seus pais muitas vezes e crescentemente como buscas por outros horizontes. Com isso, dizer que um dos maiores motivos da busca pela religião seja a de dar sentido a vida, embora algumas pessoas só a procurem em algum momento específico da sua vida. A religião, nesse contexto, também assume a “função” de agregação social. A sociedade costuma se agregar a partir de divisões sociais etárias, econômicas, étnicas, geográficas, entre outras. A religião como agregador social também assume essas características, embora seus adeptos não adiram ao sistema por completo. O que costuma ser o fator comum agregador nos espaços religiosos é a busca de contato com o sagrado. Vale ressaltar também o papel da religião como fonte de regras de conduta, mediando o que pode e o que não pode ser consumido, e a maneira de estar no mundo e de se posicionar nele. Podemos dizer então que a adesão religiosa traz diversas repercussões na vida das pessoas. Ela tem papel influenciador nas tomadas de decisões dos seus adeptos e atua diretamente em questões sociais de interesse comum, chegando algumas vezes a interferir no processo democrático, na medida em que incide sobre as escolhas políticas das pessoas. A presença da religião na sociedade é marcada por desenhos institucionais que compõem o cenário brasileiro. Em nosso país várias religiões funcionam como estruturas que se apresentam como reguladoras e guardiãs dos direitos humanos e 1 Possui Graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Pernambuco – UPE e Pós-graduação em Juventude no Mundo Contemporâneo pela FAJE. Atua na área de juventude há mais de 10 anos acompanhando e assessorando grupos juvenis e instituições que trabalham com jovens. Desenvolve acompanhamento a projetos governamentais que lidam com o público jovem. Já atuou na área social em projetos do governo federal, lindando com famílias vulneráveis e em situação de risco, coordenando atividades de aumento da autoestima, valorização pessoal, qualificação profissional e educacional, reaproveitamento e tecnologia. Coordenou durante muitos anos a Pastoral da Juventude na Diocese de Nazaré/PE,. Participou da comissão nacional de coordenação do Projeto da Pastoral da Juventude intitulado “A Juventude quer Viver”, representando o Regional Nordeste 2 (CNBB). Foi Diretor Presidente do Instituto de Protagonismo Juvenil – IPJ. Publicou 3 materiais de pesquisas desenvolvidos pelo IPJ. Atuou na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE) e no Programa ATITUDE do Estado de Pernambuco. Foi Assessor Técnico do CMDCA e membro da Comissão Municipal Pró-Selo Unicef em Surubim/PE. Atualmente é Development Instructor no Institute for Internacional Cooperation and Development – IICD/Michigan/USA.
  • 2. desempenham papel de interferência, muitas vezes, entre o povo e os governos, falando pelo povo, representando-os. É correto afirmar também que a presença, tanto do jovem quanto de outros segmentos etários nas igrejas, não quer dizer que estes assumem por completo o compromisso com aquela doutrina específica. O que se pode observar é que a pessoa começa a estabelecer uma “negociação” com o corpus doutrinário da religião que escolheu. Citar, por exemplo, a atitude de alguém que se diz católico e que ao mesmo tempo se diz a favor do uso de métodos contraceptivos artificiais é dar forma aos “acordos” feitos entre o adepto e a estrutura religiosa. Isso não quer dizer que esses acordos sejam firmados com o consentimento dos responsáveis religiosos, pelo contrário, por iniciativa própria o indivíduo costuma firmar suas negociações para que suas ideologias possam sobreviver e conviver com aquele determinado sistema religioso. O que também é comum são as pessoas aderirem a diversos sistemas religiosos para ampliar as possibilidades de relação com o sagrado. Já não se encontra numa única religião uma “fórmula” absoluta de fortalecer o espiritual. A adesão a diversos sistemas religiosos não quer dizer também o descompromisso ou a falta do zelo religioso. Pelo contrário, se busca outras práticas religiosas quando a sua de origem já não lhe satisfaz ou não consegue lhe ajudar a experimentar e se aproximar do sagrado. O que chama atenção é que muitas vezes as adesões religiosas feita pelas pessoas entram em conflito umas com as outras. Não se adere a sistemas iguais ou semelhantes entre si. O que é comum são pessoas aderirem a práticas espirituais distintas uma das outras. Há história de pessoas que participam da missa ou do culto dominical e procuram centros espíritas para tomarem um passe ou quem freqüente terreiros de candomblé e também freqüentem igrejas cristãs. Olhar para essas realidades é também perceber que a juventude encara a religião como um momento de experimentação. Da mesma forma que os jovens estão experimentando o trabalho, o namoro, a escola, a sexualidade, as drogas, o corpo, eles também experimentam a religião. Ela precisa fazer sentido em sua vida para que justifique uma aproximação e adesão. Aqui também o jovem procura por freios sociais e sentido de pertença ao mundo. À medida que ele deseja algo que o faça, por meios espirituais, conseguir uma convivência sadia no mundo, ele também almeja se sentir integrante do cosmo social. Ele deseja e precisa se sentir responsável por seus atos e ações, mas isso, é claro, não pode ser demasiadamente acusador e imposto, pois nesse período da vida, os jovens quase não toleram a imposição e as obrigações impostas sem suas contribuições diretas na construção dessas regras. Ao analisar o campo religioso, é preciso considerar também as pessoas ditas “sem religião”. Essas estão distantes de não acreditarem ou não buscarem o sagrado. Mais pessoas em todo o mundo e especialmente no Brasil, como mostram diversas pesquisas, não aderem a nenhuma religião específica, mas têm em seus
  • 3. momentos de reflexão seu contato com o sagrado. Esses acreditam que não precisam estar imersos numa instituição religiosa para sentirem a presença de Deus ou invocá-lo. Os “sem religião” crescem no Brasil como imagem da liberdade de escolha religiosa. Quando não estiver se sentindo bem ou não mais se acredita num sistema religioso, busca-se mesmo continuar sua vida espiritual de sua própria forma. Será então nesse momento que se procura também não aderir a um único sistema religioso? O que se sabe até aqui é que os jovens são muito religiosos. Talvez seja correto afirmar que há na juventude uma prática religiosa em maior visibilidade do que nas outras faixas etárias. Quem nunca viu um jovem no dia de vestibular, sentado em sua cadeira com a prova na mão, fazer o sinal da cruz e esse mesmo jovem “nunca” freqüentar uma igreja? Ou, jovens estritamente religiosos, adeptos a um sistema religioso, praticante, conhecedor de sua doutrina, serem violentos, muitas vezes, consigo mesmos? Estão os jovens na fase da vida em que se deseja experimentar o máximo de oportunidades para depois poderem fazer suas escolhas conscientes. O trânsito religioso dos jovens, talvez descreva bem essa afirmação. Não se sabe bem quando vão parar numa religião, mas o que se observa é que a cada manhã os jovens trocam de igrejas, pastores, reverendos, mestres, padres, etc. Esse trânsito entre uma religião e outra não pode ser encarado como “infantilismo juvenil” , deve ser levado em conta seu desejo pela busca de sentidos à sua vida e uma ou outra religião o ajudará. Quem poderá dizer qual religião é mais presente na vida dos jovens brasileiros? Quem conseguirá apontar precisamente em qual religião ou igreja há mais presença juvenil? Como conseguiremos descrever a presença juvenil nas celebrações religiosas? Esses números podem ser descritos em pesquisas quantitativas como o censo do IBGE, por exemplo, porém deve ser levado em conta o trânsito religioso desses jovens. A cada dia o jovem costuma “marcar presença” em diversas manifestações religiosas e, muitas vezes, por não conseguir espaço de pertença se recusa a permanecer naquele grupo religioso procurando mais uma vez um espaço institucional onde consiga experimentar o sagrado e manter relações sociais. O que não se pode esquecer é que nenhum desses fatores impede o jovem de viver suas experiências religiosas, sejam nas igrejas, escolas, templos, ou até mesmo sozinhos, em casa, nos seus quartos. Com isso, podemos dizer que homens e mulheres são produtores de religiões à medida que possibilitam a troca de materiais e a troca de relações afetivas dentro do grande conjunto dos componentes sociais, criando, dessa forma, uma rede de solidariedade e ajuda mútua. Agradecimentos especiais a Solange Rodrigues, pesquisadora de religião e juventude do ISER Assessoria.
  • 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RODRIGUES, Solange dos Santos. Nova trindade: busca, fé e questionamentos. Sociologia. Ciência e Vida, número especial sobre juventude, organizado por Patrícia Lânes, Edição especial número 2, São Paulo: Editora Escala Ltda., setembro de 2007, PP 64-73. SILVA, Lourival Rodrigues. Religião e juventude na contemporaneidade. Artigo a ser publicado no livro que reúne trabalhos apresentados no III Simpósio Internacional sobre a Juventude Brasileira-JUBRA, realizado em Goiânia, junho de 2008 (no prelo).