SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 35
1
As pupilas do senhor reitor
Julio Dinis
2
Dados biográficos
 Joaquim Guilherme Gomes Coelho
 14/11/1839
 12/09/1871(32 anos)
 Médico
 Retratou os costumes da vida portuguesa
3
Obras
 Uma família inglesa: retrato da burguesia do
Porto.
Valores sociais e morais, por meio de um rico
comerciante, de um empregado dedicado e
do amor que une o filho do patrão à filha do
empregado
4
A morgadinha dos canaviais
 Romance campestre da região do Minho
 Defesa da superioridade da vida rural à
urbana
5
Os fidalgos da casa mourisca
 Último romance
 Oposição da burguesia rural trabalhadora e
a nobreza arruinada
 Presente e passado
 O novo e o velho Portugal, pelo olhar da
burguesia liberal

6
Outros
 Poesias
 Inéditos e Dispersos
 Teatro Inédito
7
As pupilas do senhor reitor: enredo
 Aldeia portuguesa: XIX
 O amor e os desencontros entre as órfãs Clara e Guida.
Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminário,
mas o reitor descobre seu inocente namoro com a pastorinha
Margarida (Guida).
O pai, José das Dornas, decide, então, enviá-lo ao Porto
para estudar medicina. Dez anos depois Daniel volta para a
aldeia, como médico homeopata.
Margarida, agora professora de crianças, conserva ainda seu
amor pelo rapaz. Ele, no entanto, contaminado pelos costumes
da cidade, torna-se um namorador impulsivo e inconstante, e já
nem se lembra da pequena pastora.
8
Pedro, irmão de Daniel, está noivo de Clara, irmã de
Margarida. O jovem médico encanta-se pela futura
cunhada, iniciando uma tentativa de conquista que
poria em risco a harmonia familiar.
Clara, inicialmente, incentiva os arroubos do
rapaz, mas recua ao perceber a gravidade das
consequências. Ansiosa por acabar com
impertinente assédio, concede-lhe um encontro no
jardim de sua casa.
9
Esse encontro é o ponto culminante da narrativa:
surpreendidos por Pedro, são salvos por Margarida,
que toma o lugar da irmã. Rapidamente esses
acontecimentos tornam-se um grande escândalo
que compromete a reputação de Margarida.
Daniel, impressionado com a abnegação da
moça, recorda-se, finalmente, do amor da infância.
Apaixonado agora por Guida, procura conquistá-la.
No último capítulo, depois de muita resistência e
de muito sofrimento, Margarida aceita o amor de
Daniel.
10
Características
 Publicado inicialmente em 1866 em forma de folhetim
 1867: lançado como livro
 Ingredientes: o caráter moralizador, a religiosidade, a extrema
bondade, o maniqueísmo: a cidade – o campo; a modernidade – a
tradição; o desejo – o amor
 A observação da vida simples das pessoas da aldeia
 Capítulos tipicamente folhetinescos: unidades narrativas com
peripécias e final em suspensão.
 Romance cheio de ironias bem humoradas
11
Temática
 Tese: a vida simples e natural torna as
pessoas alegres e felizes.
Descrição do campo, dos tipos humanos,
dos hábitos e das ideias da sociedade
pequeno-burguesa
Propósito de pregar uma moralização de
costumes pela vida rural e pela influência de
um clero convertido ao liberalismo
12
Foco Narrativo
 Narrador onisciente ou segundo Gennett,
heterodiegético (3ª pessoa)
 Conhece as personagens tanto em seu mundo
interior como exterior, em suas ações e motivações
íntimas
 Forma didática: ora descreve a interioridade de um
personagem, ora apenas registra os acontecimentos
13
Tempo
 Presente histórico: início da segunda metade do século XIX
 Julio Dinis, autor pré-realista, preconizava a substituição do
maravilhoso psicológico pelo romance de costumes.
 Tempo narrativo: não há precisão
 Trata-se de alguns anos, que vão da infância de Daniel, passam pelo
tempo em que faz Medicina no Porto, seu regresso e a introdução, em
um tempo narrativo mais acelerado, das principais ações da trama,
isto é, o período dos escândalos na aldeia até a descoberta do amor.
14
Espaço
 Uma aldeia típica de Portugal .
 Os costumes, as festas, os valores e os personagens.
 Da estada para tratamento de saúde em Ovar, interior de Portugal,
são as memórias que o autor utiliza na composição de seu romance.
 Os costumes rurais portugueses, incluindo aí as maledicências, as
beatas de verniz, mas também os valores positivos do agricultor
próspero, cuja moral do trabalho, Júlio Dinis dá como modelo social.
A obra se caracteriza por reforçar o velho motivo literário "fugere
urbem" (fugir da cidade).
 A natureza é o grande cenário, repleto de abundância, de belezas
nostalgicamente evocadas, e daquele caráter de mãe que provê e
beneficia o cultivo das tradições.
15
Personagens
 Autênticas: João Semana é o retrato fiel do cirurgião João José da Silveira,
que no tempo da estada de Júlio Diniz em Ovar, exercitou a profissão médica
com grande sucesso, naquela região

Daniel - O segundo filho de José das Dornas. Franzino, volúvel e
irresponsável, principalmente em relação às mulheres
Em tudo diferente do irmão: detesta o trabalho no campo, começa estudando
latim e finalmente vai para a cidade do Porto, de onde volta muitos anos
depois, já médico formado
Personagem galante, inquieta o sossego da aldeia, fazendo vibrarem os
corações femininos e provocando a antipatia de quase toda a aldeia com sua
mania de conquistador
Representa, no romance, o tema romântico do resgate por meio do amor.
Tocado pelo amor, muda de vida, torna-se um homem sério
16
Margarida (Guida)
 Irmã mais velha de Clara. Filha de um primeiro casamento, seu
pai, viúvo, casa em segundas núpcias, mas não sobrevive
muito tempo à primeira esposa.
 Ao perder o pai, Margarida recebe tratamento cruel da
madrasta, a quem serve de empregada. Vive uma infância
solitária de trabalhos duros, como o de pastora.
 Passa os dias isolada nos campos e montes, onde seu único
consolo é o menino Daniel, a quem ama apaixonadamente.
Neste romance, é Margarida que representa o papel da
bondade a qualquer preço.
17
 Autodidata, torna-se a mestra dos meninos da aldeia.
Representa a fada: só pensa na felicidade alheia;
se anula para que a irmã seja feliz;
Escondida, sofre terrivelmente por frustração amorosa.
Esta personagem representa apresenta a dimensão realista
do romance, porque, embora seja uma típica heroína
romântica, capaz da bondade e do perdão, a amargura que
sente em decorrência de uma infância solitária e infeliz, repleta
de maus tratos e de pobreza, alia-se à instrução que a
diferencia dos outros personagens e faz com que veja as
contradições, as injustiças sociais, revitalizando o idealismo
romântico da obra.
18
Clara

Clara – a mais nova. Única herdeira dos pais mortos;
 Filha de um segundo casamento - a mãe era proprietária rural
Moça alegre, dada também a cantorias
 Um pouco leviana, mas regenerada por algumas das
vicissitudes por que passa, como castigo por sua leviandade
 Torna-se noiva de Pedro,mas impressiona-se com Daniel.
 Cede aos galanteios do moço sem perceber as consequências
de sua atitude
 Ingênua: sua leviandade não chega a comprometer-lhe o
caráter, cuja nobreza percebe-se pela amizade que dedica a
Guida, pela preocupação em reparar os males da infância
19
Pedro
 Filho mais velho de José das Dornas
 Em tudo semelhante ao pai: robustez, disposição. Ingênuo,
mas alegre, dado a cantorias, muito ligado à vida do campo.
 Apaixona-se por Clara, de quem fica noivo
 Jovem aldeão cuja pureza, simplicidade e alegria pela vida
exemplificam a visão romântica pela existência rural
predominante na obra e reforçada pelo desfecho: a união entre
os dois pares amorosos, Pedro e Clara, Daniel e Guida
20
José das Dornas
 Lavrador abastado, mas humilde e humano, por
volta de 60 anos
 Homem alegre, encarnação do pensamento positivo
do autor
 Um viúvo forte e rijo, de formação moral tradicional
 Mandar o filho para a cidade, para estudar, não é
propriamente pensamento seu, mas ao fazê-lo
torna-se o arquétipo dos agricultores de sua
situação no país
21
Padre Antônio
 É o senhor Reitor: pároco local, espécie de
anjo benfazejo, onipresente, incansável,
providencial
 Destaca-se entre os personagens por sua
função de porta-voz do narrador, o que
percebe-se por sua presença estratégica e
definidora dos rumos seguidos ao longo do
romance, nos quais interfere diretamente
como um arquiteto da história
22
 Com o "evangelho no coração“, ele não apenas
representa a imagem do religioso autêntico,
militante, cuja vida é dedicada aos outros,
especialmente às pupilas, mas configura um
personagem nuclear do romance, sendo porta-voz
dos valores que Júlio Dinis quer transmitir às
massas, utilizando um velho pároco de aldeia como
exemplo vivo da força e da austeridade desses
valores
23
Outros
 João da Esquina - Merceeiro que, com sua família, centraliza as fofocas
locais. O plano de casar Francisca, sua desmiolada filha, com Daniel, rico
herdeiro, ao falhar, torna-o um inimigo irreconciliável dos "das Dornas"
D. Tereza e Francisca - Respectivamente, esposa e filha de João da Esquina
João Semana - O único médico da aldeia, até que Daniel regresse do Porto.
Conservador, nacionalista fervoroso, contador de anedotas picantes sobre
frades. Encarna a solidariedade comunitária, com sua medicina-apostolado, a
vida sem outro sentido que não seja a prática do bem e a preocupação com os
problemas alheios. Personagem secundário no romance
Joana - Criada de João Semana, fiel e maternal. Forte, persuasiva, de coração
grande, sempre à disposição do médico, seu amo
24
O reitor, o lavrador, o pai José das
Dornas e o médico João Semana
 Representam o caráter de livro-instrumento do romance para
transmitir ao leitor, com seu comportamento exemplar, de sua
autoridade moral, de sua interferência benéfica na vida da
comunidade, uma visão educativa da tradição como um valor que
deve ser preservado e respeitado
2. O reitor, sua "pupilas" Guida e Clara, os rapazes a quem amam,
Pedro e Daniel e José das Dornas, pai de ambos, constituem os
personagens principais do romance
3. Cada par de irmãos se caracteriza por apresentar personalidades
antagônicas - antítese fundamentada na posição entre razão e
emoção
25
Personagens opositivas
 Pedro, jovem de robustez adquirida pelo trabalho no campo.
Pessoa decidida, orienta seu comportamento, ou tenta fazê-lo,
pela racionalidade: seu destino de herdeiro do latifúndio, já
traçado, não os desestabiliza
 Daniel, por sua vez, constitui o avesso de Pedro: desajeitado,
passional e frágil de corpo, conduz-se pela impetuosidade das
emoções. Por isso, sua vida é tortuosa e ele frequentemente
se encontra em situações delicadas
26
 Clara e Guida: irmãs por parte de pai
 Margarida, jovem sensata, arquiteta sua existência a
partir de pilares sólidos, tais como a racionalidade e
a virtude; introspectiva, calada, sofre suas
decepções sentimentais sem testemunhas
 Clara é o contrário: alegre, extrovertida, boa e
meiga; ela, no entanto, não possui a maturidade de
Margarida. Assim sendo, frequentemente tem
problemas, decorrentes de suas reações emocionais
27
Semelhanças:Margarida e Pedro
 Pedro: robusto,
decidido, racional
 Margarida: jovem,
sensata, racional e
virtuosa
28
Pedro e Clara
 Alegre, falante, ingênuo  Alegre, gosta de cantar,
leviana, ingênua, bom
coração
29
Dissemelhanças: Pedro e Margarida
 Alegre, falante, ingênuo  introspectiva, calada,
reflexiva
30
Semelhanças: Clara e Daniel
 Frágil, passional,
impetuoso,
conquistador
 Meiga, imatura, leviana
31
Dissemelhanças entre Daniel e
Margarida
 impetuosidade  Sensatez
32
Semelhanças
 Juventude
 Tradição
 Campo
 Saúde
 Condição financeira
 Influência patriarcal e religiosa
33
Oposições: Romantismo X Realismo
 Fragilidade
 Melancolia
 Impetuosidade
 Antipatia
 Introspecção
 Ingenuidade
 Insegurança
 Silêncio
 Passionalidade
 Passado
 Emoção
 Bucolismo
 Conservador
 Robustez
 Alegria
 Sensatez
 Meiguice
 Expressividade
 Esperteza
 Decisão
 Voz
 Racionalidade
 Presente
 Razão
 Progresso
 Liberal
34
Mulher *
 à mulher é atribuída a missão de regenerar o homem.
 Margarida, tipicamente portuguesa, na tendência ao sentimentalismo e à melancolia (COELHO, 1983), é
responsável pela regeneração de Daniel, antes destituído de objetivo, volúvel e frívolo.
 Enaltecimento do agir feminino, capaz de enobrecer e redimir o homem enamorado, uma ressonância
marcante da teoria neoplatônica, para quem a mulher era o reflexo mais fidedigno das perfeições do
Criador e, portanto, verdadeiro estímulo à ascensão moral do homem.
 Nesse processo de sublimação das qualidades físicas e morais da mulher, vislumbra-se igualmente o
influxo do culto mariano na contribuição inegável para uma maior consciência da dignidade da mulher.
 As primeiras manifestações populares de louvor e apreço a Maria, de que temos notícia, remontam ao
século IV na cidade de Éfeso.
 De acordo com o texto bíblico, da decisão de uma jovem israelita, Deus fez depender a
 redenção, tal como já o prefigurara na atuação de mulheres fortes e íntegras como Ruth,
 Judith, Susana e Ester. Nas palavras de Jaroslav Pelikan: " (...) foi [ Maria ] quem
 proporcionou a definição de feminilidade, de modo diverso do que se deu com a
 masculinidade....“
 Tem-se o céu e a Terra, porém num contexto em que se reforça o valor divino do humano ou, se
preferimos, o Céu parece habitar a Terra
 Adaptado. IN: APOLONIA, Maria Ascenção Ferreira. Breve ensaio sobre a dimensão social da obra em
prosa de Júlio Dinis.
35
Fontes
 APOLONIA, Maria Ascenção Ferreira. Breve ensaio sobre a
dimensão social da obra em prosa de Júlio Dinis.
 CAMPOS, GEIR. Pequeno dicionário de arte poética. SP,
Cultrix, 1978
 FERREIRA, Alberto. Perspectivas do Romantismo português.
Lisboa, Edições 70, 1971.
 KAISER, Wolfang, Análise e interpretação da obra literária.
Armênio Amado, 1976
 SARAIVA, Antonio José. Para a história da cultura em Portugal.
Lisboa: Europa-América, 1972
 pt.wikipedia.org/wiki/Júlio_Dinis

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

Memorias de um sargento de milicias
Memorias de um sargento de miliciasMemorias de um sargento de milicias
Memorias de um sargento de miliciasbecegatto
 
Capitães de Areia
Capitães de AreiaCapitães de Areia
Capitães de Areiaquel.silva
 
Análise da obra Capitães de Areia
Análise da obra Capitães de AreiaAnálise da obra Capitães de Areia
Análise da obra Capitães de AreiaVictor Said
 
Concepção de common x gentleman na obra grandes esperanças
Concepção de common x gentleman na obra grandes esperançasConcepção de common x gentleman na obra grandes esperanças
Concepção de common x gentleman na obra grandes esperançasMarta Matos
 
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosaAula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosaConnce Santana
 
2a fase modernista - Capitães da Areia
2a fase modernista  - Capitães da Areia2a fase modernista  - Capitães da Areia
2a fase modernista - Capitães da AreiaOctávio Da Matta
 
Respostas do roteiro de capitães da areia
Respostas do roteiro de capitães da areiaRespostas do roteiro de capitães da areia
Respostas do roteiro de capitães da areiaBriefCase
 
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de AlmeidaMemórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeidajasonrplima
 
Seminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da AreiaSeminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da AreiaThenysson Gabriel
 

La actualidad más candente (18)

Outros cantos
Outros cantosOutros cantos
Outros cantos
 
Memorias de um sargento de milicias
Memorias de um sargento de miliciasMemorias de um sargento de milicias
Memorias de um sargento de milicias
 
Vidas secas (2)
Vidas secas (2)Vidas secas (2)
Vidas secas (2)
 
Capitães de Areia
Capitães de AreiaCapitães de Areia
Capitães de Areia
 
Capitaes da areia port
Capitaes da areia portCapitaes da areia port
Capitaes da areia port
 
Capitães da area
Capitães da areaCapitães da area
Capitães da area
 
Resumo dos livros
Resumo dos livrosResumo dos livros
Resumo dos livros
 
Análise da obra Capitães de Areia
Análise da obra Capitães de AreiaAnálise da obra Capitães de Areia
Análise da obra Capitães de Areia
 
Capitães da Areia 3ºB - 2011
Capitães da Areia 3ºB - 2011Capitães da Areia 3ºB - 2011
Capitães da Areia 3ºB - 2011
 
Biografia de camilo
Biografia de camiloBiografia de camilo
Biografia de camilo
 
Concepção de common x gentleman na obra grandes esperanças
Concepção de common x gentleman na obra grandes esperançasConcepção de common x gentleman na obra grandes esperanças
Concepção de common x gentleman na obra grandes esperanças
 
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosaAula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
Aula 25-modernismo-no-brasil-2ª-fase-prosa
 
2a fase modernista - Capitães da Areia
2a fase modernista  - Capitães da Areia2a fase modernista  - Capitães da Areia
2a fase modernista - Capitães da Areia
 
Respostas do roteiro de capitães da areia
Respostas do roteiro de capitães da areiaRespostas do roteiro de capitães da areia
Respostas do roteiro de capitães da areia
 
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de AlmeidaMemórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida
 
A painful case
A painful caseA painful case
A painful case
 
Vidas secas
Vidas secasVidas secas
Vidas secas
 
Seminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da AreiaSeminário - Capitães da Areia
Seminário - Capitães da Areia
 

Similar a As pupilas do_senhor_reitor_-_slides[1]

As pupilas do senhor reitor
As pupilas do senhor reitor As pupilas do senhor reitor
As pupilas do senhor reitor Gabriel Hyuuga
 
Análise literária josimar porto -paes-uema-2012
Análise literária josimar porto -paes-uema-2012Análise literária josimar porto -paes-uema-2012
Análise literária josimar porto -paes-uema-2012minafirmeza
 
Apostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismo
Apostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismoApostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismo
Apostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismoFernanda Rocha
 
Livro: O cortiço - 2º ano CIC
Livro: O cortiço - 2º ano CICLivro: O cortiço - 2º ano CIC
Livro: O cortiço - 2º ano CICMaria J
 
Autores presentes na Feira do Livro
Autores presentes na Feira do LivroAutores presentes na Feira do Livro
Autores presentes na Feira do Livromartamedeiros
 
Memorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLB
Memorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLBMemorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLB
Memorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLBPaulo Bonvicine
 
Memórias de um sargento de milícias
Memórias de um sargento de milíciasMemórias de um sargento de milícias
Memórias de um sargento de milíciasShobam1
 
Ficha de leitura Ana Julia
Ficha de leitura Ana JuliaFicha de leitura Ana Julia
Ficha de leitura Ana Julia12anogolega
 
Memorias de um sargento
Memorias de um sargentoMemorias de um sargento
Memorias de um sargentoVitorCazelatto
 
Literatura: Romantismo - Prosa
Literatura: Romantismo - ProsaLiteratura: Romantismo - Prosa
Literatura: Romantismo - ProsaNAPNE
 
Apresentação1 (6)a moreninha guilherme e rafaela
Apresentação1 (6)a moreninha  guilherme e rafaelaApresentação1 (6)a moreninha  guilherme e rafaela
Apresentação1 (6)a moreninha guilherme e rafaelateresakashino
 
senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduarda
  senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduarda  senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduarda
senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduardateresakashino
 

Similar a As pupilas do_senhor_reitor_-_slides[1] (20)

As Pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011
As Pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011As Pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011
As Pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011
 
As pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011
As pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011As pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011
As pupilas do Senhor Reitor - 2ª A - 2011
 
As pupilas do senhor reitor
As pupilas do senhor reitor As pupilas do senhor reitor
As pupilas do senhor reitor
 
Análise literária josimar porto -paes-uema-2012
Análise literária josimar porto -paes-uema-2012Análise literária josimar porto -paes-uema-2012
Análise literária josimar porto -paes-uema-2012
 
Apostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismo
Apostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismoApostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismo
Apostila sobre o romantismo em portugal e o pré modernismo
 
Livro: O cortiço - 2º ano CIC
Livro: O cortiço - 2º ano CICLivro: O cortiço - 2º ano CIC
Livro: O cortiço - 2º ano CIC
 
-Resumos-Dos-Maias.pdf
-Resumos-Dos-Maias.pdf-Resumos-Dos-Maias.pdf
-Resumos-Dos-Maias.pdf
 
Autores presentes na Feira do Livro
Autores presentes na Feira do LivroAutores presentes na Feira do Livro
Autores presentes na Feira do Livro
 
Memorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLB
Memorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLBMemorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLB
Memorias de Um Sargento de Milicias - 2°A 2014 EEPSGLB
 
Eça de Queiroz
Eça de QueirozEça de Queiroz
Eça de Queiroz
 
Os maias personagens
Os maias personagensOs maias personagens
Os maias personagens
 
Memórias de um sargento de milícias
Memórias de um sargento de milíciasMemórias de um sargento de milícias
Memórias de um sargento de milícias
 
Ficha de leitura Ana Julia
Ficha de leitura Ana JuliaFicha de leitura Ana Julia
Ficha de leitura Ana Julia
 
Memorias de um sargento
Memorias de um sargentoMemorias de um sargento
Memorias de um sargento
 
Literatura: Romantismo - Prosa
Literatura: Romantismo - ProsaLiteratura: Romantismo - Prosa
Literatura: Romantismo - Prosa
 
Apresentação1 (6)a moreninha guilherme e rafaela
Apresentação1 (6)a moreninha  guilherme e rafaelaApresentação1 (6)a moreninha  guilherme e rafaela
Apresentação1 (6)a moreninha guilherme e rafaela
 
literatura infantil
literatura infantilliteratura infantil
literatura infantil
 
O conto no moinho
O conto no moinhoO conto no moinho
O conto no moinho
 
senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduarda
  senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduarda  senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduarda
senhora e o cortiço- Júlia e Maria Eduarda
 
A Ilustre Casa de Ramires 2ª A - 2011
A Ilustre Casa de Ramires   2ª A - 2011A Ilustre Casa de Ramires   2ª A - 2011
A Ilustre Casa de Ramires 2ª A - 2011
 

Más de Aparecida Mallagoli (20)

Identidade do povo_brasileiro
Identidade do povo_brasileiroIdentidade do povo_brasileiro
Identidade do povo_brasileiro
 
João cabral de_melo_neto
João cabral de_melo_netoJoão cabral de_melo_neto
João cabral de_melo_neto
 
Noivado do sepulcro
Noivado do sepulcroNoivado do sepulcro
Noivado do sepulcro
 
Mulheres de atenas
Mulheres de atenasMulheres de atenas
Mulheres de atenas
 
João de deus
João de deusJoão de deus
João de deus
 
As pupilas do_senhor_reitor_-_slides[1]
As pupilas do_senhor_reitor_-_slides[1]As pupilas do_senhor_reitor_-_slides[1]
As pupilas do_senhor_reitor_-_slides[1]
 
As concepã‡ã•es pedagã“gicas na histã“ria da educaã‡ãƒo brasileira
As concepã‡ã•es pedagã“gicas na histã“ria da educaã‡ãƒo brasileiraAs concepã‡ã•es pedagã“gicas na histã“ria da educaã‡ãƒo brasileira
As concepã‡ã•es pedagã“gicas na histã“ria da educaã‡ãƒo brasileira
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Almeida garret -_poemas
Almeida garret -_poemasAlmeida garret -_poemas
Almeida garret -_poemas
 
A intertextualidade[1]
A intertextualidade[1]A intertextualidade[1]
A intertextualidade[1]
 
Estruturalismo xpós estruturalismo
Estruturalismo xpós estruturalismoEstruturalismo xpós estruturalismo
Estruturalismo xpós estruturalismo
 
Romantismo -slides (2)
Romantismo  -slides (2)Romantismo  -slides (2)
Romantismo -slides (2)
 
Romantismo -slides (1)
Romantismo  -slides (1)Romantismo  -slides (1)
Romantismo -slides (1)
 
O romantismo
O romantismoO romantismo
O romantismo
 
Estruturalismo xpós estruturalismo
Estruturalismo xpós estruturalismoEstruturalismo xpós estruturalismo
Estruturalismo xpós estruturalismo
 
Intertextualidade
IntertextualidadeIntertextualidade
Intertextualidade
 
Sóror mariana alcoforado
Sóror mariana alcoforadoSóror mariana alcoforado
Sóror mariana alcoforado
 
Sóror mariana alcoforado
Sóror mariana alcoforadoSóror mariana alcoforado
Sóror mariana alcoforado
 
Gil vicente -_slides_ii
Gil vicente -_slides_iiGil vicente -_slides_ii
Gil vicente -_slides_ii
 
Camoes
CamoesCamoes
Camoes
 

As pupilas do_senhor_reitor_-_slides[1]

  • 1. 1 As pupilas do senhor reitor Julio Dinis
  • 2. 2 Dados biográficos  Joaquim Guilherme Gomes Coelho  14/11/1839  12/09/1871(32 anos)  Médico  Retratou os costumes da vida portuguesa
  • 3. 3 Obras  Uma família inglesa: retrato da burguesia do Porto. Valores sociais e morais, por meio de um rico comerciante, de um empregado dedicado e do amor que une o filho do patrão à filha do empregado
  • 4. 4 A morgadinha dos canaviais  Romance campestre da região do Minho  Defesa da superioridade da vida rural à urbana
  • 5. 5 Os fidalgos da casa mourisca  Último romance  Oposição da burguesia rural trabalhadora e a nobreza arruinada  Presente e passado  O novo e o velho Portugal, pelo olhar da burguesia liberal 
  • 6. 6 Outros  Poesias  Inéditos e Dispersos  Teatro Inédito
  • 7. 7 As pupilas do senhor reitor: enredo  Aldeia portuguesa: XIX  O amor e os desencontros entre as órfãs Clara e Guida. Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminário, mas o reitor descobre seu inocente namoro com a pastorinha Margarida (Guida). O pai, José das Dornas, decide, então, enviá-lo ao Porto para estudar medicina. Dez anos depois Daniel volta para a aldeia, como médico homeopata. Margarida, agora professora de crianças, conserva ainda seu amor pelo rapaz. Ele, no entanto, contaminado pelos costumes da cidade, torna-se um namorador impulsivo e inconstante, e já nem se lembra da pequena pastora.
  • 8. 8 Pedro, irmão de Daniel, está noivo de Clara, irmã de Margarida. O jovem médico encanta-se pela futura cunhada, iniciando uma tentativa de conquista que poria em risco a harmonia familiar. Clara, inicialmente, incentiva os arroubos do rapaz, mas recua ao perceber a gravidade das consequências. Ansiosa por acabar com impertinente assédio, concede-lhe um encontro no jardim de sua casa.
  • 9. 9 Esse encontro é o ponto culminante da narrativa: surpreendidos por Pedro, são salvos por Margarida, que toma o lugar da irmã. Rapidamente esses acontecimentos tornam-se um grande escândalo que compromete a reputação de Margarida. Daniel, impressionado com a abnegação da moça, recorda-se, finalmente, do amor da infância. Apaixonado agora por Guida, procura conquistá-la. No último capítulo, depois de muita resistência e de muito sofrimento, Margarida aceita o amor de Daniel.
  • 10. 10 Características  Publicado inicialmente em 1866 em forma de folhetim  1867: lançado como livro  Ingredientes: o caráter moralizador, a religiosidade, a extrema bondade, o maniqueísmo: a cidade – o campo; a modernidade – a tradição; o desejo – o amor  A observação da vida simples das pessoas da aldeia  Capítulos tipicamente folhetinescos: unidades narrativas com peripécias e final em suspensão.  Romance cheio de ironias bem humoradas
  • 11. 11 Temática  Tese: a vida simples e natural torna as pessoas alegres e felizes. Descrição do campo, dos tipos humanos, dos hábitos e das ideias da sociedade pequeno-burguesa Propósito de pregar uma moralização de costumes pela vida rural e pela influência de um clero convertido ao liberalismo
  • 12. 12 Foco Narrativo  Narrador onisciente ou segundo Gennett, heterodiegético (3ª pessoa)  Conhece as personagens tanto em seu mundo interior como exterior, em suas ações e motivações íntimas  Forma didática: ora descreve a interioridade de um personagem, ora apenas registra os acontecimentos
  • 13. 13 Tempo  Presente histórico: início da segunda metade do século XIX  Julio Dinis, autor pré-realista, preconizava a substituição do maravilhoso psicológico pelo romance de costumes.  Tempo narrativo: não há precisão  Trata-se de alguns anos, que vão da infância de Daniel, passam pelo tempo em que faz Medicina no Porto, seu regresso e a introdução, em um tempo narrativo mais acelerado, das principais ações da trama, isto é, o período dos escândalos na aldeia até a descoberta do amor.
  • 14. 14 Espaço  Uma aldeia típica de Portugal .  Os costumes, as festas, os valores e os personagens.  Da estada para tratamento de saúde em Ovar, interior de Portugal, são as memórias que o autor utiliza na composição de seu romance.  Os costumes rurais portugueses, incluindo aí as maledicências, as beatas de verniz, mas também os valores positivos do agricultor próspero, cuja moral do trabalho, Júlio Dinis dá como modelo social. A obra se caracteriza por reforçar o velho motivo literário "fugere urbem" (fugir da cidade).  A natureza é o grande cenário, repleto de abundância, de belezas nostalgicamente evocadas, e daquele caráter de mãe que provê e beneficia o cultivo das tradições.
  • 15. 15 Personagens  Autênticas: João Semana é o retrato fiel do cirurgião João José da Silveira, que no tempo da estada de Júlio Diniz em Ovar, exercitou a profissão médica com grande sucesso, naquela região  Daniel - O segundo filho de José das Dornas. Franzino, volúvel e irresponsável, principalmente em relação às mulheres Em tudo diferente do irmão: detesta o trabalho no campo, começa estudando latim e finalmente vai para a cidade do Porto, de onde volta muitos anos depois, já médico formado Personagem galante, inquieta o sossego da aldeia, fazendo vibrarem os corações femininos e provocando a antipatia de quase toda a aldeia com sua mania de conquistador Representa, no romance, o tema romântico do resgate por meio do amor. Tocado pelo amor, muda de vida, torna-se um homem sério
  • 16. 16 Margarida (Guida)  Irmã mais velha de Clara. Filha de um primeiro casamento, seu pai, viúvo, casa em segundas núpcias, mas não sobrevive muito tempo à primeira esposa.  Ao perder o pai, Margarida recebe tratamento cruel da madrasta, a quem serve de empregada. Vive uma infância solitária de trabalhos duros, como o de pastora.  Passa os dias isolada nos campos e montes, onde seu único consolo é o menino Daniel, a quem ama apaixonadamente. Neste romance, é Margarida que representa o papel da bondade a qualquer preço.
  • 17. 17  Autodidata, torna-se a mestra dos meninos da aldeia. Representa a fada: só pensa na felicidade alheia; se anula para que a irmã seja feliz; Escondida, sofre terrivelmente por frustração amorosa. Esta personagem representa apresenta a dimensão realista do romance, porque, embora seja uma típica heroína romântica, capaz da bondade e do perdão, a amargura que sente em decorrência de uma infância solitária e infeliz, repleta de maus tratos e de pobreza, alia-se à instrução que a diferencia dos outros personagens e faz com que veja as contradições, as injustiças sociais, revitalizando o idealismo romântico da obra.
  • 18. 18 Clara  Clara – a mais nova. Única herdeira dos pais mortos;  Filha de um segundo casamento - a mãe era proprietária rural Moça alegre, dada também a cantorias  Um pouco leviana, mas regenerada por algumas das vicissitudes por que passa, como castigo por sua leviandade  Torna-se noiva de Pedro,mas impressiona-se com Daniel.  Cede aos galanteios do moço sem perceber as consequências de sua atitude  Ingênua: sua leviandade não chega a comprometer-lhe o caráter, cuja nobreza percebe-se pela amizade que dedica a Guida, pela preocupação em reparar os males da infância
  • 19. 19 Pedro  Filho mais velho de José das Dornas  Em tudo semelhante ao pai: robustez, disposição. Ingênuo, mas alegre, dado a cantorias, muito ligado à vida do campo.  Apaixona-se por Clara, de quem fica noivo  Jovem aldeão cuja pureza, simplicidade e alegria pela vida exemplificam a visão romântica pela existência rural predominante na obra e reforçada pelo desfecho: a união entre os dois pares amorosos, Pedro e Clara, Daniel e Guida
  • 20. 20 José das Dornas  Lavrador abastado, mas humilde e humano, por volta de 60 anos  Homem alegre, encarnação do pensamento positivo do autor  Um viúvo forte e rijo, de formação moral tradicional  Mandar o filho para a cidade, para estudar, não é propriamente pensamento seu, mas ao fazê-lo torna-se o arquétipo dos agricultores de sua situação no país
  • 21. 21 Padre Antônio  É o senhor Reitor: pároco local, espécie de anjo benfazejo, onipresente, incansável, providencial  Destaca-se entre os personagens por sua função de porta-voz do narrador, o que percebe-se por sua presença estratégica e definidora dos rumos seguidos ao longo do romance, nos quais interfere diretamente como um arquiteto da história
  • 22. 22  Com o "evangelho no coração“, ele não apenas representa a imagem do religioso autêntico, militante, cuja vida é dedicada aos outros, especialmente às pupilas, mas configura um personagem nuclear do romance, sendo porta-voz dos valores que Júlio Dinis quer transmitir às massas, utilizando um velho pároco de aldeia como exemplo vivo da força e da austeridade desses valores
  • 23. 23 Outros  João da Esquina - Merceeiro que, com sua família, centraliza as fofocas locais. O plano de casar Francisca, sua desmiolada filha, com Daniel, rico herdeiro, ao falhar, torna-o um inimigo irreconciliável dos "das Dornas" D. Tereza e Francisca - Respectivamente, esposa e filha de João da Esquina João Semana - O único médico da aldeia, até que Daniel regresse do Porto. Conservador, nacionalista fervoroso, contador de anedotas picantes sobre frades. Encarna a solidariedade comunitária, com sua medicina-apostolado, a vida sem outro sentido que não seja a prática do bem e a preocupação com os problemas alheios. Personagem secundário no romance Joana - Criada de João Semana, fiel e maternal. Forte, persuasiva, de coração grande, sempre à disposição do médico, seu amo
  • 24. 24 O reitor, o lavrador, o pai José das Dornas e o médico João Semana  Representam o caráter de livro-instrumento do romance para transmitir ao leitor, com seu comportamento exemplar, de sua autoridade moral, de sua interferência benéfica na vida da comunidade, uma visão educativa da tradição como um valor que deve ser preservado e respeitado 2. O reitor, sua "pupilas" Guida e Clara, os rapazes a quem amam, Pedro e Daniel e José das Dornas, pai de ambos, constituem os personagens principais do romance 3. Cada par de irmãos se caracteriza por apresentar personalidades antagônicas - antítese fundamentada na posição entre razão e emoção
  • 25. 25 Personagens opositivas  Pedro, jovem de robustez adquirida pelo trabalho no campo. Pessoa decidida, orienta seu comportamento, ou tenta fazê-lo, pela racionalidade: seu destino de herdeiro do latifúndio, já traçado, não os desestabiliza  Daniel, por sua vez, constitui o avesso de Pedro: desajeitado, passional e frágil de corpo, conduz-se pela impetuosidade das emoções. Por isso, sua vida é tortuosa e ele frequentemente se encontra em situações delicadas
  • 26. 26  Clara e Guida: irmãs por parte de pai  Margarida, jovem sensata, arquiteta sua existência a partir de pilares sólidos, tais como a racionalidade e a virtude; introspectiva, calada, sofre suas decepções sentimentais sem testemunhas  Clara é o contrário: alegre, extrovertida, boa e meiga; ela, no entanto, não possui a maturidade de Margarida. Assim sendo, frequentemente tem problemas, decorrentes de suas reações emocionais
  • 27. 27 Semelhanças:Margarida e Pedro  Pedro: robusto, decidido, racional  Margarida: jovem, sensata, racional e virtuosa
  • 28. 28 Pedro e Clara  Alegre, falante, ingênuo  Alegre, gosta de cantar, leviana, ingênua, bom coração
  • 29. 29 Dissemelhanças: Pedro e Margarida  Alegre, falante, ingênuo  introspectiva, calada, reflexiva
  • 30. 30 Semelhanças: Clara e Daniel  Frágil, passional, impetuoso, conquistador  Meiga, imatura, leviana
  • 31. 31 Dissemelhanças entre Daniel e Margarida  impetuosidade  Sensatez
  • 32. 32 Semelhanças  Juventude  Tradição  Campo  Saúde  Condição financeira  Influência patriarcal e religiosa
  • 33. 33 Oposições: Romantismo X Realismo  Fragilidade  Melancolia  Impetuosidade  Antipatia  Introspecção  Ingenuidade  Insegurança  Silêncio  Passionalidade  Passado  Emoção  Bucolismo  Conservador  Robustez  Alegria  Sensatez  Meiguice  Expressividade  Esperteza  Decisão  Voz  Racionalidade  Presente  Razão  Progresso  Liberal
  • 34. 34 Mulher *  à mulher é atribuída a missão de regenerar o homem.  Margarida, tipicamente portuguesa, na tendência ao sentimentalismo e à melancolia (COELHO, 1983), é responsável pela regeneração de Daniel, antes destituído de objetivo, volúvel e frívolo.  Enaltecimento do agir feminino, capaz de enobrecer e redimir o homem enamorado, uma ressonância marcante da teoria neoplatônica, para quem a mulher era o reflexo mais fidedigno das perfeições do Criador e, portanto, verdadeiro estímulo à ascensão moral do homem.  Nesse processo de sublimação das qualidades físicas e morais da mulher, vislumbra-se igualmente o influxo do culto mariano na contribuição inegável para uma maior consciência da dignidade da mulher.  As primeiras manifestações populares de louvor e apreço a Maria, de que temos notícia, remontam ao século IV na cidade de Éfeso.  De acordo com o texto bíblico, da decisão de uma jovem israelita, Deus fez depender a  redenção, tal como já o prefigurara na atuação de mulheres fortes e íntegras como Ruth,  Judith, Susana e Ester. Nas palavras de Jaroslav Pelikan: " (...) foi [ Maria ] quem  proporcionou a definição de feminilidade, de modo diverso do que se deu com a  masculinidade....“  Tem-se o céu e a Terra, porém num contexto em que se reforça o valor divino do humano ou, se preferimos, o Céu parece habitar a Terra  Adaptado. IN: APOLONIA, Maria Ascenção Ferreira. Breve ensaio sobre a dimensão social da obra em prosa de Júlio Dinis.
  • 35. 35 Fontes  APOLONIA, Maria Ascenção Ferreira. Breve ensaio sobre a dimensão social da obra em prosa de Júlio Dinis.  CAMPOS, GEIR. Pequeno dicionário de arte poética. SP, Cultrix, 1978  FERREIRA, Alberto. Perspectivas do Romantismo português. Lisboa, Edições 70, 1971.  KAISER, Wolfang, Análise e interpretação da obra literária. Armênio Amado, 1976  SARAIVA, Antonio José. Para a história da cultura em Portugal. Lisboa: Europa-América, 1972  pt.wikipedia.org/wiki/Júlio_Dinis