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Dados biográficos
Joaquim Guilherme Gomes Coelho
14/11/1839
12/09/1871(32 anos)
Médico
Retratou os costumes da vida portuguesa
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Obras
Uma família inglesa: retrato da burguesia do
Porto.
Valores sociais e morais, por meio de um rico
comerciante, de um empregado dedicado e
do amor que une o filho do patrão à filha do
empregado
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A morgadinha dos canaviais
Romance campestre da região do Minho
Defesa da superioridade da vida rural à
urbana
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Os fidalgos da casa mourisca
Último romance
Oposição da burguesia rural trabalhadora e
a nobreza arruinada
Presente e passado
O novo e o velho Portugal, pelo olhar da
burguesia liberal
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As pupilas do senhor reitor: enredo
Aldeia portuguesa: XIX
O amor e os desencontros entre as órfãs Clara e Guida.
Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminário,
mas o reitor descobre seu inocente namoro com a pastorinha
Margarida (Guida).
O pai, José das Dornas, decide, então, enviá-lo ao Porto
para estudar medicina. Dez anos depois Daniel volta para a
aldeia, como médico homeopata.
Margarida, agora professora de crianças, conserva ainda seu
amor pelo rapaz. Ele, no entanto, contaminado pelos costumes
da cidade, torna-se um namorador impulsivo e inconstante, e já
nem se lembra da pequena pastora.
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Pedro, irmão de Daniel, está noivo de Clara, irmã de
Margarida. O jovem médico encanta-se pela futura
cunhada, iniciando uma tentativa de conquista que
poria em risco a harmonia familiar.
Clara, inicialmente, incentiva os arroubos do
rapaz, mas recua ao perceber a gravidade das
consequências. Ansiosa por acabar com
impertinente assédio, concede-lhe um encontro no
jardim de sua casa.
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Esse encontro é o ponto culminante da narrativa:
surpreendidos por Pedro, são salvos por Margarida,
que toma o lugar da irmã. Rapidamente esses
acontecimentos tornam-se um grande escândalo
que compromete a reputação de Margarida.
Daniel, impressionado com a abnegação da
moça, recorda-se, finalmente, do amor da infância.
Apaixonado agora por Guida, procura conquistá-la.
No último capítulo, depois de muita resistência e
de muito sofrimento, Margarida aceita o amor de
Daniel.
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Características
Publicado inicialmente em 1866 em forma de folhetim
1867: lançado como livro
Ingredientes: o caráter moralizador, a religiosidade, a extrema
bondade, o maniqueísmo: a cidade – o campo; a modernidade – a
tradição; o desejo – o amor
A observação da vida simples das pessoas da aldeia
Capítulos tipicamente folhetinescos: unidades narrativas com
peripécias e final em suspensão.
Romance cheio de ironias bem humoradas
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Temática
Tese: a vida simples e natural torna as
pessoas alegres e felizes.
Descrição do campo, dos tipos humanos,
dos hábitos e das ideias da sociedade
pequeno-burguesa
Propósito de pregar uma moralização de
costumes pela vida rural e pela influência de
um clero convertido ao liberalismo
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Foco Narrativo
Narrador onisciente ou segundo Gennett,
heterodiegético (3ª pessoa)
Conhece as personagens tanto em seu mundo
interior como exterior, em suas ações e motivações
íntimas
Forma didática: ora descreve a interioridade de um
personagem, ora apenas registra os acontecimentos
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Tempo
Presente histórico: início da segunda metade do século XIX
Julio Dinis, autor pré-realista, preconizava a substituição do
maravilhoso psicológico pelo romance de costumes.
Tempo narrativo: não há precisão
Trata-se de alguns anos, que vão da infância de Daniel, passam pelo
tempo em que faz Medicina no Porto, seu regresso e a introdução, em
um tempo narrativo mais acelerado, das principais ações da trama,
isto é, o período dos escândalos na aldeia até a descoberta do amor.
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Espaço
Uma aldeia típica de Portugal .
Os costumes, as festas, os valores e os personagens.
Da estada para tratamento de saúde em Ovar, interior de Portugal,
são as memórias que o autor utiliza na composição de seu romance.
Os costumes rurais portugueses, incluindo aí as maledicências, as
beatas de verniz, mas também os valores positivos do agricultor
próspero, cuja moral do trabalho, Júlio Dinis dá como modelo social.
A obra se caracteriza por reforçar o velho motivo literário "fugere
urbem" (fugir da cidade).
A natureza é o grande cenário, repleto de abundância, de belezas
nostalgicamente evocadas, e daquele caráter de mãe que provê e
beneficia o cultivo das tradições.
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Personagens
Autênticas: João Semana é o retrato fiel do cirurgião João José da Silveira,
que no tempo da estada de Júlio Diniz em Ovar, exercitou a profissão médica
com grande sucesso, naquela região
Daniel - O segundo filho de José das Dornas. Franzino, volúvel e
irresponsável, principalmente em relação às mulheres
Em tudo diferente do irmão: detesta o trabalho no campo, começa estudando
latim e finalmente vai para a cidade do Porto, de onde volta muitos anos
depois, já médico formado
Personagem galante, inquieta o sossego da aldeia, fazendo vibrarem os
corações femininos e provocando a antipatia de quase toda a aldeia com sua
mania de conquistador
Representa, no romance, o tema romântico do resgate por meio do amor.
Tocado pelo amor, muda de vida, torna-se um homem sério
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Margarida (Guida)
Irmã mais velha de Clara. Filha de um primeiro casamento, seu
pai, viúvo, casa em segundas núpcias, mas não sobrevive
muito tempo à primeira esposa.
Ao perder o pai, Margarida recebe tratamento cruel da
madrasta, a quem serve de empregada. Vive uma infância
solitária de trabalhos duros, como o de pastora.
Passa os dias isolada nos campos e montes, onde seu único
consolo é o menino Daniel, a quem ama apaixonadamente.
Neste romance, é Margarida que representa o papel da
bondade a qualquer preço.
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Autodidata, torna-se a mestra dos meninos da aldeia.
Representa a fada: só pensa na felicidade alheia;
se anula para que a irmã seja feliz;
Escondida, sofre terrivelmente por frustração amorosa.
Esta personagem representa apresenta a dimensão realista
do romance, porque, embora seja uma típica heroína
romântica, capaz da bondade e do perdão, a amargura que
sente em decorrência de uma infância solitária e infeliz, repleta
de maus tratos e de pobreza, alia-se à instrução que a
diferencia dos outros personagens e faz com que veja as
contradições, as injustiças sociais, revitalizando o idealismo
romântico da obra.
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Clara
Clara – a mais nova. Única herdeira dos pais mortos;
Filha de um segundo casamento - a mãe era proprietária rural
Moça alegre, dada também a cantorias
Um pouco leviana, mas regenerada por algumas das
vicissitudes por que passa, como castigo por sua leviandade
Torna-se noiva de Pedro,mas impressiona-se com Daniel.
Cede aos galanteios do moço sem perceber as consequências
de sua atitude
Ingênua: sua leviandade não chega a comprometer-lhe o
caráter, cuja nobreza percebe-se pela amizade que dedica a
Guida, pela preocupação em reparar os males da infância
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Pedro
Filho mais velho de José das Dornas
Em tudo semelhante ao pai: robustez, disposição. Ingênuo,
mas alegre, dado a cantorias, muito ligado à vida do campo.
Apaixona-se por Clara, de quem fica noivo
Jovem aldeão cuja pureza, simplicidade e alegria pela vida
exemplificam a visão romântica pela existência rural
predominante na obra e reforçada pelo desfecho: a união entre
os dois pares amorosos, Pedro e Clara, Daniel e Guida
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José das Dornas
Lavrador abastado, mas humilde e humano, por
volta de 60 anos
Homem alegre, encarnação do pensamento positivo
do autor
Um viúvo forte e rijo, de formação moral tradicional
Mandar o filho para a cidade, para estudar, não é
propriamente pensamento seu, mas ao fazê-lo
torna-se o arquétipo dos agricultores de sua
situação no país
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Padre Antônio
É o senhor Reitor: pároco local, espécie de
anjo benfazejo, onipresente, incansável,
providencial
Destaca-se entre os personagens por sua
função de porta-voz do narrador, o que
percebe-se por sua presença estratégica e
definidora dos rumos seguidos ao longo do
romance, nos quais interfere diretamente
como um arquiteto da história
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Com o "evangelho no coração“, ele não apenas
representa a imagem do religioso autêntico,
militante, cuja vida é dedicada aos outros,
especialmente às pupilas, mas configura um
personagem nuclear do romance, sendo porta-voz
dos valores que Júlio Dinis quer transmitir às
massas, utilizando um velho pároco de aldeia como
exemplo vivo da força e da austeridade desses
valores
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Outros
João da Esquina - Merceeiro que, com sua família, centraliza as fofocas
locais. O plano de casar Francisca, sua desmiolada filha, com Daniel, rico
herdeiro, ao falhar, torna-o um inimigo irreconciliável dos "das Dornas"
D. Tereza e Francisca - Respectivamente, esposa e filha de João da Esquina
João Semana - O único médico da aldeia, até que Daniel regresse do Porto.
Conservador, nacionalista fervoroso, contador de anedotas picantes sobre
frades. Encarna a solidariedade comunitária, com sua medicina-apostolado, a
vida sem outro sentido que não seja a prática do bem e a preocupação com os
problemas alheios. Personagem secundário no romance
Joana - Criada de João Semana, fiel e maternal. Forte, persuasiva, de coração
grande, sempre à disposição do médico, seu amo
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O reitor, o lavrador, o pai José das
Dornas e o médico João Semana
Representam o caráter de livro-instrumento do romance para
transmitir ao leitor, com seu comportamento exemplar, de sua
autoridade moral, de sua interferência benéfica na vida da
comunidade, uma visão educativa da tradição como um valor que
deve ser preservado e respeitado
2. O reitor, sua "pupilas" Guida e Clara, os rapazes a quem amam,
Pedro e Daniel e José das Dornas, pai de ambos, constituem os
personagens principais do romance
3. Cada par de irmãos se caracteriza por apresentar personalidades
antagônicas - antítese fundamentada na posição entre razão e
emoção
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Personagens opositivas
Pedro, jovem de robustez adquirida pelo trabalho no campo.
Pessoa decidida, orienta seu comportamento, ou tenta fazê-lo,
pela racionalidade: seu destino de herdeiro do latifúndio, já
traçado, não os desestabiliza
Daniel, por sua vez, constitui o avesso de Pedro: desajeitado,
passional e frágil de corpo, conduz-se pela impetuosidade das
emoções. Por isso, sua vida é tortuosa e ele frequentemente
se encontra em situações delicadas
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Clara e Guida: irmãs por parte de pai
Margarida, jovem sensata, arquiteta sua existência a
partir de pilares sólidos, tais como a racionalidade e
a virtude; introspectiva, calada, sofre suas
decepções sentimentais sem testemunhas
Clara é o contrário: alegre, extrovertida, boa e
meiga; ela, no entanto, não possui a maturidade de
Margarida. Assim sendo, frequentemente tem
problemas, decorrentes de suas reações emocionais
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Mulher *
à mulher é atribuída a missão de regenerar o homem.
Margarida, tipicamente portuguesa, na tendência ao sentimentalismo e à melancolia (COELHO, 1983), é
responsável pela regeneração de Daniel, antes destituído de objetivo, volúvel e frívolo.
Enaltecimento do agir feminino, capaz de enobrecer e redimir o homem enamorado, uma ressonância
marcante da teoria neoplatônica, para quem a mulher era o reflexo mais fidedigno das perfeições do
Criador e, portanto, verdadeiro estímulo à ascensão moral do homem.
Nesse processo de sublimação das qualidades físicas e morais da mulher, vislumbra-se igualmente o
influxo do culto mariano na contribuição inegável para uma maior consciência da dignidade da mulher.
As primeiras manifestações populares de louvor e apreço a Maria, de que temos notícia, remontam ao
século IV na cidade de Éfeso.
De acordo com o texto bíblico, da decisão de uma jovem israelita, Deus fez depender a
redenção, tal como já o prefigurara na atuação de mulheres fortes e íntegras como Ruth,
Judith, Susana e Ester. Nas palavras de Jaroslav Pelikan: " (...) foi [ Maria ] quem
proporcionou a definição de feminilidade, de modo diverso do que se deu com a
masculinidade....“
Tem-se o céu e a Terra, porém num contexto em que se reforça o valor divino do humano ou, se
preferimos, o Céu parece habitar a Terra
Adaptado. IN: APOLONIA, Maria Ascenção Ferreira. Breve ensaio sobre a dimensão social da obra em
prosa de Júlio Dinis.
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Fontes
APOLONIA, Maria Ascenção Ferreira. Breve ensaio sobre a
dimensão social da obra em prosa de Júlio Dinis.
CAMPOS, GEIR. Pequeno dicionário de arte poética. SP,
Cultrix, 1978
FERREIRA, Alberto. Perspectivas do Romantismo português.
Lisboa, Edições 70, 1971.
KAISER, Wolfang, Análise e interpretação da obra literária.
Armênio Amado, 1976
SARAIVA, Antonio José. Para a história da cultura em Portugal.
Lisboa: Europa-América, 1972
pt.wikipedia.org/wiki/Júlio_Dinis