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FACULDADE ASSIS GURGACZ

               AROLDO DANIEL SALUM DA SILVA




TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM HIDROTERAPIA DIRECIONADO AO
 CONDICIONAMENTO FÍSICO DE PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA
                          GRAVIS




                        CASCAVEL
                           2006
1

               AROLDO DANIEL SALUM DA SILVA




TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM HIDROTERAPIA DIRECIONADO AO
 CONDICIONAMENTO FÍSICO DE PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA
                          GRAVIS




                            Trabalho apresentado como requisito para obtenção do
                            título de Bacharel no curso de Fisioterapia da Faculdade
                            Assis Gurgacz – FAG, campus de Cascavel, PR.

                            Orientador: Prof. Esp. Alexandre Badke




                        CASCAVEL
                           2006
2

                          FACULDADE ASSIS GURGACZ

                       AROLDO DANIEL SALUM DA SILVA




TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM HIDROTERAPIA DIRECIONADO AO
 CONDICIONAMENTO FÍSICO DE PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA
                          GRAVIS



Trabalho apresentado à Banca Avaliadora como requisito para a obtenção do título de
Bacharel em Fisioterapia da Faculdade Assis Gurgacz – FAG, sob orientação do Professor
Especialista Alexandre Badke.




                             BANCA EXAMINADORA



              __________________________________________________
                              Prof. Alexandre Badke
                             Faculdade Assis Gurgacz
                                    Especialista




              __________________________________________________
                          Profª. Cristina Hamerski Romero
                             Faculdade Assis Gurgacz
                                     Especialista




             ___________________________________________________
                         Prof. Fabiano Ferreira de Andrade
                             Faculdade Assis Gurgacz
                                    Especialista




                          Cascavel, 06 de novembro de 2006.
3

                                     DEDICATÓRIA




        A minha querida e amada namorada, Rocio Marceli Franco, que teve uma enorme

compreensão nas minhas ausências devido ao tempo necessário para a elaboração deste

trabalho, e também pelo apoio e conforto nunca negado nas horas de dificuldade e desânimo,

com certeza sem você eu nunca teria conseguido concluir este trabalho.
4

                                   AGRADECIMENTOS




         Agradeço muito a DEUS, por todo o caminho que eu já tracei e por mais essa

conquista.

         A minha família que sempre me apoiou e deu forças para que não desistisse nos

momentos de desânimo, e por seus esforços empreendidos para proporcionar uma vida com

saúde e educação.

         A minha paciente que sempre se mostrou animada aos atendimentos.

         A todos que fizeram parte da minha graduação, em especial ao meu grupo de estágio

que esteve comigo em momentos de tristeza e de alegria, e que sempre estiveram ali pro que

desse e viesse.

         Aos professores que foram verdadeiros mestres e amigos, passando grandes

ensinamentos tanto para o crescimento profissional quanto pessoal.

         Ao professor, orientador e amigo Alexandre, que teve imensa paciência ao receber

meus trabalhos pelas madrugadas.

         Aos professores Elaine e Rogério da Academia Fitness Center que me ajudaram em

tudo o que eu precisei, cedendo espaço e materiais, obrigado mesmo pessoal.

         Não poderia deixar de agradecer também aos meus grandes amigos de guerra, os

ilustres membros do KLAN, que com certeza festejam comigo mais essa vitória.

         A Dona Maria e a Aninha, que me cederam bastante de seu espaço me suportando

por madrugadas em que eu usava seu computador (obrigado pelos lanchinhos também...).
5




Onde a força de vontade é grande, as dificuldades não podem sê-lo.

                                                       Maquiavel
6

                                          RESUMO




A miastenia gravis é uma patologia auto-imune com características de fraqueza e
fatigabilidade que, segundo a literatura, aumentam com o esforço físico. Dentre os diversos
tipos de tratamentos utilizados, encontra-se o corticoterápico, gerador de inúmeros efeitos
deletérios. O objetivo geral deste estudo foi verificar se paciente portador de miastenia
generalizada moderada é capaz de seguir uma conduta de exercícios hidroterápicos, destinada
ao condicionamento físico, e os específicos são: verificar se o programa proposto é capaz de
melhorar o desempenho físico e fisiológico, aumentar a resistência à fadiga e diminuir os
efeitos da corticoterapia em: 1) massa muscular, enfatizando a diminuição de gordura e ganho
de massa magra; 2) diminuição ou manutenção de glicemia em níveis normais; 3) diminuição
ou manutenção do colesterol total em níveis normais. O programa foi composto por exercícios
aeróbicos intervalados pra membros superiores, inferiores e tronco, seguido de exercício
aeróbico contínuo, corrida leve, aumentados lento e progressivamente, de acordo com a
sintomatologia do paciente. Para verificação de massa foi realizado o teste de bioimpedância
elétrica e os níveis de glicemia em jejum e colesterol total por exames laboratoriais, ao inicio,
meio e fim do tratamento. Os exercícios aeróbicos intervalados tiveram evolução favorável de
3X10 para 3X20 repetições e aumento de intensidade, e o contínuo de 5 para 10 minutos, a
ponto de promover o condicionamento da paciente, aumentar o desempenho físico e
fisiológico e a resistência à fadiga. O teste de caminhada, utilizado também para análise da
capacidade cardiorespiratória, no pós-tratamento apontou mudanças favoráveis, com aumento
de percurso (512 para 530m) e aumento de capacidade cardiorespiratória. Houve diminuição
de 0,8% de gordura corporal e aumento de 2,33% de massa magra. Os níveis de glicemia
reduziram em 17,02% e o colesterol total em 26,12%, atingindo as referências laboratoriais
desejadas. O programa em hidroterapia demonstrou ser praticável, eficaz e seguro em
paciente com miastenia gravis e proporcionou os benefícios de combate ao sedentarismo e
prevenção de doenças secundárias ao uso prolongado de corticóides.


Palavras-chave: Miastenia gravis. Corticóides. Condicionamento físico. Hidroterapia.
7

                                         ABSTRACT




The myasthenia gravis is an auto-immune pathology with weakness characteristics and fatigue
that, according to literature, increase with the physical effort. Amongst the diverse types of
used treatments, have the corticoid therapy, generator of innumerable deleterious effect. The
general objective of this study is to verify if a carrying patient of generalized miastenia
moderate is capable to follow a behavior of hydrotherapy exercises, destined to the physical
conditioning, and the specific ones are: to verify if the considered program is capable to
improve the physical and physiological performance, to increase the fatigue strength and to
diminish the effect of the corticoid therapy in: 1) muscular mass, emphasizing the reduction of
fat and profit of lean mass; 2) reduction or maintenance of glicemy in normal levels; 3)
reduction or maintenance of the total cholesterol in normal levels. The program was
composed of aerobics intervals exercises for trunk, superior and inferior members, followed
of continuous aerobic exercise, light cooper, increased slow and gradually, in accordance with
the symptoms of the patient. For verification of mass it was carried through the test of electric
bioimpedance and the levels of glicemy in jejum and total cholesterol for laboratory
examinations, on the beginning, middle and end of treatment. The aerobic intervals exercises
had favorable evolution of 3X10 for 3X20 repetitions and increase of intensity, and the
continuous exercise of 5 for 10 minutes, in a point to promote the conditioning to the patient,
to increase the physical and physiological performance and the fatigue strength. The test of
walk, also used for analysis of cardio respiratory capacity, on post-treatment pointed
favorable changes, with increase of passage (512 for 530m) and increase of cardiorespiratory
capacity. It had reduction of 0,8% of corporal fat and increase of 2,33% of lean mass. The
glicemy levels had reduced in 17,02% and the total cholesterol in 26,12%, reaching the
desired laboratory references. The program in hydrotherapy demonstrated to be practicable,
efficient and safe in patient with miastenia gravis and provided to the benefits of combat
inactivity symptoms and prevention of secondary illnesses to the extended use of corticoids.


Keywords: Myasthenia gravis. Corticoids. Physical conditioning. Hydrotherapy.
8

                                           LISTA DE ILUSTRAÇÕES




Figura 1: Estrutura da placa motora..........................................................................................18

Figura 2: Efeitos do uso prolongado de corticóides..................................................................34

Gráfico 1: Evolução dos exercícios aeróbicos intervalados......................................................79

Gráfico 2: Evolução do exercício aeróbico intervalado “flexão plantar”.................................80

Gráfico 3: Evolução do exercício aeróbico contínuo................................................................81

Gráfico 4: Percentual da gordura..............................................................................................83

Gráfico 5: Peso da gordura corporal.........................................................................................84

Gráfico 6: Peso da massa magra...............................................................................................84

Gráfico 7: Resultado nos níveis de glicose em jejum...............................................................85

Gráfico 8: Resultado nos níveis de colesterol total...................................................................85

Quadro 1: Valores de referência para níveis de glicose............................................................75

Quadro 2: Valores de referência para níveis de colesterol total................................................75

Tabela 1: Escala RPE de Borg..................................................................................................63

Tabela 2: Exercícios aeróbicos intervalados para MMSS........................................................67

Tabela 3: Exercícios aeróbicos intervalados para tronco..........................................................69

Tabela 4: Exercícios aeróbicos intervalados pra MMII............................................................71

Tabela 5: Materiais para avaliação e atendimento....................................................................77

Tabela 6: Teste de caminhada de 6 minutos.............................................................................82
9

                                 LISTA DE ABREVIATURAS




ºC: Celsius

ACh: acetilcolina

AChE: acetilcolinesterase

AChR: receptor de acetilcolina

ADP: adenosina difosfato

anti-R-ACC: anti-receptor de acetilcolina

ATP: adenosina trifosfato

ATPase: adenosinatrifosfatase

AVD´s: atividades de vida diárias

Ca2+ : cálcio

CR: category-ratio

DNA: ácido desoxirribonucléico

EMG: eletromiografia

FC: freqüência cardíaca

FCM: freqüência cardíaca máxima

FCR: freqüência cardíaca de repouso

FCT: freqüência cardíaca de treinamento

h.: hora

HDL: high density lipoprotein

IGIV: imunoglobulina intravenosa

Kg: quilograma

LDL: low density lipoprotein
10

mg: miligrama

MG: miastenia gravis

min.: minuto

ml: mililitro

MMII: membros inferiores

MMSS: membros superiores

Pi : fosfato inorgânico

RPE: ratings of perceived exertion
11

                                                           SUMÁRIO




1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 17

2.1 MÚSCULO......................................................................................................................... 17

2.1.1 Placa motora .................................................................................................................... 17

2.1.2 Impulso motor ................................................................................................................. 18

2.1.2.1 Função da colinesterase ................................................................................................ 19

2.1.2.2 Papel do cálcio na transmissão do impulso .................................................................. 19

2.1.3 Contração muscular ......................................................................................................... 20

2.2 MIASTENIA GRAVIS ...................................................................................................... 21

2.2.1 Etiopatogenia ................................................................................................................... 21

2.2.2 Formas de miastenia gravis ............................................................................................. 22

2.2.3 Incidência e prevalência .................................................................................................. 23

2.2.4 Sintomas e sinais ............................................................................................................. 24

2.2.4.1 Classificação clínica ..................................................................................................... 26

2.2.5 Diagnóstico...................................................................................................................... 27

2.2.6 Tratamento....................................................................................................................... 27

2.3 CORTICÓIDES E EFEITOS COLATERAIS ................................................................... 30

2.3.1 Efeitos metabólicos ......................................................................................................... 31

2.3.1.1 Síndrome de Cushing iatrogênica................................................................................. 33

2.3.2 Efeitos endócrinos ........................................................................................................... 35

2.3.3 Efeitos hematológicos...................................................................................................... 35

2.3.4 Efeitos gastrintestinais..................................................................................................... 36
12

2.3.5 Efeitos oculares................................................................................................................ 36

2.3.6 Efeitos sobre o sistema cardiovascular............................................................................ 37

2.3.7 Efeito sobre o sistema nervoso central ............................................................................ 37

2.4 EXERCÍCIOS FÍSICOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE ................................................. 37

2.4.1 Benefícios do exercício físico.......................................................................................... 38

2.4.2 Condicionamento físico................................................................................................... 39

2.4.2.1 Exercício aeróbico e anaeróbico ................................................................................... 40

2.4.2.2 Exercício aeróbio de resistência ................................................................................... 41

2.4.3 Critérios para prescrição de exercícios............................................................................ 42

2.4.3.1 Avaliação da capacidade física..................................................................................... 43

2.4.3.2 Taxação do esforço percebido ...................................................................................... 43

2.4.3.3 Freqüência cardíaca de treinamento ............................................................................. 44

2.4.4 Alongamento ................................................................................................................... 45

2.5 HIDROTERAPIA............................................................................................................... 46

2.5.1 Princípios físicos da água ................................................................................................ 46

2.5.1.1 Densidade relativa ou gravidade específica.................................................................. 46

2.5.1.2 Turbulência................................................................................................................... 47

2.5.1.3 Flutuação ...................................................................................................................... 48

2.5.1.4 Refração........................................................................................................................ 48

2.5.1.5 Pressão hidrostática ...................................................................................................... 49

2.5.1.6 Tensão superficial......................................................................................................... 49

2.5.1.7 Viscosidade................................................................................................................... 50

2.5.1.8 Movimento de fluxo (laminar e turbulento) ................................................................. 50

2.5.2 Efeitos fisiológicos da imersão em repouso .................................................................... 51

2.5.2.1 Respostas cardiovasculares........................................................................................... 51
13

2.5.2.2 Respostas respiratórias ................................................................................................. 52

2.5.2.3 Respostas renais............................................................................................................ 53

2.5.2.4 Respostas do sistema nervoso....................................................................................... 54

2.5.3 Respostas fisiológicas ao exercício na água .................................................................... 55

2.5.4 Adaptações ao treinamento físico na água ...................................................................... 56

2.5.5 Aplicabilidades dos princípios físicos ............................................................................. 56

2.5.6 Condicionamento físico na água...................................................................................... 59

2.6 MIASTENIA GRAVIS X EXERCÍCIO FÍSICO .............................................................. 60

3 METODOLOGIA................................................................................................................ 62

3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................................ 62

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................................ 62

3.3 LOCAL E DURAÇÃO DA PRÁTICA DA PESQUISA................................................... 63

3.4 CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DE EXERCÍCIOS ............................................ 63

3.4.1 Teste de caminhada de 6 minutos.................................................................................... 64

3.5 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO .......................................................................... 65

3.5.1 Programa de exercícios.................................................................................................... 66

3.6 AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO TRATAMENTO ................................................... 73

3.7 AVALIAÇÃO DE GORDURA E MASSA MAGRA CORPORAL, GLICEMIA E

COLESTEROL TOTAL .......................................................................................................... 74

3.8 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................................ 75

3.9 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO........................................................................................... 76

3.10 MEDIDAS DE PROTEÇÃO ........................................................................................... 76

3.11 CRITÉRIOS PARA INTERROMPER A PESQUISA..................................................... 77

3.12 MATERIAIS PARA AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO (QUANT./ EQUIP./ MARCA)77

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 79
14

5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 86

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 90

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 91

APÊNDICE A – ALONGAMENTOS PARA MMSS ......................................................... 96

APÊNDICE B – ALONGAMENTOS PARA TRONCO .................................................... 97

APÊNDICE C – ALONGAMENTOS PARA MMII........................................................... 98

ANEXO A – FICHA DE AVALIAÇÃO............................................................................... 99

ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................ 102

ANEXO C – AUTORIZAÇÃO MÉDICA.......................................................................... 104

ANEXO D – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA ............................. 106
15

1 INTRODUÇÃO




        A miastenia gravis é uma patologia auto-imune, sem causa definida, com

características de fraqueza e fadiga muscular que, segundo a literatura, são iniciadas ou

intensificadas com a realização de exercícios físicos, o que provoca uma condição de

sedentarismo.

        São bem conhecidos os benefícios da atividade física regular. No entanto, a falta de

estudos que encoraje os pacientes com miastenia a realizarem a atividade física, segura e

monitorada, somados aos efeitos colaterais medicamentosos, como o corticoterápico, deixa o

paciente sem alternativa ao buscar a melhoria na sua qualidade de vida e saúde,

principalmente nos casos mais graves da doença.

        Este é um estudo de caso que tem como objetivo geral verificar se um paciente

portador de MG generalizada IIB (moderada) é capaz de seguir uma conduta de exercícios

hidroterápicos, destinada ao condicionamento físico, plausível com as limitações da patologia.

Os objetivos específicos são verificar se o programa desenvolvido é capaz de melhorar o

desempenho da paciente, aumentar a resistência à fadiga e diminuir os efeitos da

corticoterapia em: 1) Massa muscular, enfatizando a perda de gordura corporal e ganho de

massa magra; 2) Diminuição ou manutenção da glicemia em níveis normais; 3) Diminuição

ou manutenção do colesterol total em níveis normais.

        Para isso, foi elaborado um programa de exercícios aeróbicos para membros

superiores, tronco e membros inferiores, finalizado com corrida leve, com o propósito de

aumento lento e progressivo, monitorado principalmente pela sintomatologia do paciente

através da taxação do esforço percebido. A avaliação do tratamento foi feita através de análise

comparativa da progressão dos exercícios pelas variáveis repetições e intensidade nos
16

exercícios intervalados, tempo, no exercício contínuo (corrida) e evolução do paciente no

teste de caminhada de seis minutos. Os efeitos do tratamento na composição corporal (massa

magra e gordura) foram verificados através de bioimpedância elétrica e os níveis sanguíneos

de glicemia (em jejum) e colesterol total por exames laboratoriais, através de análise

comparativa.

        Neste trabalho será abordado, primeiramente, o funcionamento do músculo para

esclarecer o mecanismo fisiopatológico da miastenia, que será revisada posteriormente. Os

corticóides, indicados freqüentemente nos casos mais severos da patologia, estão dispostos

em seguida a fim de explanar os efeitos deletérios pelo uso prolongado. Os benefícios do

exercício físico, assim como o papel dos mesmos na promoção da saúde estão colocados na

seqüência do trabalho, e logo após, a explanação da hidroterapia como opção que oferece os

benefícios da atividade física com maior conforto e segurança quando comparada à execução

em terra. A relação da miastenia com o exercício físico finalizará a revisão teórica do

trabalho, a fim de enfatizar a necessidade de maiores estudos para esse tema.
17


2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA




2.1 MÚSCULO




2.1.1 Placa motora




        Foss & Keteyian (2000); Wilmore & Costill (2001) afirmam que os nervos

destinados a um músculo contêm fibras motoras (eferentes) e sensoriais (aferentes), que

penetram no músculo e saem dele junto com os vasos sanguíneos. Os nervos motores

originam-se do sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro). A unidade motora é

constituída por um neurônio motor simples (motoneurônio) e todas as fibras musculares que

ele inerva. Dessa forma, o ponto onde o nervo motor termina (axônio) sobre a fibra muscular,

ou seja, uma sinapse, é conhecida como junção neuromuscular (mioneural) ou placa motora

terminal. Para Powers & Howley (2000) a extremidade do motoneurônio não entra em contato

físico com a fibra muscular, sendo separadas por um pequeno espaço, a fenda neuromuscular.

Nas fendas encontram-se agregados da enzima colinesterase, capaz de destruir a acetilcolina

(GUYTON, 1988). A estrutura da placa motora pode ser visualizada na Figura 1.
18

   FIGURA 1 – Estrutura da placa motora




   ___________________________________________________________________________________
   Fonte: POWERS & HOWLEY (2000).




2.1.2 Impulso motor




        O impulso motor, originado do cérebro ou da medula espinhal, chega à placa motora,

mais precisamente nas terminações nervosas (axônios), fazendo com que muitas das pequenas

vesículas de acetilcolina (neurotransmissor), armazenadas nessas terminações, rompam

através da membrana para esvaziar seu conteúdo na fenda sináptica e se ligar aos receptores.

É transmitida, assim, uma carga elétrica em toda a extensão da fibra muscular. Nesse

processo, a acetilcolina atua sobre a membrana muscular, cheia de pregas, para aumentar sua

permeabilidade e permitir a entrada de sódio para o interior da fibra muscular, o que acarreta

o fluxo de cargas positivas para o citoplasma muscular, despolarizando imediatamente essa

área de membrana celular. O evento de despolarização resulta no disparo ou geração de um

potencial de ação, que se propaga ao longo da fibra provocando sua contração (WILMORE &

COSTILL, 2001; GUYTON, 1988).
19

2.1.2.1 Função da colinesterase




        Segundo Guyton (1988), após a acetilcolina ter estimulado a fibra muscular, ela é

imediatamente destruída, permitindo que a membrana repolarize e fique pronta para um novo

estímulo. Essa destruição é feita pela enzima colinesterase, localizada na fenda sináptica, que

fraciona a acetilcolina em cerca de 1/500 de segundos. Se a acetilcolina permanecesse

interruptamente em contato com a membrana da fibra muscular, essa fibra transmitiria uma

sucessão infinita de impulsos.




2.1.2.2 Papel do cálcio na transmissão do impulso




        O potencial de ação desencadeia também a liberação de íons cálcio (Ca2+) do retículo

sarcoplasmático para o interior do sarcoplasma. Esses íons ligam-se a protonina que desloca

as moléculas de tropomiosina de cima dos sítios ativos do filamento de actina, abrindo-os

para permitir que cabeças de miosina se liguem fortemente nesse filamento de actina

(WILMORE & COSTILL, 2001).
20

2.1.3 Contração muscular




        Segundo Powers & Howley (2000) o processo de contração muscular envolve um

sistema de produção de energia que resulta no deslizamento da actina sobre a miosina,

explicado pela Teoria do Filamento Deslizante, fazendo com que o músculo encurte e,

posteriormente, desenvolva tensão.

        No filamento de miosina, a cabeça se inclina em direção à actina. Esse estado de

inclinação é denominado ponte cruzada. Durante a contração, os filamentos de actina e

miosina deslizam uns sobre os outros através das diversas pontes cruzadas, que se ligam à

actina num estado de ligação forte. Powers & Howley (2000) destacam que a força de ligação

varia de uma ligação “fraca” a uma ligação “forte”, mas que o desenvolvimento da força e

contração muscular ocorre somente no estado de ligação forte. Portanto, quando as fibras não

estão se contraindo, a cabeça da miosina continua em contato com o sítio de ligação, no

entanto, o estado é bloqueado, ou enfraquecido, pela tropomiosina.

        Posteriormente, as cabeças da miosina se separam do sítio ativo, rodam de volta à

posição original e se prendem a outro sítio ativo mais distante, fixando-se e deslizando

sucessivamente. Esse processo necessita de energia, proveniente da ATP, que é degradada

pela enzima ATPase (localizada na cabeça da miosina) em : ADP, P i e energia. Essa energia é

utilizada para unir a cabeça da miosina ao filamento de actina (FOSS & KETEYIAN, 2000;

WILMORE & COSTILL, 2001; POWERS & HOWLEY, 2000).

        Segundo Wilmore & Costill (2001) a ação muscular é finalizada quando ocorre

depleção do cálcio. Ele é bombeado do sarcoplasma para o retículo endoplasmático,

permanecendo armazenado até a chegada de um novo impulso muscular. A remoção do cálcio

promove a desativação da troponina e tropomiosina bloqueando, assim, a ligação entre as
21

pontes cruzadas e a actina. O resultado é o retorno dos filamentos de miosina e de actina ao

seu estado original de relaxamento.




2.2 MIASTENIA GRAVIS




        A miastenia gravis (MG) é um distúrbio auto-imune com sintomas de fraqueza e

fatigabilidade que acomete músculos isolados ou de forma generalizada. Resulta de um

defeito neuromuscular causado pelo ataque de auto-anticorpos aos receptores de acetilcolina

(AChR) na fenda sináptica, com perda de função dos mesmos (CARVALHO, SILVA,

ORTENSI, FONTES, OLIVEIRA, 2005).




2.2.1 Etiopatogenia




        Ainda é desconhecida a maneira como se inicia o processo auto-imune. O que a

literatura apresenta são hipóteses da relação entre o distúrbio e o timo. (PENN &

ROWLAND, 2000; CARVALHO et al, 2005; CONTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).

Segundo Carvalho et al (2005) cerca de 75% dos pacientes com MG apresentam

anormalidades no timo, e Penn & Rowland (2000) afirmam que em cerca de 15% dos

pacientes ocorre um tumor benigno, um timoma. Segundo os últimos autores, o timo normal é

responsável pela maturação das células T, que medeiam a proteção imune sem provocar

respostas auto-imunes.
22

           Carvalho et al (2005) explicam que na MG, os anticorpos ligam-se aos AChR

interferindo na interação da acetilcolina (ACh) com os mesmos, com conseqüentes redução

e/ou degradação no número de receptores,



                         assim, quando a ACh é liberada na JNM, a chance da molécula encontrar um
                         receptor antes de ser hidrolisada pela AChE torna-se menor visto que a densidade
                         de AChR está reduzida. Além disso, algumas mudanças morfológicas, tais como a
                         alteração na geometria da placa motora [...] diminuem ainda mais a probabilidade
                         da ACh interagir com receptores funcionais ainda presentes (CARVALHO, 2005,
                         p.139).




           Dessa forma, os autores esclarecem que o músculo esquelético não se contrai

adequadamente, levando ao enfraquecimento muscular, característico da MG. A fraqueza

varia em intensidade no decorrer do dia, podendo levar de minutos à dias a fadiga do músculo

afetado.




2.2.2 Formas de miastenia gravis




           De acordo com Penn & Rowland (2000), apresenta-se sob as formas:

Formas Juvenis e Adultas: é a forma típica da MG, conhecida por alguns autores como auto-

imune adquirida (CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999), com produção de anticorpos que

bloqueiam a função dos receptores de acetilcolina. Inicia-se em qualquer idade, sendo mais

comum dos 20 aos 40 anos, e menos freqüente antes dos 10 anos e depois de 65.

Miastenia Neonatal: acomete recém nascidos de mães miastênicas, em cerca de 12%. Penn &

Rowland (2000, p. 626) afirmam que esses bebês apresentam “uma síndrome que se

caracteriza por distúrbio da sucção, choro fraco, membros flácidos e, excepcionalmente,
23

insuficiência respiratória”. As mães podem estar em remissão total, mas geralmente

apresentam-se sintomáticas; para ambos os casos demonstram-se anticorpos para AChR. Os

sintomas melhoram progressivamente, desaparecendo em dias ou semanas, de acordo com o

declínio de anticorpos do bebê.

Miastenia Congênita: a afecção é frequentemente familiar. Geralmente, as crianças não

apresentam problemas neonatais, no entanto, a oftalmoplegia é o sinal em lactentes. Pode-se

manifestar fraqueza dos membros. As mães não apresentam sintomas e não apresentam

anticorpos para AChR. As crianças não apresentam anti-AChR, contudo, há respostas

decrescentes à estimulação repetitiva. Infecções leves podem induzir episódios de apnéia.

Miastenia induzida por drogas: manifestam-se sinais clínicos semelhantes à MG adulta típica

em paciente que utilizam certos tipos de medicamentos como penicilina para artrite

reumatóide ou doença de Wilson. Os sinais desaparecem com a suspensão da droga utilizada.




2.2.3 Incidência e prevalência




        Alguns autores como Carvalho et al (2005) consideram a miastenia uma doença rara.

No entanto, devido, provavelmente, ao aperfeiçoamento diagnóstico da doença nos últimos

anos, pode-se considerar a miastenia uma doença comum, com taxas de prevalência que

variam, segundo Cunha, Scola e Werneck (1999) de 0,5 a 14,2: 100.000 habitantes, e

incidência que variam de 2.0 a 10.4:1.000.000 habitantes. Para tanto, a literatura concorda

que, mesmo a miastenia podendo ocorrer em qualquer faixa etária e para ambos os sexos, as

mulheres são mais acometidas que os homens antes dos 40 anos (CONTRAN, KUMAR,

COLLINS, 2000; PENN & ROWLAND, 2000; CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999) com
24

maior comprometimento aos 26 anos nas mulheres e 31 nos homens (CUNHA, SCOLA,

WERNECK, 1999). Penn & Rowland (2000, p.626) afirmam ainda que são raros os casos

familiares, contudo, “familiares em primeiro grau apresentam uma incidência fora do comum

de outras doenças auto-imunes (lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, patologias da

tireóide)[...]”.




2.2.4 Sintomas e sinais




          A fraqueza miastênica varia em grau e intensidade, de minutos à dias, ou períodos

mais prolongados. Afeta músculos ora isolados, ora em conjunto, muitas vezes limitando a

expressividade e realização de atividades normais do indivíduo.

          De acordo com os sintomas, a MG pode ser restrita aos músculos oculares ou

generalizada. Se o comprometimento for apenas ocular, ocorre debilidade dos músculos

oculares externos. Segundo Penn & Rowland (2000) se a miastenia atingir apenas

musculatura ocular por 2 anos, e permanecer restrita após 3 anos, raramente torna-se

generalizada.

          Na MG generalizada os sintomas iniciais são tipicamente ptose e diplopia. Penn &

Rowland (2000, p.628) descrevem que “a fraqueza dos músculos faciais e levantadores das

pálpebras produz uma face inexpressiva característica, com queda das pálpebras” e que cerca

de 40% dos pacientes são acometidos inicialmente pelos membros oculares e cerca de 85%

são, no transcorrer da doença, finalmente atingidos. Os mesmos autores afirmam que, por

motivos ainda não esclarecidos, tanto o estresse emocional como uma doença podem agravar

a fraqueza da miastenia.
25

        A fraqueza nos membros ocorre com freqüência, resultando na dificuldade para subir

escadas, levantar os braços, lavar os cabelos, escrever, entre outros, e dificilmente são

afetados isoladamente (CARVALHO et al, 2005). Para Tierney Jr., Mcphee e Papadakis

(2004) e Carvalho et al (2005) a atividade continuada, que estimula repetitivamente os

músculos e prejudica o poder de contração, intensifica a fraqueza nos membros, o que

melhora após breve repouso.

        Pode ocorrer fraqueza no pescoço, em conjunção à fraqueza craniana; é a fraqueza da

musculatura cervical que torna a manutenção da cabeça cansativa. A dificuldade de mastigar,

somada aos outros sintomas de fraqueza dos músculos cranianos, limitam os movimentos

faciais do indivíduo. Dificuldade de engolir, engasgo e voz anasalada são fraquezas comuns

decorrentes do comprometimento bulbar, podendo, conseqüentemente, haver regurgitação

nasal de líquidos, dependendo do grau da fraqueza (PENN & ROWLAND, 2000;

CARVALHO et al, 2005; TIERNEY JR, MCPHEE, PAPADAKIS, 2004).

        Se a fraqueza atinge os músculos respiratórios e provocar ventilação inadequada é

denominado crise miastênica.



                      A fraqueza dos músculos respiratórios [...] geralmente é sintomática, podendo variar
                      desde uma dispnéia em repouso até uma dispnéia decorrente de esforço intenso. A
                      alteração do volume pulmonar pode levar a áreas de atelectasia e conseqüentemente
                      hipoxemia, pode haver hipercapnia, como resultado da hipoventilação, e debilidade
                      do reflexo de tosse, devido a fraqueza dos músculos expiratórios. (CARVALHO et
                      al, 2005, p. 139).




        Segundo Penn & Rowland (2000) as crises têm maior probabilidade de ocorrer em

pacientes com fraqueza dos músculos respiratórios e da orofaringe, podendo ser provocadas

por infecções respiratórias e procedimentos cirúrgicos, como a timectomia. No passado, o

comprometimento respiratório era a maior causa de mortalidade nos portadores de MG

(CONTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000). A partir de 1960, mesmo faltando a teoria sobre
26

seus mecanismos, a timectomia passou a ser largamente realizada (CUNHA, SCOLA,

WERNECK, 1999), o que promoveu necessidade de aperfeiçoamento dos métodos de

assistência ventilatória. Contran, Kumar e Collins (2000) afirmam que hoje, 95% dos

pacientes sobrevivem graças aos métodos aperfeiçoados de ventilação mecânica.

         Lesões das placas motoras podem ocorrer se a MG não for tratada, podendo evoluir

para formas incapacitantes. Por isso, Almeida, Okano, Vargas, Ferreira-Santos, Sato e

Barreira (2000) enfatizam a instituição do tratamento assim que fechado o diagnóstico.




2.2.4.1 Classificação clínica




         Segundo Osserman & Genkins (1971) é possível classificar a forma clínica na qual

se encontra o paciente, da seguinte forma:

Grupo I: Miastenia ocular: limitada à musculatura ocular (ptose palpebral e diplopia).

Grupo II A: Miastenia generalizada leve: envolvimento muscular generalizado, poupando

musculatura respiratória.

Grupo II B: Miastenia generalizada moderada: maior comprometimento da musculatura

esquelética, manifestações bulbares e intolerância aos exercícios, sem comprometimento

respiratório.

Grupo III: Miastenia aguda fulminante: rápida progressão, com comprometimento severo da

musculatura esquelética e bulbar, envolvendo função respiratória, progredindo em 6 meses.

Grupo IV: Miastenia generalizada severa tardia: progressão até a forma mais severa da

doença, no prazo de 2 anos, em pacientes que foram do grupo I e II.
27

2.2.5 Diagnóstico




        Para Marques (2001, p.25) “a confirmação da suspeita clínica deverá ser feita usando

o teste de anticolinesterase (edrofônio ou piridostigmina), estimulação nervosa repetida,

eletromiografia (EMG) e pesquisa de anticorpos anti-R-ACC”.




2.2.6 Tratamento




        Os diferentes tipos de tratamento para MG podem ser utilizados individualmente ou

em combinação, de acordo com a evolução da doença e são basicamente: a farmacoterapia

anticolinesterásica, uso de esteróides e/ou outras drogas imunossupressoras, timectomia,

plasmaferese e uso de imunoglobulina intravenosa (IGIV).

        As drogas anticolinesterásicas (neostigmina, brometo de piridostigmina) são

geralmente o primeiro recurso terapêutico utilizado; apresentam alívio sintomático sem alterar

a evolução da doença (TIERNEY JR, MCPHEE, PAPADAKIS, 2004; ALMEIDA et al,

2000; PENN & ROWLAND, 2000; CARVALHO et al, 2005). O mecanismo de ação dessas

drogas ocorre através do bloqueio da enzima responsável pela degradação da acetilcolina

liberada na placa motora, a colinesterase, permitindo que a ACh tenha maior disponibilidade

de se fixarem aos receptores (AChR). A partir de 1954 a piridostigmina passou a ser a droga

de escolha no tratamento da MG sendo hoje, a droga mais popular das anticolinesterases

(CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999). Dentre os efeitos adversos, é temido a crise

colinérgica (estimulação excessiva dos AChR), por isso, são usados em pequenas quantidades
28

e de forma exclusiva nos casos de miastenia ocular. Em caso de evolução da doença são

utilizados somatoriamente com outras drogas (ALMEIDA et al, 2000).

         Os esteróides são utilizados quando os anticolinesterásicos são insuficientes ou como

medida preparatória para a timectomia. Cunha, Scola e Werneck (1999) afirmam que os

corticosteróides assumiram papel de elite no tratamento da doença nos anos 60 e 70, de modo

contínuo ou em dias alternados. A maioria dos clínicos usa prednisona onde, uma vez que se

obtêm resultados satisfatórios, reduz-se a dose gradualmente, podendo, dessa forma, alterar o

curso evolutivo da doença (PENN & ROWLAND, 2000). O uso prolongado e contínuo de

corticosteróides tem efeitos colaterais diversos, que serão discutidos mais tarde. Quando o uso

de corticóides se prolonga, considera-se o tratamento com outra classe de imunossupressores

(azatioprina, ciclofosfamida, metotrexato) principalmente na intenção de redução dos

esteróides (ALMEIDA et al, 2000).

         De Cos & Merino (1998) explicam que a azatioprina atua inibindo a síntese de DNA,

obstaculiza a proliferação celular e consequentemente inibe a resposta imunitária. Os efeitos

adversos do uso prolongado de imunossupressores são depressão de medula óssea,

suscetibilidade a infecções, problemas hepáticos e condições malignas retardadas (PENN &

ROWLAND, 2000).

         A plasmaferese é utilizada na redução temporária dos sintomas, em caso de

exacerbações (crises) e como alternativa preparatória para timectomia. A técnica é capaz de

separar e purificar os receptores de acetilcolina (AChR), reduzindo rapidamente os níveis de

anticorpos contra os receptores (CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999; ALMEIDA et al,

2000). O tratamento semelhante em seus fins é a administração de imunoglobulina

intravenosa (IGIV), onde se supõe que ocorra bloqueio dos anticorpos por inibição

competitiva. Esse tratamento é praticamente isento de efeitos colaterais, porém é de alto

custo.
29

        Diferente da timectomia estritamente necessária, quando há presença de timoma, a

timectomia como alternativa de tratamento é bastante discutida. Algumas linhas de pesquisa

acreditam não ser necessária a remoção do timo ou os resquícios do mesmo, pois estudos

como o Werneck, Cunha e Scola (2000, apud CARVALHO et al, 2005, p.140), que

“comparou grupos de pacientes submetidos à timectomia e que realizaram tratamento

conservador não encontraram diferenças estatisticamente significantes entre esses grupos com

relação a remissão ou a melhoria da doença”.

        No entanto, Almeida et al (2000) acreditam que mesmo não estando esclarecida a

real função do timo no desenvolvimento da MG, os resultados da timectomia são bastante

encorajadores, e acrescentam que, atualmente, alguns grupos optam pela alternativa de

tratamento antes mesmo de iniciar a terapêutica clínica.

        Assim, a timectomia é considerada um tratamento de resultados dignos, incluso

remissões completas, em diversos estudos (RUIZ JR., REIBSCHEID, CATANEO,

REZENDE, 2004; ALMEIDA et al, 2000; RIVEROS, ALVAREZ, VERGARA, ROJAS,

1999;   MORENO,       1997;    RZYMAN,         SKOKOWSKI,    MARJANSKI,        WALCZAK,

SZYMANOWSKA, BILINSKA, 2005). A remissão completa é encontrada na literatura em

percentuais que variam de 17,6 à 26%; melhora clínica de 63,6 à 97,2% e piora de 5 à 9,1%

de casos (RUIZ JR et al, 2004; RZYMAN et al, 2005; PETKOV, KUTEV,

MLADENOVSKI, TODOROV, GAVRILOV, ATANASOV, GORANOV, 2004; ALMEIDA

et al, 2000). Em pacientes sem timoma, o resultado parece ser ainda mais favorável, com

remissões próximas a 50% dos pacientes (OLIVEIRA, CAMPOS, CARDOSO, 1995; EL-

MEDANY, HAJJAR, ESSA, AL-KATTAN, HARIRI, ASHOUR, 2003).

        Para tanto, se enfatiza a importância de acompanhamento dos resultados da

timectomia a longo prazo, visto que estudos como o de El-Medany et al (2003) encontraram

remissões completas em até 15 anos após a realização da timectomia, mostrando ao longo de
30

3 anos remissões em 37,4% dos pacientes, em 10 anos: 58,2% e em 15 anos: 75% de

pacientes assintomáticos e sem uso de medicamentos.




2.3 CORTICÓIDES E EFEITOS COLATERAIS




        Os principais esteróides, mineralocorticóides e glicocorticóides, que de forma

endógena são secretados pelo córtex supra-renal, receberam modificações químicas, dos

hormônios originais, para gerar os produtos sintéticos dos mesmos. Dessa forma, visando

potencializar as ações antiinflamatórias e imunossupressoras, foram desenvolvidos diversos

tipos de glicocorticóides sintéticos que, no entanto, não puderam ser isentos, em nenhum de

seus representantes exógenos, de propriedades mineralocorticóides (como retenção de sódio)

e efeitos deletérios adversos (RANG, DALE, RITTER, MOORE, 2004; WANNMACHER &

FERREIRA, 1998).

        Os derivados sintéticos de corticóides, de uso sistêmico, diferem entre si quanto à

potência glicocorticóide, atividade mineralocorticóide e duração de efeito. Para uso crônico,

escolhe-se prednisona ou metilprednisolona orais, por haver ampla experiência de uso e

possuírem duração intermediária, ou doses equivalentes às mesmas. (WANNMACHER &

FERREIRA, 1998).

        Faiçal & Uehara (1998, p. 73) afirmam que os corticóides são drogas com alto

potencial de morbi-mortalidade e por isso devem ser prescritos cuidadosa e adequadamente,

tendo em mente os princípios: “utilizá-los o menor tempo possível, existência de outra

alternativa terapêutica menos deletéria, associação com outra droga que diminua as doses

necessárias dos corticóides, o esquema em dias alternados é viável como opção [...]”. A
31

preocupação com a prescrição dos mesmos se deve ao fato dos corticóides apresentarem

efeitos colaterais crescentes com a duração de sua utilização.

        Os efeitos metabólicos e sistêmicos dos corticóides são bastante difundidos na

literatura. Autores como Rang et al, (2004), Wannmacher & Ferreira (1998), Faiçal & Uehara

(1998) afirmam, semelhantemente, tais ações, descritas a seguir:




2.3.1 Efeitos metabólicos




        Os glicocorticóides são assim denominados pelos efeitos sobre o metabolismo dos

carboidratos (glicídios). Altas doses, geralmente correspondem a 1-2mg/kg/dia e uso

prolongado, com duração maior que 7 dias, afetam o metabolismo glicídico. São capazes de

incentivar a neoglicogênese e reduzir a captação e utilização da glicose à célula, resultando

em tendência à hiperglicemia, também conhecida por diabete corticóide. Contudo,

Wannmacher & Ferreira (1998) enfatizam que o deflazacort e a betametazona apresentam

menor efeito diabetogênico que os demais corticóides.

        Sobre o metabolismo das proteínas, os corticóides inibem a síntese (anabolismo) e

aumentam sua degradação (catabolismo), particularmente no músculo, tendo como resultado

o balanço hidrogenado negativo. Conseqüentemente, ocorre redução da massa muscular

(miopatia corticóide) tendo como sintoma a fraqueza muscular, sobretudo em extremidades.

Guyton & Hall (1997, p.876) descrevem que “os músculos podem se tornar tão fracos que a

pessoa não consegue se levantar da posição agachada”.

        Além disso, ocorre redução de matriz óssea, que resulta, diversas vezes, em

osteoporose, fraturas e desaparecimento de vértebras e costelas. O agravamento da situação
32

óssea é aumentado pela tendência dos corticóides a produzir um equilíbrio negativo do cálcio.

No trato intestinal, a absorção do cálcio fica diminuída, e nos rins, excreção aumentada,

resultando em hipocalcemia e reabsorção óssea. Os corticóides reduzem ainda a função dos

osteoblastos (que depositam a matriz óssea) e aumentam a atividade dos osteoclastos (que

digerem a matriz óssea), o que agrava a tendência à osteoporose.

        Wannmacher & Ferreira (1998) descrevem que a osteoporose acomete 50% das

pessoas com uso prolongado do esteróide, que o esquema de dias alternados não protege

contra a osteoporose, mas que o deflazacort minimiza a perda óssea, como comprovado por

Cruz Filho (1990), ao caracterizar esse tipo de corticóide como menor expoliador de cálcio.

        Mesmo sabendo do risco da osteoporose, estudo como o de Yánez & Rivera (2001)

confirmou que a grande maioria dos pacientes em corticoterapia prolongada não recebe

nenhuma medida profilática capaz de enfrentar o risco.

        Em crianças, o efeito metabólico das proteínas pode resultar em inibição do

crescimento, principalmente após uso superior a 6 meses.

        Segundo Guyton & Hall (1997) as fibras protéicas no tecido subcutâneo se rompem

facilmente, resultando em grandes estrias purpúreas.

        Sobre o metabolismo das gorduras, há aumento de ácidos graxos livres (pela

mobilização do tecido adiposo), o que aumentaria sua disponibilidade para ser utilizado como

fonte de energia. No entanto, Guyton & Hall (1997) sugerem que o excesso de ingestão de

comida gera gordura em alguns tecidos do corpo mais rapidamente do que os ácidos graxos

serem utilizados como fonte de energia. Dessa forma, observa-se clinicamente a redistribuição

de gordura corporal, característica da síndrome de Cushing (Fig. 2), com acúmulo de gordura

em abdômen, região escapular e face, e diminuição em extremidades. A tendência ao aumento

de ingesta calórica pode resultar em ganho de peso e obesidade, rapidamente.
33

A alteração lipídica descrita por Faiçal & Uehara (1998) baseia-se na elevação de VLDL e

LDL (lipoproteínas de baixa densidade), tendo os níveis séricos de colesterol elevados.




2.3.1.1 Síndrome de Cushing iatrogênica




            Conforme Guyton & Hall (1997), os efeitos cushingóides mais observados são: face

arredondada (face de lua-cheia) com bochechas avermelhadas, corcova de búfalo (ou giba),

aumento da gordura abdominal, braços e pernas finas (consumação muscular), cicatrização

deficiente das feridas, enfraquecimento da pele, equimoses fáceis e euforia com alterações de

humor. Os efeitos menos freqüentes são: hipertensão craniana benigna, cataratas, necrose

avascular da cabeça do fêmur e hipertensão. Além disso: osteoporose, aumento do apetite,

obesidade, aumento de suscetibilidade a infecções, tendência à hiperglicemia e balanço

nitrogenado negativo. Pode ainda ocorrer acne e hirsutismo (crescimento excessivo de pêlos

faciais).
34

                  FIGURA 2 - Efeitos do uso prolongado de corticóides




                  Os efeitos indicados sem parênteses, são particularmente
                  comuns. Os efeitos menos freqüentes, relacionados com a dose e
                  duração do uso, estão indicados entre parênteses.
                  Fonte: Adaptado de Baxter & Rousseau (1979, apud RANG et al,
                  2004, p. 475).



        Sobre o metabolismo hidroeletrolítico, os efeitos dependem principalmente da ação

mineralocorticóide exercida pelos corticóides. O cortisol, por exemplo, é citado por

Wannmacher & Ferreira (1998) com atividade mineralocorticóide mais acentuada,

acarretando retenção de sódio e água, gerando edema e hipertensão arterial. Ocorre também

perda urinária de potássio, induzindo hipocalemia, e de cálcio, o que na maioria das vezes

determina reposição alimentar e/ou medicamentosa.

        Os corticóides que têm menor ação mineralocorticóide podem produzir intensa

natriurese, contrastando com os retentores do sal, no entanto, o cuidado é maior com o

aumento de excreção de potássio, o que promove a necessidade de controle eletrolítico, como

sugerido por Reis (2004).
35

2.3.2 Efeitos endócrinos




        A administração de corticóides exógenos, em doses farmacológicas e tempo

prolongado,   inibem    conseqüentemente     a   secreção     de   glicocorticóides   endógenos

(insuficiência adrenocortical). Isso ocorre após 7 dias de tratamento contínuo com altas doses

e é evidente após 30 dias de administração diária de doses convencionais. A normalização

dessa função deve ser lenta e gradual, mas os diversos estudos citados por Faiçal & Uehara

(1998) comprovaram que a recuperação adrenocortical é possível e que o tempo de

normalização é dependente da dose e do tempo utilizado, podendo ocorrer em até um ano

após a suspensão do esteróide exógeno.

        Os mesmos autores (RANG et al, 2004; WANNMACHER & FERREIRA, 1998;

FAIÇAL & UEHARA, 1998) descrevem ainda os efeitos colaterais hematológicos,

gastrintestinais, oculares, sobre o sistema cardiovascular e nervoso central, trazidos pelo uso

de corticóide de uso prolongado:




2.3.3 Efeitos hematológicos




        Pelo efeito antiinflamatório e imunossupressor é de se esperar diminuição das células

sanguíneas: linfócitos, monócitos, basófilos e eosinófilos circulantes e aumento de

neutrófilos, com risco de suprimir as respostas à infecção. A imunodepressão predispõe,

portanto, à infecções bacterianas, fúngicas e virais, e é capaz também de mascarar as

manifestações clínicas, como febre, resultante do processo.
36

         Ocorre também diminuição dos fibroblastos e, portanto, menor produção de

colágeno, contribuindo para diminuição dos eventos de cicatrização e reparo de feridas.




2.3.4 Efeitos gastrintestinais




         Há diminuição da função da barreira mucosa gástrica, e em alguns pacientes, pode

haver aumento da produção de ácido clorídrico. Somado a esses fatores, a diminuição da

resposta à reparos de feridas, pode resultar em úlceras pépticas e complicações da mesma.




2.3.5 Efeitos oculares




         Pode ocorrer aumento da pressão intra-ocular, e assim, desenvolvimento de

glaucoma, principalmente em pacientes geneticamente predispostos. A formação de cataratas,

de modo irreversível, também pode ocorrer pela ligação dos esteróides às proteínas do

cristalino.
37

2.3.6 Efeitos sobre o sistema cardiovascular




        A retenção salina e de água, parecem ser os mecanismos básicos para o aumento da

hipertensão arterial, desenvolvida em até 80% dos pacientes com síndrome cushingóide.




2.3.7 Efeito sobre o sistema nervoso central




        Os corticóides exógenos são capazes de gerar alterações no humor. Alguns pacientes

apresentam euforia e melhora de ânimo, ao passo que outros expressam ansiedade, insônia e

depressão. Surtos psicóticos e tendência suicida. Geralmente, essas alterações cessam com a

suspensão do tratamento, no entanto, alguns pacientes podem se tornar dependentes

psicológicas dos corticóides.




2.4 EXERCÍCIOS FÍSICOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE




        Segundo Sharkey (1998) a definição de saúde hoje, inclui um estado de completo

bem-estar físico, mental e emocional, e não meramente a ausência de doença. Neste contexto,

Ardel (1984, apud SHARKEY, 1998, p.65) define o bem-estar como “uma abordagem

consciente e deliberada para o estado avançado de saúde física e psicológica”. Dessa forma,

torna-se mais ampla a visão da saúde e verifica-se como o bem-estar define o movimento a
38

um estado chamando saúde ótima. Um bom exemplo, citado pelo mesmo autor, são os

portadores de deficiência física que praticam esportes, ou seja, a deficiência não os impede de

viver a vida ativa. E vida ativa é um conjunto de comportamentos ou hábitos que estão

associados com saúde, vitalidade e longevidade, na qual fazem parte as refeições equilibradas

com escolha de alimentos saudáveis, controle do peso, bom sono, abstinência de cigarros e

drogas, manejo do estresse e a prática regular de exercícios, que será abordada neste trabalho.




2.4.1 Benefícios do exercício físico




        Mercury & Arrechea (2001) citam alguns dos benefícios do exercício físico a curto,

médio e longo prazo:

    Melhora do funcionamento cardiovascular;

           o      Redução da pressão arterial;

    Melhora do perfil lipídico:

           o Diminui o colesterol total;

           o Diminui lentamente a concentração de LDL- colesterol;

           o Aumenta a concentração de HDL-colesterol;

           o Diminui triglicérides;

    Aumento do gasto energético:

           o Favorece a redução do peso corporal;

           o Diminui a massa total de gordura;

           o Preserva e aumenta a massa magra (muscular);

    Contribui para o controle glicêmico:
39

           o     Aumenta o consumo da glicose;

           o     Aumenta a resposta do tecido à insulina, melhorando sua utilização celular;

    Aumenta a força e elasticidade muscular;

    Promove sensação de bem-estar e contribui na qualidade de vida.

        Sharkey (1998) coloca que a atividade física também pode ser um dos fatores a tratar

ou prevenir a artrite e osteoporose, além de ativar a função do sistema imunológico,

combatendo o estresse. A prática regular de exercícios aumenta ainda os níveis de endorfinas,

substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar, humor e euforia, capazes de reduzirem a

dor e o risco de desenvolvimento da depressão.

        Powers & Howley (2000) descrevem que os fatores de risco para o desenvolvimento

de uma patologia são divididos em genéticos, ambientais e comportamentais. Dessa forma, os

autores relacionam o sedentarismo como um fator de risco comportamental, correlacionado de

forma causal com a doença cardiovascular, aterosclerose, obesidade (manifestado pelo

excesso de gordura corpórea), dislipidemias, diabetes, entre outros.




2.4.2 Condicionamento físico




        Foss & Keteyian (2000) definem o condicionamento como “aumento da capacidade

energética do músculo por meio de um programa de exercícios físicos”.

        Os seres humanos são altamente adaptáveis; a sobrecarga do corpo causa adaptação,

o que permite ao organismo se ajustar ao novo estresse. Dessa forma, ao seguir um programa

de exercícios o músculo responde ao estresse repetido (treinamento) adaptando-se aos
40

estímulos ocasionados pelo exercício para atingir os resultados procurados (KIRKENDALL,

1993; BATES & HANSON, 1998).




2.4.2.1 Exercício aeróbico e anaeróbico




         Exercício aeróbico significa “na presença de oxigênio”; é um método de exercício

que provoca alterações nos sistemas circulatório e respiratório, através de atividades que

exigem apenas um aumento modesto na ingestão de oxigênio, abaixo do limiar de lactato, ou

seja, abaixo do ponto em que os níveis de ácido láctico no sangue se elevem rapidamente

(SHARKEY, 1998; WILMORE & COSTILL, 2001; COOPER, 1988).

         Conforme Sharkey (1998) a energia utilizada no exercício aeróbico é gerada da

oxidação das gorduras e dos carboidratos. O metabolismo aeróbico gera 38 moléculas de ATP

(adenosina trifosfato) por molécula de glicose, sendo esse o composto que serve de

combustível para as contrações musculares, além dos demais processos celulares.



                       A energia produzida do ATP é transferida para os filamentos contráteis (miosina e
                       actina) do músculo, formando uma ligação da actina nas pontes cruzadas da
                       molécula de miosina, originando a actomiosina. Uma vez ativadas, as miofibrilas
                       deslizam umas sobre as outras e provocam a contração muscular (BERNING, 2002,
                       p. 518).




         Sharkey (1998) afirma ainda que os exercícios aeróbicos são as atividades

consideradas leves a moderadas, que o exercício é relativamente prazeroso e relaxante e que

pode ser mantido desde vários minutos até muitas horas. Para Cooper (1988), atividades

aeróbicas incluem caminhada, corrida (não intensa), ciclismo, natação e esqui em longa

distância.
41

        Quando a intensidade dos exercícios passa a ocorrer de forma intensa, que envolve

duração necessariamente curta, são denominados exercícios anaeróbicos. No metabolismo

anaeróbio, a energia produzida é a anaeróbica, ou seja, “sem presença de oxigênio”, gerando

apenas 2 moléculas de ATP por molécula de glicose (SHARKEY, 1998; WILMORE &

COSTILL, 2001; COOPER, 1988; BERNING, 2002).

        O ácido láctico é um subproduto do metabolismo do esforço intenso que, junto com

os altos níveis de dióxidos de carbono, são associados com respiração trabalhosa, fadiga e

desconforto. Nos exercícios anaeróbicos ocorre, portanto, a acumulação de ácido láctico nos

músculos e sangue. São exemplos de exercícios anaeróbicos a corrida de velocidade,

arremesso e levantamento de peso (SHARKEY, 1998).

        Wilmore & Costill (2001) explicam que os exercícios realizados em sessões

repetidas, separados por breves períodos de repouso são denominados intervalados, enquanto

que os realizados de forma prolongada, sem interrupções, são denominados contínuos, como a

caminhada, por exemplo.




2.4.2.2 Exercício aeróbio de resistência




        Resistência aeróbia é a forma de resistência nas quais grandes grupos musculares

estão ativos por um longo período de tempo sob condições aeróbias, e que de forma geral,

ativa a circulação sanguínea como um todo e aumenta a capacidade do músculo para produzir

energia aerobicamente. Um treinamento regular de resistência é responsável por muitos

efeitos positivos relacionados com a saúde, como: manutenção e aumento da aptidão física
42

geral; prevenção de doenças degenerativas do sistema cardiovascular e fortalecimento do

sistema imunológico (WEINECK, 2003; SHARKEY, 1998).

        Conforme Norm & Hanson (1998); Kirkendall (1993), o treinamento de resistência é

a habilidade em lidar com a fadiga, o fator limitante do trabalho repetitivo. Dessa forma, para

aumentar a resistência, o grupo muscular supera a fadiga através da adaptação que o

treinamento promove. Segundo Weineck (2003), a falta de resistência causa uma

incapacidade de suportar esforços e resulta num sistema cardiovascular fraco, promovendo

facilmente a exaustão. O autor explica ainda que a prática regular de exercícios de resistência

permite que o indivíduo recupere o fôlego, bem como a capacidade de recuperação após o

esforço; esse processo é fruto do aumento do rendimento cardíaco.




2.4.3 Critérios para prescrição de exercícios




        Para Kirkendall (1993), a freqüência, intensidade e duração do exercício são as

variáveis manipuladas em um programa de condicionamento aeróbico. No entanto, o autor

esclarece que devem ser baseados no conhecimento da capacidade individual do indivíduo,

assim como idade e nível de condicionamento.
43

2.4.3.1 Avaliação da capacidade física




        Um dos mais utilizados exames para a avaliação individual da capacidade física ao

exercício é o teste de caminhada de seis minutos. É um método simples e de baixo custo que

se baseia em percorrer durante seis minutos, em local plano e reto, um percurso determinado

pelo examinador, de forma a alcançar o máximo esforço. Com isso, os indicativos de

freqüência cardíaca (FC) e escala de esforço percebido de Borg, entre outros (específicos), são

avaliados durante os momentos: 1) em repouso, antes de iniciar o teste; 2) aos 3 minutos da

caminhada; 3) aos 6 minutos de caminhada; 4) em repouso, após 5 minutos de finalizado o

teste, na posição sentado. Ao final, é possível obter também a distância percorrida pelo

paciente e a freqüência cardíaca máxima (JARDIM, MAYER, CARDOSO, CAVALHEIRO,

VELLOSO, 2002). Os autores explicam ainda que “se o paciente demonstrar cansaço

excessivo, é-lhe permitido que pare quantas vezes forem necessárias durante o teste, dentro

dos seis minutos” e que é de suma importância a uniformidade de sua execução, já que é

comparativa.




2.4.3.2 Taxação do esforço percebido




        Borg (2000) explica que a finalidade da escala do esforço percebido é que o

indivíduo estime sua própria percepção sobre o esforço, que depende principalmente da

tensão e da fadiga em seus músculos, e da sensação de falta de ar e dores no peito. Existem

dois tipos de escalas propostas por Borg. A Escala RPE permite classificar a intensidade do
44

exercício em uma escala de 6 (“sem nenhum esforço”) a 20 (“máximo esforço”), enquanto

que a Escala CR10 testa o grau de percepção do esforço em relação a certo atributo, em escala

de 0 (“absolutamente nada”) ao “máximo absoluto”, assinalado com um “·”.

        Segundo Campion (2000) o Colégio Americano de Medicina de Esportes (ACMS)

considera a taxação do esforço percebido um indicador valioso e confiável para a monitoração

do exercício. Valores na escala RPE do Borg entre 12 a 13 (“um pouco intensa”)

correspondem a 60 a 75 % do consumo máximo de oxigênio, sendo essa uma faixa ótima para

o condicionamento.




2.4.3.3 Freqüência cardíaca de treinamento




        Estabelecidas as freqüências cardíacas de repouso e máxima, sugere Kirkendall

(1993) a fórmula de Karvonen a fim de determinar, individualmente, a freqüência cardíaca de

treinamento:

FCT = FCR + %(FCM – FCR)

onde:

FCT = freqüência cardíaca de treinamento

FCR = freqüência cardíaca de repouso

% = intensidade

FCM = freqüência cardíaca máxima

        Bates & Hanson (1998) indicam que a zona-alvo de intensidade está entre 55% e

90% (0,55 a 0,9) segundo o ACMS, sendo o ideal a intensidade de 70% a 85%.
45

        Borg (2000) ressalta que quando o indivíduo não quer se estressar ou não pode fazê-

lo por razões médicas, uma capacidade de trabalho submáxima poderá ser estimada a partir da

FC registrada para certa intensidade considerada alta, que não atinja a máxima ou por outros

testes submáximos, como a fórmula: 195 – idade. O autor observa ainda que se uma pessoa

está se exercitando a cerca de 80% da sua capacidade de trabalho, ela provavelmente irá

estimar o exercício como 17 (“muito intenso”), na Escala RPE.




2.4.4 Alongamento




        Segundo Alter (1999), a preparação ao exercício adquirida pelo alongamento, não só

reduz o risco de lesão e dor, mas também pode resultar em benefícios como: relaxamento do

estresse e da tensão, relaxamento muscular, alívio de câimbras musculares, melhora da

aptidão corporal, postura e simetria e principalmente aumento da eficiência do movimento.

        O mesmo autor descreve que há programas que recomendam segurar cada

alongamento por 6 a 12 segundos, outros sugerem entre 10 a 30 segundos, e que, de acordo

com Bates (1971, apud ALTER, 1999, p.171) “60 segundos de alongamento mantido são

favoráveis para aumentar e manter a flexibilidade”. Em relação ao número de repetições,

coloca o autor que acima de quatro alongamentos não resulta em aumentos significativos no

comprimento do músculo; que o trabalho de alongamento pode ser realizado antes ou depois

de um programa de exercícios ou ambos e que a intensidade do alongamento deve seguir a

regra do bom senso: exercite-se, sem esforço, ou seja, o desconforto que o alongamento pode

produzir (principalmente em iniciantes) não deve ser tão grande a ponto de causar dor.
46

2.5 HIDROTERAPIA




         A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que tem sido cada vez mais utilizado na

área médica, como um recurso a mais para se obter uma recuperação melhor e mais rápida do

paciente (BECKER; COLE, 2000). Os registros históricos demonstram que ao longo do

tempo, o valor do uso da água em um programa de tratamento aumentou. Atualmente, o valor

crescente da hidroterapia e a popularidade parecem ser salientados por um aumento das

pesquisas em diversos aspectos como os efeitos físicos e fisiológicos (BECKER, 2000).




2.5.1 Princípios físicos da água




2.5.1.1 Densidade relativa ou gravidade específica




         A densidade relativa de um objeto é a relação entre massa do objeto e a igual massa

de volume de água deslocado. Se este valor for maior que 1,0 o objeto ira afundar; se for

menor que 1,0, o objeto flutuará, se o objeto for exatamente igual a 1,0 irá flutuar logo abaixo

da superfície da água. A densidade especifica também indica a porção de volume de um

objeto que irá flutuar sobre a água. A densidade relativa de um corpo depende de sua

composição. A gravidade especifica de uma massa gorda, ossos e massa magra são

respectivamente 0,8, 1,5 e 1,0, conseqüentemente uma pessoa magra tende a afundar, e uma
47

obesa a flutuar. A gravidade especifica de uma pessoa magra é de 1,10 e a densidade de uma

pessoa obesa pode ser de 0,93. As mulheres tem mais massa gorda que o homem por isso

tendem a flutuar mais fácil, assim também quando envelhecemos a densidade de massa óssea

diminui enquanto a massa gorda aumenta, e a massa magra também diminui. A densidade

relativa de um membro também varia, um exemplo é que membros paralisados ou fracos tem

menor massa muscular por isso sua gravidade específica é menor do que o lado não

acometido (BATES & HANSON, 1998).




2.5.1.2 Turbulência




        É um termo que indica os redemoinhos que seguem um objeto que se movimenta

através de um fluido. O grau de turbulência depende da velocidade do movimento. Quando os

movimentos forem muito lentos, então o fluxo de partículas será quase paralelo ao objeto e

prosseguira em curvas lentas e continuas. Movimentos mais rápidos produzem redemoinhos e

é dissipada, reduzindo a pressão e aumentando o arrastamento do corpo. A forma do corpo

tem uma enorme influência sobre a produção de turbulência (CAMPION, 2000).
48


2.5.1.3 Flutuação




         Um objeto imerso apresenta menor peso na água do que em terra. Há uma força

oposta à gravidade atuando sobre o objeto. Essa força é a flutuação que é igual a força pra

cima gerada pela água. A força origina-se do fato de que a pressão em um líquido aumenta

com a profundidade (BECKER, 2000). O ponto pela qual a força da flutuação atua é chamado

de “centro de flutuação” (centro da gravidade do fluido deslocado). É um empuxo de baixo

para cima na direção oposta á da força da gravidade. Daí, um corpo na água esta submetido a

duas forças opostas: gravidade, atuando através do centro de gravidade, e flutuação atuando

no centro de flutuação. Se o corpo tiver massa igual ao volume de líquido deslocado, o centro

de gravidade e o centro de flutuação estarão em alinhamento vertical (BATES & HANSON,

1998).




2.5.1.4 Refração




         Quando a luz passa de um meio para outro, ela encontra uma camada fronteiriça e

usualmente sofre uma transformação nessa interface. Parte da luz incidente é refletida na

fronteira, e a parte que passa para dentro do novo meio pode mudar a direção. Esse

deslocamento ou alteração do vetor é chamado de refração (BECKER, 2000).
49


2.5.1.5 Pressão hidrostática




         A Lei de Pascal afirma que a pressão de um fluído é exercida de forma igual em

qualquer nível em uma direção horizontal, o que significa que a pressão é igual em uma

profundidade constante. Desta forma, durante repouso em uma determinada profundidade, o

fluido exercerá uma pressão em todas as superfícies de um corpo submerso (CAMPION,

2000).




2.5.1.6 Tensão superficial




         É definida como a força F por unidade de comprimento L que atua através e qualquer

linha em uma superfície e tende a atrair as moléculas de uma superfície de água exposta. Ela é

representa pela letra grega y (grau), e a equação é y=F/L. Uma força da tensão superficial

torna-se uma variável ativa na medida em que área de superfície aumenta. Assim quando um

nadador bate os pés na água vigorosamente, rompendo a superfície em espuma e gotículas,

uma forca considerável é exercida para superar a tensão superficial. Um mergulhador que

penetra na água “de maneira limpa” cria pouco borrifo, e, dessa forma, desperdiça uma

quantidade mínima de energia ao se mover do ar para a água (BECKER, 2000).
50


2.5.1.7 Viscosidade




         Conforme mesmo autor, a água à temperatura ambiente, e na maioria das variedades

dos seus usos terapêuticos comuns, é um liquido. Todos os líquidos compartilham uma

propriedade chamada viscosidade, que se refere à magnitude do atrito interno do liquido.

Diferentes líquidos são caracterizados por variadas quantidades de atração molecular dentro

de si, e quando as camadas do liquido são postas em movimento criando uma resistência, é

detectado o atrito.




2.5.1.8 Movimento de fluxo (laminar e turbulento)




         Os principais determinantes do movimento da água são a viscosidade, a turbulência e

a velocidade. Existem dois tipos de fluxo: o fluxo laminar, onde ocorre um movimento

contínuo do fluido. E o fluxo turbulento que ocorre um movimento irregular das camadas do

fluido. A resistência ao fluxo turbulento é obviamente maior que a resistência ao fluxo

laminar (BATES & HANSON, 1998).
51

2.5.2 Efeitos fisiológicos da imersão em repouso




2.5.2.1 Respostas cardiovasculares




        Segundo Cunha & Caromano (2003), imediatamente após a imersão, como

conseqüência da ação da pressão hidrostática, 700ml de sangue são deslocados dos membros

inferiores para região do tórax, causando um aumento no retorno venoso linfático, e tendo

como conseqüência um aumento de 60% do volume central.

        A centralização aumentada do volume sanguíneo e de líquido linfático eleva o

enchimento atrial, a contratilidade por meio do mecanismo de Starling e o volume-contração.

Para manter o débito cardíaco, a freqüência cardíaca cai de maneira reflexa.

Consequentemente ocorre um aumento do débito cardíaco (volume sanguíneo X freqüência

cardíaca) em 30 a 32%. (BOOKSPAN, 2000; CAROMANO, THEMUDO FILHO,

CANDELORO, 2003). Segundo Cunha & Caromano (2003), o volume cardíaco aumenta

cerca de 100ml no indivíduo deitado e aproxima-se de 180ml na imersão em pé.

        A bradicardia reflexa é potencializada na água com temperatura mais baixa, mas

somente até certo ponto. A imersão em água morna e quente aumenta a freqüência cardíaca, o

que atua no resfriamento do corpo (BOOKSPAN, 2000).

        Com a imersão inicial do corpo, há um leve aumento da resistência da circulação

periférica afetando a pressão sanguínea. Porém, após esse aumento, o corpo se ajusta e as

arteríolas se dilatam, produzindo uma redução na pressão sanguínea (KOURY, 2000).
52

        O conjunto de respostas cardiovasculares à imersão, incluindo bradicardia,

vasoconstrição periférica e desvio preferencial do sangue para áreas vitais, é denominado

reflexo de mergulho (BOOKSPAN, 2000).

        O reflexo de mergulho ocorre em situações significativamente diferentes como,

molhar a face, imergir o corpo com a cabeça fora da água e imersão total com apnéia

(mergulho). Nos homens é conseqüência da interação e competição de vários fatores

mecânicos e neurais (CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003).




2.5.2.2 Respostas respiratórias




        As alterações na função respiratória são desencadeadas pela ação da pressão

hidrostática de duas maneiras diferentes: aumento do volume central, e a compressão da caixa

torácica e abdome. O centro diafragmático desloca-se cranialmente e a pressão intratorácica,

bem como a pressão nos grandes vasos, aumentam. Essas alterações por sua vez aumentam o

trabalho respiratório em 65%, além de reduzir a capacidade vital e o volume de reserva

expiratório, diminuindo a circunferência torácica em aproximadamente 10% (CAROMANO,

THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003; CUNHA & CAROMANO, 2003).

        Segundo Cunha & Caromano (2003), apesar das alterações que ocorrem a partir da

imersão, a ventilação em repouso, o volume corrente e a freqüência respiratória não se

alteram. Durante exercícios submáximos a ventilação é a mesma que durante exercícios em

terra no mesmo nível de gasto energético.

        Becker (2000) relata que o sistema pulmonar é afetado pela altura da água no corpo,

que quando está mais alta provoca uma maior resistência a caixa torácica, outro efeito é o
53

aumento do volume sanguíneo no tórax, esses dois efeitos combinados alteram a função

pulmonar, o aumento do trabalho respiratório e a dinâmica respiratória.




2.5.2.3 Respostas renais




           As respostas do sistema renal, em conseqüência da imersão, incluem o débito

urinário aumentado (diurese) com perda de volume plasmático, sódio (natriurese), perda de

potássio (potassiurese) e supressão da arginina vasopressina, renina e aldosterona plasmática.

A imersão em água fria potencializa esta resposta (BOOKSPAN, 2000; CAROMANO,

THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003)

           Ainda de acordo com os autores, a atividade simpática renal diminui devido a uma

resposta vagal causada pela distensão atrial que, por sua vez, aumenta o transporte tubular de

sódio, com diminuição de aproximadamente um terço da resistência vascular renal. A

excreção de sódio aumenta, acompanhada de água livre causando o efeito diurético da

imersão.

           Além das alterações no controle renal, também ocorrem alterações em alguns

neurotransmissores do sistema nervoso autônomo como as catecolaminas (epinefrina, a

norepinefrina e a dopomina), as quais agem regulando a resistência vascular, a freqüência e a

força de contração cardíaca e são ativadas logo após a imersão (CAROMANO, THEMUDO

FILHO, CANDELORO, 2003).
54

2.5.2.4 Respostas do sistema nervoso




        Segundo Cunha & Caromano (2003), a imersão promove o relaxamento e

diminuição da percepção da dor. São afetadas as terminações nervosas, incluindo os

receptores de temperatura, tato e pressão. Sugeriu-se o extravasamento sensorial como

mecanismo pelo qual a dor é menos percebida quando a parte afetada do corpo está imersa na

água. A modulação da dor é, conseqüentemente, afetada por um aumento limiar da dor, o que

aumenta com a temperatura e a turbulência da água. Um processo central que não é

compreendido seria o responsável pela produção do efeito de relaxamento. Postula-se que ele

seja multifatorial e produzido dentro do sistema reticular ativador no interior do cérebro.

        Segundo Becker (2000) as alterações nos neurotransmissores do sistema nervoso

autônomo, conhecidos como catecolaminas, e que agem na regulação da resistência vascular,

freqüência cardíaca e a força de contração, acompanham os efeitos dos hormônios renais. Os

mais importantes desses neurotransmissores são a epinefrina, a norepinefrina e a dopamina.

Sabe-se que as catecolaminas plasmáticas aumentam durante os exercícios e diminuem após

estes. Efeitos nos sistema nervoso autônomo e simpático: facilitam a melhora no fluxo

sanguíneo muscular e possibilitam um aumento na taxa de remoção dos produtos finais do

metabolismo e produtos das lesões nas camadas profundas dos tecidos musculares.

        Conseqüentemente, tanto os músculos normalmente em exercício quanto os

músculos e as estruturas ligamentares em reparação experimentam esses efeitos benéficos.

        Conforme Campion (2000), a resposta cerebral ao ambiente aquático é muitas vezes

demonstrada através da plasticidade cerebral, em casos de perdas sensoriais completas ou

temporárias, a área cortical privada de input sensorial normal é restabelecida com as funções
55

do córtex adjacente, o que pode tornar o cérebro responsivo ao estímulo presente através de

outra modalidade sensorial, se existente.




2.5.3 Respostas fisiológicas ao exercício na água




        As respostas fisiológicas ao exercício em terra diferem, em parte, dos exercícios na

água. A força de flutuação reduz o peso do corpo, reduzindo o gasto energético, uma vez que

elimina a o gasto de energia necessário para deslocar o corpo contra a gravidade. Por outro

lado, a viscosidade da água aumenta o gasto energético necessário para realizar movimentos e

deslocamentos. Assim o dispêndio de energia na água depende menos da energia utilizada

para superar o arrasto, tornado-se dependente do tamanho e posição do corpo e velocidade e

direção do movimento (CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003).

        Durante o exercício dinâmico, de leve a moderada intensidade, na água, a maior

parte da energia usada para sustentar a atividade física é suprida pelo metabolismo aeróbico.

A partir do momento em que o corpo não consegue suprir a demanda de energia através do

metabolismo aeróbico, inicia-se o metabolismo anaeróbico, o qual tem como produto final o

ácido láctico (BOOKSPAN, 2000).

        Esses mesmos autores relatam ainda, que a resposta cardiovascular ao exercício na

água também é diferente daquele em terra. A freqüência cardíaca tende a permanecer

inalterada em repouso e durante exercícios de baixa intensidade, mas diminui nos níveis de

intensidade mais altos de exercício submáximo e máximo.
56

2.5.4 Adaptações ao treinamento físico na água




        Segundo Caromano, Themudo Filho e Candeloro (2003) as diferentes respostas

fisiológicas ao exercício de média e a alta intensidade, tanto em água quanto em terra,

poderiam resultar em diferentes graus de adaptação a períodos repetidos de exercício. Porém,

o treinamento na água merece algumas considerações:

        As adaptações circulatórias são diferentes quando se comparam ambas as situações.

Na água a sobrecarga cárdio-respiratória é maior e a filtração renal também;

        Em temperaturas elevadas, a sobrecarga do volume do coração e os estímulos para

adaptações hipervolêmicas, em comparação ao treinamento realizado em água fria, poderiam

afetar as alterações metabólicas e cardiovasculares do treinamento;

        Na água fresca, a elevação amenizada da temperatura corporal central e redução no

fluxo sanguíneo da pele poderiam alterar as adaptações metabólicas, termorreguladoras e

cardiovasculares, que estariam dependendo das alterações térmicas;

        A adaptação da captação máxima de oxigênio ao treinamento na água e em terra,

com a mesma intensidade metabólica, são iguais.




2.5.5 Aplicabilidades dos princípios físicos




        Todos os princípios físicos são clinicamente úteis, sem modificação adicional,

embora possam ser ampliados para uma variedade de situações clínicas, mediante

equipamentos adicionais. Um dos principais benefícios da terapia em água é a redução das
57

forças gravitacionais combinada com os efeitos da flutuação, pressão hidrostática e

temperaturas mais elevadas da água (CAMPION, 2000).

        A força gravitacional diminui na água em razão da sua densidade e da flutuação do

corpo humano. Isso favorece indivíduos com complicações médicas, como deficiência física

ou mental, obesidade, gravidez, doenças cardiovasculares e pulmonares e pacientes pós-

cirúrgicos, tornando-os capazes de realizarem atividades na água as quais seriam dolorosas,

difíceis ou impossíveis de serem feitas em solo (KOURY, 2000).

        Ainda de acordo com o autor, a flutuação atua como suporte para a coluna ou

extremidades que podem estar enfraquecidas em virtude de uma doença, cirurgia ou

imobilização. Ela permite ao paciente alcançar uma posição de conforto para o exercício que

não seria possível no solo, a qual pode ser atingida por equipamento de flutuação ou pela

própria flutuação do indivíduo. Além disso, a flutuação permite o controle precoce do

movimento e pode ajudar na amplitude de movimento ao levar a parte afetada em direção à

superfície da piscina. Também auxilia nas técnicas de mudança de decúbito e facilita o

deslocamento de todo corpo, como por exemplo, durante a marcha (CAROMANO &

NOWOTNY, 2002).

        Variações no ambiente aquático, como a produção de turbulência, criam um meio

interessante para o trabalho do equilíbrio estático e dinâmico. O fluxo também pode ser

modificado pôr equipamentos como palmares, que dependendo de como são utilizados,

podem dificultar ou facilitar um determinado movimento. A força de arrasto pode ser

utilizada para facilitar os movimentos, tanto do paciente quando do terapeuta. Uma vez o

paciente posicionado atrás do terapeuta, o movimento de resistência é vencido pelo terapeuta

e facilitado para o paciente (CAROMANO & NOWOTNY, 2002).
58

        A pressão hidrostática ajuda na estabilização das articulações enfraquecidas. Além

disso, ela melhora a circulação e reduz o edema pelo deslocamento dos fluídos corporais para

regiões centrais e aumento da diurese (CURETON, 2000; KOURY, 2000).

        A temperatura da água tem um importante papel no relaxamento muscular. Quando

imerso em temperatura termoneutra (35ºC), o corpo todo é aquecido a uma temperatura

superior da pele (35ºC), o que induz ao relaxamento e diminuição do espasmo muscular,

promove um aumento do fluxo circulatório e facilita o movimento articular (CUNHA &

CAROMANO, 2003). Deve-se cuidar com a temperatura da água da piscina e da temperatura

e umidade do ar, pois o excesso ou queda acentuada de temperatura pode provocar

desequilíbrios e até danos no organismo do paciente. Case (1998), Bates & Hanson (1998)

indicam que a temperatura média da água para a realização de exercícios de condicionamento

deve ser entre 28º-30ºC. Segundo Case (1998), temperatura da água acima de 31,2 ºC provoca

maior fadiga e aumenta os inchaços pela aceleração do fluxo sanguíneo, o que aumenta os

batimentos cardíacos (para esfriar os tecidos mais internos). Além disso, a umidade alta reduz

a velocidade de evaporação do suor, o que pode criar emergências médicas.

        A densidade e a viscosidade da água podem ser usadas para melhorar a força, pois

agem como resistência ao movimento. O fortalecimento pode ser realizado com segurança e

precocemente na reabilitação, pois o paciente é capaz de controlar a resistência ajustando a

velocidade do movimento, o comprimento e a forma da alavanca, a amplitude de movimento

e o grau de impulso devido à flutuação (KOURY, 2000).
59

2.5.6 Condicionamento físico na água




        O condicionamento na água, segundo Case (1998), oferece eficiência, conforto,

segurança e possibilita o treinamento em qualquer nível de intensidade. Na água há pouca

sobrecarga para as articulações, menos chance de estresse muscular e, consequentemente,

menos fadiga e lesão, o que possibilita trabalhar por mais tempo. Os benefícios

cardiovasculares, ganho de força e resistência muscular, mudanças na composição corporal,

aumento de flexibilidade, equilíbrio e coordenação podem ser atingidas com a realização de

exercícios aquáticos.

        Para Bates & Hanson (1998), se o propósito dos exercícios aquáticos for a resistência

muscular, através do fortalecimento muscular, o programa deve ser organizado para alternar

grupos musculares e a intensidade deve ser aumentada progressivamente. Esta progressão

pode ser mantida por: 1) aumento da carga, expressos em termos de capacidade máxima do

indivíduo como máxima (90% - 100%); grande (60% - 90%), média (30% - 60%) e baixa

(0%-30%); 2) aumento do número de repetições, expressas como alto (1-10 repetições),

moderado (5-10) e baixo (1-3 repetições) e 3) aumento no número de séries, que varia de 1 a 6

séries para cada sessão de exercício. Os autores recomendam para este caso, um circuito de

exercícios curtos (6 exercícios), normal (9 exercícios) ou longo (12 exercícios), e duração de

10 a 30 minutos.

        Se o propósito for a resistência aeróbia, para treinar os mecanismos de absorção e

transporte de oxigênio, os mesmos autores colocam que a atividade deve consistir de longas

repetições, com intervalo de descanso entre 45 e 90 segundos. Para tanto, informam também

que não há necessidade de descanso entre os exercícios, pois a FC tende a diminuir quando o

corpo é submergido ao longo do ombro.
60

        Ao se tratar de condicionamento, Case (1998) indica programa de exercícios com

duração de 20 a 45 minutos, e Bates & Hanson (1998) sugerem entre 20 a 50 minutos a

duração total do programa.

        Para aumentar a resistência aeróbica, o método de treinamento pode ser contínuo,

intervalado ou ambos (em circuito). Sugerem Bates & Hanson (1998) que o método contínuo

de longa duração (60 minutos ou mais) deve ser reservado para atletas e o intermediário, com

duração mais curta (entre 20 e 60 minutos), para a população em geral. Para tanto

recomendam o treinamento intervalado aeróbio para pacientes em casos especiais, como em

recuperação ou para indivíduos com condição cardiorespiratórias pobre. A intensidade que os

autores indicam deve estar entre 60% e 80% da capacidade funcional do paciente, de acordo

com as limitações da patologia e cada bloco de exercícios demorarem de dois a oito minutos

(cinco a quinze para indivíduos bem condicionados). O objetivo é manter os exercícios de

forma a fixar a freqüência cardíaca dentro da zona-alvo de treinamento, o que pode ser

monitorada pelo freqüencímetro.

        Case (1998) explica ainda que a fase inicial de um programa de condicionamento

físico aquático pode durar de 1 semana a 2 meses; envolve ficar acostumado com as

atividades, a fase de melhoria de 2 a 10 meses e a fase de manutenção infinita.




2.6 MIASTENIA GRAVIS X EXERCÍCIO FÍSICO




        A relação entre a MG e o exercício físico é pouco comentada na literatura. O que se

encontra são afirmações de que a atividade física promove ou aumenta a fraqueza da

miastenia (TIERNEY JR, MCPHEE, PAPADAKIS, 2004; CUNHA, SCOLA, WERNECK,
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Cond Físico em Hidroterapia em Paciente com Miastenia Gravis

  • 1. FACULDADE ASSIS GURGACZ AROLDO DANIEL SALUM DA SILVA TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM HIDROTERAPIA DIRECIONADO AO CONDICIONAMENTO FÍSICO DE PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS CASCAVEL 2006
  • 2. 1 AROLDO DANIEL SALUM DA SILVA TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM HIDROTERAPIA DIRECIONADO AO CONDICIONAMENTO FÍSICO DE PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS Trabalho apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel no curso de Fisioterapia da Faculdade Assis Gurgacz – FAG, campus de Cascavel, PR. Orientador: Prof. Esp. Alexandre Badke CASCAVEL 2006
  • 3. 2 FACULDADE ASSIS GURGACZ AROLDO DANIEL SALUM DA SILVA TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM HIDROTERAPIA DIRECIONADO AO CONDICIONAMENTO FÍSICO DE PACIENTE PORTADOR DE MIASTENIA GRAVIS Trabalho apresentado à Banca Avaliadora como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia da Faculdade Assis Gurgacz – FAG, sob orientação do Professor Especialista Alexandre Badke. BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof. Alexandre Badke Faculdade Assis Gurgacz Especialista __________________________________________________ Profª. Cristina Hamerski Romero Faculdade Assis Gurgacz Especialista ___________________________________________________ Prof. Fabiano Ferreira de Andrade Faculdade Assis Gurgacz Especialista Cascavel, 06 de novembro de 2006.
  • 4. 3 DEDICATÓRIA A minha querida e amada namorada, Rocio Marceli Franco, que teve uma enorme compreensão nas minhas ausências devido ao tempo necessário para a elaboração deste trabalho, e também pelo apoio e conforto nunca negado nas horas de dificuldade e desânimo, com certeza sem você eu nunca teria conseguido concluir este trabalho.
  • 5. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço muito a DEUS, por todo o caminho que eu já tracei e por mais essa conquista. A minha família que sempre me apoiou e deu forças para que não desistisse nos momentos de desânimo, e por seus esforços empreendidos para proporcionar uma vida com saúde e educação. A minha paciente que sempre se mostrou animada aos atendimentos. A todos que fizeram parte da minha graduação, em especial ao meu grupo de estágio que esteve comigo em momentos de tristeza e de alegria, e que sempre estiveram ali pro que desse e viesse. Aos professores que foram verdadeiros mestres e amigos, passando grandes ensinamentos tanto para o crescimento profissional quanto pessoal. Ao professor, orientador e amigo Alexandre, que teve imensa paciência ao receber meus trabalhos pelas madrugadas. Aos professores Elaine e Rogério da Academia Fitness Center que me ajudaram em tudo o que eu precisei, cedendo espaço e materiais, obrigado mesmo pessoal. Não poderia deixar de agradecer também aos meus grandes amigos de guerra, os ilustres membros do KLAN, que com certeza festejam comigo mais essa vitória. A Dona Maria e a Aninha, que me cederam bastante de seu espaço me suportando por madrugadas em que eu usava seu computador (obrigado pelos lanchinhos também...).
  • 6. 5 Onde a força de vontade é grande, as dificuldades não podem sê-lo. Maquiavel
  • 7. 6 RESUMO A miastenia gravis é uma patologia auto-imune com características de fraqueza e fatigabilidade que, segundo a literatura, aumentam com o esforço físico. Dentre os diversos tipos de tratamentos utilizados, encontra-se o corticoterápico, gerador de inúmeros efeitos deletérios. O objetivo geral deste estudo foi verificar se paciente portador de miastenia generalizada moderada é capaz de seguir uma conduta de exercícios hidroterápicos, destinada ao condicionamento físico, e os específicos são: verificar se o programa proposto é capaz de melhorar o desempenho físico e fisiológico, aumentar a resistência à fadiga e diminuir os efeitos da corticoterapia em: 1) massa muscular, enfatizando a diminuição de gordura e ganho de massa magra; 2) diminuição ou manutenção de glicemia em níveis normais; 3) diminuição ou manutenção do colesterol total em níveis normais. O programa foi composto por exercícios aeróbicos intervalados pra membros superiores, inferiores e tronco, seguido de exercício aeróbico contínuo, corrida leve, aumentados lento e progressivamente, de acordo com a sintomatologia do paciente. Para verificação de massa foi realizado o teste de bioimpedância elétrica e os níveis de glicemia em jejum e colesterol total por exames laboratoriais, ao inicio, meio e fim do tratamento. Os exercícios aeróbicos intervalados tiveram evolução favorável de 3X10 para 3X20 repetições e aumento de intensidade, e o contínuo de 5 para 10 minutos, a ponto de promover o condicionamento da paciente, aumentar o desempenho físico e fisiológico e a resistência à fadiga. O teste de caminhada, utilizado também para análise da capacidade cardiorespiratória, no pós-tratamento apontou mudanças favoráveis, com aumento de percurso (512 para 530m) e aumento de capacidade cardiorespiratória. Houve diminuição de 0,8% de gordura corporal e aumento de 2,33% de massa magra. Os níveis de glicemia reduziram em 17,02% e o colesterol total em 26,12%, atingindo as referências laboratoriais desejadas. O programa em hidroterapia demonstrou ser praticável, eficaz e seguro em paciente com miastenia gravis e proporcionou os benefícios de combate ao sedentarismo e prevenção de doenças secundárias ao uso prolongado de corticóides. Palavras-chave: Miastenia gravis. Corticóides. Condicionamento físico. Hidroterapia.
  • 8. 7 ABSTRACT The myasthenia gravis is an auto-immune pathology with weakness characteristics and fatigue that, according to literature, increase with the physical effort. Amongst the diverse types of used treatments, have the corticoid therapy, generator of innumerable deleterious effect. The general objective of this study is to verify if a carrying patient of generalized miastenia moderate is capable to follow a behavior of hydrotherapy exercises, destined to the physical conditioning, and the specific ones are: to verify if the considered program is capable to improve the physical and physiological performance, to increase the fatigue strength and to diminish the effect of the corticoid therapy in: 1) muscular mass, emphasizing the reduction of fat and profit of lean mass; 2) reduction or maintenance of glicemy in normal levels; 3) reduction or maintenance of the total cholesterol in normal levels. The program was composed of aerobics intervals exercises for trunk, superior and inferior members, followed of continuous aerobic exercise, light cooper, increased slow and gradually, in accordance with the symptoms of the patient. For verification of mass it was carried through the test of electric bioimpedance and the levels of glicemy in jejum and total cholesterol for laboratory examinations, on the beginning, middle and end of treatment. The aerobic intervals exercises had favorable evolution of 3X10 for 3X20 repetitions and increase of intensity, and the continuous exercise of 5 for 10 minutes, in a point to promote the conditioning to the patient, to increase the physical and physiological performance and the fatigue strength. The test of walk, also used for analysis of cardio respiratory capacity, on post-treatment pointed favorable changes, with increase of passage (512 for 530m) and increase of cardiorespiratory capacity. It had reduction of 0,8% of corporal fat and increase of 2,33% of lean mass. The glicemy levels had reduced in 17,02% and the total cholesterol in 26,12%, reaching the desired laboratory references. The program in hydrotherapy demonstrated to be practicable, efficient and safe in patient with miastenia gravis and provided to the benefits of combat inactivity symptoms and prevention of secondary illnesses to the extended use of corticoids. Keywords: Myasthenia gravis. Corticoids. Physical conditioning. Hydrotherapy.
  • 9. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Estrutura da placa motora..........................................................................................18 Figura 2: Efeitos do uso prolongado de corticóides..................................................................34 Gráfico 1: Evolução dos exercícios aeróbicos intervalados......................................................79 Gráfico 2: Evolução do exercício aeróbico intervalado “flexão plantar”.................................80 Gráfico 3: Evolução do exercício aeróbico contínuo................................................................81 Gráfico 4: Percentual da gordura..............................................................................................83 Gráfico 5: Peso da gordura corporal.........................................................................................84 Gráfico 6: Peso da massa magra...............................................................................................84 Gráfico 7: Resultado nos níveis de glicose em jejum...............................................................85 Gráfico 8: Resultado nos níveis de colesterol total...................................................................85 Quadro 1: Valores de referência para níveis de glicose............................................................75 Quadro 2: Valores de referência para níveis de colesterol total................................................75 Tabela 1: Escala RPE de Borg..................................................................................................63 Tabela 2: Exercícios aeróbicos intervalados para MMSS........................................................67 Tabela 3: Exercícios aeróbicos intervalados para tronco..........................................................69 Tabela 4: Exercícios aeróbicos intervalados pra MMII............................................................71 Tabela 5: Materiais para avaliação e atendimento....................................................................77 Tabela 6: Teste de caminhada de 6 minutos.............................................................................82
  • 10. 9 LISTA DE ABREVIATURAS ºC: Celsius ACh: acetilcolina AChE: acetilcolinesterase AChR: receptor de acetilcolina ADP: adenosina difosfato anti-R-ACC: anti-receptor de acetilcolina ATP: adenosina trifosfato ATPase: adenosinatrifosfatase AVD´s: atividades de vida diárias Ca2+ : cálcio CR: category-ratio DNA: ácido desoxirribonucléico EMG: eletromiografia FC: freqüência cardíaca FCM: freqüência cardíaca máxima FCR: freqüência cardíaca de repouso FCT: freqüência cardíaca de treinamento h.: hora HDL: high density lipoprotein IGIV: imunoglobulina intravenosa Kg: quilograma LDL: low density lipoprotein
  • 11. 10 mg: miligrama MG: miastenia gravis min.: minuto ml: mililitro MMII: membros inferiores MMSS: membros superiores Pi : fosfato inorgânico RPE: ratings of perceived exertion
  • 12. 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 17 2.1 MÚSCULO......................................................................................................................... 17 2.1.1 Placa motora .................................................................................................................... 17 2.1.2 Impulso motor ................................................................................................................. 18 2.1.2.1 Função da colinesterase ................................................................................................ 19 2.1.2.2 Papel do cálcio na transmissão do impulso .................................................................. 19 2.1.3 Contração muscular ......................................................................................................... 20 2.2 MIASTENIA GRAVIS ...................................................................................................... 21 2.2.1 Etiopatogenia ................................................................................................................... 21 2.2.2 Formas de miastenia gravis ............................................................................................. 22 2.2.3 Incidência e prevalência .................................................................................................. 23 2.2.4 Sintomas e sinais ............................................................................................................. 24 2.2.4.1 Classificação clínica ..................................................................................................... 26 2.2.5 Diagnóstico...................................................................................................................... 27 2.2.6 Tratamento....................................................................................................................... 27 2.3 CORTICÓIDES E EFEITOS COLATERAIS ................................................................... 30 2.3.1 Efeitos metabólicos ......................................................................................................... 31 2.3.1.1 Síndrome de Cushing iatrogênica................................................................................. 33 2.3.2 Efeitos endócrinos ........................................................................................................... 35 2.3.3 Efeitos hematológicos...................................................................................................... 35 2.3.4 Efeitos gastrintestinais..................................................................................................... 36
  • 13. 12 2.3.5 Efeitos oculares................................................................................................................ 36 2.3.6 Efeitos sobre o sistema cardiovascular............................................................................ 37 2.3.7 Efeito sobre o sistema nervoso central ............................................................................ 37 2.4 EXERCÍCIOS FÍSICOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE ................................................. 37 2.4.1 Benefícios do exercício físico.......................................................................................... 38 2.4.2 Condicionamento físico................................................................................................... 39 2.4.2.1 Exercício aeróbico e anaeróbico ................................................................................... 40 2.4.2.2 Exercício aeróbio de resistência ................................................................................... 41 2.4.3 Critérios para prescrição de exercícios............................................................................ 42 2.4.3.1 Avaliação da capacidade física..................................................................................... 43 2.4.3.2 Taxação do esforço percebido ...................................................................................... 43 2.4.3.3 Freqüência cardíaca de treinamento ............................................................................. 44 2.4.4 Alongamento ................................................................................................................... 45 2.5 HIDROTERAPIA............................................................................................................... 46 2.5.1 Princípios físicos da água ................................................................................................ 46 2.5.1.1 Densidade relativa ou gravidade específica.................................................................. 46 2.5.1.2 Turbulência................................................................................................................... 47 2.5.1.3 Flutuação ...................................................................................................................... 48 2.5.1.4 Refração........................................................................................................................ 48 2.5.1.5 Pressão hidrostática ...................................................................................................... 49 2.5.1.6 Tensão superficial......................................................................................................... 49 2.5.1.7 Viscosidade................................................................................................................... 50 2.5.1.8 Movimento de fluxo (laminar e turbulento) ................................................................. 50 2.5.2 Efeitos fisiológicos da imersão em repouso .................................................................... 51 2.5.2.1 Respostas cardiovasculares........................................................................................... 51
  • 14. 13 2.5.2.2 Respostas respiratórias ................................................................................................. 52 2.5.2.3 Respostas renais............................................................................................................ 53 2.5.2.4 Respostas do sistema nervoso....................................................................................... 54 2.5.3 Respostas fisiológicas ao exercício na água .................................................................... 55 2.5.4 Adaptações ao treinamento físico na água ...................................................................... 56 2.5.5 Aplicabilidades dos princípios físicos ............................................................................. 56 2.5.6 Condicionamento físico na água...................................................................................... 59 2.6 MIASTENIA GRAVIS X EXERCÍCIO FÍSICO .............................................................. 60 3 METODOLOGIA................................................................................................................ 62 3.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................................ 62 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ............................................................................................ 62 3.3 LOCAL E DURAÇÃO DA PRÁTICA DA PESQUISA................................................... 63 3.4 CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DE EXERCÍCIOS ............................................ 63 3.4.1 Teste de caminhada de 6 minutos.................................................................................... 64 3.5 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO .......................................................................... 65 3.5.1 Programa de exercícios.................................................................................................... 66 3.6 AVALIAÇÃO DA EVOLUÇÃO DO TRATAMENTO ................................................... 73 3.7 AVALIAÇÃO DE GORDURA E MASSA MAGRA CORPORAL, GLICEMIA E COLESTEROL TOTAL .......................................................................................................... 74 3.8 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ............................................................................................ 75 3.9 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO........................................................................................... 76 3.10 MEDIDAS DE PROTEÇÃO ........................................................................................... 76 3.11 CRITÉRIOS PARA INTERROMPER A PESQUISA..................................................... 77 3.12 MATERIAIS PARA AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO (QUANT./ EQUIP./ MARCA)77 4 RESULTADOS .................................................................................................................... 79
  • 15. 14 5 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 86 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 90 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 91 APÊNDICE A – ALONGAMENTOS PARA MMSS ......................................................... 96 APÊNDICE B – ALONGAMENTOS PARA TRONCO .................................................... 97 APÊNDICE C – ALONGAMENTOS PARA MMII........................................................... 98 ANEXO A – FICHA DE AVALIAÇÃO............................................................................... 99 ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO................ 102 ANEXO C – AUTORIZAÇÃO MÉDICA.......................................................................... 104 ANEXO D – CARTA DE APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA ............................. 106
  • 16. 15 1 INTRODUÇÃO A miastenia gravis é uma patologia auto-imune, sem causa definida, com características de fraqueza e fadiga muscular que, segundo a literatura, são iniciadas ou intensificadas com a realização de exercícios físicos, o que provoca uma condição de sedentarismo. São bem conhecidos os benefícios da atividade física regular. No entanto, a falta de estudos que encoraje os pacientes com miastenia a realizarem a atividade física, segura e monitorada, somados aos efeitos colaterais medicamentosos, como o corticoterápico, deixa o paciente sem alternativa ao buscar a melhoria na sua qualidade de vida e saúde, principalmente nos casos mais graves da doença. Este é um estudo de caso que tem como objetivo geral verificar se um paciente portador de MG generalizada IIB (moderada) é capaz de seguir uma conduta de exercícios hidroterápicos, destinada ao condicionamento físico, plausível com as limitações da patologia. Os objetivos específicos são verificar se o programa desenvolvido é capaz de melhorar o desempenho da paciente, aumentar a resistência à fadiga e diminuir os efeitos da corticoterapia em: 1) Massa muscular, enfatizando a perda de gordura corporal e ganho de massa magra; 2) Diminuição ou manutenção da glicemia em níveis normais; 3) Diminuição ou manutenção do colesterol total em níveis normais. Para isso, foi elaborado um programa de exercícios aeróbicos para membros superiores, tronco e membros inferiores, finalizado com corrida leve, com o propósito de aumento lento e progressivo, monitorado principalmente pela sintomatologia do paciente através da taxação do esforço percebido. A avaliação do tratamento foi feita através de análise comparativa da progressão dos exercícios pelas variáveis repetições e intensidade nos
  • 17. 16 exercícios intervalados, tempo, no exercício contínuo (corrida) e evolução do paciente no teste de caminhada de seis minutos. Os efeitos do tratamento na composição corporal (massa magra e gordura) foram verificados através de bioimpedância elétrica e os níveis sanguíneos de glicemia (em jejum) e colesterol total por exames laboratoriais, através de análise comparativa. Neste trabalho será abordado, primeiramente, o funcionamento do músculo para esclarecer o mecanismo fisiopatológico da miastenia, que será revisada posteriormente. Os corticóides, indicados freqüentemente nos casos mais severos da patologia, estão dispostos em seguida a fim de explanar os efeitos deletérios pelo uso prolongado. Os benefícios do exercício físico, assim como o papel dos mesmos na promoção da saúde estão colocados na seqüência do trabalho, e logo após, a explanação da hidroterapia como opção que oferece os benefícios da atividade física com maior conforto e segurança quando comparada à execução em terra. A relação da miastenia com o exercício físico finalizará a revisão teórica do trabalho, a fim de enfatizar a necessidade de maiores estudos para esse tema.
  • 18. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 MÚSCULO 2.1.1 Placa motora Foss & Keteyian (2000); Wilmore & Costill (2001) afirmam que os nervos destinados a um músculo contêm fibras motoras (eferentes) e sensoriais (aferentes), que penetram no músculo e saem dele junto com os vasos sanguíneos. Os nervos motores originam-se do sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro). A unidade motora é constituída por um neurônio motor simples (motoneurônio) e todas as fibras musculares que ele inerva. Dessa forma, o ponto onde o nervo motor termina (axônio) sobre a fibra muscular, ou seja, uma sinapse, é conhecida como junção neuromuscular (mioneural) ou placa motora terminal. Para Powers & Howley (2000) a extremidade do motoneurônio não entra em contato físico com a fibra muscular, sendo separadas por um pequeno espaço, a fenda neuromuscular. Nas fendas encontram-se agregados da enzima colinesterase, capaz de destruir a acetilcolina (GUYTON, 1988). A estrutura da placa motora pode ser visualizada na Figura 1.
  • 19. 18 FIGURA 1 – Estrutura da placa motora ___________________________________________________________________________________ Fonte: POWERS & HOWLEY (2000). 2.1.2 Impulso motor O impulso motor, originado do cérebro ou da medula espinhal, chega à placa motora, mais precisamente nas terminações nervosas (axônios), fazendo com que muitas das pequenas vesículas de acetilcolina (neurotransmissor), armazenadas nessas terminações, rompam através da membrana para esvaziar seu conteúdo na fenda sináptica e se ligar aos receptores. É transmitida, assim, uma carga elétrica em toda a extensão da fibra muscular. Nesse processo, a acetilcolina atua sobre a membrana muscular, cheia de pregas, para aumentar sua permeabilidade e permitir a entrada de sódio para o interior da fibra muscular, o que acarreta o fluxo de cargas positivas para o citoplasma muscular, despolarizando imediatamente essa área de membrana celular. O evento de despolarização resulta no disparo ou geração de um potencial de ação, que se propaga ao longo da fibra provocando sua contração (WILMORE & COSTILL, 2001; GUYTON, 1988).
  • 20. 19 2.1.2.1 Função da colinesterase Segundo Guyton (1988), após a acetilcolina ter estimulado a fibra muscular, ela é imediatamente destruída, permitindo que a membrana repolarize e fique pronta para um novo estímulo. Essa destruição é feita pela enzima colinesterase, localizada na fenda sináptica, que fraciona a acetilcolina em cerca de 1/500 de segundos. Se a acetilcolina permanecesse interruptamente em contato com a membrana da fibra muscular, essa fibra transmitiria uma sucessão infinita de impulsos. 2.1.2.2 Papel do cálcio na transmissão do impulso O potencial de ação desencadeia também a liberação de íons cálcio (Ca2+) do retículo sarcoplasmático para o interior do sarcoplasma. Esses íons ligam-se a protonina que desloca as moléculas de tropomiosina de cima dos sítios ativos do filamento de actina, abrindo-os para permitir que cabeças de miosina se liguem fortemente nesse filamento de actina (WILMORE & COSTILL, 2001).
  • 21. 20 2.1.3 Contração muscular Segundo Powers & Howley (2000) o processo de contração muscular envolve um sistema de produção de energia que resulta no deslizamento da actina sobre a miosina, explicado pela Teoria do Filamento Deslizante, fazendo com que o músculo encurte e, posteriormente, desenvolva tensão. No filamento de miosina, a cabeça se inclina em direção à actina. Esse estado de inclinação é denominado ponte cruzada. Durante a contração, os filamentos de actina e miosina deslizam uns sobre os outros através das diversas pontes cruzadas, que se ligam à actina num estado de ligação forte. Powers & Howley (2000) destacam que a força de ligação varia de uma ligação “fraca” a uma ligação “forte”, mas que o desenvolvimento da força e contração muscular ocorre somente no estado de ligação forte. Portanto, quando as fibras não estão se contraindo, a cabeça da miosina continua em contato com o sítio de ligação, no entanto, o estado é bloqueado, ou enfraquecido, pela tropomiosina. Posteriormente, as cabeças da miosina se separam do sítio ativo, rodam de volta à posição original e se prendem a outro sítio ativo mais distante, fixando-se e deslizando sucessivamente. Esse processo necessita de energia, proveniente da ATP, que é degradada pela enzima ATPase (localizada na cabeça da miosina) em : ADP, P i e energia. Essa energia é utilizada para unir a cabeça da miosina ao filamento de actina (FOSS & KETEYIAN, 2000; WILMORE & COSTILL, 2001; POWERS & HOWLEY, 2000). Segundo Wilmore & Costill (2001) a ação muscular é finalizada quando ocorre depleção do cálcio. Ele é bombeado do sarcoplasma para o retículo endoplasmático, permanecendo armazenado até a chegada de um novo impulso muscular. A remoção do cálcio promove a desativação da troponina e tropomiosina bloqueando, assim, a ligação entre as
  • 22. 21 pontes cruzadas e a actina. O resultado é o retorno dos filamentos de miosina e de actina ao seu estado original de relaxamento. 2.2 MIASTENIA GRAVIS A miastenia gravis (MG) é um distúrbio auto-imune com sintomas de fraqueza e fatigabilidade que acomete músculos isolados ou de forma generalizada. Resulta de um defeito neuromuscular causado pelo ataque de auto-anticorpos aos receptores de acetilcolina (AChR) na fenda sináptica, com perda de função dos mesmos (CARVALHO, SILVA, ORTENSI, FONTES, OLIVEIRA, 2005). 2.2.1 Etiopatogenia Ainda é desconhecida a maneira como se inicia o processo auto-imune. O que a literatura apresenta são hipóteses da relação entre o distúrbio e o timo. (PENN & ROWLAND, 2000; CARVALHO et al, 2005; CONTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000). Segundo Carvalho et al (2005) cerca de 75% dos pacientes com MG apresentam anormalidades no timo, e Penn & Rowland (2000) afirmam que em cerca de 15% dos pacientes ocorre um tumor benigno, um timoma. Segundo os últimos autores, o timo normal é responsável pela maturação das células T, que medeiam a proteção imune sem provocar respostas auto-imunes.
  • 23. 22 Carvalho et al (2005) explicam que na MG, os anticorpos ligam-se aos AChR interferindo na interação da acetilcolina (ACh) com os mesmos, com conseqüentes redução e/ou degradação no número de receptores, assim, quando a ACh é liberada na JNM, a chance da molécula encontrar um receptor antes de ser hidrolisada pela AChE torna-se menor visto que a densidade de AChR está reduzida. Além disso, algumas mudanças morfológicas, tais como a alteração na geometria da placa motora [...] diminuem ainda mais a probabilidade da ACh interagir com receptores funcionais ainda presentes (CARVALHO, 2005, p.139). Dessa forma, os autores esclarecem que o músculo esquelético não se contrai adequadamente, levando ao enfraquecimento muscular, característico da MG. A fraqueza varia em intensidade no decorrer do dia, podendo levar de minutos à dias a fadiga do músculo afetado. 2.2.2 Formas de miastenia gravis De acordo com Penn & Rowland (2000), apresenta-se sob as formas: Formas Juvenis e Adultas: é a forma típica da MG, conhecida por alguns autores como auto- imune adquirida (CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999), com produção de anticorpos que bloqueiam a função dos receptores de acetilcolina. Inicia-se em qualquer idade, sendo mais comum dos 20 aos 40 anos, e menos freqüente antes dos 10 anos e depois de 65. Miastenia Neonatal: acomete recém nascidos de mães miastênicas, em cerca de 12%. Penn & Rowland (2000, p. 626) afirmam que esses bebês apresentam “uma síndrome que se caracteriza por distúrbio da sucção, choro fraco, membros flácidos e, excepcionalmente,
  • 24. 23 insuficiência respiratória”. As mães podem estar em remissão total, mas geralmente apresentam-se sintomáticas; para ambos os casos demonstram-se anticorpos para AChR. Os sintomas melhoram progressivamente, desaparecendo em dias ou semanas, de acordo com o declínio de anticorpos do bebê. Miastenia Congênita: a afecção é frequentemente familiar. Geralmente, as crianças não apresentam problemas neonatais, no entanto, a oftalmoplegia é o sinal em lactentes. Pode-se manifestar fraqueza dos membros. As mães não apresentam sintomas e não apresentam anticorpos para AChR. As crianças não apresentam anti-AChR, contudo, há respostas decrescentes à estimulação repetitiva. Infecções leves podem induzir episódios de apnéia. Miastenia induzida por drogas: manifestam-se sinais clínicos semelhantes à MG adulta típica em paciente que utilizam certos tipos de medicamentos como penicilina para artrite reumatóide ou doença de Wilson. Os sinais desaparecem com a suspensão da droga utilizada. 2.2.3 Incidência e prevalência Alguns autores como Carvalho et al (2005) consideram a miastenia uma doença rara. No entanto, devido, provavelmente, ao aperfeiçoamento diagnóstico da doença nos últimos anos, pode-se considerar a miastenia uma doença comum, com taxas de prevalência que variam, segundo Cunha, Scola e Werneck (1999) de 0,5 a 14,2: 100.000 habitantes, e incidência que variam de 2.0 a 10.4:1.000.000 habitantes. Para tanto, a literatura concorda que, mesmo a miastenia podendo ocorrer em qualquer faixa etária e para ambos os sexos, as mulheres são mais acometidas que os homens antes dos 40 anos (CONTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000; PENN & ROWLAND, 2000; CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999) com
  • 25. 24 maior comprometimento aos 26 anos nas mulheres e 31 nos homens (CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999). Penn & Rowland (2000, p.626) afirmam ainda que são raros os casos familiares, contudo, “familiares em primeiro grau apresentam uma incidência fora do comum de outras doenças auto-imunes (lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide, patologias da tireóide)[...]”. 2.2.4 Sintomas e sinais A fraqueza miastênica varia em grau e intensidade, de minutos à dias, ou períodos mais prolongados. Afeta músculos ora isolados, ora em conjunto, muitas vezes limitando a expressividade e realização de atividades normais do indivíduo. De acordo com os sintomas, a MG pode ser restrita aos músculos oculares ou generalizada. Se o comprometimento for apenas ocular, ocorre debilidade dos músculos oculares externos. Segundo Penn & Rowland (2000) se a miastenia atingir apenas musculatura ocular por 2 anos, e permanecer restrita após 3 anos, raramente torna-se generalizada. Na MG generalizada os sintomas iniciais são tipicamente ptose e diplopia. Penn & Rowland (2000, p.628) descrevem que “a fraqueza dos músculos faciais e levantadores das pálpebras produz uma face inexpressiva característica, com queda das pálpebras” e que cerca de 40% dos pacientes são acometidos inicialmente pelos membros oculares e cerca de 85% são, no transcorrer da doença, finalmente atingidos. Os mesmos autores afirmam que, por motivos ainda não esclarecidos, tanto o estresse emocional como uma doença podem agravar a fraqueza da miastenia.
  • 26. 25 A fraqueza nos membros ocorre com freqüência, resultando na dificuldade para subir escadas, levantar os braços, lavar os cabelos, escrever, entre outros, e dificilmente são afetados isoladamente (CARVALHO et al, 2005). Para Tierney Jr., Mcphee e Papadakis (2004) e Carvalho et al (2005) a atividade continuada, que estimula repetitivamente os músculos e prejudica o poder de contração, intensifica a fraqueza nos membros, o que melhora após breve repouso. Pode ocorrer fraqueza no pescoço, em conjunção à fraqueza craniana; é a fraqueza da musculatura cervical que torna a manutenção da cabeça cansativa. A dificuldade de mastigar, somada aos outros sintomas de fraqueza dos músculos cranianos, limitam os movimentos faciais do indivíduo. Dificuldade de engolir, engasgo e voz anasalada são fraquezas comuns decorrentes do comprometimento bulbar, podendo, conseqüentemente, haver regurgitação nasal de líquidos, dependendo do grau da fraqueza (PENN & ROWLAND, 2000; CARVALHO et al, 2005; TIERNEY JR, MCPHEE, PAPADAKIS, 2004). Se a fraqueza atinge os músculos respiratórios e provocar ventilação inadequada é denominado crise miastênica. A fraqueza dos músculos respiratórios [...] geralmente é sintomática, podendo variar desde uma dispnéia em repouso até uma dispnéia decorrente de esforço intenso. A alteração do volume pulmonar pode levar a áreas de atelectasia e conseqüentemente hipoxemia, pode haver hipercapnia, como resultado da hipoventilação, e debilidade do reflexo de tosse, devido a fraqueza dos músculos expiratórios. (CARVALHO et al, 2005, p. 139). Segundo Penn & Rowland (2000) as crises têm maior probabilidade de ocorrer em pacientes com fraqueza dos músculos respiratórios e da orofaringe, podendo ser provocadas por infecções respiratórias e procedimentos cirúrgicos, como a timectomia. No passado, o comprometimento respiratório era a maior causa de mortalidade nos portadores de MG (CONTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000). A partir de 1960, mesmo faltando a teoria sobre
  • 27. 26 seus mecanismos, a timectomia passou a ser largamente realizada (CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999), o que promoveu necessidade de aperfeiçoamento dos métodos de assistência ventilatória. Contran, Kumar e Collins (2000) afirmam que hoje, 95% dos pacientes sobrevivem graças aos métodos aperfeiçoados de ventilação mecânica. Lesões das placas motoras podem ocorrer se a MG não for tratada, podendo evoluir para formas incapacitantes. Por isso, Almeida, Okano, Vargas, Ferreira-Santos, Sato e Barreira (2000) enfatizam a instituição do tratamento assim que fechado o diagnóstico. 2.2.4.1 Classificação clínica Segundo Osserman & Genkins (1971) é possível classificar a forma clínica na qual se encontra o paciente, da seguinte forma: Grupo I: Miastenia ocular: limitada à musculatura ocular (ptose palpebral e diplopia). Grupo II A: Miastenia generalizada leve: envolvimento muscular generalizado, poupando musculatura respiratória. Grupo II B: Miastenia generalizada moderada: maior comprometimento da musculatura esquelética, manifestações bulbares e intolerância aos exercícios, sem comprometimento respiratório. Grupo III: Miastenia aguda fulminante: rápida progressão, com comprometimento severo da musculatura esquelética e bulbar, envolvendo função respiratória, progredindo em 6 meses. Grupo IV: Miastenia generalizada severa tardia: progressão até a forma mais severa da doença, no prazo de 2 anos, em pacientes que foram do grupo I e II.
  • 28. 27 2.2.5 Diagnóstico Para Marques (2001, p.25) “a confirmação da suspeita clínica deverá ser feita usando o teste de anticolinesterase (edrofônio ou piridostigmina), estimulação nervosa repetida, eletromiografia (EMG) e pesquisa de anticorpos anti-R-ACC”. 2.2.6 Tratamento Os diferentes tipos de tratamento para MG podem ser utilizados individualmente ou em combinação, de acordo com a evolução da doença e são basicamente: a farmacoterapia anticolinesterásica, uso de esteróides e/ou outras drogas imunossupressoras, timectomia, plasmaferese e uso de imunoglobulina intravenosa (IGIV). As drogas anticolinesterásicas (neostigmina, brometo de piridostigmina) são geralmente o primeiro recurso terapêutico utilizado; apresentam alívio sintomático sem alterar a evolução da doença (TIERNEY JR, MCPHEE, PAPADAKIS, 2004; ALMEIDA et al, 2000; PENN & ROWLAND, 2000; CARVALHO et al, 2005). O mecanismo de ação dessas drogas ocorre através do bloqueio da enzima responsável pela degradação da acetilcolina liberada na placa motora, a colinesterase, permitindo que a ACh tenha maior disponibilidade de se fixarem aos receptores (AChR). A partir de 1954 a piridostigmina passou a ser a droga de escolha no tratamento da MG sendo hoje, a droga mais popular das anticolinesterases (CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999). Dentre os efeitos adversos, é temido a crise colinérgica (estimulação excessiva dos AChR), por isso, são usados em pequenas quantidades
  • 29. 28 e de forma exclusiva nos casos de miastenia ocular. Em caso de evolução da doença são utilizados somatoriamente com outras drogas (ALMEIDA et al, 2000). Os esteróides são utilizados quando os anticolinesterásicos são insuficientes ou como medida preparatória para a timectomia. Cunha, Scola e Werneck (1999) afirmam que os corticosteróides assumiram papel de elite no tratamento da doença nos anos 60 e 70, de modo contínuo ou em dias alternados. A maioria dos clínicos usa prednisona onde, uma vez que se obtêm resultados satisfatórios, reduz-se a dose gradualmente, podendo, dessa forma, alterar o curso evolutivo da doença (PENN & ROWLAND, 2000). O uso prolongado e contínuo de corticosteróides tem efeitos colaterais diversos, que serão discutidos mais tarde. Quando o uso de corticóides se prolonga, considera-se o tratamento com outra classe de imunossupressores (azatioprina, ciclofosfamida, metotrexato) principalmente na intenção de redução dos esteróides (ALMEIDA et al, 2000). De Cos & Merino (1998) explicam que a azatioprina atua inibindo a síntese de DNA, obstaculiza a proliferação celular e consequentemente inibe a resposta imunitária. Os efeitos adversos do uso prolongado de imunossupressores são depressão de medula óssea, suscetibilidade a infecções, problemas hepáticos e condições malignas retardadas (PENN & ROWLAND, 2000). A plasmaferese é utilizada na redução temporária dos sintomas, em caso de exacerbações (crises) e como alternativa preparatória para timectomia. A técnica é capaz de separar e purificar os receptores de acetilcolina (AChR), reduzindo rapidamente os níveis de anticorpos contra os receptores (CUNHA, SCOLA, WERNECK, 1999; ALMEIDA et al, 2000). O tratamento semelhante em seus fins é a administração de imunoglobulina intravenosa (IGIV), onde se supõe que ocorra bloqueio dos anticorpos por inibição competitiva. Esse tratamento é praticamente isento de efeitos colaterais, porém é de alto custo.
  • 30. 29 Diferente da timectomia estritamente necessária, quando há presença de timoma, a timectomia como alternativa de tratamento é bastante discutida. Algumas linhas de pesquisa acreditam não ser necessária a remoção do timo ou os resquícios do mesmo, pois estudos como o Werneck, Cunha e Scola (2000, apud CARVALHO et al, 2005, p.140), que “comparou grupos de pacientes submetidos à timectomia e que realizaram tratamento conservador não encontraram diferenças estatisticamente significantes entre esses grupos com relação a remissão ou a melhoria da doença”. No entanto, Almeida et al (2000) acreditam que mesmo não estando esclarecida a real função do timo no desenvolvimento da MG, os resultados da timectomia são bastante encorajadores, e acrescentam que, atualmente, alguns grupos optam pela alternativa de tratamento antes mesmo de iniciar a terapêutica clínica. Assim, a timectomia é considerada um tratamento de resultados dignos, incluso remissões completas, em diversos estudos (RUIZ JR., REIBSCHEID, CATANEO, REZENDE, 2004; ALMEIDA et al, 2000; RIVEROS, ALVAREZ, VERGARA, ROJAS, 1999; MORENO, 1997; RZYMAN, SKOKOWSKI, MARJANSKI, WALCZAK, SZYMANOWSKA, BILINSKA, 2005). A remissão completa é encontrada na literatura em percentuais que variam de 17,6 à 26%; melhora clínica de 63,6 à 97,2% e piora de 5 à 9,1% de casos (RUIZ JR et al, 2004; RZYMAN et al, 2005; PETKOV, KUTEV, MLADENOVSKI, TODOROV, GAVRILOV, ATANASOV, GORANOV, 2004; ALMEIDA et al, 2000). Em pacientes sem timoma, o resultado parece ser ainda mais favorável, com remissões próximas a 50% dos pacientes (OLIVEIRA, CAMPOS, CARDOSO, 1995; EL- MEDANY, HAJJAR, ESSA, AL-KATTAN, HARIRI, ASHOUR, 2003). Para tanto, se enfatiza a importância de acompanhamento dos resultados da timectomia a longo prazo, visto que estudos como o de El-Medany et al (2003) encontraram remissões completas em até 15 anos após a realização da timectomia, mostrando ao longo de
  • 31. 30 3 anos remissões em 37,4% dos pacientes, em 10 anos: 58,2% e em 15 anos: 75% de pacientes assintomáticos e sem uso de medicamentos. 2.3 CORTICÓIDES E EFEITOS COLATERAIS Os principais esteróides, mineralocorticóides e glicocorticóides, que de forma endógena são secretados pelo córtex supra-renal, receberam modificações químicas, dos hormônios originais, para gerar os produtos sintéticos dos mesmos. Dessa forma, visando potencializar as ações antiinflamatórias e imunossupressoras, foram desenvolvidos diversos tipos de glicocorticóides sintéticos que, no entanto, não puderam ser isentos, em nenhum de seus representantes exógenos, de propriedades mineralocorticóides (como retenção de sódio) e efeitos deletérios adversos (RANG, DALE, RITTER, MOORE, 2004; WANNMACHER & FERREIRA, 1998). Os derivados sintéticos de corticóides, de uso sistêmico, diferem entre si quanto à potência glicocorticóide, atividade mineralocorticóide e duração de efeito. Para uso crônico, escolhe-se prednisona ou metilprednisolona orais, por haver ampla experiência de uso e possuírem duração intermediária, ou doses equivalentes às mesmas. (WANNMACHER & FERREIRA, 1998). Faiçal & Uehara (1998, p. 73) afirmam que os corticóides são drogas com alto potencial de morbi-mortalidade e por isso devem ser prescritos cuidadosa e adequadamente, tendo em mente os princípios: “utilizá-los o menor tempo possível, existência de outra alternativa terapêutica menos deletéria, associação com outra droga que diminua as doses necessárias dos corticóides, o esquema em dias alternados é viável como opção [...]”. A
  • 32. 31 preocupação com a prescrição dos mesmos se deve ao fato dos corticóides apresentarem efeitos colaterais crescentes com a duração de sua utilização. Os efeitos metabólicos e sistêmicos dos corticóides são bastante difundidos na literatura. Autores como Rang et al, (2004), Wannmacher & Ferreira (1998), Faiçal & Uehara (1998) afirmam, semelhantemente, tais ações, descritas a seguir: 2.3.1 Efeitos metabólicos Os glicocorticóides são assim denominados pelos efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos (glicídios). Altas doses, geralmente correspondem a 1-2mg/kg/dia e uso prolongado, com duração maior que 7 dias, afetam o metabolismo glicídico. São capazes de incentivar a neoglicogênese e reduzir a captação e utilização da glicose à célula, resultando em tendência à hiperglicemia, também conhecida por diabete corticóide. Contudo, Wannmacher & Ferreira (1998) enfatizam que o deflazacort e a betametazona apresentam menor efeito diabetogênico que os demais corticóides. Sobre o metabolismo das proteínas, os corticóides inibem a síntese (anabolismo) e aumentam sua degradação (catabolismo), particularmente no músculo, tendo como resultado o balanço hidrogenado negativo. Conseqüentemente, ocorre redução da massa muscular (miopatia corticóide) tendo como sintoma a fraqueza muscular, sobretudo em extremidades. Guyton & Hall (1997, p.876) descrevem que “os músculos podem se tornar tão fracos que a pessoa não consegue se levantar da posição agachada”. Além disso, ocorre redução de matriz óssea, que resulta, diversas vezes, em osteoporose, fraturas e desaparecimento de vértebras e costelas. O agravamento da situação
  • 33. 32 óssea é aumentado pela tendência dos corticóides a produzir um equilíbrio negativo do cálcio. No trato intestinal, a absorção do cálcio fica diminuída, e nos rins, excreção aumentada, resultando em hipocalcemia e reabsorção óssea. Os corticóides reduzem ainda a função dos osteoblastos (que depositam a matriz óssea) e aumentam a atividade dos osteoclastos (que digerem a matriz óssea), o que agrava a tendência à osteoporose. Wannmacher & Ferreira (1998) descrevem que a osteoporose acomete 50% das pessoas com uso prolongado do esteróide, que o esquema de dias alternados não protege contra a osteoporose, mas que o deflazacort minimiza a perda óssea, como comprovado por Cruz Filho (1990), ao caracterizar esse tipo de corticóide como menor expoliador de cálcio. Mesmo sabendo do risco da osteoporose, estudo como o de Yánez & Rivera (2001) confirmou que a grande maioria dos pacientes em corticoterapia prolongada não recebe nenhuma medida profilática capaz de enfrentar o risco. Em crianças, o efeito metabólico das proteínas pode resultar em inibição do crescimento, principalmente após uso superior a 6 meses. Segundo Guyton & Hall (1997) as fibras protéicas no tecido subcutâneo se rompem facilmente, resultando em grandes estrias purpúreas. Sobre o metabolismo das gorduras, há aumento de ácidos graxos livres (pela mobilização do tecido adiposo), o que aumentaria sua disponibilidade para ser utilizado como fonte de energia. No entanto, Guyton & Hall (1997) sugerem que o excesso de ingestão de comida gera gordura em alguns tecidos do corpo mais rapidamente do que os ácidos graxos serem utilizados como fonte de energia. Dessa forma, observa-se clinicamente a redistribuição de gordura corporal, característica da síndrome de Cushing (Fig. 2), com acúmulo de gordura em abdômen, região escapular e face, e diminuição em extremidades. A tendência ao aumento de ingesta calórica pode resultar em ganho de peso e obesidade, rapidamente.
  • 34. 33 A alteração lipídica descrita por Faiçal & Uehara (1998) baseia-se na elevação de VLDL e LDL (lipoproteínas de baixa densidade), tendo os níveis séricos de colesterol elevados. 2.3.1.1 Síndrome de Cushing iatrogênica Conforme Guyton & Hall (1997), os efeitos cushingóides mais observados são: face arredondada (face de lua-cheia) com bochechas avermelhadas, corcova de búfalo (ou giba), aumento da gordura abdominal, braços e pernas finas (consumação muscular), cicatrização deficiente das feridas, enfraquecimento da pele, equimoses fáceis e euforia com alterações de humor. Os efeitos menos freqüentes são: hipertensão craniana benigna, cataratas, necrose avascular da cabeça do fêmur e hipertensão. Além disso: osteoporose, aumento do apetite, obesidade, aumento de suscetibilidade a infecções, tendência à hiperglicemia e balanço nitrogenado negativo. Pode ainda ocorrer acne e hirsutismo (crescimento excessivo de pêlos faciais).
  • 35. 34 FIGURA 2 - Efeitos do uso prolongado de corticóides Os efeitos indicados sem parênteses, são particularmente comuns. Os efeitos menos freqüentes, relacionados com a dose e duração do uso, estão indicados entre parênteses. Fonte: Adaptado de Baxter & Rousseau (1979, apud RANG et al, 2004, p. 475). Sobre o metabolismo hidroeletrolítico, os efeitos dependem principalmente da ação mineralocorticóide exercida pelos corticóides. O cortisol, por exemplo, é citado por Wannmacher & Ferreira (1998) com atividade mineralocorticóide mais acentuada, acarretando retenção de sódio e água, gerando edema e hipertensão arterial. Ocorre também perda urinária de potássio, induzindo hipocalemia, e de cálcio, o que na maioria das vezes determina reposição alimentar e/ou medicamentosa. Os corticóides que têm menor ação mineralocorticóide podem produzir intensa natriurese, contrastando com os retentores do sal, no entanto, o cuidado é maior com o aumento de excreção de potássio, o que promove a necessidade de controle eletrolítico, como sugerido por Reis (2004).
  • 36. 35 2.3.2 Efeitos endócrinos A administração de corticóides exógenos, em doses farmacológicas e tempo prolongado, inibem conseqüentemente a secreção de glicocorticóides endógenos (insuficiência adrenocortical). Isso ocorre após 7 dias de tratamento contínuo com altas doses e é evidente após 30 dias de administração diária de doses convencionais. A normalização dessa função deve ser lenta e gradual, mas os diversos estudos citados por Faiçal & Uehara (1998) comprovaram que a recuperação adrenocortical é possível e que o tempo de normalização é dependente da dose e do tempo utilizado, podendo ocorrer em até um ano após a suspensão do esteróide exógeno. Os mesmos autores (RANG et al, 2004; WANNMACHER & FERREIRA, 1998; FAIÇAL & UEHARA, 1998) descrevem ainda os efeitos colaterais hematológicos, gastrintestinais, oculares, sobre o sistema cardiovascular e nervoso central, trazidos pelo uso de corticóide de uso prolongado: 2.3.3 Efeitos hematológicos Pelo efeito antiinflamatório e imunossupressor é de se esperar diminuição das células sanguíneas: linfócitos, monócitos, basófilos e eosinófilos circulantes e aumento de neutrófilos, com risco de suprimir as respostas à infecção. A imunodepressão predispõe, portanto, à infecções bacterianas, fúngicas e virais, e é capaz também de mascarar as manifestações clínicas, como febre, resultante do processo.
  • 37. 36 Ocorre também diminuição dos fibroblastos e, portanto, menor produção de colágeno, contribuindo para diminuição dos eventos de cicatrização e reparo de feridas. 2.3.4 Efeitos gastrintestinais Há diminuição da função da barreira mucosa gástrica, e em alguns pacientes, pode haver aumento da produção de ácido clorídrico. Somado a esses fatores, a diminuição da resposta à reparos de feridas, pode resultar em úlceras pépticas e complicações da mesma. 2.3.5 Efeitos oculares Pode ocorrer aumento da pressão intra-ocular, e assim, desenvolvimento de glaucoma, principalmente em pacientes geneticamente predispostos. A formação de cataratas, de modo irreversível, também pode ocorrer pela ligação dos esteróides às proteínas do cristalino.
  • 38. 37 2.3.6 Efeitos sobre o sistema cardiovascular A retenção salina e de água, parecem ser os mecanismos básicos para o aumento da hipertensão arterial, desenvolvida em até 80% dos pacientes com síndrome cushingóide. 2.3.7 Efeito sobre o sistema nervoso central Os corticóides exógenos são capazes de gerar alterações no humor. Alguns pacientes apresentam euforia e melhora de ânimo, ao passo que outros expressam ansiedade, insônia e depressão. Surtos psicóticos e tendência suicida. Geralmente, essas alterações cessam com a suspensão do tratamento, no entanto, alguns pacientes podem se tornar dependentes psicológicas dos corticóides. 2.4 EXERCÍCIOS FÍSICOS NA PROMOÇÃO DA SAÚDE Segundo Sharkey (1998) a definição de saúde hoje, inclui um estado de completo bem-estar físico, mental e emocional, e não meramente a ausência de doença. Neste contexto, Ardel (1984, apud SHARKEY, 1998, p.65) define o bem-estar como “uma abordagem consciente e deliberada para o estado avançado de saúde física e psicológica”. Dessa forma, torna-se mais ampla a visão da saúde e verifica-se como o bem-estar define o movimento a
  • 39. 38 um estado chamando saúde ótima. Um bom exemplo, citado pelo mesmo autor, são os portadores de deficiência física que praticam esportes, ou seja, a deficiência não os impede de viver a vida ativa. E vida ativa é um conjunto de comportamentos ou hábitos que estão associados com saúde, vitalidade e longevidade, na qual fazem parte as refeições equilibradas com escolha de alimentos saudáveis, controle do peso, bom sono, abstinência de cigarros e drogas, manejo do estresse e a prática regular de exercícios, que será abordada neste trabalho. 2.4.1 Benefícios do exercício físico Mercury & Arrechea (2001) citam alguns dos benefícios do exercício físico a curto, médio e longo prazo:  Melhora do funcionamento cardiovascular; o Redução da pressão arterial;  Melhora do perfil lipídico: o Diminui o colesterol total; o Diminui lentamente a concentração de LDL- colesterol; o Aumenta a concentração de HDL-colesterol; o Diminui triglicérides;  Aumento do gasto energético: o Favorece a redução do peso corporal; o Diminui a massa total de gordura; o Preserva e aumenta a massa magra (muscular);  Contribui para o controle glicêmico:
  • 40. 39 o Aumenta o consumo da glicose; o Aumenta a resposta do tecido à insulina, melhorando sua utilização celular;  Aumenta a força e elasticidade muscular;  Promove sensação de bem-estar e contribui na qualidade de vida. Sharkey (1998) coloca que a atividade física também pode ser um dos fatores a tratar ou prevenir a artrite e osteoporose, além de ativar a função do sistema imunológico, combatendo o estresse. A prática regular de exercícios aumenta ainda os níveis de endorfinas, substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar, humor e euforia, capazes de reduzirem a dor e o risco de desenvolvimento da depressão. Powers & Howley (2000) descrevem que os fatores de risco para o desenvolvimento de uma patologia são divididos em genéticos, ambientais e comportamentais. Dessa forma, os autores relacionam o sedentarismo como um fator de risco comportamental, correlacionado de forma causal com a doença cardiovascular, aterosclerose, obesidade (manifestado pelo excesso de gordura corpórea), dislipidemias, diabetes, entre outros. 2.4.2 Condicionamento físico Foss & Keteyian (2000) definem o condicionamento como “aumento da capacidade energética do músculo por meio de um programa de exercícios físicos”. Os seres humanos são altamente adaptáveis; a sobrecarga do corpo causa adaptação, o que permite ao organismo se ajustar ao novo estresse. Dessa forma, ao seguir um programa de exercícios o músculo responde ao estresse repetido (treinamento) adaptando-se aos
  • 41. 40 estímulos ocasionados pelo exercício para atingir os resultados procurados (KIRKENDALL, 1993; BATES & HANSON, 1998). 2.4.2.1 Exercício aeróbico e anaeróbico Exercício aeróbico significa “na presença de oxigênio”; é um método de exercício que provoca alterações nos sistemas circulatório e respiratório, através de atividades que exigem apenas um aumento modesto na ingestão de oxigênio, abaixo do limiar de lactato, ou seja, abaixo do ponto em que os níveis de ácido láctico no sangue se elevem rapidamente (SHARKEY, 1998; WILMORE & COSTILL, 2001; COOPER, 1988). Conforme Sharkey (1998) a energia utilizada no exercício aeróbico é gerada da oxidação das gorduras e dos carboidratos. O metabolismo aeróbico gera 38 moléculas de ATP (adenosina trifosfato) por molécula de glicose, sendo esse o composto que serve de combustível para as contrações musculares, além dos demais processos celulares. A energia produzida do ATP é transferida para os filamentos contráteis (miosina e actina) do músculo, formando uma ligação da actina nas pontes cruzadas da molécula de miosina, originando a actomiosina. Uma vez ativadas, as miofibrilas deslizam umas sobre as outras e provocam a contração muscular (BERNING, 2002, p. 518). Sharkey (1998) afirma ainda que os exercícios aeróbicos são as atividades consideradas leves a moderadas, que o exercício é relativamente prazeroso e relaxante e que pode ser mantido desde vários minutos até muitas horas. Para Cooper (1988), atividades aeróbicas incluem caminhada, corrida (não intensa), ciclismo, natação e esqui em longa distância.
  • 42. 41 Quando a intensidade dos exercícios passa a ocorrer de forma intensa, que envolve duração necessariamente curta, são denominados exercícios anaeróbicos. No metabolismo anaeróbio, a energia produzida é a anaeróbica, ou seja, “sem presença de oxigênio”, gerando apenas 2 moléculas de ATP por molécula de glicose (SHARKEY, 1998; WILMORE & COSTILL, 2001; COOPER, 1988; BERNING, 2002). O ácido láctico é um subproduto do metabolismo do esforço intenso que, junto com os altos níveis de dióxidos de carbono, são associados com respiração trabalhosa, fadiga e desconforto. Nos exercícios anaeróbicos ocorre, portanto, a acumulação de ácido láctico nos músculos e sangue. São exemplos de exercícios anaeróbicos a corrida de velocidade, arremesso e levantamento de peso (SHARKEY, 1998). Wilmore & Costill (2001) explicam que os exercícios realizados em sessões repetidas, separados por breves períodos de repouso são denominados intervalados, enquanto que os realizados de forma prolongada, sem interrupções, são denominados contínuos, como a caminhada, por exemplo. 2.4.2.2 Exercício aeróbio de resistência Resistência aeróbia é a forma de resistência nas quais grandes grupos musculares estão ativos por um longo período de tempo sob condições aeróbias, e que de forma geral, ativa a circulação sanguínea como um todo e aumenta a capacidade do músculo para produzir energia aerobicamente. Um treinamento regular de resistência é responsável por muitos efeitos positivos relacionados com a saúde, como: manutenção e aumento da aptidão física
  • 43. 42 geral; prevenção de doenças degenerativas do sistema cardiovascular e fortalecimento do sistema imunológico (WEINECK, 2003; SHARKEY, 1998). Conforme Norm & Hanson (1998); Kirkendall (1993), o treinamento de resistência é a habilidade em lidar com a fadiga, o fator limitante do trabalho repetitivo. Dessa forma, para aumentar a resistência, o grupo muscular supera a fadiga através da adaptação que o treinamento promove. Segundo Weineck (2003), a falta de resistência causa uma incapacidade de suportar esforços e resulta num sistema cardiovascular fraco, promovendo facilmente a exaustão. O autor explica ainda que a prática regular de exercícios de resistência permite que o indivíduo recupere o fôlego, bem como a capacidade de recuperação após o esforço; esse processo é fruto do aumento do rendimento cardíaco. 2.4.3 Critérios para prescrição de exercícios Para Kirkendall (1993), a freqüência, intensidade e duração do exercício são as variáveis manipuladas em um programa de condicionamento aeróbico. No entanto, o autor esclarece que devem ser baseados no conhecimento da capacidade individual do indivíduo, assim como idade e nível de condicionamento.
  • 44. 43 2.4.3.1 Avaliação da capacidade física Um dos mais utilizados exames para a avaliação individual da capacidade física ao exercício é o teste de caminhada de seis minutos. É um método simples e de baixo custo que se baseia em percorrer durante seis minutos, em local plano e reto, um percurso determinado pelo examinador, de forma a alcançar o máximo esforço. Com isso, os indicativos de freqüência cardíaca (FC) e escala de esforço percebido de Borg, entre outros (específicos), são avaliados durante os momentos: 1) em repouso, antes de iniciar o teste; 2) aos 3 minutos da caminhada; 3) aos 6 minutos de caminhada; 4) em repouso, após 5 minutos de finalizado o teste, na posição sentado. Ao final, é possível obter também a distância percorrida pelo paciente e a freqüência cardíaca máxima (JARDIM, MAYER, CARDOSO, CAVALHEIRO, VELLOSO, 2002). Os autores explicam ainda que “se o paciente demonstrar cansaço excessivo, é-lhe permitido que pare quantas vezes forem necessárias durante o teste, dentro dos seis minutos” e que é de suma importância a uniformidade de sua execução, já que é comparativa. 2.4.3.2 Taxação do esforço percebido Borg (2000) explica que a finalidade da escala do esforço percebido é que o indivíduo estime sua própria percepção sobre o esforço, que depende principalmente da tensão e da fadiga em seus músculos, e da sensação de falta de ar e dores no peito. Existem dois tipos de escalas propostas por Borg. A Escala RPE permite classificar a intensidade do
  • 45. 44 exercício em uma escala de 6 (“sem nenhum esforço”) a 20 (“máximo esforço”), enquanto que a Escala CR10 testa o grau de percepção do esforço em relação a certo atributo, em escala de 0 (“absolutamente nada”) ao “máximo absoluto”, assinalado com um “·”. Segundo Campion (2000) o Colégio Americano de Medicina de Esportes (ACMS) considera a taxação do esforço percebido um indicador valioso e confiável para a monitoração do exercício. Valores na escala RPE do Borg entre 12 a 13 (“um pouco intensa”) correspondem a 60 a 75 % do consumo máximo de oxigênio, sendo essa uma faixa ótima para o condicionamento. 2.4.3.3 Freqüência cardíaca de treinamento Estabelecidas as freqüências cardíacas de repouso e máxima, sugere Kirkendall (1993) a fórmula de Karvonen a fim de determinar, individualmente, a freqüência cardíaca de treinamento: FCT = FCR + %(FCM – FCR) onde: FCT = freqüência cardíaca de treinamento FCR = freqüência cardíaca de repouso % = intensidade FCM = freqüência cardíaca máxima Bates & Hanson (1998) indicam que a zona-alvo de intensidade está entre 55% e 90% (0,55 a 0,9) segundo o ACMS, sendo o ideal a intensidade de 70% a 85%.
  • 46. 45 Borg (2000) ressalta que quando o indivíduo não quer se estressar ou não pode fazê- lo por razões médicas, uma capacidade de trabalho submáxima poderá ser estimada a partir da FC registrada para certa intensidade considerada alta, que não atinja a máxima ou por outros testes submáximos, como a fórmula: 195 – idade. O autor observa ainda que se uma pessoa está se exercitando a cerca de 80% da sua capacidade de trabalho, ela provavelmente irá estimar o exercício como 17 (“muito intenso”), na Escala RPE. 2.4.4 Alongamento Segundo Alter (1999), a preparação ao exercício adquirida pelo alongamento, não só reduz o risco de lesão e dor, mas também pode resultar em benefícios como: relaxamento do estresse e da tensão, relaxamento muscular, alívio de câimbras musculares, melhora da aptidão corporal, postura e simetria e principalmente aumento da eficiência do movimento. O mesmo autor descreve que há programas que recomendam segurar cada alongamento por 6 a 12 segundos, outros sugerem entre 10 a 30 segundos, e que, de acordo com Bates (1971, apud ALTER, 1999, p.171) “60 segundos de alongamento mantido são favoráveis para aumentar e manter a flexibilidade”. Em relação ao número de repetições, coloca o autor que acima de quatro alongamentos não resulta em aumentos significativos no comprimento do músculo; que o trabalho de alongamento pode ser realizado antes ou depois de um programa de exercícios ou ambos e que a intensidade do alongamento deve seguir a regra do bom senso: exercite-se, sem esforço, ou seja, o desconforto que o alongamento pode produzir (principalmente em iniciantes) não deve ser tão grande a ponto de causar dor.
  • 47. 46 2.5 HIDROTERAPIA A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que tem sido cada vez mais utilizado na área médica, como um recurso a mais para se obter uma recuperação melhor e mais rápida do paciente (BECKER; COLE, 2000). Os registros históricos demonstram que ao longo do tempo, o valor do uso da água em um programa de tratamento aumentou. Atualmente, o valor crescente da hidroterapia e a popularidade parecem ser salientados por um aumento das pesquisas em diversos aspectos como os efeitos físicos e fisiológicos (BECKER, 2000). 2.5.1 Princípios físicos da água 2.5.1.1 Densidade relativa ou gravidade específica A densidade relativa de um objeto é a relação entre massa do objeto e a igual massa de volume de água deslocado. Se este valor for maior que 1,0 o objeto ira afundar; se for menor que 1,0, o objeto flutuará, se o objeto for exatamente igual a 1,0 irá flutuar logo abaixo da superfície da água. A densidade especifica também indica a porção de volume de um objeto que irá flutuar sobre a água. A densidade relativa de um corpo depende de sua composição. A gravidade especifica de uma massa gorda, ossos e massa magra são respectivamente 0,8, 1,5 e 1,0, conseqüentemente uma pessoa magra tende a afundar, e uma
  • 48. 47 obesa a flutuar. A gravidade especifica de uma pessoa magra é de 1,10 e a densidade de uma pessoa obesa pode ser de 0,93. As mulheres tem mais massa gorda que o homem por isso tendem a flutuar mais fácil, assim também quando envelhecemos a densidade de massa óssea diminui enquanto a massa gorda aumenta, e a massa magra também diminui. A densidade relativa de um membro também varia, um exemplo é que membros paralisados ou fracos tem menor massa muscular por isso sua gravidade específica é menor do que o lado não acometido (BATES & HANSON, 1998). 2.5.1.2 Turbulência É um termo que indica os redemoinhos que seguem um objeto que se movimenta através de um fluido. O grau de turbulência depende da velocidade do movimento. Quando os movimentos forem muito lentos, então o fluxo de partículas será quase paralelo ao objeto e prosseguira em curvas lentas e continuas. Movimentos mais rápidos produzem redemoinhos e é dissipada, reduzindo a pressão e aumentando o arrastamento do corpo. A forma do corpo tem uma enorme influência sobre a produção de turbulência (CAMPION, 2000).
  • 49. 48 2.5.1.3 Flutuação Um objeto imerso apresenta menor peso na água do que em terra. Há uma força oposta à gravidade atuando sobre o objeto. Essa força é a flutuação que é igual a força pra cima gerada pela água. A força origina-se do fato de que a pressão em um líquido aumenta com a profundidade (BECKER, 2000). O ponto pela qual a força da flutuação atua é chamado de “centro de flutuação” (centro da gravidade do fluido deslocado). É um empuxo de baixo para cima na direção oposta á da força da gravidade. Daí, um corpo na água esta submetido a duas forças opostas: gravidade, atuando através do centro de gravidade, e flutuação atuando no centro de flutuação. Se o corpo tiver massa igual ao volume de líquido deslocado, o centro de gravidade e o centro de flutuação estarão em alinhamento vertical (BATES & HANSON, 1998). 2.5.1.4 Refração Quando a luz passa de um meio para outro, ela encontra uma camada fronteiriça e usualmente sofre uma transformação nessa interface. Parte da luz incidente é refletida na fronteira, e a parte que passa para dentro do novo meio pode mudar a direção. Esse deslocamento ou alteração do vetor é chamado de refração (BECKER, 2000).
  • 50. 49 2.5.1.5 Pressão hidrostática A Lei de Pascal afirma que a pressão de um fluído é exercida de forma igual em qualquer nível em uma direção horizontal, o que significa que a pressão é igual em uma profundidade constante. Desta forma, durante repouso em uma determinada profundidade, o fluido exercerá uma pressão em todas as superfícies de um corpo submerso (CAMPION, 2000). 2.5.1.6 Tensão superficial É definida como a força F por unidade de comprimento L que atua através e qualquer linha em uma superfície e tende a atrair as moléculas de uma superfície de água exposta. Ela é representa pela letra grega y (grau), e a equação é y=F/L. Uma força da tensão superficial torna-se uma variável ativa na medida em que área de superfície aumenta. Assim quando um nadador bate os pés na água vigorosamente, rompendo a superfície em espuma e gotículas, uma forca considerável é exercida para superar a tensão superficial. Um mergulhador que penetra na água “de maneira limpa” cria pouco borrifo, e, dessa forma, desperdiça uma quantidade mínima de energia ao se mover do ar para a água (BECKER, 2000).
  • 51. 50 2.5.1.7 Viscosidade Conforme mesmo autor, a água à temperatura ambiente, e na maioria das variedades dos seus usos terapêuticos comuns, é um liquido. Todos os líquidos compartilham uma propriedade chamada viscosidade, que se refere à magnitude do atrito interno do liquido. Diferentes líquidos são caracterizados por variadas quantidades de atração molecular dentro de si, e quando as camadas do liquido são postas em movimento criando uma resistência, é detectado o atrito. 2.5.1.8 Movimento de fluxo (laminar e turbulento) Os principais determinantes do movimento da água são a viscosidade, a turbulência e a velocidade. Existem dois tipos de fluxo: o fluxo laminar, onde ocorre um movimento contínuo do fluido. E o fluxo turbulento que ocorre um movimento irregular das camadas do fluido. A resistência ao fluxo turbulento é obviamente maior que a resistência ao fluxo laminar (BATES & HANSON, 1998).
  • 52. 51 2.5.2 Efeitos fisiológicos da imersão em repouso 2.5.2.1 Respostas cardiovasculares Segundo Cunha & Caromano (2003), imediatamente após a imersão, como conseqüência da ação da pressão hidrostática, 700ml de sangue são deslocados dos membros inferiores para região do tórax, causando um aumento no retorno venoso linfático, e tendo como conseqüência um aumento de 60% do volume central. A centralização aumentada do volume sanguíneo e de líquido linfático eleva o enchimento atrial, a contratilidade por meio do mecanismo de Starling e o volume-contração. Para manter o débito cardíaco, a freqüência cardíaca cai de maneira reflexa. Consequentemente ocorre um aumento do débito cardíaco (volume sanguíneo X freqüência cardíaca) em 30 a 32%. (BOOKSPAN, 2000; CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003). Segundo Cunha & Caromano (2003), o volume cardíaco aumenta cerca de 100ml no indivíduo deitado e aproxima-se de 180ml na imersão em pé. A bradicardia reflexa é potencializada na água com temperatura mais baixa, mas somente até certo ponto. A imersão em água morna e quente aumenta a freqüência cardíaca, o que atua no resfriamento do corpo (BOOKSPAN, 2000). Com a imersão inicial do corpo, há um leve aumento da resistência da circulação periférica afetando a pressão sanguínea. Porém, após esse aumento, o corpo se ajusta e as arteríolas se dilatam, produzindo uma redução na pressão sanguínea (KOURY, 2000).
  • 53. 52 O conjunto de respostas cardiovasculares à imersão, incluindo bradicardia, vasoconstrição periférica e desvio preferencial do sangue para áreas vitais, é denominado reflexo de mergulho (BOOKSPAN, 2000). O reflexo de mergulho ocorre em situações significativamente diferentes como, molhar a face, imergir o corpo com a cabeça fora da água e imersão total com apnéia (mergulho). Nos homens é conseqüência da interação e competição de vários fatores mecânicos e neurais (CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003). 2.5.2.2 Respostas respiratórias As alterações na função respiratória são desencadeadas pela ação da pressão hidrostática de duas maneiras diferentes: aumento do volume central, e a compressão da caixa torácica e abdome. O centro diafragmático desloca-se cranialmente e a pressão intratorácica, bem como a pressão nos grandes vasos, aumentam. Essas alterações por sua vez aumentam o trabalho respiratório em 65%, além de reduzir a capacidade vital e o volume de reserva expiratório, diminuindo a circunferência torácica em aproximadamente 10% (CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003; CUNHA & CAROMANO, 2003). Segundo Cunha & Caromano (2003), apesar das alterações que ocorrem a partir da imersão, a ventilação em repouso, o volume corrente e a freqüência respiratória não se alteram. Durante exercícios submáximos a ventilação é a mesma que durante exercícios em terra no mesmo nível de gasto energético. Becker (2000) relata que o sistema pulmonar é afetado pela altura da água no corpo, que quando está mais alta provoca uma maior resistência a caixa torácica, outro efeito é o
  • 54. 53 aumento do volume sanguíneo no tórax, esses dois efeitos combinados alteram a função pulmonar, o aumento do trabalho respiratório e a dinâmica respiratória. 2.5.2.3 Respostas renais As respostas do sistema renal, em conseqüência da imersão, incluem o débito urinário aumentado (diurese) com perda de volume plasmático, sódio (natriurese), perda de potássio (potassiurese) e supressão da arginina vasopressina, renina e aldosterona plasmática. A imersão em água fria potencializa esta resposta (BOOKSPAN, 2000; CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003) Ainda de acordo com os autores, a atividade simpática renal diminui devido a uma resposta vagal causada pela distensão atrial que, por sua vez, aumenta o transporte tubular de sódio, com diminuição de aproximadamente um terço da resistência vascular renal. A excreção de sódio aumenta, acompanhada de água livre causando o efeito diurético da imersão. Além das alterações no controle renal, também ocorrem alterações em alguns neurotransmissores do sistema nervoso autônomo como as catecolaminas (epinefrina, a norepinefrina e a dopomina), as quais agem regulando a resistência vascular, a freqüência e a força de contração cardíaca e são ativadas logo após a imersão (CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003).
  • 55. 54 2.5.2.4 Respostas do sistema nervoso Segundo Cunha & Caromano (2003), a imersão promove o relaxamento e diminuição da percepção da dor. São afetadas as terminações nervosas, incluindo os receptores de temperatura, tato e pressão. Sugeriu-se o extravasamento sensorial como mecanismo pelo qual a dor é menos percebida quando a parte afetada do corpo está imersa na água. A modulação da dor é, conseqüentemente, afetada por um aumento limiar da dor, o que aumenta com a temperatura e a turbulência da água. Um processo central que não é compreendido seria o responsável pela produção do efeito de relaxamento. Postula-se que ele seja multifatorial e produzido dentro do sistema reticular ativador no interior do cérebro. Segundo Becker (2000) as alterações nos neurotransmissores do sistema nervoso autônomo, conhecidos como catecolaminas, e que agem na regulação da resistência vascular, freqüência cardíaca e a força de contração, acompanham os efeitos dos hormônios renais. Os mais importantes desses neurotransmissores são a epinefrina, a norepinefrina e a dopamina. Sabe-se que as catecolaminas plasmáticas aumentam durante os exercícios e diminuem após estes. Efeitos nos sistema nervoso autônomo e simpático: facilitam a melhora no fluxo sanguíneo muscular e possibilitam um aumento na taxa de remoção dos produtos finais do metabolismo e produtos das lesões nas camadas profundas dos tecidos musculares. Conseqüentemente, tanto os músculos normalmente em exercício quanto os músculos e as estruturas ligamentares em reparação experimentam esses efeitos benéficos. Conforme Campion (2000), a resposta cerebral ao ambiente aquático é muitas vezes demonstrada através da plasticidade cerebral, em casos de perdas sensoriais completas ou temporárias, a área cortical privada de input sensorial normal é restabelecida com as funções
  • 56. 55 do córtex adjacente, o que pode tornar o cérebro responsivo ao estímulo presente através de outra modalidade sensorial, se existente. 2.5.3 Respostas fisiológicas ao exercício na água As respostas fisiológicas ao exercício em terra diferem, em parte, dos exercícios na água. A força de flutuação reduz o peso do corpo, reduzindo o gasto energético, uma vez que elimina a o gasto de energia necessário para deslocar o corpo contra a gravidade. Por outro lado, a viscosidade da água aumenta o gasto energético necessário para realizar movimentos e deslocamentos. Assim o dispêndio de energia na água depende menos da energia utilizada para superar o arrasto, tornado-se dependente do tamanho e posição do corpo e velocidade e direção do movimento (CAROMANO, THEMUDO FILHO, CANDELORO, 2003). Durante o exercício dinâmico, de leve a moderada intensidade, na água, a maior parte da energia usada para sustentar a atividade física é suprida pelo metabolismo aeróbico. A partir do momento em que o corpo não consegue suprir a demanda de energia através do metabolismo aeróbico, inicia-se o metabolismo anaeróbico, o qual tem como produto final o ácido láctico (BOOKSPAN, 2000). Esses mesmos autores relatam ainda, que a resposta cardiovascular ao exercício na água também é diferente daquele em terra. A freqüência cardíaca tende a permanecer inalterada em repouso e durante exercícios de baixa intensidade, mas diminui nos níveis de intensidade mais altos de exercício submáximo e máximo.
  • 57. 56 2.5.4 Adaptações ao treinamento físico na água Segundo Caromano, Themudo Filho e Candeloro (2003) as diferentes respostas fisiológicas ao exercício de média e a alta intensidade, tanto em água quanto em terra, poderiam resultar em diferentes graus de adaptação a períodos repetidos de exercício. Porém, o treinamento na água merece algumas considerações: As adaptações circulatórias são diferentes quando se comparam ambas as situações. Na água a sobrecarga cárdio-respiratória é maior e a filtração renal também; Em temperaturas elevadas, a sobrecarga do volume do coração e os estímulos para adaptações hipervolêmicas, em comparação ao treinamento realizado em água fria, poderiam afetar as alterações metabólicas e cardiovasculares do treinamento; Na água fresca, a elevação amenizada da temperatura corporal central e redução no fluxo sanguíneo da pele poderiam alterar as adaptações metabólicas, termorreguladoras e cardiovasculares, que estariam dependendo das alterações térmicas; A adaptação da captação máxima de oxigênio ao treinamento na água e em terra, com a mesma intensidade metabólica, são iguais. 2.5.5 Aplicabilidades dos princípios físicos Todos os princípios físicos são clinicamente úteis, sem modificação adicional, embora possam ser ampliados para uma variedade de situações clínicas, mediante equipamentos adicionais. Um dos principais benefícios da terapia em água é a redução das
  • 58. 57 forças gravitacionais combinada com os efeitos da flutuação, pressão hidrostática e temperaturas mais elevadas da água (CAMPION, 2000). A força gravitacional diminui na água em razão da sua densidade e da flutuação do corpo humano. Isso favorece indivíduos com complicações médicas, como deficiência física ou mental, obesidade, gravidez, doenças cardiovasculares e pulmonares e pacientes pós- cirúrgicos, tornando-os capazes de realizarem atividades na água as quais seriam dolorosas, difíceis ou impossíveis de serem feitas em solo (KOURY, 2000). Ainda de acordo com o autor, a flutuação atua como suporte para a coluna ou extremidades que podem estar enfraquecidas em virtude de uma doença, cirurgia ou imobilização. Ela permite ao paciente alcançar uma posição de conforto para o exercício que não seria possível no solo, a qual pode ser atingida por equipamento de flutuação ou pela própria flutuação do indivíduo. Além disso, a flutuação permite o controle precoce do movimento e pode ajudar na amplitude de movimento ao levar a parte afetada em direção à superfície da piscina. Também auxilia nas técnicas de mudança de decúbito e facilita o deslocamento de todo corpo, como por exemplo, durante a marcha (CAROMANO & NOWOTNY, 2002). Variações no ambiente aquático, como a produção de turbulência, criam um meio interessante para o trabalho do equilíbrio estático e dinâmico. O fluxo também pode ser modificado pôr equipamentos como palmares, que dependendo de como são utilizados, podem dificultar ou facilitar um determinado movimento. A força de arrasto pode ser utilizada para facilitar os movimentos, tanto do paciente quando do terapeuta. Uma vez o paciente posicionado atrás do terapeuta, o movimento de resistência é vencido pelo terapeuta e facilitado para o paciente (CAROMANO & NOWOTNY, 2002).
  • 59. 58 A pressão hidrostática ajuda na estabilização das articulações enfraquecidas. Além disso, ela melhora a circulação e reduz o edema pelo deslocamento dos fluídos corporais para regiões centrais e aumento da diurese (CURETON, 2000; KOURY, 2000). A temperatura da água tem um importante papel no relaxamento muscular. Quando imerso em temperatura termoneutra (35ºC), o corpo todo é aquecido a uma temperatura superior da pele (35ºC), o que induz ao relaxamento e diminuição do espasmo muscular, promove um aumento do fluxo circulatório e facilita o movimento articular (CUNHA & CAROMANO, 2003). Deve-se cuidar com a temperatura da água da piscina e da temperatura e umidade do ar, pois o excesso ou queda acentuada de temperatura pode provocar desequilíbrios e até danos no organismo do paciente. Case (1998), Bates & Hanson (1998) indicam que a temperatura média da água para a realização de exercícios de condicionamento deve ser entre 28º-30ºC. Segundo Case (1998), temperatura da água acima de 31,2 ºC provoca maior fadiga e aumenta os inchaços pela aceleração do fluxo sanguíneo, o que aumenta os batimentos cardíacos (para esfriar os tecidos mais internos). Além disso, a umidade alta reduz a velocidade de evaporação do suor, o que pode criar emergências médicas. A densidade e a viscosidade da água podem ser usadas para melhorar a força, pois agem como resistência ao movimento. O fortalecimento pode ser realizado com segurança e precocemente na reabilitação, pois o paciente é capaz de controlar a resistência ajustando a velocidade do movimento, o comprimento e a forma da alavanca, a amplitude de movimento e o grau de impulso devido à flutuação (KOURY, 2000).
  • 60. 59 2.5.6 Condicionamento físico na água O condicionamento na água, segundo Case (1998), oferece eficiência, conforto, segurança e possibilita o treinamento em qualquer nível de intensidade. Na água há pouca sobrecarga para as articulações, menos chance de estresse muscular e, consequentemente, menos fadiga e lesão, o que possibilita trabalhar por mais tempo. Os benefícios cardiovasculares, ganho de força e resistência muscular, mudanças na composição corporal, aumento de flexibilidade, equilíbrio e coordenação podem ser atingidas com a realização de exercícios aquáticos. Para Bates & Hanson (1998), se o propósito dos exercícios aquáticos for a resistência muscular, através do fortalecimento muscular, o programa deve ser organizado para alternar grupos musculares e a intensidade deve ser aumentada progressivamente. Esta progressão pode ser mantida por: 1) aumento da carga, expressos em termos de capacidade máxima do indivíduo como máxima (90% - 100%); grande (60% - 90%), média (30% - 60%) e baixa (0%-30%); 2) aumento do número de repetições, expressas como alto (1-10 repetições), moderado (5-10) e baixo (1-3 repetições) e 3) aumento no número de séries, que varia de 1 a 6 séries para cada sessão de exercício. Os autores recomendam para este caso, um circuito de exercícios curtos (6 exercícios), normal (9 exercícios) ou longo (12 exercícios), e duração de 10 a 30 minutos. Se o propósito for a resistência aeróbia, para treinar os mecanismos de absorção e transporte de oxigênio, os mesmos autores colocam que a atividade deve consistir de longas repetições, com intervalo de descanso entre 45 e 90 segundos. Para tanto, informam também que não há necessidade de descanso entre os exercícios, pois a FC tende a diminuir quando o corpo é submergido ao longo do ombro.
  • 61. 60 Ao se tratar de condicionamento, Case (1998) indica programa de exercícios com duração de 20 a 45 minutos, e Bates & Hanson (1998) sugerem entre 20 a 50 minutos a duração total do programa. Para aumentar a resistência aeróbica, o método de treinamento pode ser contínuo, intervalado ou ambos (em circuito). Sugerem Bates & Hanson (1998) que o método contínuo de longa duração (60 minutos ou mais) deve ser reservado para atletas e o intermediário, com duração mais curta (entre 20 e 60 minutos), para a população em geral. Para tanto recomendam o treinamento intervalado aeróbio para pacientes em casos especiais, como em recuperação ou para indivíduos com condição cardiorespiratórias pobre. A intensidade que os autores indicam deve estar entre 60% e 80% da capacidade funcional do paciente, de acordo com as limitações da patologia e cada bloco de exercícios demorarem de dois a oito minutos (cinco a quinze para indivíduos bem condicionados). O objetivo é manter os exercícios de forma a fixar a freqüência cardíaca dentro da zona-alvo de treinamento, o que pode ser monitorada pelo freqüencímetro. Case (1998) explica ainda que a fase inicial de um programa de condicionamento físico aquático pode durar de 1 semana a 2 meses; envolve ficar acostumado com as atividades, a fase de melhoria de 2 a 10 meses e a fase de manutenção infinita. 2.6 MIASTENIA GRAVIS X EXERCÍCIO FÍSICO A relação entre a MG e o exercício físico é pouco comentada na literatura. O que se encontra são afirmações de que a atividade física promove ou aumenta a fraqueza da miastenia (TIERNEY JR, MCPHEE, PAPADAKIS, 2004; CUNHA, SCOLA, WERNECK,