Este documento descreve as articulações do esqueleto axial e da pélvis. Entre as vértebras existem articulações intervertebrais cartilaginosas e facetas articulares sinoviais. Os discos intervertebrais amortecem impactos e protegem as vértebras sob pressão prolongada, porém a degeneração dos discos pode causar dor persistente.
2. INTRODUÇÃO
Pequenas articulações sinoviais uniaxiais são
encontradas no axial adulto, mas a maioria das
articulações do esqueleto axial e das articulações da
pelve é principalmente cartilaginosa. Em contraste, a
grande maioria das articulações no esqueleto
apendicular adulto são sinoviais. A diferença nos tipos
de articulações que perfazem as partes axial e
apendicular do esqueleto reflete as diferenças de
função. As articulações sinoviais do esqueleto
apendicular facilitam uma grande amplitude de
movimento com absorção limitada de choques,
enquanto as articulações cartilaginosas do esqueleto
axial e da pelve fornecem um alto nível de absorção de
choque com amplitude limitada de movimento. Este
trabalho descreve a estrutura e a função das
articulações do esqueleto axial e da pelve.
3. ARTICULAÇÕES ENTRE AS
VÉRTEBRAS
Entre as vértebras, há sempre* 2 articulações
diferentes:
Articulação INTERVERTEBRAL: Articulação
tipo sínfise entre os corpos vertebrais.
Duas articulações sinoviais deslizantes entre os
processos articulares inferiores da vértebra
superior e os processo articulares superiores da
vértebra inferior. São as FACETAS
ARTICULARES.
4.
5. Cada par de vértebras adjacentes é chamado de
SEGMENTO MOTOR.
A coluna vertebral consiste em uma cadeia de segmentos
motores.
O movimento de cada par de vértebras adjacentes
envolve movimento simultâneo em todas as articulações
que as unem (Articulações intervertebrais e facetas
articulares). As articulações funcionam como unidade
para transmitir pressões entre as vértebras.
Assim como as articulações dentro de um único segmento
motor funcionam como uma unidade, também a cadeia
de segmentos motores funcionam como unidade para
transmitir as pressões ao longo da coluna vertebral
6. Ou seja, se houver uma lesão em qualquer
articulação de um segmento motor, isso pode
afetar a função dos segmentos motores
adjacentes.
7. ARTICULAÇÃO INTERVERTEBRAL
As articulações intervertebrais e os corpos
intervertebrais formam a principal parte de
sustentação de pressão da coluna vertebral. As
articulações intervertebrais são sínfises
especializadas. Uma camada de cartilagem
hialina cobre cada superfície articular dos corpos
vertebrais.
Prensado entre as camadas de cartilagem
hialina, existe um DISCO INTERVERTEBRAL.
Um coxim relativamente espesso de
fibrocartilagem altamente especializada.
Os corpos intervertebrais, a cartilagem hialina e
o disco intervertebral estão intimamente
conectados entre si.
8. A espessura dos discos, tal como o tamanho dos
corpos vertebrais, aumenta da extremidade
superior da coluna para baixo.
Cada disco intervertebral é formado por um anel
externo de matéria fibrosa – chamado de ÂNULO
FIBROSO – que envolve uma massa gelatinosa
interna, o NÚCLEO PULPOSO.
9.
10. ÂNULO FIBROSO
O ânulo fibroso consiste de um anel externo
relativamente fino de tecido fibroso e um anel
interno mais amplo de fibrocartilagem.
A porção de fibrocartilagem está sob formas de
camadas concêntricas.
As fibras colágenas em cada camada correm na
mesma direção, mas as fibras das camadas
adjacentes correm um pouco diferentes. Isto
permite que o disco resista fortemente a todos os
tipos de pressão.
11. NÚCLEO PULPOSO
O núcleo pulposo possui grande afinidade pela
água, e exerce continuamente uma PEO (Pressão
de Enchimento Osmótico) para absorver a água.
A água é absorvida para dentro do disco a partir
dos corpos vertebrais pela cartilagem hialina. Em
condições de pressão normal, um núcleo pulposo
saudável tem aproximadamente 80 a 90 % de
água.
O núcleo pulposo está encapsulado água.em um
estojo virtualmente inextensível formado pelos
corpos vertebrais e o ânulo fibroso.
Consequentemente, com o aumento de volume de
água absorvida dentro do núcleo pulposo, há um
incremento simultâneo na pressão interna do
núcleo, uma vez que sua capacidade de extensão
é limitada.
12. Durante as atividades diárias, com o tronco em
posição bastante ereta, a coluna vertebral tem
que suportar o peso do corpo. Consequentemente,
os discos estão sujeitos a uma carga de
compressão quase contínua. Nessa situação, a
quantidade de água que o núcleo pulposo pode
absorver está limitada pelo tamanho e pela
duração das forças de compressão.
A redução cumulativa na espessura dos discos
intervertebrais durante o dia pode chegar em até
2 cm.
Os discos intervertebrais se enchem de água
continuamente por meio de PEO, e perdem por
meio de compressão (força gerada pelo peso da
sustentação do corpo).
13.
14. Restauração do alinhamento normal da
coluna vertebral
Quando a coluna vertebral é fletida, estendida ou
lateralmente flexionada em relação ao seu
alinhamento normal, os corpos vertebrais de cada
segmento motor pivotam ao redor dos núcleos
pulposos correspondentes, o que é comparado a
uma bola de pra inflada.
Consequentemente, quando um lado do ânulo
fibroso é comprimido, o outro lado é estirado
(sujeito a uma pressão maior que a normal).
Além disso, o núcleo pulposo é deslocado
lateralmente na direção do lado estirado da
articulação; quanto maior o deslocamento
angular no segmento motor, maior o
deslocamento lateral do núcleo pulposo.
15. Consequentemente, a tensão aumentada no
ânulo fibroso no lado estirado da articulação é
causada não somente pelo deslocamento angular
dos corpos vertebrais, mas também pela pressão
exercida pelo núcleo pulposo lateralmente
deslocado.
O resultado final da compressão em um lado e a
tensão no outro lado do disco, produz um
considerável torque, que ajuda a restaurar a
orientação normal do ânulo fibroso e do núcleo
pulposo.
16.
17. Proteção nas vértebras da pressão em
excesso
Em respostas às pressões externas impostas à
coluna vertebral pelas atividade diárias normais,
os discos intervertebrais funcionam como
amortecedores do efeito dessas pressões e
protegem as vértebras.
O tipo de deformação que os discos sofrem
depende do ritmo no qual a pressão externa é
aplicada:
18. Pressões de impacto
Pressões com alto índice de sobrecarga e curta
duração. Os discos comportam-se elasticamente.
Os discos deformam-se instantaneamente com a
pressão, e instantaneamente recuperam seus
formatos originais.
O efeito amortecedor dos discos em respostas a
impactos é com frequência referido como
ABSORÇÃO DE CHOQUES.
19. Pressões prolongadas
Pressões aplicadas de forma relativamente lenta
e por um período prolongado. Os discos
comportam-se viscoelasticamente.
Por exemplo, em resposta à força de compressão
prolongada, a água é gradualmente removida dos
discos, tornando-os mais finos.
Entretanto, quando a pressão nos discos for
reduzida a um nível abaixo da PEO dos discos,
eles começarão a absorver água e restaurar seu
tamanho e formas originais.
20. Quanto maior a magnitude e duração da pressão,
mais finos os discos intervertebrais se tornam.
Entretanto, em atividades diárias normais,
dificilmente a redução das espessuras dos discos
será maior que 15% da espessura máxima de
todos os discos combinados.
Além da importância mecânica na proteção das
vértebras por pressões excessivas, o
comportamento viscoelástico dos discos é
fisiologicamente importante para a sua nutrição.
A expulsão e absorção alternada de água cria
uma circulação através dos discos, que permite
que os condrócitos recebam nutrientes e se livrem
dos produtos a serem eliminados.
21. Facetas Articulares
As facetas articulares em cada segmento motor
são articulações deslizantes sinoviais formadas
pelos processos articulares inferiores da vértebra
superior e pelos processos articulares superiores
da vértebra inferior. A cápsula articular de cada
articulação facetária é sustentada por ligamentos
capsulares relativamente espessas nas áreas
anterior ou posterior.
Em geral, as facetas auxiliam as articulações
intervertebrais a transmitir cargas entre as
vértebras. Contribuem para a transmissão de
pressão em certas posturas, e restringem certas
amplitudes de movimento das articulações
intervertebrais para prevenir lesões aos discos
intervertebrais.
22. Com respeito às posturas eretas, a pressão nas
facetas articulares depende da espessura dos
discos intervertebrais e do alinhamento da coluna
vertebral. Na posição ereta relaxada, é pequena a
força de compressão sobre as facetas, com os
discos em espessura máxima. Entretanto, por
causa da posição ereta prolongada, a espessura
dos discos diminuem, o que permite que os
processos articulares inferiores deslizem
progressivamente para baixo em relação aos
processos articulares superiores, e o estresse de
compressão nas superfícies articulares
gradualmente aumenta. Essa condição é referida
como Impacto Extra-Articular (IEA).
23.
24. A flexão de qualquer parte da coluna vertebral
em relação ao formato na posição ortostática
relaxada diminui a força de compressão sobre as
superfícies articulares das facetas.
A coluna vertebral é sustentada por três
ligamentos longitudinais (ligamento longitudinal
anterior, ligamento longitudinal posterior e
ligamento supra-espinhoso) e três ligamentos
intersegmentares (ligamento amarelo, ligamento
interespinhoso e ligamento intertransverso).
25. Amplitude de movimentos da coluna
vertebral
O movimento nos segmentos motores individuais
e na coluna vertebral como um todo está limitado
pelos efeitos combinados dos discos
intervertebrais, dos ligamentos, da orientação e
do tamanho das espinhas vertebrais, e na região
torácica, pelo efeito de tirante das costelas.
Embora a amplitude de movimento em cada
segmento motor seja bastante pequeno, as
amplitudes cumulativas são amplas.
26. A capacidade de absorção de choques na coluna
vertebral é determinada até certo ponto pela
capacidade cumulativa de absorção de choques
dos segmentos motores individuais. Entretanto, a
capacidade de absorção da coluna vertebral
também depende de seu formato curvo no plano
mediano.
27. Degeneração e lesão na coluna vertebral
A dor nas costas, principalmente a dor lombar é
um distúrbio médico comum nos países
industriais e é a principal causa de ausência no
trabalho.
A causa da dor pode ocorrer com ou sem lesão
estrutural.
Na ausência de lesão estrutural a causa da dor
pode ser a fadiga muscular, originada por níveis
fracos de força ou de resistência muscular.
Entretanto, a dor persistente é provavelmente
por lesão estrutural ou por degeneração em um
ou mais segmentos motores.
28. Fadiga Muscular
A quantidade máxima de força que um músculo
(ou grupo muscular) pode exercer depende
principalmente da extensão que é usado nas
atividades físicas diárias, quanto maior o nível
da atividade, maior a força da músculo e vice-versa.
A fadiga muscular é caracterizada pelo acúmulo
de subprodutos do metabolismos, incluindo
substancias tóxicas como ácido lático, esse
acúmulo resulta em dor.
29. Para evitar esse tipo de dor, o indivíduo
provavelmente restringe ainda mais o movimento
dos músculos afetados e das articulações
associadas, o que por sua vez pode resultar em
dor por rigidez, em degeneração cartilaginosa e
em atrofia muscular aumentada, ou ainda em
sobrecarga local como resultado de movimentos
compensatórios em resposta à fadiga muscular.
30. Lesão estrutural e degeneração
A lesão estrutural a um segmento motor ou às
suas estruturas provavelmente resulta em dor.
Pequenas rupturas musculares são uma causa
comum de lombalgia temporária, e pode ocorrer
em várias situações diárias, como ao levantar um
peso de maior porte. Esse tipo de lesão ocorre
porque a coluna vertebral é sujeita a uma pressão
acima da média. Essas lesões tendem a se
recuperar rapidamente com o repouso.
31. Já uma lesão ou degeneração nos discos
intervertebrais podem resultar em lombalgia
persistente. Os discos não tem suprimento
nervoso, ou seja, não são uma fonte direta de dor.
Porém, com o disco comprometido, influencia
profundamente as cargas em outras partes dos
segmentos motores. Ou seja, causa sobrecarga
em outras partes dos segmentos motores,
resultando em dor por diversas causas.
32. Degeneração e lesão nos discos
intervertebrais
Podem ocorrer por resultado do envelhecimento
ou sobre carga mecânica.
33. Envelhecimento
Alterações degenerativas produzem uma redução
gradual na PEO do núcleo pulposo, e
amolecimento e enfraquecimento gradual no
ânulo fibroso, que gera fissuras principalmente
perto do núcleo pulposo. A médio e longo prazo,
essas alterações resultam em dor, direta ou
indiretamente, de três formas:
34. 1 – Pressão anormal nas placas terminais dos
corpos vertebrais: com a degeneração dos discos,
as cargas de compressão nas áreas centrais
aumentam, levantando à compressão aumentada
no osso subcondral, e a possibilidade de dor.
35. 2 – Desarranjo interno do núcleo pulposo:
durante a flexão, extensão e flexão lateral da
coluna, as vértebras em cada segmento motor
pivotam ao redor do núcleo pulposo, que se
desloca lateralmente do lado estirado da
articulação.
Como as vértebras voltam ao lugar de origem, o
núcleo pulposo também. Entretanto, num disco
intervertebral degenerado, porções do núcleo
pulposo podem ficar presas nas fissuras do ânulo
fibroso. Isso pode resultar em espasmos nos
músculos com a tensão aumentada. E esses
espasmos pode estirar o nervo espinal adjacente,
resultando em dor.
36.
37. 3 – Espessura reduzida do disco intervertebral: A
redução na espessura de um disco tem
consequências potencialmente dolorosas:
compressão da medula espinhal, dos nervos
espinhais e dos nervos dos ligamentos de
sustentação e dos músculos, pelos forames
intervertebrais reduzidos;
Carga aumentada nas superfícies articulares das
facetas articulares, resultando em dor no osso
subcondral e em lesão progressiva à cartilagem
articular;
Fraturas dos corpos intervertebrais, pela
capacidade amortecedora reduzida, e pressão de
cisalhamento aumentada;
Impacto Extra-Articular das facetas articulares
38. Sobrecarga Mecânica
A pressão intensa repetitiva ou contínua por
longos períodos de tempo, é chamada de
PRESSAO CRÔNICA. Os discos intervertebrais
estão sujeitos a cargas crônicas, especialmente na
forma de inclinação e torção, durante o trabalho
braçal pesado.
A pressão crônica acelera a degeneração dos
discos intervertebrais.
39. As fissuras no ânulo fibroso são resultado de
degeneração da fibrocartilagem e da sobrecarga
em resposta à carga. Pode ocorrer alguma cura
das fissuras com o repouso adequado. Porém, o
suprimento de nutrientes no ânulo fibroso é
pobre, e a pressão nos discos, é alta; mesmo
apenas sustentando o peso do corpo. Assim, a
cura é lenta.
Sob condições de pressão crônica,o processo de
cura pode ser menor que o ritmo que ocorrem as
fissuras, acumulando o dano no ânulo fibroso.
Essa forma de lesão cumulativa é chamada de
Lesão por Fadiga.
O ânulo fibroso fica tão danificado, que a
capacidade de pré carga do disco intervertebral
fica permanentemente danificado.
40. Com a degeneração o ânulo fibroso é menos capaz
de sustentar as cargas de tensão impostas
durante os movimentos de inclinação da coluna.
Nessas circunstâncias, o núcleo pulposo pode ser
expulso através do ânulo fibroso, resultando em
DISCO HERNIADO, com prolapso ou
“escorregado”.
Um prolapso ocorre de forma súbita, por causa de
uma insuficiência aguda do ânulo fibroso, que
subitamente estoura, de uma forma similar ao
estouro de um pneu.
41.
42. Degeneração e lesão nas vértebras
Envelhecimento
O principal efeito do envelhecimento sobre as
vértebras é a redução gradual da massa óssea,
começando, aproximadamente, entre os 30 e 45
anos de idade em mulheres e em homens,
respectivamente;
Pessoas de 60 a 70 anos tem metade da
resistência de compressão de corpos vertebrais do
que pessoas de 20 e 30 anos.
43. Sobrecarga mecânica
Em pessoas jovens e de idade mediana a lesão
mais comum é a fratura na parte interarticular
(PI). As fraturas na PI ocorrem com mais
frequência nas regiões cervicais e lombar e
geralmente são causadas por acidentes de carro
ou atividades que fazem com que a coluna realize
grandes esforços de torção, inclinação e
cisalhamento.
Insuficiência aguda – fratura súbita e completa
da PI – pode ocorrer em uma PI previamente
saudável;
Lesões de insuficiência de PI são comuns , mas a
fratura completa é vista com frequência na
INSUFICIENCIA POR FADIGA DA PI;
44. Insuficiência por fadiga da PI
A insuficiência por fadiga da PI é frequentemente
o resultado de inclinação crônica;
Existem 4 principais estágios na insuficiência por
fadiga da parte interarticular: fratura de
estresse, espondilólise unilateral, espondilólise
bilateral e espondilolistese.
45. A espondilolistese sujeita o disco intervertebral
associado a pressão de cisalhamento, estira os
ligamentos de sustentação e, dependendo do grau
de escorregamento, comprime ou estira a medula
espinhal e os nervos subsequentes.
A participação em treinamento de alto nível e em
competições em uma variedade de esportes
parece resultar em uma incidência aumentada de
espondilólise e de espondilolistese.
Se compararmos a ginástica com o halterofilismo,
os movimentos de flexão e extensão lombar que
ocorre no halterofilismo é mais baixa, mas em
contrapartida a pressão na região lombar é muito
maior, pois a região da PI em particular esta
sujeita a cargas crônicas de inclinação.
46. Para ilustrar os tipos de pressão nas estruturas
lombares durante o halterofilismo, vamos considerar
três posturas:
1- Postura de inclinação: a região lombar esta em
uma posição fletida e sujeita a considerável
pressão;
47. 2- Manter um halter no nível do ombro ou acima
da cabeça, com os pés sob o solo: a região lombar
permanece estendida durante o primeiro estagio
e durante o período quando o peso é mantido
acima da cabeça, no final do levantamento.
48. 3- Um levantamento no ombro envolvendo uma
inclinação posterior exagerada: envolve uma
extensão completa da região lombar, de forma
que as partes torácica inferior e lombar superior
fiquem mais ou menos horizontais.
49. Formato normal da coluna vertebral
Mecanicamente a coluna vertebral fornece
estabilidade e flexibilidade para sustentar o peso
do corpo, age como um amortecedor em resposta
a cargas de impacto, e protege a medula espinhal.
50. Uma vez que a coluna vertebral é curva, o peso
do corpo sempre exerce uma pressão de
inclinação que aumenta com a curvatura da
coluna. Entretanto, na postura ereta normal, a
linha de ação da parte superior do corpo passa
através das vértebras cervicais e lombares, essa
ação minimiza a pressão de inclinação da coluna
(Kapandji, 1970)
A coluna vertebral possui três regiões flexíveis:
cervical, torácica e lombar e uma região rígida, o
sacro.
Durante o período de crescimento a coluna
vertebral, molda seu tamanho, forma e estrutura
em resposta as cargas impostas sobre ela.
Da idade mediana à velhice, a pressão na coluna
vertebral pode mudar devido a alterações na
resistência muscular e no peso corporal.
51. Curvatura anormal da coluna vertebral
Curvatura anormal no plano mediano:
A forma mais comum de curvatura anormal no
plano mediano são a cifose torácica aumentada e
a lordose lombar aumentada.
A cifose torácica aumentada resulta em uma giba
pronunciada que se projeta posteriormente,
dando origem aos termos descritivos dorso
arredondado, dorso curvo e, em casos extremos,
dorso corcunda.
52.
53. Há duas formas de dorso arredondado: o
postural e o Scheuermann
Postural: é causado por postura incorreta tanto
ao sentar quanto ficar de pé, e causa
encurtamento dos músculos e dos ligamentos na
parte anterior do tronco e alongamento dos
músculos e ligamentos na parte posterior do
tronco. Pode desaparecer quando é realizado um
esforço consciente para manter o tronco em
postura ereta normal.
Scheuermann: é uma deformidade estrutural que
envolve o crescimento anormal dos corpos
vertebrais,e que persiste mesmo que exista um
esforço consciente para mantê-lo em postura
correta.
54.
55. Dorso côncavo e dorso achatado
A lordose lombar aumentada, resulta em uma
concavidade pronunciada na parte baixa das
costas, o que origina o termo: dorso côncavo.
Uma das causas mais frequentes de dorso
côncavo pode ser: um desequilíbrio na forca dos
músculos que controlam a posição da pelve.
O dorso achatado é caracterizado por um
achatamento das curvas torácica e lombar e
envolve uma diminuição da cifose torácica, da
lordose lombar, do ângulo de inclinação pélvica e
do ângulo sacral.
56. Curvatura anormal no plano frontal
A curvatura anormal da coluna vertebral no
plano frontal é referida como escoliose. Uma
escoliose pode ser unilateral, ou bilateral.
Existem três formas de escoliose unilateral, que
são a torácica, a lombar e a toracolombar.
57. Em alguns casos de escoliose, a causa pode ser
uma desigualdade no comprimento de uma
perna, que inclina a pelve no plano frontal.
Caso não haja desigualdade de membros, uma
postura ruim em pé e sentado pode contribuir
para o desenvolvimento da escoliose.
Em 80% dos casos, ocorre a escoliose idiopática,
que seria sem motivo conhecida, onde sugerem-se
as seguintes causas: ossificação anormal dos
corpos vertebrais, desequilíbrio nos níveis de
contração nos músculos nos lados opostos da
coluna vertebral decorrente do mal
funcionamento do sistema nervoso, ou ainda uma
combinação desses dois.
58.
59. Uma escoliose tende a se desenvolver em
três fases:
1- ocorrência de escoliose leve;
2- período de progressão rápida da escoliose;
3- um período de progressão mais gradual ate a
maturidade, quando a escoliose se estabiliza;
As escolioses são classificadas de acordo com a
idade do individuo no aparecimento da Fase 2,
são três categorias:
1- escoliose infantil;
2- escoliose juvenil-pubernal;
3- escoliose pubernal;
60. ARTICULAÇÕES DA PELVE:
ARTICULAÇÕES SACROILÍACAS E
SÍNFISE PÚBICA
O esqueleto axial articula-se com os membros
inferiores pelas articulações sacroilíacas – as
articulações entre o sacro e os ossos inominados.
As articulações sacroilíacas são parcialmente
sinoviais e parcialmente sindesmoses.
Articulações sacroilíacas – são de estrutura
sinovial. Localizado imediatamente posterior a
cada articulação sacroilíaca (SI), está um
ligamento interósseo forte e curto entre o sacro e
o ilíaco, que constitui a sindesmose.
61. O sacro é diretamente responsável pela
transmissão de cargas entre a coluna vertebral e
a pelve através das articulações lombossacra e
SI.
O segmento motor lombossacra e as articulações
SI são funcionalmente interdependentes.
62. ARTICULAÇÕES SACROILÍACAS
As articulações SI tem muitas das características
estruturais de uma típica articulação sinovial –
as superfícies auriculares estão cobertas com
uma forma de cartilagem articular existindo uma
pequena cavidade articular contendo fluido
sinovial, e toda circulação por dentro está coberta
de uma membrana sinovial.
Cada articulação é sustentada por um número de
ligamentos.
O tipo de cartilagem articular na superfície
sacral de uma articulação SI é diferente daquele
na superfície ilíaca.
63. A cartilagem articular sacral lembra a cartilagem
hialina; cartilagem articular ilíaca lembra a
fibrocartilagem.
A cartilagem articular sacral é aproximadamente
três vezes mais espessa que a cartilagem
articular ilíaca, 6mm contra 2mm em um adulto
normal.
No nascimento, as superfícies articulares são
bastante lisas e achatadas permitindo
movimentos deslizantes em virtualmente todas
as direções.
SI lembra articulações sinoviais.
64. As superfícies articulares reais gradualmente
desenvolvem um complexo padrão irregular de
sulcos, eminências e depressões que são
recíprocas entre si apenas parcialmente.
As superfícies irregulares e desiguais são atípicas
de articulações sinoviais comuns. Ademais,
embora as articulações sinoviais comuns sejam
habitualmente feitas para permitir uma grande
amplitude de movimento, o intertravamento
parcial das superfícies articulares SI restringe
intensamente o movimento.
65. O formato geral das superfícies auriculares varia
entre um formato de C e um de L.
O sacro tem um formato de cunha; afila-se de
cima para baixo, de tal forma que a média do
plano de cada articulação SI perfaz um ângulo de
aproximadamente 20° ao plano mediano quando
visto pela frente. A configuração das articulações
SI é tal que qualquer força para baixo no sacro,
tal como a pressão para abaixo do peso o corpo
quando o tronco está ereto, é resistia pelos
ligamentos que sustentam as articulações SI que,
por sua vez, também as estabilizam.
66. SINDESMOSES E LIGAMENTOS DE
SUSTENTAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES
SACROILÍACAS
A sindesmose de cada articulação SI consiste de
um ligamento curto, largo e forte, chamado de
ligamento interósseo ou ligamento axial.
Preenche o hiato entre o sacro e o ilíaco,
posteriormente à articulação SI.
A área de articulação do ligamento interósseo é
aproximadamente 50% maior que da articulação
SI (22cm² contra 14cm² em média nos adultos) e
reflete a importância do ligamento interósseo
para a resistência da articulação SI.
67. Além do ligamento interósseo, existem três
grupos de ligamentos que sustentam as
articulações SI. Os ligamentos SI anterior e
posterior fornecem sustentação direta, enquanto
os ligamentos iliolombares, acima da articulação
SI, e os ligamentos sacroespinhoso e
sacrotuberoso, abaixo da articulação SI provêem
suporte indireto.
Os ligamentos sacroespinhoso e sacrotuberoso
unem o sacro ao ísquio.
68.
69. SÍNFISE PÚBICA
A sínfise púbica ou articulação interpúbica é uma
articulação tipo sínfese que fica no plano
mediano. As extremidades elípticas mediais dos
ossos púbicos estão cobertas com cartilagem
hialina, em um disco de fibrocartilagem está
prensado entre as camadas de cartilagem hialina.
Em homens, o disco tem aproximadamente 4mm
de espessura, tendo uma área transversal no
plano mediano de aproximadamente 5cm². A
quantidade de movimento permitida pela
deformação do disco é muito pequena. Restringe
ainda mais os movimentos a presença de fortes
ligamentos nos aspectos superior, anterior,
inferior e posterior da articulação.
70. A combinação de um disco relativamente fino e
ligamentos fortes produz uma articulação forte com
uma amplitude de movimento mínima.
A sínfise púbica estabiliza a pelve – e, em
particular as articulações SI – e, ao mesmo tempo,
fornece uma certa quantidade de absorção de
choques em resposta às pressões transmitidas
através da pelve.
Diminuição na estabilidade da sínfise púbica reduz
o efeito de preensão nas articulações SI reduzindo a
estabilidade dessas. Qualquer redução na
estabilidade na estabilidade da sínfise púbica
resulta em transmissão anormal de pressões
através das articulações SI.
Isso, por sua vez, pode resultar em dor como
consequência de contato e de estiramento dos
nervos espinhais ou degeneração progressiva da
sínfise púbica e das articulações SI.
71. Em homens e mulheres jovens, a sínfise púbica e,
por conseguinte, as articulações SI são
normalmente muito estáveis. Entretanto, em
mulheres adultas, a estabilidade da sínfise
púbica e das articulações SI fica diminuída
durante a última parte do ciclo menstrual,
durante a menopausa e durante a gravidez.
A sínfise púbica estabiliza a pelve,
particularmente as articulações sacroilíacas, e
fornece a absorção de choques em resposta a
cargas transmitidas através da pelve.
72. ANORMALIDADES DAS
ARTICULAÇÕES SACROILÍACAS E
DA SÍNFISE PÚBICA
Os ramos anteriores do quarto e quinto nervos
lombares, que formam parte do plexo sacral,
passam em frente das articulações SI. Os ramos
desses nervos inervam as cápsulas articulares SI.
O movimento excessivo de uma articulação SI
estira a cápsula articular que, por sua vez, estira
os nervos capsulares, resultando em dor.
O movimento excessivo de uma articulação SI
pode também causar dor por causa do
estiramento e da compressão dos nervos
espinhais sacras.
73. A dor originada dessas fontes é referida como
sacroileíte e costuma ser diagnosticada
erroneamente como lombalgia. A sacroileíte pode
ocorrer sempre que a estabilidade das
articulações SI estiver diminuída.
Os contornos das superfícies auriculares das
articulações SI são irregulares e, na condição
estável normal, travam-se parcialmente entre si.
O movimento das SI que ocorrem em resposta aos
níveis normais de pressão de carga e alterações
sem carga é habitualmente insuficiente para
romper o padrão normal de travamento ou causar
sacroileíte.
74. Articulação instável, o movimento excessivo pode
causar o travamento dos contornos das
superfícies auriculares em uma posição anormal,
que irá ser reforçada pela tensão criada nos
ligamentos de sustentação pelo movimento
excessivo.
Essa situação, uma forma de deslocamento da
articulação SI, pode resultar em dor contínua
(sacroileíte crônica).
A forma mais comum dessa condição é chamada
de disfunção anterior da SI, na qual a articulação
torna-se travada em uma posição anormal, com o
osso inominado rodado anteriormente sobre o
sacro, ou seja, em uma posição de contranutução.
75. A disfunção anterior ocorre como resultado de
posturas verticais em que o tronco esteja
inclinado para frente; por exemplo, levantar com
as pernas retas, fazer a cama, passar a ferro,
lavar pratos e barbear-se. Nessas situações, os
ossos inominados rodam para frente do sacro
(contranutação).
Quando as articulações SI são instáveis, a
quantidade de rotação pode ser excessiva,
especialmente se os músculos abdominais e
glúteos forem fracos. Nessas circunstancias, uma
ou ambas as articulações SI podem tronar-se
travadas em uma posição anormal, resultando
em disfunção anterior unilateral (uma
articulação SI) ou bilateral (ambas as
articulações). A disfunção anterior pode causar
sacroileíte crônica.
76. A disfunção anterior pode ser agravada por
alguns eventos.
As mulheres são particularmente suscetíveis a
disfunção anterior imediatamente antes e
durante a menstruação. Se a disfunção anterior
persistir após a menstruação, a probabilidade de
auto-correção fica consideravelmente reduzida,
uma vez que os ligamentos das articulações SI e
da sínfise púbica encurtam, tendendo assim a
estabilizar a disfunção anterior.
77. Depois da ocorrência da disfunção anterior, existe
uma probabilidade aumentada de que o sacro
escorregue para baixo sobre o ilíaco na
articulação afetada. Quando isso acontece, o osso
inominado fica impedindo de rodas para trás
sobre o sacro, o que evita a auto-correção da
disfunção anterior. Essa condição ocorre quando
há um aumento súbito na carga vertical exercida
sobre a articulação SI como ao levantar algum
objeto, dar um passo com força ou sentar com
força.
A sínfise é habitualmente uma articulação muito
estável entre homens e mulheres, no entanto,
quando instável, provoca redução na estabilidade
das articulações SI e, por conseguinte, aumento
na probabilidade de disfunção anterior.
78. Não é surpreendente que a pressão deslizante
repetitiva e intensa na sínfise púbica possa causar
microrrupturas no disco e nos ligamentos de
sustentação, originando uma condição dolorosa
conhecida como osteíte púbica. Assim como a
sacroileíte é, com frequência, mal diagnosticada
como lombalgia, a osteíte púbica é frequentemente
mal diagnosticada como estiramento muscular.
O movimento excessivo de uma articulação
sacroilíaca estira a cápsula articular e comprime os
nervos espinhais sacrais, resultando em sacroileíte.
A dor pélvica acompanhando a gravidez, e
especialmente no trabalho de parto, é grandemente
causada pela sacroileíte. O movimento excessivo na
sínfise púbica poderá causar microrrupturas no
disco e nos ligamentos de sustentação, resultando
em osteíte púbica.