SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Arte Xávega
Início A Arte Xávega é uma arte de pesca, na qual uma extremidade da rede fica em terra, enquanto o resto da rede é colocada a bordo de uma embarcação que sai para o mar, libertando a rede.     Terminada a largada, a outra extremidade é levada para terra, e puxada; antigamente com a ajuda de juntas de bois e força braçal, e actualmente recorrendo a meios mecânicos. Este tipo de pesca era praticado em várias praias ao longa da costa portuguesa.  
Imagens
Épocas do ano para os pescadores Para os pescadores existia duas épocas no ano:      de Novembro a Março é período em que os homens ficam em terra a preparar as redes com a sua própria técnica e se dedicam a outras actividades (como a agricultura, construção civil e outros tipos de pesca); de Abril a Outubro juntam cerca de 15 homens e alguns  vão ao mar (normalmente 8), enquanto outros ficam em terra a estender as redes para o próximo lanço, a escolher o peixe do lanço anterior, entre outras tarefas.
Entrevista ao pescador Grupo: Quantas horas passa no barco? Pescador: Uma média de oito horas. Grupo: Também conduz barcos à noite? Pescador: Sim. Mas é claro,que tenho que ter mais cuidado. Grupo: Já teve algum acidente grave? Pescador: Sim. Houve uma vez,que caí abaixo do porão, seis metros de altura e desloquei um braço.Grupo: Como se chama o barco com que trabalha? Pescador: Cidade Amarante. Grupo: Que tipo de peixe é que apanha? Pescador: Todo o tipo de peixe. Peixe-vermelho, carapau, bacalhau, polvo, peixe espada, entre outros... Grupo: As mulheres dos pescadores, o que fazem? Pescador: A minha mulher é doméstica. Grupo: Que traje utilizam os pescadores? Pescador: A tradição dos trajes tem vindo a perder-se.Agora,cada um anda como quer !!Grupo: Tem algum episódio para contar, ou alguma curiosidade? Pescador: Sim. Houve uma vez que apanha-mos muito mau tempo e o barco partiu-se... Nós só pensávamos que nunca mais iria-mos ver a nossa família. É uma sorte eu ainda cá estar !!!!! Grupo: Obrigado. Nome: Silvério Marques                      Idade: 57 anosGrupo: O que sente quando vai para o mar? Pescador:  Eu quando vou para o mar sinto muitas saudades da minha família. Grupo: Qual é a tarefa mais difícil da sua profissão? Porquê? Pescador: São todas, porque são tarefas pesadas e arriscadas. Quem tem medo não pode trabalhar no mar. Mas a tarefa mais difícil é enfrentar o mar. Grupo: O que o levou a escolher esta profissão? Pescador: Porque os meus pais e avós já eram pescadores. Nasci no mar, há 50 anos.Grupo: O mar alivia o stresse do dia-a-dia? Pescador: Sim, quando estou muitos dias sem ir ao mar o stresse aumenta. Grupo: Tem medo do mar?  	Pescador: Não. O mar é nosso amigo se "nos portar-mos bem" ! Grupo: É preciso formação para ser pescador? Pescador: É, sim. É preciso uma cédula marítima.  	Grupo: Este barco é seu ou trabalha para outra pessoa? Pescador: Trabalho para outra pessoa. O barco é do meu chefe.
As companhas de pesca Este tipo de associações só era possível porque todos os associados tinham uma condição social/económica/idêntica. Eram pobres e contribuíam com o pouco que tinham para comprar o barco, as redes e equipamentos.  Inicialmente os sócios tinham todos os mesmos direitos. Posteriormente, alguns sócios capitalistas, que entram com dinheiro, e os trabalhadores. Surge assim a figura do proprietário, figura singular ou sociedade e todo o resto do pessoal com funções, definidas e com remunerações estabelecidas por concreto. Antigamente as companhas tinham 30 a 40 homens, os barcos eram de 5 a 6 metros de comprimento e tinham uma dúzia de homens envolvidos. Hoje os barco não passam de 8 metros.  As primeiras companhas eram conhecidas pelo nome do seu arrais, depois passaram a ser conhecidas pelo nome dos donos. Pessoal do mar:	O arrais era o responsável pela condução do barco;  		O calador controlava a largada do calão e das redes;  		Os restantes eram remadores.    	 Pessoal de terra: 	O arrais de terra comandava o pessoal de terra que ajudava na largada do barco, na arribagem, na reparação de redes e na escolha e venda do peixe.
A origem da palavra “Arte Xávega” 		A palavra Arte Xávega vem do árabe xábaka.No português antigo enxávega ; entendia-se serem as artes de xávega redes "rede grande ou várias redes juntas, para arrastar e apanhar muito peixe". 		Deverá dizer-se artes de xávega, porque pescar não é arte, mas serve-se de artes.
Poema Mar Ó mar estanhado De cor azulada! Manténs o noivado Com a praia amada; Voam as gaivotas Até à noitinha  E nas "horas mortas" Dormem na Barrinha; Saltam as taínhas, Parecem voar E passam toninhas A mergulhar; Surgem as estrelas (são milhões de sóis) Parecidos com elas Só os arrebóis; Cantam os borrelhos Junto aos "cordeiros", Coelhos e lebres Passam nos aceiros;     Há tanta poesia Nesta vida imensa! E, no dia-a-dia, Escreve quem pensa... Minha alma canta A canção do mar, Sua voz levanta Para o louvar; Humilde poesia?...    Mas Deus é humilde;  E sente alegria Na simplicidade; A conquilha canta, Tudo quer cantar! Nossa praia encanta, Quando é baixa-mar; Até peixes cantam! A sarda e o "pilim", São cantos que encantam, A poesia é assim...   Retirado do livro" É Sempre Tempo P'Ra Nascer"
Fim

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados (20)

Grandes Coisas Estão por Vir
Grandes Coisas Estão por VirGrandes Coisas Estão por Vir
Grandes Coisas Estão por Vir
 
O dia em que o mar desapareceu de josé fanha 1.º ciclo
O dia em que o mar desapareceu de josé fanha  1.º cicloO dia em que o mar desapareceu de josé fanha  1.º ciclo
O dia em que o mar desapareceu de josé fanha 1.º ciclo
 
Capoeira
CapoeiraCapoeira
Capoeira
 
O mar para adivinhar
O mar para adivinharO mar para adivinhar
O mar para adivinhar
 
O dia em_que_o_mar_desapareceu_
O dia em_que_o_mar_desapareceu_O dia em_que_o_mar_desapareceu_
O dia em_que_o_mar_desapareceu_
 
Capoeira
CapoeiraCapoeira
Capoeira
 
Capoeira
CapoeiraCapoeira
Capoeira
 
Peixinho arco íris
Peixinho arco írisPeixinho arco íris
Peixinho arco íris
 
Peixinho arco íris
Peixinho arco írisPeixinho arco íris
Peixinho arco íris
 
O Peixinho Que Descobriu O Mar
O Peixinho Que Descobriu O MarO Peixinho Que Descobriu O Mar
O Peixinho Que Descobriu O Mar
 
Capoeira
CapoeiraCapoeira
Capoeira
 
Os marinas no parque aquatico !
Os marinas no parque aquatico !Os marinas no parque aquatico !
Os marinas no parque aquatico !
 
Peixinho arco íris
Peixinho arco írisPeixinho arco íris
Peixinho arco íris
 
Pedro Leitão_apresentação
Pedro Leitão_apresentaçãoPedro Leitão_apresentação
Pedro Leitão_apresentação
 
Capoeira
CapoeiraCapoeira
Capoeira
 
História da baleia
História da baleiaHistória da baleia
História da baleia
 
O peixinho dourado
O peixinho douradoO peixinho dourado
O peixinho dourado
 
A História da Baleia
A História da BaleiaA História da Baleia
A História da Baleia
 
Capoeira Regional
Capoeira RegionalCapoeira Regional
Capoeira Regional
 
Capri
CapriCapri
Capri
 

Destaque (6)

Arte naval Vol. 1 e 2
Arte naval Vol. 1 e 2Arte naval Vol. 1 e 2
Arte naval Vol. 1 e 2
 
Arte naval cap. 02
Arte naval   cap. 02Arte naval   cap. 02
Arte naval cap. 02
 
Arte naval-vol1-e-2
Arte naval-vol1-e-2Arte naval-vol1-e-2
Arte naval-vol1-e-2
 
Construindo um barco
Construindo um barcoConstruindo um barco
Construindo um barco
 
Art nav01a nomenclatura
Art nav01a nomenclaturaArt nav01a nomenclatura
Art nav01a nomenclatura
 
Barcos De Pesca
Barcos De PescaBarcos De Pesca
Barcos De Pesca
 

Semelhante a A arte da pesca xávega

Semelhante a A arte da pesca xávega (20)

Traditional fishing boats
Traditional fishing boatsTraditional fishing boats
Traditional fishing boats
 
Ilha da Pintada
Ilha da PintadaIlha da Pintada
Ilha da Pintada
 
Trabalhos mar, 5ºk
Trabalhos mar, 5ºk Trabalhos mar, 5ºk
Trabalhos mar, 5ºk
 
Piratas
PiratasPiratas
Piratas
 
A Heróica Pesca do Bacalhau, fado e receitas
A Heróica Pesca do Bacalhau, fado e receitasA Heróica Pesca do Bacalhau, fado e receitas
A Heróica Pesca do Bacalhau, fado e receitas
 
Beethoven em japonês
Beethoven em japonêsBeethoven em japonês
Beethoven em japonês
 
A heróica pesca do bacalhau
A heróica pesca do bacalhauA heróica pesca do bacalhau
A heróica pesca do bacalhau
 
A heroica pesca do bacalhau
A heroica pesca do bacalhauA heroica pesca do bacalhau
A heroica pesca do bacalhau
 
A Heroica Pesca Do Bacalhau
A Heroica Pesca Do BacalhauA Heroica Pesca Do Bacalhau
A Heroica Pesca Do Bacalhau
 
A heroica pesca do bacalhau
A heroica pesca do bacalhauA heroica pesca do bacalhau
A heroica pesca do bacalhau
 
A Heroica Pesca Do Bacalhau
A Heroica Pesca Do BacalhauA Heroica Pesca Do Bacalhau
A Heroica Pesca Do Bacalhau
 
A heroica pesca do bacalhau
A heroica pesca do bacalhauA heroica pesca do bacalhau
A heroica pesca do bacalhau
 
Pescadores
PescadoresPescadores
Pescadores
 
REDES E MARES: O território marítimo dos pescadores artesanais de Aquiraz – ...
REDES E MARES: O território marítimo dos pescadores artesanais de Aquiraz –  ...REDES E MARES: O território marítimo dos pescadores artesanais de Aquiraz –  ...
REDES E MARES: O território marítimo dos pescadores artesanais de Aquiraz – ...
 
Relatório final
Relatório finalRelatório final
Relatório final
 
Powerpoint pescador
Powerpoint pescadorPowerpoint pescador
Powerpoint pescador
 
Powerpoint pescador
Powerpoint pescadorPowerpoint pescador
Powerpoint pescador
 
Powerpoint pescador
Powerpoint pescadorPowerpoint pescador
Powerpoint pescador
 
Powerpoint pescador
Powerpoint pescadorPowerpoint pescador
Powerpoint pescador
 
Powerpoint pescador
Powerpoint pescadorPowerpoint pescador
Powerpoint pescador
 

A arte da pesca xávega

  • 2. Início A Arte Xávega é uma arte de pesca, na qual uma extremidade da rede fica em terra, enquanto o resto da rede é colocada a bordo de uma embarcação que sai para o mar, libertando a rede.    Terminada a largada, a outra extremidade é levada para terra, e puxada; antigamente com a ajuda de juntas de bois e força braçal, e actualmente recorrendo a meios mecânicos. Este tipo de pesca era praticado em várias praias ao longa da costa portuguesa.  
  • 4. Épocas do ano para os pescadores Para os pescadores existia duas épocas no ano: de Novembro a Março é período em que os homens ficam em terra a preparar as redes com a sua própria técnica e se dedicam a outras actividades (como a agricultura, construção civil e outros tipos de pesca); de Abril a Outubro juntam cerca de 15 homens e alguns vão ao mar (normalmente 8), enquanto outros ficam em terra a estender as redes para o próximo lanço, a escolher o peixe do lanço anterior, entre outras tarefas.
  • 5. Entrevista ao pescador Grupo: Quantas horas passa no barco? Pescador: Uma média de oito horas. Grupo: Também conduz barcos à noite? Pescador: Sim. Mas é claro,que tenho que ter mais cuidado. Grupo: Já teve algum acidente grave? Pescador: Sim. Houve uma vez,que caí abaixo do porão, seis metros de altura e desloquei um braço.Grupo: Como se chama o barco com que trabalha? Pescador: Cidade Amarante. Grupo: Que tipo de peixe é que apanha? Pescador: Todo o tipo de peixe. Peixe-vermelho, carapau, bacalhau, polvo, peixe espada, entre outros... Grupo: As mulheres dos pescadores, o que fazem? Pescador: A minha mulher é doméstica. Grupo: Que traje utilizam os pescadores? Pescador: A tradição dos trajes tem vindo a perder-se.Agora,cada um anda como quer !!Grupo: Tem algum episódio para contar, ou alguma curiosidade? Pescador: Sim. Houve uma vez que apanha-mos muito mau tempo e o barco partiu-se... Nós só pensávamos que nunca mais iria-mos ver a nossa família. É uma sorte eu ainda cá estar !!!!! Grupo: Obrigado. Nome: Silvério Marques Idade: 57 anosGrupo: O que sente quando vai para o mar? Pescador:  Eu quando vou para o mar sinto muitas saudades da minha família. Grupo: Qual é a tarefa mais difícil da sua profissão? Porquê? Pescador: São todas, porque são tarefas pesadas e arriscadas. Quem tem medo não pode trabalhar no mar. Mas a tarefa mais difícil é enfrentar o mar. Grupo: O que o levou a escolher esta profissão? Pescador: Porque os meus pais e avós já eram pescadores. Nasci no mar, há 50 anos.Grupo: O mar alivia o stresse do dia-a-dia? Pescador: Sim, quando estou muitos dias sem ir ao mar o stresse aumenta. Grupo: Tem medo do mar? Pescador: Não. O mar é nosso amigo se "nos portar-mos bem" ! Grupo: É preciso formação para ser pescador? Pescador: É, sim. É preciso uma cédula marítima. Grupo: Este barco é seu ou trabalha para outra pessoa? Pescador: Trabalho para outra pessoa. O barco é do meu chefe.
  • 6. As companhas de pesca Este tipo de associações só era possível porque todos os associados tinham uma condição social/económica/idêntica. Eram pobres e contribuíam com o pouco que tinham para comprar o barco, as redes e equipamentos. Inicialmente os sócios tinham todos os mesmos direitos. Posteriormente, alguns sócios capitalistas, que entram com dinheiro, e os trabalhadores. Surge assim a figura do proprietário, figura singular ou sociedade e todo o resto do pessoal com funções, definidas e com remunerações estabelecidas por concreto. Antigamente as companhas tinham 30 a 40 homens, os barcos eram de 5 a 6 metros de comprimento e tinham uma dúzia de homens envolvidos. Hoje os barco não passam de 8 metros.  As primeiras companhas eram conhecidas pelo nome do seu arrais, depois passaram a ser conhecidas pelo nome dos donos. Pessoal do mar: O arrais era o responsável pela condução do barco; O calador controlava a largada do calão e das redes; Os restantes eram remadores.    Pessoal de terra: O arrais de terra comandava o pessoal de terra que ajudava na largada do barco, na arribagem, na reparação de redes e na escolha e venda do peixe.
  • 7. A origem da palavra “Arte Xávega” A palavra Arte Xávega vem do árabe xábaka.No português antigo enxávega ; entendia-se serem as artes de xávega redes "rede grande ou várias redes juntas, para arrastar e apanhar muito peixe". Deverá dizer-se artes de xávega, porque pescar não é arte, mas serve-se de artes.
  • 8. Poema Mar Ó mar estanhado De cor azulada! Manténs o noivado Com a praia amada; Voam as gaivotas Até à noitinha  E nas "horas mortas" Dormem na Barrinha; Saltam as taínhas, Parecem voar E passam toninhas A mergulhar; Surgem as estrelas (são milhões de sóis) Parecidos com elas Só os arrebóis; Cantam os borrelhos Junto aos "cordeiros", Coelhos e lebres Passam nos aceiros;     Há tanta poesia Nesta vida imensa! E, no dia-a-dia, Escreve quem pensa... Minha alma canta A canção do mar, Sua voz levanta Para o louvar; Humilde poesia?...   Mas Deus é humilde; E sente alegria Na simplicidade; A conquilha canta, Tudo quer cantar! Nossa praia encanta, Quando é baixa-mar; Até peixes cantam! A sarda e o "pilim", São cantos que encantam, A poesia é assim...   Retirado do livro" É Sempre Tempo P'Ra Nascer"
  • 9. Fim