1. Pós-graduação em Avaliação Psicológica na Infância e na Adolescência 2006/2007
Av. Campo Grande nº 376 1749-024 Lisboa
21 751 55 00 (ext.2241)
http://www.ulusofona.pt
gif.psi@ulusofona.pt
C.A.T.
Os estímulos são adequados ao desenvolvimento infantil e acessíveis à identificação, assumindo um papel
simbólico na fantasia da criança. O acento é colocado nos temas atribuídos ao herói eao cenário envolvente,
que devem reflectir as modalidades interactivas e conflituais da cirança.
A facilidade de interacção com animais antropomórficos, e a posição que estes assumem na história, torna o
CAT um objecto ideal de projecção na infância, para revelação dos conteúdos das relações objectais – as
figuras animais surgem como depositárias da fantasia infantil, criando uma cena adaptada aos suportes
perceptivos e ao conteúdo latente dos cartões.
Espera-se que depois da instrução, a criança produza uma história que oferece conteúdos passíveis de
interpretação, contextualizada no desenvolvimento das suas relações objectais. Este jogo faz apelo à
linguagem e ao pensamento:
Acesso ao sistema de signos da língua materna – da palavra ao pensamento
Passar da coisa real à figuração gráfica e, por sua vez, à sua representação mental
3 anos – os elementos da imagem são enumerados, por compreensão passiva
4 anos - a acção exprime-se espontaneamente, dando conta de um acto de pensamento
A história criada é uma sequência temporal, sem técnicas visuais mas por reactivação dos traços mnésicos,
que dá conta da organização do pensamento e coerência de ideias, emergindo, então, os recursos que são
utilizados para a elaboração adaptada ao estímulo, a qual depende da maturidade e da integridade do Ego,
onde sobressai a quantidade e qualidade das interacções
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
3. C.A.T.
3-10 anos
MATERIAL
Com significado mas ambíguo
Natureza primitiva do animal
Facilidade de identificação
Ambiguidade das figuras
Relação da criança com o mundo externo (figuras significativas) e o mundo interno
(desejos e fantasias)
INSTRUÇÃO
”Conta-me uma história com o que estás a ver”
Repetir quando não há reacção, ou, quando existe, é precária e primitiva
Intervir sempre que se considerar necessário para re-direccionar a tarefa
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
4. C.A.T.
CONTEÚDO LATENTE DOS CARTÕES
1 Referência a uma relação de domínio da oralidade
Reenvia para uma relação com a representação materna
O alimentar é o suporte simbólico da representação da relação de dependência, na sua dimensão de bom/mau
objecto.
Presença da frateria reenvia para a rivalidade fraterna
2 Referência a uma relação triangular no domínio edipiano num contexto agressivo/libidinal
Diferença grande/pequeno, força/fraqueza nna aproximação/afastamento das relações pais/criança
Conflito de carcácter competitivo num contexto de castração, onde reconhece as diferenças de sexo e idade
3 Reenvia para uma imagem de poder fálico
Relação traduzida em termos de maior ou menor competição erotizada
4 Relação com a representação materna, num contexto de rivalidade fraterna
Evocação da representação materna num contexto conflitual cuja dimensão varia em função da idade
Autonomia vs. Dependência, separação/indivuduação
Perda do amor do objecto
Rivalidade fraterna – nostalgia ou reencontro dos benefícios da relação dual, onde a agressividade para com o bebé
mostra o desejo de tomar o seu lugar
5 Curiosidade sexual e fantasma da cena primitiva
Aproximação libidinal do casal parental
Diferença de sexos e de gerações
Abandono e solidão
Traduzido e Adaptado por Colaço, N. (1999)
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
5. C.A.T.
CONTEÚDO LATENTE DOS CARTÕES
6 Curiosidade sexual e fantasma da cena primitiva
Reconhecimtno directo da situação triangular
A não diferenciação de sexo noi casal pode reenviar para uma relação dual num contexto agressivo ou abandónico
7 Relação com a agressividade na oscilação entre devoração e castração, numa posição de domínio ou submissão
Diferenciação forte/fraco, ou destruição mútua
Reconhecimento da castração através da resposta sublimada à agressividae
8 Curiosidade no seio das relações familiares, transgressão e culpabilidade
Harmonia da integração das interdições e conflito entre desejo de transgressão e culpabilidade
9 Solidão e abandono, capacidade de estar só
10 Relação com a representação parental punitiva, num contexto de agredido/ agressor
Integração das normas e regras
Relação agressiva/libidinal num contexto de analidade
Acesso à ambivalência – modalidade relacional que oscila entre a agressividade e a líbido
Traduzido e Adaptado por Colaço, N. (1999)
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
6. C.A.T.
TEMÁTICAS SUBJACENTES
Traduzido e adaptado por Colaço, N. (1999)
Situações NORMATIVAS
IDENTIDADE POSIÇÃO DEPRESSIVA ÉDIPO
Cartão
1 Interiorização do Bom Objecto como Presença ou Ausência da Expressão da rivalidade Edipiana
garante da coerência e da Identidade Representação Parental com na fratria para atingir o Objecto
capacidade de conter os impulsos Situação Triangular fundada na
vividos na Relação Objectal Inveja
2 Escolha das Alianças Relacionais Atributos Fálicos que dão conta da Reconhecimento da Triangulação
Diferenciação Sexual vivência depressiva Reconhecimento dos sexos das
Representação Materna fiável e figuras
securizante A sanção pode emergir face à
Angústia de Castração
Expressões verbais moduladas
pela Socialização, enquadradas
em actividades lúdicas
Gestão da rivalidade Edipiana
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
7. C.A.T.
TEMÁTICAS SUBJACENTES
Traduzido e adaptado por Colaço, N. (1999)
Situações NORMATIVAS
Cartão IDENTIDADE POSIÇÃO DEPRESSIVA ÉDIPO
3 Relação entre: Presença ou Ausência de Objecto Imagem sexuada
Poder/ Fraqueza; Interno na abordagem do poder Representação paterna
Grande/ Pequeno; Angústia de Perda do Objecto
Activo/ Passivo
Ter/ Não Ter
4 Individualização dos personagens por Suporte da Representação Materna, e Reconhecimento das solicitações
oposição Grande/Pequeno a vivência afectiva desta relação femininas
Três animais da mesma espécie - Retorno fantasmático a posições Interrogação face ao nascimento
Coesão de Identidade gratificantes à simbiose materna para
aniquilar as tensões pulsionais
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
8. C.A.T.
TEMÁTICAS SUBJACENTES
Traduzido e adaptado por Colaço, N. (1999)
Situações NORMATIVAS
Cartão IDENTIDADE POSIÇÃO DEPRESSIVA ÉDIPO
5 Reconhecimento da diferenciação dos Equilíbrio Económico da angústia Apelo à cena primitiva,
personagens depressiva, por deslocamento para acentuando as componentes de
referências consistentes evitamento características do
auge do Édipo
Sexualidade Parental
Evocação da sexualidade infantil
Período de Latência - O Interdito e
as estratégias de confronto
6 Delimitação do Espaço Interno e do Oralidade - Angústia de Perda do Permitido e interdito da expressão
Espaço Externo, que positiva quer Objecto e Abandono da curiosidade sexual face ao par
negativamente investidos Analidade – Representações parental
securizantes e diferenciadas e
contentoras
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
9. C.A.T.
TEMÁTICAS SUBJACENTES
Traduzido e adaptado por Colaço, N. (1999)
Situações NORMATIVAS
Cartão IDENTIDADE POSIÇÃO DEPRESSIVA ÉDIPO
7 Percepção da situação agressiva Reconhecimento da impotência Modulação da agressividade num
Delimitação dos papeis agressor- contexto relacional
agredido Emergência de representações e
afectos em quantidades geríveis
pela linguagem
Diferenciação agressor-agredido
Reconhecimento e negociação da
castração através da
representação da e na relação
8 Diferenciação face à proximidade das Emergência pouco propícia, no Diferenciação de sexo e geração
representações entanto, quando aparece, emergem Duplo papel relacional
sanções super-egóicas -Libidinal
Angústia de separação e sensibilidade -Super-egóico
face à falta Exploração do interdito no seio do
par parental
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
10. C.A.T.
TEMÁTICAS SUBJACENTES
Traduzido e adaptado por Colaço, N. (1999)
Situações NORMATIVAS
Cartão IDENTIDADE POSIÇÃO DEPRESSIVA ÉDIPO
9 Unificação e coesão das personagens Representação da solidão e do Representação da relação
abandono Auto-Erotismo
O meio como suporte Transgressão vs. Castração
Gestão narcísica do conflito
10 Reconhecimento da situação anal Angústia de Perda do Objecto, com Diferenciação clara das
Diferenciação das personagens (mais medo de aniquilação depressiva de representações parentais
difícil) origem anal Manejo da agressividade perante
Handling – alicerces narcísicos e a representação parental
cuidados corporais Ligação agressividade e libido,
como acesso à ambivalência
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
11. VERBALIZAÇÃO
(Cunha, Nunes e Werlang, 1991)
0 Não há resposta ou a criança não consegue desenvolver a tarefa
Verbalização, se existe, é muito rudimentar e a criança limita-se a apontar ou a enumerar um ou dois itens, mas de forma não
adequada
1 A verbalização limita-se a enumeração adequada de pelo menos 2 items presentes no cartão, embora possam ser
acrescentados outros não adequados
2 A verbalização restringe-se a uma descrição simples, com inclusão de uma acção (ou acções de significado idêntico),
justificada pelo estí,ulo
3 A verbalização é uma descrição mais elaborada, constituída pela justaposição de acções, justificadas pelo estímulo, mas sem
estabelecer uma sequência temporal
4 Tentativa de estabelecer uma sequência temporal, sugerida pela mudança no tempo dos verbos, ou estabelecimento de
relação causa/efeito
5 Sequência temporal nítida, mas baseada num referencial externo, em rotina da vida diária, doméstica ou institucional
6 Sequência temporal nítida, não dependente de um referencial externo e de carácter rotineiro, reconhecendo-se o
princípio/meio/fim da história
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
12. MATURIDADE
(Cunha, Nunes e Werlang, 1991)
1 Rotulação, como função primária da linguagem. A enumeração torna-se numa alternativa à resposta
2 Descrição, que pode ser uma reacção defensiva, quando não quer ultrapassar a simples percepção, identificando o
simbolismo da cena mas sem entrar nela
3 Pensamento menos egocêntrico, assumindo mais do que um ponto de vista. Tendência para distinguir entre percepção e
simbolismo, que esboça uma atitude interpretativa. Permanece ainda muito aderente aos aspectos da realidade do
material, sem apresentar dimensões temporais
4 Existem elementos de interligação que mostram uma tentativa de produzir sucessão de acção, subentendida pelas
expressões relacionadas com o tempo. A criança esboça uma separação dos elementos concretos, emergindo uma
actividade mental não só do estímulo visual como das ideias
5 O conceito de tempo como dimensão da realidade física ainda não é total, mas uma noção que permite a distribuição das
acções
6 Aquisição do esquema de tempo total, com princípio/meio/fim, adequados à realidade, compatível com a existência de
um esquema de tempo interno.
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
13. ADAPTAÇÃO À REALIDADE
(Cunha, Nunes e Werlang, 1991)
1 Inadequação à instrução. Não há produção de uma história
2 Predomina a percepção, vinculado aos elementos reais do estímulo
3 Excepcionalmente evidencia-se um conteúdo interpretativo
4 Adequação à instrução, uma vez que se subentende uma tentativa de sequência temporal
5 Respostas mais produtivas, em que a representação real do estímulo se associa a um segmento da série
temporal
6 Ultrapassa o enfoque perceptivo e introduz material interpretativo
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
14. FOLHA DE ANÁLISE
(Colaço, 1999)
Mecanismos de Defesa Formação Reactiva
1
Anulação e Ambivalência
Isolamento
Depressão e Denegação
Decepção
Simbolização
Projecção e Introjecção
Temor e Ansiedade
Regressão
Controlo Débil ou Ausente
2 Identificação Adequada
Desadequada
3 Tema Principal
4 Herói Principal
5 Necessidades e Impulsos
6 Mundo
7 Figuras/ Personagens
8 Conflitos
9 Ansiedade
10 Defesas
11 Super-ego
12 Integridade do Ego
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
15. CAT
Folha de Análise (Colaço, 1999)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1 Mecanismos A Bondade ou Atitudes de Tom da
de Defesa Formação limpeza oposição e história
Reactiva exageradas rebeldia oposto ao
conteúdo do
cartão
B Anulação Alternativas Indecisão Reformulação
Anulação e
Ambivalência
C Desprendimento Discurso Comentário Riso ou Fabulação Detalhes e Citações Perder Fuga Desaprova
Isolamento literal subjectivo exclamação título ção
D Espera, controlo, Aceita sem Castigos Foi como um Esquece ou Omite Omite Não há
Depressão e adapta-se, alternativa prolongados sonho perde figuras ou conteúdo fantasia
Denegação aprende ou remotos objectos nem
história
E Supera o adulto Adulto
Decepção engana a
criança
F Jogo na cama Pais na Abre, Nascimento Partir, Chuva, rio, Fogo, Paus, Cortes, Privação
Simbolização cama escava, cai de bebés rebentar, água, explosões, facas, picadas
morder tempestade, destruição pistolas ,
frio lesões,
assassí
nio
G O que ataca é O inocente é A criança Insultos Segredos ou Acrescenta Magia e
Projecção e atacado atacado agride, gozar detalhes, poderes
Introjecção golpeia, objectos, mágicos
arrasta figuras ou
temas orais
H Esconder do Temor a Sonhos de Pais mortos Lapsus
Temor e perigo, foge por forças perigo ou rejeitantes linguae
Ansiedade medo externas
I Muito afecto Referências Alimento Cama ou Sujo, Espantalhos,
Regressão pessoais derramado cuecas desarranjado, bruxas, casas
molhadas mal cheiroso de terror
J Ossos, sangue Veneno Palavras Preserveração Pensamento Conteúdo
Controlo sem sentido do conteúdo tangencial, extravagante
Débil ou estranho associações
ausente desordenadas
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
16. CAT
Folha de Análise (Colaço, 1999)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2 Identificaçã A Pai do mesmo Ciúme ou Ama ou é
o Adequada sexo ou castigo pelo ajudado pelo
criança do pai do pai do mesmo
mesmo sexo mesmo sexo sexo
B Pai do sexo Medo ou Falta de Lapsus
Confusa oposto ou castigo do reconheciment linguae
criança do pai do sexo o do sexo das quanto ao
sexo oposto oposto espécies das sexo das
personagens figuras
3 Tema Oral Anal Fálico Pré-genital Genital Social
Principal
4 Herói Eu Outro
Principal
Necessidad Orais Anais Fálicos Pré-genitais Genitais Sociais
es e
Impulsos
Mundo Interno Externo Externo
activo descritivo
Figuras Sexuadas Assexuadas
Conflito Interno Externo
Ansiedade Fragmentação Perda da Depressiva
integridade
Defesas Adequadas Desadequad
as
Super-ego Castigador
Integridade Íntegro Fragmentado Ameaçado
do Ego
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007
17. INTERPRETAÇÃO QUALITATIVA
(Colaço, 2003)
Representação de Si A forma como a criança se vive e se representa, no que se refere à sua
identidade e identificação
Representação da Relação A forma como a criança vê o outro e como o concebe na relação
Investimento da Relação Qualidade do investimento efectuado na relação com o Outro
Representação Materna A forma como vive a representação fantasmática da figura materna e a qualidade
da relação vivida
Representação Paterna A forma como vive a representação fantasmática da figura paterna e a qualidade
da relação vivida
Mecanismos de Defesa Quais os mecanismos de defesas e a sua capacidade para manter o equilíbrio e a
adaptação, caracterizando o aparelho psíquico e a manutenção das relações
objectais
Nuno Colaço Avaliação Psicológica Crianças e
Adolescentes
ULHT 2007