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EXERCÍCIO 2

Reescreva o texto abaixo, publicado inicialmente na mídia revista, utilizando a
técnica de formatação para jornal.

O lead é a existência de um presídio específico para presos estrangeiros em São
Paulo.

A matéria deve ter um total de 2.000 caracteres + um Box de 1000 caracteres dando
ênfase em dois personagens desse presídio.



SEGURANÇA

Os presos que vêm de fora
Torre de Babel carcerária guarda 1.443 detentos de 89 nacionalidades. População nunca foi
tão grande e não para de aumentar



Quem passa pelo portão de ferro pintado de azul que dá acesso à recepção da penitenciária
Cabo PM Marcelo Pires da Silva, localizada às margens da rodovia SP-255, na cidade de Itaí, a
295 quilômetros de São Paulo, não nota nos primeiros momentos nada de muito especial no
ambiente. A princípio, ela se parece com qualquer outra das 152 cadeias estaduais, que,
juntas, reúnem quase 169.000 detentos.

As diferenças aparecem quando o visitante começa a circular por ali. Logo depois de
ultrapassar o primeiro corredor, vê-se à esquerda uma curiosa placa talhada em madeira com
as palavras biblioteca, bibliothèque, librería e library. O local em questão é administrado pelo
romeno Mihai Stelian Zdroana, de 26 anos. “Seja bem-vindo”, diz ele, em um bom português,
com pouco sotaque. Sua função é organizar o acervo de 11.320 exemplares impressos em
línguas como espanhol, alemão, islandês e hebraico, entre outras.

 “Consigo ler em seis idiomas: romeno, inglês, português, francês, espanhol e italiano”, gaba-se
o fã dos escritores Paulo Coelho e Dan Brown. Ele diz ter no currículo a conclusão dos cursos
de letras e ciências sociais. E é nesse apreço pelos estudos que joga a responsabilidade de ter
sido preso há um ano e nove meses no Aeroporto de Congonhas, quando tentava ir para
Brasília e, de lá, para Portugal. Na bagagem, 1 quilo de cocaína e a promessa de embolsar
3.000 euros quando desembarcasse na capital de seu país, Bucareste. “Eu tinha sido aprovado
para um mestrado em recursos humanos”, justifica. “O dinheiro pagaria minha faculdade.”

O romeno Zdroana faz parte do batalhão de detentos que habitam a única cadeia brasileira
reservada exclusivamente a condenados estrangeiros. Vivem por ali hoje 1.443 presos de 89
nacionalidades. É um número recorde na história da penitenciária e mais de 50% acima de sua
capacidade. Há outras 325 mulheres estrangeiras cumprindo pena em São Paulo, mas elas não
desfrutam uma unidade especial.
Durante o banho de sol em Itaí, é possível ver judeus de quipá conversando em hebraico,
lituanos e holandeses fazendo abdominais, peruanos jogando dominó cercados por outros
latinos e um muçulmano ajoelhado em direção a Meca para fazer uma de suas cinco rezas
diárias. Os devotos de Maomé, aliás, são os únicos que têm direito a uma dieta especial. Suas
vasilhas de refeição são separadas das demais para que não seja colocado carne nelas — eles
só poderiam comer se os animais fossem abatidos de acordo com as leis do Corão.

Essa torre de Babel carcerária inclui gente de países que vão desde os democráticos e ricos
como Japão e Dinamarca até os que estão em zonas de conflito e imersos na pobreza, caso do
Afeganistão e da Etiópia. As línguas oficiais ali dentro são português e inglês. Muitos chegam
sem pronunciar uma palavra de ambas.



Ainda que religião, língua e etnia sejam diversas, o que os une naquele mesmo espaço é o tipo
de crime: 80% cumprem pena por tráfico internacional de drogas. Eles chegam ao país com a
promessa de embolsar até 5.000 dólares para transportá-las. “Apreendemos 931 quilos de
entorpecentes entre janeiro e julho deste ano”, conta Wagner Castilho, chefe da delegacia da
Polícia Federal do Aeroporto de Cumbica.

As ações resultaram na prisão de 238 indivíduos — 65 deles nigerianos. “É o dobro de casos
registrados no mesmo período do ano passado”, diz Castilho. Segundo a PF, o problema ocorre
porque o Brasil, além de centro consumidor, virou nos últimos anos um corredor de
exportação de cocaína, sobretudo para a Europa.

Inaugurado em setembro de 2000, o presídio de Itaí teve sua destinação alterada seis anos
depois. Na época, uma investigação da Secretaria da Administração Penitenciária revelou que
uma organização criminosa tinha planos de assassinar estrangeiros cumprindo pena em
diversos presídios do estado para conseguir repercussão na imprensa internacional.

“Os bandidos queriam criar problemas diplomáticos para o Brasil e, por isso, resolvemos agir,
concentrando os condenados de fora num só local”, explica Lourival Gomes, secretário de
Administração Penitenciária. A escolha do local se deu em razão da relativa proximidade de
São Paulo e do acesso por boas estradas.

A ideia inicial era agrupar nas mesmas celas presos oriundos do mesmo continente. Não deu
certo. Europeus de países desenvolvidos como Alemanha, Finlândia e Noruega não fazem
questão de se enturmar com búlgaros, ucranianos e romenos. Argentinos evitam amizade com
peruanos e bolivianos. Uma das razões, além das rivalidades regionais, é que os andinos estão
entre os poucos casos de presos por furto e assalto. Nigerianos, que ocupam o posto de
nacionalidade com a maior presença na penitenciária, com 188 presos, não se dão com
europeus em geral. São, inclusive, provocados com o apelido racista de “baratas”.

“Apesar dessas rivalidades, essa é uma cadeia calma e nunca tivemos nenhuma rebelião”,
afirma o diretor Mauro Henrique Branco. “É uma unidade tranquila porque não há presença de
facções criminosas.” No entanto, já ocorreram fugas daqueles que cumprem regime
semiaberto. Foram dezenove só em 2010, entre elas a do chileno Marco Rodolfo Rodrigues
Ortega e do colombiano William Ganoa Becerra, que participaram do sequestro do publicitário
Washington Olivetto no fim de 2001.

A vida na penitenciária do Tremembé

Os consulados aprovaram a medida de agrupar os presos em um espaço só. “Facilita nosso
contato e dá a eles a possibilidade de conviver com pessoas do mesmo país, o que ajuda no
processo de ressocialização”, acredita Jacek Such, cônsul-geral da Polônia. Os trabalhos dessas
representações incluem arcar com as despesas de um tradutor para ajudar nas conversas com
um advogado do estado, além de fornecer material de higiene, livros, revistas e roupas.



No entanto, a queixa de boa parte dos presos é de abandono por parte do corpo consular de
seus países — inclusive da própria Polônia. “Recebi apenas dois Sedex com manta de dormir,
duas camisas e produtos de higiene desde que estou aqui”, afirma Slawomir Snopkiewicz,
preso em São Paulo há oito meses portando 1,5 quilo de cocaína. Polonês de 23 anos da
cidade de Lubsko, na fronteira com a Alemanha, ele se queixa de mandar frequentemente
cartas ao consulado em São Paulo sem receber resposta. “Parece que fui esquecido”, reclama.

Há exceções. O consulado da Espanha faz visita a cada três meses para saber se os
conterrâneos estão sendo bem tratados e oferecer ajuda para envio e recebimento de cartas.
“Isso sem falar no dinheiro”, lembra Francisco Pascual Villarrubia, natural de Valência e preso
por tentar furtar a arma de um policial na Avenida Paulista. O consulado fornece ajuda
econômica trimestral no valor de 300 reais.

Os presos têm a possibilidade de trabalhar em confecção de roupas, costura de bolas de
futebol, produção de estojos de bijuterias, marcenaria e afixação de arames em prendedor de
varal (para cada três dias trabalhados, reduz-se a pena em um dia). Entre eles, o índice de
emprego é de 44%. Quem trabalha recebe até 400 reais líquidos por mês. O valor é depositado
em uma conta que só a família do detento consegue movimentar. “Sustento minha mulher e
quatro filhos com essa grana”, afirma o boliviano Miguel Angel, preso ao tentar transportar
pelo estômago 100 cápsulas de pasta-base de cocaína.

Trancafiados e distantes de parentes — apenas 120 pessoas visitam a unidade por fim de
semana —, os condenados fazem contato com o mundo através de cartas. Por semana chegam
1.250 delas, a maioria decorada com fitas de cetim e adesivos de coração. “Corto a lateral do
envelope com uma tesoura, tiro tudo o que tem dentro e avalio o que pode seguir para as
celas”, diz a agente de segurança Cléia Queiroz, uma das responsáveis por vistoriá-las. Palavras
de saudade e juras de amor entram, já fotos em poses bem à vontade ficam de fora.
“Retiramos materiais eróticos, como calcinhas”, revela. As remetentes são desde mulheres
livres que nutrem fascinação por presos até outras detentas. “Para os estrangeiros, é uma
forma de treinar o português.”

Uma vez cumprida a pena, os presos terão acesso aos seus pertences. No caso da maioria, isso
significa uma ou duas malas de viagem grandes e abarrotadas de roupas. Mais de 700 delas
ocupam uma sala, com prateleiras de madeira de 4 metros de altura. Os presos que estavam
ilegais no país são automaticamente deportados. Mesmo aqueles que têm permissão para
ficar podem sofrer processo de expulsão.

“Esse procedimento é aberto e depende do tipo de crime cometido e do comportamento
apresentado na reclusão”, explica o advogado e ex-secretário da Reforma do Judiciário
Pierpaolo Cruz Bottini. Alguns detentos sonham com a possibilidade de continuar por aqui. É o
caso do polonês Snopkiewicz, que espera ser solto dentro de um ano. “O país tem boas
oportunidades”, afirma. “Quero montar um estúdio de tatuagem e me casar com uma
brasileira”, diz.



SUB

Histórias dos detentos da Penitenciária que reúne estrangeiros

Localizada em Itaí, a prisão abriga condenados de 89 nacionalidades

FEZ A CASA DE CATIVEIRO (Portugal)

O português Antonio José Martins de Sá, 58 anos, integra os 20% dos presos de Itaí que não
cumprem pena por tráfico internacional de drogas. Foi enquadrado no artigo 159: extorsão
mediante sequestro. Há nove anos, fez sua casa no bairro de Santo Amaro de cativeiro para
um crime que também teria ajudado a executar. “É tudo mentira”, afirma. “Meu
comportamento é excelente e pago por algo que não fiz.” Sá migrou para o Brasil ainda bebê e
tem dois filhos brasileiros. Sua pena termina em 2016.

PRESO EM CONGONHAS (Romênia)

Até ser pego pela polícia no Aeroporto de Congonhas, quando tentava embarcar com 12 quilos
de cocaína em um voo para Brasília, de onde seguiria para Portugal, o romeno Petrica
Zibileanu, de 41 anos, chegou a ficar um mês zanzando pela cidade de São Paulo. Hospedado
em um flat da Avenida Brigadeiro Luís Antônio (“lado dos Jardins”), almoçava todos os dias no
Shopping Paulista (“adorei os self-services”). Na cadeia, o traficante gosta de ler revistas para
matar o tempo e diz que nunca havia cometido esse tipo de crime. “Tenho duas casas no meu
país que, juntas, valem 1 milhão de euros.” Ele receberia 5.000 euros pelo transporte da droga.

A INTERPOL ESTÁ ATRÁS DELE (Espanha)

Falante e bastante ansioso, o espanhol Francisco Pascual Villarrubia, de 30 anos, está possesso.
Há três meses arrumou uma confusão no pátio da prisão e sofreu um corte no braço esquerdo
— provavelmente causado por um golpe com estilhaço de espelho. Por esse motivo, foi para a
cela do “castigo”, que divide com outros colegas de comportamento ruim. “Estamos sem
televisão, isso me deixa maluco.” Villarrubia tem mesmo o pavio curto. Foi parar no presídio
por conta de outra briga, ocorrida na Avenida Paulista em janeiro de 2009. Na ocasião, chegou
a agredir um policial e tentar furtar a arma dele. Agora, pode ser transferido. Há duas
semanas, chegou uma carta da Interpol requerendo sua extradição para ser julgado na
Espanha em um processo de tráfico de drogas.
FLAGRANTE NO METRÔ VILA MATILDE (França)

Com um português compreensível, o francês Latoundé Janis Brice teve o mesmo destino de
vários de seus colegas de prisão: foi preso por tráfico internacional de drogas. Nascido em
Paris, aos 13 anos ele se mudou para Benin, país africano de onde vieram seus pais. Nunca
pisou em uma escola e ganhava a vida como mecânico de carros. “Recebia uns 100 dólares por
mês.” O PIB do país é de 6,6 bilhões de dólares, cerca de um quinto da fortuna do empresário
Eike Batista. Com a promessa de embolsar 3.000 dólares, veio a São Paulo para comprar 500
gramas de cocaína. Foi pego em flagrante dentro do Metrô Vila Matilde quando já estava com
a droga. “Devo ser solto em novembro, com 38 anos”, diz ele, que trabalha como cozinheiro
do presídio. “Aqui, aprendi a fazer feijão, arroz e todo tipo de carne.”




O FÃ DE SABRINA SATO (Polônia)

Natural de Lubsko, quase fronteira com a Alemanha, o polonês Slawomir Snopkiewicz integra o
grupo de 22 alunos que fazem curso de alfabetização em português. Está determinado a
aprender a língua para arrumar uma namorada. Preso oito meses atrás quando foi pego
dentro de um táxi portando 1,5 quilo de cocaína, ele quer ficar no Brasil mesmo depois de
solto — o que deve acontecer em um ano. “O país oferece muitas oportunidades”, diz. Ele
deixou na Europa uma ex-namorada e dois filhos, de 4 e 3 anos. Mantém a forma fazendo
exercícios diariamente. Ao lado de presos tão loiros e musculosos como ele, Snopkiewicz puxa
barras com até oito garrafas de 2 litros cheias de água em suas extremidades. Outro hobby é
assistir ao programa “Pânico na TV”. “Durmo pensando na Sabrina Sato.”

“O BAGULHO É LOUCO” (Burundi)

Fugindo ao lado de um amigo em um navio mercante vindo da África, Thomasi Nsabimana, 27,
chegou há oito anos ao Porto de Santos. Veio direto para São Paulo, onde morou em uma
república no centro da cidade até obter status de refugiado. “Possuo CPF e carteira de
trabalho”, orgulha-se. Seu país, o Burundi, tem o 166º IDH do mundo, com 0,282. Só está à
frente de Níger (0,261), República Democrática do Congo (0,239) e Zimbábue (0,140). Embora
tenha a tatuagem de uma pistola no braço esquerdo, Nsabimana está na cadeia por tráfico
internacional de drogas — foi preso há três anos e quatro meses. “O bagulho é louco”, diz.
“Não é fácil conseguir emprego bom, entende?” Muçulmano sunita, carrega o tapete onde faz
suas cinco orações diárias, mesmo durante a jornada de trabalho como faxineiro. “Os presos
daqui nunca desrespeitaram minha religião.” Seu principal passatempo nos fins de semana é
ver jogos do Corinthians, time pelo qual passou a torcer.

COCAÍNA NO ESTÔMAGO (Bolívia)

Com a roupa do corpo, identidade boliviana na carteira e 100 cápsulas de pasta-base de
cocaína no estômago, o boliviano Miguel Angel pegou um ônibus na cidade de Puerto Suárez,
ao lado de Mato Grosso do Sul, rumo a São Paulo. Motorista desempregado, ele topou fazer o
serviço de “mula” por 500 reais. Era junho de 2009. Na revista feita pela Polícia Rodoviária em
Presidente Prudente (SP), Angel começou a chorar de desespero. Foi preso. Pegou cinco anos
de detenção. Até então analfabeto, aprendeu a ler e a escrever na prisão aos 32 anos de idade.
Trabalha na oficina de costura, especializada em confeccionar uniformes para seguranças da
Secretaria de Administração Penitenciária, e ganha cerca de 400 reais por mês.

TRAFICANTE, EU? (Nigéria)

U.M. de 38 anos, representa a legião de nigerianos que faz o país africano constar no topo do
ranking da população carcerária estrangeira de Itaí: são 188 deles. Nascido na cidade de Lagos,
está no Brasil há dezoito anos. Conhecido por falar pelos cotovelos, o presidiário fica bastante
gago quando perguntado sobre sua história. Sustenta que teve sua liberdade tirada por
perseguição policial. “Colocaram 900 gramas de cocaína dentro do meu Gol”, diz. “Fui
chantageado. Pediram 1 milhão de reais.” Ele afirma que trabalhava como corretor de imóveis.
Hoje, faz serviços de ajudante geral — uma de suas funções é tomar conta da horta da cadeia.J

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XI OLIMPÍADAS DA LÍNGUA PORTUGUESA -
 

Presídio de Itaí abriga 1.4 mil estrangeiros de 89 nações

  • 1. EXERCÍCIO 2 Reescreva o texto abaixo, publicado inicialmente na mídia revista, utilizando a técnica de formatação para jornal. O lead é a existência de um presídio específico para presos estrangeiros em São Paulo. A matéria deve ter um total de 2.000 caracteres + um Box de 1000 caracteres dando ênfase em dois personagens desse presídio. SEGURANÇA Os presos que vêm de fora Torre de Babel carcerária guarda 1.443 detentos de 89 nacionalidades. População nunca foi tão grande e não para de aumentar Quem passa pelo portão de ferro pintado de azul que dá acesso à recepção da penitenciária Cabo PM Marcelo Pires da Silva, localizada às margens da rodovia SP-255, na cidade de Itaí, a 295 quilômetros de São Paulo, não nota nos primeiros momentos nada de muito especial no ambiente. A princípio, ela se parece com qualquer outra das 152 cadeias estaduais, que, juntas, reúnem quase 169.000 detentos. As diferenças aparecem quando o visitante começa a circular por ali. Logo depois de ultrapassar o primeiro corredor, vê-se à esquerda uma curiosa placa talhada em madeira com as palavras biblioteca, bibliothèque, librería e library. O local em questão é administrado pelo romeno Mihai Stelian Zdroana, de 26 anos. “Seja bem-vindo”, diz ele, em um bom português, com pouco sotaque. Sua função é organizar o acervo de 11.320 exemplares impressos em línguas como espanhol, alemão, islandês e hebraico, entre outras. “Consigo ler em seis idiomas: romeno, inglês, português, francês, espanhol e italiano”, gaba-se o fã dos escritores Paulo Coelho e Dan Brown. Ele diz ter no currículo a conclusão dos cursos de letras e ciências sociais. E é nesse apreço pelos estudos que joga a responsabilidade de ter sido preso há um ano e nove meses no Aeroporto de Congonhas, quando tentava ir para Brasília e, de lá, para Portugal. Na bagagem, 1 quilo de cocaína e a promessa de embolsar 3.000 euros quando desembarcasse na capital de seu país, Bucareste. “Eu tinha sido aprovado para um mestrado em recursos humanos”, justifica. “O dinheiro pagaria minha faculdade.” O romeno Zdroana faz parte do batalhão de detentos que habitam a única cadeia brasileira reservada exclusivamente a condenados estrangeiros. Vivem por ali hoje 1.443 presos de 89 nacionalidades. É um número recorde na história da penitenciária e mais de 50% acima de sua capacidade. Há outras 325 mulheres estrangeiras cumprindo pena em São Paulo, mas elas não desfrutam uma unidade especial.
  • 2. Durante o banho de sol em Itaí, é possível ver judeus de quipá conversando em hebraico, lituanos e holandeses fazendo abdominais, peruanos jogando dominó cercados por outros latinos e um muçulmano ajoelhado em direção a Meca para fazer uma de suas cinco rezas diárias. Os devotos de Maomé, aliás, são os únicos que têm direito a uma dieta especial. Suas vasilhas de refeição são separadas das demais para que não seja colocado carne nelas — eles só poderiam comer se os animais fossem abatidos de acordo com as leis do Corão. Essa torre de Babel carcerária inclui gente de países que vão desde os democráticos e ricos como Japão e Dinamarca até os que estão em zonas de conflito e imersos na pobreza, caso do Afeganistão e da Etiópia. As línguas oficiais ali dentro são português e inglês. Muitos chegam sem pronunciar uma palavra de ambas. Ainda que religião, língua e etnia sejam diversas, o que os une naquele mesmo espaço é o tipo de crime: 80% cumprem pena por tráfico internacional de drogas. Eles chegam ao país com a promessa de embolsar até 5.000 dólares para transportá-las. “Apreendemos 931 quilos de entorpecentes entre janeiro e julho deste ano”, conta Wagner Castilho, chefe da delegacia da Polícia Federal do Aeroporto de Cumbica. As ações resultaram na prisão de 238 indivíduos — 65 deles nigerianos. “É o dobro de casos registrados no mesmo período do ano passado”, diz Castilho. Segundo a PF, o problema ocorre porque o Brasil, além de centro consumidor, virou nos últimos anos um corredor de exportação de cocaína, sobretudo para a Europa. Inaugurado em setembro de 2000, o presídio de Itaí teve sua destinação alterada seis anos depois. Na época, uma investigação da Secretaria da Administração Penitenciária revelou que uma organização criminosa tinha planos de assassinar estrangeiros cumprindo pena em diversos presídios do estado para conseguir repercussão na imprensa internacional. “Os bandidos queriam criar problemas diplomáticos para o Brasil e, por isso, resolvemos agir, concentrando os condenados de fora num só local”, explica Lourival Gomes, secretário de Administração Penitenciária. A escolha do local se deu em razão da relativa proximidade de São Paulo e do acesso por boas estradas. A ideia inicial era agrupar nas mesmas celas presos oriundos do mesmo continente. Não deu certo. Europeus de países desenvolvidos como Alemanha, Finlândia e Noruega não fazem questão de se enturmar com búlgaros, ucranianos e romenos. Argentinos evitam amizade com peruanos e bolivianos. Uma das razões, além das rivalidades regionais, é que os andinos estão entre os poucos casos de presos por furto e assalto. Nigerianos, que ocupam o posto de nacionalidade com a maior presença na penitenciária, com 188 presos, não se dão com europeus em geral. São, inclusive, provocados com o apelido racista de “baratas”. “Apesar dessas rivalidades, essa é uma cadeia calma e nunca tivemos nenhuma rebelião”, afirma o diretor Mauro Henrique Branco. “É uma unidade tranquila porque não há presença de facções criminosas.” No entanto, já ocorreram fugas daqueles que cumprem regime semiaberto. Foram dezenove só em 2010, entre elas a do chileno Marco Rodolfo Rodrigues
  • 3. Ortega e do colombiano William Ganoa Becerra, que participaram do sequestro do publicitário Washington Olivetto no fim de 2001. A vida na penitenciária do Tremembé Os consulados aprovaram a medida de agrupar os presos em um espaço só. “Facilita nosso contato e dá a eles a possibilidade de conviver com pessoas do mesmo país, o que ajuda no processo de ressocialização”, acredita Jacek Such, cônsul-geral da Polônia. Os trabalhos dessas representações incluem arcar com as despesas de um tradutor para ajudar nas conversas com um advogado do estado, além de fornecer material de higiene, livros, revistas e roupas. No entanto, a queixa de boa parte dos presos é de abandono por parte do corpo consular de seus países — inclusive da própria Polônia. “Recebi apenas dois Sedex com manta de dormir, duas camisas e produtos de higiene desde que estou aqui”, afirma Slawomir Snopkiewicz, preso em São Paulo há oito meses portando 1,5 quilo de cocaína. Polonês de 23 anos da cidade de Lubsko, na fronteira com a Alemanha, ele se queixa de mandar frequentemente cartas ao consulado em São Paulo sem receber resposta. “Parece que fui esquecido”, reclama. Há exceções. O consulado da Espanha faz visita a cada três meses para saber se os conterrâneos estão sendo bem tratados e oferecer ajuda para envio e recebimento de cartas. “Isso sem falar no dinheiro”, lembra Francisco Pascual Villarrubia, natural de Valência e preso por tentar furtar a arma de um policial na Avenida Paulista. O consulado fornece ajuda econômica trimestral no valor de 300 reais. Os presos têm a possibilidade de trabalhar em confecção de roupas, costura de bolas de futebol, produção de estojos de bijuterias, marcenaria e afixação de arames em prendedor de varal (para cada três dias trabalhados, reduz-se a pena em um dia). Entre eles, o índice de emprego é de 44%. Quem trabalha recebe até 400 reais líquidos por mês. O valor é depositado em uma conta que só a família do detento consegue movimentar. “Sustento minha mulher e quatro filhos com essa grana”, afirma o boliviano Miguel Angel, preso ao tentar transportar pelo estômago 100 cápsulas de pasta-base de cocaína. Trancafiados e distantes de parentes — apenas 120 pessoas visitam a unidade por fim de semana —, os condenados fazem contato com o mundo através de cartas. Por semana chegam 1.250 delas, a maioria decorada com fitas de cetim e adesivos de coração. “Corto a lateral do envelope com uma tesoura, tiro tudo o que tem dentro e avalio o que pode seguir para as celas”, diz a agente de segurança Cléia Queiroz, uma das responsáveis por vistoriá-las. Palavras de saudade e juras de amor entram, já fotos em poses bem à vontade ficam de fora. “Retiramos materiais eróticos, como calcinhas”, revela. As remetentes são desde mulheres livres que nutrem fascinação por presos até outras detentas. “Para os estrangeiros, é uma forma de treinar o português.” Uma vez cumprida a pena, os presos terão acesso aos seus pertences. No caso da maioria, isso significa uma ou duas malas de viagem grandes e abarrotadas de roupas. Mais de 700 delas ocupam uma sala, com prateleiras de madeira de 4 metros de altura. Os presos que estavam
  • 4. ilegais no país são automaticamente deportados. Mesmo aqueles que têm permissão para ficar podem sofrer processo de expulsão. “Esse procedimento é aberto e depende do tipo de crime cometido e do comportamento apresentado na reclusão”, explica o advogado e ex-secretário da Reforma do Judiciário Pierpaolo Cruz Bottini. Alguns detentos sonham com a possibilidade de continuar por aqui. É o caso do polonês Snopkiewicz, que espera ser solto dentro de um ano. “O país tem boas oportunidades”, afirma. “Quero montar um estúdio de tatuagem e me casar com uma brasileira”, diz. SUB Histórias dos detentos da Penitenciária que reúne estrangeiros Localizada em Itaí, a prisão abriga condenados de 89 nacionalidades FEZ A CASA DE CATIVEIRO (Portugal) O português Antonio José Martins de Sá, 58 anos, integra os 20% dos presos de Itaí que não cumprem pena por tráfico internacional de drogas. Foi enquadrado no artigo 159: extorsão mediante sequestro. Há nove anos, fez sua casa no bairro de Santo Amaro de cativeiro para um crime que também teria ajudado a executar. “É tudo mentira”, afirma. “Meu comportamento é excelente e pago por algo que não fiz.” Sá migrou para o Brasil ainda bebê e tem dois filhos brasileiros. Sua pena termina em 2016. PRESO EM CONGONHAS (Romênia) Até ser pego pela polícia no Aeroporto de Congonhas, quando tentava embarcar com 12 quilos de cocaína em um voo para Brasília, de onde seguiria para Portugal, o romeno Petrica Zibileanu, de 41 anos, chegou a ficar um mês zanzando pela cidade de São Paulo. Hospedado em um flat da Avenida Brigadeiro Luís Antônio (“lado dos Jardins”), almoçava todos os dias no Shopping Paulista (“adorei os self-services”). Na cadeia, o traficante gosta de ler revistas para matar o tempo e diz que nunca havia cometido esse tipo de crime. “Tenho duas casas no meu país que, juntas, valem 1 milhão de euros.” Ele receberia 5.000 euros pelo transporte da droga. A INTERPOL ESTÁ ATRÁS DELE (Espanha) Falante e bastante ansioso, o espanhol Francisco Pascual Villarrubia, de 30 anos, está possesso. Há três meses arrumou uma confusão no pátio da prisão e sofreu um corte no braço esquerdo — provavelmente causado por um golpe com estilhaço de espelho. Por esse motivo, foi para a cela do “castigo”, que divide com outros colegas de comportamento ruim. “Estamos sem televisão, isso me deixa maluco.” Villarrubia tem mesmo o pavio curto. Foi parar no presídio por conta de outra briga, ocorrida na Avenida Paulista em janeiro de 2009. Na ocasião, chegou a agredir um policial e tentar furtar a arma dele. Agora, pode ser transferido. Há duas semanas, chegou uma carta da Interpol requerendo sua extradição para ser julgado na Espanha em um processo de tráfico de drogas.
  • 5. FLAGRANTE NO METRÔ VILA MATILDE (França) Com um português compreensível, o francês Latoundé Janis Brice teve o mesmo destino de vários de seus colegas de prisão: foi preso por tráfico internacional de drogas. Nascido em Paris, aos 13 anos ele se mudou para Benin, país africano de onde vieram seus pais. Nunca pisou em uma escola e ganhava a vida como mecânico de carros. “Recebia uns 100 dólares por mês.” O PIB do país é de 6,6 bilhões de dólares, cerca de um quinto da fortuna do empresário Eike Batista. Com a promessa de embolsar 3.000 dólares, veio a São Paulo para comprar 500 gramas de cocaína. Foi pego em flagrante dentro do Metrô Vila Matilde quando já estava com a droga. “Devo ser solto em novembro, com 38 anos”, diz ele, que trabalha como cozinheiro do presídio. “Aqui, aprendi a fazer feijão, arroz e todo tipo de carne.” O FÃ DE SABRINA SATO (Polônia) Natural de Lubsko, quase fronteira com a Alemanha, o polonês Slawomir Snopkiewicz integra o grupo de 22 alunos que fazem curso de alfabetização em português. Está determinado a aprender a língua para arrumar uma namorada. Preso oito meses atrás quando foi pego dentro de um táxi portando 1,5 quilo de cocaína, ele quer ficar no Brasil mesmo depois de solto — o que deve acontecer em um ano. “O país oferece muitas oportunidades”, diz. Ele deixou na Europa uma ex-namorada e dois filhos, de 4 e 3 anos. Mantém a forma fazendo exercícios diariamente. Ao lado de presos tão loiros e musculosos como ele, Snopkiewicz puxa barras com até oito garrafas de 2 litros cheias de água em suas extremidades. Outro hobby é assistir ao programa “Pânico na TV”. “Durmo pensando na Sabrina Sato.” “O BAGULHO É LOUCO” (Burundi) Fugindo ao lado de um amigo em um navio mercante vindo da África, Thomasi Nsabimana, 27, chegou há oito anos ao Porto de Santos. Veio direto para São Paulo, onde morou em uma república no centro da cidade até obter status de refugiado. “Possuo CPF e carteira de trabalho”, orgulha-se. Seu país, o Burundi, tem o 166º IDH do mundo, com 0,282. Só está à frente de Níger (0,261), República Democrática do Congo (0,239) e Zimbábue (0,140). Embora tenha a tatuagem de uma pistola no braço esquerdo, Nsabimana está na cadeia por tráfico internacional de drogas — foi preso há três anos e quatro meses. “O bagulho é louco”, diz. “Não é fácil conseguir emprego bom, entende?” Muçulmano sunita, carrega o tapete onde faz suas cinco orações diárias, mesmo durante a jornada de trabalho como faxineiro. “Os presos daqui nunca desrespeitaram minha religião.” Seu principal passatempo nos fins de semana é ver jogos do Corinthians, time pelo qual passou a torcer. COCAÍNA NO ESTÔMAGO (Bolívia) Com a roupa do corpo, identidade boliviana na carteira e 100 cápsulas de pasta-base de cocaína no estômago, o boliviano Miguel Angel pegou um ônibus na cidade de Puerto Suárez, ao lado de Mato Grosso do Sul, rumo a São Paulo. Motorista desempregado, ele topou fazer o serviço de “mula” por 500 reais. Era junho de 2009. Na revista feita pela Polícia Rodoviária em
  • 6. Presidente Prudente (SP), Angel começou a chorar de desespero. Foi preso. Pegou cinco anos de detenção. Até então analfabeto, aprendeu a ler e a escrever na prisão aos 32 anos de idade. Trabalha na oficina de costura, especializada em confeccionar uniformes para seguranças da Secretaria de Administração Penitenciária, e ganha cerca de 400 reais por mês. TRAFICANTE, EU? (Nigéria) U.M. de 38 anos, representa a legião de nigerianos que faz o país africano constar no topo do ranking da população carcerária estrangeira de Itaí: são 188 deles. Nascido na cidade de Lagos, está no Brasil há dezoito anos. Conhecido por falar pelos cotovelos, o presidiário fica bastante gago quando perguntado sobre sua história. Sustenta que teve sua liberdade tirada por perseguição policial. “Colocaram 900 gramas de cocaína dentro do meu Gol”, diz. “Fui chantageado. Pediram 1 milhão de reais.” Ele afirma que trabalhava como corretor de imóveis. Hoje, faz serviços de ajudante geral — uma de suas funções é tomar conta da horta da cadeia.J