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Hiperactividade
 A Vida a 100 à hora!
Mais que uma inquietação, uma perturbação...




        Área de Projecto 2009/2010
Ficha técnica
Ana Matos
Filipa Nascimento
Inês Sim Sim
Marta Zegre
12º1


Sob a orientação da
Professora Maria José Barata

                      2
Hiperactividade
 A Vida a 100 à hora!
Mais que uma inquietação, uma perturbação...




                     3
4
Agradecimentos

   Professora Maria José Barata
   Professora Dra. Ana Rodrigues da Faculdade de Motri-
    cidade Humana
   Dr. Renato Paiva do CAP
   Dra. Susana Pina da Faculdade de Motricidade Huma-
    na
    Professora Graça Campos




Entidades:




                              5
6
Índice

Introdução                                    9
O que é a PHDA                                10
Quais as causas?                              11
Quem sofre desta perturbação?                 16
Quais os comportamentos que os hiperactivos   18
adoptam?
Como diagnosticar este transtorno?            22
     Teste de Conners                        23
     Perguntas-chave de um diagnóstico       24
Que factores pioram o prognóstico?            27
Quais os tratamentos e terapias?              28
Ser pai ou mãe de um hiperactivo              30
A Hiperactividade e a escola                  35
     Dificuldades de aprendizagem            35
        ·   Défice de atenção                 36
        ·   Automonitorização inadequada      36
        ·   Dificuldade em manter o esforço   37
        ·   Memória                           37
        ·   Memória a curto prazo             38
        ·   Memória de trabalho               38
        ·   Controlo Executivo                39
        ·   Leitura e Ortografia              39
        ·   Matemática                        40
        ·   Linguagem oral                    41
     Aspectos positivos                      42




                                  7
Índice

Intervenção da escola                                     43
      Como integrar um hiperactivo no meio escolar?      43
      Como distinguir um aluno hiperactivo de um alu-    45
       no irrequieto?
      Métodos e estratégias de ensino para focalizar e   46
       manter a atenção.
       · Na apresentação de tarefas                       50
       · Na avaliação                                     51
Conclusão                                                 54
Referências bibliográficas                                57

Anexos                                                    59
       · Inquérito                                        60
       · Resultados dos inquéritos                        61
       · Análise dos resultados                           63




                                8
Introdução

O nosso objectivo crucial neste prospecto é fornecer infor-
mação à comunidade escolar sobre a PHDA e sobre o
modo como as crianças com esta perturbação podem e
devem ser ajudadas na escola, para que haja uma melhor
compreensão por parte de todos sobre este tema tão pou-
co abordado.
Para além disso, pretende-se definir a Perturbação de
Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), mostran-
do de maneira clara e abrangente o comportamento hipe-
ractivo adoptado por estas pessoas e a sua trajectória ao
longo da vida.
É importante ter a consciência de que a Hiperactividade é
uma doença; ter preconceitos, esperar que o crescimento
ou amadurecimento resolvam o problema não é uma
maneira correcta de se proceder.
O essencial é o reconhecimento da doença e a busca de
soluções. Actualmente muitas pesquisas estão a ser ela-
boradas, visando uma melhoria de vida para os hiperacti-
vos e a tendência é cada vez mais para se avançar nesta
área, ultrapassando barreiras, tornando a vida dessas pes-
soas e familiares mais agradável.




                             9
O que é a PHDA?

A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção
é uma perturbação do desenvolvimento com três grandes
características: o défice de atenção, o excesso de
actividade motora e a impulsividade.
Esta perturbação interfere com a capacidade do indivíduo
regular o nível de actividade (hiperactividade), inibir com-
portamentos (impulsividade) e prestar atenção às tarefas.
Estas alterações do comportamento são inapropriadas
para o nível de desenvolvimento geral do indivíduo.
É uma perturbação crónica que afecta frequentemente a
capacidade da criança para operar com sucesso nos cam-
pos académico, comportamental e/ou social. À criança
com PHDA não faltam as aptidões ou capacidades, mas
esta não sabe o que fazer. Tem dificuldade em demonstrar
ou seguir instruções de forma consistente. Quando se tra-
ta do desempenho das tarefas, é muito frustrante e difícil
para pais e professores, porque num dado dia ou momen-
to a criança é capaz de realizar o trabalho e no dia seguin-
te já não é.




                              10
Ser pai ou mãe de uma criança com PHDA, é uma tarefa
desgastante, inquietante e promotora de conflitos diários.
Para os pais, o filho de aparência absolutamente normal,
constitui sempre uma incógnita face aos comportamentos
que apresenta. Estes são constantemente confrontados
com uma série de questões às quais não é possível res-
ponder, tais como: Porque é que o meu filho não segue as
instruções que lhe são dadas? Porque é que não cumpre
as regras e não segue os pedidos que lhe são feitos? Por-
que não consegue organizar-se de forma autónoma e
parece não ouvir o que se lhe diz dezenas de vezes e
durante anos?
Muitos pais alimentam a ideia de que tudo passará com o
tempo, mas na maior parte das vezes, o tempo confirma
os seus piores receios e a realidade vai revelando um
agravar da situação.




                             11
Quais as causas?

De acordo com o Dr. Nuno Lobo Antunes, a dopamina é
um neurotransmissor presente no corpo humano que
induz adrenalina, estimulando o Sistema Nervoso Central.
Este neurotransmissor é responsável por controlar os nos-
sos impulsos, antecipar e prever as consequências dos
nossos actos, determinar o que é mais importante e por-
que ordem devemos realizar as nossas tarefas.
Os lobos pré-frontais organizam o dia e permitem-nos
tomar decisões acertadas e racionais.
Na PHDA os lobos frontais, sobretudo a zona mais ante-
rior, têm dificuldade em focar-se por tempo prolongado
numa tarefa, em organizar o tempo e as actividades e em
controlar os impulsos. Assim, nos indivíduos que sofrem
da PHDA, os seus lobos pré-frontais têm baixos níveis de
dopamina, o que impossibilita que possam ser utilizados.
A actividade do lobo pré-frontal, em pessoas que sofram
de PHDA, leva a dificuldades em prever o futuro e em ini-
bir o que se deseja agora.
Crê-se que os maiores responsáveis pelo problema sejam
os genes. Os factores genéticos parecem, no entanto,
influenciar de forma distinta rapazes e raparigas.
                               (Nuno Lobo Antunes, Mal-entendidos, 2009)




                              12
É difícil, na maioria dos casos, determinar uma etiologia
precisa, já que também não é detectável nenhum dano
cerebral, como acontece noutras perturbações mentais.
Existem alguns estudos que indicam que este tipo de per-
turbação apresenta maior incidência nos rapazes que nas
raparigas. A questão que estas investigações colocam
prende-se com a determinação dos factores responsáveis
por estas diferenças. Assim, estas teorias explicativas,
baseadas umas em factores genéticos e outras em facto-
res neuroquímicos não apresentaram resultados que per-
mitam chegar a explicações absolutamente conclusivas.




                            13
As características da PHDA podem também resultar da
interacção de outros factores, como por exemplo:

Factores genéticos: Estudos revelam que as caracterís-
ticas bioquímicas, que influenciam o aparecimento de sin-
tomas de PHDA, são transmitidas de pais para filhos.
Não há uma clara relação entre a vida familiar e a Hipe-
ractividade, pois nem todas as crianças de famílias instá-
veis ou disfuncionais têm esta perturbação e nem todas as
crianças com PHDA provêm de famílias disfuncionais.

Factores pré-natais: O uso de álcool e drogas durante a
gravidez ou complicações intra-uterinas, e pré-natais,
como traumatismos crânioencefálicos e anoxia, são tam-
bém considerados responsáveis por mudanças estruturais
e funcionais do cérebro.

Factores alimentares: Consta que alguns açúcares,
corantes e conservantes têm uma relação com a PHDA,
apesar de ainda não estar cientificamente comprovado
que estes sejam uma causa para o aparecimento desta
perturbação. No entanto, observou-se, por exemplo, que
quando crianças com hiperactividade consumiam muito
açúcar aumentava o seu nível de agitação, embora uma
dieta sem açúcar não diminuísse os sintomas da hiperacti-
vidade.



                             14
Factores biológicos1: Foi detectado que as pessoas com
    hiperactividade têm áreas do cérebro menos activas em
    comparação com as pessoas que não têm este distúrbio, o
    que leva à suspeita de uma possível disfunção do lóbulo
    frontal e das estruturas diencéfalo-mesenfálicas.
    Porém, do ponto de vista biológico, sabe-se que as razões
    fundamentais que originam esta disfunção cerebral são
    fruto de um défice ao nível do desenvolvimento de circui-
    tos cerebrais responsáveis pela manutenção da atenção
    por tempo prolongado em tarefas de natureza monótona
    e pela inibição comportamental. Desta forma, é natural
    que os indivíduos com PHDA apresentem dificuldades em
    autocontrolar-se, em resistir à frustração, em adiar a gra-
    tificação e em focalizar e manter a atenção numa só tare-
    fa.




1
 In http://www.psicologia.com.pt/
artigos/textos/TL0041.pdf

                                    15
Quem sofre desta perturbação?

Todas as faixas etárias podem sofrer desta perturbação,
no entanto os casos mais comuns são em crianças e em
adolescentes, pois à medida que estas vão crescendo vão
atenuando os seus comportamentos.
Como já foi dito anteriormente, pensa-se que esta pertur-
bação tenha uma condição hereditária e vários foram os
estudos que levaram a esta hipótese. Por exemplo, con-
forme encontrámos na Brochura do CADin, Stevenson
(1994, cit. por Barkley, 1998) refere, numa revisão da lite-
ratura sobre estudos com gémeos, que é possível verificar
a existência de PHDA em cerca de 80% dos pares de
gémeos. Estudos familiares têm verificado também que,
num grande número de famílias, a existência de uma
criança com PHDA, revela a existência de um familiar pró-
ximo com o mesmo problema não identificado na infância.




                              16
A hiperactividade do tipo predominantemente desatento
(sem agitação motora pronunciada) é mais frequente em
raparigas. A ausência de hiperactividade, propriamente
dita, leva a que estas sejam diagnosticadas 4 anos mais
tarde que os rapazes.
O sexo masculino tende a ter uma maior incidência para o
problema.
A ocorrência de PHDA no adulto é cerca de metade da
incidência em crianças e jovens.
A PHDA associa-se a outros problemas. Menos de 1/3 das
crianças com PHDA sofrem esta perturbação no “estado
puro”, isto é, sem que outras perturbações lhe estejam
associadas.




                            17
Quais os comportamentos que os
      hiperactivos adoptam?

                      A criança pode ter dificuldades
                      em:
Défice de atenção e   - seleccionar informações
   concentração       - iniciar actividades
                      - manter a atenção até ao final
                      de uma tarefa
                      - prestar atenção a dois estímulos
                      em simultâneo

                      Estas crianças têm dificuldade
                      em:
                      - reflectir antes de agir
  Impulsividade       - prever as consequências das
                      suas acções
                      - planificar actividades
                      - seguir normas estabelecidas

                      Estas crianças podem manifestar
                      um nível excessivo de movimento
                      corporal (actividade quase perma-
  Hiperactividade     nente e incontrolada sem finalida-
                      de     concreta).   As   dificuldades
                      podem ser mais evidentes nas
                      situações em que se requer maior
                      tranquilidade.
                        18
- baixa tolerância à frustração
                          - baixa auto-estima
                          - dificuldades em seguir nor-
                          mas
                          - desmotivação escolar
                          - rendimento escolar oscilante
                          - dificuldades em respeitar a
                          sua vez, precipitação nas res-
                          postas
                          - podem ser pouco populares
                          entre os seus companheiros
                          - fazem barulhos ou sons
                          desadequados
Outras características
                          - são imprevisíveis e distraídos
   apresentadas:
                          - parece que não escutam
                          quando se fala com elas
                          - perdem ou esquecem o
                          material escolar
                          - têm os deveres pouco cuida-
                          dos
                          - podem ser lentas a copiar a
                          informação
                          - têm dificuldades em adaptar-
                          se às mudanças
                          - reagem de forma despropor-
                          cionada quando provocadas
                          - podem ser facilmente explo-
                          radas pelos outros




                     19
Desatenção – Têm muita dificuldade em manterem-se
atentos e concentrados, não conseguem dar atenção a
detalhes, distraem-se facilmente, parecem estar sempre a
sonhar acordados ou de “cabeça no ar”, são desorganiza-
dos,     perdem      tudo,     o
desempenho é muito irre-
gular (dias bons e dias
maus), evitam tarefas que
requerem esforço mental
c o n tí n uo,   fr e q ue n te s
esquecimentos        na      vida
quotidiana.


Hiperactividade – Mexem as mãos ou os pés ou con-
torcem-se na cadeira, estão sempre em movimento, falam
demais. Não são capazes de estar sentados durante muito
tempo, levantam-se várias vezes à refeição, não aguen-
tam uma aula inteira sentados, levantam-se, correm,
interferem e implicam com os outros; respondem de for-
ma atabalhoada às questões; interrompem os outros, têm
dificuldade em esperar numa fila ou em aguardar a sua
vez nos jogos; fazem ruídos com os objectos que têm nas
mãos ou simplesmente com a boca.




                                    20
Impulsividade - Têm enorme dificuldade em inibir ou
parar uma resposta, seja esta um comentário ou um com-
portamento. Assim sendo, falam, comentam, respondem e
agem sem pensar primeiro nas consequências, tornando-
se, por vezes, inconvenientes e desagradáveis. Esta carac-
terística prejudica o desempenho escolar e dificulta o
aguardar pela vez que lhes compete. Devido também à
Impulsividade estes correm para o meio da rua sem olhar,
o que faz com que fiquem mais vulneráveis aos acidentes
de viação.




                             21
Como diagnosticar este transtorno?


 A PHDA não tem um marcador biológico, um parâmetro
 facilmente mensurável, que nos permita afirmar com
 segurança a presença da disfunção.
 O comportamento da criança pode ser distinto em casa,
 na sala de aula ou no próprio gabinete médico, pelo que a
 análise do comportamento deverá ser feita com base nos
 diferentes espaços que esta possa percorrer.
 A Hiperactividade é uma perturbação com características
 próprias do desenvolvimento da criança e, como tal, deve
 ser avaliada com critério e por profissionais habilitados.
 Sem o devido diagnóstico pode ser confundida com doen-
 ças mais graves, como a esquizofrenia, ou simplesmente
 não passar de “mau comportamento”.




                             22
Teste de Conners

Conners desenvolveu um questionário conduzido por um
conjunto de comportamentos, graduados numa escala, e
que permite obter um perfil comportamental da criança.
Os resultados são expressos em valores numéricos e com-
parados com os obtidos por um conjunto de crianças sem
PHDA. Além de ajudar no diagnóstico, os questionários
podem ser úteis na avaliação da intervenção terapêutica.
Porém, podem existir resultados discrepantes entre os
vários informadores.


A suspeita de PHDA numa criança deve ser despistada por
uma avaliação de um médico experiente em perturbações
emocionais que avalie a criança de uma forma global,
inquirindo a qualidade das suas relações familiares, amiza-
des, hábitos, hobbies, medos e atitudes.




                             23
Perguntas-chave de um diagnóstico:


1. Tem ou não esta criança maior dificuldade que outras
da mesma idade em concentrar-se em tarefas que exigem
esforço mental?
R: É necessário saber qual é a capacidade de atenção
expectável para cada etapa do desenvolvimento. A avalia-
ção da capacidade de atenção deve-se fazer quando a
criança se encontra envolvida em tarefas que requerem
esforço mental.
Os professores deverão ter uma amostra significativa de
crianças para saber se alguma delas foge da norma.


2. Definida a presença de uma dificuldade em manter a
atenção, a questão seguinte prende-se com as circunstân-
cias em que esta surge.
R: As implicações do Défice de Atenção verificam-se nas
rotinas de todos os dias. Os filhos não são autónomos,
não se organizam no tempo, não se conseguem responsa-
bilizar por despir/vestir, tomar banho, comer, organizar a
mochila, entre outras. Como resultado os pais substituem-
nos em praticamente tudo e as crianças tornam-se muito
dependentes.




                            24
3. Socialmente também são crianças com dificuldades em
jogos de grupo, principalmente se implicam um planea-
mento com regras para cumprir (facilmente as esquecem).
A dificuldade de atenção prejudica a criança de forma cla-
ra?
R: Os resultados escolares de uma criança com PHDA
poderão ser razoáveis, mas no entanto inferiores aos do
potencial revelado pelo aluno. Ou então, existe um enor-
me consumo de energia, por parte dos pais e da criança,
que interfere com a oportunidade de desfrutar tempos de
lazer, para realizar trabalhos de casa ou estudar.




                             25
4. Porque razão o diagnóstico se baseia na interpretação
de relatos e observações, e não se pode apoiar exclusiva-
mente em valores estatísticos obtidos através de questio-
nários?
R: A criança deve ser avaliada no seu contexto familiar e
escolar, desmontada e compreendida a sua rede de liga-
ções emocionais, hábitos ou idiossincrasias emocionais.
O diagnóstico da PHDA assenta na revelação do quotidia-
no íntimo da criança e sua família, na análise dos compor-
tamentos na aula e no recreio, e pela observação do com-
portamento no gabinete de consulta (gestos, movimentos
e olhares – códigos que apuram a dificuldade de atenção).
                                 (Nuno Lobo Antunes, Mal-entendidos, 2009)




                            26
Que factores pioram o prognóstico?


 A PHDA, se não for identificada correctamente e conse-
 quentemente não der origem a uma intervenção atempa-
 da, pode originar outras perturbações e desadaptações,
 por vezes mais graves que a hiperactividade em si mes-
 ma.
 Esta perturbação não surge na vida de uma criança em
 consequência de uma situação traumática (como um
 divórcio ou morte de um familiar próximo). Pode, porém
 acontecer, que as características que já estavam presentes
 no comportamento, se agravem e se tornem mais disrup-
 tivas nessas alturas.
 Esquematicamente, os factores que pioram o prognóstico
 podem ser:
      Diagnóstico tardio;
      Fracasso escolar (a auto-estima tem um papel impor-
       tante numa boa evolução da perturbação);
      Educação demasiado permissiva ou excessivamente
       rígida (deve-se tentar encontrar um meio termo);
      Ambiente familiar marcado pelo stress e/ou hostilida-
       de/violência;
      Problemas de saúde ou atrasos no desenvolvimento;
      Problemas familiares (alcoolismo, patologias psiquiá-
       tricas, etc.).


                              27
Quais os tratamentos e terapias?


A intervenção pressupõe dois planos: a intervenção ao
nível dos sintomas próprios da perturbação e, ao nível da
desadaptação secundária existente em cada caso.
Na maioria das situações, a PHDA provoca um ciclo vicio-
so de relações interpessoais e de insucesso em diferentes
planos. Actuar ao nível dos sintomas, pode ser o primeiro
passo para que outras situações se possam resolver. Esta
actuação pressupõe, em muitos casos, uma intervenção
farmacológica, à base de psicoestimulantes, que actuam
ao nível do Sistema Nervoso Central, melhorando as capa-
cidades de atenção e diminuindo a impulsividade do indi-
víduo.




                            28
No entanto, uma intervenção exclusivamente farmacológi-
ca não é suficiente. A Hiperactividade resulta de inúmeras
dificuldades e, a actuação ao nível dos sintomas, não pro-
move nem desenvolve as competências que cada criança
necessita adquirir no seu percurso de vida. Como tal, é de
afirmar que a intervenção na PHDA deve ser Multimodal1.

A      monitorização        dos     comportamentos          da     criança
(evolução, diferenças ao longo do dia, surgimento de
reacções inesperadas) é um valioso instrumento para afe-
rir os resultados da intervenção terapêutica e deve ser
comunicada aos pais e/ou médico assistente da criança.




1
    Uma abordagem Multimodal inclui uma combinação de Programas de Modifica-
ção Cognitivocomportamental (mudanças de comportamento na escola e em
casa) e uma intervenção farmacológica.


                                         29
Ser pai ou mãe de um hiperactivo


Na família, a PHDA representa um desafio diário. As situa-
ções de conflito são mais frequentes e mais intensas do
que noutras famílias com crianças da mesma idade, o que
gera, nos pais uma angústia e sentimentos de culpa. A
angústia de não conseguir gerir as situações vem quase
sempre acompanhada de um grande sentimento de
incompetência parental, potencializado pelas situações
sociais vividas entre os amigos e com a sua própria famí-
lia. Não é raro que, as famílias com crianças hiperactivas,
se isolem e desistam de realizar um conjunto de activida-
des. Acabam por se fechar em si mesmas e aumentar as
suas dificuldades.




                             30
O desgosto, por não conseguirem que os filhos se com-
portem como as outras crianças, conduz frequentemente
a uma grande tensão familiar que se reflecte na relação
conjugal e na relação de fraternidade. Os sentimentos
generalizados de incompetência arrastam, frequentemen-
te, uma necessidade de culpabilizar o outro pelo “mau
comportamento” da criança hiperactiva que, por sua vez,
sente essa acusação dirigida a si mesma. Este sentimento
gera mais comportamentos disruptivos, potencializando o
ciclo vicioso que se instala nas relações familiares. É fre-
quente assistirmos a estilos parentais muito punitivos,
sabendo que a punição é o caminho errado para aliviar a
tensão.
Um dos passos mais importantes para quebrar este ciclo
consiste no facto dos pais poderem perceber o que é a
Hiperactividade, em que consiste, e como é que as suas
características provocam desadaptação na vida da criança.
Para tal, a informação é muito importante, bem como a
realização de reuniões formativas.




                             31
Como posso eu ajudar o meu/minha filho/a? É a
pergunta mais frequente e que a maioria dos pais faz.
Existem várias estratégias que podem contribuir para uma
boa comunicação com a criança. Encontrámos numa bro-
chura informativa do CADin as seguintes estratégias para
os pais:


   Seja proactivo – isto é, é preferível que antecipe a
    situação, evitando que aconteça, do que reagir a ela.
    Para orientar a criança, ajude-a a encontrar soluções
    alternativas e a rever os erros cometidos, mantendo a
    calma e a tranquilidade.
   Ponha as coisas mais importantes em primeiro
    lugar – há situações que podem ser ignoradas. Não
    reaja a todas da mesma forma, ignorando aquelas
    que não interferem significativamente com a vida
    familiar e com a saúde e segurança de todos.
   Tente compreender a situação do seu filho
    antes de querer ser compreendido – se tentar,
    em primeiro lugar, entender a situação do seu filho,
    aumenta a probabilidade de ser correspondido, pois
    está a actuar como modelo.




                               32
   Promova a cumplicidade entre pai e mãe e
    entre pais e filhos – se existir uma cumplicidade
    entre os pais, é mais provável que a acção desejada
    seja alcançada com sucesso.
   Utilize com frequência o reforço positivo – refor-
    ce de forma imediata o bom comportamento e as
    capacidades do seu filho. Não deixe para depois o
    jogo prometido ou a ida a um sítio especial. Escolha
    algo que possa dar de imediato e aposte em conce-
    der-lhe um tempo especial entre si e ele, sem interfe-
    rências.
   Se tiver de utilizar uma punição – não grite nem
    se exalte. Explique porque é que está a actuar desta
    forma, mantendo a calma ao falar e agir. Não puna a
    criança numa situação de “conflito aberto” ou numa
    “birra”. Nestes casos retire a criança da situação e
    espere que se acalme. Relembramos que não se deve
    exaltar. Quando a criança estivar calma explique-lhe o
    porquê da punição (não física, mas sim retirada de
    privilégios).




                           33
   Ajude o seu filho a organizar-se – crie rotinas
    para o seu filho e procure que a criança participe nas
    rotinas familiares, mas não se esqueça, que as tare-
    fas devem estar adequadas às suas capacidades e
    que deve tentar dar a informação de forma clara e
    concisa de forma a facilitar a assimilação por parte da
    criança.
   Ajude o seu filho com as amizades – organize
    situações lúdicas de desafio e aventura, fora de casa,
    e aproveite as situações para modelar as relações
    entre ele e os amigos e para o ajudar a organizar-se
    e adequar o ser comportamento.
   Mantenha sempre a calma – ou pelo menos tente
    e treine, pois manter uma atitude firme mas tranquila
    é essencial para lidar com o seu filho.




                             34
A Hiperactividade e a escola

Dificuldades de aprendizagem

Muitas crianças com PHDA apresentam dificuldades a nível
da leitura, ortografia, escrita, matemática e linguagem
(com uma incidência que varia entre os 35 e os 50%).
Estas crianças têm um rendimento académico que pode
ser muito inferior às suas capacidades intelectuais devido
aos seus problemas de atenção, memória e escasso con-
trolo dos impulsos.




                            35
Défice de atenção
O défice de atenção é a principal causa da existência de
um rendimento escolar aquém das possibilidades da crian-
ça.
O défice de atenção implica uma dificuldade em seleccio-
nar os estímulos de forma adequada. Quando a informa-
ção chega a estas crianças, elas fixam-se em detalhes
mínimos e não são capazes de apreender a ideia principal.
Assim, quando respondem a uma pergunta, podem fazê-lo
pela tangente e, nos seus trabalhos, distribuem mal o
tempo.

Automonitorização inadequada               (ausência de

controlo de qualidade)
Estas crianças cometem erros pelo facto de concluírem e
entregarem os trabalhos de forma
precipitada. Quando lêem em voz
alta, enganam-se nas palavras por-
que não comprovam se a palavra faz
sentido naquela frase antes de a
dizer. Isto deve-se à falta de aten-
ção, mas também à sua impulsivida-
de.




                            36
Dificuldade em manter o esforço
Estas crianças têm muita dificuldade em manter a atenção
em actividades que não lhes geram interesse. Aborrecem-
se, desconcentram-se nos deveres, enquanto um jogo de
vídeo é capaz de captar a sua atenção durante horas. Esta
falta de perseverança afecta de forma significativa o ren-
dimento nos primeiros anos de escolaridade. Estas crian-
ças cansam-se facilmente em trabalhos que exigem a sua
concentração e é natural que evitem essas tarefas.



Memória
É difícil separar os problemas de atenção dos problemas
de memória. Se não somos capazes de estar atentos a
uma informação, dificilmente conseguimos apreendê-la,
integrá-la e armazená-la. Normalmente estas crianças têm
uma boa memória a longo prazo mas a sua memória a
curto prazo e a memória de trabalho deixam muito a
desejar. Recordam-se do que aconteceu há um ano, mas
têm muita dificuldade em reproduzir o que se lhes acabou
de explicar.




                             37
Memória a curto prazo
A maioria destas crianças tem muita dificuldade em recor-
dar instruções e em reter informação sequencial.



Memória de trabalho
Refere-se à capacidade de reter vários tipos de informa-
ção ao mesmo tempo. Se não somos capazes de repre-
sentar mentalmente vários números, não podemos fazer
cálculos mentais. Se queremos compreender o que lemos,
temos que ser capazes de recordar as palavras do princí-
pio de um parágrafo quando chegamos ao fim. Na lingua-
gem, a memória de trabalho ajuda-nos a combinar pala-
vras mentalmente para conseguir o máximo de impacto
ao utilizá-las oralmente ou por escrito.




                             38
Controlo Executivo
A capacidade de reflectir e planear antes de actuar está
afectada nestas crianças o que lhes causa problemas em
estabelecer prioridades, planificar, organizar o tempo,
antecipar consequências, aprender com a experiência e
sintonizar socialmente.



Leitura e Ortografia
   problemas com a fonética das palavras;
   problemas na leitura visual – reconhecer palavras;
    pela forma;
   problemas de compreensão da leitura;
   impulsividade, escassa automonitorização, problemas
    de compreensão motivados pela fraca memória de
    trabalho.




                            39
Matemática
Os problemas de cálculo mental são quase universais nas
crianças com PHDA e muitas delas têm também dificulda-
des específicas na área da matemática. Não têm dificulda-
des em reproduzir os números de memória e podem con-
tar por correspondência (ex: utilizando os dedos) mas
quando se lhes retira esse suporte começam os proble-
mas. Muitas crianças têm também uma discalculia – custa
-lhes entender o tamanho relativo das figuras, aprender
tabuadas, recordar sequências de algarismos, entender o
significado dos sinais e compreender conceitos matemáti-
cos avançados.




                           40
Linguagem oral
Estas crianças costumam ter uma forma particular de
expressar-se e muitos problemas na aprendizagem da lei-
tura correspondem a dificuldades que têm na hora de des-
codificar a linguagem no cérebro.
Os problemas de falta de atenção, memória de trabalho e
controlo executivo são a causa da maioria das dificuldades
a nível da expressão oral. As crianças respondem sem
terem escutado a pergunta, interrompem as conversas
dos outros e são muito desorganizadas. O seu discurso
pode carecer de uma linha narrativa clara, podendo saltar
de um assunto para outro. Com os seus problemas de
selectividade, são capazes de se perder em pormenores
irrelevantes e podem não saber dar uma ideia de conjunto
ao seu discurso. Os seus relatos costumam ser muito
interrompidos por hesitações que podem ocultar a dificul-
dade real em encontrar uma palavra adequada. Quando
se lhes colocam perguntas abertas, podem responder
“não sei” ou “não me lembro” para não terem que se
esforçar a organizar o discurso. Muitas vezes têm dificul-
dade em adaptar o discurso ao interlocutor – falta de
habilidades pragmáticas da linguagem.




                             41
Aspectos positivos
Para além das características e comportamentos típicos
dos alunos com Hiperactividade, também devemos realçar
alguns factores positivos que, por vezes, lhes estão asso-
ciados, tais como:
   Ingenuidade;
   Criatividade;
   Espontaneidade;
   Grandes reservas de energia
   Sensibilidade relativamente às necessidades dos
    outros;
   Receptividade e disposição para perdoar;
   Disposição para correr riscos;
   Intuição;
   Curiosidade;
   Imaginação;
   Abordagens inovadoras;
   Gestão de recursos;
   Empatia;
   Bondade;
   Capacidade de observação;
   Muitas ideias.




                            42
Intervenção da escola

Como integrar um hiperactivo no meio

escolar?
O estilo de aprendizagem de uma criança com PHDA é
muito diferente do estilo de uma criança sem PHDA. São
crianças menos reflexivas, com tendência a prestar aten-
ção a muitos estímulos em simultâneo e com maior difi-
culdade em processar estímulos verbais. São crianças que
“aprendem fazendo”, por tentativa e erro e que se movem
para “obter algo”. Necessitam, com frequência, de pistas
orientadoras para a realização das tarefas. A sua aprendi-
zagem escolar melhora se as tarefas forem curtas e esti-
mulantes e se forem sistematicamente forçadas positiva-
mente pelas suas conquistas.
Para se ter sucesso, deve-se encarar a situação como um
todo, um sistema em desequilíbrio, que necessita de ser
reorganizado e estruturado.
É importante que se equacione todos os elementos desse
sistema (criança, escola, professor, recursos, colegas,
família, etc.) e as interacções que entre eles estabelecem.




                              43
Para intervir na escola é necessário modificar os contextos
e práticas, as atitudes, crenças, entre muitos outros.
O professor é uma peça chave no desenvolvimento destas
crianças e só a estreita colaboração entre a escola e a
família permite uma intervenção adequada.
Na escola, o hiperactivo deve ser acompanhado por uma
equipa multidisciplinar, mas na ausência desta, o professor
terá de implementar um conjunto de estratégias e técni-
cas pedagógicas para ajudar a criança com PHDA a res-
ponder melhor à aprendizagem.




                             44
Como distinguir um aluno hiperactivo de

um aluno irrequieto?
Antes de passarmos às estratégias para professores,
devemos esclarecer esta diferença.


Nem todas as crianças com dificuldades em manter a
atenção, irrequietas e impulsivas têm uma PHDA. Pode
existir outra perturbação que origine tais sintomas ou
pode ser que a criança seja, apenas, mais desatenta, irre-
quieta e/ou impulsiva do que as outras da sua idade.
Importa acima de tudo saber se essas características
estão a causar sofrimento e desadaptação na sua vida e
nos contextos familiar, escolar e social.
Deve-se encaminhar a criança ao Gabinete de Educação
Especial da escola onde poderão contactar especialistas e
diagnosticar, ou não, a criança com hiperactividade.




                              45
Métodos e estratégias de ensino para

focalizar e manter a atenção:


   Diminuir os factores de distractibilidade – a sala
    de estudo ou de aula deve estar isenta de factores de
    alheamento como televisores, telemóveis ou brinque-
    dos. Os principais factores de desatenção na sala de
    aula são os próprios colegas, pelo que a procura do
    melhor lugar para sentar a criança com PHDA é cru-
    cial.
   Facilite a atenção – criar uma aula viva e interes-
    sante. Material visual atraente, sublinhados, instru-
    ções curtas e dadas uma de cada vez (reforçadas
    com o contacto visual para o professor assegurar que
    o contacto foi ouvido). Utilização de um sinal conven-
    cionado para chamar a atenção (toque no ombro ou
    na carteira).




                           46
   Desloque-se pela sala para manter a visibilida-
    de
   Ajude na organização do trabalho – ajude na
    criação de métodos e hábitos de estudo do aluno, de
    forma a facilitarem a sua organização do trabalho.
   Deve ser dado tempo suficiente ao estudante
    com Hiperactividade para copiar as indicações do
    quadro para o caderno, uma vez que se trata de um
    aluno mais lento que os colegas.
   As expectativas e objectivos terão de ser cla-
    ros.
   Calendários bem visíveis no local de trabalho com
    inscrição das datas de testes e apresentações de tra-
    balhos.
   Utilização de instrumentos simples que emitam
    sinais sonoros para poder regular o ritmo de trabalho
    ou de estudo.
   Estimular o estudante a realizar resumos dos
    aspectos mais importantes e sublinhar as palavras-
    chave.
   Informar os pais de imediato quando os trabalhos
    não são realizados.




                            47
   Diminuir a frustração – O elogio e o reforço positi-
    vo são fundamentais. Se a criança estiver com dificul-
    dades em se manter tranquila durante um longo
    período de tempo, escolha-a quando é necessário
    fazer um recado ou uma pequena tarefa como reco-
    lher enunciados.
   Os alunos com PHDA deverão ser inscritos nas
    aulas de manhã, altura do dia em que lhes será
    mais fácil manter a atenção.
   Os métodos de avaliação devem ser ajustados
    às crianças com PHDA sendo as provas orais o
    melhor método de avaliar uma criança hiperactiva.
   Avisar/alertar o aluno se este “saltou” uma
    pergunta ou se cometeu um erro por evidente falta
    de atenção.
   Os pais são a autoridade – a criança deverá com-
    preender que qualquer acto que pratica tem conse-
    quências




                           48
   Deve-se incentivar a criança com prémios e
    recompensas -     Para reforçar os comportamentos
    positivos, os professores podem encontrar formas de
    compensar os alunos. Esses prémios podem ser con-
    quistados sempre que o aluno atinja um patamar de
    “pontos”/”estrelas” previamente definidos pelo pro-
    fessor. Os pais da criança devem ser informados acer-
    ca dessas conquistas. Esses pontos podem ser con-
    quistados individualmente ou em grupo. (por exem-
    plo, apagar o quadro, fechar a porta à chave, fazer
    recados, etc.).




                           49
Na apresentação de tarefas:
   Utilize a instrução verbal em combinação efectiva
    com suporte visual;
   Não dê instruções muito compridas e com informação
    pouco pertinente; seja claro nos seus pedidos;
   Providencie que a instrução seja dada de forma direc-
    ta à criança em causa;
   A instrução deve ter em conta a experiência anterior
    da criança sobre o assunto ou tarefa e o professor
    deve certificar-se de que a criança compreendeu o
    pedido;
   Utilize meios dinâmicos e estimulantes para apresen-
    tar as tarefas às crianças. A investigação tem
    demonstrado que ao aumentar o grau de estimulação
    nas tarefas, bem como implicar a novidade nos mate-
    riais e métodos utilizados, melhora a capacidade de
    resposta da criança com PHDA. Assim, utilize o traba-
    lho de grupo, as cantilenas, a resposta em coro, o
    diálogo, a actividade motora, a cor e a forma altera-
    da, para estimular a focar a atenção.




                             50
Na avaliação:
   A criança com PHDA beneficia se a sua avaliação for
    essencialmente verbal, ou através de trabalhos de
    natureza vária.
   Na realização dos testes necessita de mais tempo e
    de um ambiente calmo e longe de factores distracto-
    res.
   As perguntas de um teste também deverão ter algu-
    mas adaptações como: não existirem perguntas enca-
    deadas, cuja resposta depende de uma anterior; não
    existirem perguntas com muita informação contex-
    tual; nas perguntas de escolha múltipla ter muito cui-
    dado com a forma como as alternativas são dadas
    (não existirem alternativas com pequenas nuances).




                           51
   Quando existem perguntas de escolha múltipla, o
    professor deve acautelar que a impulsividade pode
    provocar erros de resposta.
   Durante a realização de testes tente perceber se a
    criança está a ler as perguntas até ao fim e de forma
    correcta.
   Evite testes fotocopiados frente e verso e se assim
    for, chame a atenção da criança para o facto.
   Utilize cópias a preto e branco, saliente informação
    pertinente nas perguntas, utilize os testes como guia
    de estudo.


Adapte materiais de apoio ao estudo
   A maioria dos materiais de apoio ao estudo contém
    muita informação, o que dificulta a atenção da crian-
    ça com PHDA.
   Lembre-se que estas crianças têm muita dificuldade
    em resumir textos e em tirar as informações mais
    importantes da leitura dos mesmos.
   Não use materiais com muita informação.
   Sintetize o máximo possível a informação nuclear e
    acompanhe com ilustrações ou desenhos apelativos.




                            52
53
Conclusão

A experiência escolar pode constituir um verdadeiro desa-
fio para uma criança com PHDA. A sua impulsividade
impede-a de responder de forma reflexiva e conduz fre-
quentemente ao erro, as dificuldades de memória de cur-
to prazo dificultam a retenção de informação, as dificulda-
des de planeamento e organização interferem com a
escrita, em especial, quando há tempo limitado para tal.
A grande maioria das crianças é identificada quando
começa a existir uma dificuldade em acompanhar as exi-
gências escolares próprias para a sua idade e se começam
a repetir os insucessos e falhanços. Outras razões de iden-
tificação são os comportamentos disruptivos, frequentes
na sala de aula, ou as dificuldades de relacionamento com
os pares.


Para lidar com estas crianças deve-se conhecer a pertur-
bação. Saber distinguir quando se trata de mau comporta-
mento ou da perturbação. Estas crianças não fixam a sua
atenção e portanto torna-se difícil chamá-las à razão para
algo que fizeram mal. Não cumprem regras, pois não as
decoram e isso dificulta a sua aprendizagem. Não são
crianças intelectualmente inferiores às outras, simples-
mente não conseguem expressar a sua inteligência.


                            54
Com este trabalho, pretendemos ajudar a comuni-
dade escolar, e até os pais, a lidar e a perceber
estas crianças, pois,


“mais que uma inquietação, elas têm
uma perturbação.”




                        55
56
Referências bibliográficas

   Antunes, N. L. (2009). Mal-Entendidos. Verso da
    Kapa.
   Associação Portuguesa da Criança Hiperactiva. (s.d.).
    Obtido de http://www.apdch.net/.
   Desordem por Défice de Atenção com Hiperactivida-
    de. (s.d.). Obtido de http://ddah.planetaclix.pt.
   Documentos facultados pelo Gabinete de Educação
    Especial e Apoio Educativo.
   Hiperactiva, A. P. (s.d.). Pertubação de Hiperactivida-
    de com Défice de Atenção - um guia para professo-
    res.
   Hiperactividade, G. d. (Abril de 2010). Inquéritos a
    professores e sua análise.
   Pina, D. S. (Maio de 2010). Entrevista com uma Psi-
    coterapeuta e mãe de uma criança hiperactiva. (G. d.
    Hiperactividade, Entrevistador)
   Rodrigues, A. N. (Abril de 2005). Hiperactividade e
    Défice de Atenção - Compreender e Intervir na Escola
    e na Família. Cascais: CADin.




                            57
58
Anexos




  59
INQUÉRITO DESTINADO A PROFESSORES


Este inquérito tem como objectivo a realização de um trabalho sobre Hiperactividade – “Vida a 100 à
hora!”, no âmbito de Área de Projecto do 12º1.

Sexo: F □       M   □     Idade:     □ Menos de 30
                                       □ Entre os 30 e os 50
                                        □ Mais de 50
Disciplinas leccionadas: ___________________________________________________

Há quantos anos lecciona?           □ 1 a 10 anos
                                       □ 11 a 20 anos
                                       □ Mais de 20 anos

Anos de escolaridade que lecciona:

       □ 7º ano          □ 8º ano       □ 9º ano        □ 10º ano       □ 11ºano         □ 12ºano            □
       Cursos Profissionais
       □ Ensino Nocturno
1. Sabe o que é um hiperactivo?
       □ Sim            □ Não
2. Percebe como deve reagir correctamente com um/a aluno/a hiperactivo?
       □ Sim            □ Não         □ Com dificuldade
3. Seleccione as opções que remetem para sintomas de Hiperactividade:
       □ Não cumpre as regras.
       □ Trabalha isolado/a.
       □ Não consegue manter a atenção durante muito tempo.
       □ Não consegue permanecer sossegado/a.
       □ Má educação persistente.
4. Que medidas se devem adoptar, numa sala de aula, com um/a aluno/a hiperactivo?
      □ Agir normalmente com o/a aluno/a.
      □ Manter o aluno/a isolado/a dos colegas para bom funcionamento da aula.
      □ Reforçar de forma positiva o esforço do/a aluno/a.
      □ Ser persistente com o/a aluno/a.
      □ Utilizar sanções disciplinares por mau comportamento e distúrbio.
      □ Utilizar métodos de ensino alternativos e estimulantes (cores, animações, diminuição dos estímulos
          externos).

5. Os alunos hiperactivos devem ter avaliações (critérios, instrumentos,…) especiais em relação aos
colegas?
     □  Sim         □
                    Não      Porquê?
___________________________________________________________________________________________

                                         Muito obrigada pela sua colaboração!
                                                       Grupo 2
                                                                                             Ana Sofia Matos
                                                                                            Filipa Nascimento
                                                                                                 Inês Sim Sim
                                                                                                   Marta Zegre

                                                      60
Resultados dos Inquéritos

  1. Sabe o que é um hiperactivo?




2. Percebe como deve reagir correctamente com um/a
aluno/a hiperactivo?




3. Seleccione as opções que remetem para sintomas de
Hiperactividade:




                            61
4. Que medidas se devem adoptar, numa sala de aula,
com um/a aluno/a hiperactivo?




5. Os alunos hiperactivos devem ter avaliações (critérios,
instrumentos,…) especiais em relação aos colegas?




                             62
Análise dos Resultados

No âmbito do projecto “Hiperactividade – Vida a 100 à

hora!”, do grupo 2, do 12º1, foram elaborados inquéritos

dirigidos a professores. Foi recolhida aleatoriamente

uma amostra de 37 professores, sendo 26 do sexo

feminino e 11 do sexo masculino.

Depois de recolhidos os inquéritos, estes foram analisados

e pudemos retirar algumas conclusões:

Todos os inquiridos sabem o que é um hiperactivo

e no entanto, a maioria tem dificuldade em perceber

como se deve reagir correctamente com alunos que

sofram desta perturbação. Mostraram também reconhecer

os sintomas de Hiperactividade, não contrariando as res-

postas da questão anterior.




                              63
É de salientar que a maioria dos professores escolheu

opções correctas acerca de como lidar com um

hiperactivo numa sala de aula. Agir normalmente com

o aluno, reforçá-lo de forma positiva, a persistência e a

utilização de métodos de ensino alternativos e estimulan-

tes são as medidas a tomar pela grande maioria.

Ainda assim, há uma pequena percentagem que indi-

ca que ainda se acha que se devem aplicar sanções

disciplinares por mau comportamento ou isolar o

aluno para um bom funcionamento da aula.

Há grande ambiguidade em relação à questão das

avaliações especiais para hiperactivos. Metade dos
                          hiperactivos

inquiridos é a favor de serem feitas avaliações, serem utili-

zados critérios e instrumentos de avaliações diferentes

para hiperactivos e a outra metade é contra.




                              64
65
A minha filha antes de ser diagnosticada com hiperactivi-
dade, tinha, de facto, características muito específicas que
eu penso que estão presentes na maioria das crianças
com hiperactividade, tais como: o facto de não dormir, a
agitação que formava uma desarrumação total da casa, e
que fazia com que não houvesse nada que estivesse no
devido lugar, pois isso não era possível.
Esta agitação, não é igual em todas as crianças, no caso
da minha filha eram tiques. Ela tinha muitos tiques, ela
não conseguia estar sentada, tinha sempre a perna de
baixo do rabo, depois tirava-a e depois ficava de joelhos.
Ela não saltava nem se pendurava nos candeeiros. Não
era isso, mas tinha tiques muito pequeninos. Chuchava
tudo. Destruía os lápis e as canetas. Até podia ser o
objecto mais rijo, que ela conseguia danificá-lo com a
boca. Fazia muitos gestos.
Eram pequenos tiques que mostravam bem a ansiedade e
o mal-estar dela.
Eu na altura não pensei que fosse uma PHDA, pensava
apenas que era uma menina mais mexida e que tinha difi-
culdade na arrumação e no cumprimento das regras.
Nunca pensei que pudesse ser hiperactividade, até ela ter
entrado para a escola.
                                                         Dra. Susana Pina
                                          Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta
                                  e mãe da Marta, uma menina hiperactiva.




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  • 1. Hiperactividade A Vida a 100 à hora! Mais que uma inquietação, uma perturbação... Área de Projecto 2009/2010
  • 2. Ficha técnica Ana Matos Filipa Nascimento Inês Sim Sim Marta Zegre 12º1 Sob a orientação da Professora Maria José Barata 2
  • 3. Hiperactividade A Vida a 100 à hora! Mais que uma inquietação, uma perturbação... 3
  • 4. 4
  • 5. Agradecimentos  Professora Maria José Barata  Professora Dra. Ana Rodrigues da Faculdade de Motri- cidade Humana  Dr. Renato Paiva do CAP  Dra. Susana Pina da Faculdade de Motricidade Huma- na  Professora Graça Campos Entidades: 5
  • 6. 6
  • 7. Índice Introdução 9 O que é a PHDA 10 Quais as causas? 11 Quem sofre desta perturbação? 16 Quais os comportamentos que os hiperactivos 18 adoptam? Como diagnosticar este transtorno? 22  Teste de Conners 23  Perguntas-chave de um diagnóstico 24 Que factores pioram o prognóstico? 27 Quais os tratamentos e terapias? 28 Ser pai ou mãe de um hiperactivo 30 A Hiperactividade e a escola 35  Dificuldades de aprendizagem 35 · Défice de atenção 36 · Automonitorização inadequada 36 · Dificuldade em manter o esforço 37 · Memória 37 · Memória a curto prazo 38 · Memória de trabalho 38 · Controlo Executivo 39 · Leitura e Ortografia 39 · Matemática 40 · Linguagem oral 41  Aspectos positivos 42 7
  • 8. Índice Intervenção da escola 43  Como integrar um hiperactivo no meio escolar? 43  Como distinguir um aluno hiperactivo de um alu- 45 no irrequieto?  Métodos e estratégias de ensino para focalizar e 46 manter a atenção. · Na apresentação de tarefas 50 · Na avaliação 51 Conclusão 54 Referências bibliográficas 57 Anexos 59 · Inquérito 60 · Resultados dos inquéritos 61 · Análise dos resultados 63 8
  • 9. Introdução O nosso objectivo crucial neste prospecto é fornecer infor- mação à comunidade escolar sobre a PHDA e sobre o modo como as crianças com esta perturbação podem e devem ser ajudadas na escola, para que haja uma melhor compreensão por parte de todos sobre este tema tão pou- co abordado. Para além disso, pretende-se definir a Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção (PHDA), mostran- do de maneira clara e abrangente o comportamento hipe- ractivo adoptado por estas pessoas e a sua trajectória ao longo da vida. É importante ter a consciência de que a Hiperactividade é uma doença; ter preconceitos, esperar que o crescimento ou amadurecimento resolvam o problema não é uma maneira correcta de se proceder. O essencial é o reconhecimento da doença e a busca de soluções. Actualmente muitas pesquisas estão a ser ela- boradas, visando uma melhoria de vida para os hiperacti- vos e a tendência é cada vez mais para se avançar nesta área, ultrapassando barreiras, tornando a vida dessas pes- soas e familiares mais agradável. 9
  • 10. O que é a PHDA? A Perturbação de Hiperactividade com Défice de Atenção é uma perturbação do desenvolvimento com três grandes características: o défice de atenção, o excesso de actividade motora e a impulsividade. Esta perturbação interfere com a capacidade do indivíduo regular o nível de actividade (hiperactividade), inibir com- portamentos (impulsividade) e prestar atenção às tarefas. Estas alterações do comportamento são inapropriadas para o nível de desenvolvimento geral do indivíduo. É uma perturbação crónica que afecta frequentemente a capacidade da criança para operar com sucesso nos cam- pos académico, comportamental e/ou social. À criança com PHDA não faltam as aptidões ou capacidades, mas esta não sabe o que fazer. Tem dificuldade em demonstrar ou seguir instruções de forma consistente. Quando se tra- ta do desempenho das tarefas, é muito frustrante e difícil para pais e professores, porque num dado dia ou momen- to a criança é capaz de realizar o trabalho e no dia seguin- te já não é. 10
  • 11. Ser pai ou mãe de uma criança com PHDA, é uma tarefa desgastante, inquietante e promotora de conflitos diários. Para os pais, o filho de aparência absolutamente normal, constitui sempre uma incógnita face aos comportamentos que apresenta. Estes são constantemente confrontados com uma série de questões às quais não é possível res- ponder, tais como: Porque é que o meu filho não segue as instruções que lhe são dadas? Porque é que não cumpre as regras e não segue os pedidos que lhe são feitos? Por- que não consegue organizar-se de forma autónoma e parece não ouvir o que se lhe diz dezenas de vezes e durante anos? Muitos pais alimentam a ideia de que tudo passará com o tempo, mas na maior parte das vezes, o tempo confirma os seus piores receios e a realidade vai revelando um agravar da situação. 11
  • 12. Quais as causas? De acordo com o Dr. Nuno Lobo Antunes, a dopamina é um neurotransmissor presente no corpo humano que induz adrenalina, estimulando o Sistema Nervoso Central. Este neurotransmissor é responsável por controlar os nos- sos impulsos, antecipar e prever as consequências dos nossos actos, determinar o que é mais importante e por- que ordem devemos realizar as nossas tarefas. Os lobos pré-frontais organizam o dia e permitem-nos tomar decisões acertadas e racionais. Na PHDA os lobos frontais, sobretudo a zona mais ante- rior, têm dificuldade em focar-se por tempo prolongado numa tarefa, em organizar o tempo e as actividades e em controlar os impulsos. Assim, nos indivíduos que sofrem da PHDA, os seus lobos pré-frontais têm baixos níveis de dopamina, o que impossibilita que possam ser utilizados. A actividade do lobo pré-frontal, em pessoas que sofram de PHDA, leva a dificuldades em prever o futuro e em ini- bir o que se deseja agora. Crê-se que os maiores responsáveis pelo problema sejam os genes. Os factores genéticos parecem, no entanto, influenciar de forma distinta rapazes e raparigas. (Nuno Lobo Antunes, Mal-entendidos, 2009) 12
  • 13. É difícil, na maioria dos casos, determinar uma etiologia precisa, já que também não é detectável nenhum dano cerebral, como acontece noutras perturbações mentais. Existem alguns estudos que indicam que este tipo de per- turbação apresenta maior incidência nos rapazes que nas raparigas. A questão que estas investigações colocam prende-se com a determinação dos factores responsáveis por estas diferenças. Assim, estas teorias explicativas, baseadas umas em factores genéticos e outras em facto- res neuroquímicos não apresentaram resultados que per- mitam chegar a explicações absolutamente conclusivas. 13
  • 14. As características da PHDA podem também resultar da interacção de outros factores, como por exemplo: Factores genéticos: Estudos revelam que as caracterís- ticas bioquímicas, que influenciam o aparecimento de sin- tomas de PHDA, são transmitidas de pais para filhos. Não há uma clara relação entre a vida familiar e a Hipe- ractividade, pois nem todas as crianças de famílias instá- veis ou disfuncionais têm esta perturbação e nem todas as crianças com PHDA provêm de famílias disfuncionais. Factores pré-natais: O uso de álcool e drogas durante a gravidez ou complicações intra-uterinas, e pré-natais, como traumatismos crânioencefálicos e anoxia, são tam- bém considerados responsáveis por mudanças estruturais e funcionais do cérebro. Factores alimentares: Consta que alguns açúcares, corantes e conservantes têm uma relação com a PHDA, apesar de ainda não estar cientificamente comprovado que estes sejam uma causa para o aparecimento desta perturbação. No entanto, observou-se, por exemplo, que quando crianças com hiperactividade consumiam muito açúcar aumentava o seu nível de agitação, embora uma dieta sem açúcar não diminuísse os sintomas da hiperacti- vidade. 14
  • 15. Factores biológicos1: Foi detectado que as pessoas com hiperactividade têm áreas do cérebro menos activas em comparação com as pessoas que não têm este distúrbio, o que leva à suspeita de uma possível disfunção do lóbulo frontal e das estruturas diencéfalo-mesenfálicas. Porém, do ponto de vista biológico, sabe-se que as razões fundamentais que originam esta disfunção cerebral são fruto de um défice ao nível do desenvolvimento de circui- tos cerebrais responsáveis pela manutenção da atenção por tempo prolongado em tarefas de natureza monótona e pela inibição comportamental. Desta forma, é natural que os indivíduos com PHDA apresentem dificuldades em autocontrolar-se, em resistir à frustração, em adiar a gra- tificação e em focalizar e manter a atenção numa só tare- fa. 1 In http://www.psicologia.com.pt/ artigos/textos/TL0041.pdf 15
  • 16. Quem sofre desta perturbação? Todas as faixas etárias podem sofrer desta perturbação, no entanto os casos mais comuns são em crianças e em adolescentes, pois à medida que estas vão crescendo vão atenuando os seus comportamentos. Como já foi dito anteriormente, pensa-se que esta pertur- bação tenha uma condição hereditária e vários foram os estudos que levaram a esta hipótese. Por exemplo, con- forme encontrámos na Brochura do CADin, Stevenson (1994, cit. por Barkley, 1998) refere, numa revisão da lite- ratura sobre estudos com gémeos, que é possível verificar a existência de PHDA em cerca de 80% dos pares de gémeos. Estudos familiares têm verificado também que, num grande número de famílias, a existência de uma criança com PHDA, revela a existência de um familiar pró- ximo com o mesmo problema não identificado na infância. 16
  • 17. A hiperactividade do tipo predominantemente desatento (sem agitação motora pronunciada) é mais frequente em raparigas. A ausência de hiperactividade, propriamente dita, leva a que estas sejam diagnosticadas 4 anos mais tarde que os rapazes. O sexo masculino tende a ter uma maior incidência para o problema. A ocorrência de PHDA no adulto é cerca de metade da incidência em crianças e jovens. A PHDA associa-se a outros problemas. Menos de 1/3 das crianças com PHDA sofrem esta perturbação no “estado puro”, isto é, sem que outras perturbações lhe estejam associadas. 17
  • 18. Quais os comportamentos que os hiperactivos adoptam? A criança pode ter dificuldades em: Défice de atenção e - seleccionar informações concentração - iniciar actividades - manter a atenção até ao final de uma tarefa - prestar atenção a dois estímulos em simultâneo Estas crianças têm dificuldade em: - reflectir antes de agir Impulsividade - prever as consequências das suas acções - planificar actividades - seguir normas estabelecidas Estas crianças podem manifestar um nível excessivo de movimento corporal (actividade quase perma- Hiperactividade nente e incontrolada sem finalida- de concreta). As dificuldades podem ser mais evidentes nas situações em que se requer maior tranquilidade. 18
  • 19. - baixa tolerância à frustração - baixa auto-estima - dificuldades em seguir nor- mas - desmotivação escolar - rendimento escolar oscilante - dificuldades em respeitar a sua vez, precipitação nas res- postas - podem ser pouco populares entre os seus companheiros - fazem barulhos ou sons desadequados Outras características - são imprevisíveis e distraídos apresentadas: - parece que não escutam quando se fala com elas - perdem ou esquecem o material escolar - têm os deveres pouco cuida- dos - podem ser lentas a copiar a informação - têm dificuldades em adaptar- se às mudanças - reagem de forma despropor- cionada quando provocadas - podem ser facilmente explo- radas pelos outros 19
  • 20. Desatenção – Têm muita dificuldade em manterem-se atentos e concentrados, não conseguem dar atenção a detalhes, distraem-se facilmente, parecem estar sempre a sonhar acordados ou de “cabeça no ar”, são desorganiza- dos, perdem tudo, o desempenho é muito irre- gular (dias bons e dias maus), evitam tarefas que requerem esforço mental c o n tí n uo, fr e q ue n te s esquecimentos na vida quotidiana. Hiperactividade – Mexem as mãos ou os pés ou con- torcem-se na cadeira, estão sempre em movimento, falam demais. Não são capazes de estar sentados durante muito tempo, levantam-se várias vezes à refeição, não aguen- tam uma aula inteira sentados, levantam-se, correm, interferem e implicam com os outros; respondem de for- ma atabalhoada às questões; interrompem os outros, têm dificuldade em esperar numa fila ou em aguardar a sua vez nos jogos; fazem ruídos com os objectos que têm nas mãos ou simplesmente com a boca. 20
  • 21. Impulsividade - Têm enorme dificuldade em inibir ou parar uma resposta, seja esta um comentário ou um com- portamento. Assim sendo, falam, comentam, respondem e agem sem pensar primeiro nas consequências, tornando- se, por vezes, inconvenientes e desagradáveis. Esta carac- terística prejudica o desempenho escolar e dificulta o aguardar pela vez que lhes compete. Devido também à Impulsividade estes correm para o meio da rua sem olhar, o que faz com que fiquem mais vulneráveis aos acidentes de viação. 21
  • 22. Como diagnosticar este transtorno? A PHDA não tem um marcador biológico, um parâmetro facilmente mensurável, que nos permita afirmar com segurança a presença da disfunção. O comportamento da criança pode ser distinto em casa, na sala de aula ou no próprio gabinete médico, pelo que a análise do comportamento deverá ser feita com base nos diferentes espaços que esta possa percorrer. A Hiperactividade é uma perturbação com características próprias do desenvolvimento da criança e, como tal, deve ser avaliada com critério e por profissionais habilitados. Sem o devido diagnóstico pode ser confundida com doen- ças mais graves, como a esquizofrenia, ou simplesmente não passar de “mau comportamento”. 22
  • 23. Teste de Conners Conners desenvolveu um questionário conduzido por um conjunto de comportamentos, graduados numa escala, e que permite obter um perfil comportamental da criança. Os resultados são expressos em valores numéricos e com- parados com os obtidos por um conjunto de crianças sem PHDA. Além de ajudar no diagnóstico, os questionários podem ser úteis na avaliação da intervenção terapêutica. Porém, podem existir resultados discrepantes entre os vários informadores. A suspeita de PHDA numa criança deve ser despistada por uma avaliação de um médico experiente em perturbações emocionais que avalie a criança de uma forma global, inquirindo a qualidade das suas relações familiares, amiza- des, hábitos, hobbies, medos e atitudes. 23
  • 24. Perguntas-chave de um diagnóstico: 1. Tem ou não esta criança maior dificuldade que outras da mesma idade em concentrar-se em tarefas que exigem esforço mental? R: É necessário saber qual é a capacidade de atenção expectável para cada etapa do desenvolvimento. A avalia- ção da capacidade de atenção deve-se fazer quando a criança se encontra envolvida em tarefas que requerem esforço mental. Os professores deverão ter uma amostra significativa de crianças para saber se alguma delas foge da norma. 2. Definida a presença de uma dificuldade em manter a atenção, a questão seguinte prende-se com as circunstân- cias em que esta surge. R: As implicações do Défice de Atenção verificam-se nas rotinas de todos os dias. Os filhos não são autónomos, não se organizam no tempo, não se conseguem responsa- bilizar por despir/vestir, tomar banho, comer, organizar a mochila, entre outras. Como resultado os pais substituem- nos em praticamente tudo e as crianças tornam-se muito dependentes. 24
  • 25. 3. Socialmente também são crianças com dificuldades em jogos de grupo, principalmente se implicam um planea- mento com regras para cumprir (facilmente as esquecem). A dificuldade de atenção prejudica a criança de forma cla- ra? R: Os resultados escolares de uma criança com PHDA poderão ser razoáveis, mas no entanto inferiores aos do potencial revelado pelo aluno. Ou então, existe um enor- me consumo de energia, por parte dos pais e da criança, que interfere com a oportunidade de desfrutar tempos de lazer, para realizar trabalhos de casa ou estudar. 25
  • 26. 4. Porque razão o diagnóstico se baseia na interpretação de relatos e observações, e não se pode apoiar exclusiva- mente em valores estatísticos obtidos através de questio- nários? R: A criança deve ser avaliada no seu contexto familiar e escolar, desmontada e compreendida a sua rede de liga- ções emocionais, hábitos ou idiossincrasias emocionais. O diagnóstico da PHDA assenta na revelação do quotidia- no íntimo da criança e sua família, na análise dos compor- tamentos na aula e no recreio, e pela observação do com- portamento no gabinete de consulta (gestos, movimentos e olhares – códigos que apuram a dificuldade de atenção). (Nuno Lobo Antunes, Mal-entendidos, 2009) 26
  • 27. Que factores pioram o prognóstico? A PHDA, se não for identificada correctamente e conse- quentemente não der origem a uma intervenção atempa- da, pode originar outras perturbações e desadaptações, por vezes mais graves que a hiperactividade em si mes- ma. Esta perturbação não surge na vida de uma criança em consequência de uma situação traumática (como um divórcio ou morte de um familiar próximo). Pode, porém acontecer, que as características que já estavam presentes no comportamento, se agravem e se tornem mais disrup- tivas nessas alturas. Esquematicamente, os factores que pioram o prognóstico podem ser:  Diagnóstico tardio;  Fracasso escolar (a auto-estima tem um papel impor- tante numa boa evolução da perturbação);  Educação demasiado permissiva ou excessivamente rígida (deve-se tentar encontrar um meio termo);  Ambiente familiar marcado pelo stress e/ou hostilida- de/violência;  Problemas de saúde ou atrasos no desenvolvimento;  Problemas familiares (alcoolismo, patologias psiquiá- tricas, etc.). 27
  • 28. Quais os tratamentos e terapias? A intervenção pressupõe dois planos: a intervenção ao nível dos sintomas próprios da perturbação e, ao nível da desadaptação secundária existente em cada caso. Na maioria das situações, a PHDA provoca um ciclo vicio- so de relações interpessoais e de insucesso em diferentes planos. Actuar ao nível dos sintomas, pode ser o primeiro passo para que outras situações se possam resolver. Esta actuação pressupõe, em muitos casos, uma intervenção farmacológica, à base de psicoestimulantes, que actuam ao nível do Sistema Nervoso Central, melhorando as capa- cidades de atenção e diminuindo a impulsividade do indi- víduo. 28
  • 29. No entanto, uma intervenção exclusivamente farmacológi- ca não é suficiente. A Hiperactividade resulta de inúmeras dificuldades e, a actuação ao nível dos sintomas, não pro- move nem desenvolve as competências que cada criança necessita adquirir no seu percurso de vida. Como tal, é de afirmar que a intervenção na PHDA deve ser Multimodal1. A monitorização dos comportamentos da criança (evolução, diferenças ao longo do dia, surgimento de reacções inesperadas) é um valioso instrumento para afe- rir os resultados da intervenção terapêutica e deve ser comunicada aos pais e/ou médico assistente da criança. 1 Uma abordagem Multimodal inclui uma combinação de Programas de Modifica- ção Cognitivocomportamental (mudanças de comportamento na escola e em casa) e uma intervenção farmacológica. 29
  • 30. Ser pai ou mãe de um hiperactivo Na família, a PHDA representa um desafio diário. As situa- ções de conflito são mais frequentes e mais intensas do que noutras famílias com crianças da mesma idade, o que gera, nos pais uma angústia e sentimentos de culpa. A angústia de não conseguir gerir as situações vem quase sempre acompanhada de um grande sentimento de incompetência parental, potencializado pelas situações sociais vividas entre os amigos e com a sua própria famí- lia. Não é raro que, as famílias com crianças hiperactivas, se isolem e desistam de realizar um conjunto de activida- des. Acabam por se fechar em si mesmas e aumentar as suas dificuldades. 30
  • 31. O desgosto, por não conseguirem que os filhos se com- portem como as outras crianças, conduz frequentemente a uma grande tensão familiar que se reflecte na relação conjugal e na relação de fraternidade. Os sentimentos generalizados de incompetência arrastam, frequentemen- te, uma necessidade de culpabilizar o outro pelo “mau comportamento” da criança hiperactiva que, por sua vez, sente essa acusação dirigida a si mesma. Este sentimento gera mais comportamentos disruptivos, potencializando o ciclo vicioso que se instala nas relações familiares. É fre- quente assistirmos a estilos parentais muito punitivos, sabendo que a punição é o caminho errado para aliviar a tensão. Um dos passos mais importantes para quebrar este ciclo consiste no facto dos pais poderem perceber o que é a Hiperactividade, em que consiste, e como é que as suas características provocam desadaptação na vida da criança. Para tal, a informação é muito importante, bem como a realização de reuniões formativas. 31
  • 32. Como posso eu ajudar o meu/minha filho/a? É a pergunta mais frequente e que a maioria dos pais faz. Existem várias estratégias que podem contribuir para uma boa comunicação com a criança. Encontrámos numa bro- chura informativa do CADin as seguintes estratégias para os pais:  Seja proactivo – isto é, é preferível que antecipe a situação, evitando que aconteça, do que reagir a ela. Para orientar a criança, ajude-a a encontrar soluções alternativas e a rever os erros cometidos, mantendo a calma e a tranquilidade.  Ponha as coisas mais importantes em primeiro lugar – há situações que podem ser ignoradas. Não reaja a todas da mesma forma, ignorando aquelas que não interferem significativamente com a vida familiar e com a saúde e segurança de todos.  Tente compreender a situação do seu filho antes de querer ser compreendido – se tentar, em primeiro lugar, entender a situação do seu filho, aumenta a probabilidade de ser correspondido, pois está a actuar como modelo. 32
  • 33. Promova a cumplicidade entre pai e mãe e entre pais e filhos – se existir uma cumplicidade entre os pais, é mais provável que a acção desejada seja alcançada com sucesso.  Utilize com frequência o reforço positivo – refor- ce de forma imediata o bom comportamento e as capacidades do seu filho. Não deixe para depois o jogo prometido ou a ida a um sítio especial. Escolha algo que possa dar de imediato e aposte em conce- der-lhe um tempo especial entre si e ele, sem interfe- rências.  Se tiver de utilizar uma punição – não grite nem se exalte. Explique porque é que está a actuar desta forma, mantendo a calma ao falar e agir. Não puna a criança numa situação de “conflito aberto” ou numa “birra”. Nestes casos retire a criança da situação e espere que se acalme. Relembramos que não se deve exaltar. Quando a criança estivar calma explique-lhe o porquê da punição (não física, mas sim retirada de privilégios). 33
  • 34. Ajude o seu filho a organizar-se – crie rotinas para o seu filho e procure que a criança participe nas rotinas familiares, mas não se esqueça, que as tare- fas devem estar adequadas às suas capacidades e que deve tentar dar a informação de forma clara e concisa de forma a facilitar a assimilação por parte da criança.  Ajude o seu filho com as amizades – organize situações lúdicas de desafio e aventura, fora de casa, e aproveite as situações para modelar as relações entre ele e os amigos e para o ajudar a organizar-se e adequar o ser comportamento.  Mantenha sempre a calma – ou pelo menos tente e treine, pois manter uma atitude firme mas tranquila é essencial para lidar com o seu filho. 34
  • 35. A Hiperactividade e a escola Dificuldades de aprendizagem Muitas crianças com PHDA apresentam dificuldades a nível da leitura, ortografia, escrita, matemática e linguagem (com uma incidência que varia entre os 35 e os 50%). Estas crianças têm um rendimento académico que pode ser muito inferior às suas capacidades intelectuais devido aos seus problemas de atenção, memória e escasso con- trolo dos impulsos. 35
  • 36. Défice de atenção O défice de atenção é a principal causa da existência de um rendimento escolar aquém das possibilidades da crian- ça. O défice de atenção implica uma dificuldade em seleccio- nar os estímulos de forma adequada. Quando a informa- ção chega a estas crianças, elas fixam-se em detalhes mínimos e não são capazes de apreender a ideia principal. Assim, quando respondem a uma pergunta, podem fazê-lo pela tangente e, nos seus trabalhos, distribuem mal o tempo. Automonitorização inadequada (ausência de controlo de qualidade) Estas crianças cometem erros pelo facto de concluírem e entregarem os trabalhos de forma precipitada. Quando lêem em voz alta, enganam-se nas palavras por- que não comprovam se a palavra faz sentido naquela frase antes de a dizer. Isto deve-se à falta de aten- ção, mas também à sua impulsivida- de. 36
  • 37. Dificuldade em manter o esforço Estas crianças têm muita dificuldade em manter a atenção em actividades que não lhes geram interesse. Aborrecem- se, desconcentram-se nos deveres, enquanto um jogo de vídeo é capaz de captar a sua atenção durante horas. Esta falta de perseverança afecta de forma significativa o ren- dimento nos primeiros anos de escolaridade. Estas crian- ças cansam-se facilmente em trabalhos que exigem a sua concentração e é natural que evitem essas tarefas. Memória É difícil separar os problemas de atenção dos problemas de memória. Se não somos capazes de estar atentos a uma informação, dificilmente conseguimos apreendê-la, integrá-la e armazená-la. Normalmente estas crianças têm uma boa memória a longo prazo mas a sua memória a curto prazo e a memória de trabalho deixam muito a desejar. Recordam-se do que aconteceu há um ano, mas têm muita dificuldade em reproduzir o que se lhes acabou de explicar. 37
  • 38. Memória a curto prazo A maioria destas crianças tem muita dificuldade em recor- dar instruções e em reter informação sequencial. Memória de trabalho Refere-se à capacidade de reter vários tipos de informa- ção ao mesmo tempo. Se não somos capazes de repre- sentar mentalmente vários números, não podemos fazer cálculos mentais. Se queremos compreender o que lemos, temos que ser capazes de recordar as palavras do princí- pio de um parágrafo quando chegamos ao fim. Na lingua- gem, a memória de trabalho ajuda-nos a combinar pala- vras mentalmente para conseguir o máximo de impacto ao utilizá-las oralmente ou por escrito. 38
  • 39. Controlo Executivo A capacidade de reflectir e planear antes de actuar está afectada nestas crianças o que lhes causa problemas em estabelecer prioridades, planificar, organizar o tempo, antecipar consequências, aprender com a experiência e sintonizar socialmente. Leitura e Ortografia  problemas com a fonética das palavras;  problemas na leitura visual – reconhecer palavras; pela forma;  problemas de compreensão da leitura;  impulsividade, escassa automonitorização, problemas de compreensão motivados pela fraca memória de trabalho. 39
  • 40. Matemática Os problemas de cálculo mental são quase universais nas crianças com PHDA e muitas delas têm também dificulda- des específicas na área da matemática. Não têm dificulda- des em reproduzir os números de memória e podem con- tar por correspondência (ex: utilizando os dedos) mas quando se lhes retira esse suporte começam os proble- mas. Muitas crianças têm também uma discalculia – custa -lhes entender o tamanho relativo das figuras, aprender tabuadas, recordar sequências de algarismos, entender o significado dos sinais e compreender conceitos matemáti- cos avançados. 40
  • 41. Linguagem oral Estas crianças costumam ter uma forma particular de expressar-se e muitos problemas na aprendizagem da lei- tura correspondem a dificuldades que têm na hora de des- codificar a linguagem no cérebro. Os problemas de falta de atenção, memória de trabalho e controlo executivo são a causa da maioria das dificuldades a nível da expressão oral. As crianças respondem sem terem escutado a pergunta, interrompem as conversas dos outros e são muito desorganizadas. O seu discurso pode carecer de uma linha narrativa clara, podendo saltar de um assunto para outro. Com os seus problemas de selectividade, são capazes de se perder em pormenores irrelevantes e podem não saber dar uma ideia de conjunto ao seu discurso. Os seus relatos costumam ser muito interrompidos por hesitações que podem ocultar a dificul- dade real em encontrar uma palavra adequada. Quando se lhes colocam perguntas abertas, podem responder “não sei” ou “não me lembro” para não terem que se esforçar a organizar o discurso. Muitas vezes têm dificul- dade em adaptar o discurso ao interlocutor – falta de habilidades pragmáticas da linguagem. 41
  • 42. Aspectos positivos Para além das características e comportamentos típicos dos alunos com Hiperactividade, também devemos realçar alguns factores positivos que, por vezes, lhes estão asso- ciados, tais como:  Ingenuidade;  Criatividade;  Espontaneidade;  Grandes reservas de energia  Sensibilidade relativamente às necessidades dos outros;  Receptividade e disposição para perdoar;  Disposição para correr riscos;  Intuição;  Curiosidade;  Imaginação;  Abordagens inovadoras;  Gestão de recursos;  Empatia;  Bondade;  Capacidade de observação;  Muitas ideias. 42
  • 43. Intervenção da escola Como integrar um hiperactivo no meio escolar? O estilo de aprendizagem de uma criança com PHDA é muito diferente do estilo de uma criança sem PHDA. São crianças menos reflexivas, com tendência a prestar aten- ção a muitos estímulos em simultâneo e com maior difi- culdade em processar estímulos verbais. São crianças que “aprendem fazendo”, por tentativa e erro e que se movem para “obter algo”. Necessitam, com frequência, de pistas orientadoras para a realização das tarefas. A sua aprendi- zagem escolar melhora se as tarefas forem curtas e esti- mulantes e se forem sistematicamente forçadas positiva- mente pelas suas conquistas. Para se ter sucesso, deve-se encarar a situação como um todo, um sistema em desequilíbrio, que necessita de ser reorganizado e estruturado. É importante que se equacione todos os elementos desse sistema (criança, escola, professor, recursos, colegas, família, etc.) e as interacções que entre eles estabelecem. 43
  • 44. Para intervir na escola é necessário modificar os contextos e práticas, as atitudes, crenças, entre muitos outros. O professor é uma peça chave no desenvolvimento destas crianças e só a estreita colaboração entre a escola e a família permite uma intervenção adequada. Na escola, o hiperactivo deve ser acompanhado por uma equipa multidisciplinar, mas na ausência desta, o professor terá de implementar um conjunto de estratégias e técni- cas pedagógicas para ajudar a criança com PHDA a res- ponder melhor à aprendizagem. 44
  • 45. Como distinguir um aluno hiperactivo de um aluno irrequieto? Antes de passarmos às estratégias para professores, devemos esclarecer esta diferença. Nem todas as crianças com dificuldades em manter a atenção, irrequietas e impulsivas têm uma PHDA. Pode existir outra perturbação que origine tais sintomas ou pode ser que a criança seja, apenas, mais desatenta, irre- quieta e/ou impulsiva do que as outras da sua idade. Importa acima de tudo saber se essas características estão a causar sofrimento e desadaptação na sua vida e nos contextos familiar, escolar e social. Deve-se encaminhar a criança ao Gabinete de Educação Especial da escola onde poderão contactar especialistas e diagnosticar, ou não, a criança com hiperactividade. 45
  • 46. Métodos e estratégias de ensino para focalizar e manter a atenção:  Diminuir os factores de distractibilidade – a sala de estudo ou de aula deve estar isenta de factores de alheamento como televisores, telemóveis ou brinque- dos. Os principais factores de desatenção na sala de aula são os próprios colegas, pelo que a procura do melhor lugar para sentar a criança com PHDA é cru- cial.  Facilite a atenção – criar uma aula viva e interes- sante. Material visual atraente, sublinhados, instru- ções curtas e dadas uma de cada vez (reforçadas com o contacto visual para o professor assegurar que o contacto foi ouvido). Utilização de um sinal conven- cionado para chamar a atenção (toque no ombro ou na carteira). 46
  • 47. Desloque-se pela sala para manter a visibilida- de  Ajude na organização do trabalho – ajude na criação de métodos e hábitos de estudo do aluno, de forma a facilitarem a sua organização do trabalho.  Deve ser dado tempo suficiente ao estudante com Hiperactividade para copiar as indicações do quadro para o caderno, uma vez que se trata de um aluno mais lento que os colegas.  As expectativas e objectivos terão de ser cla- ros.  Calendários bem visíveis no local de trabalho com inscrição das datas de testes e apresentações de tra- balhos.  Utilização de instrumentos simples que emitam sinais sonoros para poder regular o ritmo de trabalho ou de estudo.  Estimular o estudante a realizar resumos dos aspectos mais importantes e sublinhar as palavras- chave.  Informar os pais de imediato quando os trabalhos não são realizados. 47
  • 48. Diminuir a frustração – O elogio e o reforço positi- vo são fundamentais. Se a criança estiver com dificul- dades em se manter tranquila durante um longo período de tempo, escolha-a quando é necessário fazer um recado ou uma pequena tarefa como reco- lher enunciados.  Os alunos com PHDA deverão ser inscritos nas aulas de manhã, altura do dia em que lhes será mais fácil manter a atenção.  Os métodos de avaliação devem ser ajustados às crianças com PHDA sendo as provas orais o melhor método de avaliar uma criança hiperactiva.  Avisar/alertar o aluno se este “saltou” uma pergunta ou se cometeu um erro por evidente falta de atenção.  Os pais são a autoridade – a criança deverá com- preender que qualquer acto que pratica tem conse- quências 48
  • 49. Deve-se incentivar a criança com prémios e recompensas - Para reforçar os comportamentos positivos, os professores podem encontrar formas de compensar os alunos. Esses prémios podem ser con- quistados sempre que o aluno atinja um patamar de “pontos”/”estrelas” previamente definidos pelo pro- fessor. Os pais da criança devem ser informados acer- ca dessas conquistas. Esses pontos podem ser con- quistados individualmente ou em grupo. (por exem- plo, apagar o quadro, fechar a porta à chave, fazer recados, etc.). 49
  • 50. Na apresentação de tarefas:  Utilize a instrução verbal em combinação efectiva com suporte visual;  Não dê instruções muito compridas e com informação pouco pertinente; seja claro nos seus pedidos;  Providencie que a instrução seja dada de forma direc- ta à criança em causa;  A instrução deve ter em conta a experiência anterior da criança sobre o assunto ou tarefa e o professor deve certificar-se de que a criança compreendeu o pedido;  Utilize meios dinâmicos e estimulantes para apresen- tar as tarefas às crianças. A investigação tem demonstrado que ao aumentar o grau de estimulação nas tarefas, bem como implicar a novidade nos mate- riais e métodos utilizados, melhora a capacidade de resposta da criança com PHDA. Assim, utilize o traba- lho de grupo, as cantilenas, a resposta em coro, o diálogo, a actividade motora, a cor e a forma altera- da, para estimular a focar a atenção. 50
  • 51. Na avaliação:  A criança com PHDA beneficia se a sua avaliação for essencialmente verbal, ou através de trabalhos de natureza vária.  Na realização dos testes necessita de mais tempo e de um ambiente calmo e longe de factores distracto- res.  As perguntas de um teste também deverão ter algu- mas adaptações como: não existirem perguntas enca- deadas, cuja resposta depende de uma anterior; não existirem perguntas com muita informação contex- tual; nas perguntas de escolha múltipla ter muito cui- dado com a forma como as alternativas são dadas (não existirem alternativas com pequenas nuances). 51
  • 52. Quando existem perguntas de escolha múltipla, o professor deve acautelar que a impulsividade pode provocar erros de resposta.  Durante a realização de testes tente perceber se a criança está a ler as perguntas até ao fim e de forma correcta.  Evite testes fotocopiados frente e verso e se assim for, chame a atenção da criança para o facto.  Utilize cópias a preto e branco, saliente informação pertinente nas perguntas, utilize os testes como guia de estudo. Adapte materiais de apoio ao estudo  A maioria dos materiais de apoio ao estudo contém muita informação, o que dificulta a atenção da crian- ça com PHDA.  Lembre-se que estas crianças têm muita dificuldade em resumir textos e em tirar as informações mais importantes da leitura dos mesmos.  Não use materiais com muita informação.  Sintetize o máximo possível a informação nuclear e acompanhe com ilustrações ou desenhos apelativos. 52
  • 53. 53
  • 54. Conclusão A experiência escolar pode constituir um verdadeiro desa- fio para uma criança com PHDA. A sua impulsividade impede-a de responder de forma reflexiva e conduz fre- quentemente ao erro, as dificuldades de memória de cur- to prazo dificultam a retenção de informação, as dificulda- des de planeamento e organização interferem com a escrita, em especial, quando há tempo limitado para tal. A grande maioria das crianças é identificada quando começa a existir uma dificuldade em acompanhar as exi- gências escolares próprias para a sua idade e se começam a repetir os insucessos e falhanços. Outras razões de iden- tificação são os comportamentos disruptivos, frequentes na sala de aula, ou as dificuldades de relacionamento com os pares. Para lidar com estas crianças deve-se conhecer a pertur- bação. Saber distinguir quando se trata de mau comporta- mento ou da perturbação. Estas crianças não fixam a sua atenção e portanto torna-se difícil chamá-las à razão para algo que fizeram mal. Não cumprem regras, pois não as decoram e isso dificulta a sua aprendizagem. Não são crianças intelectualmente inferiores às outras, simples- mente não conseguem expressar a sua inteligência. 54
  • 55. Com este trabalho, pretendemos ajudar a comuni- dade escolar, e até os pais, a lidar e a perceber estas crianças, pois, “mais que uma inquietação, elas têm uma perturbação.” 55
  • 56. 56
  • 57. Referências bibliográficas  Antunes, N. L. (2009). Mal-Entendidos. Verso da Kapa.  Associação Portuguesa da Criança Hiperactiva. (s.d.). Obtido de http://www.apdch.net/.  Desordem por Défice de Atenção com Hiperactivida- de. (s.d.). Obtido de http://ddah.planetaclix.pt.  Documentos facultados pelo Gabinete de Educação Especial e Apoio Educativo.  Hiperactiva, A. P. (s.d.). Pertubação de Hiperactivida- de com Défice de Atenção - um guia para professo- res.  Hiperactividade, G. d. (Abril de 2010). Inquéritos a professores e sua análise.  Pina, D. S. (Maio de 2010). Entrevista com uma Psi- coterapeuta e mãe de uma criança hiperactiva. (G. d. Hiperactividade, Entrevistador)  Rodrigues, A. N. (Abril de 2005). Hiperactividade e Défice de Atenção - Compreender e Intervir na Escola e na Família. Cascais: CADin. 57
  • 58. 58
  • 60. INQUÉRITO DESTINADO A PROFESSORES Este inquérito tem como objectivo a realização de um trabalho sobre Hiperactividade – “Vida a 100 à hora!”, no âmbito de Área de Projecto do 12º1. Sexo: F □ M □ Idade: □ Menos de 30 □ Entre os 30 e os 50 □ Mais de 50 Disciplinas leccionadas: ___________________________________________________ Há quantos anos lecciona? □ 1 a 10 anos □ 11 a 20 anos □ Mais de 20 anos Anos de escolaridade que lecciona: □ 7º ano □ 8º ano □ 9º ano □ 10º ano □ 11ºano □ 12ºano □ Cursos Profissionais □ Ensino Nocturno 1. Sabe o que é um hiperactivo? □ Sim □ Não 2. Percebe como deve reagir correctamente com um/a aluno/a hiperactivo? □ Sim □ Não □ Com dificuldade 3. Seleccione as opções que remetem para sintomas de Hiperactividade: □ Não cumpre as regras. □ Trabalha isolado/a. □ Não consegue manter a atenção durante muito tempo. □ Não consegue permanecer sossegado/a. □ Má educação persistente. 4. Que medidas se devem adoptar, numa sala de aula, com um/a aluno/a hiperactivo? □ Agir normalmente com o/a aluno/a. □ Manter o aluno/a isolado/a dos colegas para bom funcionamento da aula. □ Reforçar de forma positiva o esforço do/a aluno/a. □ Ser persistente com o/a aluno/a. □ Utilizar sanções disciplinares por mau comportamento e distúrbio. □ Utilizar métodos de ensino alternativos e estimulantes (cores, animações, diminuição dos estímulos externos). 5. Os alunos hiperactivos devem ter avaliações (critérios, instrumentos,…) especiais em relação aos colegas? □ Sim □ Não Porquê? ___________________________________________________________________________________________ Muito obrigada pela sua colaboração! Grupo 2 Ana Sofia Matos Filipa Nascimento Inês Sim Sim Marta Zegre 60
  • 61. Resultados dos Inquéritos 1. Sabe o que é um hiperactivo? 2. Percebe como deve reagir correctamente com um/a aluno/a hiperactivo? 3. Seleccione as opções que remetem para sintomas de Hiperactividade: 61
  • 62. 4. Que medidas se devem adoptar, numa sala de aula, com um/a aluno/a hiperactivo? 5. Os alunos hiperactivos devem ter avaliações (critérios, instrumentos,…) especiais em relação aos colegas? 62
  • 63. Análise dos Resultados No âmbito do projecto “Hiperactividade – Vida a 100 à hora!”, do grupo 2, do 12º1, foram elaborados inquéritos dirigidos a professores. Foi recolhida aleatoriamente uma amostra de 37 professores, sendo 26 do sexo feminino e 11 do sexo masculino. Depois de recolhidos os inquéritos, estes foram analisados e pudemos retirar algumas conclusões: Todos os inquiridos sabem o que é um hiperactivo e no entanto, a maioria tem dificuldade em perceber como se deve reagir correctamente com alunos que sofram desta perturbação. Mostraram também reconhecer os sintomas de Hiperactividade, não contrariando as res- postas da questão anterior. 63
  • 64. É de salientar que a maioria dos professores escolheu opções correctas acerca de como lidar com um hiperactivo numa sala de aula. Agir normalmente com o aluno, reforçá-lo de forma positiva, a persistência e a utilização de métodos de ensino alternativos e estimulan- tes são as medidas a tomar pela grande maioria. Ainda assim, há uma pequena percentagem que indi- ca que ainda se acha que se devem aplicar sanções disciplinares por mau comportamento ou isolar o aluno para um bom funcionamento da aula. Há grande ambiguidade em relação à questão das avaliações especiais para hiperactivos. Metade dos hiperactivos inquiridos é a favor de serem feitas avaliações, serem utili- zados critérios e instrumentos de avaliações diferentes para hiperactivos e a outra metade é contra. 64
  • 65. 65
  • 66. A minha filha antes de ser diagnosticada com hiperactivi- dade, tinha, de facto, características muito específicas que eu penso que estão presentes na maioria das crianças com hiperactividade, tais como: o facto de não dormir, a agitação que formava uma desarrumação total da casa, e que fazia com que não houvesse nada que estivesse no devido lugar, pois isso não era possível. Esta agitação, não é igual em todas as crianças, no caso da minha filha eram tiques. Ela tinha muitos tiques, ela não conseguia estar sentada, tinha sempre a perna de baixo do rabo, depois tirava-a e depois ficava de joelhos. Ela não saltava nem se pendurava nos candeeiros. Não era isso, mas tinha tiques muito pequeninos. Chuchava tudo. Destruía os lápis e as canetas. Até podia ser o objecto mais rijo, que ela conseguia danificá-lo com a boca. Fazia muitos gestos. Eram pequenos tiques que mostravam bem a ansiedade e o mal-estar dela. Eu na altura não pensei que fosse uma PHDA, pensava apenas que era uma menina mais mexida e que tinha difi- culdade na arrumação e no cumprimento das regras. Nunca pensei que pudesse ser hiperactividade, até ela ter entrado para a escola. Dra. Susana Pina Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta e mãe da Marta, uma menina hiperactiva. 66