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Retrospectiva Prospectiva: O segundo capítulo do ontem
01 de Julho de 2012

O segundo semestre começa com o sabor do ontem, como uma extensão da ansiedade externa
do primeiro semestre. A crise espanhola se acirrou por meio da explicitação da ajuda de €100
bilhões para a capitalização dos bancos, do reconhecimento progressivo dos esqueletos das
províncias e da constatação do banco central espanhol de que a recessão poderá se estender
até 2014. Na zona do euro, portanto, em geral, o sentimento é de agonia prolongada e
ciclotímica; o risco de contágio das economias periféricas (notadamente Portugal, Irlanda e
Grécia) e maduras (Itália e França, em particular) tende a se ampliar ao acompanhar os
aumentos dos yields dos títulos soberanos espanhóis entre 2 e 10 anos. A profecia e o
contágio tornam-se auto-realizáveis na medida em que as elevações dos yields soberanos
espanhóis ampliam a relação dívida bruta soberana/PIB e deterioram a razão déficit
público/PIB.
A sensação de fim prolongado só cede temporariamente às reações, sempre tardias, da União
Europeia (UE) e do banco central europeu (BCE) que, em alguns momentos, tomam a forma
de aumentos e flexibilização dos fundos europeus de resgate, como o EFSF (European
Financial Stability Facility) e o ESM (European Stability Mechanism); em outros momentos,
adquirem o formato de mais emissão monetária por parte do BCE por meio das operações de
mercado aberto (no curto prazo) ou via linhas de liquidez de longo prazo (como as LTROs, ou
Long Term Refinancing Operations). Em todo caso, a ciclotimia entre a agonia e o alívio (que
outrora já foi esperança) é a trajetória de um modelo baseado na união monetária, onde a
principal equação de ajuste reside no bloco fiscal. Resolver esse sistema torna-se mais difícil
quando as economias tanto periféricas quanto avançadas escorregam para a recessão.
Esse quadro introdutório implicou, no Brasil, a manutenção da média mensal do real entre
2,03/USD e 2,05/USD em junho e nos vinte primeiros dias de julho, respectivamente, e a
continuidade da queda da Selic a um ritmo mais parcimonioso, igual a 0,5% em julho, em
linha com o movimento de maio e inferior à queda de 0,75% em março e abril. A continuidade
da diminuição da Selic deve-se parcialmente ao acirramento da crise europeia, a qual tende a
produzir desacelerações nas taxas reais de crescimento das economias emergentes,
principalmente na China (via diminuição no ritmo de exportações) e no Brasil (via
enfraquecimento da expansão dos investimentos brutos privados).
No caso específico da cotação real/USD, não só a deterioração econômica da zona do euro,
mas também as ações do governo por meio dos IOFs sobre posições vendidas em dólares nos
mercados à vista e de derivativos e as compras da moeda norte-americana pelo banco central
até maio secaram a liquidez dos mercados à vista e futuro. Essas forças implicam o real médio
mensal perto de 2,05/USD no curto prazo; simetricamente, diante do acirramento da crise
europeia, o banco central brasileiro tem intervido por meio da venda da moeda norte-
americana, principalmente quando ela parece convergir para 2,10/USD em um ambiente
caracterizado por mais volatilidade. A intervenção do BC quando o nível de volatilidade da
taxa de câmbio e a própria desvalorização do real se elevam significativamente é importante
para evitar o tombo do otimismo empresarial; a queda da confiança dos empresários tem
elevada correlação negativa (em módulo) com o aumento da volatilidade dos preços dos
ativos financeiros, uma vez que ela indica o estado do ambiente de negócios, incluindo as
expectativas de crédito doméstico e externo. Portanto, à luz do cenário desenhado em
junho e julho, a estratégia do BC para o binômio câmbio/juros no Brasil parece bem
definida: a diminuição parcimoniosa da Selic rumo a 7,5% funcionaria como a força
contrarrestante da desaceleração dos investimentos brutos, enquanto que a contenção da
volatilidade e da desvalorização da cotação R$/USD atuaria como mitigador da queda do
otimismo empresarial.
Na esteira do ambiente externo ruim e das reações dos bancos centrais, incluindo a venda de
dólares norte-americanos por parte do BC brasileiro, o aumento potencial da volatilidade da
moeda comum da zona do euro e a sua consequente desvalorização (em relação ao USD)
tendem a contribuir para a elevação da volatilidade e do valor tanto da cesta (representativa)
de moedas quanto da cotação real/USD. Nesse contexto, enquanto a cotação USD/euro
convergiria para 1,20, o pico (potencial) do real encostaria em 2,14/USD. No entanto, à luz
das observações no parágrafo anterior, essa é uma possibilidade menos provável em um
cenário sem ruptura (que seria, por exemplo, um default de Espanha), já que os seus



                                                                                                  1
participantes contam com leilões de venda de dólares pelo banco central por meio de
                     derivativos (via leilões de swap cambial) ou, no limite, por meio de leilões de venda de
                     dólares no mercado spot. Portanto, a descrição do quadro econômico brasileiro atual requer a
                     caracterização do cenário na zona do euro.


                                    Confiança Empresarial versus FX & Investimento Bruto versus Selic


       ∆ volatilidade do câmbio              Confiança empresarial                     Investimento bruto                                             Selic média anual
30%                                                                      4%    25%                                                                                                                     30%
                                                                                                        Investimento bruto
                                                                         3%    20%                      Selic média anual
20%                                                                                                                                                                                                    25%
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                                                                                                                                                                                                       15%
 0%                                                                      0%
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                                                                         -1%                                                                                                                           10%
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               Variação da vol_FX                                        -3%
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               Confiança empresarial




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                                                                                                                   2003
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                                                                                                                                                                           2011
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                                                           2011

                                                                  2012




                                                            Fonte: BCB; elaboração: Pine Research



                     Na Europa, a Espanha, particularmente, tem que lidar: (i) com a iminente elevação de sua
                     dívida pública como proporção do PIB (de 75% para 85%) por conta dos “esqueletos”
                     associados aos resultados ruins das províncias e das empresas estatais que não foram
                     reconhecidos integralmente no passado; (ii) com a necessidade de recapitalização dos bancos,
                     que – felizmente - não será absorvida pelo governo espanhol por meio do aumento de seu
                     endividamento. De fato, a ajuda de €100 bilhões para a capitalização dos bancos vai sair dos
                     quase €250 bilhões disponíveis no EFSF, assinalando que mais (inesperados, mas comentados)
                     €150 bilhões em necessidade de recapitalização financeira espanhola podem assustar no meio
                     do caminho. Basta lembrar que parte significativa dos ativos dos bancos espanhóis está
                     concentrada em ativos imobiliários, cujos preços tendem a continuar caindo ao longo de 2012
                     e 2013; (iii) com a contração esperada de 2,5% e 1,5% do PIB em 2012 e 2013,
                     respectivamente, o que contribui bastante para o déficit público de 7,2% do PIB em 2012 e de
                     7,4% do PIB em 2013.
                     O lastimável quadro espanhol trouxe os yields de 5 e 10 anos para 7,5% ao ano em julho
                     contra 6,3% em junho; é claro que eles estão muito acima dos yields que implicam a
                     convergência e estabilidade da relação dívida bruta/PIB do governo espanhol para 85% até
                     2022, os quais deveriam situar-se entre 5,0% e 6,0%, respectivamente. O contágio de Itália
                     pelo imbróglio espanhol é quase imediato. De fato, entre o final de junho e de julho, os
                     yields anuais dos títulos soberanos de dez anos da Itália dispararam de 5,8% para 6,6%,
                     respectivamente. Sem dúvida, similarmente ao caso espanhol, esse nível de juros de 10 anos
                     está muito acima dos 5,0% que garantem a convergência e a estabilidade da relação dívida
                     bruta/PIB do governo italiano para 127% até 2022.
                     É claro que o mapa da deterioração espanhola é mais delicado do que o italiano. As duas
                     economias devem prosseguir os seus ajustes fiscais, onde os números de déficit fiscal e de
                     crescimento econômico da Espanha são muito piores do que os da Itália. Só para se ter uma
                     ideia, em 2012, enquanto que o resultado fiscal e o PIB italiano ficariam em -3,5% e -2,0%,
                     respectivamente, os mesmos indicadores para a Espanha atingiriam -7,2% e -2,5%,
                     respectivamente. Além disso, diante dos esqueletos de empresas públicas e de dívidas das




                                                                                                                                                                                                   2
províncias, que poderão ser reconhecidos progressivamente até o final do ano, a dívida
pública espanhola pode saltar de 75% do PIB para pelo menos 85% do produto agregado.


                              Euro: ruim com ele, pior sem ele?

                        Spread sobre título de 10 anos alemão

                 5.0
                                         Início do                               Crise
                 4.0                       Euro                                subprime

                 3.0

                 2.0

                 1.0

                 0.0

                -1.0
                       1994

                              1996

                                         1998

                                                2000

                                                          2002

                                                                 2004

                                                                        2006

                                                                                 2008

                                                                                          2010
                              Espanha                Itália       Portugal              França

                                     Fonte: BCB; elaboração: Pine Research

A solução de mercado para o imbróglio da zona do euro passa pelos ajustes fiscais, os quais –
como podemos perceber pelos números do parágrafo anterior – têm fortes efeitos recessivos
sobre as economias. Ou seja, são soluções que afetam as expectativas dos investidores no
curto prazo, mas produzem – no prazo mais longo – a recessão e a incerteza estrutural.
Portanto, a solução para a redução dos déficits fiscais e para a simultânea retomada do
crescimento econômico na zona do euro permeia a redução dos yields soberanos na Espanha,
Itália, Portugal e Irlanda. Os dois últimos enfrentam, sem dúvida, situações mais alarmantes
em vista dos seus elevadíssimos custos de endividamento, já que os yields dos títulos públicos
de dez anos de Portugal e Irlanda estão muito acima dos juros de 10 anos de Espanha e Itália.
Nesse sentido, a redução de yields reais passa necessariamente pela elevação da oferta
monetária de longo prazo pelo BCE, por meio da LTRO, a qual já perfaz praticamente €1,0
trilhão, e pelas operações de mercado aberto no curto prazo, que totalizam atualmente €1,1
trilhão. Essas duas forças implicam quase totalmente o tamanho atual da base monetária do
BCE, igual a €1,8 trilhão.
A diminuição de yields reais na zona do euro poderia envolver uma renegociação organizada
da dívida pública espanhola e/ou italiana; entretanto, é bem difícil imaginar um default
organizado da dívida pública espanhola e da italiana, já que são economias grandes e as duas
dívidas públicas perfazem conjuntamente € 3,3 trilhões (pode ser até mais, dependendo do
tamanho dos “esqueletos espanhóis”). Isso significa que o condomínio de credores de Espanha
e Itália é muito maior e muito mais heterogêneo do que o de Grécia. Pelo visto, a solução
mais provável envolve mais uma etapa de emissão monetária por parte do BCE, que pode
atingir entre € 300 bilhões e € 500 bilhões via LTRO, e mais emissão monetária no curto prazo
por meio das operações de mercado aberto.
Nos EUA, a recuperação econômica continuou frustrando um pouco em junho e julho. A
criação de vagas de trabalho atingiu apenas 80 mil postos em junho (contra os parcos 77 mil
postos em maio), de modo que a taxa e desemprego permaneceu em 8,2% no mesmo período.
Nesse sentido, apenas para relembrar, a queda do desemprego norte-americano tende a ser
bastante lenta; para que a taxa de desemprego caia para 7,8% até o 1T13, a média mensal da
variação da criação de vagas de trabalho deveria permanecer em torno de 250 mil postos,
muito acima da média mensal do 2T12, igual a 75 mil postos.
Os poucos, mas não menos importantes, indicadores de julho confirmaram o enfraquecimento
da atividade econômica norte-americana. O índice de atividade manufatureira do Fed de



                                                                                                 3
Richmond ficou em -17 contra a mediana das expectativas igual a -1. Simultaneamente, o
              índice de atividade do Fed da Filadélfia atingiu -13 em julho em relação à mediana das
              expectativas concentrada em -8. Ambos os índices apontam para a contração da atividade
              manufatureira, do emprego e das vendas das lojas de departamentos, bem como para a
              ampliação do pessimismo empresarial, dos gerentes de compras e do consumidor.
              É exatamente com base nisso que a curva de juros norte-americana se deslocou para baixo
              em julho em relação a junho, principalmente nos seus vértices mais longos e líquidos,
              refletindo a alta dos preços dos US Treasuries entre 5 anos e 10 anos. Só para se ter uma
              ideia, o yield do US Treasury de 5 anos caiu de 0,75% para 0,62% entre maio e junho,
              enquanto que o de 10 anos diminuiu de 1,78% para 1,45% durante o mesmo período. Este tipo
              de reação da curva de juros norte-americana é consistente com as revisões atuais do
              crescimento do PIB de 2,7% para 1,8% em 2012; ele implicaria também o dólar relativamente
              menos valorizado frente à cesta de moedas, incluindo o real (que deveria estar mais perto de
              1,95/USD do que 2,05/USD), e em relação ao euro (entre USD1,20/€ e USD1,25/€).
              Ainda com relação aos EUA, no campo inflacionário, o tombo de 13% do preço do barril de
              petróleo em junho produziu a estabilidade do índice, resultado ainda baixo mesmo quando
              comparado com o número de maio, igual a -0,3%. Isso significa que a convergência da
              variação dos preços ao consumidor rumo aos 2% anuais buscados pelo Fed continua em curso.
              Tanto é verdade que, à luz dos dados de janeiro a junho, com destaque especial para maio e
              junho, a inflação ao consumidor acumulada desde janeiro de 2012 (anualizada) aponta para
              1,3%, enquanto que o seu núcleo (que exclui as variações dos preços dos itens mais voláteis,
              como alimentos e energia) indica uma inflação anualizada igual a 2,0%. Portanto, parece
              existir espaço limitado para alterações na avaliação de “crescimento moderado”, ainda mais
              quando o PIB deverá crescer no máximo 2,0% em 2012. Além disso, a inflação poderá
              permanecer controlada e “estável”, abaixo de 2,0% como o Fed gostaria. Mas, como o banco
              central norte-americano conta com a convergência da variação do índice cheio e do seu
              núcleo para 2,0% em 2013, é possível contar com o guidance de juros baixos, apesar de
              sujeitos à elevação marginal e gradual a partir do início de 2014.


                                   Desemprego alto e redução inflacionária: QE no forno

1.5                                                                 1     5.0                                                            1
                                                                    0.9                                                                  0.9
                                                                          4.0
1.0                                                                 0.8                                                                  0.8
                                                                    0.7 3.0                                                              0.7
0.5                                                                 0.6 2.0                                                              0.6
                                                                    0.5                       1,0%                                       0.5
                                                                        1.0                                                              0.4
0.0                                                                 0.4
                                                                    0.3 0.0                                                              0.3
-0.5                                                                0.2                                                                  0.2
                                                                          -1.0
                                                                    0.1                                                                  0.1
-1.0                                                                0     -2.0                                                           0
                                                                                 2008



                                                                                           2009



                                                                                                     2010



                                                                                                              2011



                                                                                                                            2012
       2008



                2009



                            2010



                                       2011



                                                     2012




                       Lançamento QE/TWIST
                                                                                        Lançamento QE/TWIST          Inflação anual (PCE)
                       Desemprego (diferença 3M)
                                              Fonte: Federal Reserve; elaboração: Pine Research

              Do oriente, o indicador antecedente da indústria chinesa referente a junho, o PMI
              (Puchasing Managers’ Index) industrial, veio abaixo do correspondente a maio, apontando,
              portanto, para a desaceleração do crescimento econômico (real e anual) de 9,2% em 2011
              para 8,0% em 2012. Na ponta, ou seja, no último trimestre do ano, a expectativa converge
              para uma desaceleração mais forte, rumo a 7,0%. É possível que, no último trimestre de 2012,
              o crescimento anualizado do PIB chinês seja um pouco mais elevado, perto de 7,5%. Basta os
              setores não-manufatureiros repetirem a dose do PMI ex setor manufatureiro, o qual foi de


                                                                                                                                     4
55,2 para 56,7 entre maio e junho. No entanto, dado o peso relativamente maior da indústria
manufatureira no PIB chinês, não dá para esperar grandes mágicas no segundo semestre que
levem o crescimento econômico chinês para perto de 8,0% novamente.
Entretanto, o crescimento médio real do PIB almejado pelo governo chinês parece se situar
entre 7,5% e 8,0% ao ano. Portanto, qualquer surpresa negativa que atrapalhe esse objetivo, a
exemplo do acirramento da crise na Europa ou um inesperado desvio de rumo na rota norte-
americana em direção à recuperação, será prontamente corrigida pelo governo chinês por
meio de investimentos brutos em infraestrutura, em até US$1,5 trilhão, mesmo que a taxas
de retorno mais baixas. O próprio banco central chinês está com o dedo no gatilho para
promover mais uma redução do recolhimento compulsório, de 20,0% para 19,5%, a exemplo da
diminuição em 0,5% promovida em maio. É possível contar com a diminuição do recolhimento
compulsório para 18% até o final do ano.
As medidas monetárias e fiscais chinesas são condições necessárias para manter o
crescimento do PIB chinês perto de 8,0% em 2012 e 2013 e para sustentar os preços das
commodities, principalmente as exportadas pelo Brasil, pelo menos nos ainda elevados
patamares atuais. Taxas inferiores a 8,0% ao ano poderiam levar os fundos hedge e de
investimento a desalavancarem as suas posições compradas líquidas especulativas (não-
comerciais), causando reduções abruptas e expressivas nos preços das commodities agrícolas
e não-agrícolas.


              Desaceleração e política monetária: afrouxamento à vista

                 13%                                                          25%



                 11%                                                          20%



                  9%                                                          15%



                  7%                                                          10%



                  5%                                                          5%
                       1994
                       1995
                       1996
                       1997
                       1998
                       1999
                       2000
                       2001
                       2002
                       2003
                       2004
                       2005
                       2006
                       2007
                       2008
                       2009
                       2010
                       2011
                       2012




                       PIB (% t/t anualizado)          Compulsório (eixo dir.)

                          Fonte: Federal Reserve; elaboração: Pine Research

No Brasil, o BC continuou ousando ao trilhar o caminho da queda da Selic, só que, utilizando
o jargão do Copom, com parcimônia. O ritmo de redução da Selic veio para 0,5% em maio e
julho (seguindo o calendário, não houve reunião em junho), levando a taxa básica para 8,0%
atualmente. O BC tem acertado em cheio a trajetória da inflação medida pelo IPCA. Os
índices mensais de maio e junho (0,36% e 0,08%, respectivamente) ficaram bem abaixo da
mediana das expectativas, trazendo a inflação ao consumidor em 12 meses de 6,5% em
dezembro de 2011 para 4,9% em junho, confirmando a aposta do BC de que a inflação medida
pelo IPCA deve convergir para 4,7% até o final do ano (a nossa projeção aponta para 4,8%).
As estimativas correntes na Selic no final do ano estão em 7,5%, mesmo que a projeção para a
inflação no ano que vem convirja para 5,5% (nós mantemos a nossa visão para o IPCA entre
5,0% e 5,3%). Isso é consistente com a ideia do governo de atingir um juro real perto de 2,5%
entre 2013 e 2014, buscando, ao mesmo tempo, o crescimento médio anual do PIB mais perto
de 4,0% (puxado pelos investimentos corporativos privados) e o câmbio entre R$ 1,90/USD e
R$ 2,0/USD. É claro que o governo não abandonou o controle inflacionário; ou seja, se
houvesse um recrudescimento da inflação em 2013, tal que ela rumasse para o intervalo 5,5%-



                                                                                                5
6,0%, o governo optaria por uma combinação entre juros nominais de um dígito, a volta do
fortalecimento das medidas macroprudenciais e a contenção de despesas governamentais
correntes em pelo menos R$50 bilhões.
Política monetária mais expansionista, flexibilização monetária via contínua redução da Selic
(até 7,5% em 2012), redução do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo
direcionado para a ampliação de recursos destinados ao crédito automotivo e medidas de
desoneração tributária e de crédito continuarão sendo utilizadas para redução de custos na
indústria e para o estímulo do crescimento econômico via ampliação de investimentos. Os
melhores exemplos são as medidas de redução do IPI para a aquisição tanto de automóveis
(regressivamente, de acordo com a cilindrada e com a adequação do veículo no regime
automotivo) quanto de bens de capital, visando aumentar a demanda por bens de consumo
duráveis e bens de capital.
As medidas fiscais e monetárias vêm a calhar, ainda mais diante do fraco crescimento do PIB
no 1T12 em relação ao 4T11, anunciado no final de maio. A queda dos investimentos tem
raízes na deterioração da crise externa e no aumento dos custos de energia e de mão de obra
brasileira. Se, por um lado, o aumento do salário real médio amplia o consumo e
retroalimenta o crédito à pessoa física, o crescimento do salário real (e das tarifas de energia
elétrica) acima da produtividade do trabalho diminui as margens operacionais corporativas,
de modo que as empresas tendem a desaquecer as suas decisões de gasto na produção (no
curto prazo) e em novos investimentos em máquinas e equipamentos (no longo prazo). É
interessante notar que a elevação dos salários reais acima da produtividade pode provocar a
queda da produção industrial, principalmente na indústria de transformação. Portanto, os
impulsos necessários ao combalido investimento bruto brasileiro deverão continuar
respondendo pelos estímulos tanto monetários (redução de juros e diminuição direcionada do
recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo) quanto ficais (desonerações tributárias e
empréstimos direcionados do BNDES).


Marco Antonio Maciel                                   Marco Antonio Caruso
Economista-chefe                                       Economista
Banco Pine                                             Banco Pine




                                                                                                   6
Brasil: Principais Indicadores Econômicos - Banco Pine
INDICADORES ECONOMICOS                            2008      2009        2010          2011       2012E    2013E
Taxa de crescimento do PIB Real (%)               5.2%      -0.6%       7.5%          2.7%       1.9%     3.9%
R$:US$ final de período (nominal)                 2.40      1.75        1.69          1.83       2.03     1.80
R$:US$ média (nominal)                            1.83      2.00        1.76          1.67       1.95     1.92
BR inflação (IPC / IPCA)                          5.9%      4.3%        5.9%          6.5%       4.8%     5.3%
BR inflação (IGP-M)                               9.8%      -1.7%      11.3%          5.1%       7.9%     5.8%
BR taxa de juros (Selic, fim de período)       13.75%       8.75% 10.75% 11.00%                  7.50%    7.50%
BR taxa de juros (Selic, média)                12.54%       9.92% 10.00% 11.71%                  8.52%    7.50%
TJLP (fim de período)                           6.25%       5.75%      6.00%         6.00%       6.00%    6.00%
Saldo comercial (US$bn)                           25.0       25.4        20.0          29.8      15.0     20.0
Conta corrente (US$bn)                            -35.0     -24.3       -47.5         -52.6      -60.0    -65.0
Conta corrente (% do PIB)                        -2.1%      -1.6%      -2.3%         -2.1%       -2.6%    -2.5%
Superávit primário (% do PIB)                     4.3%      2.1%        2.8%          3.1%       3.0%     3.0%
Dívida líquida do setor público/PIB             38.5%       42.1%      39.1%         36.5%       35.0%    33.0%
Risco Brasil (pb, fim de período)                     428    302            211        223        185      150




                            SELIC
             Período                        Var. SELIC             Período        R$/US$ (média mensal)
                           TARGET
            jan/2012       10.50%            -0.50%                jan/2012               1.79
             fev/2012      10.50%             0.00%                fev/2012               1.72
            mar/2012        9.75%            -0.75%             mar/2012                  1.79
            abr/2012        9.00%            -0.75%                abr/2012               1.85
            mai/2012        8.50%            -0.50%                mai/2012               1.99
             jun/2012       8.50%             0.00%                jun/2012               2.05
             jul/2012       8.00%            -0.50%                jul/2012               2.05
            ago/2012        7.50%            -0.50%                ago/2012               2.06
             set/2012       7.50%             0.00%                set/2012               2.03
            out/2012        7.50%             0.00%                out/2012               2.01
            nov/2012        7.50%             0.00%                nov/2012               2.02
            dez/2012        7.50%             0.00%                dez/2012               2.03
               2012         8.52%             (350)                  2012                 1.95




                                                                                                                  7
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Retrospectiva Prospectiva: O segundo capítulo do ontem

  • 1. Retrospectiva Prospectiva: O segundo capítulo do ontem 01 de Julho de 2012 O segundo semestre começa com o sabor do ontem, como uma extensão da ansiedade externa do primeiro semestre. A crise espanhola se acirrou por meio da explicitação da ajuda de €100 bilhões para a capitalização dos bancos, do reconhecimento progressivo dos esqueletos das províncias e da constatação do banco central espanhol de que a recessão poderá se estender até 2014. Na zona do euro, portanto, em geral, o sentimento é de agonia prolongada e ciclotímica; o risco de contágio das economias periféricas (notadamente Portugal, Irlanda e Grécia) e maduras (Itália e França, em particular) tende a se ampliar ao acompanhar os aumentos dos yields dos títulos soberanos espanhóis entre 2 e 10 anos. A profecia e o contágio tornam-se auto-realizáveis na medida em que as elevações dos yields soberanos espanhóis ampliam a relação dívida bruta soberana/PIB e deterioram a razão déficit público/PIB. A sensação de fim prolongado só cede temporariamente às reações, sempre tardias, da União Europeia (UE) e do banco central europeu (BCE) que, em alguns momentos, tomam a forma de aumentos e flexibilização dos fundos europeus de resgate, como o EFSF (European Financial Stability Facility) e o ESM (European Stability Mechanism); em outros momentos, adquirem o formato de mais emissão monetária por parte do BCE por meio das operações de mercado aberto (no curto prazo) ou via linhas de liquidez de longo prazo (como as LTROs, ou Long Term Refinancing Operations). Em todo caso, a ciclotimia entre a agonia e o alívio (que outrora já foi esperança) é a trajetória de um modelo baseado na união monetária, onde a principal equação de ajuste reside no bloco fiscal. Resolver esse sistema torna-se mais difícil quando as economias tanto periféricas quanto avançadas escorregam para a recessão. Esse quadro introdutório implicou, no Brasil, a manutenção da média mensal do real entre 2,03/USD e 2,05/USD em junho e nos vinte primeiros dias de julho, respectivamente, e a continuidade da queda da Selic a um ritmo mais parcimonioso, igual a 0,5% em julho, em linha com o movimento de maio e inferior à queda de 0,75% em março e abril. A continuidade da diminuição da Selic deve-se parcialmente ao acirramento da crise europeia, a qual tende a produzir desacelerações nas taxas reais de crescimento das economias emergentes, principalmente na China (via diminuição no ritmo de exportações) e no Brasil (via enfraquecimento da expansão dos investimentos brutos privados). No caso específico da cotação real/USD, não só a deterioração econômica da zona do euro, mas também as ações do governo por meio dos IOFs sobre posições vendidas em dólares nos mercados à vista e de derivativos e as compras da moeda norte-americana pelo banco central até maio secaram a liquidez dos mercados à vista e futuro. Essas forças implicam o real médio mensal perto de 2,05/USD no curto prazo; simetricamente, diante do acirramento da crise europeia, o banco central brasileiro tem intervido por meio da venda da moeda norte- americana, principalmente quando ela parece convergir para 2,10/USD em um ambiente caracterizado por mais volatilidade. A intervenção do BC quando o nível de volatilidade da taxa de câmbio e a própria desvalorização do real se elevam significativamente é importante para evitar o tombo do otimismo empresarial; a queda da confiança dos empresários tem elevada correlação negativa (em módulo) com o aumento da volatilidade dos preços dos ativos financeiros, uma vez que ela indica o estado do ambiente de negócios, incluindo as expectativas de crédito doméstico e externo. Portanto, à luz do cenário desenhado em junho e julho, a estratégia do BC para o binômio câmbio/juros no Brasil parece bem definida: a diminuição parcimoniosa da Selic rumo a 7,5% funcionaria como a força contrarrestante da desaceleração dos investimentos brutos, enquanto que a contenção da volatilidade e da desvalorização da cotação R$/USD atuaria como mitigador da queda do otimismo empresarial. Na esteira do ambiente externo ruim e das reações dos bancos centrais, incluindo a venda de dólares norte-americanos por parte do BC brasileiro, o aumento potencial da volatilidade da moeda comum da zona do euro e a sua consequente desvalorização (em relação ao USD) tendem a contribuir para a elevação da volatilidade e do valor tanto da cesta (representativa) de moedas quanto da cotação real/USD. Nesse contexto, enquanto a cotação USD/euro convergiria para 1,20, o pico (potencial) do real encostaria em 2,14/USD. No entanto, à luz das observações no parágrafo anterior, essa é uma possibilidade menos provável em um cenário sem ruptura (que seria, por exemplo, um default de Espanha), já que os seus 1
  • 2. participantes contam com leilões de venda de dólares pelo banco central por meio de derivativos (via leilões de swap cambial) ou, no limite, por meio de leilões de venda de dólares no mercado spot. Portanto, a descrição do quadro econômico brasileiro atual requer a caracterização do cenário na zona do euro. Confiança Empresarial versus FX & Investimento Bruto versus Selic ∆ volatilidade do câmbio Confiança empresarial Investimento bruto Selic média anual 30% 4% 25% 30% Investimento bruto 3% 20% Selic média anual 20% 25% 2% 15% 10% 20% 1% 10% 15% 0% 0% 5% -1% 10% -10% 0% -2% 5% -5% -20% Variação da vol_FX -3% -10% 0% Confiança empresarial 2013/15 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 -30% -4% 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Fonte: BCB; elaboração: Pine Research Na Europa, a Espanha, particularmente, tem que lidar: (i) com a iminente elevação de sua dívida pública como proporção do PIB (de 75% para 85%) por conta dos “esqueletos” associados aos resultados ruins das províncias e das empresas estatais que não foram reconhecidos integralmente no passado; (ii) com a necessidade de recapitalização dos bancos, que – felizmente - não será absorvida pelo governo espanhol por meio do aumento de seu endividamento. De fato, a ajuda de €100 bilhões para a capitalização dos bancos vai sair dos quase €250 bilhões disponíveis no EFSF, assinalando que mais (inesperados, mas comentados) €150 bilhões em necessidade de recapitalização financeira espanhola podem assustar no meio do caminho. Basta lembrar que parte significativa dos ativos dos bancos espanhóis está concentrada em ativos imobiliários, cujos preços tendem a continuar caindo ao longo de 2012 e 2013; (iii) com a contração esperada de 2,5% e 1,5% do PIB em 2012 e 2013, respectivamente, o que contribui bastante para o déficit público de 7,2% do PIB em 2012 e de 7,4% do PIB em 2013. O lastimável quadro espanhol trouxe os yields de 5 e 10 anos para 7,5% ao ano em julho contra 6,3% em junho; é claro que eles estão muito acima dos yields que implicam a convergência e estabilidade da relação dívida bruta/PIB do governo espanhol para 85% até 2022, os quais deveriam situar-se entre 5,0% e 6,0%, respectivamente. O contágio de Itália pelo imbróglio espanhol é quase imediato. De fato, entre o final de junho e de julho, os yields anuais dos títulos soberanos de dez anos da Itália dispararam de 5,8% para 6,6%, respectivamente. Sem dúvida, similarmente ao caso espanhol, esse nível de juros de 10 anos está muito acima dos 5,0% que garantem a convergência e a estabilidade da relação dívida bruta/PIB do governo italiano para 127% até 2022. É claro que o mapa da deterioração espanhola é mais delicado do que o italiano. As duas economias devem prosseguir os seus ajustes fiscais, onde os números de déficit fiscal e de crescimento econômico da Espanha são muito piores do que os da Itália. Só para se ter uma ideia, em 2012, enquanto que o resultado fiscal e o PIB italiano ficariam em -3,5% e -2,0%, respectivamente, os mesmos indicadores para a Espanha atingiriam -7,2% e -2,5%, respectivamente. Além disso, diante dos esqueletos de empresas públicas e de dívidas das 2
  • 3. províncias, que poderão ser reconhecidos progressivamente até o final do ano, a dívida pública espanhola pode saltar de 75% do PIB para pelo menos 85% do produto agregado. Euro: ruim com ele, pior sem ele? Spread sobre título de 10 anos alemão 5.0 Início do Crise 4.0 Euro subprime 3.0 2.0 1.0 0.0 -1.0 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 Espanha Itália Portugal França Fonte: BCB; elaboração: Pine Research A solução de mercado para o imbróglio da zona do euro passa pelos ajustes fiscais, os quais – como podemos perceber pelos números do parágrafo anterior – têm fortes efeitos recessivos sobre as economias. Ou seja, são soluções que afetam as expectativas dos investidores no curto prazo, mas produzem – no prazo mais longo – a recessão e a incerteza estrutural. Portanto, a solução para a redução dos déficits fiscais e para a simultânea retomada do crescimento econômico na zona do euro permeia a redução dos yields soberanos na Espanha, Itália, Portugal e Irlanda. Os dois últimos enfrentam, sem dúvida, situações mais alarmantes em vista dos seus elevadíssimos custos de endividamento, já que os yields dos títulos públicos de dez anos de Portugal e Irlanda estão muito acima dos juros de 10 anos de Espanha e Itália. Nesse sentido, a redução de yields reais passa necessariamente pela elevação da oferta monetária de longo prazo pelo BCE, por meio da LTRO, a qual já perfaz praticamente €1,0 trilhão, e pelas operações de mercado aberto no curto prazo, que totalizam atualmente €1,1 trilhão. Essas duas forças implicam quase totalmente o tamanho atual da base monetária do BCE, igual a €1,8 trilhão. A diminuição de yields reais na zona do euro poderia envolver uma renegociação organizada da dívida pública espanhola e/ou italiana; entretanto, é bem difícil imaginar um default organizado da dívida pública espanhola e da italiana, já que são economias grandes e as duas dívidas públicas perfazem conjuntamente € 3,3 trilhões (pode ser até mais, dependendo do tamanho dos “esqueletos espanhóis”). Isso significa que o condomínio de credores de Espanha e Itália é muito maior e muito mais heterogêneo do que o de Grécia. Pelo visto, a solução mais provável envolve mais uma etapa de emissão monetária por parte do BCE, que pode atingir entre € 300 bilhões e € 500 bilhões via LTRO, e mais emissão monetária no curto prazo por meio das operações de mercado aberto. Nos EUA, a recuperação econômica continuou frustrando um pouco em junho e julho. A criação de vagas de trabalho atingiu apenas 80 mil postos em junho (contra os parcos 77 mil postos em maio), de modo que a taxa e desemprego permaneceu em 8,2% no mesmo período. Nesse sentido, apenas para relembrar, a queda do desemprego norte-americano tende a ser bastante lenta; para que a taxa de desemprego caia para 7,8% até o 1T13, a média mensal da variação da criação de vagas de trabalho deveria permanecer em torno de 250 mil postos, muito acima da média mensal do 2T12, igual a 75 mil postos. Os poucos, mas não menos importantes, indicadores de julho confirmaram o enfraquecimento da atividade econômica norte-americana. O índice de atividade manufatureira do Fed de 3
  • 4. Richmond ficou em -17 contra a mediana das expectativas igual a -1. Simultaneamente, o índice de atividade do Fed da Filadélfia atingiu -13 em julho em relação à mediana das expectativas concentrada em -8. Ambos os índices apontam para a contração da atividade manufatureira, do emprego e das vendas das lojas de departamentos, bem como para a ampliação do pessimismo empresarial, dos gerentes de compras e do consumidor. É exatamente com base nisso que a curva de juros norte-americana se deslocou para baixo em julho em relação a junho, principalmente nos seus vértices mais longos e líquidos, refletindo a alta dos preços dos US Treasuries entre 5 anos e 10 anos. Só para se ter uma ideia, o yield do US Treasury de 5 anos caiu de 0,75% para 0,62% entre maio e junho, enquanto que o de 10 anos diminuiu de 1,78% para 1,45% durante o mesmo período. Este tipo de reação da curva de juros norte-americana é consistente com as revisões atuais do crescimento do PIB de 2,7% para 1,8% em 2012; ele implicaria também o dólar relativamente menos valorizado frente à cesta de moedas, incluindo o real (que deveria estar mais perto de 1,95/USD do que 2,05/USD), e em relação ao euro (entre USD1,20/€ e USD1,25/€). Ainda com relação aos EUA, no campo inflacionário, o tombo de 13% do preço do barril de petróleo em junho produziu a estabilidade do índice, resultado ainda baixo mesmo quando comparado com o número de maio, igual a -0,3%. Isso significa que a convergência da variação dos preços ao consumidor rumo aos 2% anuais buscados pelo Fed continua em curso. Tanto é verdade que, à luz dos dados de janeiro a junho, com destaque especial para maio e junho, a inflação ao consumidor acumulada desde janeiro de 2012 (anualizada) aponta para 1,3%, enquanto que o seu núcleo (que exclui as variações dos preços dos itens mais voláteis, como alimentos e energia) indica uma inflação anualizada igual a 2,0%. Portanto, parece existir espaço limitado para alterações na avaliação de “crescimento moderado”, ainda mais quando o PIB deverá crescer no máximo 2,0% em 2012. Além disso, a inflação poderá permanecer controlada e “estável”, abaixo de 2,0% como o Fed gostaria. Mas, como o banco central norte-americano conta com a convergência da variação do índice cheio e do seu núcleo para 2,0% em 2013, é possível contar com o guidance de juros baixos, apesar de sujeitos à elevação marginal e gradual a partir do início de 2014. Desemprego alto e redução inflacionária: QE no forno 1.5 1 5.0 1 0.9 0.9 4.0 1.0 0.8 0.8 0.7 3.0 0.7 0.5 0.6 2.0 0.6 0.5 1,0% 0.5 1.0 0.4 0.0 0.4 0.3 0.0 0.3 -0.5 0.2 0.2 -1.0 0.1 0.1 -1.0 0 -2.0 0 2008 2009 2010 2011 2012 2008 2009 2010 2011 2012 Lançamento QE/TWIST Lançamento QE/TWIST Inflação anual (PCE) Desemprego (diferença 3M) Fonte: Federal Reserve; elaboração: Pine Research Do oriente, o indicador antecedente da indústria chinesa referente a junho, o PMI (Puchasing Managers’ Index) industrial, veio abaixo do correspondente a maio, apontando, portanto, para a desaceleração do crescimento econômico (real e anual) de 9,2% em 2011 para 8,0% em 2012. Na ponta, ou seja, no último trimestre do ano, a expectativa converge para uma desaceleração mais forte, rumo a 7,0%. É possível que, no último trimestre de 2012, o crescimento anualizado do PIB chinês seja um pouco mais elevado, perto de 7,5%. Basta os setores não-manufatureiros repetirem a dose do PMI ex setor manufatureiro, o qual foi de 4
  • 5. 55,2 para 56,7 entre maio e junho. No entanto, dado o peso relativamente maior da indústria manufatureira no PIB chinês, não dá para esperar grandes mágicas no segundo semestre que levem o crescimento econômico chinês para perto de 8,0% novamente. Entretanto, o crescimento médio real do PIB almejado pelo governo chinês parece se situar entre 7,5% e 8,0% ao ano. Portanto, qualquer surpresa negativa que atrapalhe esse objetivo, a exemplo do acirramento da crise na Europa ou um inesperado desvio de rumo na rota norte- americana em direção à recuperação, será prontamente corrigida pelo governo chinês por meio de investimentos brutos em infraestrutura, em até US$1,5 trilhão, mesmo que a taxas de retorno mais baixas. O próprio banco central chinês está com o dedo no gatilho para promover mais uma redução do recolhimento compulsório, de 20,0% para 19,5%, a exemplo da diminuição em 0,5% promovida em maio. É possível contar com a diminuição do recolhimento compulsório para 18% até o final do ano. As medidas monetárias e fiscais chinesas são condições necessárias para manter o crescimento do PIB chinês perto de 8,0% em 2012 e 2013 e para sustentar os preços das commodities, principalmente as exportadas pelo Brasil, pelo menos nos ainda elevados patamares atuais. Taxas inferiores a 8,0% ao ano poderiam levar os fundos hedge e de investimento a desalavancarem as suas posições compradas líquidas especulativas (não- comerciais), causando reduções abruptas e expressivas nos preços das commodities agrícolas e não-agrícolas. Desaceleração e política monetária: afrouxamento à vista 13% 25% 11% 20% 9% 15% 7% 10% 5% 5% 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 PIB (% t/t anualizado) Compulsório (eixo dir.) Fonte: Federal Reserve; elaboração: Pine Research No Brasil, o BC continuou ousando ao trilhar o caminho da queda da Selic, só que, utilizando o jargão do Copom, com parcimônia. O ritmo de redução da Selic veio para 0,5% em maio e julho (seguindo o calendário, não houve reunião em junho), levando a taxa básica para 8,0% atualmente. O BC tem acertado em cheio a trajetória da inflação medida pelo IPCA. Os índices mensais de maio e junho (0,36% e 0,08%, respectivamente) ficaram bem abaixo da mediana das expectativas, trazendo a inflação ao consumidor em 12 meses de 6,5% em dezembro de 2011 para 4,9% em junho, confirmando a aposta do BC de que a inflação medida pelo IPCA deve convergir para 4,7% até o final do ano (a nossa projeção aponta para 4,8%). As estimativas correntes na Selic no final do ano estão em 7,5%, mesmo que a projeção para a inflação no ano que vem convirja para 5,5% (nós mantemos a nossa visão para o IPCA entre 5,0% e 5,3%). Isso é consistente com a ideia do governo de atingir um juro real perto de 2,5% entre 2013 e 2014, buscando, ao mesmo tempo, o crescimento médio anual do PIB mais perto de 4,0% (puxado pelos investimentos corporativos privados) e o câmbio entre R$ 1,90/USD e R$ 2,0/USD. É claro que o governo não abandonou o controle inflacionário; ou seja, se houvesse um recrudescimento da inflação em 2013, tal que ela rumasse para o intervalo 5,5%- 5
  • 6. 6,0%, o governo optaria por uma combinação entre juros nominais de um dígito, a volta do fortalecimento das medidas macroprudenciais e a contenção de despesas governamentais correntes em pelo menos R$50 bilhões. Política monetária mais expansionista, flexibilização monetária via contínua redução da Selic (até 7,5% em 2012), redução do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo direcionado para a ampliação de recursos destinados ao crédito automotivo e medidas de desoneração tributária e de crédito continuarão sendo utilizadas para redução de custos na indústria e para o estímulo do crescimento econômico via ampliação de investimentos. Os melhores exemplos são as medidas de redução do IPI para a aquisição tanto de automóveis (regressivamente, de acordo com a cilindrada e com a adequação do veículo no regime automotivo) quanto de bens de capital, visando aumentar a demanda por bens de consumo duráveis e bens de capital. As medidas fiscais e monetárias vêm a calhar, ainda mais diante do fraco crescimento do PIB no 1T12 em relação ao 4T11, anunciado no final de maio. A queda dos investimentos tem raízes na deterioração da crise externa e no aumento dos custos de energia e de mão de obra brasileira. Se, por um lado, o aumento do salário real médio amplia o consumo e retroalimenta o crédito à pessoa física, o crescimento do salário real (e das tarifas de energia elétrica) acima da produtividade do trabalho diminui as margens operacionais corporativas, de modo que as empresas tendem a desaquecer as suas decisões de gasto na produção (no curto prazo) e em novos investimentos em máquinas e equipamentos (no longo prazo). É interessante notar que a elevação dos salários reais acima da produtividade pode provocar a queda da produção industrial, principalmente na indústria de transformação. Portanto, os impulsos necessários ao combalido investimento bruto brasileiro deverão continuar respondendo pelos estímulos tanto monetários (redução de juros e diminuição direcionada do recolhimento compulsório sobre depósitos a prazo) quanto ficais (desonerações tributárias e empréstimos direcionados do BNDES). Marco Antonio Maciel Marco Antonio Caruso Economista-chefe Economista Banco Pine Banco Pine 6
  • 7. Brasil: Principais Indicadores Econômicos - Banco Pine INDICADORES ECONOMICOS 2008 2009 2010 2011 2012E 2013E Taxa de crescimento do PIB Real (%) 5.2% -0.6% 7.5% 2.7% 1.9% 3.9% R$:US$ final de período (nominal) 2.40 1.75 1.69 1.83 2.03 1.80 R$:US$ média (nominal) 1.83 2.00 1.76 1.67 1.95 1.92 BR inflação (IPC / IPCA) 5.9% 4.3% 5.9% 6.5% 4.8% 5.3% BR inflação (IGP-M) 9.8% -1.7% 11.3% 5.1% 7.9% 5.8% BR taxa de juros (Selic, fim de período) 13.75% 8.75% 10.75% 11.00% 7.50% 7.50% BR taxa de juros (Selic, média) 12.54% 9.92% 10.00% 11.71% 8.52% 7.50% TJLP (fim de período) 6.25% 5.75% 6.00% 6.00% 6.00% 6.00% Saldo comercial (US$bn) 25.0 25.4 20.0 29.8 15.0 20.0 Conta corrente (US$bn) -35.0 -24.3 -47.5 -52.6 -60.0 -65.0 Conta corrente (% do PIB) -2.1% -1.6% -2.3% -2.1% -2.6% -2.5% Superávit primário (% do PIB) 4.3% 2.1% 2.8% 3.1% 3.0% 3.0% Dívida líquida do setor público/PIB 38.5% 42.1% 39.1% 36.5% 35.0% 33.0% Risco Brasil (pb, fim de período) 428 302 211 223 185 150 SELIC Período Var. SELIC Período R$/US$ (média mensal) TARGET jan/2012 10.50% -0.50% jan/2012 1.79 fev/2012 10.50% 0.00% fev/2012 1.72 mar/2012 9.75% -0.75% mar/2012 1.79 abr/2012 9.00% -0.75% abr/2012 1.85 mai/2012 8.50% -0.50% mai/2012 1.99 jun/2012 8.50% 0.00% jun/2012 2.05 jul/2012 8.00% -0.50% jul/2012 2.05 ago/2012 7.50% -0.50% ago/2012 2.06 set/2012 7.50% 0.00% set/2012 2.03 out/2012 7.50% 0.00% out/2012 2.01 nov/2012 7.50% 0.00% nov/2012 2.02 dez/2012 7.50% 0.00% dez/2012 2.03 2012 8.52% (350) 2012 1.95 7
  • 8. Disclaimers Informações relevantes 1. Estes comentários e recomendações foram elaborados pelo Banco Pine S.A. (“Banco Pine”) Estes comentários e recomendações possuem caráter informativo, têm como único propósito fornecer informações e não constituem, nem devem ser interpretados como oferta ou solicitação de compra ou venda de qualquer instrumento financeiro ou de participação em qualquer estratégia de negócios específica, qualquer que seja a jurisdição. As informações contidas nestes comentários e recomendações são consideradas confiáveis na data da divulgação destes comentários e recomendações e foram obtidas a partir de qualquer das seguintes fontes: (i) fontes indicadas ao lado da informação; (ii) preço de cotação no principal mercado regulado do valor mobiliário em questão; (iii) fontes públicas confiáveis; (iv) base de dados do Banco Pine. O Banco Pine não declara ou garante, de forma expressa ou implícita, a integridade, confiabilidade ou exatidão de tais informações. 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