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– 1 de Junho de 2010 – DIA MUNDIAL DA CRIANÇA
                         Encontro com Anabela Mimoso

                                   Anabela Mimoso




                Anabela Freitas nasceu em Lisboa a 9 de Janeiro de 1953.
Em criança «era dona de um castelo a sério e de um jardim para brincar».
Licenciada em História, Mestre e Doutora em Cultura Portuguesa, pela FLUP, é
investigadora de História da Educação, docente nos doutoramentos em Educação na
ULHT e professora titular do 2º ciclo na E B Soares dos Reis, em Vila Nova de Gaia (cidade
onde vive há vários anos).

O seu percurso pelo mundo da escrita iniciou-se aos 14 anos quando ganhou um concurso
de poesia no liceu.

Dois anos mais tarde, voltou a ganhar dois prémios na escola, um de poesia e um de
contos. A família começou a notar o talento que Anabela Mimoso possuía para a escrita e,
incentivada pelo pai, aos 16 anos publicou o seu primeiro livro: «Fraga» (poesia).

O gosto pela escrita nasceu do gosto pela leitura, uma vez que os livros foram a sua
companhia durante bastantes anos. “Quando fui morar para o Porto não conhecia
ninguém; não tinha amigos; não tinha brinquedos. Tinha livros em casa. Portanto, os
meus amigos e os meus brinquedos foram os livros. A partir daí, ler foi o primeiro passo
para gostar da escrita, escrever o segundo”, explica a autora.

Desde aí não mais parou de escrever: traduções, manuais escolares, estudos literários,
literatura infantil e juvenil. Tem participado em Encontros, Congressos, Acções de
Formação na área da Cultura Portuguesa, faz parte dos corpos directivos da Associação de
Escritores de Gaia e da Associação Amigos do Solar dos Condes de Resende/Confraria
Queirosiana; Fez parte dos projectos “Malas Viaxeiras” (2004/5), “Estafeta do Conto”
(2006) e, “Pintar o Verde com Letras” (2007) da Delegação Norte do Ministério da Cultura

Anabela Mimoso é o seu nome literário.
Obras de Anabela Mimoso que podes consultar na BE/CRE:



                          Título                Capa                Editora




       Aquela palavra mar                                Calendário de Letras



       As férias do caracol                              Edições Nova Gaia



       O tesouro do Castelo do Rei                       Ambar



       Contos Tradicionais Açorianos                     Calendário de Letras



       Dona Bruxa Gorducha                               Gailivro



       O último período                                  Ambar



       Traz os olhos cheios de palavras                  Ambar



       Quando nos matam os sonhos                        Ambar



       Um sonho à procura de uma bailarina               Ambar



       O Manuscrito da grade d'ouro                      Livraria Arnado



       Foz Côa Entre céu e rio                           Gailivro



       O cavalo negro                                    Gaianima, E M
Aquela palavra mar, ilustração de André Lemos Pinto e Carlos Rêgo




Que bom morar numa ilha pequenina, ver o sol nascer no mar, erguer–se
devagarinho, banhá–la todo o dia e mergulhar de mansinho, outra vez no mar,
no outro lado!

Luana morava numa ilha assim. Levantava–se de madrugada para ir
esperar o avô à praia e ajudá–lo a levar o peixe que ele apanhara
durante a noite. Depois, enquanto a mãe amanhava o peixe, ela ficava na
areia, chapinhando na espuma de alguma onda, procurando búzios e conchinhas. E
olhava, olhava aquele mar grande que abraçava a ilha com um
abraço azul. Que havia para além dele?
- Avô, quando partes no barquinho,   para onde vais?
- Vou até ao poço dos piratas. É onde há mais peixe.

- E onde é esse poço?
- Fica a duas horas daqui, em direcção a Norte.
Luana ficava a cismar com a resposta que, afinal, não satisfazia a sua curiosidade.

-Sim,   mas que há lá? – tornava ela.
-O que há lá? – Estranhava o avô. – Há mar!

- Só mar?
Tanta pergunta! Que pretendia a neta?
- Sim, só mar. Mar a toda a volta. Bom, e também algumas rochas.
Poucas que lá para Norte há poucas rochas.

                                                       MIMOSO, Anabela, «Aquela palavra mar», pags2-5
O último período, ilustração de Patrícia Romão




                     Junho – o meu mês preferido e, contudo, o mais detestado. É ai que
começa o dilema existencial, porque os dilemas existências não escolhem idade para
aparecerem. Há luz, há sol, vontade de viver, os dias são grandes e podem-se jogar a bola até
às nove. No entanto… É também o mês das grandes decisões (passa-se ou reprova-se) e das
grandes decisões: se se passa, dão-nos o que nos prometeram; se se reprova, passamos as
férias todas a sentirmo-nos culpados. Isto é o que eu deduzo, porque nunca me aconteceu
ficar nesta situação. No meu caso, passar significava ir com o meu pai oito dias para Paris,
onde ele tinha um congresso, e ir com a minha família feminina para a Costa da Caparica,
onde mora a minha tia Assunção. O que não era mau de todo, porque os meus dois primos
são em divertidos. Reprovar significava:

      alínea a) – não ir a Paris, o que para mim era verdadeiramente ir pela primeira vez ao
estrangeiro, porque aquela vez em vez em Espanha não contava;

      alínea b) – em vez de ir para Caparica com as mulheres, ir para casa do meu tio
Afonso, que tem uma exploração de porcos, ajudá-lo no trabalho, o que, além de ser
violento, mal cheiroso, tem o inconveniente de não ter ninguém da minha idade, de eu não
gostar do tio Afonso que, se calhar, por não ter filhos, me trata como se eu fosse mais um
empregado, e de eu detestar porcos.

      Mas ainda falta falar da alínea c). E este para mim era o maior castigo: passar dois
meses a ouvir a minha irmã gabar-se por ter entrado na Faculdade e nunca dar
preocupações a ninguém e eu nem ser capaz de fazer o sétimo ano, ano em que, diz quem
não sabe, nunca se reprova.

       Pensava nisto tudo, naquela manhã assustadoramente azul de Junho. Não sabia o que
decidir: se ia ficar triste a pensar nas coisas más que estavam tão perto de acontecer, se nas
coisas boas que se podiam fazer num dia assim. Era o sábado de ficar com a mãe. A minha
irmã cada vez estudava mais e ligava-me cada vez menos, a avó andava a arrumar a casa, a
mãe tinha ido às compras. Com quem haveria eu de ir partilhar a alegria de um dia de
Primavera? Só podia ser com um amigo. E quem é que era o meu maior amigo? O Broncas,
claro.
                                                       MIMOSO, Anabela, «O último período », pags 103-105
Fontes:
Jornal Tribuna das Ilhas, 17 de Abril de 2009

http://livros.online.pt/proust/qp_anabelamimoso.html

http://fora-da-estante.blogspot.com/2008/11/propsito-da-violncia-domstica.html

http://www.gailivro.pt/index.php?go=autdetails&lno=225

http://livrosasolta.wordpress.com/2009/03/29/o-ultimo-periodo-de-anabela-mimoso/

http://www.casadaleitura.org/portalbeta/bo/portal.pl/documentos/abz_indices/files_layout/files/files/portal.pl?pag=
sol_la_fichaLivro&id=771

http://livrosasolta.wordpress.com/2009/02/18/parabens-caloira-de-anabela-mimoso/

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Anabela Mimoso

  • 1. – 1 de Junho de 2010 – DIA MUNDIAL DA CRIANÇA Encontro com Anabela Mimoso Anabela Mimoso Anabela Freitas nasceu em Lisboa a 9 de Janeiro de 1953. Em criança «era dona de um castelo a sério e de um jardim para brincar». Licenciada em História, Mestre e Doutora em Cultura Portuguesa, pela FLUP, é investigadora de História da Educação, docente nos doutoramentos em Educação na ULHT e professora titular do 2º ciclo na E B Soares dos Reis, em Vila Nova de Gaia (cidade onde vive há vários anos). O seu percurso pelo mundo da escrita iniciou-se aos 14 anos quando ganhou um concurso de poesia no liceu. Dois anos mais tarde, voltou a ganhar dois prémios na escola, um de poesia e um de contos. A família começou a notar o talento que Anabela Mimoso possuía para a escrita e, incentivada pelo pai, aos 16 anos publicou o seu primeiro livro: «Fraga» (poesia). O gosto pela escrita nasceu do gosto pela leitura, uma vez que os livros foram a sua companhia durante bastantes anos. “Quando fui morar para o Porto não conhecia ninguém; não tinha amigos; não tinha brinquedos. Tinha livros em casa. Portanto, os meus amigos e os meus brinquedos foram os livros. A partir daí, ler foi o primeiro passo para gostar da escrita, escrever o segundo”, explica a autora. Desde aí não mais parou de escrever: traduções, manuais escolares, estudos literários, literatura infantil e juvenil. Tem participado em Encontros, Congressos, Acções de Formação na área da Cultura Portuguesa, faz parte dos corpos directivos da Associação de Escritores de Gaia e da Associação Amigos do Solar dos Condes de Resende/Confraria Queirosiana; Fez parte dos projectos “Malas Viaxeiras” (2004/5), “Estafeta do Conto” (2006) e, “Pintar o Verde com Letras” (2007) da Delegação Norte do Ministério da Cultura Anabela Mimoso é o seu nome literário.
  • 2. Obras de Anabela Mimoso que podes consultar na BE/CRE: Título Capa Editora Aquela palavra mar Calendário de Letras As férias do caracol Edições Nova Gaia O tesouro do Castelo do Rei Ambar Contos Tradicionais Açorianos Calendário de Letras Dona Bruxa Gorducha Gailivro O último período Ambar Traz os olhos cheios de palavras Ambar Quando nos matam os sonhos Ambar Um sonho à procura de uma bailarina Ambar O Manuscrito da grade d'ouro Livraria Arnado Foz Côa Entre céu e rio Gailivro O cavalo negro Gaianima, E M
  • 3. Aquela palavra mar, ilustração de André Lemos Pinto e Carlos Rêgo Que bom morar numa ilha pequenina, ver o sol nascer no mar, erguer–se devagarinho, banhá–la todo o dia e mergulhar de mansinho, outra vez no mar, no outro lado! Luana morava numa ilha assim. Levantava–se de madrugada para ir esperar o avô à praia e ajudá–lo a levar o peixe que ele apanhara durante a noite. Depois, enquanto a mãe amanhava o peixe, ela ficava na areia, chapinhando na espuma de alguma onda, procurando búzios e conchinhas. E olhava, olhava aquele mar grande que abraçava a ilha com um abraço azul. Que havia para além dele? - Avô, quando partes no barquinho, para onde vais? - Vou até ao poço dos piratas. É onde há mais peixe. - E onde é esse poço? - Fica a duas horas daqui, em direcção a Norte. Luana ficava a cismar com a resposta que, afinal, não satisfazia a sua curiosidade. -Sim, mas que há lá? – tornava ela. -O que há lá? – Estranhava o avô. – Há mar! - Só mar? Tanta pergunta! Que pretendia a neta? - Sim, só mar. Mar a toda a volta. Bom, e também algumas rochas. Poucas que lá para Norte há poucas rochas. MIMOSO, Anabela, «Aquela palavra mar», pags2-5
  • 4. O último período, ilustração de Patrícia Romão Junho – o meu mês preferido e, contudo, o mais detestado. É ai que começa o dilema existencial, porque os dilemas existências não escolhem idade para aparecerem. Há luz, há sol, vontade de viver, os dias são grandes e podem-se jogar a bola até às nove. No entanto… É também o mês das grandes decisões (passa-se ou reprova-se) e das grandes decisões: se se passa, dão-nos o que nos prometeram; se se reprova, passamos as férias todas a sentirmo-nos culpados. Isto é o que eu deduzo, porque nunca me aconteceu ficar nesta situação. No meu caso, passar significava ir com o meu pai oito dias para Paris, onde ele tinha um congresso, e ir com a minha família feminina para a Costa da Caparica, onde mora a minha tia Assunção. O que não era mau de todo, porque os meus dois primos são em divertidos. Reprovar significava: alínea a) – não ir a Paris, o que para mim era verdadeiramente ir pela primeira vez ao estrangeiro, porque aquela vez em vez em Espanha não contava; alínea b) – em vez de ir para Caparica com as mulheres, ir para casa do meu tio Afonso, que tem uma exploração de porcos, ajudá-lo no trabalho, o que, além de ser violento, mal cheiroso, tem o inconveniente de não ter ninguém da minha idade, de eu não gostar do tio Afonso que, se calhar, por não ter filhos, me trata como se eu fosse mais um empregado, e de eu detestar porcos. Mas ainda falta falar da alínea c). E este para mim era o maior castigo: passar dois meses a ouvir a minha irmã gabar-se por ter entrado na Faculdade e nunca dar preocupações a ninguém e eu nem ser capaz de fazer o sétimo ano, ano em que, diz quem não sabe, nunca se reprova. Pensava nisto tudo, naquela manhã assustadoramente azul de Junho. Não sabia o que decidir: se ia ficar triste a pensar nas coisas más que estavam tão perto de acontecer, se nas coisas boas que se podiam fazer num dia assim. Era o sábado de ficar com a mãe. A minha irmã cada vez estudava mais e ligava-me cada vez menos, a avó andava a arrumar a casa, a mãe tinha ido às compras. Com quem haveria eu de ir partilhar a alegria de um dia de Primavera? Só podia ser com um amigo. E quem é que era o meu maior amigo? O Broncas, claro. MIMOSO, Anabela, «O último período », pags 103-105
  • 5. Fontes: Jornal Tribuna das Ilhas, 17 de Abril de 2009 http://livros.online.pt/proust/qp_anabelamimoso.html http://fora-da-estante.blogspot.com/2008/11/propsito-da-violncia-domstica.html http://www.gailivro.pt/index.php?go=autdetails&lno=225 http://livrosasolta.wordpress.com/2009/03/29/o-ultimo-periodo-de-anabela-mimoso/ http://www.casadaleitura.org/portalbeta/bo/portal.pl/documentos/abz_indices/files_layout/files/files/portal.pl?pag= sol_la_fichaLivro&id=771 http://livrosasolta.wordpress.com/2009/02/18/parabens-caloira-de-anabela-mimoso/