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O Simbolismo inerente à construção da Passarola.
A Conjugação de quatro saberes/conhecimentos/poderes.
Documento oito.




Do sonho à Concretização




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O Simbolismo inerente à construção da Passarola.
A Conjugação de quatro saberes/conhecimentos/poderes.
Documento oito.




“As vontades dos vivos”

           O mundo está cheio de exemplos extraordinários de pessoas que com força de vontade têm conseguido
ultrapassar dificuldades, grandes obstáculos que parecem intransponíveis, mas que, com persistência, acabam por
ser superados. A vontade está dentro de nós, no entanto, por vezes, ela separa-se do homem, ainda “estando ele
vivo”. Conhecemos então essas pessoas fracas, desinteressadas, sem vontade sequer para fazer o trivial, para viver
o quotidiano.
           No entanto, quando ela existe e não nos abandona, é um bem precioso, “é a vontade dos homens que
segura as estrelas”. Bartolomeu de Gusmão sabe que é preciso muita força de vontade para fazer voar a passarola,
num esforço conjugado de saberes. Na obra, as duas mil vontades que Blimunda recolherá simbolizam essa enorme
força vai ser precisa para concretizar o sonho de fazer voar a passarola.
           Através dos tempos, o Homem tem conseguido realizar tarefas grandiosas, mostrando a sua grandeza e
superioridade quando à vontade alia a liberdade.
           Outrora, pela magia e pelo divino explicava-se o que era incompreensível; depois, a ciência veio dar
resposta a muitas dúvidas e ajudou o Homem a integrar-se num mundo que, por vezes, lhe era hostil; o
desenvolvimento da técnica tornou o nosso mundo mais claro, a nossa vida mais fácil. A arte que sempre existiu
reflecte um outro mundo, o mundo dos sentimentos, do que está dentro de nós e se exterioriza de diversas formas.
           Blimunda representa o elemento mágico não explicado, possui poderes sobrenaturais de ver “por dentro”
das pessoas e das coisas, por isso vai ser ela a recolher as vontades que estiveram prestes a sair dos corpos.
           Blimunda consegue ver uma “nuvem fechada sobre a boca do estômago”, o que representa,
simbolicamente, a vontade humana. Assim, as vontades, metaforizadas nas “nuvens escuras”, contribuíram, aliadas
ao sonho, para o progresso do mundo, ao longo dos séculos.

           Neste contexto, Bartolomeu Lourenço, Baltasar e Blimunda formam um trio em que cada um, com as suas
capacidades, vai contribuindo para a possibilidade de concretização do sonho do Padre. Aos seus conhecimentos
científicos, aliam-se o trabalho físico de Baltasar e a capacidade mágica de Blimunda de recolher vontades. Todos
sentem um grande entusiasmo na execução deste projecto e propõem-se erguer o sonho por eles compartilhado,
atingindo o desejo de realização plena.

       Mais tarde, surge um quarto elemento, o músico Scarlatti, que se associa ao projecto, acrescentando-lhe a
componente musical.

         Assim, os diferentes saberes interagiram na construção da passarola:
              •     Bartolomeu, com o saber científico.
              •     Baltasar, com o saber artesanal;
              •     Blimunda, com o saber sobrenatural;




                                                                                                                2
O Simbolismo inerente à construção da Passarola.
A Conjugação de quatro saberes/conhecimentos/poderes.
Documento oito.

             •    Scarlatti, com o saber artístico. (poder celestial da música que permite a elevação espiritual
                  humana).

         Em consonância, a ciência, o artesanato, a magia e a música uniram-se/harmonizaram-se para
corporizarem o SONHO/ PROGRESSO.




                                                                                                              3

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A conjugação dos quatro saberes na construção da Passarola

  • 1. O Simbolismo inerente à construção da Passarola. A Conjugação de quatro saberes/conhecimentos/poderes. Documento oito. Do sonho à Concretização 1
  • 2. O Simbolismo inerente à construção da Passarola. A Conjugação de quatro saberes/conhecimentos/poderes. Documento oito. “As vontades dos vivos” O mundo está cheio de exemplos extraordinários de pessoas que com força de vontade têm conseguido ultrapassar dificuldades, grandes obstáculos que parecem intransponíveis, mas que, com persistência, acabam por ser superados. A vontade está dentro de nós, no entanto, por vezes, ela separa-se do homem, ainda “estando ele vivo”. Conhecemos então essas pessoas fracas, desinteressadas, sem vontade sequer para fazer o trivial, para viver o quotidiano. No entanto, quando ela existe e não nos abandona, é um bem precioso, “é a vontade dos homens que segura as estrelas”. Bartolomeu de Gusmão sabe que é preciso muita força de vontade para fazer voar a passarola, num esforço conjugado de saberes. Na obra, as duas mil vontades que Blimunda recolherá simbolizam essa enorme força vai ser precisa para concretizar o sonho de fazer voar a passarola. Através dos tempos, o Homem tem conseguido realizar tarefas grandiosas, mostrando a sua grandeza e superioridade quando à vontade alia a liberdade. Outrora, pela magia e pelo divino explicava-se o que era incompreensível; depois, a ciência veio dar resposta a muitas dúvidas e ajudou o Homem a integrar-se num mundo que, por vezes, lhe era hostil; o desenvolvimento da técnica tornou o nosso mundo mais claro, a nossa vida mais fácil. A arte que sempre existiu reflecte um outro mundo, o mundo dos sentimentos, do que está dentro de nós e se exterioriza de diversas formas. Blimunda representa o elemento mágico não explicado, possui poderes sobrenaturais de ver “por dentro” das pessoas e das coisas, por isso vai ser ela a recolher as vontades que estiveram prestes a sair dos corpos. Blimunda consegue ver uma “nuvem fechada sobre a boca do estômago”, o que representa, simbolicamente, a vontade humana. Assim, as vontades, metaforizadas nas “nuvens escuras”, contribuíram, aliadas ao sonho, para o progresso do mundo, ao longo dos séculos. Neste contexto, Bartolomeu Lourenço, Baltasar e Blimunda formam um trio em que cada um, com as suas capacidades, vai contribuindo para a possibilidade de concretização do sonho do Padre. Aos seus conhecimentos científicos, aliam-se o trabalho físico de Baltasar e a capacidade mágica de Blimunda de recolher vontades. Todos sentem um grande entusiasmo na execução deste projecto e propõem-se erguer o sonho por eles compartilhado, atingindo o desejo de realização plena. Mais tarde, surge um quarto elemento, o músico Scarlatti, que se associa ao projecto, acrescentando-lhe a componente musical. Assim, os diferentes saberes interagiram na construção da passarola: • Bartolomeu, com o saber científico. • Baltasar, com o saber artesanal; • Blimunda, com o saber sobrenatural; 2
  • 3. O Simbolismo inerente à construção da Passarola. A Conjugação de quatro saberes/conhecimentos/poderes. Documento oito. • Scarlatti, com o saber artístico. (poder celestial da música que permite a elevação espiritual humana). Em consonância, a ciência, o artesanato, a magia e a música uniram-se/harmonizaram-se para corporizarem o SONHO/ PROGRESSO. 3