3. Farmacocinética
Para compreender e controlar a ação
terapêutica dos fármacos no organismo
humano, é preciso saber quanto destes
fármacos consegue chegar aos seus locais
de ação e quando isso ocorre.
4. Farmacocinética
A absorção, a distribuição, o metabolismo
(biotransformação) e a excreção dos
fármacos constituem os processos
conhecidos como FARMACOCINÉTICA.
5. Farmacocinética
O entendimento e a utilização dos princípios
farmacocinéticos podem ampliar a
probabilidade de sucesso terapêutico e
reduzir a ocorrência de efeitos adversos dos
fármacos no organismo.
9. Farmacocinética
BIODISPONIBILIDADE – indica a
magnitude com a qual um fármaco
atinge seu local de ação ou um líquido
biológico a partir do qual o fármaco
tenha acesso ao seu local de ação.
10. Farmacocinética
Por exemplo um fármaco que é absorvido pelo
estômago e pelo intestino precisa em primeiro
lugar atravessar o fígado antes de atingir a
circulação sistêmica. Se esse fármaco for
metabolizado no fígado ou eliminado na bile,
parte da forma ativa será inativada ou desviada
antes que possa atingir a circulação geral e ser
distribuída os seus locais de ação.
11. Farmacocinética
Se a capacidade metabólica ou excretora do
fígado para o agente em questão for
grande, sua biodisponibilidade será
substancialmente diminuída
(efeito de primeira passagem).
Esta redução da disponibilidade depende
do local anatômico a partir do qual ocorre
a absorção.
13. Farmacocinética
A absorção, seja qual for o local, depende
da solubilidade do fármaco. As
substâncias administradas em solução
aquosa são absorvidas mais rapidamente
que aquelas administradas em soluções
oleosas, suspensões ou forma sólida
porque se misturam mais facilmente com a
fase aquosa no local absortivo.
14. Farmacocinética
No caso de substâncias administradas na
forma sólida, a velocidade de dissolução
será fator limitante da sua absorção.
15. Farmacocinética
Condições do local de absorção modificam
a solubilidade, sobretudo no trato
gastrointestinal. O ácido acetilsalicílico,
que é relativamente insolúvel no ácido
gástrico, é um exemplo desse tipo de
fármaco
16. Farmacocinética
A concentração de um fármaco influencia
a velocidade de sua absorção.
Os agentes inferidos ou injetados em
soluções de concentração elevada são
absorvidos mais rapidamente do que
aqueles em soluções de baixa
concentração.
18. Farmacocinética
O maior fluxo sanguíneo, promovido por
massagem ou aplicação localizada de
calor, aumenta a velocidade de absorção
do fármaco, enquanto a redução do fluxo
sanguíneo, produzida por fatores
vasoconstritores, choque ou outros fatores
patológicos, consegue lentificar a absorção.
19. Farmacocinética
A área de superfície absorvente à qual
um fármaco é exposto é um dos
determinantes mais importantes da
velocidade de absorção.
20. Farmacocinética
As substâncias são absorvidas muito
rapidamente a partir de grandes
superfícies, como o epitélio alveolar
pulmonar, a mucosa intestinal ou, em
alguns casos, após a aplicação extensa, a
pele.
21. Farmacocinética
A superfície de absorção é determinada
sobretudo pela via de administração.
Cada um desses fatores isoladamente ou
em combinação com outros pode ter
efeitos substanciais sobre a eficácia e os
efeitos tóxicos de um fármaco.
23. Farmacocinética
A ingesta é o método mais comum de
prescrição de um fármaco.
Além disso é o mais seguro, mais
conveniente e o mais econômico.
24. Farmacocinética
As suas desvantagens incluem a
impossibilidade de absorção de alguns
agentes por causa de suas características
físicas, os vômitos em resposta a irritação
da mucosa GI, destruição de alguns
agentes por enzimas digestivas ou pelo
pH gástrico básico,
25. Farmacocinética
As irregularidades de absorção ou
propulsão na presença de alimentos e
outros fármacos e necessidade de
cooperação por parte do paciente.
26. Farmacocinética
Além disso, os fármacos no trato GI podem
ser metabolizados pelas enzimas da
mucosa, pela flora intestinal ou pelo
fígado antes de chegarem à circulação
geral.
27. Farmacocinética
A administração parenteral de fármacos
tem algumas vantagens nítidas em
relação à via oral. Em alguns casos, a
administração parenteral é essencial para
que o fármaco seja absorvido na sua
forma ativa.
28. Farmacocinética
De modo geral, a disponibilidade é mais
rápida e mais previsível do que quando
um fármaco é administrado por via oral.
29. Farmacocinética
A dose eficaz pode, portanto, ser escolhida
de forma mais precisa.
No tratamento de emergências, a adm.
parenteral é extensamente valiosa.
30. Farmacocinética
Se o paciente estiver inconsciente, não
estiver cooperando ou não conseguir reter
nada administrado por via oral, a terapia
parenteral passa a ser uma necessidade.
32. Farmacocinética
É essencial manter a assepsia, pode ocorrer
uma injeção intravascular quando esta não
era a intenção, a injeção pode ser
acompanhada de dor e , às vezes é difícil
para um paciente injetar o fármaco em si
mesmo se for necessária a
automedicação. Os custos são outra
consideração.
34. Farmacocinética
Em geral os fármacos ão administrados
pela boca e deglutidos.
Ocorre pouca absorção até que o fármaco
chegue ao intestino delgado.
35. Farmacocinética
A absorção pelo trato GI é governada pelos
fatores que são geralmente aplicáveis,
como a superfície de absorção, o fluxo
sanguíneo para o local de absorção, o
estado físico do fármaco e sua
concentração no local de absorção.
36. Farmacocinética
Como a maior parte da absorção pelo trato
GI ocorre através de processos passivos,
a absorção é favorecida quando o
fármaco se encontra na forma não-
ionizada, que é mais lipofílica.
37. Farmacocinética
O estômago é revestido por uma
membrana espessa e revestida por muco,
com pequena superfície e elevada
resistência elétrica.
A função básica do estômago é digestiva.
42. Farmacocinética
O epitélio do intestino apresenta uma
superfície extremamente grande, é
delgado, sua resistência elétrica é baixa e
sua função básica é facilitar a absorção
de nutrientes.
50. Farmacocinética
As cápsulas podem ser projetadas para
permanecer intactas por algumas horas
após a ingestão para retardar a absorção;
os comprimidos podem ter um
revestimento resistente para produzir o
mesmo efeito.
52. Farmacocinética
Em alguns casos, faz-se uma mistura de
partículas de liberação lenta e rápida na
mesma cápsula, para promover uma
liberação rápida, mas sustentada.
53. Farmacocinética
Para que um fármaco passe da luz do
intestino delgado para a circulação
sistêmica, além de atravessar a mucosa
intestinal, deve vencer intacto a sucessão
de enzimas que podem inativá-lo na
parede intestinal e no fígado, referida
como metabolismo ou eliminação pré-
sistêmica, ou de primeira passagem.
54. Farmacocinética
O termo biodisponibilidade é usado para
indicar a fração de uma dose oral que
chega a circulação sistêmica na forma de
fármaco intacto, levando em consideração
tanto a absorção como a degradação
metabólica local.
55. Farmacocinética
A fração é medida determinando-se a
concentração plasmática x curvas de
evolução temporal em um grupo de
indivíduos após administração oral.
59. Farmacocinética
A absorção pela mucosa oral tem
importância especial para alguns
fármacos, apesar do fato de a superfície
disponível para absorção ser pequena.
60. Farmacocinética
Os fármacos absorvidos na boca passam
diretamente para a circulação sistêmica
sem entrar no sistema porta, escapando
do metabolismo de primeira passagem
pelas enzimas da parede do intestino e do
fígado.
62. Farmacocinética
Nem todos os fármacos penetram
facilmente pela pele intacta. A absorção
daqueles que o fazem depende da
superfície sobre a qual são aplicados e de
sua lipossolubilidade, pois a epiderme
comporta-se como uma barreira lipídica.
64. Farmacocinética
Entretanto a derme é livremente permeável
a muitos solutos; por esta razão a
absorção sistêmica dos fármacos ocorre
mais facilmente pela pele que sofreu
abrasão, queimadura ou desnudamento.
65. Farmacocinética
Inflamação e outros distúrbios que
aumentam o fluxo sanguíneo cutâneo
também ampliam a absorção.
A absorção pela pele pode ser ampliada
pela suspensão do fármaco em veículo
oleoso e pela fricção desta preparação na
pele.
66. Farmacocinética
Como a pele hidratada é mais permeável
do que a seca a formulação pode ser
modificada ou pode-se aplicar um curativo
oclusivo para facilitar a absorção.
67. Farmacocinética
A disponibilidade de adesivos transdérmicos
tópicos de liberação controlada tem
aumentado, incluindo-se as de nicotina para
interrupção do tabagismo; testosterona e
estrogênio para terapia de reposição
hormonal, estrogênios e progestogênios
utilizados na contracepção, fentanila
utilizada na analgesia, etc.
69. Farmacocinética
Acredita-se que a absorção ocorra através
da mucosa que recobre o tecido linfoide
nasal. Ela é semelhante à mucosa que
recobre as placas de Peyer no intestino
delgado, que também é singularmente
permeável.
71. Farmacocinética
Muitos fármacos são aplicados na forma de
colírio, dependendo da absorção através
do epitélio do saco conjuntival para
produzir seus efeitos. São usados
principalmente por seus efeitos locais.
72. Farmacocinética
Efeitos locais desejáveis podem ser
alcançados sem causar efeitos colaterais
sistêmicos.
A absorção sistêmica resultante da
drenagem pelo canal nasolacrimal
geralmente é indesejável.
73. Farmacocinética
Em geral, os efeitos locais dependem da
absorção do fármaco pela córnea; por
esta razão, infecção ou traumatismo
corneano pode acelerar a absorção.
74. Farmacocinética
Os sistemas de liberação oftálmica que
asseguram ação prolongada (suspensões
e pomadas) são acréscimos úteis ao
tratamento dos distúrbios oftálmicos.
76. Farmacocinética
A administração retal é usada para
fármacos que devem produzir um efeito
local ou efeitos sistêmicos. A absorção
após a administração retal geralmente não
é confiável, mas pode ser útil em pacientes
em quadro emético ou incapazes de tomar
medicamentos pela via oral
80. Farmacocinética
Contanto que não causem irritação,
fármacos gasosos e voláteis podem ser
inalados e absorvidos pelo epitélio
pulmonar e pelas mucosas do trato
respiratório.
81. Farmacocinética
A via inalatória é utilizada para os anestésicos
voláteis e gasosos, servindo o pulmão tanto
como uma via de administração, quanto de
eliminação.
administração
O acesso à circulação é rápido por essa via,
tendo em vista que a área pulmonar é
grande.
82. Farmacocinética
A troca rápida resultante da grande área e
do fluxo sanguíneo permite a obtenção de
ajustes rápidos na concentração
plasmática.
83. Farmacocinética
As soluções com fármacos podem ser
atomizadas e as gotículas minúsculas em
suspensão no ar (aerossol) inaladas pelo
paciente.
84. Farmacocinética
As vantagens dessa via são a absorção
quase instantânea do fármaco pela
corrente sanguínea; evitar a perda pela
primeira passagem hepática; e no caso de
doença pulmonar, a aplicação do fármaco
no local de ação desejado.
86. Farmacocinética
A injeção intravenosa é a via mais rápida e
confiável de administração de um
fármaco.
Os fatores limitantes da absorção são
anulados pela injeção intravenosa dos
fármacos em solução aquosa, porque a
biodisponibilidade é completa e rápida.
87. Farmacocinética
Além disso a liberação do fármaco é
controlada e assegurada com precisão e
rapidez, o que não é possível por qualquer
outra via.
Em alguns casos como na indução da
anestesia operatória a dose do fármaco não
é predeterminada, mas ajustada de acordo
com a resposta do paciente.
88. Farmacocinética
Além disso, algumas soluções irritantes
podem se administradas apenas por via
intravenosa, porque o fármaco, injetado
lentamente, se distribui de modo amplo na
corrente sanguínea.
89. Farmacocinética
Existem vantagens e desvantagens no uso
dessa via de administração. O paciente
pode ter reações indesejáveis porque o
fármaco pode atingir rapidamente
concentrações altas no plasma e nos
tecidos.
90. Farmacocinética
Existem situações terapêuticas nas quais é
aconselhável administrar um fármaco por
injeção rápida (volume pequeno aplicado
rapidamente) e outras circunstâncias nas
quais se recomenda a administração mais
lenta do fármaco (bolsa de infusão).
91. Farmacocinética
A administração intravenosa dos fármacos
exige monitoração cuidadosa da resposta
do paciente. Além disso, depois da
injeção do fármaco, geralmente não há
como retirá-lo.
93. Farmacocinética
Fármacos dissolvidos em veículos oleosos,
compostos que se precipitam no sangue
ou hemolisam eritrócitos, e combinações
de fármacos que formam precipitados,
não devem ser administrados por via
intravenosa.
95. Farmacocinética
A injeção por via subcutânea pode ser
realizada apenas com os fármacos que
não causam irritação dos tecidos; caso
contrário, pode provocar dor intensa,
necrose e descamação dos tecidos.
96. Farmacocinética
Em geral, a taxa de absorção após a
injeção subcutânea de um fármaco é
suficientemente constante e lenta para
produzir um efeito prolongado.
97. Farmacocinética
Além disso, pode-se variar intencionalmente o
período durante o qual um fármaco é absorvido,
como acontece com a insulina injetável usando
alterações na dimensão da partícula, formação de
complexo proteico e variação do pH para produzir
as preparações de ações curta (3 - 6 h),
intermediária (10 – 18 h) e longa (18 – 24 h).
98. Farmacocinética
O acréscimo de um agente vasoconstritor
em uma solução do fármaco a ser injetado
por via subcutânea também retarda a
absorção.
100. Farmacocinética
A absorção dos fármacos implantados sob
a pele na forma de bastões ou pellets
sólidos ocorre de modo lento ao longo de
um período de semanas, meses ou anos.
102. Farmacocinética
Os fármacos em solução aquosa são
absorvidos muito rapidamente após a
injeção intramuscular, mas isso depende
da taxa de fluxo sanguíneo no local da
injeção.
105. Farmacocinética
Se o fármaco for injetado em solução
oleosa ou suspenso em vários outros
veículos de depósito, a absorção
resultante depois da injeção IM será lenta
e constante. Os antibióticos comumente
são administrados dessa forma.
109. Farmacocinética
Por essa razão, quando for necessário
produzir efeitos locais rápidos dos
fármacos nas meninges ou no eixo
cerebrospinal (anestesia espinal ou
tratamento das infecções agudas do SNC),
alguns fármacos são injetados diretamente
no espaço subaracnoideo medular.
113. Farmacocinética
Bibliografia:
Rang & Dale: farmacologia - Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman –
Porto Alegre, 2012.
Farmacologia básica e clínica – Katzung – Rio de Janeiro, 2005.