1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
COLEGIADO DE PEDAGOGIA - COLPED
AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ
CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA
MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE,
ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA.
SENHOR DO BONFIM-BA
Março/2011
2. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
COLEGIADO DE PEDAGOGIA - COLPED
AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ
CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA
MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE,
ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA.
Monografia apresentada ao Departamento de
Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da
Universidade do Estado da Bahia, como parte dos
requisitos para obtenção de graduação no Curso
de Pedagogia com Habilitação em Docência e
Gestão de Processos Educativos.
Linha de Pesquisa: Memória, Cultura e História da
Educação.
Orientadora: Profª Drª Maria Gloria da Paz
SENHOR DO BONFIM-BA
Março/2011
3. AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ
CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA
MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE,
ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA.
Monografia apresentada ao Departamento de
Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da
Universidade do Estado da Bahia, como parte dos
requisitos para obtenção de graduação no Curso
de Pedagogia com Habilitação em Docência e
Gestão de Processos Educativos.
Aprovada em ____ de ________________ de 2011.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Profª Drª Maria Gloria da Paz - Universidade do Estado da Bahia –UNEB
Orientadora
_____________________________________________________________
Profª Beatriz de Souza Barros - Universidade do Estado da Bahia- UNEB
Examinadora
_____________________________________________________
Profº Dr. Gilberto Lima dos Santos - Universidade do Estado da Bahia- UNEB
Examinador
4. O espaço, fora de nós, ganha e traduz as coisas:
Se quiseres conquistar a existência de uma árvore,
Reveste-a de espaço interno, esse espaço
Que tem seu ser em ti. Cerca-a de coações.
Ela não tem limite, e só se torna realmente uma
árvore
Quando se ordena no seio da tua renúncia.
(Bachelard, 2003)
5. DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, aos meus filhos, Lemonnier
Filho e Graziela Benevides, ao meu esposo, que
aceitaram e suportaram muitos momentos de
ausência no decorrer do curso.
6. AGRADECIMENTOS
A Deus, que me deu vida e que com a sua infinita bondade, permitiu que a minha
jornada no Curso de Pedagogia fosse cumprida.
Aos meus Pais, que com toda humildade ensinou-me a cultivar valores, como:
honestidade, respeito aos mais velhos, respeito aos professores, entre outros.
Ao meu esposo Lemonnier, que amo muito, que sempre esteve ao meu lado,
dando-me apoio, que com seu amor e paciência sempre me motivou a continuar
minha jornada. Obrigada por ser um marido e um pai exemplar.
Aos professores que contribuíram para minha formação.
Às minhas colegas de faculdade pela troca de informações e experiências,
especialmente Anailma Santos, Ana Lúcia Freire e Maria Clara Fortes, que me
ajudaram muito no decorrer do curso.
E à minha Orientadora, Maria Glória da Paz, mulher sublime, que com sua
suavidade, e tranquilidade, ofertou-me seus conhecimentos, orientando-me na
construção dessa pesquisa.
As todas as pessoas que se dispuseram a ser investigados, que toleraram minha
presença e todos que não citei que contribuíram para a concretização deste
trabalho. Obrigada.
7. SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 12
CAPÍTULO I............................................................................................................... 14
1.1 Educação infantil: uma demanda em constante crescimento............................ 14
1.2 Os Espaços escolares: lugares de ação sócio educativa................................ 17
1.3 A Legislação atual um documento sobre os espaços destinados à Educação
Infantil.................................................................................................................. 21
1.4 A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense: um olhar sobre a antiga
LBA........................................................................................................................ 25
CAPÍTULO II.............................................................................................................. 27
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................. 27
2.1 Pesquisa.............................................................................................................. 27
2.1.1 História Oral........................................................................................27
2.2 Instrumentos da pesquisa................................................................................... 28
2.2.1 Observação........................................................................................ 28
2.2.2 Entrevista........................................................................................... 28
2.3 Guia da Entrevista................................................................................................ 28
2.3.1 Bloco I Identificação dos depoentes................................................... 29
2.3.2 Bloco II As questões de estudo........................................................... 29
2.4 Carta Cessão...................................................................................................... 34
2.5 As fontes.............................................................................................................. 35
2.5.1 Fontes Orais....................................................................................... 35
2.5.1.1 Caracterização das fontes orais..................................................36
2.5.2 Fontes Escritas...................................................................................43
2.6 Local da Pesquisa............................................................................................... 44
2.6.1 Mapa de localização...........................................................................45
2.7 Dados gerais da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense................... 46
CAPITULO III............................................................................................................. 47
3. DIALOGANDO COM OS SUJEITOS ENTREVISTADOS.................................... 47
3.1 Espaço Físico: Um ambiente apropriado para Educação Infantil........................ 47
8. 3.2 A influencia do ambiente físico escolar no processo ensino-aprendizagem na vi-
são dos professores.............................................................................................49
3.3 O espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundacão Bonfinense na visão
dos professores................................................................................................... 50
3.4 As crianças e a hora do recreio: um local especial e as atividades realizadas.. 51
3.5 A localização das salas: uma contribuição para a qualidade do ensino............. 52
TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.............................................................. 55
REFERÊNCIAS..........................................................................................................58
FONTES ELETRÔNICAS.......................................................................................... 62
FONTES ORAIS ....................................................................................................... 63
ANEXOS.................................................................................................................... 64
9. LISTA DE SIGLAS
SIGLA SIGNIFICADO
LBA Legião Brasileira de Assistência
LDB Lei de Diretrizes e Bases
PNE Plano Nacional de Educação
10. LISTA DE MAPAS
MAPA HISTÓRICO PÁGINA
01 Mapa do Território de Identidade do Piemonte 45
Norte do Itapicurú, Bahia, 2004
11. LISTA DE FOTOGRAFIAS
FOTO HISTÓRICO PÁGINA
Fotografia 01 Aldey Bispo dos Santos 36
Fotografia 02 Dulcinéia Candida Cardoso de 37
Medeiros
Fotografia 03 Nancy Souza Bastos 38
Fotografia 04 Iramaia Guirra 39
Fotografia 05 Maria das Neves de Aquino Dourado 40
Fotografia 06 Maria de Fátima Gonçalves Silva 41
Fotografia 07 José Lourenço Fonseca de Carvalho 42
12. RESUMO
Este trabalho tem como tema A Cultura Escolar e dentro desta área escolhemos
para estudo o espaço físico escolar da Escola Municipal Maternal Fundação
Bonfinense, antiga LBA, localizada no município de Senhor do Bonfim-BA, uma
escola destinada à educação infantil. O objetivo que demandou este estudo foi
investigar, através da oralidade e de fontes documentais, como as professoras
compreendem o espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense,
Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia, e qual a sua importância para o
desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas voltadas a crianças de 0 a 06
anos. A construção deste estudo se deu através da pesquisa bibliográfica, da
observação e da história oral, teve como fontes escritas Ariès (1981), Frago e
Escolano (2001), Dominique Julia (2001), Bachelard (2003) e Verena Alberti (2008).
Como fontes orais, contamos com algumas professoras e pessoas da comunidade
que nos atenderam com boa vontade. O resultado deste estudo ratifica tudo o que
foi pesquisado, visto e observado no tocante ao espaço físico sob a mira da cultura
escolar culminando com a opinião da direção e corpo docente da referida escola
quanto à importância do espaço físico e estrutural como um dos fatores
preponderantes para o sucesso escolar. Com as entrevistas das professoras ficou
claro que uma boa infra-estrutura escolar beneficia a todos os envolvidos no
processo educativo por propiciar um espaço de troca de conhecimentos através da
interação indivíduo/meio/indivíduo.
Palavras-Chave: Espaço escolar. Cultura escolar. Legião Brasileira de Assistência -
LBA.
13. 12
INTRODUÇÃO
O trabalho de Conclusão de Curso que ora apresentamos tem aporte na Cultura
Escolar e dentro desta área de conhecimento, como recorte, o estudo sobre O espaço
físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA, em
Senhor do Bonfim, Bahia.
A temática foi escolhida no decorrer do Curso de Pedagogia, a partir de
observações, bem como estágio em algumas instituições voltadas para a educação
infantil. O que se percebeu durante essas visitas é que o espaço físico destinado a uma
ação tão significativa como é a formação de crianças é inadequado, pois carece de
planejamento prévio e geralmente, são escolas construídas em locais de difícil acesso,
sem aeração e ventilação e sem as mínimas condições de conforto, bem como sem
nenhum atrativo para a faixa de crianças entre 0 a 06 anos.
Entendendo que a escola não é um estacionamento de crianças e sim um lugar
de socialização, de transmissão de valores e conhecimentos, este estudo se propõe a
discutir a importância do espaço escolar (instalações, mobiliário, iluminação, arejamento,
aspecto estético, material didático) para o processo de ensino-aprendizagem, assim
como da atuação dos agentes, desde os que lidam mais diretamente com o público
infantil como diretor e professores , até a legislação e a ação do poder público no que
tange aos investimentos em Educação Infantil, tema que faz parte dos discursos
políticos.
É sabido pela maioria dos profissionais da educação que a primeira etapa da
educação da criança acontece no convívio familiar. Segundo Brandão (2001), na
sociedade grega a educação das crianças até os 07 anos era de competência das mães
e depois do estado; Após essa fase, as meninas continuavam nas tarefas domésticas e
os meninos eram entregues ao Estado; a partir daí, a educação passa a ser uma função
da escola, sendo esta indispensável para o desenvolvimento daquela sociedade.
14. 13
As Instituições Infantis para crianças de 0 a 6 anos, de acordo com Romão
(2006), surgem em meados do século XVIII, na França, e consistiam em dois grupos: os
asilos de primeira infância, que eram as creches com caráter assistencialista, destinadas
aos pobres, ou seja, mães que precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar
seus filhos, e os ―jardins-de-infancia‖, escolas para segunda infância que atendiam
crianças de 3 a 6 anos e destinavam-se a todas as camadas sociais.
Sob este aspecto entendemos que a instituição escolar apresenta-se com uma
estrutura material constituída para atender a uma determinada finalidade: socializar,
conviver coletivamente, o que não é uma finalidade qualquer, por ser algo
extremamente necessário e de caráter permanente. (SAVIANI, 2007).
Assim, a questão das discussões sobre a Educação Infantil é um assunto
histórico, que está sempre em pauta, pois suscita muitos debates a respeito do universo
infantil, que, segundo Angotti (2006), ―ainda não conquistou espaço suficientemente
expressivo a tal ponto de ter deixado de ser intenção vazia de discursos políticos‖ (p.16).
Todas as dicussões em torno da educação infantil nos fazem entender que o
espaço escolar é de grande importância para a Educação Infantil. Neste trabalho nos
dispomos a conhecer como é que os agentes da educação ( professores, diretores)
compreendem o espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense,
Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia, e a sua importância para o desenvolvimento
das atividades sócio-pedagógicas das crianças de 0 a 06 anos.
Palavras - chave: Espaço escolar. Cultura escolar. Legião Brasileira de Assistência-
LBA.
15. 14
CAPÍTULO I
1.1 Educação Infantil: uma demanda em constante crescimento
De acordo com estudiosos, no decorrer da história da Educação Infantil
evidencia-se que a concepção de infância é uma construção histórica e social e que, ao
mesmo tempo, existem múltiplas ideias sobre criança e desenvolvimento infantil e,
consequentemente, surgem debates constantes, mediando as práticas educacionais.
Na idade Média, segundo Ariès (1981), os colégios eram reservados a um pequeno
número de clérigos e misturavam diferentes idades dentro de um espírito de liberdade
de costumes. A escola não dispunha de acomodações grandes, o mestre instalava-se
no claustro e em geral alugava uma sala por um preço regulamentado nas escolas
universitárias. Forrava-se o chão e os alunos aí se sentavam. As crianças viviam
igualmente com os adultos, não havia separação, ou seja, não se tinha uma visão de
infância, segundo este autor:
Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como percebemos
hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos, trabalhavam e viviam juntos
aos adultos, vestiam-se como adultos e praticavam de tudo: da vida social,
política e religiosa da comunidade, não havia propriamente dito, ―um mundo
infantil‖, diferente e separado, ou uma visão especial sobre infância (ARIÈS,
1981, p. 23).
Kramer (1987) afirma sobre as instituições infantis: ―Surgem a partir do século
XVIII instituições com caráter assistencialista, servindo de guardiãs de crianças órfãs e
filhos de trabalhadores, cujo objetivo era cuidar da higiene, alimentação e segurança das
crianças, negando o aspecto pedagógico‖ (p 23).
Segundo Bencosta (2005), ―no Brasil, até a Primeira República (1889-1930), não
havia prédio próprio para o funcionamento das escolas, que desenvolviam suas
atividades em qualquer espaço sem condições apropriadas‖ (p.286). Essas instituições
apenas disfarçavam o problema e não apresentavam a competência de buscar
mudanças mais intensas na realidade social dessas crianças.
16. 15
Com o processo de alfabetização e a democratização da educação brasileira, a
construção de prédios específicos para o funcionamento das escolas adquire um
destaque especial. De acordo com a história, visava atender à elite, era valorizada e
sua estrutura física apresentava ambientes diversificados e conservados, pois recebia
influência européia, o que subentende-se que atendia às expectativas necessárias para
o ensino e aprendizagem. Segundo Lopes e Clareto (2007), as escolas obedeciam aos
modelos internacionais, reproduziam os padrões higienistas europeus, e assim se
adequavam às exigências da elite da época.
Além da localização como marco privilegiado, as primeiras escolas
republicanas serão rica em seus detalhes: estátuas, jardins, construções com
ambientes amplos, ventilados [...] a escola passa a ser pensada como espaço
imaginado pela burguesia, local asséptico, sem odores, limpo e organizado
(p.83).
Em 1875, no Rio de Janeiro, e em 1877, em São Paulo, surgiram os primeiros
jardins-de-infância, mas nehum deles voltado ao atendimento a crianças das camadas
populares, mas particulares, para atender às crianças da elite, e desenvolviam uma
programação pedagógica inspirada em Froebel (OLIVEIRA, 2008). Embasados no
pensamento froebeliano de que o inicio da infância é uma fase de importância decisiva
na formação das pessoas e que a criança é como uma planta que exige cuidados para
que cresça de maneira saudável e que para tanto deveria estar exposta a condições
favoráveis em seu meio ambiente. Segundo Arce ( 2002), Froebel procurava na infância
o elo que igualaria todos os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida
pelo convivio social:
[...] Acreditava que a criança trazia em si a semente divina de tudo o que há de
melhor no ser humano. Por isso, propunha cultivar nas crianças suas tendências
divinas, sua essência humana através do jogo, das ocupações e das atividades
livres, com ritmos, movimentos livres , tal como Deus faz com as plantas da
natureza [... ] (p. 62).
Em meados do século XVIII e século XIX, com o crescimento social e a expansão
do processo de industrialização no Brasil, houve necessidade de qualificar a mão-de-
obra para inserção do indivíduo no mercado de trabalho. A educação pública passou a
ser considerada fator ativo do processo econômico. Havendo maior procura pela
educação escolar, percebeu-se que era imprescindível ampliar a rede de escolas
17. 16
públicas e o governo providenciou a construção de escolas de forma rápida e barata
para a população pobre.
Com o ingresso da mulher no mercado de trabalho, surgiram as escolas
maternais, de caráter assistencialista, para atender os filhos de mães operárias ou
empregadas domésticas e que, segundo Romão (2006), eram espaços provisórios que
não atendiam às necessidades básicas das crianças; esta afirma que a partir dos anos
1940 e 1950 houve crescimento das escolas infantis, mas a prioridade era atender a
escola primária, diminuindo assim os recursos destinados à educação infantil até
meados de 70.
A partir dos anos 80, a classe popular clama por ampliação da escola e reivindica
do Estado o dever para com a educação das crianças de 0 a 06, o que até então, não
demonstrava empenhado para com essa função (OLIVEIRA, 2008, p.35). Desde então,
a Constituição de 1988 vem assegurar o direito da criança à Educação Infantil.
Segundo Kuhlmann (2001), um século após o surgimento da Educação Infantil, a
demanda era muito grande e o Estado não assumia a sua função, permitindo com isso o
uso de galpões para abrigar as ―escolas”, a não destinação de recursos, a atuação de
pessoas sem formação para lidar com crianças nessa faixa etária. Barreto (1998),
acrescenta que as instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma como se
expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros necessários, depara-se com
padrões bastante aquém dos desejados:
[...] a insuficiência e inadequação de espaços físicos, equipamentos e materiais
pedagógicos; a não incorporação da dimensão educativa nos objetivos da
creche; a separação entre as funções de cuidar e educar, a inexistência de
currículos ou propostas pedagógicas são alguns problemas a enfrentar.
(BARRETO, 1998, p. 25).
Uma vez que a sociedade passa por mudanças, entende-se que a escola também
deveria acompanhar essas transformações, sobretudo no que diz respeito ao seu
aspecto físico e social. São muitos os trabalhos e documentos, como Normas,
Referenciais, Diretrizes Operacionais, Planos e Parâmetros Nacionais para a Concepção
18. 17
do Espaço Educacional Infantil que apontam essa questão; muitos desses documentos
trazem sugestões para a melhoria dos espaços escolares que oportunizem à criança, a
liberdade de movimentos, a liberdade de ir e vir, o que possibilita a socialização com o
mundo e com as pessoas e ajuda a estabelecer uma relação prazerosa, de modo que a
criança aprenda se divertindo.
1.2 Os Espaços escolares: lugares de ação socioeducativa
Os espaços destinados à Educação Infantil necessitam de olhares mais
cuidadosos. Segundo alguns autores, essa estrutura física é também parte integrante do
currículo, uma vez que tem influência direta no processo de ensino aprendizagem da
criança, seja na organização do espaço educativo, seja no material didático disponível e
acessível aos sujeitos que ali convivem. Para Carvalho e Rubiano (2001), ―as
características físicas de um ambiente geralmente são negligenciadas no planejamento
de ambientes infantis coletivos e que esses ambientes devem ser ricos e estimuladores‖
(p.107).
Do mesmo modo, Vygotsky (1998) defendeu em suas teorias educativas que para
aprender a andar, subir, descer, correr a criança necessita de espaço para se
movimentar em repetidas tentativas de aprendizagem, o que também acontece com o
aprender a ler e escrever, e de igual forma, com a interação social. ―Assim, o
aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das
funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas‖
(VYGOTSKY, 1998, p. 118). Nesse contexto, uma proposta pedagógica deve considerar
que a criança precisa de um ambiente que garanta sua segurança física e psicológica,
assegurando a oportunidade de se perceber como sujeito.
A proposta pedagógica deve considerar a importancia dos aspectos
socioemocionais na aprendizagem e na criação de um ambiente interacional rico
de situações que provoquem a atividade infantil, a descoberta, o envolvimento
em brincadeiras [...] deve prorizar o desenvolvimento da imaginação, do
raciocínio e da linguagem, como instrumentos básicos para a criança se
apropriar de conhecimentos elaborados em seu meio social (OLIVEIRA, 2008,
p.50).
19. 18
As instituições de Educação Infantil possuem características diferentes e
especiais, como nos afirma Nóvoa (1998), ―As escolas são instituições de um tipo muito
particular, que não podem ser pensadas como qualquer fábrica ou oficina: a educação
não tolera a simplificação do humano‖ (p. 16).
Assim, o espaço físico tem suas particularidades. Nesse sentido, é preciso de
antemão reconhecer que a organização do espaço físico escolar destinado a crianças,
bem como o tipo de mobiliário, as diferentes disposições do ambiente, o modelo de
edificação, tudo isso se institui historicamente, criando assim uma cultura escolar. Ao
adentrarmos nesse ambiente, nesse espaço, sabemos logo distinguir para quê foi
organizado. Na visão de McLaren (2000), ―A escola foi histórica e tradicionalmente
concebida para criar consensos, homogeneizar ritmos, valores e condutas, de acordo
com uma certa visão/concepção de mundo‖ (p.15). Resultante de um conjunto de regras,
valores, crenças e modelos de conduta oriundos do ambiente cultural dos sujeitos que a
frequentam (professores e alunos), criando assim cada instituição de ensino a sua
própria cultura escolar.
Seguindo este raciocínio é que Frago (1995), apud Faria Filho (2004), concebe
cultura escolar como um conjunto de tudo que acontece no interior da escola
concernente a práticas de normas e teorias e comenta que: ―A cultura escolar é a vida
de toda a escola: fatos e ideias, mentes e corpos, objetos e comportamentos, modos de
pensar, o dizer e o fazer‖ (p.69). Sendo assim, é através da mediação do ser humano
que efetivamente consegue criar mecanismos para as transformações sociais, sendo
esta uma das finalidades da educação. De acordo com os autores acima citados, a
cultura escolar é:
O conjunto dos aspectos institucionalizados que caracterizam a escola como
organização, o que inclui "práticas e condutas, modos de vida, hábitos e ritos – a
história cotidiana do fazer escolar –, objetos materiais – função, uso, distribuição
no espaço, materialidade física, simbologia, introdução, transformação,
desaparecimento (...) e modos de pensar, bem como significados e idéias
compartilhadas‖ (p.05).
E ainda na opinião de Frago (1995), apud Faria Filho (2004), há tantas culturas
escolares quanto instituições de ensino, advogando a cada escola a capacidade de
20. 19
produzir uma cultura específica, singular e original advinda das maneiras de fazer e
pensar, atitudes e comportamentos de sua clientela, sedimentada ao longo do tempo
sob a forma de tradições, regras e costumes. Nesse sentido, as relações que se
estabelecem entre os sujeitos que ali convivem, é de suma importância para as práticas
educacionais.
Entrementes, Julia (2001) faz uma reflexão mais profunda quando descreve a
cultura escolar como ―um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e
condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
conhecimentos e a incorporação desses comportamentos‖ (p.10). Julia convidava os
historiadores da educação a se interrogarem sobre as práticas cotidianas, sobre o
funcionamento interno da escola. O que nos conduz ao entendimento de que o tempo e
o espaço escolar são dimensões de grande relevância no processo educacional, pois
passamos parte de nosso tempo nesse espaço, construindo nossa história, que é
guardada em nossa memória.
Segundo Candau (2000), a cultura escolar supõe necessariamente uma seleção
entre materiais culturais disponíveis num determinado momento histórico e social que
realiza um trabalho de reorganização e reestruturação proposto pela escola com
finalidade de aprendizagem. Candau afirma ainda que ― a cultura escolar predominante
em nossas escolas se revela como ―engessada‖, pouco permeável ao contexto em que
se insere, aos universos culturais das crianças a que se dirige‖(p.68). Percebemos, a
partir desses conceitos de cultura escolar, a dificuldade de se incorporar os avanços do
desenvolvimento nos espaços educativos, pois as escolas têm sempre características
homogêneas, seja no aspecto pedagógico ou na organização do espaço, este pouco
evolui.
Em nossa vivência de infância, quem não lembra da escola? Para Bachelard
(2003): ―existe para cada um de nós uma casa onírica, uma casa de lembrança-sonho,
perdida na sombra de um além do passado verdadeiro‖ (p. 34). O autor mostra que há
poesia nos principais espaços preferidos pelo homem. É neste contexto que podemos
afirmar que a escola, depois da familia é o segundo lugar ao qual devemos ter um olhar
diferenciado, pois é na escola que acontecem nossas interações, nossas descobertas,
21. 20
principalmente no que se refere ao período da infância, pois esta, como afirma
Bachelard ( 2003), ―permanece viva em nós‖ (p 35). Assim como a infância é uma etapa
tão importante na vida da criança, as escolas de educação infantil devem ser espaços
planejados e atrativos, devendo ser vista com atenção e significado. Pois é nessa etapa
que flui a nossa imaginação e as experiencias nesse espaço certamento irão refletir na
nossa vida social, pessoal e psicológica.
Bachelard (2003), nos traz que o espaço físico é uma questão de suma
importância à condição humana, tanto é que no plano familiar quanto escolar nos
remete à percepções e sensações indeléveis e determinantes como pontos de
referência no mundo. Em sua opinião, ―a casa é vista como o grande berço, o
aconchego e proteção desde o nascimento do homem, é o paraíso material. As
lembranças da casa estão guardadas na memória, no inconsciente e acompanham-nos
durante toda a vida, sempre voltamo-nos a elas nos nossos devaneios‖ (p.36).
O homem criou a casa como abrigo familiar/social e, para seu desenvolvimento,
trouxe, na seqüência histórica, a escola para protegê-lo das dificuldades intelectuais,
sociais e culturais. Desde então, corroborando com Vinão Frago e Escolano (2001), ―o
espaço como território e lugar introduz nas palavras de Barchelard a dialética do interno
e do externo – aquilo que é escola e aquilo que fica fora dela, por exemplo, e também
em relação à sala de aula e a outros espaços escolares – o fechado e o aberto –
estruturas cortantes ou hermétricas, frente a estruturas de transição ou porosas – e o
pequeno e o grande – a escola/ lar frente a escola/quartel (p.65).‖ Temos na afirmação
acima de que a escola tornou-se um segundo lar e não se deve esquecer que, como
qualquer outro tipo de habitação, incluída a própria casa, é uma criação cultural sujeita a
mudanças históricas.
Nessa linha de raciocínio, podemos entender através de Andrade (2006) que ―o
espaço físico é uma estrutura que materializa as práticas sociais, culturais e
educacionais de uma determinada época e possui o poder de gerar, através de suas
transformações, novos modos de vida e de relações (p.3)‖, levando-nos a crer que, em
sua relação com o espaço, o ser humano o modifica quantas vezes for preciso em
atendimento às suas necessidades físicas, estéticas, culturais e sociais.
22. 21
1.3 A legislação atual, um documento sobre os espaços destinados à Educação
Infantil.
Muitas mudanças ocorreram na estrutura da sociedade, seja no aspecto social,
cultural ou econômico, e no decorrer da história percebemos que a criança foi vista de
diferentes formas e os conceitos sobre a mesma sempre foram se transformando. Como
afirma Cunha (1983), as crianças passaram a ser tratadas diferenciadamente dos
adultos, recebendo tratamento de acordo com sua faixa etária.
Desde então, comecou-se a pensar e criar formas, modelos educacionais,
métodos pedagógicos com características próprias de acordo com a idade. A escola
passou a ter um papel fundamental para o desenvolvimento social e intelectual da
criança, mas no que se refere ao ambiente escolar percebemos que a escola não
evoluiu, manteve-se estática, obsoleta, sem criar elementos funcionais que
contribuíssem no ato educativo. Para tanto houve a necessidade da criação da
Legislação Educacional Brasileira, apresentando uma série de informações no sentido
de deliberar critérios de qualidade para infraestrutura das Instituições de Educação
Infantil. Seja na LDB/96, Lei de Diretrizes e Bases (1996), no Referencial Curricular para
a Educação Infantil (1998) , Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil (2000), e
ainda o PNE- Plano Nacional de Educação (2001), Os Parâmetros Básicos de
Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (2006), todos esses documentos
apontam para a questão do espaço físico que aparece associado à proposta
pedagógica.
A Constituição de 1988 traz no seu art. 208 que ―O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola
às crianças de zero a seis anos de idade‖. Ou seja, a Educação Infantil passa a ser
vista como direito de toda criança e dever do estado e da família para que se faça valer
a lei, sendo que no Art. 211 a responsabilidade também passa a ser do poder público
municipal em oferecer creches e pré-escolas a todas as crianças cujas famílias desejem
ou careçam destes serviços.
Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em
regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 2º Os Municípios atuarão
23. 22
prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996).
O artigo 211 demonstra um avanço para a Educação Infantil, dá um novo enfoque
em relação às crianças, mas percebemos ainda, a falta de preocupação com a estrutura
das escolas públicas, de parte do poder público, seja no âmbito federal ou estadual no
tocante à elaboração das leis, pois ao mesmo tempo em que entende a importância da
Educação Infantil, em dado momento transpõe a responsabilidade ao poder público
municipal. Consequentemente apela ao modelo mais barato de educação, pois até então
o discurso do município é o de que não dispõe de recursos para implementar uma
estrutura física adequada, que atenda os requisitos básicos das crianças, como
também à formação de professores.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB/96) vem firmar o direito da
criança de 0 a 06 anos à Educação Infantil, mencionando algumas regras. Ao colocar a
Educação Infantil como primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade
(Art. 29).
O Referencial Curricular para Educação Infantil (1998) é um conjunto de
orientações pedagógicas que vem contribuir de forma significativa para sua qualidade;
dentre várias informações e sugestões está a questão do espaço físico destinado à
Educação Infantil, no sentido de propiciar condições para que as crianças possam
usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso
que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às modificações propostas
pelas crianças e pelos professores em função das ações desenvolvidas.[...] Além disso,
a aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área externa e de outros
espaços da instituição e fora dela‖ (p.68).
Os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil
(2006) é outro documento preparado com parcerias de educadores, arquitetos e
engenheiros envolvidos em planejar, refletir, construir/reformar espaços destinados à
24. 23
educação das crianças de 0 a 06 anos. Essa publicação dá ênfase à qualidade desses
espaços, propõe a incorporaçao de metodologias participativas que incluam as
necessidades e os desejos dos usuários, a proposta pedagógica e a interação com as
características ambientais.
Esse documento trata ainda sobre a área a ser construída e os aspectos
estéticos, como a aparência da edificação e sugere que os locais recreativos, as áreas
coberta e livre sejam diversificadas com areia, grama e pavimentação. O documento
demonstra uma preocupação com a arquitetura dos espaços da Educação Infantil, se
preocupa com o aparelhamento, o piso, externo e interno, o tipo de mobiliário,
banheiros, salas de aula, e ainda os aspectos climáticos, a ventila-cão a iluminação e o
uso das cores dentro deste espaço destinado a crianças. (BRASIL, 2006.p. 21-35).
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, o uso do espaço
físico aparece associado às propostas pedagógicas como um dos elementos que
possibilitam a implantação e o aperfeiçoamento das diretrizes (BRASIL, 2006, p.36).
Ainda nesse sentido, as Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil afirmam que os
espaços físicos deverão ser coerentes com a proposta pedagógica da unidade e com as
normas prescritas pela legislação vigente referentes a: localização, acesso, segurança,
meio ambiente, salubridade, saneamento, higiene, tamanho, luminosidade, ventilação e
temperatura, de acordo com a diversidade climática regional, dizendo ainda que os
espaços internos e externos deverão atender às diferentes funções da instituição de
Educação Infantil. (BRASIL, 2006. p. 37).
Complementando esse conjunto de documentos, em 2001 foi promulgada a lei
que aprovou o Plano Nacional de Educação – PNE (Brasil, 2001) e vem somar critérios
e parâmetros de qualidade para os espaços físicos da Educação Infantil. De um total de
26 pontos referentes a ―Objetivos e Metas‖ do Plano destacam-se dois itens
relacionados à temática.
1. A Meta nº 2 estabelece a exigência de ―padrões mínimos de infra-estrutura
para o funcionamento adequado das instituições (creches e pré-escolas)
públicas e privadas, que respeitando as diversidades regionais assegurem o
atendimento das características das distintas faixas etárias e das
25. 24
necessidades do processo educativo quanto a: a) espaço interno, com
iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica
e segurança, água potável, esgotamento sanitário; b) instalações sanitárias
e para a higiene pessoal das crianças; c) instalações para preparo e/ou
serviços de alimentação; d) ambiente interno e externo para o
desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a
metodologia da Educação Infantil, incluindo repouso, expressão livre,
movimento e brinquedo; e) mobiliário, equipamentos e materiais
pedagógicos; f) adequação às características das crianças especiais‖ (Brasil,
2006:37).
A segunda meta em evidência sugere que as construções desse tipo de espaço
físico devem atender às exigencias que constam da 2ª meta anteriromente destacada. ―
A Meta nº 3 define que a autorização para construção e funcionamento das instituições,
tanto as públicas quanto as escolas privadas, só poderá ser feita se estas atenderem
aos requisitos de infraestrutura da segunda meta‖ (Brasil, 2006: 38).
Nesta perspectiva o ambiente escolar da Educação Infantil deve ser um lugar
agradável, bem elaborado, que possa atender às necessidades de sua clientela. Pois
além de ser uma etapa especial da infância, é no ambiente escolar que as crianças
passam boa parte de sua vida construindo sua história, estabelecendo relações,
adquirindo conhecimentos para formação da sua identidade. Como afirma Oliveira
(2001):
A identidade pessoal está intrinsecamente ligada à noção de identidade de lugar,
que consiste de cognições cumulativas – pensamentos, memórias, crenças,
valores, idéias, preferências e significados – sobre o mundo o qual a pessoa vive
(p.109).
Todavia, um ambiente organizado, com salas amplas, iluminadas, pintadas, com
refeitório, área de lazer, banheiro adequado e limpo para crianças, auxilia a estabelecer
e firmar valores onde as crianças podem ser estimuladas a manter e cuidar do
ambiente. Para Escolano, (1998), ―[...] tanto o espaço quanto o tempo escolar ensinam,
permitindo a interiorização de comportamentos e de representações sociais‖ (p. 26).
Nesse contexto, podemos afirmar que o espaço também educa, é uma
construção cultural, pois é nesse espaço e através dos costumes, das rotinas que
acontecem mudanças que vão refletir significativamente na vida da criança e em sua
formação de valores, conforme afirmação de Melis (2007):
26. 25
O espaço escolar propicia um contato com diferentes realidades culturais e
familiares, o período que a criança passa na escola pode trazer situações novas
que os adultos precisam estar atentos para continuar a ajudar na construção de
valores positivos (p.62).
Ainda sobre esse tema se faz necessário trazer para discussão algumas
referências sobre Anísio Teixeira, um intelectual que enxergava além do seu tempo os
problemas educacionais e que, de acordo com Dórea (2000), esteve à frente da
administração das Secretarias de Educação do Rio de Janeiro, no período de 1931 -
1935, e da Bahia, no período de 1947- 1951. Era considerado ―o arquiteto da educação
brasileira‖, tal era o seu interesse em prover a escola de um espaço designadamente
planejado para a educação. Para ele, sem instalações adequadas não poderia haver
trabalho educativo e, por isso, o prédio, base física e preliminar para qualquer programa
educacional, tornava-se indispensável para a realização de todos os demais planos de
ensino. Nesse contexto, Teixeira (1971) afirma que ―É custoso e caro porque são
custosos e caros os objetivos a que visa. Não se pode fazer educação barata‖ (p.175).
1.4 A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense: um olhar sobre a antiga
LBA.
A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi um órgão brasileiro fundado em
agosto de 1942 pela então primeira-dama Darcy Vargas, com o objetivo de ajudar as
famílias dos soldados enviados à Segunda Guerra Mundial. Com o final da guerra,
tornou-se um órgão de assistência a famílias necessitadas em geral.
De acordo com Oliveira (2008. p. 107), no período dos governos militares pós-
1964 , as políticas adotadas em nível federal, por intermédio de órgãos como a LBA,
continuaram a divulgar a ideia de creche e até mesmo pré-escola como equipamentos
sociais de assistência à criança carente. Era uma política de ajuda governamental com
caráter assistencial, por meio de programas emergenciais de massa de baixo custo,
desenvolvido por pessoas leigas e voluntárias, com envolvimento de mães que
cuidavam de turmas de mais de cem crianças pré-escolares.
27. 26
De certa forma, ainda é possível perceber nas escolas públicas destinadas ao
público infantil uma cultura, no que se refere a crianças das camadas sociais mais
pobres, a questão de uma educação com caráter compensatório ou assitencialista, sem
que haja uma reflexão crítica mais aprofundada sobre as raízes estruturais dos
problemas sociais influenciando nas decisões de políticas de educação infantil.
Em 1991, sob a gestão de Rosane Collor, primeira dama no Governo Fernando
Collor de Melo, foram feitas denúncias de esquemas de desvios de verbas da LBA. A
LBA foi extinta em 1º de janeiro de 1995, no primeiro dia de governo de Fernando
Henrique Cardoso.
Na cidade de Senhor do Bonfim-BA, em meados de 1964, a LBA já existia, de
acordo com o ex-pároco Padre José Lourenço Fonseca de Carvalho. No mesmo
período, foi constituida a Fundação Bonfinense de Assistência e Promoção Social. Essa
Instituição realizava obras assitenciais distribuindo alimentos.
[…] ―os alimentos que vinham dos Estados Unidos, era um programa do Governo
dos Estados Unidos para os países subdesenvolvidos, com a distribuição de leite
em pó, farinha de trigo, fubá de milho, óleo, roupas que vinham para a diocese,
para o Bispado e nós aqui distribuíamos para as pessoas necessitadas aqui da
cidade e também aos arredores, desses povoados vizinhos[...] (José Lourenço-
vide anexos).
Atualmente, a Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense está localizada
na Praça Juracy Magalhães, S/N, centro, no município de Senhor do Bonfim. Segundo
Informações do órgão estadual Direc 28, a escola foi criada a partir do dia 12 de maio
do ano 1988, portaria 1078, sendo que na Direc 28 não há registro sobre a criação da
LBA em Senhor do Bonfim.
A referida escola, segundo informantes da Secretaria Municipal de Educação de
Senhor do Bonfim, de acordo com a documentação constante em arquivos, foi
municipalizada em 1999, Decreto nº 220/99 A, de 04 de Junho de 1999, assinado
pelo então Prefeito Cândido Augusto de Freitas Martins (ver anexo). O local de
funcionamento da escola é uma casa adaptada e cedida pela LBA ao município.
28. 27
CAPITULO – II
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O presente trabalho tem como objetivo investigar através da oralidade e de fontes
documentais, como é que os professores compreendem o espaço físico da Escola
Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA em Senhor do Bonfim, Bahia, e
sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas das crianças
de 0 a 06 anos.
2.1 A PESQUISA
Entendemos por metodologia o caminho de pensamento e prática exercidas na
abordagem da realidade. Diante disso, o ponto de partida para o desenvolvimento do
nosso estudo foi a busca de informações através da história oral.
2.1.1 História Oral
A História Oral é um grande auxilio na busca de informações e pode ser útil na
história do cotidiano, história política, história de comunidades, de instituições e história
da memória. É também uma abordagem metodológica interdisciplinar que permite uma
interação benéfica com as disciplinas das Ciências Sociais. Segundo, Alberti (2008):
A história oral é hoje um caminho interessante para se conhecer e registrar
múltiplas possibilidades que se manifestam e dão sentido a formas de vidas e
escolhas de diferentes grupos sociais, em todas as camadas da sociedade
(p.164).
Assim, a história oral permite uma proximidade com o passado, e, de acordo com
Alberti (2008), ―está afinada com as novas tendências de pesquisa nas ciências
humanas‖, trazendo contribuições mais interessantes para determinadas tomadas de
decisões no presente.
29. 28
2.2 OS INSTUMENTOS DA PESQUISA:
Os instrumentos escolhidos para a coleta de informações destinadas a este
trabalho foram a observação e a entrevista.
2.2.1 A Observação
Com o objetivo de uma melhor avaliação da arquitetura da instituição, realizamos
uma série de visitas para que pudéssemos observar: a área externa, a área construída,
e, na área interna, a adequação das salas de ensino, o mobiliário e o espaço
efetivamente utilizados por todos nas atividades da escola.
2.2.2 A Entrevista
A entrevista foi o instrumento escolhido para este trabalho. Foi direcionada por
um guia, dividido em dois blocos, contendo no primeiro os elementos de identificação
das fontes/ pessoas entrevistadas: nome, endereço, filiação, cor entre outros. No
segundo bloco, as questões voltadas para o objeto de estudo.
De acordo com Brandão (2002), apud Ferreira:
A entrevista é trabalho, reclemando uma atenção permanente dos pesquisador
aos seus objetivos, obrigando-o a colocar-se intensamente à escuta do que é
dito, refletir sobre a forma e o conteúdo da fala do entrevistado, os
encadeamentos, as indecisões, contradições, as expressões e gestos (p.104)
De fato a entrevista requer do pesquisador uma atenção especial à fala dos
sujeitos entrevistados.
2.3 O GUIA DE ENTREVISTAS
30. 29
Para a realização das entrevistas usamos um roteiro contendo as questões
organizadas em dois blocos:
2.3.1 Bloco I Identificação dos depoentes
Na primeira etapa da pesquisa, criamos uma ficha de identificação com o intuito
de traçar o perfil dos entrevistados, possibilitando assim um melhor conhecimento da
realidade dos mesmos, com indicadores das condições de trabalho, a formação, tempo
de ensino, idade, gênero, entre outros. Foi uma etapa demorada, em que os
entrevistados não gostavam de fornecer seus dados, a exemplo do número de
documentos e também sua renda.
2.3.2 Bloco II As questões de estudo
Nesse segundo bloco encontram-se as questões relevantes para nossa pesquisa,
a serem respondidas pelos(as) entrevistados(as), uma direcionada às professoras e
diretora da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense e a outra direcionada ao
ex- pároco José Lourenço Fonseca de Carvalho, Fundador da Fundação Bonfinense de
Assistência e Promoção Social, antiga LBA. Não podemos deixar de mencionar a
dificuldade em entrevistar as professoras, pois era o período em que estas estavam em
férias, após as férias estavam participando da Jornada Pedagógica. Apesar disso,
conseguimos entrevistá-las. Uma preferiu que fosse em sua residência mas, as outras
preferiram na escola mesmo. Algumas estavam inseguras, quanto a falar da escola, do
ambinete de trabalho. Mas, na conclusão, estavam satisfeitas em ter colaborado com
nossa pesquisa. Para realizar a entrevista, utilizamos um gravador digital Voice
Recorder Powerpack DVR- 860BK.
31. 30
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
PEDAGOGIA 2007.1
PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá
ORIENTADORA: Profª Drª. Maria Glória da Paz
Caro Diretor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso
de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa
participação.
Nome da escola:_________________________________________________
1° BLOCO ROTEIRO DA ENTREVISTA COM O/A DIRETOR DA ESCOLA.
1 - Nome________________________________________________________
2- Há quanto tempo dirige esta escola?
___________________________________________________________________
3- A escola funciona em quantos turnos? Quais os horários dos turnos
__________________________________________________________________
4- Quantos funcionários possui a escola?
___________________________________________________________________
5- Quantos professores?
___________________________________________________________________
6- Quantos alunos a escola possui?
___________________________________________________________________
7- Quantas salas de aula?
___________________________________________________________________
8- Qual a média de crianças por sala?
___________________________________________________________________
Muito obrigada!
32. 31
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
PEDAGOGIA 2007.
Este Entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da
UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação.
1° BLOCO ROTEIRO DA ENTREVISTA
Por : Aurenice Pereira da Silva Jotobá
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz
Assunto: Pesquisa sobre o Espaço Físico Escolar da Escola Municipal Maternal
Fundação Bonfinense – antiga LBA
1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)
Data:.............de …................................ de 2...................... horário: ….................horas
Local: ….........................................................................................................................
Nome: …........................................................................................................................
Cor..................................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: ….......................................................
Posição no grupo familiar:..............................................................................................
Filiação: …......................................... e ….....................................................................
Local de nascimento:......................................................................................................
Estado Civil:....................................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …......................................
Religião: ….....................................................................................................................
Escolaridade:..................................................................................................................
Ocupação: …..................................................................................................................
Tempo de docência na Educação ................................................................................
Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas
Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( )
mais de dois salários mínimos ( )
33. 32
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
COLEGIADO DE PEDAGOGIA 2007.1
PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá
ORIENTADORA: Profª Drª Maria Glória da Paz
Caro Professor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do
curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a
generosa participação. Obrigada.
Nome do entrevistado:_________________________________________________
2º BLOCO: ENTREVISTA
1) Quais são os elementos que você considera prioritários para um ambiente de
Educação Infantil?
2) Você acha que o ambiente físico escolar influencia no processo ensino-
aprendizagem? De que maneira?
3) Para você, o que seria necessário para que o espaço físico escolar seja um ambiente
apropriado para Educação Infantil?
4) Como é que você vê o espaço físico desta escola?
5) As crianças têm um local especial para hora do recreio?
6) Como é este espaço e quais são as atividades realizadas dentro dele?
7) Em sua opinião, a localização das salas de aulas interfere na qualidade do ensino?
Por quê?
8) Você acredita que o ambiente físico que a escola apresenta atualmente favorece para
uma boa ação pedagógica?
34. 33
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
PEDAGOGIA 2007.1
PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz
Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da
UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação.
Obrigada.
Nome do entrevistado:_________________________________________________
ENTREVISTA SOBRE ANTIGA LBA
1) Ano de implantação da LBA em Senhor do Bonfim
2) Em qual Governo foi implantada?
3) Qual a filosofia da instituição?
4) Onde funcionava?
5) Quem eram os professores?
6) Como era administrar uma instituição desse porte?
7) Quem era a clientela da LBA?
8) Recebia recursos? De onde?
9) Qual era o destino desses recursos?
10) Quais eram os programas/projetos implantados pela LBA?
11) Por que acabou?
35. 34
2.4 Carta de cessão
Este documento permite que o material produzido na entrevista possa ser usado
ou exposto pela Instituição, desde que esteja devidamente assinada pelos depoentes.
CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA A UNEB
1 – Pelo presente documento...........................brasileira, estado
civil)......................(profissão)..........carteira de identidade nº......., emitida
por.................... CPF nº................, residente e domiciliada
em..................................................., Município de Senhor do Bonfim, Bahia..cede e
transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII da
Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos patrimoniais de
autor sobre o depoimento prestado no dia ....de ...................... de 2010, perante o
pesquisador..........................................................................................
2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções internacionais de
que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do depoimento de que
trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício pleno dos seus direitos
morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre terá seu nome citado por
ocasião de qualquer utilização.
3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) plenamente
autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em parte, editado ou integral,
inclusive cedendo seus direitos a terceiros, no Brasil e/ou no exterior. Sendo esta forma
legitima e eficaz que representa legalmente os nosso interesses, assinam o presente
documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito.
...............[assinatura da entrevistada]............
TESTEMUNHAS:
_____________________________________
1ª testemunha
______________________________________
2ª testemunha
36. 35
2.5 AS FONTES
2.5.1 Fontes Orais
As fontes orais são elementos que permitem o fornecimento de pistas para o
desvelamento de fatos históricos, permitindo ainda ao pesquisador estabelecer relações
entre os indivíduos, seus costumes e a sua coletividade. Trabalhar com fontes orais
implica em obedecer a uma série de regras metodológicas. É preciso respeito aos
colaboradores e aos seus depoimentos, daí a necessidade de se estabelecer critérios de
escolha.
Segundo Alberti (2008, p. 172), ―Para selecioná-los é necessário um
conhecimento prévio do universo estudado; é preciso conhecer o papel dos que
participaram e participam do tema investigado...‖
As fontes orais da pesquisa aqui retratadas foram 03 (três) professoras e 01
(uma) diretora, da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, que atuam nas
turmas de Educação Infantil do Ensino Fundamental no turno matutino, 01 (um) ex-
pároco da Diocese, fundador da antiga Instituição, uma funcionária da DIREC-28 e a
Secretária de Educação do Município.
37. 36
2.5.1.1Caracterizando as Fontes Orais
Foto n° 01
Professora Aldey Bispo dos Santos (1973)
Brasileira, casada, cor parda, 37 anos, nascida em 21 de fevereiro de 1973,
primeira filha de 04 irmãos, filha de João Bispo de Sena e Irani Dias dos Santos, natural
de Senhor do Bonfim-BA,. Tem dois filhos, sendo um de sexo feminino e outro do sexo
masculino. Espírita, curso superior incompleto, professora, tempo de docencia 13 anos
com Carga horária de 20 (vinte) horas, renda salarial de até dois salários mínimos.
38. 37
Foto n° 02
Diretora Dulcinéia Candida Cardoso de Medeiros (1978)
Brasileira, casada, cor parda, 32 anos, nascida 12 de dezembro de 1978,
primogenita, filha de Arismário G. Cardoso e Doralice C. Cardos, natural de Senhor do
Bonfim-BA, tem quatro filhos, sendo 02 do sexo feminino e 02 do sexo masculino.
Cristã, Pós-graduada em Educacao Infantil, tempo de docência 11 anos, sendo 01 ano
como Diretora, carga horária de 40 (quarenta) horas, renda salarial mais de dois salários
mínimos.
39. 38
Foto n° 03
Professora Nanci Souza Bastos (1971)
Brasileira, casada, cor parda, 39 anos, nascida em 08 de outubro de 1971, filha
de Antonio Bastos Miranda e Maria S. Damasceno, quinta filha de 06 irmãos, natural de
Senhor do Bonfim-BA, tem 05 filhos, sendo 03 do sexo feminino de 02 do sexo
masculino, católica, curso superior incompleto (pedagogia), professora, 12 anos na
educação, carga horária, 40 horas com renda de até dois salários mínimos.
40. 39
Foto n° 04
Professora Iramaia Guirra (1965)
Brasileira, casada, cor parda, 45 anos, nascida em 05 de julho de 1965, décima
terceira filha de 14 irmãos, filha de Fábio Guirra e Nivia Marinho, Natural de Antonio
Gonçalves- BA, tem duas filhas, católica, nivel superior completo, professora, 04 anos na
Educação Infantil, carga horária 40 horas, renda de até dois salários mínimos.
41. 40
Foto n° 05
Secretária de Educação Maria das Neves de Aquino
Dourado (1970)
Brasileira, casada, cor parda, nascida em 15 de maio de 1970, oitava de onze
irmãos, filha de João José de Aquino e Terezinha Silva de Aquino, Natural de Senhor do
Bonfim-BA, um filho do sexo masculino, católica, curso superior, Secretária de
Educação, 11 anos na educação, com renda superior a de dois salários mínimos.
42. 41
Foto n° 06
Maria de Fátima Gonçalves da Silva (não permitiu fotografar)
Brasileira, solteira, cor parda, nascida em 15 de outubro de 19XX, Filha de José
Pedro Silva e Amália Gonçalves da Silva, Natural de Senhor do Bonfim-BA, católica,
curso superior, Professora, secretária da Direc 28, a mais de 29 anos, com carga
horária 60 horas e não informou a renda salarial.
43. 42
Foto nº 07
Ex- Padre José Lourenço Fonseca de Carvalho (1932)
Brasileiro, casado, cor branca, 79 anos, nascido em 06 de agosto de 1932,
terceiro filho de 09 irmãos, filho de Antonio Lourenço de Carvalho Neto e Josefa
Fonseca de Carvalho, Natural de Salvador- BA, tem 02 (dois) filhos , um do sexo
feminino e um do sexo masculino, católico, nível superior( Teológo) e aposentado da
Patrobrás.
44. 43
2.5.2 Fontes escritas
As fontes escritas foram fundamentais na construção do nossa pesquisa, pois
através da mesma fundamentamos e esclarecemos as discussões sobre a temática
escolhida, dando solidez e embasamento para o nosso trabalho. Buscamos nos
aprofundar nas contribuições dos livros, teses de doutorados, artigos e documentos
oficiais entre os quais destacamos alguns dos autores: ARIÈS (1981) CANDAU (2000)
FRAGO e ESCOLANO (1998/2001), JULIA (2001), BACHELARD (2003), OLIVEIRA
(2001/ 2008), LOPES E CLARETO (2007), MELIS (2006) entre outros.
1. Ariès (1981) traz o conceito de infância, a natureza histórica e social da
criança e a família.
2. Candau (2000) ressalta em sua obra ―Reinventar a escola‖, uma análise crítica
sobre o novo papel da escola, local de visão plural e histórica do conhecimento,
da ciência, da tecnologia e das diferentes linguagens.
3. Frago e Escolano (2001) traz em sua obra:‖ Currículo, espaço e subjetividade –
a arquitetura como programa‖. Trabalha o espaço escolar em todos os níveis,
procurando explorar todas suas possibilidades enquanto instrumento realmente
eficaz de educação.
4. Julia, (2001), em sua obra: ―A cultura escolar como objeto histórico‖, procura
fornecer subsídios para o estudo da cultura escolar em perspectiva histórica,
tornando possível a compreensão do modo como ao longo do tempo a escola
tem se constituído em eixo matricial da cultura.
5. Bachelard (2003) em seu livro "A Poética do Espaço", o filósofo francês Gaston
Bachelard (1884-1962) procedendo a uma específica análise de espaços e
lugares, cria uma reflexão singular a que chama "Poética do Espaço".
45. 44
6. Oliveira (2001/2008) aborda aspectos que historicamente orientam a ideia de
quais seriam as funções da creche e da pré-escola enquanto instituições de
atendimento e educação de crianças pequenas.
7. Lopes (2007) ressalta como é que as comunidades escolares lidam com a
questão do espaço, tanto do ponto de vista das noções de espaços, quanto do
ponto de vista das relações sócio-espaciais.
8. Melis (2007) este livro fala a respeito dos espaços na escola de educação
infantil, afirmando o espaço como um lugar educativo.
9. Alberti (2008) relata a história oral, bem como a utilização das fontes orais na
coleta de relatos.
2.6 LOCAL DA PESQUISA: O município1 de Senhor do Bonfim
O município de Senhor do Bonfim – hoje sede da 28ª região administrativa da
Bahia – segundo historiadores regionais, teve a sua origem ligada às margens de uma
lagoa, atual Praça Simões Filho, local de paragem/passagem de tropeiros e aventureiros
que se dirigiam às minas da Jacobina, e aos que, em direção contrária, iam ao encontro
das localidades banhadas pelas águas do Rio São Francisco. Seu povoamento origina-
se na localidade de Missão do Sahy (1697), localidade pertencente ao Município de
Senhor do Bonfim. Comunidade essa formada por remanescentes indígenas e que,
inevitavelmente, sofreram a influência religiosa dos Franciscanos.
Com efeito, no final do século XVII, fundaram os franciscanos o Arraial de
Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, centro regional de catequização,
isto é, de divulgação, transposição de idéias, da mentalidade cristã para a
indígena ( ARAÚJO, 2001).
1. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel.painel.php?codmun=293010# acesso em 30jan/11
46. 45
Senhor do Bonfim, de acordo com o IBGE¹ conta atualmente com um índice
populacional de aproximadamente 74.431, distribuídos em seus 827.48 Km².
2.6.1 Mapa de localização2.
2 PAZ, Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do Sahy.
Tese de doutorado. UFRN: Natal, 2009
47. 46
2.7 DADOS GERAIS DA ESCOLA MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO
BONFINENSE
A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense está localizada na Praça
Juracy Magalhães, s/n, em Senhor do Bonfim-BA, funciona em dois turnos - matutino e
vespertino, possuindo seis salas de aula, uma sala de computação ainda em fase
implantação, uma secretaria, um almoxarifado, uma cozinha, dois porões, quatro
banheiros e um pátio pequeno. Possui uma área total de terreno de 740,51 m² e área
construída de 200,00 m².
A escola conta com 10 professores, 01 diretora e 12 funcionários e atende em
média 260 alunos, número que pode variar, pois a escola está em período de matrículas
e nossa pesquisa teve início no final de 2010 e princípio de 2011, dando-nos condições
de afirmar que em 2010 as salas eram mais cheias, entre 25 a 30 alunos por classe.
48. 47
CAPÍTULO III
3. DIALOGANDO COM OS SUJEITOS ENTEVISTADOS
Neste capítulo apresentamos a interpretação das entrevistas a partir da questão
da nossa pesquisa: Como os professores e a diretor/a compreendem o espaço físico da
Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA, em Senhor do Bonfim,
Bahia e sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas das
crianças de 0 a 06 anos.
3.1 Espaço Físico: Um ambiente apropriado para Educação Infantil
De acordo com os entrevistados o espaço destinado à Educação Infantil, requer
uma série de elementos. ―[...] teria que ter um, um berçário, e teria que ter um refeitório,
um lugar para que se fizesse é.. brincadeiras, recreações [...]‖ . Devido ao tempo que a
criança passa dentro da escola é necessário que esta escola promova o seu bem-estar,
até porque a clientela da escola pública é formada por pessoas pobres, com várias
carências, com pouca perspectiva de sucesso e pouco estímulo de autoestima; nesse
sentido, a escola poderia oferecer um espaço agradável, onde a criança se sentisse
acolhida, como expressa uma professora.
[…] ―essa criança teria que ter fora da sala de aula estes outros ambientes que é
pra compor o ambiente de aprendizagem pra ela, o ambiente ideal seria esse,
que não precisasse tirar a cadeira do lugar pra que essa criança pudesse brincar,
que essa criança não tenha um recreio diferenciado de outras crianças por falta
de espaço [..]‖
Interpretando outros depoimentos, pode-se concluir que o espaço da escola
pesquisada não é acolhedor, não é agradável, não transmite segurança e não é
confortável, enfim, é um espaço inadequado para educação infantil, ―[...[ a criança,
principalmente de educação infantil, precisa se sentir muito à vontade. Ela precisa gostar
daquele ambiente, ela precisa se sentir acolhida naquele ambiente e nem sempre
nossas escolas têm esse ambiente, [ e ] passa essa segurança pra criança.‖
49. 48
Outros relatos consideram a estrutura de suma importância, mas como parte
integral desse complexo estaria a formação do professor, como destaca uma das
entrevistadas
[…]‖ mas a começar pelo tipo de professor que vai para educação infantil, que
precisa de um professor que seja uma pessoa dinâmica, disposta a estar
trabalhando com as crianças, a parte de coordenação motora, de
expressividade, então, precisa de alguém que realmente tem uma postura
dinâmica além da questão do professor que tenha essa postura dinâmica, que
tenha formação adequada, né que uma coisa está atrelada a outra, ajuda, de
repente não tem formação, mas a formação ajuda[...] ―
Uma postura adequada desse professor poderia ajudar inclusive na distribuição
do ambiente e em sua utilização. Nesse sentido, por conta também dessa ausência de
formação, percebemos que os ambientes destinados às crianças desconsideram as
necessidades da mesma, limitando seu desenvolvimento. Oliveira (2001) compreende
que:
O ambiente infantil deve ser planejado para dar oportunidade às crianças
desenvolverem domínio e controle sobre seu habitat, fornecendo instalações
físicas convenientes para que as crianças satisfaçam suas necessidades – tomar
água, ter fácil acesso a prateleiras, estante com materiais, a mesas e cadeiras –
sem assistência constante (p.110).
Os professores que atuam na escola percebem a importância do espaço físico
para o cotidiano escolar dessas crianças, sabem também que precisam adequar o
espaço às atividades oferecidas
[…] ―precisa que tenha um espaço físico adequado, que para a educação infantil
precisa de espaço, o ideal é que cada escola tenha uma área de refeitório, pra
que eles possam fazer as refeições dele neste ambiente, onde o professor vai
trabalhar aspecto como higiene, né, que tivesse banheiros adaptados, pra junto
com a higiene eles tivessem fazendo a escovação, que o parquinho e uma área,
além dessa área do parquinho uma área onde eles pudessem, uma área segura
onde eles possam correr, brincar fazer atividades recreativas junto como os
professores e também atividades livres, e que tenha material didático
pedagógico necessário, porque muitas vão está trabalhando com essa parte
lúdica e que envolve vários recursos, tintas, pinceis, e purai vai, né, uma serie de
materiais que precisa pra educação infantil. Tem que ser espaçoso, em termos
de sala, ele tem que ser arejado, tem que ser bem iluminado, amplo, tem que ser
ambiente agradável. Criança gosta de colorido, não que tenha uma poluição
visual, mas que quando fosse trabalhar a parte pedagógica tenha-se o cuidado
de trazer coisas coloridas porque isso queira ou não queira chama a atenção da
criança.‖
50. 49
Acredita-se que, nesse contexto, a criança deva sentir-se mais segura para
explorar o ambiente, e assim assimilar a contribuição do meio para o seu
desenvolvimento cognitivo, motor e emocional.
3.2 A influência do ambiente físico escolar no processo ensino-aprendizagem na
visão dos professores
A estrutura física das escolas nem sempre atende às necessidades básicas de
sua clientela, principalmente as de ensino público, não havendo uma preocupação em
projetar um ambiente que contemplasse o conforto, que fosse adequado para
desempenhar o seu papel e que evoluísse, tanto no sentido de ampliação como nas
mudanças pedagógicas que ocorrem na educação. Segundo Melis (2007), ―o uso dos
espaços está relacionado à aprendizagem. É preciso reconhecer que as crianças
aprendem conceitos, testam hipóteses, percebem detalhes quando interagem com o
mundo concreto com o qual convivem‖ (p.45). Nesse sentido, a falta de espaço
adequado, onde a criança possa movimentar-se, pode gerar mal estar, dificultando a
aprendizagem da mesma, como afirmam as professoras:
[…] ―Sim, a criança precisa de uma rotina, então quando uma escola não tem um
espaço adequado, quando esse espaço precisa ser mudado, precisa ser
modificado e quebra essa rotina prejudica o aprendizado dela‖.
[…] ―Se eu tenho um ambiente, que é um ambiente apertado, pequeno,
impróprio, então a criança não vai ter um espaço adequado pra está
conseguindo desenvolver o que essa faixa etária requer, né? então o ambiente
pode interferir neste aspecto, no aspecto de aprendizagem, o professor ele pode
trabalhar de maneira diversificada, na sala de aula, mas se ele tem uma sala de
aula espaçosa, tem a possibilidade dele tá fazendo joguinhos nesta sala de aula,
e se for uma sala de aula pequena onde não consegue afastar as carteiras,
como ele vai fazer isso? Então de certa forma acaba prejudicando, neste aspecto
o espaço pode prejudicar no desenvolvimento de algumas atividades, agora
também vai depender da criatividade do professor em dentro do espaço que ele
tem estar adequando e adaptando pra que os alunos não tenha prejuízo‖.
De acordo com Oliveira (2008), ―o ambiente é o principal elemento de
determinação do desenvolvimento humano, [...] desde que lhe sejam dadas condições
favoráveis‖ (p.125). De acordo com Lima (2001), apud Lopes e Clareto (2007), ‖O
espaço é muito importante para criança pequena, pois muitas das aprendizagens que
51. 50
ela realizará em seus primeiros anos de vida estão ligadas aos espaços disponíveis e/ou
acessíveis a ela‖ (p.105).
Constatamos, nos depoimentos dos professores, que a estrutura física da escola
deveria estar favorecendo aos sujeitos que ali convivem principalmente, no que se refere
à ação pedagógica direcionada à Educação Infantil. Um ambiente que não seja arejado,
bem iluminado, espaçoso, agradável, acessível pode vir a dificultar a aprendizagem da
criança e as relações ali estabelecidas.
3.3 O espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense na visão
dos professores.
Na visão dos professores entrevistados, há muita limitação no que se refere a
espaço físico dessa Instituição de Educação Infantil, principalmente porque o prédio não
foi projetado para ser uma escola, e sim uma casa residencial o que significa falta de
espaço para adequação da escola à modalidade de educação à qual se propõe,
[...] pra mim entrar em uma sala, na minha sala, eu tenho que passar pela sala
de outra professora, pra que a gente vá até a sala do professor também se
passa pela sala de outra professora, a cozinha na sala de educação infantil 1, a
sala de educação infantil 1 a cozinha fica dentro da sala, fica o almoxarifado
dentro de sala... quer dizer, tudo isso atrapalha... a professora não consegue dá
uma aula, toda hora ela é interrompida porque se precisa passar, precisa fazer
alguma coisa, é horrível, não é nada favorável é...
Este depoimento deixa claro um dos transtornos enfrentados em sua prática
diária, que é a mobilidade das pessoas nas dependências da escola, ―[…] pra que a
gente vá até a sala do professor também se passa pela sala de outra professora [...]‖
além de retratar a capacidade da comunidade escolar em articular maneiras de
dinamizar o funcionamento dessa unidade infantil.
―[…] a gente ali tem que fazer cambalhota, tem que ser artista o tempo todo, tem
que tá criando o tempo todo, pra puder prender a atenção da criança, pra tentar
fazer um bom trabalho, sem prejudicar o professor que tá do lado, tem que usar
muito da criatividade.‖
52. 51
De acordo com as condições existentes, os professores precisam usar de
criatividade para proporcionar aos alunos pelo menos a realização de algumas
atividades nas salas de aula, bem como no recreio ―[...] nós temos que fazer recreios
separados, da educação infantil e do ciclo, [...]‖ para que as crianças menores possam
brincar um pouco nos momentos destinados às atividades livres.
3.4 As crianças e a hora do recreio: um local especial e as atividades realizadas
O ambiente do recreio é um local diferenciado, pois é destinado ao lazer, às
brincadeiras livres, jogos, pular, correr, bem como realizar as festas comemorativas da
escola, servindo também para a interação entre seus pares, além de ser um local
destinado à execução de tarefas extraclasse mediadas pelos professores. Nesse sentido
o espaço pode criar condições favoráveis ou não ao desenvolvimento das crianças, mas,
de acordo com as entrevistadas, o espaço sendo pequeno não oferece oportunidades
para um melhor desempenho das crianças.
―[...] eu acho que esse é nosso maior problema, a falta de espaço, um espaço
mal apropriado, não tem, na sala de aula o espaço também é bem pequeno, eu
acho pequeno, geralmente não se pode fazer muita coisa, não dá pra se fazer
um cantinho de leitura, porque não se tem espaço pra isso, a sala geralmente
são super lotadas ao ponto de professora não poder sentar pra descansar, não
pode sentar um minuto.‖
Os depoimentos expressam preocupação com a condição de fazer educação
infantil nessas condições e fica claro quando se trata do espaço destinado ao recreio,
embora a escola possua um pátio coberto e pequeno, torna-se impraticável a realização
de atividades extraclasse devido à localização do pátio, em frente às salas de aula, ―[...]
a sala, elas ficam virada pra ala onde tem a recreação, então são dois horários de
recreio, um horário de 10:30 h e outro de 10:30 h a 11:00 h, então é uma hora perdida,
porque os meninos brincam, zoam, ai não tem como controlar, eles fazem muita
zuada,[...]‖
Algumas dificuldades impedem a realização de atividades extraclasse com as
crianças. O espaço somente serve para o recreio, assim mesmo com algumas limitações
em virtude de ser um espaço comum a outras turmas de alunos maiores. Um exemplo
53. 52
citado é o do parque móvel. Este tem que ser colocado todos os dias, ou seja, não há
uma disponibilidade permanente e sendo assim é parte de atividades controladas.
[…] dias é colocado um parquinho pra eles brincarem, fora essa área coberta,
tem um restante de área descoberta onde eles podem..é .. correr um pouco, não
tanto porque tem uma área que é um pouco em declive e já oferece perigo e a
gente tem que tá tomando cuidado nesse sentido.
As demais entrevistadas afirmam que a escola possui o espaço recreativo, no
entanto esse espaço é pequeno. Interpretamos a partir desses relatos, que o espaço
não oferece estímulo para o desenvolvimento motor das crianças, pois estas só
interagem com seus pares, limitando seu desenvolvimento corporal e seus movimentos
devido à falta de brinquedos que possam oferecer desafios para crianças. De acordo
com Oliveira (2001), ―os ambientes devem fornecer oportunidades para as crianças
andarem, correrem, subirem, descerem e pularem com segurança‖ (p.110/111).
O espaço escolar em questão possui uma arquitetura que limita a criança em
suas ações, como também restringe o professor em realizar as atividades inerentes ao
atendimento a essa faixa etária, que exige um espaço maior, seja ele interno ou externo,
e com possibilidades de fazer crescer e florescer em atitudes e sentimentos de alegria e
crescimento, conforme nos recomenda Bachelard (2003, p.204) ―O espaço, fora de nós,
ganha e traduz as coisas [...]‖
3.5 A localização das salas: uma contribuição para a qualidade do ensino
A sala de aula é concebida como um espaço privilegiado da cultura escolar
(Candau, 2000), nesse sentido há de refletir que cultura está sendo vivida, pois como um
lugar de troca de experiências, de diversidade, crenças e ideias e valores, lugar de
relação pedagógica, confirmando sua heterogeneidade. É um lugar de vivências e de
conflitos.
É certo que a arquitetura do espaço onde se desenvolve o ensino poderia ser
projetado de forma que facilitasse a locomoção dos seus usuários e com uma atenção
54. 53
especial para a faixa etária a quem é destinado o espaço escolar infantil, uma realidade
observada no depoimento que segue
―Então... as salas elas foram projetadas de forma errada, foram construída uma
sala dentro da outra, se fez algumas adaptações que não deu resultado se é de
ajudar o professor, complicou mais ainda, porque é uma sala dentro da outra,
quem já se viu um negócio desse? É uma cozinha que funciona dentro de uma
sala de aula, é um almoxarifado que funciona dentro de uma sala de aula, então
não tem nada a favor da educação, nada, a gente ali tem que fazer cambalhota,
tem que ser artista o tempo todo, tem que tá criando o tempo todo, pra puder
prender a atenção da criança, pra tentar fazer um bom trabalho, sem prejudicar o
professor que tá do lado, tem que usar muito da criatividade..‖
Na escola pesquisada, algumas salas de aula ficam dentro de outra sala de aula,
ou seja, existem caminhos de acesso por dentro das sala de aula, causando
interrupções na execução das atividades escolares, distração entre as crianças e
deconforto entre os professores, conforme depoimentos abaixo:
´[…] nós temos um problema assim, de sala dentro da outra, no caso da minha,
na minha sala fica a cantina e o almoxarifado, então fica muito aquele... o entre e
sai, como se diz.. o entre e sai e prejudica muito a atenção das crianças, o
professor, tem que tá parando pra esperar até que o pessoal saiam.
Outro aspecto observado nos depoimentos diz respeito à localização da escola.
Não há placas de trânsito nem redutores de velocidade indicando que é passagem
escolar. O trânsito é intenso, principalmente no horário em que a escola está encerrando
suas atividades. Esta é uma preocupação dos professores
―Na hora da saída os pais chegam essas crianças ficam numa mine-calcada, o
trânsito é intenso, é um risco terrível desses meninos saírem correndo, a hora da
saída pra nós é um tormento, ainda tem que ficar o tempo todo prestando
atenção naquelas crianças, a localização da escola que também não é adequada
ela fica numa área que tem um movimento muito grande, entendeu? Então é
carro subindo, é carro descendo, é moto e essas crianças querem sair correndo,
os pais às vezes, é mais de um que vai buscar, não presta atenção. Na hora da
saída, a gente fica o tempo todo; olha fulano, olha o menino, olha o menino,com
medo de acontecer um acidente, entendeu?
De fato a localização da referida escola é uma área urbana central, onde a via de
trânsito é mão única, com baixo declive e sem a devida sinalização, tornando-se uma
área perigosa. Toda área escolar deve ser sinalizada, ter redutores de velocidade,
principalmente quando se trata de escolas destinadas ao público infantil. De acordo com
55. 54
o depoimento acima, é possivel perceber a aflição que o professor tem no horário da
saída, visto que é o momento em que as crianças ficam inquietas, na expectativa de ir
ao encontro dos seus pais, aumentando ainda mais a responsabilidade do professor.
56. 55
TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, de acordo com nossas
observações, não possui uma estrutura física que atenda às necessidades das crianças
que a freqüentam. Não conta com uma brinquedoteca onde possam ser desenvolvidos
jogos diversos, brincadeiras, casinha de bonecas, fantoches, carrinhos, balanços,
escorregadeiras e outros, ampliando assim a socialização, o desenvolvimento da
imaginação através do brincar. Não possui uma biblioteca onde as crianças possam
manusear livros, inventar histórias, ―ler histórias‖, contar histórias, manusear revistas.
Não tem sala de vídeo para os professores realizarem atividades diferenciadas. Na área
livre, existe um local em que as crianças não tem acesso, pois o terreno é íngreme e
perigoso. O pátio coberto é pequeno e a parte descoberta é uma ladeira com
calçamento, que em dias de chuva torna-se escorregadio . Enfim os professores se
limitam à sala de aula.
A referida escola possui muitos entraves que dificultam a concentração das
crianças, pois existe uma sala de aula dentro da outra sala de aula e as crianças da
outra sala precisam muitas vezes ir ao banheiro e ficam transitando pela outra sala. Em
outra sala de aula fica a cozinha, que causa muito barulho devido às atividades
exercidas pelas cozinheiras (cozinhar, lavar pratos, ligar liquidificador, higienizar a
cozinha, etc.) e afetam diretamente a concentração das crianças, além do vai e vem,
pois a cozinheiras têm que passar por dentro da sala de aula para ir para cozinha e ir à
dispensa.
Outro problema são os banheiros, que além de se destinar a pessoas adultas,
ficam longe das salas de aula e as crianças para irem ao banheiro, tem que se deslocar
na maioria das vezes sozinhas expondo-se à riscos, pois existe uma ladeira. Quando
possível a professora acompanha a criança até o banheiro. Recentemente o município
colocou uma assistente, facilitando no acompanhamento da criança.. Outro detalhe é a
pia de lavar mãos, que é alta e as crianças pequenas têm dificuldade para alcançá-la e
realizar sua higiene. No aspecto de pintura a escola é carente , o mobiliário de algumas
turmas está sucateado e não é adequado para a idade. O piso de algumas salas é ruim,
57. 56
não permitindo fazer roda de leitura sentado no chão. Para concluir, algumas salas não
possuem uma boa ventilação e iluminação.
Diante disso, o espaço físico escolar apropriado às necessidades dos usuários é
sem dúvida alguma um assunto inesgotável, ainda pouco discutido, mas é uma
realidade que vivenciamos em boa parte das escolas públicas. Tomamos como ponto de
referência a Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, localizada no município
de Senhor do Bonfim-BA, aos olhos do poder público, onde percebemos a carência de
instalações adaptadas a atender as peculiaridades das diferentes faixas etárias que
convivem nesses espaços. O espaço alternativo para desenvolver atividades
diferenciadas é pequeno e pouco aproveitado devido à sua localização, em frente às
salas de aula. Como acontece nessa escola, a situação não é diferente nas demais que
atendem o público da educação infantil, pois é raro encontrar ambientes planejados para
momentos de lazer, conversas, e socialização, o que é de suma importância para
promover a interação social.
Sob o ponto de vista crítico construtivo, ainda percebemos que, embora haja
excelentes projetos pedagógicos, muito pouco se concretiza daquilo que neles é
proposto, uma vez que na prática quase nada acontece. Se tomarmos como exemplo o
ensino numa perspectiva de preservação do meio ambiente, o que temos disponível
como espaço para plantas, jardins e hortas, área verde?
Discursos sobre a diversidade cultural, no enfoque ―respeito às diferenças‖ e
―inclusão‖ não faltam, mas as escolas carecem de espaços adaptados para acolher
portadores de deficiências (banheiros, rampas, etc..), o que representa, sem dúvida
alguma, uma barreira ao trabalho educativo numa perspectiva inclusiva.
Na verdade, o que se tem configurado na estrutura física da maioria das
instituições escolares da rede pública é uma edificação em áreas impróprias, em
espaços físicos mal utilizados, ambientes e salas de aula mal distribuídos sem
ventilação, com material inadequado, que não oferece condições necessárias ao
58. 57
desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos, o que afeta a aprendizagem e dificulta o
trabalho escolar em todos os seus aspectos.
Além do que, todo esforço e boa vontade de professores compromissados, pode
fracassar se não encontrar um espaço apropriado e condições materiais para realizar
suas atividades pedagógicas. Mesmo com boa vontade em improvisar, criar, inventar e
reinventar recursos para suprir tal lacuna o trabalho educativo não atingirá a sua
completude devido à ausência ou baixa qualidade do espaço físico.
Assim, é preciso alertarmos o poder público e os gestores, professores e demais
profissionais da educação para que se manifestem e mobilizem-se propondo mudanças
nos espaços educativos e fazendo valer os documentos que apontam o espaço fisico
como cenário da educação, tornando-o um lugar agradável, prazeroso e atrativo, pois a
sociedade vive uma era de transformações, buscando incessantemente a qualidade
social. E a escola, como espaço social, não pode ficar estática e alheia às mudanças,
principalmente no que se refere ao aspecto estrutural e arquitetônico.