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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
    DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
       COLEGIADO DE PEDAGOGIA - COLPED




       AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ




CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA
 MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE,
  ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA.




              SENHOR DO BONFIM-BA
                   Março/2011
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
  DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
     COLEGIADO DE PEDAGOGIA - COLPED



       AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ




CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA
 MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE,
  ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA.


                Monografia apresentada ao Departamento de
                Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da
                Universidade do Estado da Bahia, como parte dos
                requisitos para obtenção de graduação no Curso
                de Pedagogia com Habilitação em Docência e
                Gestão de Processos Educativos.


                Linha de Pesquisa: Memória, Cultura e História da
                Educação.

                Orientadora: Profª Drª Maria Gloria da Paz




              SENHOR DO BONFIM-BA
                   Março/2011
AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ




 CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA
  MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE,
   ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA.


                            Monografia apresentada ao Departamento de
                            Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da
                            Universidade do Estado da Bahia, como parte dos
                            requisitos para obtenção de graduação no Curso
                            de Pedagogia com Habilitação em Docência e
                            Gestão de Processos Educativos.

            Aprovada em ____ de ________________ de 2011.



                         BANCA EXAMINADORA



_______________________________________________________________

   Profª Drª Maria Gloria da Paz - Universidade do Estado da Bahia –UNEB

                               Orientadora



 _____________________________________________________________

  Profª Beatriz de Souza Barros - Universidade do Estado da Bahia- UNEB

                               Examinadora



      _____________________________________________________

Profº Dr. Gilberto Lima dos Santos - Universidade do Estado da Bahia- UNEB

                               Examinador
O espaço, fora de nós, ganha e traduz as coisas:
Se quiseres conquistar a existência de uma árvore,
Reveste-a de espaço interno, esse espaço
Que tem seu ser em ti. Cerca-a de coações.
Ela não tem limite, e só se torna realmente uma
árvore
Quando se ordena no seio da tua renúncia.


                                 (Bachelard, 2003)
DEDICATÓRIA




Dedico este trabalho, aos meus filhos, Lemonnier
Filho e Graziela Benevides, ao meu esposo, que
aceitaram e suportaram muitos momentos de
ausência no decorrer do curso.
AGRADECIMENTOS


A Deus, que me deu vida e que com a sua infinita bondade, permitiu que a minha
jornada no Curso de Pedagogia fosse cumprida.


Aos meus Pais, que com toda humildade ensinou-me a cultivar valores, como:
honestidade, respeito aos mais velhos, respeito aos professores, entre outros.


Ao meu esposo Lemonnier, que amo muito, que sempre esteve ao meu lado,
dando-me apoio, que com seu amor e paciência sempre me motivou a continuar
minha jornada. Obrigada por ser um marido e um pai exemplar.


Aos professores que contribuíram para minha formação.


Às minhas colegas de faculdade pela troca de informações e experiências,
especialmente Anailma Santos, Ana Lúcia Freire e Maria Clara Fortes, que me
ajudaram muito no decorrer do curso.



E à minha Orientadora, Maria Glória da Paz, mulher sublime, que com sua
suavidade, e tranquilidade, ofertou-me seus conhecimentos, orientando-me na
construção dessa pesquisa.


As todas as pessoas que se dispuseram a ser investigados, que toleraram minha
presença e todos que não citei que contribuíram para a concretização deste
trabalho. Obrigada.
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO........................................................................................................... 12
CAPÍTULO I............................................................................................................... 14
1.1 Educação infantil: uma demanda em constante crescimento............................ 14
1.2 Os Espaços escolares: lugares de ação sócio educativa................................ 17
1.3 A Legislação atual um documento sobre os espaços destinados à Educação
     Infantil.................................................................................................................. 21
1.4 A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense: um olhar sobre a antiga
   LBA........................................................................................................................ 25
CAPÍTULO II.............................................................................................................. 27
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................. 27
2.1 Pesquisa.............................................................................................................. 27
             2.1.1 História Oral........................................................................................27
2.2 Instrumentos da pesquisa................................................................................... 28
             2.2.1 Observação........................................................................................ 28
             2.2.2 Entrevista........................................................................................... 28
2.3 Guia da Entrevista................................................................................................ 28
             2.3.1 Bloco I Identificação dos depoentes................................................... 29
             2.3.2 Bloco II As questões de estudo........................................................... 29
2.4 Carta Cessão...................................................................................................... 34
2.5 As fontes.............................................................................................................. 35
             2.5.1 Fontes Orais....................................................................................... 35
                 2.5.1.1 Caracterização das fontes orais..................................................36
             2.5.2 Fontes Escritas...................................................................................43
2.6 Local da Pesquisa............................................................................................... 44
             2.6.1 Mapa de localização...........................................................................45
2.7 Dados gerais da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense................... 46
CAPITULO III............................................................................................................. 47
3. DIALOGANDO COM OS SUJEITOS ENTREVISTADOS.................................... 47
3.1 Espaço Físico: Um ambiente apropriado para Educação Infantil........................ 47
3.2 A influencia do ambiente físico escolar no processo ensino-aprendizagem na vi-
     são dos professores.............................................................................................49
3.3 O espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundacão Bonfinense na visão
     dos professores................................................................................................... 50
3.4 As crianças e a hora do recreio: um local especial e as atividades realizadas.. 51
3.5 A localização das salas: uma contribuição para a qualidade do ensino............. 52
TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.............................................................. 55
REFERÊNCIAS..........................................................................................................58
FONTES ELETRÔNICAS.......................................................................................... 62
FONTES ORAIS ....................................................................................................... 63
ANEXOS.................................................................................................................... 64
LISTA DE SIGLAS



SIGLA        SIGNIFICADO

LBA          Legião Brasileira de Assistência
LDB          Lei de Diretrizes e Bases
PNE          Plano Nacional de Educação
LISTA DE MAPAS




MAPA                     HISTÓRICO                    PÁGINA

01     Mapa do Território de Identidade do Piemonte   45
       Norte do Itapicurú, Bahia, 2004
LISTA DE FOTOGRAFIAS




          FOTO                 HISTÓRICO              PÁGINA

Fotografia 01      Aldey Bispo dos Santos               36

Fotografia 02     Dulcinéia Candida Cardoso de          37
                  Medeiros
Fotografia 03     Nancy Souza Bastos                    38

Fotografia 04     Iramaia Guirra                        39

Fotografia 05     Maria das Neves de Aquino Dourado     40

Fotografia 06     Maria de Fátima Gonçalves Silva       41

Fotografia 07     José Lourenço Fonseca de Carvalho     42
RESUMO


Este trabalho tem como tema A Cultura Escolar e dentro desta área escolhemos
para estudo o espaço físico escolar da Escola Municipal Maternal Fundação
Bonfinense, antiga LBA, localizada no município de Senhor do Bonfim-BA, uma
escola destinada à educação infantil. O objetivo que demandou este estudo foi
investigar, através da oralidade e de fontes documentais, como as professoras
compreendem o espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense,
Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia, e qual a sua importância para o
desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas voltadas a crianças de 0 a 06
anos. A construção deste estudo se deu através da pesquisa bibliográfica, da
observação e da história oral, teve como fontes escritas Ariès (1981), Frago e
Escolano (2001), Dominique Julia (2001), Bachelard (2003) e Verena Alberti (2008).
Como fontes orais, contamos com algumas professoras e pessoas da comunidade
que nos atenderam com boa vontade. O resultado deste estudo ratifica tudo o que
foi pesquisado, visto e observado no tocante ao espaço físico sob a mira da cultura
escolar culminando com a opinião da direção e corpo docente da referida escola
quanto à importância do espaço físico e estrutural como um dos fatores
preponderantes para o sucesso escolar. Com as entrevistas das professoras ficou
claro que uma boa infra-estrutura escolar beneficia a todos os envolvidos no
processo educativo por propiciar um espaço de troca de conhecimentos através da
interação indivíduo/meio/indivíduo.


Palavras-Chave: Espaço escolar. Cultura escolar. Legião Brasileira de Assistência -
LBA.
12



                                    INTRODUÇÃO


       O trabalho de Conclusão de Curso que ora apresentamos tem aporte na Cultura
Escolar e dentro desta área de conhecimento, como recorte, o estudo sobre O espaço
físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA,                  em
Senhor do Bonfim, Bahia.



       A temática foi escolhida no decorrer do Curso de Pedagogia, a partir de
observações, bem como estágio em algumas instituições voltadas para a educação
infantil. O que se percebeu durante essas visitas é que o espaço físico destinado a uma
ação tão significativa como é a formação de crianças é inadequado, pois carece de
planejamento prévio e geralmente, são escolas construídas em locais de difícil acesso,
sem aeração e ventilação e sem as mínimas condições de conforto, bem como sem
nenhum atrativo para a faixa de crianças entre 0 a 06 anos.



       Entendendo que a escola não é um estacionamento de crianças e sim um lugar
de socialização, de transmissão de valores e conhecimentos, este estudo se propõe a
discutir a importância do espaço escolar (instalações, mobiliário, iluminação, arejamento,
aspecto estético, material didático) para o processo de ensino-aprendizagem, assim
como da atuação dos agentes, desde os que lidam mais diretamente com o público
infantil como diretor e professores , até a legislação e a ação do poder público no que
tange aos investimentos em Educação Infantil, tema que faz parte dos discursos
políticos.



       É sabido pela maioria dos profissionais da educação que a primeira etapa da
educação da criança acontece no convívio familiar. Segundo Brandão (2001), na
sociedade grega a educação das crianças até os 07 anos era de competência das mães
e depois do estado; Após essa fase, as meninas continuavam nas tarefas domésticas e
os meninos eram entregues ao Estado; a partir daí, a educação passa a ser uma função
da escola, sendo esta indispensável para o desenvolvimento daquela sociedade.
13



       As Instituições Infantis para crianças de 0 a 6 anos, de acordo com Romão
(2006), surgem em meados do século XVIII, na França, e consistiam em dois grupos: os
asilos de primeira infância, que eram as creches com caráter assistencialista, destinadas
aos pobres, ou seja, mães que precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar
seus filhos, e os ―jardins-de-infancia‖, escolas para segunda infância que atendiam
crianças de 3 a 6 anos e destinavam-se a todas as camadas sociais.



       Sob este aspecto entendemos que a instituição escolar apresenta-se com uma
estrutura material constituída para atender a uma determinada finalidade: socializar,
conviver coletivamente, o que não é uma finalidade               qualquer, por ser algo
extremamente necessário e de caráter permanente. (SAVIANI, 2007).



       Assim, a questão das discussões sobre a          Educação Infantil é um assunto
histórico, que está sempre em pauta, pois suscita muitos debates a respeito do universo
infantil, que, segundo Angotti (2006), ―ainda não conquistou espaço suficientemente
expressivo a tal ponto de ter deixado de ser intenção vazia de discursos políticos‖ (p.16).



       Todas as dicussões em torno da educação infantil nos fazem entender que o
espaço escolar é de grande importância para a Educação Infantil. Neste trabalho nos
dispomos a conhecer como é que os agentes da educação ( professores, diretores)
compreendem o espaço físico da        Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense,
Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia, e a sua importância para o desenvolvimento
das atividades sócio-pedagógicas das crianças de 0 a 06 anos.



Palavras - chave: Espaço escolar. Cultura escolar. Legião Brasileira de Assistência-
LBA.
14



                                       CAPÍTULO I


1.1 Educação Infantil: uma demanda em constante crescimento



      De acordo com estudiosos,           no decorrer da história da Educação Infantil
evidencia-se que a concepção de infância é uma construção histórica e social e que, ao
mesmo tempo, existem múltiplas ideias sobre criança e desenvolvimento infantil e,
consequentemente, surgem debates constantes, mediando as práticas educacionais.



    Na idade Média, segundo Ariès (1981), os colégios eram reservados a um pequeno
número de clérigos e misturavam diferentes idades dentro de um espírito de liberdade
de costumes. A escola não dispunha de acomodações grandes, o mestre instalava-se
no claustro e em geral alugava uma sala por um preço regulamentado nas escolas
universitárias. Forrava-se o chão e os alunos aí se sentavam. As crianças viviam
igualmente com os adultos, não havia separação, ou seja, não se tinha uma visão de
infância, segundo este autor:


                      Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como percebemos
                      hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos, trabalhavam e viviam juntos
                      aos adultos, vestiam-se como adultos e praticavam de tudo: da vida social,
                      política e religiosa da comunidade, não havia propriamente dito, ―um mundo
                      infantil‖, diferente e separado, ou uma visão especial sobre infância (ARIÈS,
                      1981, p. 23).



      Kramer (1987) afirma sobre as instituições infantis: ―Surgem a partir do século
XVIII instituições com caráter assistencialista, servindo de guardiãs de crianças órfãs e
filhos de trabalhadores, cujo objetivo era cuidar da higiene, alimentação e segurança das
crianças, negando o aspecto pedagógico‖ (p 23).



      Segundo Bencosta (2005), ―no Brasil, até a Primeira República (1889-1930), não
havia prédio próprio para o funcionamento das escolas, que desenvolviam suas
atividades em qualquer espaço sem condições apropriadas‖ (p.286). Essas instituições
apenas disfarçavam o problema e não apresentavam a competência de buscar
mudanças mais intensas na realidade social dessas crianças.
15



      Com o processo de alfabetização e a democratização da educação brasileira, a
construção de prédios específicos para o funcionamento das escolas adquire um
destaque especial. De acordo com a história, visava atender à elite, era valorizada e
sua estrutura física apresentava ambientes diversificados e conservados, pois recebia
influência européia, o que subentende-se que atendia às expectativas necessárias para
o ensino e aprendizagem. Segundo Lopes e Clareto (2007), as escolas obedeciam aos
modelos internacionais, reproduziam os padrões higienistas europeus, e assim se
adequavam às exigências da elite da época.


                         Além da localização como marco privilegiado, as primeiras escolas
                         republicanas serão rica em seus detalhes: estátuas, jardins, construções com
                         ambientes amplos, ventilados [...] a escola passa a ser pensada como espaço
                         imaginado pela burguesia, local asséptico, sem odores, limpo e organizado
                         (p.83).



      Em 1875, no Rio de Janeiro, e em 1877, em São Paulo, surgiram os primeiros
jardins-de-infância, mas nehum deles voltado ao atendimento a crianças das camadas
populares, mas particulares, para atender às crianças da elite, e desenvolviam uma
programação pedagógica inspirada em Froebel (OLIVEIRA, 2008). Embasados no
pensamento froebeliano de que o inicio da infância é uma fase de importância decisiva
na formação das pessoas e que a criança é como uma planta que exige cuidados para
que cresça de maneira saudável e que para tanto deveria estar exposta a condições
favoráveis em seu meio ambiente. Segundo Arce ( 2002), Froebel procurava na infância
o elo que igualaria todos os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida
pelo convivio social:


                        [...] Acreditava que a criança trazia em si a semente divina de tudo o que há de
                        melhor no ser humano. Por isso, propunha cultivar nas crianças suas tendências
                        divinas, sua essência humana através do jogo, das ocupações e das atividades
                        livres, com ritmos, movimentos livres , tal como Deus faz com as plantas da
                        natureza [... ] (p. 62).


      Em meados do século XVIII e século XIX, com o crescimento social e a expansão
do processo de industrialização no Brasil, houve necessidade de qualificar a mão-de-
obra para inserção do indivíduo no mercado de trabalho. A educação pública passou a
ser considerada fator ativo do processo econômico. Havendo maior procura pela
educação escolar, percebeu-se que era imprescindível ampliar a rede de escolas
16



públicas e o governo providenciou a construção de escolas de forma rápida e barata
para a população pobre.



      Com o ingresso da mulher no mercado de trabalho, surgiram as escolas
maternais, de caráter assistencialista, para atender os filhos de mães operárias ou
empregadas domésticas e que, segundo Romão (2006), eram espaços provisórios que
não atendiam às necessidades básicas das crianças; esta afirma que a partir dos anos
1940 e 1950 houve crescimento das escolas infantis, mas a prioridade era atender a
escola primária, diminuindo assim os recursos destinados à educação infantil até
meados de 70.



      A partir dos anos 80, a classe popular clama por ampliação da escola e reivindica
do Estado o dever para com a educação das crianças de 0 a 06, o que até então, não
demonstrava empenhado para com essa função (OLIVEIRA, 2008, p.35). Desde então,
a Constituição de 1988 vem assegurar o direito da criança à Educação Infantil.



      Segundo Kuhlmann (2001), um século após o surgimento da Educação Infantil, a
demanda era muito grande e o Estado não assumia a sua função, permitindo com isso o
uso de galpões para abrigar as ―escolas”, a não destinação de recursos, a atuação de
pessoas sem formação para lidar com crianças nessa faixa etária. Barreto (1998),
acrescenta que as instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma como se
expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros necessários, depara-se                    com
padrões bastante aquém dos desejados:


                     [...] a insuficiência e inadequação de espaços físicos, equipamentos e materiais
                     pedagógicos; a não incorporação da dimensão educativa nos objetivos da
                     creche; a separação entre as funções de cuidar e educar, a inexistência de
                     currículos ou propostas pedagógicas são alguns problemas a enfrentar.
                     (BARRETO, 1998, p. 25).


      Uma vez que a sociedade passa por mudanças, entende-se que a escola também
deveria acompanhar essas transformações, sobretudo no que diz respeito ao seu
aspecto físico e social. São muitos os trabalhos e documentos, como Normas,
Referenciais, Diretrizes Operacionais, Planos e Parâmetros Nacionais para a Concepção
17



do Espaço Educacional Infantil que apontam essa questão; muitos desses documentos
trazem sugestões para a melhoria dos espaços escolares que oportunizem à criança, a
liberdade de movimentos, a liberdade de ir e vir, o que possibilita a socialização com o
mundo e com as pessoas e ajuda a estabelecer uma relação prazerosa, de modo que a
criança aprenda se divertindo.



1.2 Os Espaços escolares: lugares de ação socioeducativa



      Os espaços destinados à Educação Infantil necessitam de olhares mais
cuidadosos. Segundo alguns autores, essa estrutura física é também parte integrante do
currículo, uma vez que tem influência direta no processo de ensino aprendizagem da
criança, seja na organização do espaço educativo, seja no material didático disponível e
acessível aos sujeitos que ali convivem. Para Carvalho e Rubiano (2001), ―as
características físicas de um ambiente geralmente são negligenciadas no planejamento
de ambientes infantis coletivos e que esses ambientes devem ser ricos e estimuladores‖
(p.107).



      Do mesmo modo, Vygotsky (1998) defendeu em suas teorias educativas que para
aprender a andar, subir, descer, correr a criança necessita de espaço para se
movimentar em repetidas tentativas de aprendizagem, o que também acontece com o
aprender a ler e escrever, e de igual forma, com a interação social. ―Assim, o
aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das
funções    psicológicas   culturalmente    organizadas      e    especificamente      humanas‖
(VYGOTSKY, 1998, p. 118). Nesse contexto, uma proposta pedagógica deve considerar
que a criança precisa de um ambiente que garanta sua segurança física e psicológica,
assegurando a oportunidade de se perceber como sujeito.


                     A proposta pedagógica deve considerar a importancia dos aspectos
                     socioemocionais na aprendizagem e na criação de um ambiente interacional rico
                     de situações que provoquem a atividade infantil, a descoberta, o envolvimento
                     em brincadeiras [...] deve prorizar o desenvolvimento da imaginação, do
                     raciocínio e da linguagem, como instrumentos básicos para a criança se
                     apropriar de conhecimentos elaborados em seu meio social (OLIVEIRA, 2008,
                     p.50).
18



      As instituições de Educação Infantil possuem características diferentes e
especiais, como nos afirma Nóvoa (1998), ―As escolas são instituições de um tipo muito
particular, que não podem ser pensadas como qualquer fábrica ou oficina: a educação
não tolera a simplificação do humano‖ (p. 16).



      Assim, o espaço físico tem suas particularidades. Nesse sentido, é preciso de
antemão reconhecer que a organização do espaço físico escolar destinado a crianças,
bem como o tipo de mobiliário, as diferentes disposições do ambiente, o modelo de
edificação, tudo isso se institui historicamente, criando assim uma cultura escolar. Ao
adentrarmos nesse ambiente, nesse espaço, sabemos logo distinguir para                          quê foi
organizado. Na visão de McLaren (2000), ―A escola foi histórica e tradicionalmente
concebida para criar consensos, homogeneizar ritmos, valores e condutas, de acordo
com uma certa visão/concepção de mundo‖ (p.15). Resultante de um conjunto de regras,
valores, crenças e modelos de conduta oriundos do ambiente cultural dos sujeitos que a
frequentam (professores e alunos),         criando assim cada instituição de ensino a sua
própria cultura escolar.



      Seguindo este raciocínio é que Frago (1995), apud Faria Filho (2004), concebe
cultura escolar como um conjunto de tudo que acontece no interior da escola
concernente a práticas de normas e teorias e comenta que: ―A cultura escolar é a vida
de toda a escola: fatos e ideias, mentes e corpos, objetos e comportamentos, modos de
pensar, o dizer e o fazer‖ (p.69). Sendo assim, é através da mediação do ser humano
que efetivamente consegue criar mecanismos para as transformações sociais, sendo
esta uma das finalidades da educação. De acordo com os autores acima citados, a
cultura escolar é:


                      O conjunto dos aspectos institucionalizados que caracterizam a escola como
                      organização, o que inclui "práticas e condutas, modos de vida, hábitos e ritos – a
                      história cotidiana do fazer escolar –, objetos materiais – função, uso, distribuição
                      no espaço, materialidade física, simbologia, introdução, transformação,
                      desaparecimento (...) e modos de pensar, bem como significados e idéias
                      compartilhadas‖ (p.05).



      E ainda na opinião de Frago (1995), apud Faria Filho (2004), há tantas culturas
escolares quanto instituições de ensino, advogando a cada escola a capacidade de
19



produzir uma cultura específica, singular e original advinda das maneiras de fazer e
pensar, atitudes e comportamentos de sua clientela, sedimentada ao longo do tempo
sob a forma de tradições, regras e costumes. Nesse sentido, as relações que se
estabelecem entre os sujeitos que ali convivem, é de suma importância para as práticas
educacionais.



          Entrementes, Julia (2001) faz uma reflexão mais profunda quando descreve a
cultura escolar como ―um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e
condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
conhecimentos e a incorporação desses comportamentos‖ (p.10). Julia convidava os
historiadores da educação a se interrogarem sobre as práticas cotidianas, sobre o
funcionamento interno da escola. O que nos conduz ao entendimento de que o tempo e
o espaço escolar são dimensões de grande relevância no processo educacional, pois
passamos parte de nosso tempo nesse espaço, construindo nossa história, que é
guardada em nossa memória.



          Segundo Candau (2000), a cultura escolar supõe necessariamente uma seleção
entre materiais culturais disponíveis num determinado momento histórico e social que
realiza um trabalho de reorganização e reestruturação proposto pela escola com
finalidade de aprendizagem. Candau afirma ainda que ― a cultura escolar predominante
em nossas escolas se revela como ―engessada‖, pouco permeável ao contexto em que
se insere, aos universos culturais das crianças a que se dirige‖(p.68). Percebemos, a
partir desses conceitos de cultura escolar, a dificuldade de se incorporar os avanços do
desenvolvimento nos espaços educativos, pois as escolas têm sempre características
homogêneas, seja no aspecto pedagógico ou na organização do espaço, este pouco
evolui.



          Em nossa vivência de infância, quem não lembra da escola? Para Bachelard
(2003): ―existe para cada um de nós uma casa onírica, uma casa de lembrança-sonho,
perdida na sombra de um além do passado verdadeiro‖ (p. 34). O autor mostra que há
poesia nos principais espaços preferidos pelo homem. É neste contexto que podemos
afirmar que a escola, depois da familia é o segundo lugar ao qual devemos ter um olhar
diferenciado, pois é na escola que acontecem nossas interações, nossas descobertas,
20



principalmente no que se refere ao período da infância, pois esta, como afirma
Bachelard ( 2003), ―permanece viva em nós‖ (p 35). Assim como a infância é uma etapa
tão importante na vida da criança, as escolas de educação infantil devem ser espaços
planejados e atrativos, devendo ser vista com atenção e significado. Pois é nessa etapa
que flui a nossa imaginação e as experiencias nesse espaço certamento irão refletir na
nossa vida social, pessoal e psicológica.



      Bachelard (2003), nos traz que o espaço físico é uma questão de suma
importância à condição humana, tanto é que no plano familiar quanto escolar            nos
remete à percepções e sensações          indeléveis e determinantes     como pontos de
referência   no mundo. Em sua opinião, ―a casa é vista como o grande berço, o
aconchego e proteção desde o nascimento do homem, é o paraíso material. As
lembranças da casa estão guardadas na memória, no inconsciente e acompanham-nos
durante toda a vida, sempre voltamo-nos a elas nos nossos devaneios‖ (p.36).



      O homem criou a casa como abrigo familiar/social e, para seu desenvolvimento,
trouxe, na seqüência histórica, a escola para protegê-lo das dificuldades intelectuais,
sociais e culturais. Desde então, corroborando com Vinão Frago e Escolano (2001), ―o
espaço como território e lugar introduz nas palavras de Barchelard a dialética do interno
e do externo – aquilo que é escola e aquilo que fica fora dela, por exemplo, e também
em relação à sala de aula e a outros espaços escolares – o fechado e o aberto –
estruturas cortantes ou hermétricas, frente a estruturas de transição ou porosas – e o
pequeno e o grande – a escola/ lar frente a escola/quartel (p.65).‖ Temos na afirmação
acima de que a escola tornou-se um segundo lar e não se deve esquecer que, como
qualquer outro tipo de habitação, incluída a própria casa, é uma criação cultural sujeita a
mudanças históricas.



      Nessa linha de raciocínio, podemos entender através de Andrade (2006) que ―o
espaço físico é uma estrutura que materializa as práticas sociais, culturais e
educacionais de uma determinada época e possui o poder de gerar, através de suas
transformações, novos modos de vida e de relações (p.3)‖, levando-nos a crer que, em
sua relação com o espaço, o ser humano o modifica quantas vezes for preciso em
atendimento às suas necessidades físicas, estéticas, culturais e sociais.
21



 1.3 A legislação atual, um documento sobre os espaços destinados à Educação
                                   Infantil.


        Muitas mudanças ocorreram na estrutura da sociedade, seja no aspecto social,
cultural ou econômico, e no decorrer da história percebemos que a criança foi vista de
diferentes formas e os conceitos sobre a mesma sempre foram se transformando. Como
afirma Cunha (1983), as crianças passaram a ser tratadas diferenciadamente dos
adultos, recebendo tratamento de acordo com sua faixa etária.



        Desde então, comecou-se a pensar e criar formas, modelos educacionais,
métodos pedagógicos com características próprias de acordo com a idade. A escola
passou a ter um papel fundamental para o desenvolvimento social e intelectual da
criança, mas no que se refere ao ambiente escolar percebemos que a escola não
evoluiu,    manteve-se   estática,   obsoleta,    sem     criar   elementos      funcionais     que
contribuíssem no ato educativo. Para tanto houve a necessidade da criação da
Legislação Educacional Brasileira, apresentando uma série de informações no sentido
de deliberar critérios de qualidade para infraestrutura das Instituições de Educação
Infantil. Seja na LDB/96, Lei de Diretrizes e Bases (1996), no Referencial Curricular para
a Educação Infantil (1998) , Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil (2000), e
ainda      o PNE- Plano Nacional de Educação (2001), Os Parâmetros Básicos de
Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (2006), todos esses documentos
apontam para a questão do espaço físico que aparece associado à proposta
pedagógica.



        A Constituição de 1988 traz no seu art. 208 que ―O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola
às crianças de zero a seis anos de idade‖. Ou seja, a Educação Infantil passa a ser
vista como direito de toda criança e dever do estado e da família para que se faça valer
a lei, sendo que no Art. 211 a responsabilidade também passa a ser do poder público
municipal em oferecer creches e pré-escolas a todas as crianças cujas famílias desejem
ou careçam destes serviços.


                     Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em
                     regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 2º Os Municípios atuarão
22



                      prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada
                      pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996).


       O artigo 211 demonstra um avanço para a Educação Infantil, dá um novo enfoque
em relação às crianças, mas percebemos ainda, a falta de preocupação com a estrutura
das escolas públicas, de parte do poder público, seja no âmbito federal ou estadual no
tocante à elaboração das leis, pois ao mesmo tempo em que entende a importância da
Educação Infantil, em dado momento transpõe a responsabilidade ao poder público
municipal. Consequentemente apela ao modelo mais barato de educação, pois até então
o discurso do município é o de que não dispõe de recursos para implementar uma
estrutura física adequada, que atenda os requisitos básicos das crianças,                  como
também à formação de professores.



       A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB/96) vem firmar o direito da
criança de 0 a 06 anos à Educação Infantil, mencionando algumas regras. Ao colocar a
Educação Infantil como primeira etapa da educação básica,              tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade
(Art. 29).



       O Referencial Curricular para Educação Infantil (1998) é um conjunto de
orientações pedagógicas que vem contribuir de forma significativa para sua qualidade;
dentre várias informações e sugestões está a questão do espaço físico destinado à
Educação Infantil, no sentido de      propiciar condições para que as crianças possam
usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso
que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às modificações propostas
pelas crianças e pelos professores em função das ações desenvolvidas.[...] Além disso,
a aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área externa e de outros
espaços da instituição e fora dela‖ (p.68).



       Os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil
(2006) é outro documento preparado com parcerias de educadores, arquitetos e
engenheiros envolvidos em planejar, refletir, construir/reformar espaços destinados à
23



educação das crianças de 0 a 06 anos. Essa publicação dá ênfase à qualidade desses
espaços, propõe a incorporaçao de metodologias participativas que incluam as
necessidades e os desejos dos usuários, a proposta pedagógica e a interação com as
características ambientais.



      Esse documento trata ainda sobre a área a ser construída e os aspectos
estéticos, como a aparência da edificação e sugere que os locais recreativos, as áreas
coberta e livre sejam diversificadas com areia, grama e pavimentação. O documento
demonstra uma preocupação com a arquitetura dos espaços da Educação Infantil, se
preocupa com o aparelhamento, o piso, externo e interno, o tipo de mobiliário,
banheiros, salas de aula, e ainda os aspectos climáticos, a ventila-cão a iluminação e o
uso das cores dentro deste espaço destinado a crianças. (BRASIL, 2006.p. 21-35).



      Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, o uso do espaço
físico aparece associado às propostas pedagógicas como um dos elementos que
possibilitam a implantação e o aperfeiçoamento das diretrizes (BRASIL, 2006, p.36).
Ainda nesse sentido, as Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil afirmam que os
espaços físicos deverão ser coerentes com a proposta pedagógica da unidade e com as
normas prescritas pela legislação vigente referentes a: localização, acesso, segurança,
meio ambiente, salubridade, saneamento, higiene, tamanho, luminosidade, ventilação e
temperatura, de acordo com a diversidade climática regional, dizendo ainda que os
espaços internos e externos deverão atender às diferentes funções da instituição de
Educação Infantil. (BRASIL, 2006. p. 37).



      Complementando esse conjunto de documentos, em 2001 foi promulgada a lei
que aprovou o Plano Nacional de Educação – PNE (Brasil, 2001) e vem somar critérios
e parâmetros de qualidade para os espaços físicos da Educação Infantil. De um total de
26 pontos referentes a ―Objetivos e Metas‖ do Plano destacam-se dois itens
relacionados à temática.


                      1. A Meta nº 2 estabelece a exigência de ―padrões mínimos de infra-estrutura
                         para o funcionamento adequado das instituições (creches e pré-escolas)
                         públicas e privadas, que respeitando as diversidades regionais assegurem o
                         atendimento das características das distintas faixas etárias e das
24



                         necessidades do processo educativo quanto a: a) espaço interno, com
                         iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica
                         e segurança, água potável, esgotamento sanitário; b) instalações sanitárias
                         e para a higiene pessoal das crianças; c) instalações para preparo e/ou
                         serviços de alimentação; d) ambiente interno e externo para o
                         desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a
                         metodologia da Educação Infantil, incluindo repouso, expressão livre,
                         movimento e brinquedo; e) mobiliário, equipamentos e materiais
                         pedagógicos; f) adequação às características das crianças especiais‖ (Brasil,
                         2006:37).


      A segunda meta em evidência sugere que as construções desse tipo de espaço
físico devem atender às exigencias que constam da 2ª meta anteriromente destacada. ―
A Meta nº 3 define que a autorização para construção e funcionamento das instituições,
tanto as públicas quanto as escolas privadas, só poderá ser feita se estas atenderem
aos requisitos de infraestrutura da segunda meta‖ (Brasil, 2006: 38).



      Nesta perspectiva o ambiente escolar da Educação Infantil deve ser um lugar
agradável, bem elaborado, que possa atender às necessidades de sua clientela. Pois
além de ser uma etapa especial da infância, é no ambiente escolar que as crianças
passam boa parte de sua vida construindo sua história, estabelecendo relações,
adquirindo conhecimentos para formação da sua identidade. Como afirma Oliveira
(2001):


                     A identidade pessoal está intrinsecamente ligada à noção de identidade de lugar,
                     que consiste de cognições cumulativas – pensamentos, memórias, crenças,
                     valores, idéias, preferências e significados – sobre o mundo o qual a pessoa vive
                     (p.109).


      Todavia, um ambiente organizado, com salas amplas, iluminadas, pintadas, com
refeitório, área de lazer, banheiro adequado e limpo para crianças, auxilia a estabelecer
e firmar valores onde as crianças podem ser estimuladas a                   manter e cuidar do
ambiente. Para Escolano, (1998), ―[...] tanto o espaço quanto o tempo escolar ensinam,
permitindo a interiorização de comportamentos e de representações sociais‖ (p. 26).



      Nesse contexto, podemos afirmar que o espaço também educa, é uma
construção cultural, pois é nesse espaço e através dos costumes, das rotinas que
acontecem mudanças que vão refletir significativamente na vida da criança e em sua
formação de valores, conforme afirmação de Melis (2007):
25



                     O espaço escolar propicia um contato com diferentes realidades culturais e
                     familiares, o período que a criança passa na escola pode trazer situações novas
                     que os adultos precisam estar atentos para continuar a ajudar na construção de
                     valores positivos (p.62).



      Ainda sobre esse tema se faz necessário trazer para discussão algumas
referências sobre Anísio Teixeira, um intelectual que enxergava além do seu tempo os
problemas educacionais e que, de acordo com Dórea (2000),                   esteve à frente da
administração das Secretarias de Educação do Rio de Janeiro, no período de 1931 -
1935, e da Bahia, no período de 1947- 1951. Era considerado ―o arquiteto da educação
brasileira‖, tal era o seu interesse em prover a escola de um espaço designadamente
planejado para a educação. Para ele, sem instalações adequadas não poderia haver
trabalho educativo e, por isso, o prédio, base física e preliminar para qualquer programa
educacional, tornava-se indispensável para a realização de todos os demais planos de
ensino. Nesse contexto, Teixeira (1971) afirma que ―É custoso e caro porque são
custosos e caros os objetivos a que visa. Não se pode fazer educação barata‖ (p.175).



 1.4 A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense: um olhar sobre a antiga
                                             LBA.



      A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi um órgão brasileiro fundado em
agosto de 1942 pela então primeira-dama Darcy Vargas, com o objetivo de ajudar as
famílias dos soldados enviados à Segunda Guerra Mundial. Com o final da guerra,
tornou-se um órgão de assistência a famílias necessitadas em geral.



      De acordo com Oliveira (2008. p. 107), no período dos governos militares pós-
1964 , as políticas adotadas em nível federal, por intermédio de órgãos como a LBA,
continuaram a divulgar a ideia de creche e até mesmo pré-escola como equipamentos
sociais de assistência à criança carente. Era uma política de ajuda governamental com
caráter assistencial, por meio de programas emergenciais de massa de baixo custo,
desenvolvido por pessoas leigas e voluntárias, com envolvimento de mães que
cuidavam de turmas de mais de cem crianças pré-escolares.
26



      De certa forma, ainda é possível perceber nas escolas públicas destinadas ao
público infantil uma cultura, no que se refere a crianças das camadas sociais mais
pobres, a questão de uma educação com caráter compensatório ou assitencialista, sem
que haja uma reflexão crítica mais aprofundada sobre as raízes estruturais dos
problemas sociais influenciando nas decisões de políticas de educação infantil.



      Em 1991, sob a gestão de Rosane Collor, primeira dama no Governo Fernando
Collor de Melo, foram feitas denúncias de esquemas de desvios de verbas da LBA. A
LBA foi extinta em 1º de janeiro de 1995, no primeiro dia de governo de Fernando
Henrique Cardoso.


      Na cidade de Senhor do Bonfim-BA, em meados de 1964, a LBA já existia, de
acordo com o      ex-pároco Padre José Lourenço Fonseca de Carvalho. No mesmo
período, foi constituida a Fundação Bonfinense de Assistência e Promoção Social. Essa
Instituição realizava obras assitenciais distribuindo alimentos.


                      […] ―os alimentos que vinham dos Estados Unidos, era um programa do Governo
                      dos Estados Unidos para os países subdesenvolvidos, com a distribuição de leite
                      em pó, farinha de trigo, fubá de milho, óleo, roupas que vinham para a diocese,
                      para o Bispado e nós aqui distribuíamos para as pessoas necessitadas aqui da
                      cidade e também aos arredores, desses povoados vizinhos[...] (José Lourenço-
                      vide anexos).



      Atualmente, a Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense está localizada
na Praça Juracy Magalhães, S/N, centro, no município de Senhor do Bonfim. Segundo
Informações do órgão estadual Direc 28, a escola foi criada a partir do dia 12 de maio
do ano 1988, portaria 1078, sendo que na Direc 28 não há registro sobre a criação da
LBA em Senhor do Bonfim.



      A referida escola, segundo informantes da Secretaria Municipal de Educação de
Senhor do Bonfim, de acordo com a documentação                     constante em arquivos, foi
municipalizada em 1999, Decreto nº 220/99 A, de 04 de Junho de 1999, assinado
pelo então Prefeito Cândido Augusto de Freitas Martins (ver anexo). O local de
funcionamento da escola é uma casa adaptada e cedida pela LBA ao município.
27



                                      CAPITULO – II


2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS



      O presente trabalho tem como objetivo investigar através da oralidade e de fontes
documentais, como é que os professores compreendem o espaço físico da                     Escola
Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA em Senhor do Bonfim, Bahia, e
sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas das crianças
de 0 a 06 anos.



2.1 A PESQUISA



      Entendemos por metodologia o caminho de pensamento e prática exercidas na
abordagem da realidade. Diante disso, o ponto de partida para o desenvolvimento do
nosso estudo foi a busca de informações através da história oral.



      2.1.1 História Oral



      A História Oral é um grande auxilio na busca de informações e pode ser útil na
história do cotidiano, história política, história de comunidades, de instituições e história
da memória. É também uma abordagem metodológica interdisciplinar que permite uma
interação benéfica com as disciplinas das Ciências Sociais. Segundo, Alberti (2008):


                      A história oral é hoje um caminho interessante para se conhecer e registrar
                      múltiplas possibilidades que se manifestam e dão sentido a formas de vidas e
                      escolhas de diferentes grupos sociais, em todas as camadas da sociedade
                      (p.164).


      Assim, a história oral permite uma proximidade com o passado, e, de acordo com
Alberti (2008), ―está afinada com as novas tendências de pesquisa nas ciências
humanas‖, trazendo contribuições mais interessantes para determinadas tomadas de
decisões no presente.
28



2.2 OS INSTUMENTOS DA PESQUISA:



        Os instrumentos escolhidos para a coleta de informações destinadas a                este
trabalho foram a observação e a entrevista.



2.2.1 A Observação



        Com o objetivo de uma melhor avaliação da arquitetura da instituição, realizamos
uma série de visitas para que pudéssemos observar: a área externa, a área construída,
e, na    área interna, a adequação das salas de ensino, o mobiliário e o espaço
efetivamente utilizados por todos nas atividades da escola.



2.2.2 A Entrevista



        A entrevista foi o instrumento escolhido para este trabalho. Foi direcionada por
um guia, dividido em dois blocos, contendo no primeiro os elementos de identificação
das fontes/ pessoas entrevistadas: nome, endereço, filiação, cor entre outros. No
segundo bloco, as questões voltadas para o objeto de estudo.



        De acordo com Brandão (2002), apud Ferreira:



                      A entrevista é trabalho, reclemando uma atenção permanente dos pesquisador
                      aos seus objetivos, obrigando-o a colocar-se intensamente à escuta do que é
                      dito, refletir sobre a forma e o conteúdo da fala do entrevistado, os
                      encadeamentos, as indecisões, contradições, as expressões e gestos (p.104)



        De fato a entrevista requer do pesquisador uma atenção especial à fala dos
sujeitos entrevistados.



2.3 O GUIA DE ENTREVISTAS
29



      Para a realização das entrevistas usamos um roteiro contendo as questões
organizadas em dois blocos:



2.3.1 Bloco I Identificação dos depoentes



      Na primeira etapa da pesquisa, criamos uma ficha de identificação com o intuito
de traçar o perfil dos entrevistados, possibilitando assim um melhor conhecimento da
realidade dos mesmos, com indicadores das condições de trabalho, a formação, tempo
de ensino, idade, gênero, entre outros. Foi uma etapa demorada, em que os
entrevistados não gostavam de fornecer seus dados, a exemplo do número de
documentos e também sua renda.



2.3.2 Bloco II As questões de estudo



      Nesse segundo bloco encontram-se as questões relevantes para nossa pesquisa,
a serem respondidas pelos(as) entrevistados(as), uma direcionada às professoras e
diretora da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense e a outra direcionada ao
ex- pároco José Lourenço Fonseca de Carvalho, Fundador da Fundação Bonfinense de
Assistência e Promoção Social, antiga LBA. Não podemos deixar de mencionar a
dificuldade em entrevistar as professoras, pois era o período em que estas estavam em
férias, após as férias estavam participando da Jornada Pedagógica. Apesar disso,
conseguimos entrevistá-las. Uma preferiu que fosse em sua residência mas, as outras
preferiram na escola mesmo. Algumas estavam inseguras, quanto a falar da escola, do
ambinete de trabalho. Mas, na conclusão, estavam satisfeitas em ter colaborado com
nossa pesquisa. Para realizar a entrevista, utilizamos    um gravador digital Voice
Recorder Powerpack DVR- 860BK.
30



                      UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                      DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                                   PEDAGOGIA 2007.1
                      PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá
                      ORIENTADORA: Profª Drª. Maria Glória da Paz


Caro Diretor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso
de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa
participação.
Nome da escola:_________________________________________________


      1° BLOCO ROTEIRO DA ENTREVISTA COM O/A DIRETOR DA ESCOLA.


1 - Nome________________________________________________________


2- Há quanto tempo dirige esta escola?

___________________________________________________________________

3- A escola funciona em quantos turnos? Quais os horários dos turnos

__________________________________________________________________

4- Quantos funcionários possui a escola?

___________________________________________________________________

5- Quantos professores?

___________________________________________________________________

6- Quantos alunos a escola possui?

___________________________________________________________________


7- Quantas salas de aula?

___________________________________________________________________

8- Qual a média de crianças por sala?

___________________________________________________________________
                                                          Muito obrigada!
31




                                      UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
                                       DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
                                                   PEDAGOGIA 2007.



Este Entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da
UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação.
                                      1° BLOCO ROTEIRO DA ENTREVISTA


Por : Aurenice Pereira da Silva Jotobá
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz

Assunto: Pesquisa sobre o Espaço Físico Escolar da Escola Municipal Maternal
Fundação Bonfinense – antiga LBA


1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a)


Data:.............de …................................ de 2...................... horário: ….................horas
Local: ….........................................................................................................................
Nome: …........................................................................................................................
Cor..................................................................................................................................
Idade: ….......................ou data de nascimento: ….......................................................
Posição no grupo familiar:..............................................................................................
Filiação: …......................................... e ….....................................................................
Local de nascimento:......................................................................................................
Estado Civil:....................................................................................................................
N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …......................................
Religião: ….....................................................................................................................
Escolaridade:..................................................................................................................
Ocupação: …..................................................................................................................
Tempo de docência na Educação ................................................................................
Carga horária ( ) 20 horas                                   ( ) 40 horas                         ( ) 60 horas
Renda salarial: até um salário mínimo (                               )         até dois salários mínimos (                      )
mais de dois salários mínimos (                          )
32



             UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
             DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
             COLEGIADO DE PEDAGOGIA 2007.1
             PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá
             ORIENTADORA: Profª Drª Maria Glória da Paz



Caro Professor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do
curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a
generosa participação. Obrigada.
Nome do entrevistado:_________________________________________________



                              2º BLOCO: ENTREVISTA



1) Quais são os elementos      que você considera prioritários para um ambiente de
Educação Infantil?

2) Você acha que o ambiente físico escolar influencia no processo ensino-
aprendizagem? De que maneira?

3) Para você, o que seria necessário para que o espaço físico escolar seja um ambiente
apropriado para Educação Infantil?

4) Como é que você vê o espaço físico desta escola?

5) As crianças têm um local especial para hora do recreio?

6) Como é este espaço e quais são as atividades realizadas dentro dele?

7) Em sua opinião, a localização das salas de aulas interfere na qualidade do ensino?
Por quê?

8) Você acredita que o ambiente físico que a escola apresenta atualmente favorece para
uma boa ação pedagógica?
33



             UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
             DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
             PEDAGOGIA 2007.1
             PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá
             ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz


Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da
UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação.
Obrigada.

Nome do entrevistado:_________________________________________________




                          ENTREVISTA SOBRE ANTIGA LBA


   1) Ano de implantação da LBA em Senhor do Bonfim

   2) Em qual Governo foi implantada?


   3) Qual a filosofia da instituição?


   4) Onde funcionava?


   5) Quem eram os professores?


   6) Como era administrar uma instituição desse porte?


   7) Quem era a clientela da LBA?


   8) Recebia recursos? De onde?


   9) Qual era o destino desses recursos?


  10) Quais eram os programas/projetos implantados pela LBA?


  11) Por que acabou?
34



   2.4 Carta de cessão



         Este documento permite que o material produzido na entrevista possa ser usado
ou exposto pela Instituição, desde que esteja devidamente assinada pelos depoentes.


CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA A UNEB


 1         –          Pelo          presente             documento...........................brasileira,            estado
civil)......................(profissão)..........carteira              de      identidade             nº.......,    emitida
por....................          CPF               nº................,       residente                e          domiciliada
em..................................................., Município de Senhor do Bonfim, Bahia..cede e
transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII da
Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos patrimoniais de
autor sobre o depoimento prestado no dia ....de ...................... de 2010, perante o
pesquisador..........................................................................................
2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções internacionais de
que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do depoimento de que
trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício pleno dos seus direitos
morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre terá seu nome citado por
ocasião de qualquer utilização.
3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) plenamente
autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em parte, editado ou integral,
inclusive cedendo seus direitos a terceiros, no Brasil e/ou no exterior. Sendo esta forma
legitima e eficaz que representa legalmente os nosso interesses, assinam o presente
documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito.

...............[assinatura da entrevistada]............




TESTEMUNHAS:
_____________________________________
1ª testemunha


______________________________________
2ª testemunha
35



2.5 AS FONTES



2.5.1 Fontes Orais



      As fontes orais são elementos que permitem o fornecimento de pistas para o
desvelamento de fatos históricos, permitindo ainda ao pesquisador estabelecer relações
entre os indivíduos, seus costumes e a sua coletividade. Trabalhar com fontes orais
implica em obedecer a uma série de regras metodológicas. É preciso respeito aos
colaboradores e aos seus depoimentos, daí a necessidade de se estabelecer critérios de
escolha.



       Segundo Alberti (2008, p. 172), ―Para selecioná-los é necessário um
conhecimento prévio do universo estudado; é preciso conhecer o papel dos que
participaram e participam do tema investigado...‖



      As fontes orais da pesquisa aqui retratadas foram 03 (três) professoras e 01
(uma) diretora, da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, que atuam nas
turmas de Educação Infantil do Ensino Fundamental no turno matutino, 01 (um) ex-
pároco da Diocese, fundador da antiga Instituição, uma funcionária da DIREC-28 e a
Secretária de Educação do Município.
36



2.5.1.1Caracterizando as Fontes Orais




                                       Foto n° 01
                     Professora Aldey Bispo dos Santos (1973)




      Brasileira, casada, cor parda, 37 anos, nascida em 21 de fevereiro de 1973,
primeira filha de 04 irmãos, filha de João Bispo de Sena e Irani Dias dos Santos, natural
de Senhor do Bonfim-BA,. Tem dois filhos, sendo um de sexo feminino e outro do sexo
masculino. Espírita, curso superior incompleto, professora, tempo de docencia 13 anos
com Carga horária de 20 (vinte) horas, renda salarial de até dois salários mínimos.
37




                                       Foto n° 02
             Diretora Dulcinéia Candida Cardoso de Medeiros (1978)




      Brasileira, casada, cor parda, 32 anos, nascida 12 de dezembro de 1978,
primogenita, filha de Arismário G. Cardoso e Doralice C. Cardos, natural de Senhor do
Bonfim-BA, tem quatro filhos, sendo 02 do sexo feminino e 02 do sexo masculino.
Cristã, Pós-graduada em Educacao Infantil, tempo de docência 11 anos, sendo 01 ano
como Diretora, carga horária de 40 (quarenta) horas, renda salarial mais de dois salários
mínimos.
38




                                   Foto n° 03
                       Professora Nanci Souza Bastos (1971)



      Brasileira, casada, cor parda, 39 anos, nascida em 08 de outubro de 1971, filha
de Antonio Bastos Miranda e Maria S. Damasceno, quinta filha de 06 irmãos, natural de
Senhor do Bonfim-BA, tem 05 filhos, sendo       03 do sexo feminino de 02 do sexo
masculino, católica, curso superior incompleto (pedagogia), professora, 12 anos na
educação, carga horária, 40 horas com renda de até dois salários mínimos.
39




                                       Foto n° 04
                           Professora Iramaia Guirra (1965)



      Brasileira, casada, cor parda, 45 anos, nascida em 05 de julho de 1965, décima
terceira filha de 14 irmãos, filha de Fábio Guirra e Nivia Marinho, Natural de Antonio
Gonçalves- BA, tem duas filhas, católica, nivel superior completo, professora, 04 anos na
Educação Infantil, carga horária 40 horas, renda de até dois salários mínimos.
40




                                        Foto n° 05
                     Secretária de Educação Maria das Neves de Aquino
                                      Dourado (1970)



      Brasileira, casada, cor parda, nascida em 15 de maio de 1970, oitava de onze
irmãos, filha de João José de Aquino e Terezinha Silva de Aquino, Natural de Senhor do
Bonfim-BA, um filho do sexo masculino, católica, curso superior, Secretária de
Educação, 11 anos na educação, com renda superior a de dois salários mínimos.
41




                                       Foto n° 06
            Maria de Fátima Gonçalves da Silva (não permitiu fotografar)



      Brasileira, solteira, cor parda, nascida em 15 de outubro de 19XX, Filha de José
Pedro Silva e Amália Gonçalves da Silva, Natural de Senhor do Bonfim-BA, católica,
curso superior, Professora, secretária da Direc 28, a mais de 29 anos, com carga
horária 60 horas e não informou a renda salarial.
42




                                    Foto nº 07

              Ex- Padre José Lourenço Fonseca de Carvalho (1932)



      Brasileiro, casado, cor branca, 79 anos, nascido em 06 de agosto de 1932,
terceiro filho de 09 irmãos, filho de Antonio Lourenço de Carvalho Neto e   Josefa
Fonseca de Carvalho, Natural de Salvador- BA, tem 02 (dois) filhos , um do sexo
feminino e um do sexo masculino, católico, nível superior( Teológo) e aposentado da
Patrobrás.
43



2.5.2 Fontes escritas



        As fontes escritas foram fundamentais na construção do nossa pesquisa, pois
através da mesma fundamentamos e esclarecemos as discussões sobre a temática
escolhida, dando solidez e embasamento para o nosso trabalho. Buscamos nos
aprofundar nas contribuições dos livros, teses de doutorados, artigos e documentos
oficiais entre os quais destacamos alguns dos autores: ARIÈS (1981) CANDAU (2000)
FRAGO e ESCOLANO (1998/2001), JULIA (2001), BACHELARD (2003), OLIVEIRA
(2001/ 2008), LOPES E CLARETO (2007), MELIS (2006) entre outros.



   1. Ariès (1981) traz o conceito de infância, a natureza histórica e social da
         criança e a família.



   2. Candau (2000) ressalta em sua obra ―Reinventar a escola‖, uma análise crítica
         sobre o novo papel da escola, local de visão plural e histórica do conhecimento,
         da ciência, da tecnologia e das diferentes linguagens.



   3.    Frago e Escolano (2001) traz em sua obra:‖ Currículo, espaço e subjetividade –
         a arquitetura como programa‖. Trabalha o espaço escolar em todos os níveis,
         procurando explorar todas suas possibilidades enquanto instrumento realmente
         eficaz de educação.


   4.    Julia, (2001), em sua obra: ―A cultura escolar como objeto histórico‖, procura
         fornecer subsídios para o estudo da cultura escolar em perspectiva histórica,
         tornando possível a compreensão do modo como ao longo do tempo a escola
         tem se constituído em eixo matricial da cultura.



   5. Bachelard (2003) em seu livro "A Poética do Espaço", o filósofo francês Gaston
         Bachelard (1884-1962) procedendo a uma específica análise de espaços e
         lugares, cria uma reflexão singular a que chama "Poética do Espaço".
44



    6. Oliveira (2001/2008) aborda aspectos que historicamente orientam a ideia de
          quais seriam as funções da creche e da pré-escola enquanto instituições de
          atendimento e educação de crianças pequenas.


    7. Lopes (2007) ressalta       como é que as comunidades escolares lidam com a
          questão do espaço, tanto do ponto de vista das noções de espaços, quanto do
          ponto de vista das relações sócio-espaciais.


    8.    Melis (2007) este livro fala a respeito dos espaços na escola de educação
          infantil, afirmando o espaço como um lugar educativo.


    9.    Alberti (2008) relata a história oral, bem como a utilização das fontes orais na
          coleta de relatos.



2.6 LOCAL DA PESQUISA: O município1 de Senhor do Bonfim



         O município de Senhor do Bonfim – hoje sede da 28ª região administrativa da
Bahia – segundo historiadores regionais, teve a sua origem ligada às margens de uma
lagoa, atual Praça Simões Filho, local de paragem/passagem de tropeiros e aventureiros
que se dirigiam às minas da Jacobina, e aos que, em direção contrária, iam ao encontro
das localidades banhadas pelas águas do Rio São Francisco. Seu povoamento origina-
se na localidade de Missão do Sahy (1697), localidade pertencente ao Município de
Senhor do Bonfim. Comunidade essa formada por remanescentes indígenas e que,
inevitavelmente, sofreram a influência religiosa dos Franciscanos.


                       Com efeito, no final do século XVII, fundaram os franciscanos o Arraial de
                       Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, centro regional de catequização,
                       isto é, de divulgação, transposição de idéias, da mentalidade cristã para a
                       indígena ( ARAÚJO, 2001).




1. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel.painel.php?codmun=293010# acesso em 30jan/11
45



Senhor do Bonfim,         de acordo com o IBGE¹ conta atualmente com um índice
populacional de aproximadamente 74.431, distribuídos em seus 827.48 Km².



2.6.1 Mapa de localização2.




2 PAZ, Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do Sahy.
Tese de doutorado. UFRN: Natal, 2009
46




      2.7 DADOS GERAIS DA ESCOLA MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO
                                    BONFINENSE



      A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense está localizada na Praça
Juracy Magalhães, s/n, em Senhor do Bonfim-BA, funciona em dois turnos - matutino e
vespertino, possuindo seis salas de aula, uma sala de computação ainda em fase
implantação, uma secretaria, um almoxarifado, uma cozinha, dois porões, quatro
banheiros e um pátio pequeno. Possui uma área total de terreno de 740,51 m² e área
construída de 200,00 m².



      A escola conta com 10 professores, 01 diretora e 12 funcionários e atende em
média 260 alunos, número que pode variar, pois a escola está em período de matrículas
e nossa pesquisa teve início no final de 2010 e princípio de 2011, dando-nos condições
de afirmar que em 2010 as salas eram mais cheias, entre 25 a 30 alunos por classe.
47



                                       CAPÍTULO III


3. DIALOGANDO COM OS SUJEITOS ENTEVISTADOS



      Neste capítulo apresentamos a interpretação das entrevistas a partir da questão
da nossa pesquisa: Como os professores e a diretor/a compreendem o espaço físico da
Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA, em Senhor do Bonfim,
Bahia e sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas das
crianças de 0 a 06 anos.



3.1 Espaço Físico: Um ambiente apropriado para Educação Infantil


      De acordo com os entrevistados o espaço destinado à Educação Infantil, requer
uma série de elementos. ―[...] teria que ter um, um berçário, e teria que ter um refeitório,
um lugar para que se fizesse é.. brincadeiras, recreações [...]‖ . Devido ao tempo que a
criança passa dentro da escola é necessário que esta escola promova o seu bem-estar,
até porque a clientela da escola pública é formada por pessoas pobres, com várias
carências, com pouca perspectiva de sucesso e pouco estímulo de autoestima; nesse
sentido, a escola poderia oferecer um espaço agradável, onde a criança se sentisse
acolhida, como expressa uma professora.


                     […] ―essa criança teria que ter fora da sala de aula estes outros ambientes que é
                     pra compor o ambiente de aprendizagem pra ela, o ambiente ideal seria esse,
                     que não precisasse tirar a cadeira do lugar pra que essa criança pudesse brincar,
                     que essa criança não tenha um recreio diferenciado de outras crianças por falta
                     de espaço [..]‖


        Interpretando outros depoimentos, pode-se concluir que o espaço da escola
pesquisada não é acolhedor, não é agradável, não transmite segurança e não é
confortável, enfim, é um espaço inadequado para educação infantil, ―[...[ a criança,
principalmente de educação infantil, precisa se sentir muito à vontade. Ela precisa gostar
daquele ambiente, ela precisa se sentir acolhida naquele ambiente e nem sempre
nossas escolas têm esse ambiente, [ e ] passa essa segurança pra criança.‖
48



        Outros relatos consideram a estrutura de suma importância, mas como parte
integral desse complexo estaria a formação do professor, como destaca uma das
entrevistadas


                    […]‖ mas a começar pelo tipo de professor que vai para educação infantil, que
                    precisa de um professor que seja uma pessoa dinâmica, disposta a estar
                    trabalhando com as crianças, a parte de coordenação motora, de
                    expressividade, então, precisa de alguém que realmente tem uma postura
                    dinâmica além da questão do professor que tenha essa postura dinâmica, que
                    tenha formação adequada, né que uma coisa está atrelada a outra, ajuda, de
                    repente não tem formação, mas a formação ajuda[...] ―


        Uma postura adequada desse professor poderia ajudar inclusive na distribuição
do ambiente e em sua utilização. Nesse sentido, por conta também dessa ausência de
formação, percebemos que os ambientes destinados às crianças desconsideram as
necessidades da mesma, limitando seu desenvolvimento. Oliveira (2001) compreende
que:


                    O ambiente infantil deve ser planejado para dar oportunidade às crianças
                    desenvolverem domínio e controle sobre seu habitat, fornecendo instalações
                    físicas convenientes para que as crianças satisfaçam suas necessidades – tomar
                    água, ter fácil acesso a prateleiras, estante com materiais, a mesas e cadeiras –
                    sem assistência constante (p.110).


       Os professores que atuam na escola percebem a importância do espaço físico
para o cotidiano escolar dessas crianças, sabem também que precisam adequar o
espaço às atividades oferecidas


                    […] ―precisa que tenha um espaço físico adequado, que para a educação infantil
                    precisa de espaço, o ideal é que cada escola tenha uma área de refeitório, pra
                    que eles possam fazer as refeições dele neste ambiente, onde o professor vai
                    trabalhar aspecto como higiene, né, que tivesse banheiros adaptados, pra junto
                    com a higiene eles tivessem fazendo a escovação, que o parquinho e uma área,
                    além dessa área do parquinho uma área onde eles pudessem, uma área segura
                    onde eles possam correr, brincar fazer atividades recreativas junto como os
                    professores e também atividades livres, e que tenha material didático
                    pedagógico necessário, porque muitas vão está trabalhando com essa parte
                    lúdica e que envolve vários recursos, tintas, pinceis, e purai vai, né, uma serie de
                    materiais que precisa pra educação infantil. Tem que ser espaçoso, em termos
                    de sala, ele tem que ser arejado, tem que ser bem iluminado, amplo, tem que ser
                    ambiente agradável. Criança gosta de colorido, não que tenha uma poluição
                    visual, mas que quando fosse trabalhar a parte pedagógica tenha-se o cuidado
                    de trazer coisas coloridas porque isso queira ou não queira chama a atenção da
                    criança.‖
49



      Acredita-se que, nesse contexto, a criança deva sentir-se mais segura para
explorar o ambiente, e assim assimilar a contribuição do meio para o seu
desenvolvimento cognitivo, motor e emocional.



 3.2 A influência do ambiente físico escolar no processo ensino-aprendizagem na
                                 visão dos professores



      A estrutura física das escolas nem sempre atende às necessidades básicas de
sua clientela, principalmente as de ensino público, não havendo uma preocupação em
projetar um ambiente que contemplasse o conforto, que fosse adequado para
desempenhar o seu papel e que evoluísse, tanto no sentido de ampliação como nas
mudanças pedagógicas que ocorrem na educação. Segundo Melis (2007), ―o uso dos
espaços está relacionado à aprendizagem. É preciso reconhecer que as crianças
aprendem conceitos, testam hipóteses, percebem detalhes quando interagem com o
mundo concreto com o qual convivem‖ (p.45).              Nesse sentido, a falta de espaço
adequado, onde a criança possa movimentar-se, pode gerar mal estar, dificultando a
aprendizagem da mesma, como afirmam as professoras:


                    […] ―Sim, a criança precisa de uma rotina, então quando uma escola não tem um
                    espaço adequado, quando esse espaço precisa ser mudado, precisa ser
                    modificado e quebra essa rotina prejudica o aprendizado dela‖.


                    […] ―Se eu tenho um ambiente, que é um ambiente apertado, pequeno,
                    impróprio, então a criança não vai ter um espaço adequado pra está
                    conseguindo desenvolver o que essa faixa etária requer, né? então o ambiente
                    pode interferir neste aspecto, no aspecto de aprendizagem, o professor ele pode
                    trabalhar de maneira diversificada, na sala de aula, mas se ele tem uma sala de
                    aula espaçosa, tem a possibilidade dele tá fazendo joguinhos nesta sala de aula,
                    e se for uma sala de aula pequena onde não consegue afastar as carteiras,
                    como ele vai fazer isso? Então de certa forma acaba prejudicando, neste aspecto
                    o espaço pode prejudicar no desenvolvimento de algumas atividades, agora
                    também vai depender da criatividade do professor em dentro do espaço que ele
                    tem estar adequando e adaptando pra que os alunos não tenha prejuízo‖.



      De acordo com Oliveira (2008), ―o ambiente é o principal elemento de
determinação do desenvolvimento humano, [...] desde que lhe sejam dadas condições
favoráveis‖ (p.125). De acordo com Lima (2001), apud Lopes e Clareto (2007), ‖O
espaço é muito importante para criança pequena, pois muitas das aprendizagens que
50



ela realizará em seus primeiros anos de vida estão ligadas aos espaços disponíveis e/ou
acessíveis a ela‖ (p.105).


      Constatamos, nos depoimentos dos professores, que a estrutura física da escola
deveria estar favorecendo aos sujeitos que ali convivem principalmente, no que se refere
à ação pedagógica direcionada à Educação Infantil. Um ambiente que não seja arejado,
bem iluminado, espaçoso, agradável, acessível pode vir a dificultar a aprendizagem da
criança e as relações ali estabelecidas.


 3.3 O espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense na visão
                                dos professores.



      Na visão dos professores entrevistados, há muita limitação no que se refere a
espaço físico dessa Instituição de Educação Infantil, principalmente porque o prédio não
foi projetado para ser uma escola, e sim uma casa residencial o que significa falta de
espaço para adequação da escola à modalidade de educação à qual se propõe,


                      [...] pra mim entrar em uma sala, na minha sala, eu tenho que passar pela sala
                      de outra professora, pra que a gente vá até a sala do professor também se
                      passa pela sala de outra professora, a cozinha na sala de educação infantil 1, a
                      sala de educação infantil 1 a cozinha fica dentro da sala, fica o almoxarifado
                      dentro de sala... quer dizer, tudo isso atrapalha... a professora não consegue dá
                      uma aula, toda hora ela é interrompida porque se precisa passar, precisa fazer
                      alguma coisa, é horrível, não é nada favorável é...


      Este   depoimento deixa claro um dos transtornos enfrentados em sua prática
diária, que é a mobilidade das pessoas nas dependências da escola, ―[…] pra que a
gente vá até a sala do professor também se passa pela sala de outra professora [...]‖
além de retratar a capacidade da comunidade escolar em articular maneiras de
dinamizar o funcionamento dessa unidade infantil.


                      ―[…] a gente ali tem que fazer cambalhota, tem que ser artista o tempo todo, tem
                      que tá criando o tempo todo, pra puder prender a atenção da criança, pra tentar
                      fazer um bom trabalho, sem prejudicar o professor que tá do lado, tem que usar
                      muito da criatividade.‖
51



       De acordo com as condições existentes, os professores precisam usar de
criatividade para proporcionar aos alunos pelo menos a realização de algumas
atividades nas salas de aula, bem como no recreio ―[...] nós temos que fazer recreios
separados, da educação infantil e do ciclo, [...]‖ para que as crianças menores possam
brincar um pouco nos momentos destinados às atividades livres.


3.4 As crianças e a hora do recreio: um local especial e as atividades realizadas



       O ambiente do recreio é um local diferenciado, pois é destinado ao lazer, às
brincadeiras livres, jogos, pular, correr, bem como realizar as festas comemorativas da
escola, servindo também para a interação entre seus pares, além de ser um local
destinado à execução de tarefas extraclasse mediadas pelos professores. Nesse sentido
o espaço pode criar condições favoráveis ou não ao desenvolvimento das crianças, mas,
de acordo com as entrevistadas, o espaço sendo pequeno não oferece oportunidades
para um melhor desempenho das crianças.


                     ―[...] eu acho que esse é nosso maior problema, a falta de espaço, um espaço
                     mal apropriado, não tem, na sala de aula o espaço também é bem pequeno, eu
                     acho pequeno, geralmente não se pode fazer muita coisa, não dá pra se fazer
                     um cantinho de leitura, porque não se tem espaço pra isso, a sala geralmente
                     são super lotadas ao ponto de professora não poder sentar pra descansar, não
                     pode sentar um minuto.‖


       Os depoimentos expressam preocupação com a condição de fazer educação
infantil nessas condições e fica claro quando se trata do espaço destinado ao recreio,
embora a escola possua um pátio coberto e pequeno, torna-se impraticável a realização
de atividades extraclasse devido à localização do pátio, em frente às salas de aula, ―[...]
a sala, elas ficam virada pra ala onde tem a recreação, então são dois horários de
recreio, um horário de 10:30 h e outro de 10:30 h a 11:00 h, então é uma hora perdida,
porque os meninos brincam, zoam, ai não tem como controlar, eles fazem muita
zuada,[...]‖


       Algumas dificuldades impedem a realização de atividades extraclasse com as
crianças. O espaço somente serve para o recreio, assim mesmo com algumas limitações
em virtude de ser um espaço comum a outras turmas de alunos maiores. Um exemplo
52



citado é o do parque móvel. Este tem que ser colocado todos os dias, ou seja, não há
uma disponibilidade permanente e sendo assim é parte de atividades controladas.


                      […] dias é colocado um parquinho pra eles brincarem, fora essa área coberta,
                      tem um restante de área descoberta onde eles podem..é .. correr um pouco, não
                      tanto porque tem uma área que é um pouco em declive e já oferece perigo e a
                      gente tem que tá tomando cuidado nesse sentido.



       As demais entrevistadas afirmam que a escola possui o espaço recreativo, no
entanto esse espaço é pequeno. Interpretamos a partir desses relatos, que o espaço
não oferece estímulo para o desenvolvimento motor das crianças, pois estas só
interagem com seus pares, limitando seu desenvolvimento corporal e seus movimentos
devido à falta de brinquedos que possam oferecer desafios para crianças. De acordo
com Oliveira (2001), ―os ambientes devem fornecer oportunidades para as crianças
andarem, correrem, subirem, descerem e pularem com segurança‖ (p.110/111).



       O espaço escolar em questão possui uma arquitetura que limita a criança em
suas ações, como também restringe o professor em realizar as atividades inerentes ao
atendimento a essa faixa etária, que exige um espaço maior, seja ele interno ou externo,
e com possibilidades de fazer crescer e florescer em atitudes e sentimentos de alegria e
crescimento, conforme nos recomenda Bachelard (2003, p.204) ―O espaço, fora de nós,
ganha e traduz as coisas [...]‖



3.5 A localização das salas: uma contribuição para a qualidade do ensino



       A sala de aula é concebida como um espaço privilegiado da cultura escolar
(Candau, 2000), nesse sentido há de refletir que cultura está sendo vivida, pois como um
lugar de troca de experiências, de diversidade, crenças e ideias e valores, lugar de
relação pedagógica, confirmando sua heterogeneidade. É um lugar de vivências e de
conflitos.



        É certo que a arquitetura do espaço onde se desenvolve o ensino poderia ser
projetado de forma que facilitasse a locomoção dos seus usuários e com uma atenção
53



especial para a faixa etária a quem é destinado o espaço escolar infantil, uma realidade
observada no depoimento que segue


                     ―Então... as salas elas foram projetadas de forma errada, foram construída uma
                     sala dentro da outra, se fez algumas adaptações que não deu resultado se é de
                     ajudar o professor, complicou mais ainda, porque é uma sala dentro da outra,
                     quem já se viu um negócio desse? É uma cozinha que funciona dentro de uma
                     sala de aula, é um almoxarifado que funciona dentro de uma sala de aula, então
                     não tem nada a favor da educação, nada, a gente ali tem que fazer cambalhota,
                     tem que ser artista o tempo todo, tem que tá criando o tempo todo, pra puder
                     prender a atenção da criança, pra tentar fazer um bom trabalho, sem prejudicar o
                     professor que tá do lado, tem que usar muito da criatividade..‖


      Na escola pesquisada, algumas salas de aula ficam dentro de outra sala de aula,
ou seja, existem caminhos de acesso por dentro das sala de aula, causando
interrupções na execução das atividades escolares, distração entre as crianças e
deconforto entre os professores, conforme depoimentos abaixo:


                     ´[…] nós temos um problema assim, de sala dentro da outra, no caso da minha,
                     na minha sala fica a cantina e o almoxarifado, então fica muito aquele... o entre e
                     sai, como se diz.. o entre e sai e prejudica muito a atenção das crianças, o
                     professor, tem que tá parando pra esperar até que o pessoal saiam.


      Outro aspecto observado nos depoimentos diz respeito à localização da escola.
Não há placas de trânsito nem redutores de velocidade indicando que é passagem
escolar. O trânsito é intenso, principalmente no horário em que a escola está encerrando
suas atividades. Esta é uma preocupação dos professores


                     ―Na hora da saída os pais chegam essas crianças ficam numa mine-calcada, o
                     trânsito é intenso, é um risco terrível desses meninos saírem correndo, a hora da
                     saída pra nós é um tormento, ainda tem que ficar o tempo todo prestando
                     atenção naquelas crianças, a localização da escola que também não é adequada
                     ela fica numa área que tem um movimento muito grande, entendeu? Então é
                     carro subindo, é carro descendo, é moto e essas crianças querem sair correndo,
                     os pais às vezes, é mais de um que vai buscar, não presta atenção. Na hora da
                     saída, a gente fica o tempo todo; olha fulano, olha o menino, olha o menino,com
                     medo de acontecer um acidente, entendeu?



      De fato a localização da referida escola é uma área urbana central, onde a via de
trânsito é mão única, com baixo declive e sem a devida sinalização, tornando-se uma
área perigosa. Toda área escolar deve ser sinalizada, ter redutores de velocidade,
principalmente quando se trata de escolas destinadas ao público infantil. De acordo com
54



o depoimento acima, é possivel perceber a aflição que o professor tem no horário da
saída, visto que é o momento em que as crianças ficam inquietas, na expectativa de ir
ao encontro dos seus pais, aumentando ainda mais a responsabilidade do professor.
55



                    TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES



      A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, de acordo com nossas
observações, não possui uma estrutura física que atenda às necessidades das crianças
que a freqüentam. Não conta com uma brinquedoteca onde possam ser desenvolvidos
jogos diversos, brincadeiras, casinha de bonecas, fantoches, carrinhos, balanços,
escorregadeiras e outros, ampliando assim a        socialização, o desenvolvimento da
imaginação através do brincar. Não possui uma biblioteca onde as crianças possam
manusear livros, inventar histórias, ―ler histórias‖, contar histórias, manusear revistas.
Não tem sala de vídeo para os professores realizarem atividades diferenciadas. Na área
livre, existe um local em que as crianças não tem acesso, pois o terreno é íngreme e
perigoso. O pátio     coberto é pequeno e a parte descoberta é uma ladeira com
calçamento, que em dias de chuva torna-se escorregadio . Enfim os professores se
limitam à sala de aula.



       A referida escola possui muitos entraves que dificultam a concentração das
crianças, pois existe uma sala de aula dentro da outra sala de aula e as crianças da
outra sala precisam muitas vezes ir ao banheiro e ficam transitando pela outra sala. Em
outra sala de aula fica a cozinha, que causa muito barulho devido às atividades
exercidas pelas cozinheiras (cozinhar, lavar pratos, ligar liquidificador, higienizar a
cozinha, etc.) e afetam diretamente a concentração das crianças, além do vai e vem,
pois a cozinheiras têm que passar por dentro da sala de aula para ir para cozinha e ir à
dispensa.



      Outro problema são os banheiros, que além de se destinar a pessoas adultas,
ficam longe das salas de aula e as crianças para irem ao banheiro, tem que se deslocar
na maioria das vezes sozinhas expondo-se à riscos, pois existe uma ladeira. Quando
possível a professora acompanha a criança até o banheiro. Recentemente o município
colocou uma assistente, facilitando no acompanhamento da criança.. Outro detalhe é a
pia de lavar mãos, que é alta e as crianças pequenas têm dificuldade para alcançá-la e
realizar sua higiene. No aspecto de pintura a escola é carente , o mobiliário de algumas
turmas está sucateado e não é adequado para a idade. O piso de algumas salas é ruim,
56



não permitindo fazer roda de leitura sentado no chão. Para concluir, algumas salas não
possuem uma boa ventilação e iluminação.



      Diante disso, o espaço físico escolar apropriado às necessidades dos usuários é
sem dúvida alguma um assunto inesgotável, ainda pouco discutido, mas é uma
realidade que vivenciamos em boa parte das escolas públicas. Tomamos como ponto de
referência a Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, localizada no município
de Senhor do Bonfim-BA, aos olhos do poder público, onde percebemos a carência de
instalações adaptadas a atender as peculiaridades das diferentes faixas etárias que
convivem nesses espaços. O espaço alternativo para desenvolver atividades
diferenciadas é pequeno e pouco aproveitado devido à sua localização, em frente às
salas de aula. Como acontece nessa escola, a situação não é diferente nas demais que
atendem o público da educação infantil, pois é raro encontrar ambientes planejados para
momentos de lazer, conversas, e socialização, o que é de suma importância para
promover a interação social.



       Sob o ponto de vista crítico construtivo, ainda percebemos que, embora haja
excelentes projetos pedagógicos, muito pouco se concretiza daquilo que neles é
proposto, uma vez que na prática quase nada acontece. Se tomarmos como exemplo o
ensino numa perspectiva de preservação do meio ambiente, o que temos disponível
como espaço para plantas, jardins e hortas, área verde?



      Discursos sobre a diversidade cultural, no enfoque ―respeito às diferenças‖ e
―inclusão‖ não faltam, mas as escolas carecem de espaços adaptados para acolher
portadores de deficiências (banheiros, rampas, etc..), o que representa, sem dúvida
alguma, uma barreira ao trabalho educativo numa perspectiva inclusiva.



      Na verdade, o que se tem configurado na estrutura física da maioria das
instituições escolares da rede pública é uma edificação em áreas impróprias, em
espaços físicos mal utilizados, ambientes e salas de aula mal distribuídos sem
ventilação, com material inadequado, que não oferece condições necessárias ao
57



desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos, o que afeta a aprendizagem e dificulta o
trabalho escolar em todos os seus aspectos.



      Além do que, todo esforço e boa vontade de professores compromissados, pode
fracassar se não encontrar um espaço apropriado e condições materiais para realizar
suas atividades pedagógicas. Mesmo com boa vontade em improvisar, criar, inventar e
reinventar recursos para suprir tal lacuna o trabalho educativo não atingirá a sua
completude devido à ausência ou baixa qualidade do espaço físico.



      Assim, é preciso alertarmos o poder público e os gestores, professores e demais
profissionais da educação para que se manifestem e mobilizem-se propondo mudanças
nos espaços educativos e fazendo valer os documentos que apontam o espaço fisico
como cenário da educação, tornando-o um lugar agradável, prazeroso e atrativo, pois a
sociedade vive uma era de transformações, buscando incessantemente a qualidade
social. E a escola, como espaço social, não pode ficar estática e alheia às mudanças,
principalmente no que se refere ao aspecto estrutural e arquitetônico.
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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA - COLPED AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE, ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA. SENHOR DO BONFIM-BA Março/2011
  • 2. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA - COLPED AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE, ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA. Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Linha de Pesquisa: Memória, Cultura e História da Educação. Orientadora: Profª Drª Maria Gloria da Paz SENHOR DO BONFIM-BA Março/2011
  • 3. AURENICE PEREIRA DA SILVA JATOBÁ CULTURA ESCOLAR: O ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE, ANTIGA LBA, EM SENHOR DO BONFIM, BAHIA. Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Aprovada em ____ de ________________ de 2011. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________________ Profª Drª Maria Gloria da Paz - Universidade do Estado da Bahia –UNEB Orientadora _____________________________________________________________ Profª Beatriz de Souza Barros - Universidade do Estado da Bahia- UNEB Examinadora _____________________________________________________ Profº Dr. Gilberto Lima dos Santos - Universidade do Estado da Bahia- UNEB Examinador
  • 4. O espaço, fora de nós, ganha e traduz as coisas: Se quiseres conquistar a existência de uma árvore, Reveste-a de espaço interno, esse espaço Que tem seu ser em ti. Cerca-a de coações. Ela não tem limite, e só se torna realmente uma árvore Quando se ordena no seio da tua renúncia. (Bachelard, 2003)
  • 5. DEDICATÓRIA Dedico este trabalho, aos meus filhos, Lemonnier Filho e Graziela Benevides, ao meu esposo, que aceitaram e suportaram muitos momentos de ausência no decorrer do curso.
  • 6. AGRADECIMENTOS A Deus, que me deu vida e que com a sua infinita bondade, permitiu que a minha jornada no Curso de Pedagogia fosse cumprida. Aos meus Pais, que com toda humildade ensinou-me a cultivar valores, como: honestidade, respeito aos mais velhos, respeito aos professores, entre outros. Ao meu esposo Lemonnier, que amo muito, que sempre esteve ao meu lado, dando-me apoio, que com seu amor e paciência sempre me motivou a continuar minha jornada. Obrigada por ser um marido e um pai exemplar. Aos professores que contribuíram para minha formação. Às minhas colegas de faculdade pela troca de informações e experiências, especialmente Anailma Santos, Ana Lúcia Freire e Maria Clara Fortes, que me ajudaram muito no decorrer do curso. E à minha Orientadora, Maria Glória da Paz, mulher sublime, que com sua suavidade, e tranquilidade, ofertou-me seus conhecimentos, orientando-me na construção dessa pesquisa. As todas as pessoas que se dispuseram a ser investigados, que toleraram minha presença e todos que não citei que contribuíram para a concretização deste trabalho. Obrigada.
  • 7. SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................... 12 CAPÍTULO I............................................................................................................... 14 1.1 Educação infantil: uma demanda em constante crescimento............................ 14 1.2 Os Espaços escolares: lugares de ação sócio educativa................................ 17 1.3 A Legislação atual um documento sobre os espaços destinados à Educação Infantil.................................................................................................................. 21 1.4 A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense: um olhar sobre a antiga LBA........................................................................................................................ 25 CAPÍTULO II.............................................................................................................. 27 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.............................................................. 27 2.1 Pesquisa.............................................................................................................. 27 2.1.1 História Oral........................................................................................27 2.2 Instrumentos da pesquisa................................................................................... 28 2.2.1 Observação........................................................................................ 28 2.2.2 Entrevista........................................................................................... 28 2.3 Guia da Entrevista................................................................................................ 28 2.3.1 Bloco I Identificação dos depoentes................................................... 29 2.3.2 Bloco II As questões de estudo........................................................... 29 2.4 Carta Cessão...................................................................................................... 34 2.5 As fontes.............................................................................................................. 35 2.5.1 Fontes Orais....................................................................................... 35 2.5.1.1 Caracterização das fontes orais..................................................36 2.5.2 Fontes Escritas...................................................................................43 2.6 Local da Pesquisa............................................................................................... 44 2.6.1 Mapa de localização...........................................................................45 2.7 Dados gerais da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense................... 46 CAPITULO III............................................................................................................. 47 3. DIALOGANDO COM OS SUJEITOS ENTREVISTADOS.................................... 47 3.1 Espaço Físico: Um ambiente apropriado para Educação Infantil........................ 47
  • 8. 3.2 A influencia do ambiente físico escolar no processo ensino-aprendizagem na vi- são dos professores.............................................................................................49 3.3 O espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundacão Bonfinense na visão dos professores................................................................................................... 50 3.4 As crianças e a hora do recreio: um local especial e as atividades realizadas.. 51 3.5 A localização das salas: uma contribuição para a qualidade do ensino............. 52 TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.............................................................. 55 REFERÊNCIAS..........................................................................................................58 FONTES ELETRÔNICAS.......................................................................................... 62 FONTES ORAIS ....................................................................................................... 63 ANEXOS.................................................................................................................... 64
  • 9. LISTA DE SIGLAS SIGLA SIGNIFICADO LBA Legião Brasileira de Assistência LDB Lei de Diretrizes e Bases PNE Plano Nacional de Educação
  • 10. LISTA DE MAPAS MAPA HISTÓRICO PÁGINA 01 Mapa do Território de Identidade do Piemonte 45 Norte do Itapicurú, Bahia, 2004
  • 11. LISTA DE FOTOGRAFIAS FOTO HISTÓRICO PÁGINA Fotografia 01 Aldey Bispo dos Santos 36 Fotografia 02 Dulcinéia Candida Cardoso de 37 Medeiros Fotografia 03 Nancy Souza Bastos 38 Fotografia 04 Iramaia Guirra 39 Fotografia 05 Maria das Neves de Aquino Dourado 40 Fotografia 06 Maria de Fátima Gonçalves Silva 41 Fotografia 07 José Lourenço Fonseca de Carvalho 42
  • 12. RESUMO Este trabalho tem como tema A Cultura Escolar e dentro desta área escolhemos para estudo o espaço físico escolar da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, antiga LBA, localizada no município de Senhor do Bonfim-BA, uma escola destinada à educação infantil. O objetivo que demandou este estudo foi investigar, através da oralidade e de fontes documentais, como as professoras compreendem o espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia, e qual a sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas voltadas a crianças de 0 a 06 anos. A construção deste estudo se deu através da pesquisa bibliográfica, da observação e da história oral, teve como fontes escritas Ariès (1981), Frago e Escolano (2001), Dominique Julia (2001), Bachelard (2003) e Verena Alberti (2008). Como fontes orais, contamos com algumas professoras e pessoas da comunidade que nos atenderam com boa vontade. O resultado deste estudo ratifica tudo o que foi pesquisado, visto e observado no tocante ao espaço físico sob a mira da cultura escolar culminando com a opinião da direção e corpo docente da referida escola quanto à importância do espaço físico e estrutural como um dos fatores preponderantes para o sucesso escolar. Com as entrevistas das professoras ficou claro que uma boa infra-estrutura escolar beneficia a todos os envolvidos no processo educativo por propiciar um espaço de troca de conhecimentos através da interação indivíduo/meio/indivíduo. Palavras-Chave: Espaço escolar. Cultura escolar. Legião Brasileira de Assistência - LBA.
  • 13. 12 INTRODUÇÃO O trabalho de Conclusão de Curso que ora apresentamos tem aporte na Cultura Escolar e dentro desta área de conhecimento, como recorte, o estudo sobre O espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia. A temática foi escolhida no decorrer do Curso de Pedagogia, a partir de observações, bem como estágio em algumas instituições voltadas para a educação infantil. O que se percebeu durante essas visitas é que o espaço físico destinado a uma ação tão significativa como é a formação de crianças é inadequado, pois carece de planejamento prévio e geralmente, são escolas construídas em locais de difícil acesso, sem aeração e ventilação e sem as mínimas condições de conforto, bem como sem nenhum atrativo para a faixa de crianças entre 0 a 06 anos. Entendendo que a escola não é um estacionamento de crianças e sim um lugar de socialização, de transmissão de valores e conhecimentos, este estudo se propõe a discutir a importância do espaço escolar (instalações, mobiliário, iluminação, arejamento, aspecto estético, material didático) para o processo de ensino-aprendizagem, assim como da atuação dos agentes, desde os que lidam mais diretamente com o público infantil como diretor e professores , até a legislação e a ação do poder público no que tange aos investimentos em Educação Infantil, tema que faz parte dos discursos políticos. É sabido pela maioria dos profissionais da educação que a primeira etapa da educação da criança acontece no convívio familiar. Segundo Brandão (2001), na sociedade grega a educação das crianças até os 07 anos era de competência das mães e depois do estado; Após essa fase, as meninas continuavam nas tarefas domésticas e os meninos eram entregues ao Estado; a partir daí, a educação passa a ser uma função da escola, sendo esta indispensável para o desenvolvimento daquela sociedade.
  • 14. 13 As Instituições Infantis para crianças de 0 a 6 anos, de acordo com Romão (2006), surgem em meados do século XVIII, na França, e consistiam em dois grupos: os asilos de primeira infância, que eram as creches com caráter assistencialista, destinadas aos pobres, ou seja, mães que precisavam trabalhar e não tinham com quem deixar seus filhos, e os ―jardins-de-infancia‖, escolas para segunda infância que atendiam crianças de 3 a 6 anos e destinavam-se a todas as camadas sociais. Sob este aspecto entendemos que a instituição escolar apresenta-se com uma estrutura material constituída para atender a uma determinada finalidade: socializar, conviver coletivamente, o que não é uma finalidade qualquer, por ser algo extremamente necessário e de caráter permanente. (SAVIANI, 2007). Assim, a questão das discussões sobre a Educação Infantil é um assunto histórico, que está sempre em pauta, pois suscita muitos debates a respeito do universo infantil, que, segundo Angotti (2006), ―ainda não conquistou espaço suficientemente expressivo a tal ponto de ter deixado de ser intenção vazia de discursos políticos‖ (p.16). Todas as dicussões em torno da educação infantil nos fazem entender que o espaço escolar é de grande importância para a Educação Infantil. Neste trabalho nos dispomos a conhecer como é que os agentes da educação ( professores, diretores) compreendem o espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia, e a sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas das crianças de 0 a 06 anos. Palavras - chave: Espaço escolar. Cultura escolar. Legião Brasileira de Assistência- LBA.
  • 15. 14 CAPÍTULO I 1.1 Educação Infantil: uma demanda em constante crescimento De acordo com estudiosos, no decorrer da história da Educação Infantil evidencia-se que a concepção de infância é uma construção histórica e social e que, ao mesmo tempo, existem múltiplas ideias sobre criança e desenvolvimento infantil e, consequentemente, surgem debates constantes, mediando as práticas educacionais. Na idade Média, segundo Ariès (1981), os colégios eram reservados a um pequeno número de clérigos e misturavam diferentes idades dentro de um espírito de liberdade de costumes. A escola não dispunha de acomodações grandes, o mestre instalava-se no claustro e em geral alugava uma sala por um preço regulamentado nas escolas universitárias. Forrava-se o chão e os alunos aí se sentavam. As crianças viviam igualmente com os adultos, não havia separação, ou seja, não se tinha uma visão de infância, segundo este autor: Até o século XVII, a infância não era entendida da maneira como percebemos hoje. As crianças eram tratadas como mini-adultos, trabalhavam e viviam juntos aos adultos, vestiam-se como adultos e praticavam de tudo: da vida social, política e religiosa da comunidade, não havia propriamente dito, ―um mundo infantil‖, diferente e separado, ou uma visão especial sobre infância (ARIÈS, 1981, p. 23). Kramer (1987) afirma sobre as instituições infantis: ―Surgem a partir do século XVIII instituições com caráter assistencialista, servindo de guardiãs de crianças órfãs e filhos de trabalhadores, cujo objetivo era cuidar da higiene, alimentação e segurança das crianças, negando o aspecto pedagógico‖ (p 23). Segundo Bencosta (2005), ―no Brasil, até a Primeira República (1889-1930), não havia prédio próprio para o funcionamento das escolas, que desenvolviam suas atividades em qualquer espaço sem condições apropriadas‖ (p.286). Essas instituições apenas disfarçavam o problema e não apresentavam a competência de buscar mudanças mais intensas na realidade social dessas crianças.
  • 16. 15 Com o processo de alfabetização e a democratização da educação brasileira, a construção de prédios específicos para o funcionamento das escolas adquire um destaque especial. De acordo com a história, visava atender à elite, era valorizada e sua estrutura física apresentava ambientes diversificados e conservados, pois recebia influência européia, o que subentende-se que atendia às expectativas necessárias para o ensino e aprendizagem. Segundo Lopes e Clareto (2007), as escolas obedeciam aos modelos internacionais, reproduziam os padrões higienistas europeus, e assim se adequavam às exigências da elite da época. Além da localização como marco privilegiado, as primeiras escolas republicanas serão rica em seus detalhes: estátuas, jardins, construções com ambientes amplos, ventilados [...] a escola passa a ser pensada como espaço imaginado pela burguesia, local asséptico, sem odores, limpo e organizado (p.83). Em 1875, no Rio de Janeiro, e em 1877, em São Paulo, surgiram os primeiros jardins-de-infância, mas nehum deles voltado ao atendimento a crianças das camadas populares, mas particulares, para atender às crianças da elite, e desenvolviam uma programação pedagógica inspirada em Froebel (OLIVEIRA, 2008). Embasados no pensamento froebeliano de que o inicio da infância é uma fase de importância decisiva na formação das pessoas e que a criança é como uma planta que exige cuidados para que cresça de maneira saudável e que para tanto deveria estar exposta a condições favoráveis em seu meio ambiente. Segundo Arce ( 2002), Froebel procurava na infância o elo que igualaria todos os homens, sua essência boa e divina ainda não corrompida pelo convivio social: [...] Acreditava que a criança trazia em si a semente divina de tudo o que há de melhor no ser humano. Por isso, propunha cultivar nas crianças suas tendências divinas, sua essência humana através do jogo, das ocupações e das atividades livres, com ritmos, movimentos livres , tal como Deus faz com as plantas da natureza [... ] (p. 62). Em meados do século XVIII e século XIX, com o crescimento social e a expansão do processo de industrialização no Brasil, houve necessidade de qualificar a mão-de- obra para inserção do indivíduo no mercado de trabalho. A educação pública passou a ser considerada fator ativo do processo econômico. Havendo maior procura pela educação escolar, percebeu-se que era imprescindível ampliar a rede de escolas
  • 17. 16 públicas e o governo providenciou a construção de escolas de forma rápida e barata para a população pobre. Com o ingresso da mulher no mercado de trabalho, surgiram as escolas maternais, de caráter assistencialista, para atender os filhos de mães operárias ou empregadas domésticas e que, segundo Romão (2006), eram espaços provisórios que não atendiam às necessidades básicas das crianças; esta afirma que a partir dos anos 1940 e 1950 houve crescimento das escolas infantis, mas a prioridade era atender a escola primária, diminuindo assim os recursos destinados à educação infantil até meados de 70. A partir dos anos 80, a classe popular clama por ampliação da escola e reivindica do Estado o dever para com a educação das crianças de 0 a 06, o que até então, não demonstrava empenhado para com essa função (OLIVEIRA, 2008, p.35). Desde então, a Constituição de 1988 vem assegurar o direito da criança à Educação Infantil. Segundo Kuhlmann (2001), um século após o surgimento da Educação Infantil, a demanda era muito grande e o Estado não assumia a sua função, permitindo com isso o uso de galpões para abrigar as ―escolas”, a não destinação de recursos, a atuação de pessoas sem formação para lidar com crianças nessa faixa etária. Barreto (1998), acrescenta que as instituições de educação infantil no Brasil, devido à forma como se expandiu, sem os investimentos técnicos e financeiros necessários, depara-se com padrões bastante aquém dos desejados: [...] a insuficiência e inadequação de espaços físicos, equipamentos e materiais pedagógicos; a não incorporação da dimensão educativa nos objetivos da creche; a separação entre as funções de cuidar e educar, a inexistência de currículos ou propostas pedagógicas são alguns problemas a enfrentar. (BARRETO, 1998, p. 25). Uma vez que a sociedade passa por mudanças, entende-se que a escola também deveria acompanhar essas transformações, sobretudo no que diz respeito ao seu aspecto físico e social. São muitos os trabalhos e documentos, como Normas, Referenciais, Diretrizes Operacionais, Planos e Parâmetros Nacionais para a Concepção
  • 18. 17 do Espaço Educacional Infantil que apontam essa questão; muitos desses documentos trazem sugestões para a melhoria dos espaços escolares que oportunizem à criança, a liberdade de movimentos, a liberdade de ir e vir, o que possibilita a socialização com o mundo e com as pessoas e ajuda a estabelecer uma relação prazerosa, de modo que a criança aprenda se divertindo. 1.2 Os Espaços escolares: lugares de ação socioeducativa Os espaços destinados à Educação Infantil necessitam de olhares mais cuidadosos. Segundo alguns autores, essa estrutura física é também parte integrante do currículo, uma vez que tem influência direta no processo de ensino aprendizagem da criança, seja na organização do espaço educativo, seja no material didático disponível e acessível aos sujeitos que ali convivem. Para Carvalho e Rubiano (2001), ―as características físicas de um ambiente geralmente são negligenciadas no planejamento de ambientes infantis coletivos e que esses ambientes devem ser ricos e estimuladores‖ (p.107). Do mesmo modo, Vygotsky (1998) defendeu em suas teorias educativas que para aprender a andar, subir, descer, correr a criança necessita de espaço para se movimentar em repetidas tentativas de aprendizagem, o que também acontece com o aprender a ler e escrever, e de igual forma, com a interação social. ―Assim, o aprendizado é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas‖ (VYGOTSKY, 1998, p. 118). Nesse contexto, uma proposta pedagógica deve considerar que a criança precisa de um ambiente que garanta sua segurança física e psicológica, assegurando a oportunidade de se perceber como sujeito. A proposta pedagógica deve considerar a importancia dos aspectos socioemocionais na aprendizagem e na criação de um ambiente interacional rico de situações que provoquem a atividade infantil, a descoberta, o envolvimento em brincadeiras [...] deve prorizar o desenvolvimento da imaginação, do raciocínio e da linguagem, como instrumentos básicos para a criança se apropriar de conhecimentos elaborados em seu meio social (OLIVEIRA, 2008, p.50).
  • 19. 18 As instituições de Educação Infantil possuem características diferentes e especiais, como nos afirma Nóvoa (1998), ―As escolas são instituições de um tipo muito particular, que não podem ser pensadas como qualquer fábrica ou oficina: a educação não tolera a simplificação do humano‖ (p. 16). Assim, o espaço físico tem suas particularidades. Nesse sentido, é preciso de antemão reconhecer que a organização do espaço físico escolar destinado a crianças, bem como o tipo de mobiliário, as diferentes disposições do ambiente, o modelo de edificação, tudo isso se institui historicamente, criando assim uma cultura escolar. Ao adentrarmos nesse ambiente, nesse espaço, sabemos logo distinguir para quê foi organizado. Na visão de McLaren (2000), ―A escola foi histórica e tradicionalmente concebida para criar consensos, homogeneizar ritmos, valores e condutas, de acordo com uma certa visão/concepção de mundo‖ (p.15). Resultante de um conjunto de regras, valores, crenças e modelos de conduta oriundos do ambiente cultural dos sujeitos que a frequentam (professores e alunos), criando assim cada instituição de ensino a sua própria cultura escolar. Seguindo este raciocínio é que Frago (1995), apud Faria Filho (2004), concebe cultura escolar como um conjunto de tudo que acontece no interior da escola concernente a práticas de normas e teorias e comenta que: ―A cultura escolar é a vida de toda a escola: fatos e ideias, mentes e corpos, objetos e comportamentos, modos de pensar, o dizer e o fazer‖ (p.69). Sendo assim, é através da mediação do ser humano que efetivamente consegue criar mecanismos para as transformações sociais, sendo esta uma das finalidades da educação. De acordo com os autores acima citados, a cultura escolar é: O conjunto dos aspectos institucionalizados que caracterizam a escola como organização, o que inclui "práticas e condutas, modos de vida, hábitos e ritos – a história cotidiana do fazer escolar –, objetos materiais – função, uso, distribuição no espaço, materialidade física, simbologia, introdução, transformação, desaparecimento (...) e modos de pensar, bem como significados e idéias compartilhadas‖ (p.05). E ainda na opinião de Frago (1995), apud Faria Filho (2004), há tantas culturas escolares quanto instituições de ensino, advogando a cada escola a capacidade de
  • 20. 19 produzir uma cultura específica, singular e original advinda das maneiras de fazer e pensar, atitudes e comportamentos de sua clientela, sedimentada ao longo do tempo sob a forma de tradições, regras e costumes. Nesse sentido, as relações que se estabelecem entre os sujeitos que ali convivem, é de suma importância para as práticas educacionais. Entrementes, Julia (2001) faz uma reflexão mais profunda quando descreve a cultura escolar como ―um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses conhecimentos e a incorporação desses comportamentos‖ (p.10). Julia convidava os historiadores da educação a se interrogarem sobre as práticas cotidianas, sobre o funcionamento interno da escola. O que nos conduz ao entendimento de que o tempo e o espaço escolar são dimensões de grande relevância no processo educacional, pois passamos parte de nosso tempo nesse espaço, construindo nossa história, que é guardada em nossa memória. Segundo Candau (2000), a cultura escolar supõe necessariamente uma seleção entre materiais culturais disponíveis num determinado momento histórico e social que realiza um trabalho de reorganização e reestruturação proposto pela escola com finalidade de aprendizagem. Candau afirma ainda que ― a cultura escolar predominante em nossas escolas se revela como ―engessada‖, pouco permeável ao contexto em que se insere, aos universos culturais das crianças a que se dirige‖(p.68). Percebemos, a partir desses conceitos de cultura escolar, a dificuldade de se incorporar os avanços do desenvolvimento nos espaços educativos, pois as escolas têm sempre características homogêneas, seja no aspecto pedagógico ou na organização do espaço, este pouco evolui. Em nossa vivência de infância, quem não lembra da escola? Para Bachelard (2003): ―existe para cada um de nós uma casa onírica, uma casa de lembrança-sonho, perdida na sombra de um além do passado verdadeiro‖ (p. 34). O autor mostra que há poesia nos principais espaços preferidos pelo homem. É neste contexto que podemos afirmar que a escola, depois da familia é o segundo lugar ao qual devemos ter um olhar diferenciado, pois é na escola que acontecem nossas interações, nossas descobertas,
  • 21. 20 principalmente no que se refere ao período da infância, pois esta, como afirma Bachelard ( 2003), ―permanece viva em nós‖ (p 35). Assim como a infância é uma etapa tão importante na vida da criança, as escolas de educação infantil devem ser espaços planejados e atrativos, devendo ser vista com atenção e significado. Pois é nessa etapa que flui a nossa imaginação e as experiencias nesse espaço certamento irão refletir na nossa vida social, pessoal e psicológica. Bachelard (2003), nos traz que o espaço físico é uma questão de suma importância à condição humana, tanto é que no plano familiar quanto escolar nos remete à percepções e sensações indeléveis e determinantes como pontos de referência no mundo. Em sua opinião, ―a casa é vista como o grande berço, o aconchego e proteção desde o nascimento do homem, é o paraíso material. As lembranças da casa estão guardadas na memória, no inconsciente e acompanham-nos durante toda a vida, sempre voltamo-nos a elas nos nossos devaneios‖ (p.36). O homem criou a casa como abrigo familiar/social e, para seu desenvolvimento, trouxe, na seqüência histórica, a escola para protegê-lo das dificuldades intelectuais, sociais e culturais. Desde então, corroborando com Vinão Frago e Escolano (2001), ―o espaço como território e lugar introduz nas palavras de Barchelard a dialética do interno e do externo – aquilo que é escola e aquilo que fica fora dela, por exemplo, e também em relação à sala de aula e a outros espaços escolares – o fechado e o aberto – estruturas cortantes ou hermétricas, frente a estruturas de transição ou porosas – e o pequeno e o grande – a escola/ lar frente a escola/quartel (p.65).‖ Temos na afirmação acima de que a escola tornou-se um segundo lar e não se deve esquecer que, como qualquer outro tipo de habitação, incluída a própria casa, é uma criação cultural sujeita a mudanças históricas. Nessa linha de raciocínio, podemos entender através de Andrade (2006) que ―o espaço físico é uma estrutura que materializa as práticas sociais, culturais e educacionais de uma determinada época e possui o poder de gerar, através de suas transformações, novos modos de vida e de relações (p.3)‖, levando-nos a crer que, em sua relação com o espaço, o ser humano o modifica quantas vezes for preciso em atendimento às suas necessidades físicas, estéticas, culturais e sociais.
  • 22. 21 1.3 A legislação atual, um documento sobre os espaços destinados à Educação Infantil. Muitas mudanças ocorreram na estrutura da sociedade, seja no aspecto social, cultural ou econômico, e no decorrer da história percebemos que a criança foi vista de diferentes formas e os conceitos sobre a mesma sempre foram se transformando. Como afirma Cunha (1983), as crianças passaram a ser tratadas diferenciadamente dos adultos, recebendo tratamento de acordo com sua faixa etária. Desde então, comecou-se a pensar e criar formas, modelos educacionais, métodos pedagógicos com características próprias de acordo com a idade. A escola passou a ter um papel fundamental para o desenvolvimento social e intelectual da criança, mas no que se refere ao ambiente escolar percebemos que a escola não evoluiu, manteve-se estática, obsoleta, sem criar elementos funcionais que contribuíssem no ato educativo. Para tanto houve a necessidade da criação da Legislação Educacional Brasileira, apresentando uma série de informações no sentido de deliberar critérios de qualidade para infraestrutura das Instituições de Educação Infantil. Seja na LDB/96, Lei de Diretrizes e Bases (1996), no Referencial Curricular para a Educação Infantil (1998) , Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil (2000), e ainda o PNE- Plano Nacional de Educação (2001), Os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (2006), todos esses documentos apontam para a questão do espaço físico que aparece associado à proposta pedagógica. A Constituição de 1988 traz no seu art. 208 que ―O dever do Estado com a educação será efetivado mediante garantia de (...) atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade‖. Ou seja, a Educação Infantil passa a ser vista como direito de toda criança e dever do estado e da família para que se faça valer a lei, sendo que no Art. 211 a responsabilidade também passa a ser do poder público municipal em oferecer creches e pré-escolas a todas as crianças cujas famílias desejem ou careçam destes serviços. Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 2º Os Municípios atuarão
  • 23. 22 prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996). O artigo 211 demonstra um avanço para a Educação Infantil, dá um novo enfoque em relação às crianças, mas percebemos ainda, a falta de preocupação com a estrutura das escolas públicas, de parte do poder público, seja no âmbito federal ou estadual no tocante à elaboração das leis, pois ao mesmo tempo em que entende a importância da Educação Infantil, em dado momento transpõe a responsabilidade ao poder público municipal. Consequentemente apela ao modelo mais barato de educação, pois até então o discurso do município é o de que não dispõe de recursos para implementar uma estrutura física adequada, que atenda os requisitos básicos das crianças, como também à formação de professores. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB/96) vem firmar o direito da criança de 0 a 06 anos à Educação Infantil, mencionando algumas regras. Ao colocar a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade (Art. 29). O Referencial Curricular para Educação Infantil (1998) é um conjunto de orientações pedagógicas que vem contribuir de forma significativa para sua qualidade; dentre várias informações e sugestões está a questão do espaço físico destinado à Educação Infantil, no sentido de propiciar condições para que as crianças possam usufruí-lo em benefício do seu desenvolvimento e aprendizagem. Para tanto, é preciso que o espaço seja versátil e permeável à sua ação, sujeito às modificações propostas pelas crianças e pelos professores em função das ações desenvolvidas.[...] Além disso, a aprendizagem transcende o espaço da sala, toma conta da área externa e de outros espaços da instituição e fora dela‖ (p.68). Os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (2006) é outro documento preparado com parcerias de educadores, arquitetos e engenheiros envolvidos em planejar, refletir, construir/reformar espaços destinados à
  • 24. 23 educação das crianças de 0 a 06 anos. Essa publicação dá ênfase à qualidade desses espaços, propõe a incorporaçao de metodologias participativas que incluam as necessidades e os desejos dos usuários, a proposta pedagógica e a interação com as características ambientais. Esse documento trata ainda sobre a área a ser construída e os aspectos estéticos, como a aparência da edificação e sugere que os locais recreativos, as áreas coberta e livre sejam diversificadas com areia, grama e pavimentação. O documento demonstra uma preocupação com a arquitetura dos espaços da Educação Infantil, se preocupa com o aparelhamento, o piso, externo e interno, o tipo de mobiliário, banheiros, salas de aula, e ainda os aspectos climáticos, a ventila-cão a iluminação e o uso das cores dentro deste espaço destinado a crianças. (BRASIL, 2006.p. 21-35). Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, o uso do espaço físico aparece associado às propostas pedagógicas como um dos elementos que possibilitam a implantação e o aperfeiçoamento das diretrizes (BRASIL, 2006, p.36). Ainda nesse sentido, as Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil afirmam que os espaços físicos deverão ser coerentes com a proposta pedagógica da unidade e com as normas prescritas pela legislação vigente referentes a: localização, acesso, segurança, meio ambiente, salubridade, saneamento, higiene, tamanho, luminosidade, ventilação e temperatura, de acordo com a diversidade climática regional, dizendo ainda que os espaços internos e externos deverão atender às diferentes funções da instituição de Educação Infantil. (BRASIL, 2006. p. 37). Complementando esse conjunto de documentos, em 2001 foi promulgada a lei que aprovou o Plano Nacional de Educação – PNE (Brasil, 2001) e vem somar critérios e parâmetros de qualidade para os espaços físicos da Educação Infantil. De um total de 26 pontos referentes a ―Objetivos e Metas‖ do Plano destacam-se dois itens relacionados à temática. 1. A Meta nº 2 estabelece a exigência de ―padrões mínimos de infra-estrutura para o funcionamento adequado das instituições (creches e pré-escolas) públicas e privadas, que respeitando as diversidades regionais assegurem o atendimento das características das distintas faixas etárias e das
  • 25. 24 necessidades do processo educativo quanto a: a) espaço interno, com iluminação, insolação, ventilação, visão para o espaço externo, rede elétrica e segurança, água potável, esgotamento sanitário; b) instalações sanitárias e para a higiene pessoal das crianças; c) instalações para preparo e/ou serviços de alimentação; d) ambiente interno e externo para o desenvolvimento das atividades, conforme as diretrizes curriculares e a metodologia da Educação Infantil, incluindo repouso, expressão livre, movimento e brinquedo; e) mobiliário, equipamentos e materiais pedagógicos; f) adequação às características das crianças especiais‖ (Brasil, 2006:37). A segunda meta em evidência sugere que as construções desse tipo de espaço físico devem atender às exigencias que constam da 2ª meta anteriromente destacada. ― A Meta nº 3 define que a autorização para construção e funcionamento das instituições, tanto as públicas quanto as escolas privadas, só poderá ser feita se estas atenderem aos requisitos de infraestrutura da segunda meta‖ (Brasil, 2006: 38). Nesta perspectiva o ambiente escolar da Educação Infantil deve ser um lugar agradável, bem elaborado, que possa atender às necessidades de sua clientela. Pois além de ser uma etapa especial da infância, é no ambiente escolar que as crianças passam boa parte de sua vida construindo sua história, estabelecendo relações, adquirindo conhecimentos para formação da sua identidade. Como afirma Oliveira (2001): A identidade pessoal está intrinsecamente ligada à noção de identidade de lugar, que consiste de cognições cumulativas – pensamentos, memórias, crenças, valores, idéias, preferências e significados – sobre o mundo o qual a pessoa vive (p.109). Todavia, um ambiente organizado, com salas amplas, iluminadas, pintadas, com refeitório, área de lazer, banheiro adequado e limpo para crianças, auxilia a estabelecer e firmar valores onde as crianças podem ser estimuladas a manter e cuidar do ambiente. Para Escolano, (1998), ―[...] tanto o espaço quanto o tempo escolar ensinam, permitindo a interiorização de comportamentos e de representações sociais‖ (p. 26). Nesse contexto, podemos afirmar que o espaço também educa, é uma construção cultural, pois é nesse espaço e através dos costumes, das rotinas que acontecem mudanças que vão refletir significativamente na vida da criança e em sua formação de valores, conforme afirmação de Melis (2007):
  • 26. 25 O espaço escolar propicia um contato com diferentes realidades culturais e familiares, o período que a criança passa na escola pode trazer situações novas que os adultos precisam estar atentos para continuar a ajudar na construção de valores positivos (p.62). Ainda sobre esse tema se faz necessário trazer para discussão algumas referências sobre Anísio Teixeira, um intelectual que enxergava além do seu tempo os problemas educacionais e que, de acordo com Dórea (2000), esteve à frente da administração das Secretarias de Educação do Rio de Janeiro, no período de 1931 - 1935, e da Bahia, no período de 1947- 1951. Era considerado ―o arquiteto da educação brasileira‖, tal era o seu interesse em prover a escola de um espaço designadamente planejado para a educação. Para ele, sem instalações adequadas não poderia haver trabalho educativo e, por isso, o prédio, base física e preliminar para qualquer programa educacional, tornava-se indispensável para a realização de todos os demais planos de ensino. Nesse contexto, Teixeira (1971) afirma que ―É custoso e caro porque são custosos e caros os objetivos a que visa. Não se pode fazer educação barata‖ (p.175). 1.4 A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense: um olhar sobre a antiga LBA. A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi um órgão brasileiro fundado em agosto de 1942 pela então primeira-dama Darcy Vargas, com o objetivo de ajudar as famílias dos soldados enviados à Segunda Guerra Mundial. Com o final da guerra, tornou-se um órgão de assistência a famílias necessitadas em geral. De acordo com Oliveira (2008. p. 107), no período dos governos militares pós- 1964 , as políticas adotadas em nível federal, por intermédio de órgãos como a LBA, continuaram a divulgar a ideia de creche e até mesmo pré-escola como equipamentos sociais de assistência à criança carente. Era uma política de ajuda governamental com caráter assistencial, por meio de programas emergenciais de massa de baixo custo, desenvolvido por pessoas leigas e voluntárias, com envolvimento de mães que cuidavam de turmas de mais de cem crianças pré-escolares.
  • 27. 26 De certa forma, ainda é possível perceber nas escolas públicas destinadas ao público infantil uma cultura, no que se refere a crianças das camadas sociais mais pobres, a questão de uma educação com caráter compensatório ou assitencialista, sem que haja uma reflexão crítica mais aprofundada sobre as raízes estruturais dos problemas sociais influenciando nas decisões de políticas de educação infantil. Em 1991, sob a gestão de Rosane Collor, primeira dama no Governo Fernando Collor de Melo, foram feitas denúncias de esquemas de desvios de verbas da LBA. A LBA foi extinta em 1º de janeiro de 1995, no primeiro dia de governo de Fernando Henrique Cardoso. Na cidade de Senhor do Bonfim-BA, em meados de 1964, a LBA já existia, de acordo com o ex-pároco Padre José Lourenço Fonseca de Carvalho. No mesmo período, foi constituida a Fundação Bonfinense de Assistência e Promoção Social. Essa Instituição realizava obras assitenciais distribuindo alimentos. […] ―os alimentos que vinham dos Estados Unidos, era um programa do Governo dos Estados Unidos para os países subdesenvolvidos, com a distribuição de leite em pó, farinha de trigo, fubá de milho, óleo, roupas que vinham para a diocese, para o Bispado e nós aqui distribuíamos para as pessoas necessitadas aqui da cidade e também aos arredores, desses povoados vizinhos[...] (José Lourenço- vide anexos). Atualmente, a Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense está localizada na Praça Juracy Magalhães, S/N, centro, no município de Senhor do Bonfim. Segundo Informações do órgão estadual Direc 28, a escola foi criada a partir do dia 12 de maio do ano 1988, portaria 1078, sendo que na Direc 28 não há registro sobre a criação da LBA em Senhor do Bonfim. A referida escola, segundo informantes da Secretaria Municipal de Educação de Senhor do Bonfim, de acordo com a documentação constante em arquivos, foi municipalizada em 1999, Decreto nº 220/99 A, de 04 de Junho de 1999, assinado pelo então Prefeito Cândido Augusto de Freitas Martins (ver anexo). O local de funcionamento da escola é uma casa adaptada e cedida pela LBA ao município.
  • 28. 27 CAPITULO – II 2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente trabalho tem como objetivo investigar através da oralidade e de fontes documentais, como é que os professores compreendem o espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA em Senhor do Bonfim, Bahia, e sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas das crianças de 0 a 06 anos. 2.1 A PESQUISA Entendemos por metodologia o caminho de pensamento e prática exercidas na abordagem da realidade. Diante disso, o ponto de partida para o desenvolvimento do nosso estudo foi a busca de informações através da história oral. 2.1.1 História Oral A História Oral é um grande auxilio na busca de informações e pode ser útil na história do cotidiano, história política, história de comunidades, de instituições e história da memória. É também uma abordagem metodológica interdisciplinar que permite uma interação benéfica com as disciplinas das Ciências Sociais. Segundo, Alberti (2008): A história oral é hoje um caminho interessante para se conhecer e registrar múltiplas possibilidades que se manifestam e dão sentido a formas de vidas e escolhas de diferentes grupos sociais, em todas as camadas da sociedade (p.164). Assim, a história oral permite uma proximidade com o passado, e, de acordo com Alberti (2008), ―está afinada com as novas tendências de pesquisa nas ciências humanas‖, trazendo contribuições mais interessantes para determinadas tomadas de decisões no presente.
  • 29. 28 2.2 OS INSTUMENTOS DA PESQUISA: Os instrumentos escolhidos para a coleta de informações destinadas a este trabalho foram a observação e a entrevista. 2.2.1 A Observação Com o objetivo de uma melhor avaliação da arquitetura da instituição, realizamos uma série de visitas para que pudéssemos observar: a área externa, a área construída, e, na área interna, a adequação das salas de ensino, o mobiliário e o espaço efetivamente utilizados por todos nas atividades da escola. 2.2.2 A Entrevista A entrevista foi o instrumento escolhido para este trabalho. Foi direcionada por um guia, dividido em dois blocos, contendo no primeiro os elementos de identificação das fontes/ pessoas entrevistadas: nome, endereço, filiação, cor entre outros. No segundo bloco, as questões voltadas para o objeto de estudo. De acordo com Brandão (2002), apud Ferreira: A entrevista é trabalho, reclemando uma atenção permanente dos pesquisador aos seus objetivos, obrigando-o a colocar-se intensamente à escuta do que é dito, refletir sobre a forma e o conteúdo da fala do entrevistado, os encadeamentos, as indecisões, contradições, as expressões e gestos (p.104) De fato a entrevista requer do pesquisador uma atenção especial à fala dos sujeitos entrevistados. 2.3 O GUIA DE ENTREVISTAS
  • 30. 29 Para a realização das entrevistas usamos um roteiro contendo as questões organizadas em dois blocos: 2.3.1 Bloco I Identificação dos depoentes Na primeira etapa da pesquisa, criamos uma ficha de identificação com o intuito de traçar o perfil dos entrevistados, possibilitando assim um melhor conhecimento da realidade dos mesmos, com indicadores das condições de trabalho, a formação, tempo de ensino, idade, gênero, entre outros. Foi uma etapa demorada, em que os entrevistados não gostavam de fornecer seus dados, a exemplo do número de documentos e também sua renda. 2.3.2 Bloco II As questões de estudo Nesse segundo bloco encontram-se as questões relevantes para nossa pesquisa, a serem respondidas pelos(as) entrevistados(as), uma direcionada às professoras e diretora da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense e a outra direcionada ao ex- pároco José Lourenço Fonseca de Carvalho, Fundador da Fundação Bonfinense de Assistência e Promoção Social, antiga LBA. Não podemos deixar de mencionar a dificuldade em entrevistar as professoras, pois era o período em que estas estavam em férias, após as férias estavam participando da Jornada Pedagógica. Apesar disso, conseguimos entrevistá-las. Uma preferiu que fosse em sua residência mas, as outras preferiram na escola mesmo. Algumas estavam inseguras, quanto a falar da escola, do ambinete de trabalho. Mas, na conclusão, estavam satisfeitas em ter colaborado com nossa pesquisa. Para realizar a entrevista, utilizamos um gravador digital Voice Recorder Powerpack DVR- 860BK.
  • 31. 30 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PEDAGOGIA 2007.1 PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá ORIENTADORA: Profª Drª. Maria Glória da Paz Caro Diretor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. Nome da escola:_________________________________________________ 1° BLOCO ROTEIRO DA ENTREVISTA COM O/A DIRETOR DA ESCOLA. 1 - Nome________________________________________________________ 2- Há quanto tempo dirige esta escola? ___________________________________________________________________ 3- A escola funciona em quantos turnos? Quais os horários dos turnos __________________________________________________________________ 4- Quantos funcionários possui a escola? ___________________________________________________________________ 5- Quantos professores? ___________________________________________________________________ 6- Quantos alunos a escola possui? ___________________________________________________________________ 7- Quantas salas de aula? ___________________________________________________________________ 8- Qual a média de crianças por sala? ___________________________________________________________________ Muito obrigada!
  • 32. 31 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PEDAGOGIA 2007. Este Entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. 1° BLOCO ROTEIRO DA ENTREVISTA Por : Aurenice Pereira da Silva Jotobá ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz Assunto: Pesquisa sobre o Espaço Físico Escolar da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense – antiga LBA 1° BLOCO: Identificação do (a) entrevistado (a) Data:.............de …................................ de 2...................... horário: ….................horas Local: …......................................................................................................................... Nome: …........................................................................................................................ Cor.................................................................................................................................. Idade: ….......................ou data de nascimento: …....................................................... Posição no grupo familiar:.............................................................................................. Filiação: …......................................... e …..................................................................... Local de nascimento:...................................................................................................... Estado Civil:.................................................................................................................... N° de filhos: …............ (feminino) …................ (masculino) …...................................... Religião: …..................................................................................................................... Escolaridade:.................................................................................................................. Ocupação: ….................................................................................................................. Tempo de docência na Educação ................................................................................ Carga horária ( ) 20 horas ( ) 40 horas ( ) 60 horas Renda salarial: até um salário mínimo ( ) até dois salários mínimos ( ) mais de dois salários mínimos ( )
  • 33. 32 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA 2007.1 PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá ORIENTADORA: Profª Drª Maria Glória da Paz Caro Professor (a) esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. Obrigada. Nome do entrevistado:_________________________________________________ 2º BLOCO: ENTREVISTA 1) Quais são os elementos que você considera prioritários para um ambiente de Educação Infantil? 2) Você acha que o ambiente físico escolar influencia no processo ensino- aprendizagem? De que maneira? 3) Para você, o que seria necessário para que o espaço físico escolar seja um ambiente apropriado para Educação Infantil? 4) Como é que você vê o espaço físico desta escola? 5) As crianças têm um local especial para hora do recreio? 6) Como é este espaço e quais são as atividades realizadas dentro dele? 7) Em sua opinião, a localização das salas de aulas interfere na qualidade do ensino? Por quê? 8) Você acredita que o ambiente físico que a escola apresenta atualmente favorece para uma boa ação pedagógica?
  • 34. 33 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII PEDAGOGIA 2007.1 PESQUISADORA: Aurenice Pereira da Silva Jatobá ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria Glória da Paz Esta entrevista faz parte de uma pesquisa monográfica TCC, do curso de Pedagogia, da UNEB do Campus VII. Agradecemos antecipadamente a generosa participação. Obrigada. Nome do entrevistado:_________________________________________________ ENTREVISTA SOBRE ANTIGA LBA 1) Ano de implantação da LBA em Senhor do Bonfim 2) Em qual Governo foi implantada? 3) Qual a filosofia da instituição? 4) Onde funcionava? 5) Quem eram os professores? 6) Como era administrar uma instituição desse porte? 7) Quem era a clientela da LBA? 8) Recebia recursos? De onde? 9) Qual era o destino desses recursos? 10) Quais eram os programas/projetos implantados pela LBA? 11) Por que acabou?
  • 35. 34 2.4 Carta de cessão Este documento permite que o material produzido na entrevista possa ser usado ou exposto pela Instituição, desde que esteja devidamente assinada pelos depoentes. CESSÃO DE DIREITOS SOBRE DEPOIMENTO ORAL PARA A UNEB 1 – Pelo presente documento...........................brasileira, estado civil)......................(profissão)..........carteira de identidade nº......., emitida por.................... CPF nº................, residente e domiciliada em..................................................., Município de Senhor do Bonfim, Bahia..cede e transfere nesse ato, gratuitamente, em caráter universal e definitivo ao Campus VII da Universidade Estadual da Bahia (UNEB) a totalidade dos seus direitos patrimoniais de autor sobre o depoimento prestado no dia ....de ...................... de 2010, perante o pesquisador.......................................................................................... 2 – Na forma preconizada pela legislação nacional e pelas convenções internacionais de que o Brasil é signatário, o DEPOENTE, proprietário originário do depoimento de que trata este termo, terá, indefinidamente, o direito ao exercício pleno dos seus direitos morais sobre o referido depoimento, de sorte que sempre terá seu nome citado por ocasião de qualquer utilização. 3 – Fica pois o Campus VII da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) plenamente autorizado a utilizar o referido depoimento, no todo ou em parte, editado ou integral, inclusive cedendo seus direitos a terceiros, no Brasil e/ou no exterior. Sendo esta forma legitima e eficaz que representa legalmente os nosso interesses, assinam o presente documento em 02 (duas) vias de igual teor e para um só efeito. ...............[assinatura da entrevistada]............ TESTEMUNHAS: _____________________________________ 1ª testemunha ______________________________________ 2ª testemunha
  • 36. 35 2.5 AS FONTES 2.5.1 Fontes Orais As fontes orais são elementos que permitem o fornecimento de pistas para o desvelamento de fatos históricos, permitindo ainda ao pesquisador estabelecer relações entre os indivíduos, seus costumes e a sua coletividade. Trabalhar com fontes orais implica em obedecer a uma série de regras metodológicas. É preciso respeito aos colaboradores e aos seus depoimentos, daí a necessidade de se estabelecer critérios de escolha. Segundo Alberti (2008, p. 172), ―Para selecioná-los é necessário um conhecimento prévio do universo estudado; é preciso conhecer o papel dos que participaram e participam do tema investigado...‖ As fontes orais da pesquisa aqui retratadas foram 03 (três) professoras e 01 (uma) diretora, da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, que atuam nas turmas de Educação Infantil do Ensino Fundamental no turno matutino, 01 (um) ex- pároco da Diocese, fundador da antiga Instituição, uma funcionária da DIREC-28 e a Secretária de Educação do Município.
  • 37. 36 2.5.1.1Caracterizando as Fontes Orais Foto n° 01 Professora Aldey Bispo dos Santos (1973) Brasileira, casada, cor parda, 37 anos, nascida em 21 de fevereiro de 1973, primeira filha de 04 irmãos, filha de João Bispo de Sena e Irani Dias dos Santos, natural de Senhor do Bonfim-BA,. Tem dois filhos, sendo um de sexo feminino e outro do sexo masculino. Espírita, curso superior incompleto, professora, tempo de docencia 13 anos com Carga horária de 20 (vinte) horas, renda salarial de até dois salários mínimos.
  • 38. 37 Foto n° 02 Diretora Dulcinéia Candida Cardoso de Medeiros (1978) Brasileira, casada, cor parda, 32 anos, nascida 12 de dezembro de 1978, primogenita, filha de Arismário G. Cardoso e Doralice C. Cardos, natural de Senhor do Bonfim-BA, tem quatro filhos, sendo 02 do sexo feminino e 02 do sexo masculino. Cristã, Pós-graduada em Educacao Infantil, tempo de docência 11 anos, sendo 01 ano como Diretora, carga horária de 40 (quarenta) horas, renda salarial mais de dois salários mínimos.
  • 39. 38 Foto n° 03 Professora Nanci Souza Bastos (1971) Brasileira, casada, cor parda, 39 anos, nascida em 08 de outubro de 1971, filha de Antonio Bastos Miranda e Maria S. Damasceno, quinta filha de 06 irmãos, natural de Senhor do Bonfim-BA, tem 05 filhos, sendo 03 do sexo feminino de 02 do sexo masculino, católica, curso superior incompleto (pedagogia), professora, 12 anos na educação, carga horária, 40 horas com renda de até dois salários mínimos.
  • 40. 39 Foto n° 04 Professora Iramaia Guirra (1965) Brasileira, casada, cor parda, 45 anos, nascida em 05 de julho de 1965, décima terceira filha de 14 irmãos, filha de Fábio Guirra e Nivia Marinho, Natural de Antonio Gonçalves- BA, tem duas filhas, católica, nivel superior completo, professora, 04 anos na Educação Infantil, carga horária 40 horas, renda de até dois salários mínimos.
  • 41. 40 Foto n° 05 Secretária de Educação Maria das Neves de Aquino Dourado (1970) Brasileira, casada, cor parda, nascida em 15 de maio de 1970, oitava de onze irmãos, filha de João José de Aquino e Terezinha Silva de Aquino, Natural de Senhor do Bonfim-BA, um filho do sexo masculino, católica, curso superior, Secretária de Educação, 11 anos na educação, com renda superior a de dois salários mínimos.
  • 42. 41 Foto n° 06 Maria de Fátima Gonçalves da Silva (não permitiu fotografar) Brasileira, solteira, cor parda, nascida em 15 de outubro de 19XX, Filha de José Pedro Silva e Amália Gonçalves da Silva, Natural de Senhor do Bonfim-BA, católica, curso superior, Professora, secretária da Direc 28, a mais de 29 anos, com carga horária 60 horas e não informou a renda salarial.
  • 43. 42 Foto nº 07 Ex- Padre José Lourenço Fonseca de Carvalho (1932) Brasileiro, casado, cor branca, 79 anos, nascido em 06 de agosto de 1932, terceiro filho de 09 irmãos, filho de Antonio Lourenço de Carvalho Neto e Josefa Fonseca de Carvalho, Natural de Salvador- BA, tem 02 (dois) filhos , um do sexo feminino e um do sexo masculino, católico, nível superior( Teológo) e aposentado da Patrobrás.
  • 44. 43 2.5.2 Fontes escritas As fontes escritas foram fundamentais na construção do nossa pesquisa, pois através da mesma fundamentamos e esclarecemos as discussões sobre a temática escolhida, dando solidez e embasamento para o nosso trabalho. Buscamos nos aprofundar nas contribuições dos livros, teses de doutorados, artigos e documentos oficiais entre os quais destacamos alguns dos autores: ARIÈS (1981) CANDAU (2000) FRAGO e ESCOLANO (1998/2001), JULIA (2001), BACHELARD (2003), OLIVEIRA (2001/ 2008), LOPES E CLARETO (2007), MELIS (2006) entre outros. 1. Ariès (1981) traz o conceito de infância, a natureza histórica e social da criança e a família. 2. Candau (2000) ressalta em sua obra ―Reinventar a escola‖, uma análise crítica sobre o novo papel da escola, local de visão plural e histórica do conhecimento, da ciência, da tecnologia e das diferentes linguagens. 3. Frago e Escolano (2001) traz em sua obra:‖ Currículo, espaço e subjetividade – a arquitetura como programa‖. Trabalha o espaço escolar em todos os níveis, procurando explorar todas suas possibilidades enquanto instrumento realmente eficaz de educação. 4. Julia, (2001), em sua obra: ―A cultura escolar como objeto histórico‖, procura fornecer subsídios para o estudo da cultura escolar em perspectiva histórica, tornando possível a compreensão do modo como ao longo do tempo a escola tem se constituído em eixo matricial da cultura. 5. Bachelard (2003) em seu livro "A Poética do Espaço", o filósofo francês Gaston Bachelard (1884-1962) procedendo a uma específica análise de espaços e lugares, cria uma reflexão singular a que chama "Poética do Espaço".
  • 45. 44 6. Oliveira (2001/2008) aborda aspectos que historicamente orientam a ideia de quais seriam as funções da creche e da pré-escola enquanto instituições de atendimento e educação de crianças pequenas. 7. Lopes (2007) ressalta como é que as comunidades escolares lidam com a questão do espaço, tanto do ponto de vista das noções de espaços, quanto do ponto de vista das relações sócio-espaciais. 8. Melis (2007) este livro fala a respeito dos espaços na escola de educação infantil, afirmando o espaço como um lugar educativo. 9. Alberti (2008) relata a história oral, bem como a utilização das fontes orais na coleta de relatos. 2.6 LOCAL DA PESQUISA: O município1 de Senhor do Bonfim O município de Senhor do Bonfim – hoje sede da 28ª região administrativa da Bahia – segundo historiadores regionais, teve a sua origem ligada às margens de uma lagoa, atual Praça Simões Filho, local de paragem/passagem de tropeiros e aventureiros que se dirigiam às minas da Jacobina, e aos que, em direção contrária, iam ao encontro das localidades banhadas pelas águas do Rio São Francisco. Seu povoamento origina- se na localidade de Missão do Sahy (1697), localidade pertencente ao Município de Senhor do Bonfim. Comunidade essa formada por remanescentes indígenas e que, inevitavelmente, sofreram a influência religiosa dos Franciscanos. Com efeito, no final do século XVII, fundaram os franciscanos o Arraial de Missão de Nossa Senhora das Neves do Sahy, centro regional de catequização, isto é, de divulgação, transposição de idéias, da mentalidade cristã para a indígena ( ARAÚJO, 2001). 1. http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel.painel.php?codmun=293010# acesso em 30jan/11
  • 46. 45 Senhor do Bonfim, de acordo com o IBGE¹ conta atualmente com um índice populacional de aproximadamente 74.431, distribuídos em seus 827.48 Km². 2.6.1 Mapa de localização2. 2 PAZ, Maria Gloria da. História e educação de mulheres remanescentes indígenas de Missão do Sahy. Tese de doutorado. UFRN: Natal, 2009
  • 47. 46 2.7 DADOS GERAIS DA ESCOLA MUNICIPAL MATERNAL FUNDAÇÃO BONFINENSE A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense está localizada na Praça Juracy Magalhães, s/n, em Senhor do Bonfim-BA, funciona em dois turnos - matutino e vespertino, possuindo seis salas de aula, uma sala de computação ainda em fase implantação, uma secretaria, um almoxarifado, uma cozinha, dois porões, quatro banheiros e um pátio pequeno. Possui uma área total de terreno de 740,51 m² e área construída de 200,00 m². A escola conta com 10 professores, 01 diretora e 12 funcionários e atende em média 260 alunos, número que pode variar, pois a escola está em período de matrículas e nossa pesquisa teve início no final de 2010 e princípio de 2011, dando-nos condições de afirmar que em 2010 as salas eram mais cheias, entre 25 a 30 alunos por classe.
  • 48. 47 CAPÍTULO III 3. DIALOGANDO COM OS SUJEITOS ENTEVISTADOS Neste capítulo apresentamos a interpretação das entrevistas a partir da questão da nossa pesquisa: Como os professores e a diretor/a compreendem o espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, Antiga LBA, em Senhor do Bonfim, Bahia e sua importância para o desenvolvimento das atividades sócio-pedagógicas das crianças de 0 a 06 anos. 3.1 Espaço Físico: Um ambiente apropriado para Educação Infantil De acordo com os entrevistados o espaço destinado à Educação Infantil, requer uma série de elementos. ―[...] teria que ter um, um berçário, e teria que ter um refeitório, um lugar para que se fizesse é.. brincadeiras, recreações [...]‖ . Devido ao tempo que a criança passa dentro da escola é necessário que esta escola promova o seu bem-estar, até porque a clientela da escola pública é formada por pessoas pobres, com várias carências, com pouca perspectiva de sucesso e pouco estímulo de autoestima; nesse sentido, a escola poderia oferecer um espaço agradável, onde a criança se sentisse acolhida, como expressa uma professora. […] ―essa criança teria que ter fora da sala de aula estes outros ambientes que é pra compor o ambiente de aprendizagem pra ela, o ambiente ideal seria esse, que não precisasse tirar a cadeira do lugar pra que essa criança pudesse brincar, que essa criança não tenha um recreio diferenciado de outras crianças por falta de espaço [..]‖ Interpretando outros depoimentos, pode-se concluir que o espaço da escola pesquisada não é acolhedor, não é agradável, não transmite segurança e não é confortável, enfim, é um espaço inadequado para educação infantil, ―[...[ a criança, principalmente de educação infantil, precisa se sentir muito à vontade. Ela precisa gostar daquele ambiente, ela precisa se sentir acolhida naquele ambiente e nem sempre nossas escolas têm esse ambiente, [ e ] passa essa segurança pra criança.‖
  • 49. 48 Outros relatos consideram a estrutura de suma importância, mas como parte integral desse complexo estaria a formação do professor, como destaca uma das entrevistadas […]‖ mas a começar pelo tipo de professor que vai para educação infantil, que precisa de um professor que seja uma pessoa dinâmica, disposta a estar trabalhando com as crianças, a parte de coordenação motora, de expressividade, então, precisa de alguém que realmente tem uma postura dinâmica além da questão do professor que tenha essa postura dinâmica, que tenha formação adequada, né que uma coisa está atrelada a outra, ajuda, de repente não tem formação, mas a formação ajuda[...] ― Uma postura adequada desse professor poderia ajudar inclusive na distribuição do ambiente e em sua utilização. Nesse sentido, por conta também dessa ausência de formação, percebemos que os ambientes destinados às crianças desconsideram as necessidades da mesma, limitando seu desenvolvimento. Oliveira (2001) compreende que: O ambiente infantil deve ser planejado para dar oportunidade às crianças desenvolverem domínio e controle sobre seu habitat, fornecendo instalações físicas convenientes para que as crianças satisfaçam suas necessidades – tomar água, ter fácil acesso a prateleiras, estante com materiais, a mesas e cadeiras – sem assistência constante (p.110). Os professores que atuam na escola percebem a importância do espaço físico para o cotidiano escolar dessas crianças, sabem também que precisam adequar o espaço às atividades oferecidas […] ―precisa que tenha um espaço físico adequado, que para a educação infantil precisa de espaço, o ideal é que cada escola tenha uma área de refeitório, pra que eles possam fazer as refeições dele neste ambiente, onde o professor vai trabalhar aspecto como higiene, né, que tivesse banheiros adaptados, pra junto com a higiene eles tivessem fazendo a escovação, que o parquinho e uma área, além dessa área do parquinho uma área onde eles pudessem, uma área segura onde eles possam correr, brincar fazer atividades recreativas junto como os professores e também atividades livres, e que tenha material didático pedagógico necessário, porque muitas vão está trabalhando com essa parte lúdica e que envolve vários recursos, tintas, pinceis, e purai vai, né, uma serie de materiais que precisa pra educação infantil. Tem que ser espaçoso, em termos de sala, ele tem que ser arejado, tem que ser bem iluminado, amplo, tem que ser ambiente agradável. Criança gosta de colorido, não que tenha uma poluição visual, mas que quando fosse trabalhar a parte pedagógica tenha-se o cuidado de trazer coisas coloridas porque isso queira ou não queira chama a atenção da criança.‖
  • 50. 49 Acredita-se que, nesse contexto, a criança deva sentir-se mais segura para explorar o ambiente, e assim assimilar a contribuição do meio para o seu desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. 3.2 A influência do ambiente físico escolar no processo ensino-aprendizagem na visão dos professores A estrutura física das escolas nem sempre atende às necessidades básicas de sua clientela, principalmente as de ensino público, não havendo uma preocupação em projetar um ambiente que contemplasse o conforto, que fosse adequado para desempenhar o seu papel e que evoluísse, tanto no sentido de ampliação como nas mudanças pedagógicas que ocorrem na educação. Segundo Melis (2007), ―o uso dos espaços está relacionado à aprendizagem. É preciso reconhecer que as crianças aprendem conceitos, testam hipóteses, percebem detalhes quando interagem com o mundo concreto com o qual convivem‖ (p.45). Nesse sentido, a falta de espaço adequado, onde a criança possa movimentar-se, pode gerar mal estar, dificultando a aprendizagem da mesma, como afirmam as professoras: […] ―Sim, a criança precisa de uma rotina, então quando uma escola não tem um espaço adequado, quando esse espaço precisa ser mudado, precisa ser modificado e quebra essa rotina prejudica o aprendizado dela‖. […] ―Se eu tenho um ambiente, que é um ambiente apertado, pequeno, impróprio, então a criança não vai ter um espaço adequado pra está conseguindo desenvolver o que essa faixa etária requer, né? então o ambiente pode interferir neste aspecto, no aspecto de aprendizagem, o professor ele pode trabalhar de maneira diversificada, na sala de aula, mas se ele tem uma sala de aula espaçosa, tem a possibilidade dele tá fazendo joguinhos nesta sala de aula, e se for uma sala de aula pequena onde não consegue afastar as carteiras, como ele vai fazer isso? Então de certa forma acaba prejudicando, neste aspecto o espaço pode prejudicar no desenvolvimento de algumas atividades, agora também vai depender da criatividade do professor em dentro do espaço que ele tem estar adequando e adaptando pra que os alunos não tenha prejuízo‖. De acordo com Oliveira (2008), ―o ambiente é o principal elemento de determinação do desenvolvimento humano, [...] desde que lhe sejam dadas condições favoráveis‖ (p.125). De acordo com Lima (2001), apud Lopes e Clareto (2007), ‖O espaço é muito importante para criança pequena, pois muitas das aprendizagens que
  • 51. 50 ela realizará em seus primeiros anos de vida estão ligadas aos espaços disponíveis e/ou acessíveis a ela‖ (p.105). Constatamos, nos depoimentos dos professores, que a estrutura física da escola deveria estar favorecendo aos sujeitos que ali convivem principalmente, no que se refere à ação pedagógica direcionada à Educação Infantil. Um ambiente que não seja arejado, bem iluminado, espaçoso, agradável, acessível pode vir a dificultar a aprendizagem da criança e as relações ali estabelecidas. 3.3 O espaço físico da Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense na visão dos professores. Na visão dos professores entrevistados, há muita limitação no que se refere a espaço físico dessa Instituição de Educação Infantil, principalmente porque o prédio não foi projetado para ser uma escola, e sim uma casa residencial o que significa falta de espaço para adequação da escola à modalidade de educação à qual se propõe, [...] pra mim entrar em uma sala, na minha sala, eu tenho que passar pela sala de outra professora, pra que a gente vá até a sala do professor também se passa pela sala de outra professora, a cozinha na sala de educação infantil 1, a sala de educação infantil 1 a cozinha fica dentro da sala, fica o almoxarifado dentro de sala... quer dizer, tudo isso atrapalha... a professora não consegue dá uma aula, toda hora ela é interrompida porque se precisa passar, precisa fazer alguma coisa, é horrível, não é nada favorável é... Este depoimento deixa claro um dos transtornos enfrentados em sua prática diária, que é a mobilidade das pessoas nas dependências da escola, ―[…] pra que a gente vá até a sala do professor também se passa pela sala de outra professora [...]‖ além de retratar a capacidade da comunidade escolar em articular maneiras de dinamizar o funcionamento dessa unidade infantil. ―[…] a gente ali tem que fazer cambalhota, tem que ser artista o tempo todo, tem que tá criando o tempo todo, pra puder prender a atenção da criança, pra tentar fazer um bom trabalho, sem prejudicar o professor que tá do lado, tem que usar muito da criatividade.‖
  • 52. 51 De acordo com as condições existentes, os professores precisam usar de criatividade para proporcionar aos alunos pelo menos a realização de algumas atividades nas salas de aula, bem como no recreio ―[...] nós temos que fazer recreios separados, da educação infantil e do ciclo, [...]‖ para que as crianças menores possam brincar um pouco nos momentos destinados às atividades livres. 3.4 As crianças e a hora do recreio: um local especial e as atividades realizadas O ambiente do recreio é um local diferenciado, pois é destinado ao lazer, às brincadeiras livres, jogos, pular, correr, bem como realizar as festas comemorativas da escola, servindo também para a interação entre seus pares, além de ser um local destinado à execução de tarefas extraclasse mediadas pelos professores. Nesse sentido o espaço pode criar condições favoráveis ou não ao desenvolvimento das crianças, mas, de acordo com as entrevistadas, o espaço sendo pequeno não oferece oportunidades para um melhor desempenho das crianças. ―[...] eu acho que esse é nosso maior problema, a falta de espaço, um espaço mal apropriado, não tem, na sala de aula o espaço também é bem pequeno, eu acho pequeno, geralmente não se pode fazer muita coisa, não dá pra se fazer um cantinho de leitura, porque não se tem espaço pra isso, a sala geralmente são super lotadas ao ponto de professora não poder sentar pra descansar, não pode sentar um minuto.‖ Os depoimentos expressam preocupação com a condição de fazer educação infantil nessas condições e fica claro quando se trata do espaço destinado ao recreio, embora a escola possua um pátio coberto e pequeno, torna-se impraticável a realização de atividades extraclasse devido à localização do pátio, em frente às salas de aula, ―[...] a sala, elas ficam virada pra ala onde tem a recreação, então são dois horários de recreio, um horário de 10:30 h e outro de 10:30 h a 11:00 h, então é uma hora perdida, porque os meninos brincam, zoam, ai não tem como controlar, eles fazem muita zuada,[...]‖ Algumas dificuldades impedem a realização de atividades extraclasse com as crianças. O espaço somente serve para o recreio, assim mesmo com algumas limitações em virtude de ser um espaço comum a outras turmas de alunos maiores. Um exemplo
  • 53. 52 citado é o do parque móvel. Este tem que ser colocado todos os dias, ou seja, não há uma disponibilidade permanente e sendo assim é parte de atividades controladas. […] dias é colocado um parquinho pra eles brincarem, fora essa área coberta, tem um restante de área descoberta onde eles podem..é .. correr um pouco, não tanto porque tem uma área que é um pouco em declive e já oferece perigo e a gente tem que tá tomando cuidado nesse sentido. As demais entrevistadas afirmam que a escola possui o espaço recreativo, no entanto esse espaço é pequeno. Interpretamos a partir desses relatos, que o espaço não oferece estímulo para o desenvolvimento motor das crianças, pois estas só interagem com seus pares, limitando seu desenvolvimento corporal e seus movimentos devido à falta de brinquedos que possam oferecer desafios para crianças. De acordo com Oliveira (2001), ―os ambientes devem fornecer oportunidades para as crianças andarem, correrem, subirem, descerem e pularem com segurança‖ (p.110/111). O espaço escolar em questão possui uma arquitetura que limita a criança em suas ações, como também restringe o professor em realizar as atividades inerentes ao atendimento a essa faixa etária, que exige um espaço maior, seja ele interno ou externo, e com possibilidades de fazer crescer e florescer em atitudes e sentimentos de alegria e crescimento, conforme nos recomenda Bachelard (2003, p.204) ―O espaço, fora de nós, ganha e traduz as coisas [...]‖ 3.5 A localização das salas: uma contribuição para a qualidade do ensino A sala de aula é concebida como um espaço privilegiado da cultura escolar (Candau, 2000), nesse sentido há de refletir que cultura está sendo vivida, pois como um lugar de troca de experiências, de diversidade, crenças e ideias e valores, lugar de relação pedagógica, confirmando sua heterogeneidade. É um lugar de vivências e de conflitos. É certo que a arquitetura do espaço onde se desenvolve o ensino poderia ser projetado de forma que facilitasse a locomoção dos seus usuários e com uma atenção
  • 54. 53 especial para a faixa etária a quem é destinado o espaço escolar infantil, uma realidade observada no depoimento que segue ―Então... as salas elas foram projetadas de forma errada, foram construída uma sala dentro da outra, se fez algumas adaptações que não deu resultado se é de ajudar o professor, complicou mais ainda, porque é uma sala dentro da outra, quem já se viu um negócio desse? É uma cozinha que funciona dentro de uma sala de aula, é um almoxarifado que funciona dentro de uma sala de aula, então não tem nada a favor da educação, nada, a gente ali tem que fazer cambalhota, tem que ser artista o tempo todo, tem que tá criando o tempo todo, pra puder prender a atenção da criança, pra tentar fazer um bom trabalho, sem prejudicar o professor que tá do lado, tem que usar muito da criatividade..‖ Na escola pesquisada, algumas salas de aula ficam dentro de outra sala de aula, ou seja, existem caminhos de acesso por dentro das sala de aula, causando interrupções na execução das atividades escolares, distração entre as crianças e deconforto entre os professores, conforme depoimentos abaixo: ´[…] nós temos um problema assim, de sala dentro da outra, no caso da minha, na minha sala fica a cantina e o almoxarifado, então fica muito aquele... o entre e sai, como se diz.. o entre e sai e prejudica muito a atenção das crianças, o professor, tem que tá parando pra esperar até que o pessoal saiam. Outro aspecto observado nos depoimentos diz respeito à localização da escola. Não há placas de trânsito nem redutores de velocidade indicando que é passagem escolar. O trânsito é intenso, principalmente no horário em que a escola está encerrando suas atividades. Esta é uma preocupação dos professores ―Na hora da saída os pais chegam essas crianças ficam numa mine-calcada, o trânsito é intenso, é um risco terrível desses meninos saírem correndo, a hora da saída pra nós é um tormento, ainda tem que ficar o tempo todo prestando atenção naquelas crianças, a localização da escola que também não é adequada ela fica numa área que tem um movimento muito grande, entendeu? Então é carro subindo, é carro descendo, é moto e essas crianças querem sair correndo, os pais às vezes, é mais de um que vai buscar, não presta atenção. Na hora da saída, a gente fica o tempo todo; olha fulano, olha o menino, olha o menino,com medo de acontecer um acidente, entendeu? De fato a localização da referida escola é uma área urbana central, onde a via de trânsito é mão única, com baixo declive e sem a devida sinalização, tornando-se uma área perigosa. Toda área escolar deve ser sinalizada, ter redutores de velocidade, principalmente quando se trata de escolas destinadas ao público infantil. De acordo com
  • 55. 54 o depoimento acima, é possivel perceber a aflição que o professor tem no horário da saída, visto que é o momento em que as crianças ficam inquietas, na expectativa de ir ao encontro dos seus pais, aumentando ainda mais a responsabilidade do professor.
  • 56. 55 TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, de acordo com nossas observações, não possui uma estrutura física que atenda às necessidades das crianças que a freqüentam. Não conta com uma brinquedoteca onde possam ser desenvolvidos jogos diversos, brincadeiras, casinha de bonecas, fantoches, carrinhos, balanços, escorregadeiras e outros, ampliando assim a socialização, o desenvolvimento da imaginação através do brincar. Não possui uma biblioteca onde as crianças possam manusear livros, inventar histórias, ―ler histórias‖, contar histórias, manusear revistas. Não tem sala de vídeo para os professores realizarem atividades diferenciadas. Na área livre, existe um local em que as crianças não tem acesso, pois o terreno é íngreme e perigoso. O pátio coberto é pequeno e a parte descoberta é uma ladeira com calçamento, que em dias de chuva torna-se escorregadio . Enfim os professores se limitam à sala de aula. A referida escola possui muitos entraves que dificultam a concentração das crianças, pois existe uma sala de aula dentro da outra sala de aula e as crianças da outra sala precisam muitas vezes ir ao banheiro e ficam transitando pela outra sala. Em outra sala de aula fica a cozinha, que causa muito barulho devido às atividades exercidas pelas cozinheiras (cozinhar, lavar pratos, ligar liquidificador, higienizar a cozinha, etc.) e afetam diretamente a concentração das crianças, além do vai e vem, pois a cozinheiras têm que passar por dentro da sala de aula para ir para cozinha e ir à dispensa. Outro problema são os banheiros, que além de se destinar a pessoas adultas, ficam longe das salas de aula e as crianças para irem ao banheiro, tem que se deslocar na maioria das vezes sozinhas expondo-se à riscos, pois existe uma ladeira. Quando possível a professora acompanha a criança até o banheiro. Recentemente o município colocou uma assistente, facilitando no acompanhamento da criança.. Outro detalhe é a pia de lavar mãos, que é alta e as crianças pequenas têm dificuldade para alcançá-la e realizar sua higiene. No aspecto de pintura a escola é carente , o mobiliário de algumas turmas está sucateado e não é adequado para a idade. O piso de algumas salas é ruim,
  • 57. 56 não permitindo fazer roda de leitura sentado no chão. Para concluir, algumas salas não possuem uma boa ventilação e iluminação. Diante disso, o espaço físico escolar apropriado às necessidades dos usuários é sem dúvida alguma um assunto inesgotável, ainda pouco discutido, mas é uma realidade que vivenciamos em boa parte das escolas públicas. Tomamos como ponto de referência a Escola Municipal Maternal Fundação Bonfinense, localizada no município de Senhor do Bonfim-BA, aos olhos do poder público, onde percebemos a carência de instalações adaptadas a atender as peculiaridades das diferentes faixas etárias que convivem nesses espaços. O espaço alternativo para desenvolver atividades diferenciadas é pequeno e pouco aproveitado devido à sua localização, em frente às salas de aula. Como acontece nessa escola, a situação não é diferente nas demais que atendem o público da educação infantil, pois é raro encontrar ambientes planejados para momentos de lazer, conversas, e socialização, o que é de suma importância para promover a interação social. Sob o ponto de vista crítico construtivo, ainda percebemos que, embora haja excelentes projetos pedagógicos, muito pouco se concretiza daquilo que neles é proposto, uma vez que na prática quase nada acontece. Se tomarmos como exemplo o ensino numa perspectiva de preservação do meio ambiente, o que temos disponível como espaço para plantas, jardins e hortas, área verde? Discursos sobre a diversidade cultural, no enfoque ―respeito às diferenças‖ e ―inclusão‖ não faltam, mas as escolas carecem de espaços adaptados para acolher portadores de deficiências (banheiros, rampas, etc..), o que representa, sem dúvida alguma, uma barreira ao trabalho educativo numa perspectiva inclusiva. Na verdade, o que se tem configurado na estrutura física da maioria das instituições escolares da rede pública é uma edificação em áreas impróprias, em espaços físicos mal utilizados, ambientes e salas de aula mal distribuídos sem ventilação, com material inadequado, que não oferece condições necessárias ao
  • 58. 57 desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos, o que afeta a aprendizagem e dificulta o trabalho escolar em todos os seus aspectos. Além do que, todo esforço e boa vontade de professores compromissados, pode fracassar se não encontrar um espaço apropriado e condições materiais para realizar suas atividades pedagógicas. Mesmo com boa vontade em improvisar, criar, inventar e reinventar recursos para suprir tal lacuna o trabalho educativo não atingirá a sua completude devido à ausência ou baixa qualidade do espaço físico. Assim, é preciso alertarmos o poder público e os gestores, professores e demais profissionais da educação para que se manifestem e mobilizem-se propondo mudanças nos espaços educativos e fazendo valer os documentos que apontam o espaço fisico como cenário da educação, tornando-o um lugar agradável, prazeroso e atrativo, pois a sociedade vive uma era de transformações, buscando incessantemente a qualidade social. E a escola, como espaço social, não pode ficar estática e alheia às mudanças, principalmente no que se refere ao aspecto estrutural e arquitetônico.