1. 1
MARIA DE FÁTIMA SOUZA OLIVEIRA
LETRAMENTO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
PROFESSORES E SUAS PRÁTICAS METODOLÓGICAS
Monografia apresentada como pré requisito para conclusão de curso de
licenciatura em pedagogia, habilitação e docência em processos educativos,
da Universidade do Estado da Bahia- UNEB, Departamento de Educação-
Campus Vll.
Orientador: Profº Pascoal Eron Santos de Souza
SENHOR DO BONFIM
2012
2. 2
MARIA DE FÁTIMA SOUZA OLIVEIRA
LETRAMENTO NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL:
PROFESSORES E SUAS PRÁTICAS METODOLOGICAS
Aprovada em ______/______/______
_______________________________
Avaliador
_______________________________
Avaliador
___________________________________
Pascoal Eron Santos de Souza
Orientador
SENHOR DO BONFIM
2012
3. 3
AGRADECIMENTOS
A Deus, ser supremo de todo o universo e dono de todas as coisas visíveis e
invisíveis que restabelece e revigora as nossas forças e ânimo, quando as vezes
pensamos em desistir da caminhada, a Ele toda honra, toda glória e todo louvor para
sempre.
A nossa Senhora de Fátima minha mãe celestial, e intercessora, a quem tenho como
devoção e modelo de mãe, filha, e esposa.
Agradeço de modo fraternal, a toda a minha família,e com singular afeto as minhas
irmãs Luciana e Cristiana pelo apoio e incentivo, durante essa jornada, e de uma
forma especial ao meu esposo Freitas,pela paciência “as vezes”,apoio,
compreensão e colaboração com o transporte para chegar até a universidade.
Expresso de forma carinhosa o meu sincero agradecimento a todos os meus amigos
da turma pedagogia 2008.1por me acrescentarem saberes e experiências durante
esses 4 anos em que estivemos juntos sujeitos aos mesmos desafios, lutas, vitórias
e rumo aos mesmos objetivos.Agradeço a compreensão também dos colegas de
trabalho pelas vezes em que precisei me ausentar durante esse processo de TCC,
aos outros pela compreensão durante o tempo em que me mantive ausente nas
rodas de conversas e bate papo.
Sou grata de uma maneira particular e especial a minha amiga e companheira de
jornada, caminhada,trabalho e de todas as horas, Joseneide Barbosa , com quem
sei que posso contar sempre, com a sua linda sincera e genuína amizade,você foi
pedra angular e fundamental nesta caminhada.
Agradeço de um modo especial ainda e admirável ao meu orientador pascoal Eron
sem o qual a realização desse trabalho se tornaria mais difícil,pois pude contar com
a sua colaboração,paciência,compreensão e seu tempo, todas as vezes em que
precisei ser orientada, presencialmente , via email, ou telefone,sem subterfúgios.
Não teria palavras para descrevê-lo,pois é um grande exemplo de sabedoria,
simplicidade e humildade o que o torna uma pessoa especial,um profissional
singular,um modelo e referencial de Educador extraordinário,e indescritível.
E por fim aqueles que contribuíram direto ou indiretamente para a concretização
desse trabalho,minha sincera gratidão.
4. 4
“Começar a dizer nunca é tarefa simples. E começar a escrever
torna-se trabalho árduo e duplamente complexo” (TFOUNI)
“Quem se perde apenas na leitura dos textos dictomizada do
mundo,e do contexto dos textos, se esborracha
constantemente.É preciso ter a sensibilidade, a capacidade de
ler o mundo e não de ler os textos” (PAULO FREIRE)
5. 5
RESUMO
Este estudo apresenta algumas reflexões sobre as contribuições das práticas
metodológicas dos professores das séries finais do Ensino Fundamental para o
processo de formação de sujeitos letrados. A pesquisa que deu origem a este
trabalho foi desenvolvida na Escola Antônio Bastos, situada em Missão do Sahy no
município de Senhor do Bonfim-Ba. Os fundamentos teóricos que embasam este
texto foram construídos a partir da obra de autores como Soares (2006), Kleiman
(2005), Freire (2006) Cagliari (1996) e outros. A metodologia utilizada foi de cunho
qualitativo, escolhendo como instrumentos de coleta de dado o questionário fechado
e a entrevista semi-estruturada. Os sujeitos da pesquisa foram os professores do
Ensino Fundamental da escola acima mencionada. Pode-se considerar que embora
ainda reine algumas confusões referentes aos conceitos de letramento, na maioria
das práticas dos professores, há contribuições para tornar os alunos letrados; no
entanto, um dos maiores desafios que a escola precisa enfrentar é possibilitar
condições ao sujeito de ser capaz de fazer uso da leitura e escrita em práticas
sociais, sendo necessário o seu domínio pleno e a habilidade de interpretar, fazendo
uso da leitura, respondendo às exigências para inserir-se no mundo letrado.
Palavras–chave: Práticas metodológicas, Ensino fundamental, Letramento e
Alfabetização.
6. 6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7
CAPITULO I: PROBLEMATIZAÇÃO ......................................................................... 9
CAPITULO II:FUNDAMENTOS TEÓRICOS ............................................................ 19
2.1 Letramento: que palavra é essa? ............................................................. 19
2.2 Práticas metodológicas: como se forma leitores? ..................................... 26
2.3 Falando um pouco sobre a educação básica ........................................... 31
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ............................................................................... 38
3.1 Instrumentos da Pesquisa ........................................................................ 40
3.1.1 Entrevista ............................................................................................... 40
3.2 Lócus da pesquisa .................................................................................... 41
3.3 Sujeitos da pesquisa ................................................................................. 41
CAPÍTULO IV: ANALISANDO E INTERPRETANDO OS RESULTADOS ............... 43
4.1 Perfil dos sujeitos ................................................................................... 43
4.2 Análises das Entrevistas ........................................................................ 45
4.2.1 A compreensão que os docentes tem sobre Alfabetização e
Letramento ........................................................................................... 46
4.2.2 A quem cabe a tarefa de alfabetizar: ........................................... 48
4.2.3 Alunos que chegam nas séries finais do Ensino Fundamental sem
dominar a Leitura e a Escrita: .............................................................. 50
4.2.4 Práticas metodológicas dos professores que contribuem para o
letramento ............................................................................................ 57
4.2.5 Como a escola tem contribuído para o letramento dos alunos ... 62
4.2.6 Algumas considerações dos nossos entrevistados sobre as
práticas metodológicas, seus objetivos e a importância do letramento
para a formação dos nossos alunos..................................................... 68
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 75
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 78
APÊNDICES...............................................................................................................81
7. 7
INTRODUÇÃO
A reflexão sobre o emprego do letramento vem ganhando espaço e vem
sendo de fundamental importância, para uma aprendizagem significativa, merecendo
um olhar mais acentuado para práticas de ensino que levem o aluno a se inserir em
práticas de leitura e escrita de forma competente e autônoma, o que simplesmente
ler e escrever não possibilitam. Ensinar a ler e a escrever dentro desse contexto de
Letramento ainda constitui um desafio, uma vez que ainda se traz marcas de um
ensino voltado para práticas mecânicas que em nada ajudavam o aluno a ser
produtor do seu próprio conhecimento, não sendo capaz de interpretar o que lê, mas
ao contrário serviu muito para que ele apenas reproduzisse o que aprendeu.
Neste sentido, a inquietação e o interesse por desenvolver este trabalho
surgiu no período de observação do estágio nas séries iniciais do ensino
fundamental no 7º semestre onde foi possível perceber a inexistência de práticas
pedagógicas voltada para o trabalho na perspectiva do letramento, das crianças e a
partir daí outra inquietação, saber como se dá o trabalho com o letramento nas
séries finais do ensino fundamental.
Dentro deste enfoque, é que este trabalho se direciona, a partir da
problemática que é saber qual a compreensão que os professores da escola
municipal Antônio Bastos de Miranda em Missão do Sahy comunidade situada a 8
quilômetros de Senhor do Bonfim, tem sobre ensinar letrando e suas intervenções
pedagógicas para a viabilização desta proposta.
Diante disso, pretendemos descobrir como se dá esse processo, e poder
contribuir para que práticas de aprendizagem significativa venha ocorrer mais no
ensino e aprendizagem.
Autores a exemplo de Soares (2006), Kleiman (2005), Freire( 2006) são
alguns entre outros que se destacam para ratificar e respaldar o nosso estudo no
que se refere a letramento.Sobre formação de leitores buscaremos subsidio em
Delia Lenner (2002), Arroyo (2011), Cagliari (1998), outros... e para falar sobre o
ensino Fundamental buscaremos nos respaldar primordialmente nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) outros.
8. 8
Este trabalho está constituído com quatro capítulos, sendo que no primeiro
temos a explanação mais ampla do que vem a ser letramento, buscando responder
através das etapas que serão percorridas, o problema em questão. No segundo
capitulo trazemos para discussões alguns teóricos que fundamentam o nosso
estudo. No terceiro capitulo trazemos os caminhos percorridos a metodologia, e os
nossos instrumentos de coleta de dados.No quarto, apresentamos a interpretação
dos resultados da nossa pesquisa, e por fim algumas considerações.
9. 9
CAPITULO I
1 PROBLEMATIZAÇÃO
Falar sobre o contexto educacional fazendo abordagens sobre o processo de
ensino aprendizagem atrelado à pratica educativa, não é tarefa fácil,ao mesmo
tempo que parece ser redundante diante da explanação sobre o assunto por vários
autores que tem bastante competência para discutir determinados temas.
No entanto, faz-se necessário cada vez mais estudos significativos, que
contribuam através de práticas educativas concretas, aprendizagens significativas
de forma que possibilitem a inserção do sujeito na sociedade, de maneira
competente, critica e autônoma.
A importância da leitura e da escrita na escola, é um fator importante que
move todo o sistema educacional a fim de possibilitar o aluno a adquirir essas
habilidades de forma que ele seja capaz de exercer essas funções de maneira
eficiente nas mais variadas situações em que se faz exigência.
Embora seja um dos principais objetivos da escola, levar o aluno ler e
escrever com eficácia, ainda percebemos que muito precisa ser feito em relação à
aquisição dessas habilidades por parte do aluno e conseqüentemente por parte da
escola e de todos os envolvidos no sistema de ensino, pois não é satisfatório ainda,
o nível de leitura que apresentam os nossos alunos, demonstrando dificuldades de
se inserir em práticas sociais de leitura e escrita, na sociedade em que vive,ou seja,
sem um nível de letramento.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) 2001 apontam que:
Sabe-se que os índices brasileiros de repetência nas series
iniciais,inaceitáveis mesmo em países muito pobres, estão diretamente
ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever. Essa
dificuldade expressa-se com clareza nos dois gargalos em que se concentra
a maior parte da repetência:no fim da primeira serie(ou mesmo das duas
primeiras) e na quinta serie.No primeiro, por dificuldade em alfabetizar;no
segundo, por não conseguir garantir o uso eficaz da linguagem, condição
para que os alunos possam continuar a progredir até, pelo menos, o fim da
oitava série (p.19).
Assim analisando a partir desse pressuposto, fica claro percebermos a
amplitude do processo de ensino e aprendizagem, voltados para a pratica educativa,
10. 10
e que as deficiências encontradas no nível de aprendizagem dos alunos, são
atribuídas a varias instancias, tanto de ordem educacional, quanto social.
Sobre isso Zabala (1998) diz que:
Nosso argumento consiste em uma atuação profissional baseado no
pensamento prático, mas com capacidade reflexiva. Sabemos muito pouco
sem dúvida, sobre o processo de ensino e aprendizagem, das variáveis que
intervém e de como se inter-relacionam nas situações de ensino: tipo de
atividade metodológica, aspectos materiais da situação estilo do professor,
relações sociais, conteúdos culturais, etc (p.15-16).
São muitos os fatores envolvidos, e que contribuem para a ineficiência da
aprendizagem significativa, muitos desses fatores estão relacionados diretamente à
pratica educativa
Libâneo (2009) Acentua que:
É importante para o professor, tomar consciência do que faz, ou pensa, a
respeito da sua pratica pedagógica. Ter uma visão critica das atividades e
procedimentos na sala de aula, e dos valores culturais de sua função
docente, adotar uma postura de pesquisar e não apenas de transmissor ter
um melhor conhecimento dos conteúdos escolares e das características e
desenvolvimento de seus alunos (p.33).
Sabemos o quanto é importante para o professor(a), no que se refere à sua
formação, conhecimentos básicos e indispensáveis que possibilitem um ensino de
qualidade através de suas práticas educativas e suas intervenções metodológicas, a
partir de dificuldades evidenciadas na aprendizagem do aluno, para que este possa
aplicar na sociedade em que está inserido, conhecimentos eficazes e úteis
aprendidos na escola.
Embora a utilidade do que se aprende seja pouco aplicada no contexto social,
devido a alguns fatores ainda deficientes no processo de ensino, é possível sempre
que depender do professor, refletir sobre suas práticas, para resultados mais
satisfatórios.
Mais uma vez Zabala (1998) intervém:
(...) o conhecimento que temos hoje em dia é suficiente, ao menos para
determinar que existem atuações, formas de intervenção, relações
professor-aluno, materiais curriculares, investimentos de avaliação, etc. que
não são apropriados para o que pretendem. Existem atividades de ensino
que contribuem para a aprendizagem, mas também existem atividades que
não contribuem da mesma forma, e que é outro dado a ser levado em
conta. A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem
as peças substanciais em toda a prática educacional (p.16-17).
11. 11
Diante desse contexto onde percebemos a deficiência especialmente em
leitura e escrita, precisam de um reforço e atuação maior, no sentido de viabilizar,
com eficiência a pratica da leitura e da escrita para que o aluno possa utilizar de
maneira competente essas habilidades em seu contexto social.
Os parâmetros curriculares nacionais PCNs (2001), vem subsidiar:
Desde o inicio da década de 80, o ensino de língua portuguesa na escola,
tem sido o centro da discussão acerca da necessidade de melhorar a
qualidade de educação no país. No Ensino Fundamental o eixo da
discussão, no qual se refere ao fracasso escolar, tem sido a questão da
leitura e da escrita. Essas evidencias de fracasso escolar apontam a
necessidade da reestruturação do ensino de língua portuguesa, com o
objetivo de encontrar formas de garantir, de fato, a aprendizagem da leitura
e da escrita (p. 15).
Analisando através dessa vertente, e de que a função social da escola, é
primordialmente o ensino da capacidade de ler e escrever, e que estas capacidades
devem ser adquiridas desde as series iniciais do Ensino Fundamental, requer uma
ênfase mais especial no ensino de língua portuguesa, mas isso não implica que é
tão somente função do professor de língua portuguesa.
Castanheira (2009) acentua que:
As ações de ensinar a ler e de ensinar a escrever, não se esgotam nas
séries iniciais. Essas ações não são tarefa exclusiva do alfabetizador mas
trabalho conjunto de toda a escola, de todos os profissionais que atuam
com os alunos ao longo de sua vida escolar. Os professores de artes,
geografia, história, Ed. Física, de matemática, todos enfim, devem ter
compromisso com o desenvolvimento das capacidades de leitura e escrita
dos alunos (p.83).
Dentre essas competências de ler e escrever como uma função de cada
professor, nos remetemos especificamente para o uso da leitura e da escrita nos
contextos sociais, não de maneira mecânica, mas no sentido do letramento, que
conforme (KLEIMAN 1995) é a apropriação da leitura e da escrita nos contextos
sociais, e não a decodificação de palavras.
É tarefa conjunta e continua de todo professor esteja ele atuando em qualquer
disciplina ou segmento adotar a responsabilidade de levar o aluno a ler e escrever e
que essa leitura e escrita faça sentido que tenha importância na vida do aluno, e não
seja mecânica e desvinculada das práticas onde será necessário fazer uso, pois é
desnecessário e não faz sentido ensinar o aluno ler sem que este compreenda ou
faça uso da finalidade que tem determinadas leituras.
12. 12
Ainda segundo Kleiman (1995):
Letramento é um conjunto de práticas sociais que usam a escrita enquanto
sistema simbólico, e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para
objetivos específicos. A leitura e a escrita fazem parte de atividades sociais,
tais como ler um jornal ou pagar contas. Dai a importância de se encarar a
leitura e a escrita não só como atividades com um fim em si mesmas, mas
como atividades que servem a um propósito. Analisar esse propósito deve
ser parte de um modelo mais eficaz de letramento (p. 24).
Sendo assim o domínio da leitura e da escrita é condição elementar para a
inserção e participação do sujeito na sociedade dessa habilidade a ser adquirida
desde as series iniciais, e aperfeiçoando nas séries posteriores.
Ainda conforme os PCNs (2001):
Cabe à escola, promover a sua ampliação de forma que, progressivamente
durante os 8 anos do Ensino Fundamental, cada aluno se torne capaz de
interpretar diferentes textos que circulam socialmente, de assumir a palavra
como cidadão, de produzir textos eficazes nas mais variadas situações (p.
23).
Fica claro, portanto, a responsabilidade atribuída à escola, como
fundamentais para a aquisição desse processo de letramento, onde é possível que o
professor esteja sempre aperfeiçoando a sua prática de ensino, mediante as devidas
intervenções, para que aconteça a viabilização desse processo, para isso é
importante conhecer, pois, não é possível intervenção, sem compreensão do objeto
sobre que se pretende atuar ou se está atuando (FREIRE 2009).
A realidade da educação hoje bem como dos níveis de ensino e
aprendizagem por serem amplos e abrangentes, requerem uma atenção especial,
quanto ao seu desenvolvimento, no sentido de compreender, de que maneira estão
sendo trabalhados, para que possibilitem uma aprendizagem significativa, o que
remete a uma série de fatores envolvidos, entre eles, as práticas pedagógicas
trabalhadas, que devem ser e estar em constante aperfeiçoamento e reflexão, por
parte do professor, pois é ele em primeira instancia, que possibilita através de suas
práticas em sala de aula, momentos que visam, a aprendizagem de elementos
importantes para que o aluno aprenda e use em sua vida cotidiana o que aprendeu.
Mais uma vez os PCNs (2001) enfatizam:
Quando entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um
papel modalizador, servindo como fonte de referencia, repertório textual e
suporte de atividades. A diversidade textual, que existe fora da escola pode
e deve estar a serviço da expansão do conhecimento letrado do aluno, o
13. 13
conhecimento dos caminhos percorridos pelo aluno favorece a intervenção
pedagógica e não a emissão, pois permite ao professor ajustar a informação
oferecida às condições de interpretação em cada momento do processo (p.
34 e 35).
Analisando a luz dessa afirmação, fica claro perceber, que é de extrema
relevância o ensino e práticas pautadas no objetivo de levar o aluno a utilizar o que
foi aprendido, de maneira satisfatória e eficiente, pois deve ser esse o papel
primordial da escola.
Pedro Demo (2005) enfatiza:
Mais do que nunca, deve ficar claro que o conhecimento reconstruído é a
base da intervenção, não só na cabeça, mas igualmente na vida
concreta.Assim é decisivo saber mostrar por que matemática é necessário
para a cidadania das pessoas, ou por que falar bem a língua materna faz
parte do cidadão participativo, ou por que alfabetizar-se é questão chave do
combate à pobreza política da população (p. 46).
É fundamental que o professor tenha clareza e conhecimento do que se
ensina como se ensina e para que se ensina, a escola é um cenário de
conhecimento e descobertas do que vem a ser importante na vida do aluno para
que use lá fora no meio social em que vive e não um transmitir de conteúdos sem
importância as vezes, sem intervenção para se tornar claro por que serve e como
iremos utilizar.
Ainda Demo (2005)
Neste sentido a feitura de material didático próprio não deságua no
aperfeiçoamento da aula, ainda que isto possa ocorrer, porque o mais
natural será sua revisão radical. Em vez da exposição copiada, por ser inútil
e imbecilizante, torna se necessário o trabalho conjunto, dinâmico, critico e
criativo. E é preciso pois recolocar as questões tendo como parâmetro a
competência que é mister forjar na escola. Se queremos um cidadão
competente, formal e politicamente, a aula meramente expositiva, apenas
atrapalha, e faz da escola acentuadamente uma perda de tempo. Será
mister preferir didáticas reconstrutivas, que sejam mais aptas a estabelecer
o relacionamento fecundo de sujeitos. (p. 46).
No entanto a realidade do cenário educacional brasileiro, quanto a um nível
de aprendizagem significativa, requer um trabalho voltado para a concretização de
práticas voltadas neste sentido, que permita ao aluno a sua atuação de maneira
significativa em seu contexto social, através dos conhecimentos adquiridos na
escola. Vigotsky (2004) ressalta que:
Para a educação atual não é importante ensinar certo volume de
conhecimento, quanto educar a habilidade para adquirir esses
14. 14
conhecimentos, e utilizá-los. Isso se obtêm apenas no processo de trabalho
(48).
As deficiências encontradas e percebidas na aprendizagem e na atuação do
aluno em contextos sociais,são percebidas de maneira clara, especialmente quanto
a habilidade de leitura e escrita, pois é possível perceber desde as séries iniciais,
que os alunos apresentam inúmeras dificuldades quanto a compreensão e
interpretação do que se lê, apenas decodificando, na maioria das vezes, o que não
torna um aluno letrado e atuante.
É bastante expressiva a fala de Paulo Freire (2006) quando diz:
Ensinar não é encher a cabeça dos educandos de conteúdos, isso é a
concepção mágica do poder dos conteúdos, como se bastasse você ensinar
matemática, geografia, isso e aquilo aos meninos populares e no dia
seguinte, ganhassem a independência.A questão para mim é saber o que é
ensinar e como ensinar.uma pedagogia como essa está preocupada em
como é que o sujeito que conhece se aproxima do objeto a ser conhecido
para dissecá-lo.o exercício de tornar-se capaz de ler e escrever exige, de
quem realmente aprende, uma postura de sujeito que cria o próprio
aprendizado.Aprender é uma expressão de quem cria e não de quem é
teleguiado ( p.64).
Sendo assim, quando o professor tem claro o que quer que os seus alunos
aprendam e para que aprender, será possível proporcionar uma aprendizagem
significativa que vai além de fazer apenas leituras mecânicas. Pois, conforme
acentua (FREIRE, 2006) É preciso ter a sensibilidade a capacidade de ler o mundo,
e não de ler os textos.
Os PCNs (2001) vem acentuar:
É preciso superar algumas concepções sobre a aprendizagem inicial da
leitura. A principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar,
converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural
dessa ação. Por conta dessa concepção equivocada, a escola vem
produzindo grandes quantidades de “leitores” capazes de decodificar
qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que
tentam ler (p. 55).
O que se percebe é que as dificuldades que acontecem desde as séries
iniciais, causam conseqüências bastante complicadas, quando não sanadas em
tempo hábil e devido, gerando falhas e deficiências nos anos de escolaridade
posterior. É preciso pois uma reflexão do ponto de vista estrutural do currículo
escolar de modo que o alcance das habilidades de leitura e escrita na perspectiva do
letramento, aconteçam em todos os segmentos escolares, de forma continua e
competente.
15. 15
Magda Soares (2006) diz:
A conclusão de determinada serie escolar tem pouca validade como critério
para avaliação do letramento, porque ainda não é oferecido o ensino
fundamental para todos, e a organização e controles escolares são, em
geral, tão precários que uma grande parte das crianças que conseguem ter
acesso à escola ou a abandonam, depois de completar dois ou três anos de
escolarização fundamental, ou repetem a mesma serie diversas vezes (em
geral a primeira serie) justamente por causa do índice de reprovações e das
repetências decorrentes delas, a conclusão da 4ª serie, por exemplo (em
geral selecionada como linha divisória entre analfabetismo e letramento)
representa com freqüência, na verdade, seis, oito, ou dez anos de
escolarização (p. 98-99).
Fica claro uma compreensão, a partir da fala abordada pela autora, como se
constata através da realidade em que se encontra o ensino e a aprendizagem, que
há vários fatores envolvidos, que ao final precisam ser reformulados e
reorganizados para que se alcancem seja em qualquer tempo de escolaridade,
aluno aptos a utilizarem os conhecimentos adquiridos na escola de maneira
efetivamente letrada em sua vida social , profissional e em outras esferas. É preciso
possibilitar as necessárias intervenções para sanar problemas em tempo hábil e
preciso, não permitindo que uma ineficiência que aconteceu na série anterior se
perdure na série posterior. É necessário consciência,intervenção e ação
simultaneamente por parte do professor.
Carvalho (2010), diz que:
Não há uma causa única para se explicar a situação a que chegamos, mais
de 90% das crianças brasileiras têm acesso á escola fundamental, mas boa
parte delas não consegue aprender a ler, ou leva muitos anos para alcançar
um nível rudimentar l de leitura e escrita. Os resultados nacionais em prova
de leitura e escrita, para alunos de 15 anos são lastimáveis (p. 75).
De todas as deficiências existentes neste processo, resulta o que está
denominado de analfabetismo funcional.
Soares (1995), explica:
Só recentemente esse termo se tem mostrado necessário, porque só
recentemente começamos a enfrentar uma realidade social em que não
basta simplesmente “saber ler e escrever”, dos indivíduos já se requer não
apenas que dominem a tecnologia do ler e do escrever, mas também que
saibam fazer uso dela, incorporando-a a seu viver, transformando-se assim
em “estado”! ou “condição”, como conseqüência do domínio dessa
tecnologia (p. 7).
16. 16
O papel da escola e especialmente do professor, quanto as suas práticas
educativas é preponderante para diminuirmos a quantidade de pessoas que não
fazem uso da leitura e da escrita, e aumentarmos a qualidade desse processo.
A reflexão por parte do professor quanto às suas práticas metodológicas
como intervenção, no processo de aprendizagem é de uma relevância singular.
Soares (2003), ainda enfatiza:
Há necessidade de rever e reformular a formação do professor das séries
iniciais do Ensino Fundamental de modo a torná-los capazes de enfrentar o
grave reiterado fracasso na aprendizagem inicial da língua escrita nas
escolas brasileiras. Se as práticas pedagógicas pudessem transformar as
iniciativas meramente instrucionais em intervenções educativas, talvez
fosse possível compreender melhor o significado e a verdadeira extensão
da não aprendizagem e do quadro de analfabetismo no Brasil (p. 9).
É portanto condição primordial e indispensável o conhecimento e aplicação
de práticas voltadas para o favorecimento de alunos competentes na leitura, e que e
que se utilize dela nas mais diversas situações.
Cabe ao professor em seu segmento ou área de ensino, contribuir, uma vez
que é papel fundamental do professor das séries iniciais, fazer com competência
que isso venha a se concretizar, cabe aos professores das séries seguintes dar
continuidade a esse processo tão relevante e indispensável.
A prática conjunta neste processo será essencial, uma vez que possibilitará
ao aluno, inserir-se de modo letrado e competente fazendo uso do que aprendeu.
Kleiman (1995) vem subsidiar:
O conjunto de práticas desenvolvidas nas escolas para aprender os usos da
língua escrita, é o que vem a ser letramento escolar. Envolve não só o
ensino de português mas também a leitura e a escrita praticadas nas
demais disciplinas, os textos que circulam e o modo pelo qual os processos
dirigem, orientam e avaliam a leitura e escrita dos alunos.No processo de
letramento escolar, alunos lidam com diversos tipos de textos; livros
(didáticos, literários, dicionários, atlas, enciclopédias etc), exercícios,
provas, cartazes, avisos, murais, boletins, cartas, folhetos, circulares,
agendas e outros. Quanto mais intensivo forem o contato, a apropriação e a
utilização destes diferentes tipos de escrita, mais efetivo será o letramento
escolar (p. 20).
É com o comprometimento, envolvimento, conhecimento e reflexão do
professor em suas práticas, que se pode avançar no sentido de não permitir
propagar o quadro de analfabetismo funcional de modo que se trabalhe na
17. 17
perspectiva de fazer com que o aluno aprenda a fazer uso da leitura e da escrita de
maneira competente desde as series iniciais, em todo o tempo das séries finais e se
prolongando por toda a educação básica, para que suas conseqüências
degradantes não cheguem até mesmo ao ensino superior.
Muitas discussões (e pontos de vista) atribuem a responsabilidade muito
grande somente ao professor das séries inicias por ser a base de toda formação
elementar e fundamental da aquisição da leitura e escrita, no entanto,esta
responsabilidade não pode ser somente de determinado professor nem de
determinado tempo escolar (séries iniciais, finais, ensino médio e superior) mas em
conjunto e objetivos únicos e articulados em todas as esferas para que se consolide
a atuação de alunos letrados.
É considerável que precisamos ter um olhar mais atento e ações mais
eficazes, quando percebemos que ainda existe muitas falhas e até possíveis
negligências quanto a propostas ou práticas que venham consolidar ou promover um
quadro mais insinuante e progressivo de alunos letrados, ou seja, que não se
limitem somente a ler sem fazer uso do que esta escrito ou até mesmo não
compreender de fato, mas que sirva para a sua atuação, inserção e mobilização na
sociedade em que vive.
Destacamos que foi diante de uma experiência enquanto professor atuante e
enquanto aluno do curso de pedagogia em tempo de estágio, por percebermos a
inexistência de práticas que torne o aluno letrado e que muitas das práticas
aplicadas estão mais propensas a se propagar o quadro de analfabetismo funcional
do que de alunos plenamente letrados, o que evidenciava a quantidade de alunos
que liam e escreviam e não tinham compreensão desses atos, é que interessou e
surgiu a minha problemática que é saber: Quais práticas dos professores de
séries finais do ensino fundamental da escola Antônio Bastos, contribuem
para a formação de sujeitos letrados?
Os principais objetivos deste estudo são:
• Identificar as práticas pedagógicas utilizadas pelos professores da
referida escola que contribuem para a formação de alunos letrados.
18. 18
• Analisar se as referidas práticas realmente se efetivam e são válidas
para a promoção de aluno letrados.
• Refletir sobre a importância e o papel do professor na articulação e
intervenções para uma aprendizagem significativa, eficiente para a
propagação do letramento no âmbito escolar.
19. 19
CAPÍTULO II
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Fazendo uma abordagem melhor explanada do tema em estudo e questão
sobre as práticas pedagógicas que favorecem o ensino e a aprendizagem de alunos
letrados, como o objetivo de identificar como os professores das séries finais do
ensino fundamental trabalham no sentido de possibilitar ao aluno a aquisição do
letramento no contexto escolar de maneira que se possa usar também fora desse
contexto, é que se faz necessário uma reflexão baseada em alguns elementos
teóricos que fundamentam e sustentam a construção e elaboração deste trabalho.
Neste sentido vale ressaltar que a contextualização no cenário teórico que
respaldam o tema em estudo, nos faz pensar e refletir a nossa prática de forma a
ampliarmos condições de favorecer aos nossos alunos, uma aprendizagem
significativa, que seja útil e eficaz em todas as esferas da sua vida, não se
restringindo somente ao âmbito escolar.
2.1 Letramento: que palavra é essa?
As mudanças que vem ocorrendo no sistema de ensino ao longo do tempo,
especificamente em se tratando das práticas pedagógicas de ensino e
aprendizagem, merecem atenção e um olhar novo onde possamos perceber ou
compreender o que induz ou o que está por trás de tantas mudanças no sistema de
ensino, suas nomenclaturas, novas teorias e novas práticas.
Durante muito tempo na história da educação do país, buscou-se elaborar
planos e lutar por campanhas ou programas de erradicação do analfabetismo, no
entanto muito dessas lutas, voltadas para a quantidade de pessoas a serem
alfabetizadas e não a qualidade, tiveram muitos insucessos, o que perdura até hoje
com o advento ou a nova nomenclatura do analfabetismo funcional (CARVALHO,
2010).
Apesar do termo letramento já está um pouco saturado e até redundante no
sentido de trabalhos e pesquisas, na prática merece mais destaque e concretização
20. 20
no sentido de incorporar às nossas práticas pedagógicas este método tão
significativo, e rico em aprendizagem.
O letramento apareceu a primeira vez no cenário educacional com a
contribuição de Mary Kato em 1986 em sua obra escrita:Uma perspectiva
psicolingüística.E dois anos depois passa a representar no discurso da educação ao
ser definido por Leda Verdiani Tfouni em: Adultos não alfabetizados o avesso dos
avessos.
Magda Soares (2006) explica com muita precisão sobre o surgimento desse
termo aqui n Brasil:
É curioso que tenha ocorrido em um mesmo momento histórico, em
sociedades tão distanciadas geograficamente quanto socioeconomicamente
e culturalmente, a necessidade de reconhecer e nomear práticas sociais de
leitura e de escrita mais avançados e complexas que as práticas de ler e do
escrever resultante da aprendizagem do sistema de escrita.Assim é em
meados dos anos de 1980, que se dá simultaneamente a invenção do
Letramento no Brasil, literacy do inglês, Iletrisme, na França, da Iletracia,
em Portugal, para nomear fenômenos distintos daqueles denominados
Alfabetizaçao, alphabetisation.Letramento é uma terminologia não
dicionarizada que, nos meios acadêmicos, vem sendo utilizado com
diferentes sentidos (p. 5).
O fato desse termo surgir destaca a importância que tem o ato da leitura e da
escrita de maneira relevante para uma necessária participação efetiva e competente
nas práticas sociais e profissionais que envolva a língua escrita, pois tanto a
aquisição quanto a desapropriação destas habilidades favorece a sociedade como
um todo ou impedem o seu êxito.
Toufoni (2006) diz que: “A ausência tanto quanto a presença da escrita em
uma sociedade são fatores importantes, que atuam ao mesmo tempo como causa e
conseqüência de transformações sociais, culturais e psicológicas às vezes
radicais.”(p.54).
Cada vez mais esse termo veio ganhando espaços e inserido de maneira
mais destacada com as autoras Ângela Kleiman e Magda Soares que ao discutirem
sobre a origem do letramento, afirmam que o termo começou a ser utilizado no Brasil
por especialistas das áreas de educação e das ciências lingüísticas.
Magda soeres (2003) diz:
21. 21
A invenção do letramento por nós se deu de maneira diferente (caminhos)
daqueles que explicam a invenção do termo em outros países Como França
e Estados Unidos (neste a discussão de letramento) fez e se faz de forma
Independente em relação à discussão da alfabetização. No Brasil a
discussão do letramento surge sempre enraizada no conceito de
alfabetização, o que tem levado, apesar da diferenciação sempre proposta
na produção acadêmica, a uma inadequada e inconveniente fusão dos dois
processos que prevalecia do conceito de letramento (p.8).
Vale sempre ressaltar sobre a origem, significado e importância do que vem a
ser Letramento e que se torne claro para todos os envolvidos no processo de ensino
e aprendizagem, que sua aplicação e viabilização no sentido de propor benefícios
eficazes para que o aluno se aproprie dessa habilidade da aquisição de Leitura e
Escrita de maneira interativa na sociedade em que está inserido e em outros
contextos.
Magda Soares (2006) sublinha:
Literacy é o estado ou condição que assume aquele que aprendeu a ler e
escrever.implicita neste contexto está a idéia de que a escrita traz
conseqüências sociais, culturais,políticas, econômicas, cognitivas,
lingüísticas, quer para o grupo social em que seja introduzido, quer para o
individuo que aprenda a usá-lo.Letramento é, pois, o resultado da ação de
ensinar ou aprender a ler e escrever, o estado ou condição que adquire um
grupo social ou um individuo como conseqüência de ter se apropriado da
escrita (p.17-18).
O que se constata é que apesar do termo ser descoberto ou trabalhado a
mais de 20 anos, não se percebe muito de maneira expressiva um índice que
demonstre um número de pessoas letradas hoje, para muitos é como se estivessem
trabalhando pela primeira vez, uma vez que pesquisas apontam para o índice de
analfabetismo e de analfabetos funcionais, caracterizado por pessoas que lêem e
escrevem, mas não se apropriam da leitura e da escrita em contextos sociais.
Ângela Kleiman (1995) explica:
Pessoas letradas são aquelas que fazem uso da sua palavra em suas
múltiplas formas de linguagem(corporal,escrita,falada,ou visual) para a
comunicação de seus pensamentos.Novas exigências de leitura e escrita
estão sendo apresentadas ao brasileiro a cada novo ano. E com isso damos
as boas vindas ao termo letramento em substituição ao tão surrado
alfabetismo. Com essa visão compreendemos o processo de Letramento
como sendo a leitura do mundo diário, do mudo interior e exterior de cada
ser humano, o fato de não encontrarmos o vocábulo Letramento no Brasil
até meados da década de 80, reflete a importância dada em nossa cultura
ao papel de leitura e escrita na vida dos brasileiros e sua variação em
diferentes contextos culturais (p. 18).
22. 22
Analisando todo esse contexto da inserção do termo Letramento no cenário
da educação brasileira, é importante percebermos e isso se evidencia nas
deficiências de ensino e aprendizagem, que muito precisa ser feito para que
viabilização desta proposta seja de fato inserida no sistema educacional de maneira
progressista e significativa que propicie ao sujeito fazer uso da leitura e da escrita no
contexto social em que se encontra, e que como já dizia o mestre a leitura da
palavra seja precedida da leitura de mundo (FREIRE, 1992).
É necessário criar mecanismos para mudar o cenário educacional presente
ainda com metodologias totalmente tradicionais, não que se despreze totalmente, e
que não seja em muitos aspectos dotada de significados, mas que abra espaço
para o novo quando é positivo, que não use a leitura e a escrita apenas como
decodificação ou conteúdos que não fazem sentido, mas que estimule, para que o
aluno possa usar o que aprendeu em funções e situações sociais em toda a sua
vida.
Soares (2003) pontua com muita precisão:
Afinal o que é letramento, letrar é muito mais do que alfabetizar é ensinar a
ler e escrever dentro de um contexto onde a escrita e a leitura tenham um
sentido e faça parte da vida do aluno. O letramento tem como objeto de
reflexão de ensino ou de aprendizagem, os aspectos sociais da língua
escrita. Assim como objetivo o letramento no contexto do ciclo escolar,
implica adotar na alfabetização uma concepção social da escrita, em
contraste com uma concepção tradicional que considera a aprendizagem da
leitura e produção textual como a aprendizagem de habilidades
individuais.Letramento é um termo novo que surgiu nos últimos anos e que
supera a alfabetização, acontece antes e durante a alfabetização e continua
para todo o sempre. O aluno precisa saber fazer uso e envolver-se nas
atividades de leitura escrita (p.23).
Assim como se faz necessário ao aluno saber fazer uso das habilidades de
leitura e escrita antes de mais nada cabe ao professor e a todo o sistema de ensino
viabilizar através das práticas metodológicas não somente no contexto diário da sala
de aula, mas em várias situações em que se faça exigência. Uma vez que
compreendermos a relevância de se aprender nessa perspectiva de não só
decodificar letras, mas essencialmente compreender o sentido real de uma palavra,
frase ou texto entenderemos que ser Alfabetizado e Letrado é muito diferente de ser
apenas alfabetizado e não fazer uso da leitura e da escrita em contextos sociais, e
que mesmo não sendo alfabetizado mas ser Letrado este último ainda é imperioso.
É ainda Magda Soares (2006) quem enfatiza:
23. 23
A pessoa que aprende a ler e escrever- que se torna alfabetizada e que
passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais
de leitura e de escrita-que se torna letrada- é diferente de uma pessoa que
não sabe ler e escrever- é analfabeta- ou, sabendo ler e escrever, não faz
uso da leitura e da escrita- é alfabetizada mas não é letrada, não vive no
estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a
escrita (p. 36).
É importante destacarmos com muita relevância,o sentido e o papel do
letramento em todos os espaços e segmentos escolares, pois este processo não se
da somente no ciclo da alfabetização nas séries iniciais, mas se propaga por vários
segmentos de ensino condicionando tornar pessoas letradas desde cedo, da
educação de base,no entanto, é constante a associação de Letramento e
Alfabetização embora os dois termos não se dissocie, há um período natural e hábil
para que o individuo possa se alfabetizar,mas a aprendizagem no processo de
letramento acontece a vida toda.
E sendo assim direcionamos para outra vertente que na verdade confirma o
quanto é amplo o sentido da prática do letramento e que com conhecimento desta
proposta fica mais viável e possível aplicarmos às nossas práticas pedagógicas
onde se priorize acima de tudo o que é significativo para o aluno dentro de seu
contexto.
Kleiman (2005) pontua:
O professor precisa ter autonomia para decidir sobre a inclusão daquilo que
pode e deve fazer parte do cotidiano da escola, porque é legítimo e
irremediavelmente necessário, por outro lado, saber a exclusão daqueles
conteúdos desnecessários e irrelevantes para a inserção do aluno nas
praticas letradas, que parece-nos persistir por inércia e tradição.Finalmente
é importante também que haja uma negociação daquilo que pode não
interessar momentaneamente o aluno mas precisa ser ensinado pela sua
real relevância em nossa cultura e sociedade (p.19).
Faz-se necessário que a reflexão e a tomada de decisões por parte dos
envolvidos no processo de ensino seja propicio a favorecer uma aprendizagem que
faça sentido para a vida do aluno ao longo de sua vida, que o ato de ensinar não
seja feito de maneira mecânica e com fim somente para trabalhar conteúdos pré-
estabelecidos, mas que sejam sempre modificados e aperfeiçoados para
proporcionar aprendizagens que sejam úteis em todas as esferas da vida do
aprendiz.
24. 24
Scribner (1984) apud kleiman (2005) reforça a importância do letramento
funcional ou de sobrevivência, ao escrever:
A habilidade de letramento em nossa vida diária é óbvia, no emprego,
passeando pela cidade, fazendo compras, todos encontramos situações
que requerem o uso da leitura ou a produção de símbolos escritos. Não é
necessário apresentar justificativas para insistir que as escolas são
obrigadas a desenvolver nas crianças, as habilidades de letramento que as
tornarão aptas à responder a estas demandas sociais cotidianas.E os
programas de Educação Básica tem também a obrigação de desenvolver
nos adultos habilidades que devem ter para manter seus empregos ou obter
outros melhores, receber treinamentos, e os benefícios que tem direito e
assumir suas responsabilidades cívicas e políticas (p.73).
Considerando o papel do professor como de fundamental importância uma
vez que é ele quem está em contato direto com o sujeito é de extrema
responsabilidade e compromisso consolidar esta proposta pois o ato de ensinar
requer uma metodologia e uma prática que está sempre atrelada a uma teoria.
Sobre isso Soares (2003) refere-se:
De certa forma o fato de que o problema da aprendizagem da leitura e de
escrita tenha sido considerado no quadro dos paradigmas conceituais,
“TRADICIONAIS”, como um problema sobretudo metodológico, contaminou
o método de alfabetização atribuindo-lhe uma concepção negativa: é que
quando se fala em metodologia da alfabetização por exemplo identifica-se
metodologia imediatamente métodos com os tipos tradicionais de métodos-
sintéticos e analíticos(fônico, silábico, global, etc.) como se esses tipos
esgotassem todas as alternativas metodológicas.Para a aprendizagem da
leitura e da escrita talvez se possa dizer que para a prática da alfabetização
tenha-se anteriormente um método e nenhuma teoria:Com as mudanças de
concepção sobre o processo de aprendizagem da leitura e da escrita, passa
se ter uma teoria e nenhum método (p. 110).
Podemos perceber que com as mudanças nos sistemas de ensino, e com a
chegada de novas palavras no cenário educacional, ainda perdura dúvidas, e gera
ainda muitos conflitos causando as vezes desentendimento quanto a elucidação de
determinadas propostas, teorias, práticas e metodologias a serem aplicadas ou
desenvolvidas.É preciso uma compreensão a cerca de muitas nomenclaturas novas
em educação e que antes de serem desenvolvidas sejam entendidas e esclarecidas
para que não gere transtornos e objetivos contrários ao que se propõem quando se
decide adotar ou trabalhar na perspectiva de determinadas propostas inclusive do
letramento.
Como enfatiza Soares (2006) “Letramento é uma palavra ainda desconhecida
ou mal entendida, ou ainda não plenamente compreendida pela maioria das
25. 25
pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua há muito pouco tempo”
(p.19).
Fica claro que as devidas e necessárias intervenções no que concerne às
práticas de Letramento para possibilitar ao aluno fazer uso da leitura e escrita em
contextos sociais é tarefa fundamental do professor que está atuando e em contato
direto com os sujeitos de ensino, mas também como ratifica (SOARES, 2006) a
verdadeira natureza do letramento são as formas que as práticas de leitura e escrita
concretamente assumem em determinados contextos sociais, e isso depende
fundamentalmente das instituições sociais que propõem e exigem essas práticas.
Letramento é um conjunto de práticas de leitura e escrita que resultam de uma
concepção de o que, como, quando e por quê ler e escrever.
Freire (2006) vem mediar:
Não é possível intervenção sem compreensão do objeto que se pretende
atuar ou se está atuando. A leitura do mundo sob permanente processo de
intervenção, leitura expressa na língua falada, cedo ou tarde exigira sua
complementação pela escrita lida. Por isso é que não há leitura do texto
sem leitura de mundo leitura de contexto.É esta uma das violências que o
analfabetismo realiza- a de castrar o corpo consciente falante do homem e
mulher, proibindo-os de ler e escrever, com o que se limitam, na capacidade
de, levar o mundo, escrever sobre sua leitura dele e, ao fazê-lo repensar a
própria leitura (p 53).
Portanto as práticas devem ser repensadas a cada momento em que se
perceber que não se está intervindo de maneira eficiente e satisfatória para a
aquisição desse fenômeno, pois é preocupante que alunos passem tanto tempo na
escola aprendendo a ler e a escrever, e não façam uso dessas habilidades, letrar e
não apenas alfabetizar deve ser condição primordial para o acesso, interação e
participação no meio social, o que a alfabetização por se só não permite. É
imprescindível que elevemos o nível de letramento dos alunos para que obtenham
êxito ao longo das experiências de sua vida e não enfrente dificuldades naturais a
quem ainda não alcançou, como sublinha (SOARES 2006) sabem ler e escrever,
mas enfrentam dificuldades para escrever um oficio, preencher um formulário,
registrar a candidatura a um emprego, os níveis de letramento é que são baixos.
26. 26
2.2 Práticas metodológicas: como se forma leitores?
Partindo do pressuposto de que a atividade e o objetivo elementar da escola,
é ensinar o aluno a ler e escrever, nos remetemos a compreender estas habilidades,
no sentido do letramento.
A finalidade principal da escola é, e deve ser ensinar ou levar o aluno a ler e
escrever e que estas competências aconteçam de maneira eficaz e satisfatória, para
que ele use com competência o que aprendeu. É dotada de toda uma importância
todas as disciplinas que se destinam a trabalhar com os alunos, entretanto, ler e
escrever, contar e calcular merece um acentuado destaque e enfatizamos as
habilidades de leitura,ou como se dá esse processo no sistema de ensino.
Diante da realidade, em que se percebe algumas deficiências e ausências,
quanto a competência de leitores, faz-se necessário compreendermos como se
conceitua o ato de ler.
A realidade aí exposta, quanto a qualidade e competência de leitura em
nossas escolas, requer um olhar diferenciado, e que dimensione e almeje a
formação de leitores com habilidades diversas, se apoderando dessas habilidades
tão benéficas para que sejam uteis no seu cotidiano.
Lenner (2002) enfatiza que:
O necessário é fazer da escola, uma comunidade de leitores que recorram
aos textos buscando respostas para os problemas que necessitam resolver,
tratando de encontrar informação para compreender melhor alguns
aspectos do mundo que é objeto de suas preocupações, buscando
argumentar para defender uma posição para a qual estão comprometidos
ou para rebater outra que considerem perigosa ou injusta, desejando
conhecer outros modos de vida, identificar com outros autores e
personagens ou se diferenciar deles, viver outras aventuras, inteirar-se de
outras historias, descobrir outras formas de utilizar a linguagem para criar
novos sentidos (p. 17-18).
Não só partindo do que disse a autora, mas refletindo a partir de outras
leituras, percebemos o quanto a leitura é imprescindível para a atuação, inserção e
mobilização do sujeito que adquire de maneira competente, se tornando útil para
aplicar em seu contexto diário.Infelizmente, ainda é deplorável, o modelo de leitura
que se realiza ou que se dá em nossas escolas, pois, contribui pouco de maneira
ainda incipiente,quando se revela as dificuldades encontradas em relacionar ou
27. 27
distinguir por partes dos nossos alunos, a natureza de diversos gêneros textuais e
suas funções, bem como em muitos casos a incapacidade de interpretar vários tipos
de texto.
Ainda segundo Lenner (2002):
O necessário é fazer da escola um âmbito onde a leitura e escrita sejam
práticas vivas e vitais, onde ler e escrever, sejam instrumentos poderosos
que permitam repensar o mundo e reorganizar o próprio pensamento, onde
interpretar e produzir textos, sejam direitos que é legitimo exercer e
responsabilidade que é necessário assumir ( p. 18).
É preciso pois, repensar o modelo de práticas existentes e impostas ainda
hoje nas escolas que ainda direcionam para o não êxito de formarmos alunos
leitores competentes, pois o que a realidade mostra é que ainda há deficiências que
precisam ser sanadas o quanto antes, e que as práticas realizadas nas instituições
escolares, dimensionem e objetivem contribuir para a formação de leitores
eficientes, porque letrados.
Cabe à escola proporcionar momentos de leitura significativa, e ao aluno
também o interesse em adquirir com empenho esta habilidade para os vários usos
em que se exigirão em sua vida. É importante que o tempo vivido na escola seja
válido e consolidado com práticas fundamentais que viabilizem uma aprendizagem
rica de sentidos e expressiva na realidade prática e diária do aluno.
Cagliari (1998) se expressa da seguinte forma:
Neste país, o aluno passa 8 anos na escola de 1º grau, 3 anos na de 2] grau
e pode passar mais 4 na faculdade, sem contar o ano de cursinho
preparatório e as reprovações...e, se um especialista em problemas
relacionados à língua portuguesa fizer uma pesquisa, para ver o que esse
aluno aprendeu em mais de uma década de estudos, sem duvida ficará
decepcionado.Então o que o aluno fez nesses anos todos de escola? Será
que o ser humano precisa de tanto tempo para aprender tão pouco? O que
está errado nesta história? (p. 7-8).
São inúmeros os fatores envolvidos, quanto a aprendizagem, especificamente
em se tratando de leitura, fator preponderante no âmbito escolar. Resolver os
problemas de imediato torna-se tarefa quase impossível, mas, refletindo, estudando,
objetivando capacitar os alunos a serem leitores aptos a interpretar os vários tipos
de textos e de leitura, em uma interação conjunta com todos os envolvidos no
28. 28
processo escola, é possível, viável e provável mesmo que aconteça aos poucos e
gradativamente.
Ensinar e proporcionar momentos significativos de leitura para que sejam de
fato letrados não é tarefa somente do professor de português, mas uma tarefa
conjunta vinculada com todos os professores envolvidos das respectivas áreas do
conhecimento em que atuam, pois para saber interpretar qualquer texto, questão, ou
enunciado de uma outra disciplina que não seja português, é preciso saber ler e ler
bem.
Miguel Arroyo (2011) salienta:
Supõe-se que a partir da área que se chega à cidadania, ao sujeito inserido
e participativo. A lógica que é proposta a cada professor parece ser esta:
não esqueça que sua função é formar o cidadão, mas como? Sendo um
bom, excelente professor (a) de sua matéria. Não esquecendo que a
Matemática, as Ciências, a Escrita, a Geografia, a Historia, a Arte, a
Educação Física, todo conhecimento que ensinares, toda competência que
cultivares ampliará as possibilidades de inserção e de participação social,
formará as capacidades intelectuais, éticas estéticas, indenitárias,
desenvolvimento mental.Ensinemos os conteúdos de cada área e
estaremos viabilizando a capacidade dos alunos de exercerem plenamente
sua cidadania (p. 108-109).
Diante do exposto fica claro contatarmos a importância do envolvimento e
compromisso de todo corpo docente, para promover a inserção de aluno leitores e
sendo assim cidadãos plenos nas mais variadas situações, tanto dentro quanto fora
da escola. Estas considerações entre as necessárias intervenções e contribuições
entre todos os envolvidos, possibilitará alcançar o que mais se objetiva na escola,em
especial, ensinar a ler e escrever, mas que esta leitura deve ir além do decodificar
letras, palavras ou frases mas que acima de tudo, o leitor interprete com clareza e
compreenda o que está explicito nas entrelinhas.(FREIRE, 2006).
Segundo Soares (2006):
Ler é um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem
desde simplesmente decodificar sílabas ou palavras até ler GRANDE
SERTOES VEREDAS de Guimarães Rosa... Uma pessoa pode ser capaz
de ler um bilhete, ou uma história em quadrinhos e não ser capaz de ler um
romance, um editorial de jornal.Assim, ler é um conjunto de habilidades,
comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo
continum, em que ponto desse continum uma pessoa deve estar para ser
considerada alfabetizada? No que se refere a leitura? A partir de que ponto
desse continum uma pessoa pode ser considerada letrada, no que se refere
à leitura? (p. 57)
29. 29
A amplitude de questões no que se refere a leitura é muito extenso, e requer
acima de tudo conhecimento e preparo por parte de alunos, professores e todos os
envolvidos direta e indiretamente, pois como dizia Freire ( 2006) “ensinar a ler e
escrever não é uma questão técnica é uma questão política”(p15). A aquisição da
leitura não se dará penas por uma parte técnica de ensinar ao aluno a junção de
letras formando sílabas, sílabas formando palavras e palavras frase (FREIRE, 2006)
mas fazer entender a função e a finalidade do que esta escrito, para fazer uso no
seu dia a dia, não se restringindo apenas na escola mas em toda a sua vida.
E ao professor é atribuído uma responsabilidade que é fundamental para a
viabilização dessa proposta de ir além do simples decodificar letras e palavras, mas
compreender o que significa, e onde se aplica o que aprendeu.
Kleiman (2005) vem mediar:
O letramento nada mais é do que a preocupação com a inserção dos
gêneros significativos que estão a todo tempo na vida do indivíduo.O
professor é o principal articulador e mediador deste novo conceito, pois será
ele quem decidirá sobre quais os conteúdos importantes para o individuo
se transformar e transformar a sociedade na qual está inserido. O tema é
amplo seu conhecimento se faz necessário (p.4).
Mais uma vez percebemos a grandiosidade e importância do professor nesse
processo, e que, se bem articulado, e trabalhado por todos para alcançar o mesmo
objetivo, como sendo formar o aluno letrado, será possível pois, com a mudança e a
contribuição que não pode ser feita por uma pessoa só, ela nasce do desejo da
gente sim, mas é coletiva social.Todos nós temos de assumir responsabilidades no
processo geral da mudança.(FREIRE, 2006).
Existe ainda muitos fatores de ordem maior, que precisam ser analisados com
muito cuidado, responsabilidade e competência, assim como encarar muitos
desafios para reverter esse quadro que ainda atua, no sentido de que não se está
alcançando na escola leitores que leiam de modo expressivo que demonstrem
claramente que já se alcançou esta habilidade de forma competente.E uma das
principais mudanças e é necessário acentuar, está no repetido e válido discurso da
formação e compreensão do professor em relação as sua práticas e metodologias,
que ainda reflete em idéias e concepções de um modelo tradicional de ensino, que
se confronta às vezes com sua precária formação.
30. 30
É indispensável, pois, conhecimento e preparo, em todos os segmentos e
níveis em que se está atuando, contribuindo de maneira sólida para a aquisição de
alunos leitores, e que se trabalhe de maneira profunda em cada série ou nível, não
atribuindo ou negando responsabilidades que na verdade cabe a todos os
profissionais envolvidos, a alcançar um objetivo que é comum a todos, ao menos, é
o que se almeja.
Parece contraditório quando (CAGLIARI, 1998) expressa que parece muito
estranho querer tratar de gênero gramatical na alfabetização, isso deve ser
preocupação do ensino somente em séries mais avançadas.
O que pretendemos acentuar é que muito do que está se evidenciando hoje,
no âmbito escolar é que muitas das habilidades a serem adquiridas pelos alunos em
determinados níveis de ensino e aprendizagem, é que ainda perdura uma certa
indefinição de papéis quando ao que, como e porque ensinar, precisando
urgentemente se ter claro, cada um o seu papel e seus objetivos quanto a levar o
aluno tão somente a ler e escrever com autonomia, competência e precisão.
Não poderemos obter qualquer êxito para a nossa satisfação enquanto papel
cumprido, que é o de levar o aluno ler com eficácia, na perspectiva do letramento, se
houver certo individualismo de cada um que acha que não é papel seu ou que não
compete à sua disciplina ensinar a ler ou escrever. Para alcançarmos este objetivo
será indispensável e até mesmo obrigatório a participação de todos neste processo.
É ainda Cagliari (1998) quem subsidia:
Se todos os professores incluindo não só os da alfabetização, mas também
os demais, partirem da realidade de seus alunos, no começo do ano, para
ensinar o que acham que deve ser ensinado, tem-se um argumento a mais
para a promoção automática na escola. Uma programação geral deve ser
distribuir conteúdos básicos para serem ensinados ao longo dos oito anos
do primeiro grau.Se um aluno não aprendeu direito um ponto num ano, o
professor do ano seguinte, em vez de reclamar do colega, tem de assumir
seu papel e ensinar a esse aluno o que ele precisa saber (p. 71).
Esta fala do autor é o cerne central da discussão da problemática a qual nos
propusemos, que com certeza, ainda precisa ser vinculada nas nossas propostas e
práticas de ensino de maneira que toda dimensão da leitura e formação de leitores
sejam sintetizados em alguns poucos objetivos, que é promover alunos letrados,
31. 31
com o comprometimento de todos os professores, não importando a disciplina que
ensina nem tampouco o seu segmento.
2.3 Falando um pouco sobre a educação básica
A forma de organização que se dá nas escolas brasileiras ainda precisam ser
analisadas e compreendidas, quanto ao objetivo a que se propõem tantos processos
que se modificam constantemente e fragmentam o ensino, o que deveria se tornar
unidade com condições que possibilite ao aluno o seu desenvolvimento e
aperfeiçoamento de forma progressiva, contínua e integradas em todo o processo de
ensino e aprendizagem, e aqui salientamos a necessidade de práticas de leitura e
escrita nos contextos de letramento, em toda a educação básica,mais
especificamente no ensino fundamental.
É importante entendermos um pouco sobre a Educação Básica, que
compreende a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e neste
contexto nos remetemos mais sobre o Ensino Fundamental, especificamente as
séries finais deste respectivo segmento, que constitui parte intermediária e
fundamental que sucede a Educação infantil e antecede o Ensino Médio
completando assim o que compõe a Educação Básica.
As mudanças que ocorreram na Educação e ainda ocorrem ao longo do
tempo, no que se refere às leis e normas bem como o aperfeiçoamento, alterações
ou emendas no sistema educacional, assim como nomenclaturas que caracterizam e
intitulam o sistema de ensino, merecem um olhar mais contextualizado e uma clara
compreensão do que vem a ser políticas públicas educacionais, sobretudo o estudo
da lei maior em Educação, LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) explica que:
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Federal n.
9.394), aprovada em 20 de dezembro de 1996, consolida e amplia o dever
do poder público para com a educação em geral e em particular para com o
ensino fundamental. Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a educação
básica, da qual o ensino fundamental é parte integrante, deve assegurar a
todos “a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e
fornecer-lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”,
32. 32
fato que confere ao ensino fundamental, ao mesmo tempo, um caráter de
terminalidade e de continuidade (p. 15).
A Educação básica ainda é um conceito definido no art. 21 como nível de
educação nacional e que congrega articuladamente as três etapas que estão sob
esse conceito: a Educação infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio
(PCNs).Analisando a partir da etimologia da palavra básica, como fundamental,
essencial, indispensável é este período para o educando, a passagem pela
educação básica como desenvolvimento de suas funções psíquicas e orgânicas,
como o aprimoramento para estudos posteriores.
Podemos considerar, a partir desse contexto, e que merece uma análise mais
detalhada com mais ênfase é que compreendamos que é no Ensino Fundamental
como sendo um período de aprendizagem essencialmente básico, que se deve
adquirir os níveis elementares de leitura e escrita para dar continuidade e prosseguir
até o final da Educação Básica, denominado Ensino Médio e também a outras
etapas posteriores a este.
No art. 205 da constituição federal de 1988: “A educação, direito de todos e
dever do estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Vale ressaltar que este artigo 205 precisa ser mais refletido mais estudado e
discutido nos espaços onde merece ser analisados para que se torne menos
distante a teoria e a prática. A realidade que ocorre em nossas escolas
especificamente a pública, precisa ser redirecionada, para práticas realmente
verdadeiras que de fato aconteça esse ensino pautado no dever da família
inicialmente, e práticas que almejem a formação de cidadãos autônomos, críticos e
qualificados para o trabalho e para as variadas situações que enfrentarão na vida,
desde a Educação Básica.
Conforme Almeida (1998):
Quanto mais amadurecidas forem nossas propostas e seriamente
discutidas, menores serão as nossas ilusões e maiores as expectativas de ir
traçando um horizonte mais promissor para a democratização e
universalização da educação básica (p. 48).
33. 33
É extremamente importante em todos os níveis da Educação Básica
refletirmos sobre as nossa Práticas e propostas que venham a ser desenvolvidas,
bem como as estratégias e objetivos que irão nortear o andamento do nosso
trabalho. E ainda neste contexto, nos referimos especificamente as práticas na
perspectiva do Letramento, ainda no que se refere às nossa práticas, Brandão
(2001), ressalta que:
Acreditamos que ao levar o aluno a aprender a ler as estratégias discursivas
com que se tecem os diferentes gêneros, o professor estará contribuindo
com sua parcela de formar cidadãos em seu pleno desenvolvimento.
Contudo para que o professor possa de fato dar a sua parcela de
contribuição, é preciso que tenha clareza das noções que nos levarão o seu
fazer pedagógico. Deve-se evitar uma postura pretensamente arrogante que
tantas vezes toma conta do mundo acadêmico e do mundo das instituições
que regem a educação baseada na apresentação de propostas de
aplicação de tal e tal teoria, sem o lastro entre o estreitamento entre o que
se quer e o que é possível fazer pode proporcionar (p. 43).
Considerando a importância do Ensino Fundamental como tempo que deve
ser assegurado ao aluno obter as habilidades e competências necessárias a
percorrer uma etapa posterior de ensino, faz-se necessário uma retomada de
estudos, reflexões e práticas vinculadas no sentido de promover a formação de
cidadãos aptos a participar da vida social.
O que pretendemos enfatizar como sendo parte altamente relevante quando
falamos em Educação Básica, especificamente no Ensino Fundamental é que é
exatamente nesta etapa que o ensino e a aprendizagem deve acontecer de maneira
eficiente e satisfatória para que se alcance durante este tempo os objetivos
indispensáveis a serem alcançados para a aquisição de capacidades, habilidades e
maturidade compondo assim conhecimentos prévios e essenciais para uma
promoção à etapa posterior.
É nesta etapa da educação básica que o ensino e aprendizagem merecem
um alicerce que fundamente e possibilite o ingresso em séries posteriores, levando o
aluno, para o desenvolvimento da sua criticidade, autonomia, independência e
eficiência com os sistemas de escrita e leitura das quais irá utilizar por toda a sua
vida dentro e fora da escola, espaço este que deve ser oferecido essa formação e
capacitação essencialmente, embora não seja o único, levando-se em conta que o
aluno adquire outras habilidades e competências também fora do âmbito escolar.
34. 34
Mas o que queremos sublinhar aqui é que é essencialmente na escola que as
habilidade e conhecimentos úteis a serem utilizados por o aluno na sua vida
profissional e social devem ser adquiridos na escola e que esta aquisição seja
eficiente, necessitando reformular ou reorganizar as práticas que muitas das vezes
não colaboram para uma aprendizagem significativa, que proporcione e estimulem o
aluno ao prazer em aprender e permanecer na escola.
Fernando Beck (2003), vem assim se expressar :
Os alunos não suportam repetir o que não lhes faz sentido, por outro lado, a
verdadeira aprendizagem escolar, deveria visar o aumento da capacidade
de aprender, tão importante nos dias atuais, e não apenas acumular
conteúdos; conteúdos freqüentemente inúteis. Além disso, a escola pública
poderia pensar em tentar conjugar, na prática pedagógica e didática, outros
verbos além do verbo repetir, para redefinir sua função didática pedagógica:
fazer, compreender, criar, inventar, sentir, abstrair, experienciar,
transformar, desafiar e etc. E inspirada no pensamento de Paulo freire
conjugar verbos como: buscar, indagar, intervir, escutar, dizer, falar, pensar,
perguntar, dialogar, mudar, transformar, pesquisar, conscientizar-se, refletir
a prática, ousar o novo e etc. Só isso já provocaria uma mudança de
perspectiva (p.32).
Neste sentido é que precisamos urgentemente reelaborar e redirecionar as
nossas práticas, e que estas possam ser pontes, ligando o objetivo que se tem e as
ações que se desenvolverão.
Os PCNs (2006) enfatiza que:
As discussões dessas questões são importante para que se explicitemos
pressupostos pedagógicos que subjazem à atividade de ensino, na busca
de ocorrência entre o que se pensa estar fazendo e o que realmente se
faz.Tais práticas se constituem a partir das concepções educativas e
metodológicas de ensino que permearam a formação educacional e o
percurso profissional do professor, aí incluída suas próprias experiências
escolares, suas experiências de vida, a ideologia compartilhada com seu
grupo social e as tendências pedagógicas que lhe serão contemporânea (p.
39).
É de enorme responsabilidade e importância a prática pedagógica do
professor, pois esta bem trabalhada e compreendida do ponto de vista do docente,
pois será estabelecida com fins claros e objetivos determinado com as devidas
intervenções para se alcançar o que se objetiva, neste sentido aluno letrados,
capazes de agir e interagir nas situações cotidianas da escola e da vida.
É ainda os PCNs (2006) que colabora:
35. 35
Embora a escola vise a preparação para a vida,não busca estabelecer
relação entre os conteúdos que se ensinam e os interesses dos alunos,
tampouco entre esses e os problemas reais que afetam a sociedade.Na
maioria das escolas essa prática pedagógica se concretiza por sobrecarga
de informações que são veiculadas aos alunos, o que torna o processo de
aquisição de conhecimento, para os alunos, muitas vezes burocratizados e
destituído de significação (p17).
Um dos objetivos gerais que os (PCNs) destacam além de outros não menos
importante, mas que aqui queremos acentuar diz que:“posicionar-se de maneira
critica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais utilizando o dialogo
como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas”(p. 107). Além de
outro que também destacamos: “utilizar as diferentes linguagens - verbal,
matemática, gráfica, plástica e corporal - como meio para produzir, expressar e
comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos
públicas e privados, atendendo as diferentes intenções e situações de comunicação
(p. 108)”.
Pretendemos enfatizar a relevância desse objetivos aqui citados, e
compreender através da ótica do sistema educacional o qual é inteiramente
responsável pela concretização desse objetivos além da responsabilidade de todos
os envolvidos neste processo, que são os profissionais da educação envolvidos
direta ou indiretamente.
Cabe à escola de maneira geral organizar, planejar, projetar e articular todas
as estratégias possíveis para a viabilização e alcance de objetivos, levando-se em
consideração que esta não é tarefa fácil, mas quando todos se juntam para alcançar
um mesmo fim torna-se tarefa ainda difícil, mas possível.
E os PCNs (2001) asseguram que: “Apesar de a responsabilidade ser
essencialmente de cada professor, é fundamental que esteja compartilhada com a
equipe da escola por meio da co-responsabilidade estabelecida no projeto educativo
(p 52)”.
A Educação Básica como já insinua o nome, deve oferecer de maneira
significativa e competente o alcance das habilidades básicas necessárias ao aluno,
atuar de maneira autônoma e eficiente na sociedade em que vive, e é na escola
onde se coloca toda a responsabilidade para o alcance dos objetivos citados
anteriormente, e que compete oferecer esta educação básica, para que o individuo
36. 36
possa interagir não só profissionalmente mas pessoalmente nas várias situações
que se fará necessário fora da escola.
É parte integrante da escola, em todos os segmentos que constituem a
educação básica, proporcionar condições elementares e dotadas de significância e
eficiência para a atuação competente e fundamental do individuo no âmbito social. E
dentro deste contexto se atrela a uma mudança geral e até radical de todos os
processos educacionais envolvidos, que parte de quem elabora as normas e os
objetivos de ensino, até a quem cumpre e realiza,assim como o currículo e algumas
práticas existentes ainda, consiste em um ponto fundamental e que requer reflexão e
ação, no sentido de fazer uma análise com cuidado e clareza, pois muitas das
práticas metodológicas desenvolvidas ainda hoje, no que se refere ao cumprimento
do currículo escolar, são metodologias e posturas que ainda revelam um certo
despreparo, que impedem de inserir propostas e desenvolver um trabalho de
maneira que dimensione e vincule práticas capazes de levar o aluno a interagir e se
construir de maneira critica, reflexiva e autônoma, o que aulas simplesmente
expositivas, exclusivamente voltada para o cumprimento de um número considerável
de conteúdos em cada unidade escolar não é possível. Cardoso (1991), expressa
que: “A prática pedagógica consciente e politizada, pressupõe vínculos entre meios
e fins, vontade, consciência dos objetivos da prática e noção exata da própria
potência dos atos para presenciá-los na ação criatividade e não prática repetitiva
(p.24)”.
O alcance de uma educação de qualidade pois, está atrelado a inúmeros
fatores os quais é inteiramente de responsabilidade e competência de todos os
envolvidos no processo educativo, e que requer constantemente análise, reflexão
critica e percepção, além de uma acentuada capacidade e maturidade para perceber
quais são os entraves que ainda dificultam o alcance dos objetivos propostos, e
sendo assim a sua concretização.
Quando os (PCNs, 2001) sublinham que o plano decenal de educação, em
consonância com o que estabelece a constituição de 1998, afirma a necessidade e a
obrigação de o estado elaborar parâmetros claros no campo curricular, capazes de
orientar as ações educativas do ensino obrigatório, de forma a adequá-los aos ideais
democráticos e à busca da melhoria da qualidade do ensino nas escolas brasileiras,
37. 37
acrescentamos e enfatizamos, que são os envolvidos no sistema de ensino
diretamente, quem deverão fazer as alterações e adaptações possíveis, no referido
currículo escolar,de modo que a sua execução seja adequada e conveniente para a
consolidação e alcance dos objetivos,pois sem as devidas intervenções tanto na
elaboração quanto no cumprimento do currículo, não será possível obter resultados
satisfatórios e com êxito na aprendizagem que se idealiza acima de tudo no âmbito
escolar.
Conforme ainda acentua os (PCNs, 2001) os altos índices de repetência e
evasão apontam problemas que evidenciam a grande insatisfação com o trabalho
realizado pela escola, o que reafirma e ratifica todo o contexto das questões aqui
apresentadas bem como sua relevância ao discutirmos pertinentemente sobre
Educação Básica.
E mais especificamente dentro desse contexto é que enfatizamos aqui a
necessidade de um trabalho voltado para práticas de leitura e escrita em contextos
de letramento, ao longo da educação básica para redirecionarmos os resultados que
ainda surgem como negativos quanto aos objetivos e papel da escola.
38. 38
CAPÍTULO III
3 METODOLOGIA
A importância da pesquisa se dá quando surge um problema, uma
inquietação a partir de um questionamento que provoca curiosidade de compreender
como se dá ou acontece determinado processo, e quando se tem um objetivo em
descobrir sobre algo o que resultará no objeto de pesquisa.
O interesse o questionamento, é a base capaz de elucidar uma pesquisa para
buscar a resposta ou compreensão de como algo acontece, onde, quando e por que
acontece. A busca por uma resposta ou resultados que se quer alcançar, acontece
essencialmente através da pesquisa, organizada, elaborada e motivada por algo que
se pretende descobrir.
Compreender práticas que se opõem e se complementam simultaneamente
como teoria e prática, será possível através do conhecimento pois, compreendemos
que conhecer é a forma mais competente para poder intervir, com aquilo que será
reflexão e também ação do objeto que se interessa e pretende-se pesquisar.
(FAZENDA 1991) refere-se à pesquisa como uma atividade de investigação
capaz de oferecer e portanto produzir um conhecimento “novo” a respeito de uma
área ou um fenômeno,sistematizando-o em relação ao que já se sabe a respeito
dele.
Pretendemos ressaltar que o conhecimento prévio que tínhamos antes da
pesquisa no que se refere ao tema em questão, se dava ainda de maneira
incipiente, o que nos estimula a realizar esta pesquisa com o objetivo de conhecer
mais e melhor para melhor intervir, onde se fizer necessário para alcançarmos de
fato os objetivos a que se propõem.
E ainda mais objetivando o que Ludke (1986) ratifica com muita precisão:
O professor que faz pesquisa tem muito mais consciência do que fazer em
sala de aula, na parte pedagógica, como também saber porque alguns
alunos vão bem, outros não.A pesquisa tem que investigar aspectos
relevantes que vão subsidiar aquela prática.
39. 39
De fato as pesquisas realizadas nas instituições pesquisadas buscam novas
metodologias e/ou práticas de ensino, elaboração de material didático e
reformas curriculares, visando a melhoria da prática docente na escola
básica (53)”.
Sendo assim é o que buscamos através dessa pesquisa, encontrarmos
fatores ou analisarmos, averiguarmos para que a partir da nossa percepção e
compreensão de inúmeros fatores que tornam ainda práticas que não condizem com
objetivos, especificamente no que se refere ao nosso problema de pesquisa,
buscarmos algumas soluções mesmo que difíceis mas não impossível, para
mudarmos e revertermos o quadro que por vezes ainda se dá de maneira
insatisfatória para os objetivos que se quer alcançar.
Enfatizamos ainda que esse processo só será possível mediante a ação
conjunta de todos os envolvidos no processo educativo bem como a clareza e a
razão de por que pesquisar e para que pesquisar, entendendo que a cada elemento
novo que surge durante a pesquisa, é algo que se complementa para a elucidação
completa de uma pesquisa, juntando fatores que se tornam indispensáveis nessa
ação de pesquisar.
É o que reafirma Fazenda (1991):
A compreensão de um fenômeno só é possível com relação á totalidade à
qual pertence (horizonte da compreensão). Não há compreensão de um
fenômeno isolado; uma palavra só pode ser compreendida dentro de um
contexto. Um elemento é compreendido pelo sistema ao qual se integra e,
reciprocamente, uma totalidade só é compreendida em função dos
elementos que a integram (p.101).
E Ludke (2001) sublinha que “os dados da minha pesquisa alimentam a
minha prática de ensino e a minha prática de ensino fornece dados para a minha
pesquisa, na prática docente na sala de aula surge elementos novos para serem
investigados (p.31)”.
É possível pois uma reflexão e uma ação que seja realizada de forma
competente e real para que a pesquisa não decorra em um simples ato sem
fundamentos e práticas que respaldem a importância e necessidade de se pesquisar
descobrir o que se pesquisou e intervir para completar e somar novos saberes e
novas práticas bem como novas atitudes, a serem tomadas para a concretização de
todas as ações pensadas, elaboradas e objetivadas.
40. 40
Partindo desse breve enfoque sobre o que é pesquisar mesmo que de
maneira ainda incipiente, assinalamos e destacamos que a nossa pesquisa será de
teor qualitativo, em vista disso Bogdan e Biklen (1982) apud LUDKE E ANDRÉ,
1986, p.11); “A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do
pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada”.Enfatizamos
que é por meio e através dessa vertente que optamos e explicamos o cunho da
nossa pesquisa.
3.1 Instrumentos da Pesquisa
Para execução da pesquisa e para a obtenção dos resultados que se
pretendeu alcançar, foram necessários alguns procedimentos que evidenciam os
caminhos da pesquisa, que denominamos: Entrevista semi-estruturada e
Questionário fechado.
3.1.1 Entrevista
A escolha por este instrumento se deu através da concepção de que este
recurso nos possibilita e proporciona uma série de informações relevantes e eficazes
a que pretendemos investigar por estarmos em contato direto com o objeto a ser
pesquisado, o que outros instrumentos de coleta de dados talvez não viabilize e que
embora seja um dos mais trabalhosos seja no que se refere à sua análise e
interpretação dos dados colhidos, seja um dos mais ricos e potenciais nas
aquisições de informações que se pretende descobrir.
Ludke e André (1986) assim se referem a este instrumento de coleta de
dados:
Ao lado da observação, a entrevista representa um dos instrumentos
básicas para a coleta de dados, esta é uma das principais técnicas de
trabalho em quase todos os tipos de pesquisa utilizados nas ciências
sociais.Mais do que outros instrumentos de pesquisa, que em geral
estabelecem uma relação hierárquica entre o pesquisador e o pesquisado,
como na observação unidirecional, por exemplo, ou na aplicação de
questionário ou de técnicas projetivas, na entrevista a relação que se cria é
de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem
pergunta e quem responde (p. 33).
A entrevista permite pois uma gama rica de informações que talvez se
destaca dos demais instrumentos por possibilitar um contato direto com os
41. 41
entrevistados,trazendo inúmeros elementos que possam surgir, durante esse tempo
de diálogo e interação.
3.2 Lócus da pesquisa
Essa pesquisa se realizou na Escola Municipal Antônio Bastos de Miranda,
em Missão do Sahy, povoado situado a 8km do Município de Senhor do Bonfim-Ba.
A escola tem como diretora Sheila Lima Aguiar, eleita pela comunidade para gestar
durante os anos letivos 2011 e 2012. Funciona durante os três turnos, matutino com
ensino fundamental II (6º ao 9º ano) vespertino com (4º ano e 5º ano) e noturno com
EJA (Educação de jovens e adultos).
Sua estrutura física é composta por quatro salas de aulas, uma sala de
recursos onde atende os alunos com NEE (Necessidades Educacionais Especiais),
uma diretoria, uma sala de informática, um pátio pequeno, três banheiros, uma
cantina e um pequeno almoxarifado. Sua estrutura não é suficiente para compor o
número total de alunos que somam um total de 207, por este motivo, quatro turmas
do turno vespertino ocupam o espaço do colégio estadual concedido e autorizado
através de solicitação pela Secretaria de Educação Municipal com a diretoria da
DIREC 28 de Senhor do Bonfim.
A escola possui também uma extensão, anexo onde é oferecido a educação
infantil no turno matutino e o ciclo (CBAi, CBASI, CBASII, que significa ciclo básico
inicial e ciclo básico seqüencial) no turno vespertino.
Assinalamos ainda que os espaços cedidos à escola Antônio Bastos pela
secretaria estadual será por tempo determinado o que ocasiona e acarreta inúmeros
problemas e que dificultam o bom andamento e aproveitamento das práticas e
atividades escolares.
3.3 Sujeitos da pesquisa
Os principais sujeitos dessa pesquisa foram essencialmente os professores
do Ensino Fundamental ll da referida escola, que atuam em sala de aula nos
respectivos dias de suas aulas, conforme o cronograma de aula, foram esses
professores bem como suas práticas pedagógicas que viabilizaram e forneceram