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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
     DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
            COLEGIADO DE PEDAGOGIA



                  TATIANE DA SILVA LIMA




   PEDAGOGIA EMPRESARIAL: A ATUAÇÃO DOS
PEDAGOGOS NAS EMPRESAS DE SENHOR DO BONFIM
                       BA




                  SENHOR DO BONFIM
                       2011
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB
     DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
            COLEGIADO DE PEDAGOGIA



                  TATIANE DA SILVA LIMA




   PEDAGOGIA EMPRESARIAL: A ATUAÇÃO DOS
PEDAGOGOS NAS EMPRESAS DE SENHOR DO BONFIM
                       BA




                       Monografia apresentada ao Departamento
                       de Educação / Campus VII – Senhor do
                       Bonfim, da Universidade do Estado da
                       Bahia, como parte dos requisitos para
                       obtenção de graduação no Curso de
                       Pedagogia com Habilitação em Docência e
                       Gestão de Processos Educativos.

                       Orientadora: Profª Beatriz Barros




                  SENHOR DO BONFIM
                       2011
TATIANE DA SILVA LIMA




       PEDAGOGIA EMPRESARIAL: A ATUAÇÃO DOS
 PEDAGOGOS NAS EMPRESAS DE SENHOR DO BONFIM
                                                 BA.


                    Monografia apresentada ao Departamento de Educação-
                    Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte
                    dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de
                    Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de
                    Processos Educativos.




Aprovada em_______de ________________de 2011.


                                 BANCA EXAMINADORA


         _______________________________________________________
        Profª Beatriz Barros- Universidade do Estado da Bahia-UNEB
                                 Orientadora

       _____________________________________________________
                 Profª................................................................................
                      Universidade do Estado da Bahia – UNEB
                                       Examinadora


       _____________________________________________________
             Profª............................................................................
                   Universidade do Estado da Bahia – UNEB
                                          Examinadora
A DEUS, este ser supremo fonte de toda graça e
virtude.


Ao meu amado PAI Pedro Alves Lima, meu
orgulho e exemplo de vida, homem sábio, que
sendo morador da zona rural, com pouca
escolaridade, não mediu esforços para a minha
formação.


As minhas três MÃES do coração: Josefa Alves
Lima (avó), Maria Angélica de Souza (tia e
madrinha), ambas in memória, e Raquel Oliveira
Reis (mãe). São elas minhas referências
femininas de determinação e caráter.


Ao meu amado NOIVO Gilson Mendes de Souza
– Presente de DEUS na minha vida. Meu
companheiro de todas as horas, que me
compreende e incentiva cotidianamente.
AGRADECIMENTOS



A minha orientadora PROF.ª BEATRIZ BARROS pela paciência e pelas importantes
lições oferecidas do início até a conclusão deste trabalho.


A PROFª SIMONE WANDERLEY pelas orientações oferecidas que muito
contribuíram para as melhorias realizadas nesta produção.

A PROFª MARIA GLORIA DA PAZ por me instruir na fase inicial deste estudo. E ao
colega LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE pela sua contribuição na finalização do
mesmo.


Aos (as) AMIGOS (AS) CONQUISTADOS (AS) na minha trajetória no curso de
pedagogia da UNEB- Campus VII, em especial a ERIVÂNIA DE SOUZA SILVA.


A todo CORPO DOCENTE da Universidade do Estado da Bahia- UNEB e, em
especial, aos Docentes do Curso de Pedagogia, cujos ensinamentos jamais serão
esquecidos.
RESUMO




O presente trabalho consiste em uma abordagem sobre o novo cenário
mercadológico que surge para o pedagogo na contemporaneidade em espaços não-
formais, enfatizando dentro desse cenário a empresa como um ambiente rico em
novas perspectivas para esse profissional. Adentramos o universo da pedagogia
empresarial a partir do estudo da vivencia dos pedagogos que atuam em
organizações empresariais da cidade de Senhor do Bonfim-Ba. Trata-se, portanto,
de uma investigação acerca da realidade da pedagogia empresarial na cidade, a
partir da visão dos próprios pedagogos que atuam na área, elucidando a identidade
desse profissional e desmistificando os desafios e expectativas encontrados nesse
novo nicho de mercado.



Palavras-Chave: Pedagogo, Identidade profissional, Pedagogia Empresarial.
LISTA DE ABREVIATURAS



SIGLA                           SIGNIFICADO
ANFOPE   Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação


CERB     Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia-

                           Núcleo Regional de Senhor


Embasa        Embasa- Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A


 CFE                     Conselho Federal de Educação


 CNE                     Conselho Nacional de Educação


 RH                            Recursos Humanos
SUMÁRIO


                                                                  9
INTRODUÇÃO

1. CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA                                      12

    1.1 A busca da identidade: um breve histórico do curso de
                                                                  12
    Pedagogia

    1.2 A pedagogia frente ao mundo contemporâneo: Perspectivas
       além dos muros da escola                                   17



2. CAPÍTULO II – QUADRO TEÓRICO                                   20

     2.1. Pedagogo: Que profissional é esse?                      20
     2.2. Identidade Profissional do pedagogo                     24
     2.3. Pedagogia Empresarial                                   28

3. CAPITULO III – METODOLOGIA                                     34

  3.1. A pesquisa Qualitativa                                     34
  3.2. Lócus de Pesquisa                                          35
  3.2.1. A Cerb
                                                                  35
  3.2.2. A Embasa
                                                                  36

  3.3. Sujeitos da pesquisa                                       36
  3.4 . Estratégias e Instrumentos da Pesquisa                    37
  3.4.1. Questionário Fechado                                     37
  3.4.2. A Entrevista Semi- Estruturada                           38


4. CAPITULO IV – ANALISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS                                                        39


  4.2. O perfil dos sujeitos
                                                                  39
4.2.1. Idade e Gênero                                                39



4.2.2. Grau de escolarização e tempo de formação                     41



4.2.3. Tempo de serviço na empresa e Requisitos da contratação       43


 4.2.4. Situação Contratual: Terceirizado ou Efetivo                 44


4.2.5. Remuneração                                                   45

 4.3. Ouvindo os Pedagogos: A realidade profissional narrada pelos
sujeitos                                                             46


 4.3.1. A dicotomia entre cargo e atividades desenvolvidas           46


 4.3.2. A formação acadêmica auxiliando a prática                    49


 4.3.3. A valorização profissional no espaço empresarial             51


4.3.4. A contribuição do pedagogo para o espaço empresarial          53


CONSIDERAÇÕES FINAIS                                                 55

REFERÊNCIAS                                                          58

ANEXOS                                                               61
INTRODUÇÃO


O desejo de estudar a pedagogia empresarial nasceu da nossa trajetória acadêmica
e profissional. No que se refere a nossa trajetória acadêmica, a história começa logo
na nossa opção no vestibular pelo curso de Pedagogia, que naquele momento era
“uma opção por falta de opção” (grifo nosso), pois, na nossa visão de recém
concluintes do ensino médio, a Pedagogia nos levaria a apenas um caminho pelo
qual acreditávamos não ter vocação: a docência. Porém, como a Universidade
naquele momento dispunha apenas de dois cursos de bacharelado (Enfermagem e
Ciências Contábeis) pelos quais não tínhamos aptidão, e todos os outros cursos
eram Licenciaturas que acreditávamos ter como destino também, apenas a
docência, resolvemos então, ingressar na pedagogia por esta ser uma área dentro
das ciências humanas, que favorece a ampliação de nossa leitura de mundo.

Já na primeira semana de aula do curso de Pedagogia da UNEB- Campus VII após
um breve comentário da professora quanto aos campos de atuação do pedagogo,
nos sentimos entusiasmados ao ouvir falar em Pedagogia Empresarial. Apesar de o
curso ter sido direcionado ao longo da maioria dos semestres para a docência, até
mesmo no que se referia aos projetos de pesquisa que desenvolvíamos, nosso
interesse pela Pedagogia empresarial não morreu, apenas adormeceu por dois
anos, até surgir a oportunidade de desenvolver um estágio extra-curricular numa
empresa da cidade. Aqui começa a nossa trajetória profissional que apontamos no
inicio deste texto.

A oportunidade de desenvolver a pedagogia dentro da empresa através do estágio
nos causou grande entusiasmo, apesar de até aquele momento não termos
conhecimento quanto ao papel do pedagogo dentro de um ambiente empresarial.
Assim, ingressamos na empresa atuando dentro do setor de RH e lá permanecemos
até o termino do estágio após um ano. A partir do ingresso iniciamos um período de
leituras sobre a pedagogia empresarial, no intuito de conhecer qual seria o nosso
trabalho naquela empresa e para a nossa surpresa, a realidade encontrada nos
livros estava muito distante do trabalho que passamos a desenvolver durante o
estágio, pois, apesar de em alguns momentos sermos solicitados a desenvolver
tarefas próprias da Pedagogia Empresarial, as nossas atividades eram na sua
grande   maioria   meramente     burocráticas   e,   além   disso,   não    havia   o
acompanhamento direto com um pedagogo dentro da empresa que nos pudesse
orientar como requer o desenvolvimento do estágio.

Precisamos ressaltar que a graduação em pedagogia nos conquistou, de maneira
que aquela visão inicial de opção por falta de opção foi totalmente desfeita e hoje
reconhecemos que a nossa escolha pela pedagogia foi muito produtiva, apesar do
curso em si ter deixado algumas lacunas na nossa formação quanto a atuação do
pedagogo em espaços não-formais. Assim, também, o estágio realizado dentro do
ambiente empresarial deixou suas lacunas no que se refere à criação de
oportunidades de conhecimento e desenvolvimento da pratica pedagógica dentro do
ambiente organizacional, apesar de ter sido por outro lado, um solo rico em
aprendizado em tudo o que se refere ao conhecimento da estrutura e funcionamento
de uma empresa.

Assim, das lacunas sobre a atuação do pedagogo em espaços não formais deixadas
pela graduação em Pedagogia, somadas as lacunas deixadas pelo próprio estágio
em Pedagogia Empresarial, surgiu o nosso interesse em estudar mais sobre a
Pedagogia Empresarial.

Neste trabalho, portanto, procuramos conhecer a realidade da pedagogia
empresarial na cidade de Senhor do Bonfim BA, a partir da visão dos próprios
pedagogos que atuam na área, elucidando a identidade desse profissional,
desmistificando os desafios e expectativas encontrados nesse novo nicho de
mercado. Para tanto, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e posteriormente a
pesquisa de campo.

O primeiro capítulo deste trabalho consiste em uma abordagem geral da nossa
temática de estudo, onde realizamos um conciso histórico referente ao pedagogo e
ao curso de pedagogia no Brasil e uma abordagem sobre o novo cenário
mercadológico que surge para o pedagogo na contemporaneidade em espaços
extra-escolares, enfatizando dentro deste cenário o ambiente empresarial.


No segundo capítulo realizamos uma reflexão sobre a nossa temática a partir da
contribuição de alguns teóricos que trazem uma discussão em torno dos nossos
conceitos chave. Entre esses autores destacamos Libâneo como a principal
contribuição teórica para a realização do nosso estudo, ao trazer uma discussão
riquíssima sobre a formação e a identidade do pedagogo nos tempos
contemporâneos.

O capitulo III, refere-se ao caminho metodológico percorrido para a realização desse
trabalho, onde elucidamos a nossa escolha pela pesquisa qualitativa. Além disso,
apontamos nossa opção pelo questionário fechado e entrevista semi-estruturada
gravada como instrumentos de coleta de dados, onde também apresentamos o
nosso lócus e sujeitos de pesquisa.

Já o quarto capítulo consiste na análise dos dados coletados e representa uma das
fundamentais partes do nosso trabalho, ao apresentar e interpretar a realidade
pesquisada. Nesse capítulo tivemos a oportunidade de confrontar a teoria estudada
com a realidade vivenciada pelos nossos sujeitos e assim encontrar o caminho para
responder a questão de pesquisa levantada no capitulo I.

Por fim apresentamos as nossas considerações finais onde realizamos um
apanhado geral do nosso estudo e concluímos, portanto, todo esse trabalho acerca
da realidade da Pedagogia Empresarial na cidade de Senhor do Bonfim.
CAPITULO I


1.1   A busca da identidade: um breve histórico do curso de Pedagogia


O presente trabalho consiste em uma abordagem sobre o novo cenário
mercadológico que surge para o pedagogo na contemporaneidade em espaços
extra-escolares, enfatizando dentro desse cenário a empresa como um ambiente
rico em novas perspectivas para esse profissional. Assim, adentraremos o universo
da Pedagogia Empresarial a partir do estudo da vivencia dos próprios pedagogos
empresariais atuantes na cidade de Senhor do Bonfim-Ba.


Buscamos esclarecer, portanto, que frente à sociedade do conhecimento que
estamos vivenciando, o campo de atuação do pedagogo tem se ampliado a cada
dia, desconstruindo a visão de pedagogia limitada à docência. Assim, no intuito de
elucidar essa questão, consideramos ser importante abordar de forma breve a
temática da identidade profissional do pedagogo, pois temos conhecimento que
diante das criticas sofridas pela pedagogia na atualidade e a falta de estudos em
torno da desmistificação do campo de atuação do pedagogo é comum entre os
graduandos do curso e até mesmo os educadores já formados, uma visão superficial
e reducionista sobre a pedagogia, perdurando assim, uma confusão quanto a seu
campo científico e objeto de estudo.


Nesse entendimento, realizamos neste capitulo, um conciso histórico a respeito do
pedagogo, e um breve estudo sobre a trajetória do curso de Pedagogia em nosso
país, dando inicio dessa forma, a uma reflexão sobre esse profissional, na busca de
desconstruir reducionismos e estereótipos que o envolvem, pincelando assim, a
questão da identidade profissional do pedagogo embasados em alguns teóricos
envolvidos na discussão.


A história nos conta que os primeiros pedagogos surgiram a partir do confronto entre
Grécia e Roma, onde Roma sai vencedora e entre os atenienses capturados como
escravos encontram homens detentores de habilidades e conhecimentos múltiplos,
que lhes causam admiração. Estes passam a ser os pedagogos-escravos,
responsáveis por conduzir as crianças ao caminho da escola ao tempo em que
segundo Brandão (1995) “[...] faziam a educação dos preceitos e das crenças da
cultura da polis (p.43).”


Mais tarde e segundo Holtz (1999) com o desaparecimento da escravatura o
pedagogo escravo deixou de existir, passando então a receber o nome de
Pedagogos os estudantes pobres, que aprendiam com os filósofos e se instalavam,
nos castelos senhoriais e nas casas de famílias nobres, atuando como professores
encarregados da educação dos filhos dos fidalgos e dos grandes senhores. Assim,
enquanto estudavam, ensinavam e recebiam em paga, apenas pequenas
importâncias. Na maioria dos casos, ensinavam a troco de hospedagem,
alimentação, luz e roupa lavada.


Buscando conhecer um pouco da trajetória do curso de pedagogia no Brasil,
recorremos a Scheibe e Aguiar (1999) e percebemos que este, foi criado como
conseqüência da preocupação com o preparo de docentes para atuarem na escola
secundária e surgiu junto com as licenciaturas, instituídas ao ser organizadas a
antiga Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, pelo Decreto-lei
n° 1190 de 1939.


Naquela época, a antiga faculdade Nacional de Filosofia, possuía uma organização
curricular que separava bacharelado e licenciatura, seguindo o esquema conhecido
como 3+1, destinando três anos as disciplinas de conteúdo e um ano as disciplinas
de cunho pedagógico. Assim, oferecia-se o titulo de bacharel aquele que cursasse
os três primeiros anos em estudos específicos, e de licenciado aquele que cursasse
mais um ano de estudos dedicados a prática de ensino e a didática. Segundo tal
esquema, o pedagogo formado, teria então, duas possibilidades de atuação: como
bacharel em Pedagogia era preparado para ocupar cargos técnicos da educação, e
como licenciado era destinado à docência no curso normal.


De acordo com Silva (2006) “Em sua própria gênese, o curso de pedagogia já
revelava muitos problemas que o acompanharam ao longo do tempo (p.12).” Entre
eles, podemos destacar a exacerbada separação entre conteúdo e método que o
esquema 3+1 estabelecia, e a falta de campo específico para seus profissionais,
pois, segundo Silva (2006) o bacharel não possuía ainda suas funções bem
definidas de maneira que não dispunha de campo que o demandasse; e para o
licenciado a situação também não era das mais favoráveis, pois sendo o curso
normal seu campo de atuação, este não era especifico a ele, pois para lecionar
nesse curso era suficiente apenas, o diploma de qualquer formação de nível
superior.


Em 1962, a partir do parecer da CFE- Conselho Federal de Educação N. 251/62,
algumas pequenas alteração são incorporadas ao currículo do curso de pedagogia,
onde o então conselheiro Valnir Chagas trata de fixar a duração do curso e um
currículo mínimo composto por cinco disciplinas obrigatórias a formação do bacharel,
sendo elas: psicologia da educação, sociologia geral da educação, historia da
educação, filosofia da educação e administração escolar. O aluno interessado no
titulo de licenciado, cursava, além das cinco obrigatórias, as disciplinas de didática e
práticas de ensino.


Porém, apesar das pequenas alterações realizadas em 1962, o esquema conhecido
como 3+1 foi mantido até 1969, ano em que o curso de pedagogia passou por uma
reorganização curricular, abolindo-se a distinção entre bacharelado e licenciatura, e
criadas as “habilitações”, cumprindo o que acabava de determinar a lei no 5540/68
de acordo com Scheibe e Aguiar (1999, p.5). É importante compreender que se
buscava naquela época, segundo Silva (2006) estabelecer a correspondência
imediata entre o currículo e as atividades a serem desenvolvidas por cada profissão,
tendência muito clara no contexto pós golpe militar de 1964. Portanto, as mudanças
ocorridas nesse período eram compatíveis com o projeto de desenvolvimento
nacional visado pela ditadura militar.


Assim, em 1969 criaram-se cinco “habilitações” para o curso de pedagogia. Eram
elas: Ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos normais, Orientação
educacional, Administração escolar, Supervisão escolar e Inspeção escolar. Todas
estas, possuíam uma base comum de estudos, constituída por matérias
consideradas básicas a formação de qualquer profissional da área. Além disso,
cada uma das habilitações possuía também uma base diversificada, composta por
disciplinas que atendiam as suas especificidades. Assim, o curso de pedagogia
passou a oferecer exclusivamente diploma licenciado a seus formandos, pois, todas
as habilitações permitiam o exercício da docência no curso normal. Portanto, a partir
do parecer de 1969, o curso de pedagogia visava formar ao mesmo tempo
especialistas, para as atividades de orientação, administração, supervisão e
inspeção nas instituições escolares, e professores para o ensino normal.


Definindo assim, o campo de atuação do pedagogo da época, o parecer de 1969,
trouxe avanços significativos, porém em contrapartida sua reorganização curricular
trouxe fragmentação à formação do pedagogo. Pois, segundo Silva (2006) ao
estabelecer duas partes que compõem o curso, de um lado “a base de qualquer
modalidade de formação pedagógica” e de outro, as “habilitações específicas” dá a
entender que essas duas partes são distintas e independentes entre si. Além disso,
os estudos sobre administração, supervisão, orientação e inspeção são previstos
para serem feitos em habilitações distintas, como se cada uma delas dispusesse de
um corpo de conhecimentos que lhe fosse próprio e exclusivo. Segundo a autora
não se pode formar o educador com partes desconexas de conteúdos,
principalmente quando essas partes representam tendências opostas em educação:
uma tendência generalista e outra tecnicista.


Ainda segundo Silva (2006) entre as três regulamentações apresentadas, o parecer
de 1969 pode ser considerado o mais eficaz quanto à definição do mercado de
trabalho, porém pouco fértil no oferecimento de condições para ocupá-lo, podendo
ser considerado também, devido à fragmentação da sua organização curricular, o
menos eficaz quanto às possibilidades de formação do pedagogo enquanto
educador.


Mais tarde, no período de 1973 a 1978 surge a ameaça de extinção do curso de
pedagogia no país, através de indicações encaminhadas pelo então conselheiro
Valnir Chagas ao Conselho Federal de Educação, objetivando a substituição do
curso de pedagogia por novos e variados cursos e habilitações. Cabe salientar que a
extinção só não aconteceu em virtude do Ministério da Educação e Cultura ter
interrompido tal iniciativa.
Entre 1978 e 1999 inicia-se um ciclo de revisão do curso de pedagogia a partir de
indicações construídas coletivamente pelos próprios educadores. Em meio a esse
período, destacamos o encontro de Belo Horizonte-MG em 1983 da Comissão
Nacional dos Cursos de Formação do Educador (que em 1999 foi transformada em
ANFOPE- Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação),
onde se difundiu a idéia de que “a docência constitui a identidade profissional de
todo educador.” Finalmente, em 1998 o curso de Pedagogia resistiu aos
questionamentos sobre a sua existência ou extinção quando o MEC optou pela sua
manutenção e reformulação por meio do Ofício Circular nº014/98.


No mesmo ano a ANFOPE propõe as Diretrizes Curriculares Nacionais para os
Cursos de Pedagogia tendo como base a autonomia para que as Instituições de
Ensino organizem as suas propostas seguindo a Base Comum Nacional,
estabelecendo a docência como base da identidade de todos os profissionais da
educação. A ANFOPE especifica as seguintes áreas de atuação para os pedagogos:
educação básica (infantil, ensino fundamental e médio, educação de jovens e
adultos, educação para portadores de necessidades especiais, curso normal),
educação profissional, educação não-formal, educação indígena e educação a
distancia.


A partir de 1999 inicia-se o período dos decretos presidenciais que atingem as
funções do curso de pedagogia e para Silva (2006) esse período “[...] se diferencia
dos demais por predominarem documentos que representam um deslocamento do
poder de decisão do âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a
Presidência da Republica (p.93).” Tais decretos segundo a autora possuem a função
de prescrever limites às funções do curso de pedagogia.


As ultimas mudanças ocorridas no curso estão contidas na resolução da CNE/CP n°
1, de 15 de Maio de 2006 que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso
de Graduação em Pedagogia, licenciatura; o documento traz claramente a
denominação do curso como licenciatura e segundo Libâneo (2006):


                     A redação indica um entendimento que substitui o conceito de pedagogia
                     pelo de docência, em conformidade com o lema da ANFOPE: “A docência é
                     a base da formação de todo e qualquer profissional da educação e da sua
identidade” (p.846).”


Assim, é notório que a resolução do CNE, também possui entraves que
comprometem o curso de pedagogia, e o maior deles encontra-se na confusão entre
os termos pedagogia e docência, pois para Libâneo (2006) é preciso se “[...]
compreender a docência como uma modalidade da atividade pedagógica, de modo
que a formação pedagógica é o suporte, a base, da docência, não o inverso
(p.850).” Dessa forma, segundo o mesmo autor, “[...] por respeito à lógica e a clareza
de raciocínio, a base de um curso de pedagogia não pode ser a docência (p.850).”


Nessa breve abordagem histórica, apesar dos diferentes momentos pelos quais
passou o curso de pedagogia percebemos que ao longo do tempo em sua legislação
tem predominado a docência como foco de formação profissional.              É notório
também, que o curso se encontra ainda em fase de construção sendo que as últimas
alterações realizadas no seu aparato legal têm mantido problemas crônicos do
curso, sendo o maior entre eles, o questionamento interminável quanto à identidade
profissional do pedagogo, que parece estar ainda longe de obter resposta, devido
não apenas a legislação instável que acerca, mas também, frente ao novo mercado
de trabalho que se abre na contemporaneidade para o pedagogo, que muito
possivelmente produzirá mudanças no perfil desse profissional.



1.2   A pedagogia frente ao mundo contemporâneo: Perspectivas além dos
      muros da escola

Nos tempos contemporâneos, a visão de educação limitada ao espaço escolar
encontra-se ultrapassada. Já é sabido que o fenômeno educativo permeia toda a
sociedade, através das modalidades de educação informal, não-formal e formal. É
sabido também que estas três modalidades se distinguem entre si a partir do grau de
intencionalidade que cada uma carrega. Dessa forma, a educação informal
corresponde as praticas educativas não intencionais e não organizadas e que não
estão ligadas especificamente a uma instituição. A educação não-formal já possui
certa sistematização e organização, porém acontece fora do quadro de sistema
formal de educação, ou seja, da escola. Já a educação formal é institucionalizada,
totalmente intencional, estruturada e sistemática.
Diante disso, segundo Libâneo (2001) “Se há muitas praticas educativas, em muitos
lugares e sob variadas modalidades, há, por conseqüência, várias pedagogias [...]
(p.24).” Ainda segundo o mesmo autor, “O pedagógico perpassa toda a sociedade,
extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da
educação informal e não-formal (p.20).” Nesse entendimento, compreendemos que
assim como é ultrapassada a idéia de educação limitada ao espaço escolar, também
é retrogrado o entendimento de pedagogia voltada especificamente para a docência,
como estabelece o lema da ANFOPE no qual se apóia a atual legislação. Pois, o
mundo contemporâneo tem aberto novas perspectivas de atuação do pedagogo, que
ultrapassam o âmbito escolar, exigindo um profissional capacitado para atuar além
dos muros da escola.


Destacamos, portanto, a modalidade de educação não-formal, que como sabemos é
intencional e acontece fora do quadro formal de educação, ou seja, em espaços
extra-escolares, razão pela qual essa modalidade vem sendo chamada também de
educação extra-escolar. Dentro desta modalidade de educação destacam-se
múltiplas práticas pedagógicas intencionais em espaços diferenciados, que a cada
dia se abrem para a atuação do pedagogo. Entre esses espaços podemos citar o
ambiente hospitalar, empresarial, social e ambiental, que demandam orientação
pedagógica. Diante disso, dentre esse novo cenário mercadológico que surge para o
pedagogo, destacamos a empresa como um campo rico em novas perspectivas para
esse profissional.


Nesse entendimento, Holtz (1999) diz que “tanto a Empresa como a Pedagogia
agem em direção a realização de ideal e objetivos definidos, no trabalho de provocar
mudanças no comportamento das pessoas (p.6-7).” Portanto, há uma semelhança
de interesses entre pedagogia e empresa. Razão pela qual Holtz (1999) diz que
ambas fazem um casamento perfeito, pois possuem o mesmo objetivo em relação
às pessoas, principalmente nos tempos contemporâneos, onde as empresas estão
reconhecendo gradativamente a necessidade de desenvolver as potencialidades dos
seus colaboradores, como arma de sobrevivência em mercados competitivos.


Ribeiro (2008) afirma que “a pedagogia empresarial existe, portanto, para dar
suporte tanto em relação à estruturação das mudanças quanto em relação à
ampliação e aquisição de conhecimentos no espaço organizacional (p.11).” A partir
deste entendimento, compreendemos que a Pedagogia Empresarial, já é uma
realidade bem presente nos tempos contemporâneos, e que esta pode ser
visualizada como um moderno campo de atuação do pedagogo, cabendo, portanto a
esse profissional lutar pela ocupação desse novo nicho de mercado que cresce a
cada dia.


Tendo conhecimento que muitos pedagogos que atuam nas empresas encontram-se
sem legitimidade profissional, seja pela falta de especialização na área, seja pelo
desconhecimento de algumas empresas quanto às funções educativas que este
profissional está apto a desenvolver, inquieta-nos neste estudo entender qual o
verdadeiro papel dos pedagogos que atuam nas empresas da cidade de Senhor do
Bonfim.


Diante da problemática apresentada, nossa questão de pesquisa é conhecer a
realidade da Pedagogia Empresarial na cidade de Senhor do Bonfim-Ba, a partir da
visão dos pedagogos que atuam na área, elucidando a identidade desse
profissional, desmistificando os desafios e expectativas encontrados nesse novo
nicho de mercado. E nessa perspectiva nosso objetivo é conhecer a realidade da
pedagogia empresarial na cidade de Senhor do Bonfim a partir da visão dos próprios
pedagogos.
CAPÍTULO II



                                  QUADRO TEÓRICO


Desenvolvemos neste capítulo uma reflexão sobre a nossa temática a partir da
contribuição de alguns teóricos que trazem uma discussão em torno dos seguintes
conceitos chave que norteiam o nosso estudo: Pedagogo, Identidade profissional e
Pedagogia Empresarial.



2.1 Pedagogo: Que profissional é este?


Para entendermos de fato quem é o pedagogo precisamos buscar compreender a
educação em um sentido amplo. É preciso reconhecer que o processo educativo
está inserido em todas as esferas da sociedade. Brandão (1995) diz que a educação
nos invade a vida e ressalta que “não há uma forma única nem um único modelo de
educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o
melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o
seu único praticante” (p.9). Aliado a esse pensamento Cadinha (2009) salienta:


                     Educação ocorre em todos os momentos de vida do indivíduo, os processos
                     educativos acontecem em uma variedade de manifestações e atividades-
                     sociais, políticas, culturais, econômicas, religiosas, familiares, escolares...,
                     por meio de distintas modalidades-formais, informais e não formais. É
                     nessas práticas educativas o campo de estudo científico da pedagogia
                     (p.17)


Portanto, entendendo que o processo educativo não se limita a escola, mas,
perpassa todas as esferas sociais através das três modalidades acima citadas,
podemos compreender que o pedagogo é o profissional capaz de atuar não apenas
no ambiente escolar, mas em todos os espaços onde há processos educativos
acontecendo. Como afirma Libâneo (2006):

                     [...] pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática
                     educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de
transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista
                    objetivos de formação humana previamente definidos em sua
                    contextualização histórica. Em outras palavras, pedagogo é um profissional
                    que lida com fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à pratica
                    educativa em suas várias modalidades e manifestações (p.44-45).


Salientamos que o mundo tem se tornado cada vez mais globalizado e complexo,
vivemos a era da informação onde o conhecimento está amplamente disponível e
nunca na historia da humanidade houve tanta necessidade de se desenvolver as
capacidades intelectuais das pessoas. Hoje o mundo muda em alta velocidade, o
que exige de nos maior disposição para aprender e reaprender a cada dia. Em meio
a essa realidade temos nos tornado dependentes do o processo de ensino e
aprendizagem. Como afirma Beillerot, (1985) apud Libâneo (2006) “estamos diante
de uma sociedade genuinamente pedagógica (p.19).”


Diante dessa realidade, segundo Ramal (2002) “a capacidade de gerenciar a
informação se torna, muitas vezes, a competência mais valiosa p.1).” Fato que vem
privilegiar o pedagogo, pois, como profissional mediador dos processos de ensino e
aprendizagem, abre-se para este profissional um leque de novas possibilidades de
atuação, como afirma Ortega e Santiago (2009):


                    [...] ao contrario de outras profissões que perdem espaço no mercado de
                    trabalho, o pedagogo a cada dia tem seu raio de atuação ampliado por uma
                    gama de espaços educativos que demandam criticidade, consciência
                    histórica e perspectiva política que é revelada na intencionalidade de sua
                    práxis (p.29)


Segundo Libâneo (2006), dentre as praticas educativas existentes na sociedade,
todas as que se configuram como intencionais são campos de atuação para o
pedagogo, havendo assim duas esferas para a atuação deste profissional: escolar e
extra-escolar. Nesse mesmo entendimento, Cadinha (2006) afirma que o pedagogo
é um estudioso das ações educativas existentes na sociedade e que além das
atividades escolares propriamente ditas, os pedagogos atuam também como
formadores,   animadores,    instrutores,    organizadores,       técnicos,    consultores,
orientadores que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares) em órgãos
públicos e privados ligados a empresas, à cultura, aos serviços de saúde,
alimentação, promoção social, etc.
Diante do exposto, podemos concluir, que além do ambiente escolar, se abre na
contemporaneidade, para o pedagogo um novo cenário mercadológico, distribuídos
entre variados espaços extra-escolares, como afirma Ortega e Santago (2009):


                      Nesse sentido, a demanda do pedagogo em espaços como hospitais,
                      presídios, empresas, ONGs ou mesmo em espaços de comunicação como
                      TV, rádio, revistas, editoras ou ainda campanhas sociais educativas é muito
                      grande. Não param de crescer as opções de trabalho para o pedagogo.
                      (grifo nosso) (p.30)


Frente a essa nova realidade, é notório que se exige do pedagogo hoje
competências mais complexas. Sua função na sociedade não é mais de mero
condutor ou instrutor de crianças como nos primórdios, nem tampouco se restringe a
sala de aula, como muitos ainda insistem em afirmar. O que se espera deste
profissional na contemporaneidade é que ele seja um educador no seu sentido
amplo. Mesmo sabendo que não é ele o único responsável pela educação, entende-
se que cabe a esse profissional a missão de contribuir para a emancipação do
homem, tornando-o cidadão consciente para o exercício de seus direitos e deveres.


Assim, para que o pedagogo possa atender as exigências da atualidade faz-se
necessário repensar a sua formação, pois, a atual Resolução CNE/CP n.1, de
15/05/2006 em seu artigo 2° estabelece que o curso de pedagogia se destina à
formação de professores para o exercício da docência em educação infantil, anos
iniciais do ensino fundamental, cursos de ensino médio na modalidade Normal,
cursos de educação profissional na área de serviços escolar, cursos em outras
áreas que requeiram conhecimentos pedagógicos. Também em seu artigo 4° a
resolução explicita ainda o curso de pedagogia como licenciatura. Assim, de acordo
com Libâneo (2006) “a Resolução trata, portanto, da regulamentação do curso de
pedagogia exclusivamente para formar professores para a docência naqueles níveis
de ensino (p.844).”


Diante disso, é notório que a Resolução em vigor, ao direcionar a formação do
pedagogo para a docência, encontra-se incompatível com essa nova realidade
mercadológica que se abre para o pedagogo na contemporaneidade, pois, o cenário
atual, demanda uma formação mais ampliada, extrapolando os muros escolares e
abrangendo todos os espaços possíveis de atuação profissional, e para isso é
preciso antes de tudo desfazer a confusão entre os termos docência e pedagogia,
compreendendo que ambos “estão inter-relacionados, mas não são sinônimos
(Libâneo 2001, p.9).”



Ainda de acordo com Libâneo (2001), a pedagogia é o campo do conhecimento que
se ocupa do estudo sistemático da educação, diz respeito a uma reflexão
sistemática sobre o fenômeno educativo e as suas práticas, para poder ser uma
instância orientadora do trabalho educativo em si. Ou seja, ela não se refere apenas
às praticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. Desse modo
não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a pedagogia aos métodos de
ensino. Assim entendemos que a docência é apenas uma modalidade da atividade
pedagógica, entre tantas outras existentes. Nesse entendimento, segundo o autor:


                        O curso de Pedagogia se destina a formar pedagogo-especialista, isto é, um
                        profissional qualificado para atuar em vários campos educativos, para
                        atender demandas socioeducativas (de tipo formal, não formal e informal)
                        decorrentes de novas realidades [...] (p.12)


Ressaltamos que a docência é uma modalidade fundamental da pedagogia e que a
nossa discussão sobre a ampliação dos campos de atuação do pedagogo não vem
contestar a importância da formação do pedagogo escolar. A boa formação deste
profissional é imprescindível para transformar a escola em um verdadeiro ambiente
de aprendizagem, humanização e inclusão. O que conseqüentemente levará a uma
melhoria de toda a estrutura social. O que questionamos é apenas a visão simplista
que se tem criado ao longo da historia de que a pedagogia se limita a técnicas ou
maneiras de ensinar.


Esclarecida essa questão, voltamos a nossa pergunta inicial: que profissional é o
pedagogo? Diante do caminho que percorremos durante a exposição dessa
temática, fazemos nossas as palavras de Libâneo (2006) para dizer que o pedagogo
é o profissional que atua em várias instancias da prática educativa, tendo em vista
objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização
histórica.
2.2 Identidade Profissional do pedagogo


Entendemos que a Identidade é um tema muito rico e extenso, requer, portanto,
muito estudo e pesquisa e, além disso, temos conhecimento que dentro desse
universo há uma infinidade de contextos possíveis de serem discutidos como
Identidade cultural, nacional, regional, racial etc. Porém, não é nosso objetivo neste
texto aprofundar nossa discussão em torno dessa temática. Faremos então, apenas
uma breve abordagem sobre a Identidade no seu contexto geral e profissional no
intuito de desmistificar a questão da Identidade profissional do pedagogo nos
tempos contemporâneos.


Compreendemos que Identidade é o conjunto de características próprias de um
individuo. Segundo Erikson (1976) a Identidade se constrói simultaneamente no
juízo que o sujeito faz de si próprio, tendo como referência os seus julgamentos
sobre os outros, os julgamentos dos outros sobre ele próprio, como também o
contexto social em que está inserido. Assim, cada ser humano desde o seu
nascimento, cotidianamente vai adquirindo a partir de suas vivências, uma gama de
características que em conjunto formam aquilo que o torna único e diferente dos
demais, a sua Identidade pessoal.


É interessante observarmos que a Identidade do sujeito encontra-se em constante
processo de transformação, sendo construída e reconstruída a cada dia a partir de
aspectos psicológicos, sociais, culturais e econômicos dentro de um dado momento
histórico. Nesse entendimento Tápias-Oliveira (2006) afirma que “as Identidades não
são fixas, são flexíveis, tão flexíveis quanto às relações sociais em que se inserem
(p.40).”


Tedesco (1995) relata que na sociedade tradicional a construção da Identidade do
sujeito baseava-se em fatores como o gênero, a raça, a etnia e a religião e que o
capitalismo e a democracia minaram significativamente a importância destes fatores,
substituindo-os pela nação, a classe social e a ideologia política. Ele afirma que o
que há de peculiar no atual momento histórico é, precisamente, a importância que
assume a atividade do sujeito na construção da sua Identidade, pois, diferentemente
dos períodos históricos anteriores, as Identidades não são mais impostas totalmente
do exterior, mas é preciso construí-las de forma individual, o que denota uma
tendência      ao   enfraquecimento   dos     pontos     de   referencia    tradicionais   e
conseqüentemente maior protagonismo das pessoas na construção de suas
Identidades.


No que se refere à Identidade profissional, compreendemos que esta é resultado da
vinculação do ser humano a atividade econômica que desempenha dentro da
sociedade. Ela é de fundamental importância na vida das pessoas, pois o trabalho
nos tempos contemporâneos representa muito mais que uma forma de subsistência.
Ele tem se tornado uma forma de realização pessoal e de status social, pois diante
do modelo econômico capitalista, os indivíduos costumam sentir a necessidade de
serem economicamente produtivos e, sobretudo reconhecidos pela tarefa que
desempenham.


Podemos        constatar   essa   realidade    ao      observarmos    que     costumamos
corriqueiramente nos identificar pela profissão que exercemos: sou médico,
professor, pedreiro, gerente, etc. Nesse contexto, é interessante reconhecermos que
esta é uma forma de identificação tão natural e corriqueira que muitas vezes nos
leva ao entendimento que as formas de Identidade profissional e pessoal se
confundem, parecendo ambas representarem a mesma coisa, nos esquecendo,
portanto que a primeira é apenas parte componente da segunda.


A construção da Identidade profissional é realizada a partir da formação técnica ou
acadêmica e das experiências profissionais que o sujeito vivencia.                     Seu
desenvolvimento consiste em o sujeito adotar como seus as normas e valores
essenciais de uma profissão e sentir-se parte integrante de uma categoria que passa
a representar em todas as suas atitudes profissionais, de maneira que ao assumir
sua Identidade profissional o sujeito passa a estar comprometido não apenas com
sua imagem pessoal, ele passa a ser responsável também pela boa representação
de sua categoria perante a sociedade.


Temos conhecimento que há no meio intelectual uma discussão histórica sobre a
Identidade profissional do pedagogo. Desde sua criação em 1939 o curso de
Pedagogia no Brasil tem passado por várias reformulações e duras críticas. Quanto
às reformulações a partir da breve abordagem histórica realizada no capitulo I
podemos observar que estas não foram eficazes no sentido de definir o campo
científico e objeto de estudo da pedagogia, permanecendo, portanto, as velhas
incertezas até os dias atuais. Segundo Libâneo (2001) “intelectuais ligados a
algumas das disciplinas especializadas insistem em negar Identidade cientifica a
Pedagogia, mesmo desconhecendo o seu campo teórico e sua problemática [...]
(p.98).” Ainda segundo o autor:

                     Os dilemas e impasses em torno da Identidade da ciência pedagógica no
                     Brasil, inclusive o exercício profissional do pedagogo, decorrem: a) da forma
                     como tem ocorrido, ao longo da historia da educação, a transferência e
                     assimilação de paradigmas e modelos teóricos de outros contextos; b) da
                     ausência de tradição de estudos especificamente pedagógicos, ou seja,
                     relacionados com o campo científico da Pedagogia (p.107)


Pimenta (1998) elucida que a natureza do objeto da Pedagogia, enquanto ciência da
educação é a própria educação enquanto prática social (grifo nosso). Ela se ocupa
com a ação de educar, com o ato educativo e com a intervenção neste ato, no intuito
de conhecê-lo e de transformá-lo, munida, portanto de uma intencionalidade. Assim
a autora afirma que a Pedagogia é a ciência que tem na prática da educação a sua
razão de ser, sendo, portanto, a ciência responsável pelo estudo sistemático dos
fenômenos educativos.


Libâneo (2001) também conceitua a Pedagogia como Ciência da Educação e lembra
que não é a pedagogia a única área cientifica que tem a educação como objeto de
estudo, ao dizer que a Sociologia, a Psicologia, a Economia, a Lingüística, também,
podem ocupar-se de problemas educativos, mas esclarece que cada uma dessas
ciências aborda o fenômeno educativo sobre a perspectiva de seus próprios
conceitos e métodos de investigação. Assim, o autor afirma que “É a pedagogia que
pode postular o educativo propriamente dito e ser ciência integradora dos aportes
das demais áreas (grifo nosso) (p.29).” E salienta que “A pedagogia, com isso é um
campo de estudos com Identidade e problemáticas próprias (p.30).”


O autor considera reducionista o lema da ANFOPE que estabelece a docência como
base da Identidade de todo educador. Em relação ao pedagogo ele elucida que a
pedagogia ocupa-se de fato, dos processos educativos, dos métodos e maneiras de
ensinar, mas que antes de tudo isso ela tem um significado bem mais amplo, bem
mais globalizante, pois se caracteriza como o campo do conhecimento sobre a
problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, como
uma diretriz orientadora da ação educativa. Assim segundo Libâneo (2006):


                     É disto que trata a Pedagogia: a mediação de saberes e modos de agir que
                     promovem mudanças qualitativas no desenvolvimento e na aprendizagem
                     das pessoas, objetivando ajudá-las a se constituírem como sujeitos, a
                     melhorarem sua capacidade de ação e suas competências para viver e agir
                     na sociedade e na comunidade (p.866)


Já abordamos no presente trabalho que na contemporaneidade o mercado de
trabalho tem aberto para o pedagogo novos campos de atuação. Essa nova
realidade vem provocar mudanças no perfil deste profissional, necessitando
repensar, portanto a sua formação, pois segundo Libaneo (2001):

                     Considerando-se a variedade de níveis de atuação profissional do
                     pedagogo, há de se convir que os problemas, os modos de atuação e os
                     requisitos de exercício profissional nesses níveis não são necessariamente
                     da mesma natureza, ainda que todos sejam modalidades de prática
                     pedagógica. De fato, os focos de atuação e as realidades com que lidam,
                     embora unifiquem em torno das questões do ensino, são diferenciados, o
                     que justifica a necessidade de formação de profissionais da educação não
                     diretamente docentes. Ou seja, níveis distintos de prática pedagógica
                     requerem uma variedade de agentes pedagógicos e requisitos específicos
                     de exercício profissional que um sistema de formação de educadores não
                     pode ignorar (p.53-54)


Não pretendemos afirmar com isso que o curso de graduação em Pedagogia deva
contemplar todas as possíveis áreas de atuação do pedagogo com profundidade.
Sabemos que o aprofundamento sobre cada campo de atuação fica a cargo dos
cursos posteriores como as especializações ou pós-graduações. Mas, entendemos
ser necessária uma reformulação no sentido de equiparar à graduação em
Pedagogia a nova realidade mercadológica da contemporaneidade, não ficando
essa formação voltada somente para a docência, deixando a margem todos os
outros contextos educacionais, favorecendo assim os atuais reducionismos que
cercam Pedagogia.


Assim, entendemos que a graduação em Pedagogia necessita capacitar o formando
para compreender a educação num sentido amplo, fazendo-o conhecer a fundo a
sua profissão para responder com facilidade os questionamentos sobre a sua
Identidade. É preciso, portanto, fazê-lo compreender que, “a Identidade profissional
do pedagogo se reconhece na Identidade do campo de investigação e na sua
atuação dentro da variedade de atividades voltadas para o educacional e para o
educativo (Libâneo 2001, p.47).



2.3 Pedagogia Empresarial

A Pedagogia Empresarial é um novo campo da pedagogia em espaços não-formais
ou   extra-escolares   e   “caracteriza-se   como     uma   das   possibilidades   de
formação/atuação do pedagogo bastante recente no contexto brasileiro” (Ribeiro
2008, p.9). De acordo com Urt e Lindquist (2004) o pedagogo começou a atuar na
empresa entre o final da década de 60 e início da década de 70, período em que se
observou uma crescente automatização do processo de trabalho e surgimento de
novas tecnologias.


Naquela época, segundo Urt e Lindquist (2004) o mercado de trabalho passou a
reclamar a profissionalização dos trabalhadores para acompanhar as mutações que
estavam ocorrendo no mundo laboral, decorrentes de transformações tecnológicas e
a    escola   encontrava-se   despreparada     para    oferecer   contribuições    na
profissionalização dos trabalhadores para que atendessem as perspectivas de
desenvolvimento industrial.


Assim, para formar o trabalhador que se necessitava naquele momento, se buscou
outros mecanismos situados fora do espaço escolar. A formação profissional passou
a ter seu âmbito cada vez mais definido no local de trabalho e o pedagogo passou a
trabalhar no levantamento das necessidades de aprendizagem, no planejamento e
execução de treinamentos, conduzindo os processos de escolarização que ocorriam
dentro da empresa, viabilizando assim, programas de ensino normal que
proporcionassem a escolaridade básica aos empregados que não tinham.


Segundo os autores, a preocupação da empresa naquela época era a de possuir um
trabalhador que tivesse uma escolaridade básica, o conhecimento técnico da
atividade que iria desenvolver e que não promovesse conflitos, existindo, portanto, a
preocupação com a adaptação pacífica do empregado ao posto de trabalho,
incluindo-se então, no processo de treinamento os cursos de relações humanas, que
na maioria das vezes eram ministrados pelo Pedagogo em parceria com o
Psicólogo. Era notório, portanto que o interesse da empresa estava voltado para um
modelo organizacional vertical e hierarquizado, onde o empregado era visto apenas
como mais uma ferramenta dentro do processo produtivo e como as outras
“maquinas” precisava de alguns reparos para que não apresentassem “defeitos”
durante o processo de produção.


Hoje, segundo Libâneo (2006) o mundo vivencia a 3ª revolução industrial,
caracterizada pela internacionalização da economia e por inovações tecnológicas e
cientificas que provocam mudanças no sistema de organização do trabalho,
havendo assim uma “intelectualização” do processo produtivo que leva a novas
exigências de qualificação do trabalhador.


Para o profissional da atualidade, não é mais necessário apenas a competência
técnica para a atividade que vai desempenhar dentro da empresa, mas também
características como pró-atividade, liderança, autonomia, boa comunicação,
flexibilidade e criatividade. Para Urt e Lindquist (2004) estamos vivenciando
atualmente uma realidade onde nota-se que “[...] a capacidade manual não é mais
imprescindível, mas a capacidade cognitiva e emocional são os fatores de
desenvolvimento e produtividade, a empresa reivindica a “mente e o coração” do
indivíduo (p.4-5).”


É perceptível nesse cenário, o desenvolvimento de uma visão diferenciada das
empresas em relação ao trabalhador. Podemos visualizar tal transformação, por
exemplo, através da mudança de nomenclatura ocorrida na organização, onde o
termo empregado vem sendo substituído por colaborador e recursos humanos por
gestão de pessoas, indicando que a empresa tem se conscientizando que para
atingir seus objetivos e metas é preciso manter o foco no desenvolvimento e
valorização do potencial humano. Segundo Chiavenato (2008):


                      As pessoas passam a significar o diferencial competitivo que mantém e
                      promove o sucesso organizacional. Elas passam a construir a competência
                      básica da organização, a sua principal vantagem competitiva em um mundo
                      globalizado, instável, mutável e fortemente concorrencial (p.4)
Diante dessa nova realidade, onde as empresas passam gradativamente a
compreender    a    importância   de    desenvolver     as    competências      dos    seus
colaboradores, como forma de sobrevivência em um mundo cada vez mais
competitivo, muda-se o papel do pedagogo dentro da empresa, este deixa de ser um
professor encarregado de complementar a escolarização básica dos trabalhadores,
como nos anos 60/70, passando a atuar como agente educacional responsável por
provocar mudanças positivas no comportamento das pessoas melhorando a
qualidade de seu desempenho profissional e pessoal. E nesse novo contexto
empresarial, segundo Ribeiro (2008):


                     O “aprender” transforma-se em uma parte integrante do desenvolvimento da
                     empresa, que passa a ter nos processos de aprendizagem uma forma de
                     vínculo com o seu redor. Esta postura vem acompanhada de uma
                     pedagogização das ações de gestão organizacional que precisa estimular e
                     desenvolver cada vez mais a capacidade de auto-organização e
                     desenvolvimento de seus empregados (p.31-32)


Nesse entendimento Cagliari (2009) diz que “o Pedagogo Empresarial surge como
uma nova ferramenta para este desenvolvimento nas organizações que caminham
para serem empresas aprendentes (p.1).” Pois, possuindo a capacidade de lidar com
a comunicação e a aprendizagem com uma facilidade maior que qualquer outro
profissional, o pedagogo vem se firmando a cada dia como o gerenciador do
processo educativo dentro do ambiente organizacional.


Verificamos que o pedagogo empresarial tem como possibilidades atuar no setor de
RH ou Gestão de Pessoas da organização, como também na gerencia, na
elaboração de projetos educacionais e de responsabilidade social da empresa.
Podendo ser ainda encarregado da formação de lideranças na organização. Lopes
(2009) diz que “os espaços de atuação para o pedagogo empresarial são todos
aqueles onde haja pessoas exercendo funções variadas e que podem melhorar cada
vez   mais   como    indivíduos   em    um     processo      mais   humanizado      (p.60).”
Complementando nosso entendimento quanto às áreas de atuação do pedagogo na
empresa Paz e Carvalho (2010) dizem que:


                     As atividades do pedagogo empresarial relacionam-se a quatro
                     áreas/campos à saber: atividades pedagógicas, sociais, burocráticas e
                     administrativas. Essas atividades permitem a atuação do mesmo em
                     empresas e escolas em função de natureza técnica pedagógica e
administrativa; propor e coordenar atualização de profissionais em
                       Empresas e Órgãos ligados à área educacional; coordenar serviços no
                       campo das relações interpessoais; planejar, controlar e avaliar o
                       desempenho profissional de seus subordinados; assessorar empresas e o
                       entendimento de assuntos pedagógicos pessoais (p.3).


Diante disso, torna-se evidente que o espaço organizacional se caracteriza na
contemporaneidade, como um campo vasto em possibilidades de atuação para o
pedagogo, pois apesar do seu trabalho estar centrado no setor de Gestão de
Pessoas, que já oferece possibilidades infinitas de intervenção no ambiente e
clientes internos da organização, o pedagogo pode atuar ainda em outros setores
empresariais onde poderá afetar diretamente o cliente externo da empresa, como
por exemplo, ao elaborar projetos de responsabilidade social da organização.


Visto que tem se ampliado atualmente o campo de atuação para o pedagogo dentro
da empresa, torna-se necessário salientarmos que se ampliam também a cada dia
os desafios e responsabilidades deste profissional. Paz e Carvalho (2010)
esclarecem que as responsabilidades do pedagogo empresarial são:


      Conhecer e encontrar as soluções práticas para a otimização da
      produtividade profissional;
      Conhecer a fundo e trabalhar de acordo com os objetivos da empresa onde
      trabalha;
      Conduzir com treinamentos dos funcionários e dirigentes que trabalham na
      empresa, na direção dos objetivos humanos, bem como os definidos pelo
      empreendimento;
      Promover treinamentos, eventos, reuniões, festas, exposições, enfim,
      atividades práticas necessárias ao desenvolvimento integral das pessoas,
      motivando-as positivamente (processo educacional), com o objetivo de
      aperfeiçoar a produtividade pessoal;
      Aconselhar de forma pertinente, sobre as condutas mais eficazes das chefias
      para com os funcionários e deste para com as chefias, com o objetivo de
      favorecer o crescimento da produtividade da empresa;
      Favorecer/conduzir um bom relacionamento entre os membros da empresa,
      através     de     ações      pedagógicas,      que    garantam      harmonia,      e
      conseqüentemente, estimulando a produtividade.
Conforme o exposto quanto às responsabilidades do pedagogo empresarial,
podemos compreender que este profissional enfrenta grandes desafios, pois seu
trabalho consiste basicamente em desenvolver pessoas, potencializando suas
virtudes para o alcance da produtividade empresarial, tarefa difícil ao considerarmos
a complexidade do ser humano e a presença do espírito competitivo, muitas vezes
demasiado dentro do espaço organizacional.


É nesse cenário amplamente competitivo que o pedagogo empresarial vai atuar
buscando equilibrar as relações interpessoais e intergrupais, administrando conflitos,
promovendo a ética, a harmonia e desenvolvendo as capacidades cognitivas das
pessoas. Nesse entendimento, Urt e Lindquist (2004) salientam:

                     Os desafios lançados sobre o Pedagogo são grandes, a empresa flexível,
                     não o quer somente para coordenar os treinamentos, para elaborar planos
                     didáticos, avaliar, ministrar cursos de relações humanas. Ela quer muito
                     mais! Ela quer um aliado, um parceiro, um representante, alguém que lhe
                     entenda e ajude a alcançar os seus objetivos. Alguém que forme, que
                     “controle”, mas também que alivie as dores do trabalhador (p.8).


Portanto, para atender as funções que lhes compete, o pedagogo empresarial
precisa ser antes de tudo um ser humano bem resolvido, possuindo características
básicas como serenidade, equilíbrio emocional, sensibilidade, persuasão, espírito de
liderança e senso critico e, aliado a isso, possuir uma boa formação acadêmica que
lhe dê sustentação teórico/prática para compreender a fundo toda a dinâmica
educacional e empresarial e assim poder contribuir para a melhoria das pessoas e
do ambiente organizacional.


Dessa forma, entendemos que apenas a graduação em pedagogia não basta para
preparar adequadamente esse profissional para os desafios que irá encontrar. Pois
como já foi exposto no capitulo anterior, a graduação em pedagogia encontra-se
atualmente muito voltada para a docência, deixando a margem os saberes
necessários às práticas educacionais que acontecem fora do contexto escolar.


Assim, entendemos que existe a necessidade, do pedagogo que se interessa pela
área empresarial, buscar complementar a sua formação em cursos posteriores,
como a pós-graduação em Pedagogia Empresarial ou áreas afins que lhe
possibilitem um maior aprofundamento sobre a aprendizagem e o comportamento
humano nas organizações, as relações interpessoais e intergrupais, conceitos
básicos de administração e gestão empresarial e, sobretudo, um estudo mais
avançado quanto à educação de adultos, uma fez que a atual graduação está mais
direcionada a Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.
CAPÍTULO III

                                   METODOLOGIA

Lembramos que o presente trabalho possui por objetivo conhecer a realidade da
pedagogia empresarial na cidade de Senhor do Bonfim a partir da visão dos próprios
pedagogos que atuam na área. Para tanto, além a pesquisa bibliográfica realizamos
também um trabalho de campo, onde percorreremos alguns caminhos dentro da
pesquisa qualitativa com o intuito de resolver a questão de pesquisa levantada no
capítulo I.


3.1 A pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa é um caminho investigativo que exige um intensivo trabalho de
campo, onde o pesquisador deve manter o contato direto e estreito com seu objeto
de estudo. Segundo Ludke, Menga (1986) na pesquisa qualitativa, o pesquisador é
seu principal instrumento e a preocupação com o processo é bem maior do que com
o produto. Assim, para que a pesquisa obtenha sucesso o pesquisador precisa estar
atento a todas as etapas do processo e possuir sensibilidade para não apenas
descrever, mas, sobretudo, interpretar o objeto/fenômeno que o estuda.

Por exigir maior envolvimento do pesquisador com o processo da pesquisa, e
também por sua característica flexível, principalmente no que diz respeito às
técnicas de coleta de dados, onde o pesquisador pode escolher entre uma
variedade, aquelas que mais de adéquam a observação que está sendo realizada, a
pesquisa qualitativa permite compreender o objeto de estudo em sua profundidade.
Nesse entendimento, Warlen (2004) afirma que:

                     A abordagem qualitativa apresenta-se como a tentativa de uma
                     compreensão detalhada dos significados e características situacionais
                     apresentadas pelos entrevistados [...] realça os valores, as crenças, as
                     representações, as opiniões, atitudes e usualmente é empregada para que
                     o pesquisador compreenda os fenômenos caracterizados por um alto grau
                     de complexidade interna do fenômeno pesquisado (p.1).

As características acima apontadas nos levaram a eleger a abordagem qualitativa
como caminho investigativo da nossa pesquisa. Justificamos ser este o mais
apropriado caminho investigativo para solucionar a nossa questão de pesquisa, pois
ao buscar entender o porquê das coisas, as abordagens qualitativas são
exploratórias e estimulam os sujeitos a pensarem e responderem livremente quando
são entrevistados, e, permitindo a manifestação da subjetividade e espontaneidade,
elas costumam provocar os sujeitos a revelarem seus pensamentos não explícitos, o
certamente representou um fator significativo para o nosso estudo.


3.2 Lócus de Pesquisa
Devido a nossos sujeitos estarem inseridos em empresas distintas, o presente
trabalho possuiu dois lócus de pesquisa, a saber:
      CERB- Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia-
      Núcleo Regional de Senhor;
      Embasa- Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A-UNS - Unidade de
      Negócios de Senhor do Bonfim;



3.2.1 A Cerb
A Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb) é uma
empresa de economia mista, vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, e tem como
missão garantir a oferta de água        para melhoria da qualidade de vida e
desenvolvimento sustentável, com ênfase no saneamento rural. Ela é responsável
pela execução de programas, projetos e ações de aproveitamento dos recursos
hídricos e saneamento rural do Estado da Bahia.


Atualmente a Cerb possui núcleos regionais distribuídos em onze municípios da
Bahia, entre eles o núcleo do município de Senhor do Bonfim, nosso lócus de
estudo, que fica situado a Rodovia Lomanto Júnior, Km 104, e atende a mais vinte e
sete cidades da região.


3.2.2 A embasa
A Empresa Baiana de Água e Saneamento S.A. – Embasa - é uma sociedade de
economia mista de capital autorizado, pessoa jurídica de direito privado, tendo como
acionista majoritário o Governo do Estado da Bahia.

Sua sede está localizada na capital baiana e a empresa se estende através de
dezesseis Unidades Regionais situadas nos principais municípios baianos, entre
eles o município de Senhor do Bonfim sede da UNS- Unidade de Negócios de
Senhor do Bonfim, nosso lócus de pesquisa, que fica localizado na Avenida do
Contorno, S/N, Casas Populares, e abrange vinte e quatro cidades da região através
dos seus Escritórios Locais.

3.3 Sujeitos da pesquisa
Compreendemos que para a realização de uma pesquisa é aconselhável uma
mostragem maior de sujeitos para dar melhor sustentação aos resultados obtidos.
Porém, como em nossa pesquisa os sujeitos são os pedagogos que atuam em
empresas da cidade de Senhor do Bonfim e este município possui poucas
organizações empresariais que disponham de pedagogos em seu quadro funcional,
encontramos apenas 4 (quatro) pedagogos atuantes na área empresarial na cidade.
Estes são os nossos sujeitos que nos ajudaram a solucionar a questão de pesquisa
levantada no capitulo I, a partir de suas respostas no questionário e na entrevista
semi-estruturada.

Salientamos que anterior a realização dessa pesquisa fizemos um levantamento do
número de pedagogos que atuam em empresas localizadas na cidade e
encontramos somente os nossos quatro participantes que atuam em duas empresas
estatais que possuem núcleos regionais na cidade de Senhor do Bonfim. Assim
nossos sujeitos são:
01 Pedagogo da CERB- Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos
da Bahia- Núcleo Regional de Senhor;


03 Pedagogos da Embasa- Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A-UNS -
Unidade de Negócios de Senhor do Bonfim;

3.4 Estratégias e Instrumentos da Pesquisa
Entendemos que a escolha dos instrumentos de pesquisa utilizados para coletar
dados é uma etapa de fundamental importância para o bom desenvolvimento da
pesquisa e conseqüentemente a compreensão do objeto estudado. Pois, é a partir
dos instrumentos de coleta de dados que entramos em contato direto com a
realidade pesquisada e buscamos as respostas para solucionar a questão de
pesquisa. De acordo com Cervo (2007) “os instrumentos de coleta de dados de largo
uso são a entrevista, o questionário e o formulário (p.50)”. Ainda segundo o autor, a
escolha dos instrumentos deve estar diretamente ligada ao objetivo da pesquisa.
Nessa compreensão, elegemos como nossos instrumentos de coleta de dados o
questionário fechado e a entrevista semi-estruturada, acreditando serem estes os
meios mais adequados ao nosso objetivo de estudo.

3.4.1 Questionário Fechado


De acordo com Cervo (2007) “o questionário é a forma mais usada para coletar
dados, pois possibilita medir com mais exatidão o que se deseja (p.53)”. Ainda
segundo o autor o questionário “possui a vantagem de os respondentes se sentirem
mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações mais reais
[...] (p.53)”.
Assim, objetivando traçar o perfil identitário dos pedagogos que atuam nas
empresas da cidade de Senhor do Bonfim aplicamos aliado à entrevista semi-
estruturada um questionário fechado contendo 10 questões objetivas que foram de
fundamental importância para a nossa pesquisa ao permitiram a extração de
respostas confidenciais dos sujeitos, como por exemplo, dados referentes à
remuneração profissional; e possibilitarem a extração de respostas claras e de fácil
interpretação.

3.4.2 A Entrevista Semi- Estruturada


Cervo (2007) conceitua muito bem este instrumento de coleta de dados ao dizer que
“a entrevista não é uma simples conversa. É uma conversa orientada para um
objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a
pesquisa (p.51)”. Sabemos que existe uma variedade de formas de entrevistas
cientificas, e entre elas elegemos para a nossa pesquisa a forma de entrevista semi-
estruturada que combina perguntas abertas e fechadas, onde de acordo com
Quaresma (2005) “o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema
proposto (p.75)”.

Ao elaborarmos as perguntas da entrevista podemos observar que iramos obter
respostas extensas e por isso optamos pelo tipo de entrevista semi-estruturada
gravada que representou um instrumento muito significativo ao fornecer o contato
direto com os nossos sujeitos, e possibilitar que além da escuta pudéssemos realizar
também, uma observação e interpretação do comportamento, gestos e atitudes do
entrevistado.
CAPITULO IV


          ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS


No presente Capítulo apresentamos a análise dos dados coletados da pesquisa
desenvolvida com os pedagogos atuantes na Cerb- Companhia de Engenharia
Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia- Núcleo Regional de Senhor; e
Embasa/UNS- Unidade de Negócios de Senhor do Bonfim.
Para tanto, utilizamos como instrumentos de coleta de dados o questionário fechado,
e a entrevista semi-estruturada, realizada com a utilização de gravador, o que
permitiu apreender a veracidade das falas dos sujeitos.


4.2 O perfil dos sujeitos
Como foi mencionado anteriormente foram aplicados questionários fechados aos
quatro pedagogos das empresas acima citadas, onde por meio destes tornou-se
possível traçar o perfil dos sujeitos conforme análise a seguir:


4.2.1 Idade e Gênero
Quanto à faixa etária dos nossos pesquisados a variação vai dos 20 aos 40 anos,
sendo que 50% possuem idade entre 26 a 34 anos; 25% entre 35 a 40 anos e mais
25% entre 20 a 25 anos, como apresentamos no gráfico 4.2.1. A partir destes dados
podemos observar que todos os pedagogos são jovens profissionais na área do
nosso estudo. Acreditamos que essa realidade está relacionada ao fato da
Pedagogia Empresarial ser um nicho mercadológico ainda muito recente, sendo,
portanto, mais conhecido pelos profissionais jovens, com recente formação e ainda a
procura de inserção no mercado de trabalho.
Gráfico 4.2.1 Idade

No quesito “Gênero”, 100% dos pedagogos entrevistados são do sexo feminino,
conforme o gráfico 4.2.2. Nesse panorama observamos que como afirma Fagundes
(2002) há uma “destinação feminina para a área de Educação, em especial, para o
curso de Pedagogia (p.65). Essa destinação segundo os estudos realizados pela
autora deve-se as características do curso de Pedagogia de ser oportunizador de
crescimento pessoal, facilitador de engajamento no mercado de trabalho,
oportunizador de crescimento profissional e, sobretudo, possibilitador da construção
de uma carreira profissional compatível com a vida familiar. Apesar disso, nos
tempos contemporâneos esta realidade começa a mudar e os homens já apontam
um interesse maior para a área da educação, apresentando freqüência em cursos de
licenciaturas especificas e também Pedagogia.




                               Gráfico 4.2.2 Gênero
4.2.2 Grau de escolarização e tempo de formação
Na análise do grau de escolaridade dos pedagogos entrevistados, constatamos que
50% possuem apenas a graduação em Pedagogia e 50% deram continuidade a
seus estudos, concluindo o curso de pós- graduação em Gestão de Recursos
Humanos como apresenta o gráfico 4.2.3.

Este dado é bastante relevante, pois mostra que estes pedagogos buscaram
aprofundar seus conhecimentos na área empresarial, destacando-se da maioria dos
pedagogos que comumente procuram cursos de pós-graduação voltados para a
docência e para a problemática escolar. É importante compreendermos que de
acordo com Libâneo (2006) “a formação profissional do pedagogo pode desdobrar-
se em múltiplas especializações profissionais, sendo a docência uma entre elas
(p.851)”.

Compreendemos que para o pedagogo que se interessa pela área da Pedagogia
Empresarial é de fundamental importância buscar complementar a sua formação
com este tipo de especialização que lhe possibilite um maior aprofundamento sobre
a aprendizagem e o comportamento humano nas organizações, as relações
interpessoais e intergrupais, conceitos básicos de administração e gestão
empresarial e, sobretudo, um estudo mais avançado quanto à educação de adultos,
uma fez que a atual graduação está mais direcionada a Educação Infantil e séries
iniciais do Ensino Fundamental, como já apontamos no capitulo II deste trabalho.

Segundo Paz e Carvalho (2010) “o RH é uma especialidade que surge para
trabalhar com as complexidades organizacionais e para reduzir conflitos entre
objetivos individuais e os interesses das empresas (p.3).” Assim, a opção dos
nossos sujeitos pela especialização em Gestão de Recursos Humanos mostra o
interesse destes em ampliar seus conhecimentos quanto à problemática educativa
organizacional e assim, se desenvolverem dentro do ramo da Pedagogia
Empresarial.
Gráfico 4.2.3 Grau de escolaridade

No que se refere ao tempo de conclusão da Graduação em Pedagogia dos quatro
sujeitos entrevistados, 50% concluíram o curso entre 3 e 5 anos, 25% concluíram
entre 1 e 2 anos e mais 25% concluíram o curso a menos de 1 ano, conforme o
Gráfico 4.2.4. Observamos assim que os pedagogos que atuam nas empresas da
cidade de Senhor do Bonfim, são formados recentemente.

É importante ressaltarmos que 100% dos pedagogos entrevistados concluíram a
graduação em Pedagogia na UNEB- Universidade do Estado da Bahia, Campus VII.
Este dado vem revelar que apesar do curso de Pedagogia da Universidade estar
voltado para a docência em conformidade com a Resolução CNE/CP n.1, de
15/05/2006, o nível de discussão em sala de aula quanto à problemática educacional
favoreceu de alguma forma o conhecimento e direcionamento destes graduados
para a área da Pedagogia Empresarial.
Gráfico 4.2.4 Tempo de conclusão da graduação



4.2.3 Tempo de serviço na empresa e Requisitos da contratação
Com relação ao tempo de serviço dos pedagogos nas empresas onde trabalham,
dos quatro sujeitos entrevistados 50% trabalham na empresa há 3 a 5 anos; 25%
de 6 a 10 anos e 25% a mais de 10 anos, conforme o Gráfico 4.2.5. Dessa forma,
fazendo um comparativo dessa analise com a outra realizada no tópico anterior
quanto ao tempo de conclusão da graduação em Pedagogia, podemos observar que
alguns dos nossos entrevistados foram admitidos na empresa antes de concluírem a
graduação.




                        Gráfico 4.2.5 Tempo de serviço
Quanto ao requisito de contratação, 100% dos sujeitos entrevistados não foram
admitidos na empresa onde trabalham por conta da sua formação em Pedagogia,
conforme o Gráfico 4.2.6. Os cargos ocupados possuem como pré- requisito de
admissão apenas o nível médio de escolaridade. Assim apesar de possuírem a
graduação em Pedagogia os sujeitos não são reconhecidos formalmente como
pedagogos dentro da organização. Porém, apesar disso veremos adiante a partir da
analise da entrevista semi-estruturada que estes mesmos sujeitos são solicitados
pela organização onde trabalham a desenvolver atividades próprias da Pedagogia
Empresarial em diversos momentos.




                      Gráfico 4.2.6 Requisito de admissão

4.2.4 Situação Contratual: Terceirizado ou Efetivo

No que se refere à situação contratual dos pedagogos dentro das empresas onde
trabalham, 100% dos entrevistados são colaboradores terceirizados, de acordo com
o Gráfico 4.2.7. Segundo Alves (2010) “A terceirização propicia a fraude de direitos
trabalhistas e o enriquecimento espúrio de donos de empresas de intermediação de
mão-de-obra (p.17)”. Assim, podemos observar que não são boas as condições de
trabalho dos pedagogos entrevistados, pois enquanto colaboradores terceirizados
encontram-se descobertos de muitos direitos trabalhistas, possuem salário muito
inferior aos colaboradores efetivos que ocupam cargos iguais ou similares aos seus
na mesma empresa, e, sobretudo, vivem em constante pressão psicológica quanto
ao termino dos contratos e a sombra do desemprego.
Gráfico 4.2.7 Situação contratual

4.2.5 Remuneração
Quanto a remuneração dos quatro pedagogos entrevistados, 75% recebem igual ou
aproximadamente 2 salários mínimos e 25% recebem igual ou aproximadamente 3
salários mínimos, conforme o Gráfico 4.2.8. Podemos observar que nossos sujeitos
possuem uma baixa remuneração considerando a sua formação acadêmica e
jornada de trabalho de 40h semanais. Também em comparação ao atual piso salarial
dos professores da rede estadual da Bahia de R$ 1.187,08 (valor alvo de
insatisfação por parte da maioria dos professores), a atual remuneração dos
pedagogos entrevistados é ainda inferior.     Essa realidade está relacionada à
situação contratual acima revelada, pois como já pontuamos a terceirização propicia
a má remuneração dos colaboradores.
4.2.8 Remuneração

4.3 Ouvindo os Pedagogos: A realidade profissional narrada pelos sujeitos

Com o intuito de conhecer e analisar o perfil identitário dos sujeitos e a sua realidade
profissional, utilizamos a entrevista semi-estruturada, com uso de gravador, para que
pudéssemos apreender a veracidade dos depoimentos. Posteriormente os dados
foram triangulados com aqueles extraídos do questionário fechado, o que nos
possibilitou responder a nossa questão de pesquisa.

Para salvaguardar a identidade dos sujeitos utilizamos o código “Ped.” seguido de
numerais 01, 02 e assim sucessivamente.


4.3.1 A dicotomia entre cargo e atividades desenvolvidas
Ao questionarmos quanto ao cargo ocupado e as atividades que desempenham na
empresa observamos uma grande dicotomia entre ambos. Pois, apesar de nossos
sujeitos ocuparem cargos de nível médio de escolarização, e desempenharem as
funções burocráticas e administrativas que lhes competem , desenvolvem também
em muitos momentos atividades próprias da Pedagogia Empresarial. Vejamos as
respostas:

Quanto ao Cargo:
                       Eu sou supervisora dois, trabalho com acompanhamento de metas,
                      indicadores e processos. (Ped. 01)

                      Meu cargo é assistente administrativo. Função: eu coordeno processos de
cobrança e supervisão de órgãos públicos. Trabalho com negociação, tudo
                     que gira em torno de órgãos públicos na parte comercial da empresa eu
                     atuo e no processo de cobrança. ( ped. 02)

                     Como trabalho para uma empresa terceirizada a gente tem como função
                     assinado na carteira técnico administrativo. Mas, dentro da empresa eu
                     desenvolvo a coordenação do núcleo de planejamento e gestão [...] E,
                     também trabalho na parte comercial no processo de faturamento. (Ped. 03)

                     Eu sou assistente administrativo e trabalho na área comercial com processo
                     de cliente, a gente atende a todos os tipos de clientes seja interno ou
                     externo da empresa. (Ped. 04)


Quanto às atividades desenvolvidas:

                     Eu acompanho processo de comunidades, de instalação de novos sistemas,
                     acompanho os indicadores, como é que andam as metas...é...o número de
                     obras, porque a gente tem meta para tudo. (Ped. 01)

                     Além das atividades que já citei, eu fico também responsável com o núcleo
                     de planejamento e gestão da divisão comercial, é...sou responsável pela
                     parte mesmo de gestão, de reuniões, atender a esses cronogramas, aos
                     treinamentos internos, dou treinamento aos colaboradores dos escritórios
                     locais da Unidade, dos nossos colaboradores internos também. [...] Muita
                     coisa na área de gestão, essa questão de planejamento estratégico [...]. E,
                     também, essas funções de treinamentos, é...essa parte também de artes,
                     teatro, eventos. (Ped. 02)


                     Além das que eu já citei, sempre tem as atividades extras que são na
                     coordenação de eventos, as vezes coordenando, as vezes auxiliando o RH
                     que é responsável diretamente, e na promoção também de treinamentos
                     voltados pra área de gestão. (Ped. 03)

                     Bom, nossas atividades são bastante diversas. A gente atende como eu falei
                     a todos os clientes, e o nosso maior objetivo é elevar a satisfação da
                     empresa e aumentar a gestão comercial. E através disso a gente atende a
                     clientes de todas as localidades ou cidades que a empresa atende [...] E
                     diversas outras coisas que a gente é...no decorrer do dia com prazos para
                     prestar conta pra empresa, tipo essa questão das metas comerciais,
                     processo judiciais, e... na questão de atendimento mesmo no geral. (Ped.
                     04)


De acordo com Urt e Lindquist (2004) O Pedagogo é o agente educacional da
empresa, sua função é a concretização da educação dentro dos interesses atuais da
organização. Esse profissional atua na área de Recursos humanos, em setores
como: Desenvolvimento e Treinamento, Recrutamento e Seleção, Desenvolvimento
Gerenciado. Eles não têm uma função específica de Pedagogo e embora se afirme
que, devido à sua formação, o seu forte seja treinamento, ele atua em várias frentes,
como recrutamento, seleção e contratação. De forma geral, é denominado de
Analista de Recursos Humanos ou Consultor de Recursos Humanos, fazendo parte
de um grupo, dentro de Recursos Humanos, do qual fazem parte também, o
psicólogo e o administrador.


A partir das respostas dos entrevistados aos questionamentos quanto ao cargo que
ocupam na empresa e as atividades que desempenham, podemos observar que os
pedagogos entrevistados apesar de não ocuparem cargos ligados a sua formação
acadêmica, são em muitos momentos solicitados a desenvolver também, atividades
próprias da Pedagogia Empresarial, e essa realidade é expressa claramente nas
falas do Pedagogo 02 e do Pedagogo 03.            O Pedagogo 03 ao nomear essas
atividades de “extras” nos faz entender a visão capitalista da empresa em relação ao
pedagogo. Pelo mesmo preço de um funcionário de nível médio de escolarização ela
contrata um pedagogo que além de desempenhar as funções para que foi designado
no momento da admissão, possui a competência necessária para desenvolver
também, quando preciso,as atividades “extras” .


Vale ressaltar a situação das empresas visitadas quanto ao setor de RH (Recursos
Humanos) ou Gestão de Pessoas. Já elucidamos que ambas as empresas são
núcleos regionais instalados na cidade e suas respectivas sedes estão localizadas
na capital baiana. Porém, apesar desses núcleos regionais atenderem a muitos
municípios da região da cidade de Senhor do Bonfim, contado assim com um
numero razoavelmente grande de funcionários, em uma das empresas visitadas, o
setor de RH (Recursos Humanos) ou Gestão de Pessoas nem mesmo existe e na
outra empresa, apesar de existir não dispõe de nenhum pedagogo ou profissional
com formação especifica nessa área. Tal realidade denota, talvez, a falta de
conhecimento das empresas em relação ao processo de Gestão de Pessoas e
quanto ao aproveitamento da formação acadêmica dos seus colaboradores
graduados em Pedagogia.


De acordo com Paz e Carvalho (2010) “O papel do RH é essencialmente educativo,
ele trabalha na sensibilização e educação dos seus funcionários (p.6)”. Assim,
entendemos que apesar de haver outros setores dentro da empresa onde o
pedagogo possa desenvolver seu trabalho, é o setor de RH (Recursos Humanos) ou
Gestão de Pessoas, o espaço organizacional onde se mais necessita da presença
deste profissional.
4.3.2 A formação acadêmica auxiliando a prática


Questionamos aos nossos entrevistados se e como os componentes curriculares
estudados durante a graduação em Pedagogia contribuíram para o desempenho das
atividades que exercem dentro da empresa. Abaixo a visão dos sujeitos:


                    Sim. A pedagogia, eu acho que ela é ampla, né?! Ela desenvolve, a gente
                    se torna um cientista mesmo, buscador de conhecimentos. Então
                    contribuíram sim. (Ped. 01)


                    Sim. Essa noção que é criada no curso como um todo, de gestão. Muita
                    coisa da área de gestão a gente acaba adquirindo no curso [...] os
                    conhecimentos curriculares eu acredito que tenha me ajudado bastante.
                    (Ped. 02)


                    Não. Porque pelo menos na nossa região ou dentro da própria Universidade
                    é...pra Pedagogia ser aplicada dentro da empresa ainda deixa muito a
                    desejar, né?! [...] Acho que a grade ainda deixa muito a desejar em relação
                    a isso. Eu já tive olhando muitas outras grades curriculares que já incluem
                    dentro da grade a Pedagogia Empresarial, a Pedagogia Hospitalar, quer
                    dizer, abrindo a Pedagogia pra outros campos que não seja a educação,
                    somente no foco educação. Obvio [...] que a gente acaba utilizando um
                    pouco daquilo que a gente desenvolve na faculdade, mas não exatamente
                    parte da grade curricular. (Ped.03)


                    Ah! Bastante [...]. Na questão de seminários, de palestras, né?! De
                    capacitação de funcionários, seleções, na questão do próprio atendimento
                    em si, né?! Você sabe como você é...planejar, a Pedagogia ela me abriu um
                    pouco esse olhar [...] Então, os meus parâmetros curriculares na
                    Universidade foram de grande valia pra mim, e estão sendo até hoje, né?!
                    (Ped.04)


Para iniciar essa analise é importante lembrarmos que todos os entrevistados
concluíram a graduação em Pedagogia na mesma Universidade. Podemos observar
que dos quatro pedagogos entrevistados três acreditam que os componentes
curriculares estudados durante a graduação em pedagogia contribuíram para o
desenvolvimento das atividades dentro da empresa, e atribuem essa contribuição
aos conhecimentos adquiridos durante o curso na área de pesquisa (Ped. 01),
gestão (Ped.02) e planejamento (Ped.04). Apenas o Pedagogo 03 possui uma
opinião contraria. Em sua fala ele faz uma critica a grade curricular curso de
pedagogia da UNEB- Campus VII dizendo que o curso ainda deixa muito a desejar
quando comparado ao de outras Universidades que já incluem em sua grade a
pedagogia empresarial.


Os pontos de vista dos nossos entrevistados nos levam a refletir quanto à formação
ideal do pedagogo perante a essa nova realidade em que seu campo de atuação vai
muito além dos muros escolares. De acordo com Libâneo (2001):


                     O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um
                     profissional qualificado para atender demandas sócio-educativas de tipo
                     formal e não-formal e informal, decorrentes de novas realidade [...] não
                     apenas na gestão, supervisão e coordenação pedagógica de escolas, como
                     também na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino, no
                     planejamento educacional, na definição de políticas educacionais, nos
                     movimentos sociais, nas empresas, nas várias instancia de educação de
                     adultos, nos serviços de psicopedagoga e orientação educacional, nos
                     programas sociais, nos serviços para a terceira idade, nos serviços de lazer
                     e animação cultural[...]. A caracterização de pedagogo stricto sensu é
                     necessária para distingui-lo do profissional docente [...] lato sensu. Por isso
                     mesmo importa formalizar uma distinção entre trabalho pedagógico
                     (atuação profissional em um amplo leque de práticas educativas) e trabalho
                     docente (forma peculiar que o trabalho pedagógico assume na sala de
                     aula), separando portanto, curso de Pedagogia (estudos pedagógicos) e
                     cursos de licenciatura (para formar professores do ensino fundamenta e
                     médio) (p.30-31) (Grifo nosso)


O autor traz, portanto, o entendimento de que o curso de Pedagogia precisa ser
dividido em Licenciatura para formar o profissional docente e Bacharelado para
formar o especialista em educação que iria atender a essas novas demandas
educativas da sociedade atual. Ainda reforça esse entendimento ao dizer:


                     É difícil crer que um curso com 3.200 horas possa formar professores para
                     três funções que têm, cada uma, sua especificidade: a docência, a gestão, a
                     pesquisa, ou formar, ao mesmo tempo, bons professores e bons
                     especialistas, com tantas responsabilidades profissionais e esperar tanto do
                     professor e do especialista. [...] Para se atingir qualidade da formação ou se
                     forma bem um professor ou se forma bem um especialista, devendo prever-
                     se, portanto, dois percursos curriculares articulados entre si, porém distintos
                     (Libâneo 2006, p.861)


Para concluir, este ressalta ainda que “o curso de pedagogia oferecerá, portanto,
três habilitações: bacharelado em pedagogia, licenciatura em educação infantil e
licenciatura em anos iniciais do ensino fundamental (Libâneo, p.872)”.


Concordamos com o posicionamento do citado autor em relação à formação de
pedagogos, pois acreditamos que para atender as novas demandas extra-escolares
que surgem na sociedade contemporânea é necessária uma grade curricular voltada
para a formação do pedagogo especialista. Isto é, uma graduação não
necessariamente deve-se aprofundar nas áreas especificas, pois isso fica a cargo
dos cursos de pós-graduação, mas que possibilite uma visão geral da nova
realidade mercadológica e contemple estudos mais profundos quanto à educação
voltada para adultos e a prática pedagógica em espaços não-formais.


Ao mesmo tempo, reconhecendo que a sociedade contemporânea clama por
melhorias no contexto escolar, acreditamos ser de fundamental importância a
existência de um curso de licenciatura que forme o profissional docente capaz de
atender e contribuir para a resolução dos atuais e complexos problemas da
educação formal.


4.3.3 A valorização profissional no espaço empresarial


Questionamos os nossos sujeitos se eles se sentiam reconhecidos /valorizados
enquanto pedagogo na empresa onde trabalham. As respostas abaixo revelam a
realidade vivenciada pelos nossos sujeitos, mostrando que a maioria sente que a
empresa não reconhece /valoriza sua formação acadêmica em Pedagogia.


                     Mais ou menos, né?! Não é reconhecido pela função como...a minha
                     graduação como pedagoga. Mas, ao longo do tempo aqui quando a gente
                     foi discutindo, né?! O pessoal vendo, ah! *** é pedagoga então é gestão de
                     pessoas. Ai eu me vi. Mas não a empresa em si, né?! Reconhecimento,
                     gratificação salarial e essas questões não . (Ped.01)

                     Na empresa como um todo não. Eu diria que em alguns momentos sim.
                     É...quando meu gerente imediato me solicita algumas atividades que ele
                     chega até a questionar: você que é pedagoga, por favor?! Então ele utiliza a
                     minha formação em algumas atividades, mas não sou reconhecida como
                     pedagoga não. Porque eu não atuo diretamente nisso, apesar da minha
                     formação é...auxiliar no desenvolvimento das minhas atividades, eu não sou
                     reconhecida na empresa diretamente como pedagoga.Eu...algumas vezes,
                     por ser pedagoga sou solicitada a algumas atividades. (Ped. 02)


                     Diante das atividades que eu desempenho, eu sou muito cobrada em tá
                     colocando aquilo que a gente desenvolve na Universidade dentro do
                     trabalho, que é justamente essa desenvoltura, essa capacidade de lidar com
                     o outro, mas em relação a reconhecimento enquanto profissional não né?!
                     (Ped. 03)


Apenas um dos pesquisados se sente reconhecido/valorizado enquanto pedagogo
dentro da empresa.
Totalmente, totalmente! Se não fosse a Pedagogia eu acho que eu não tinha
                    me encontrado. É...eu tenho praticamente seis anos aqui nessa empresa, e
                    todas as praticas pedagógicas que eu consegui trazer pra empresa, eu fui
                    bastante valorizada, e eu sentia da parte dos meus gestores que eles me
                    ouviam bastante né?! as dinâmicas de grupo que a gente fazia, as reflexões
                    que a gente fazia em grupo...tudo isso faz com que a gente se sinta
                    valorizado, né? (Ped.04)


Neste contexto, o pedagogo 01 menciona a sua insatisfação com a sua gratificação
salarial, questão já analisada anteriormente, onde constatamos que a remuneração
dos nossos sujeitos é realmente baixa. O pedagogo 02 salienta que em algumas
vezes, por ser pedagogo é solicitado a desenvolver algumas atividades próprias da
Pedagogia Empresarial, mas não é reconhecido pela formação acadêmica. Também
o pedagogo 03 enfatiza que é muito cobrado em aplicar os conhecimentos
acadêmicos no trabalho, mas não é reconhecido formalmente como pedagogo.
Apenas o Pedagogo 04 diz sentir-se totalmente valorizado dentro da empresa.


Assim, a maioria dos nossos sujeitos reconhece a falta de reconhecimento
profissional enquanto pedagogos dentro da empresa, refletida não apenas na baixa
remuneração salarial, como também, na situação contratual terceirizada que como já
afirmamos anteriormente, os mantém descobertos de muitos direitos trabalhistas e
em constante pressão psicológica quanto ao termino do contrato trabalhista.


Porém, a fala Pedagogo 04 ao comentar que costuma ser ouvido por parte dos
gestores, demonstra que a empresa na pessoa dos gestores talvez tenha
conhecimento da competência intelectual do pedagogo, apesar de não reconhecer
formalmente a sua profissão.




4.3.4 A contribuição do pedagogo para o espaço empresarial


Procuramos descobrir o conhecimento que os sujeitos têm a respeito da contribuição
do pedagogo para o espaço empresarial. As respostas abaixo apontam que os
sujeitos estão informados quanto às reais atribuições do pedagogo dentro de uma
organização empresarial e sua contribuição para este novo cenário mercadológico.
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  • 1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA TATIANE DA SILVA LIMA PEDAGOGIA EMPRESARIAL: A ATUAÇÃO DOS PEDAGOGOS NAS EMPRESAS DE SENHOR DO BONFIM BA SENHOR DO BONFIM 2011
  • 2. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA-UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII COLEGIADO DE PEDAGOGIA TATIANE DA SILVA LIMA PEDAGOGIA EMPRESARIAL: A ATUAÇÃO DOS PEDAGOGOS NAS EMPRESAS DE SENHOR DO BONFIM BA Monografia apresentada ao Departamento de Educação / Campus VII – Senhor do Bonfim, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Orientadora: Profª Beatriz Barros SENHOR DO BONFIM 2011
  • 3. TATIANE DA SILVA LIMA PEDAGOGIA EMPRESARIAL: A ATUAÇÃO DOS PEDAGOGOS NAS EMPRESAS DE SENHOR DO BONFIM BA. Monografia apresentada ao Departamento de Educação- Campus VII, da Universidade do Estado da Bahia, como parte dos requisitos para obtenção de graduação no Curso de Pedagogia com Habilitação em Docência e Gestão de Processos Educativos. Aprovada em_______de ________________de 2011. BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Profª Beatriz Barros- Universidade do Estado da Bahia-UNEB Orientadora _____________________________________________________ Profª................................................................................ Universidade do Estado da Bahia – UNEB Examinadora _____________________________________________________ Profª............................................................................ Universidade do Estado da Bahia – UNEB Examinadora
  • 4. A DEUS, este ser supremo fonte de toda graça e virtude. Ao meu amado PAI Pedro Alves Lima, meu orgulho e exemplo de vida, homem sábio, que sendo morador da zona rural, com pouca escolaridade, não mediu esforços para a minha formação. As minhas três MÃES do coração: Josefa Alves Lima (avó), Maria Angélica de Souza (tia e madrinha), ambas in memória, e Raquel Oliveira Reis (mãe). São elas minhas referências femininas de determinação e caráter. Ao meu amado NOIVO Gilson Mendes de Souza – Presente de DEUS na minha vida. Meu companheiro de todas as horas, que me compreende e incentiva cotidianamente.
  • 5. AGRADECIMENTOS A minha orientadora PROF.ª BEATRIZ BARROS pela paciência e pelas importantes lições oferecidas do início até a conclusão deste trabalho. A PROFª SIMONE WANDERLEY pelas orientações oferecidas que muito contribuíram para as melhorias realizadas nesta produção. A PROFª MARIA GLORIA DA PAZ por me instruir na fase inicial deste estudo. E ao colega LUCIMAR BATISTA DE ANDRADE pela sua contribuição na finalização do mesmo. Aos (as) AMIGOS (AS) CONQUISTADOS (AS) na minha trajetória no curso de pedagogia da UNEB- Campus VII, em especial a ERIVÂNIA DE SOUZA SILVA. A todo CORPO DOCENTE da Universidade do Estado da Bahia- UNEB e, em especial, aos Docentes do Curso de Pedagogia, cujos ensinamentos jamais serão esquecidos.
  • 6. RESUMO O presente trabalho consiste em uma abordagem sobre o novo cenário mercadológico que surge para o pedagogo na contemporaneidade em espaços não- formais, enfatizando dentro desse cenário a empresa como um ambiente rico em novas perspectivas para esse profissional. Adentramos o universo da pedagogia empresarial a partir do estudo da vivencia dos pedagogos que atuam em organizações empresariais da cidade de Senhor do Bonfim-Ba. Trata-se, portanto, de uma investigação acerca da realidade da pedagogia empresarial na cidade, a partir da visão dos próprios pedagogos que atuam na área, elucidando a identidade desse profissional e desmistificando os desafios e expectativas encontrados nesse novo nicho de mercado. Palavras-Chave: Pedagogo, Identidade profissional, Pedagogia Empresarial.
  • 7. LISTA DE ABREVIATURAS SIGLA SIGNIFICADO ANFOPE Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia- Núcleo Regional de Senhor Embasa Embasa- Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A CFE Conselho Federal de Educação CNE Conselho Nacional de Educação RH Recursos Humanos
  • 8. SUMÁRIO 9 INTRODUÇÃO 1. CAPÍTULO I – PROBLEMÁTICA 12 1.1 A busca da identidade: um breve histórico do curso de 12 Pedagogia 1.2 A pedagogia frente ao mundo contemporâneo: Perspectivas além dos muros da escola 17 2. CAPÍTULO II – QUADRO TEÓRICO 20 2.1. Pedagogo: Que profissional é esse? 20 2.2. Identidade Profissional do pedagogo 24 2.3. Pedagogia Empresarial 28 3. CAPITULO III – METODOLOGIA 34 3.1. A pesquisa Qualitativa 34 3.2. Lócus de Pesquisa 35 3.2.1. A Cerb 35 3.2.2. A Embasa 36 3.3. Sujeitos da pesquisa 36 3.4 . Estratégias e Instrumentos da Pesquisa 37 3.4.1. Questionário Fechado 37 3.4.2. A Entrevista Semi- Estruturada 38 4. CAPITULO IV – ANALISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 39 4.2. O perfil dos sujeitos 39
  • 9. 4.2.1. Idade e Gênero 39 4.2.2. Grau de escolarização e tempo de formação 41 4.2.3. Tempo de serviço na empresa e Requisitos da contratação 43 4.2.4. Situação Contratual: Terceirizado ou Efetivo 44 4.2.5. Remuneração 45 4.3. Ouvindo os Pedagogos: A realidade profissional narrada pelos sujeitos 46 4.3.1. A dicotomia entre cargo e atividades desenvolvidas 46 4.3.2. A formação acadêmica auxiliando a prática 49 4.3.3. A valorização profissional no espaço empresarial 51 4.3.4. A contribuição do pedagogo para o espaço empresarial 53 CONSIDERAÇÕES FINAIS 55 REFERÊNCIAS 58 ANEXOS 61
  • 10. INTRODUÇÃO O desejo de estudar a pedagogia empresarial nasceu da nossa trajetória acadêmica e profissional. No que se refere a nossa trajetória acadêmica, a história começa logo na nossa opção no vestibular pelo curso de Pedagogia, que naquele momento era “uma opção por falta de opção” (grifo nosso), pois, na nossa visão de recém concluintes do ensino médio, a Pedagogia nos levaria a apenas um caminho pelo qual acreditávamos não ter vocação: a docência. Porém, como a Universidade naquele momento dispunha apenas de dois cursos de bacharelado (Enfermagem e Ciências Contábeis) pelos quais não tínhamos aptidão, e todos os outros cursos eram Licenciaturas que acreditávamos ter como destino também, apenas a docência, resolvemos então, ingressar na pedagogia por esta ser uma área dentro das ciências humanas, que favorece a ampliação de nossa leitura de mundo. Já na primeira semana de aula do curso de Pedagogia da UNEB- Campus VII após um breve comentário da professora quanto aos campos de atuação do pedagogo, nos sentimos entusiasmados ao ouvir falar em Pedagogia Empresarial. Apesar de o curso ter sido direcionado ao longo da maioria dos semestres para a docência, até mesmo no que se referia aos projetos de pesquisa que desenvolvíamos, nosso interesse pela Pedagogia empresarial não morreu, apenas adormeceu por dois anos, até surgir a oportunidade de desenvolver um estágio extra-curricular numa empresa da cidade. Aqui começa a nossa trajetória profissional que apontamos no inicio deste texto. A oportunidade de desenvolver a pedagogia dentro da empresa através do estágio nos causou grande entusiasmo, apesar de até aquele momento não termos conhecimento quanto ao papel do pedagogo dentro de um ambiente empresarial. Assim, ingressamos na empresa atuando dentro do setor de RH e lá permanecemos até o termino do estágio após um ano. A partir do ingresso iniciamos um período de leituras sobre a pedagogia empresarial, no intuito de conhecer qual seria o nosso trabalho naquela empresa e para a nossa surpresa, a realidade encontrada nos livros estava muito distante do trabalho que passamos a desenvolver durante o estágio, pois, apesar de em alguns momentos sermos solicitados a desenvolver tarefas próprias da Pedagogia Empresarial, as nossas atividades eram na sua
  • 11. grande maioria meramente burocráticas e, além disso, não havia o acompanhamento direto com um pedagogo dentro da empresa que nos pudesse orientar como requer o desenvolvimento do estágio. Precisamos ressaltar que a graduação em pedagogia nos conquistou, de maneira que aquela visão inicial de opção por falta de opção foi totalmente desfeita e hoje reconhecemos que a nossa escolha pela pedagogia foi muito produtiva, apesar do curso em si ter deixado algumas lacunas na nossa formação quanto a atuação do pedagogo em espaços não-formais. Assim, também, o estágio realizado dentro do ambiente empresarial deixou suas lacunas no que se refere à criação de oportunidades de conhecimento e desenvolvimento da pratica pedagógica dentro do ambiente organizacional, apesar de ter sido por outro lado, um solo rico em aprendizado em tudo o que se refere ao conhecimento da estrutura e funcionamento de uma empresa. Assim, das lacunas sobre a atuação do pedagogo em espaços não formais deixadas pela graduação em Pedagogia, somadas as lacunas deixadas pelo próprio estágio em Pedagogia Empresarial, surgiu o nosso interesse em estudar mais sobre a Pedagogia Empresarial. Neste trabalho, portanto, procuramos conhecer a realidade da pedagogia empresarial na cidade de Senhor do Bonfim BA, a partir da visão dos próprios pedagogos que atuam na área, elucidando a identidade desse profissional, desmistificando os desafios e expectativas encontrados nesse novo nicho de mercado. Para tanto, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e posteriormente a pesquisa de campo. O primeiro capítulo deste trabalho consiste em uma abordagem geral da nossa temática de estudo, onde realizamos um conciso histórico referente ao pedagogo e ao curso de pedagogia no Brasil e uma abordagem sobre o novo cenário mercadológico que surge para o pedagogo na contemporaneidade em espaços extra-escolares, enfatizando dentro deste cenário o ambiente empresarial. No segundo capítulo realizamos uma reflexão sobre a nossa temática a partir da contribuição de alguns teóricos que trazem uma discussão em torno dos nossos
  • 12. conceitos chave. Entre esses autores destacamos Libâneo como a principal contribuição teórica para a realização do nosso estudo, ao trazer uma discussão riquíssima sobre a formação e a identidade do pedagogo nos tempos contemporâneos. O capitulo III, refere-se ao caminho metodológico percorrido para a realização desse trabalho, onde elucidamos a nossa escolha pela pesquisa qualitativa. Além disso, apontamos nossa opção pelo questionário fechado e entrevista semi-estruturada gravada como instrumentos de coleta de dados, onde também apresentamos o nosso lócus e sujeitos de pesquisa. Já o quarto capítulo consiste na análise dos dados coletados e representa uma das fundamentais partes do nosso trabalho, ao apresentar e interpretar a realidade pesquisada. Nesse capítulo tivemos a oportunidade de confrontar a teoria estudada com a realidade vivenciada pelos nossos sujeitos e assim encontrar o caminho para responder a questão de pesquisa levantada no capitulo I. Por fim apresentamos as nossas considerações finais onde realizamos um apanhado geral do nosso estudo e concluímos, portanto, todo esse trabalho acerca da realidade da Pedagogia Empresarial na cidade de Senhor do Bonfim.
  • 13. CAPITULO I 1.1 A busca da identidade: um breve histórico do curso de Pedagogia O presente trabalho consiste em uma abordagem sobre o novo cenário mercadológico que surge para o pedagogo na contemporaneidade em espaços extra-escolares, enfatizando dentro desse cenário a empresa como um ambiente rico em novas perspectivas para esse profissional. Assim, adentraremos o universo da Pedagogia Empresarial a partir do estudo da vivencia dos próprios pedagogos empresariais atuantes na cidade de Senhor do Bonfim-Ba. Buscamos esclarecer, portanto, que frente à sociedade do conhecimento que estamos vivenciando, o campo de atuação do pedagogo tem se ampliado a cada dia, desconstruindo a visão de pedagogia limitada à docência. Assim, no intuito de elucidar essa questão, consideramos ser importante abordar de forma breve a temática da identidade profissional do pedagogo, pois temos conhecimento que diante das criticas sofridas pela pedagogia na atualidade e a falta de estudos em torno da desmistificação do campo de atuação do pedagogo é comum entre os graduandos do curso e até mesmo os educadores já formados, uma visão superficial e reducionista sobre a pedagogia, perdurando assim, uma confusão quanto a seu campo científico e objeto de estudo. Nesse entendimento, realizamos neste capitulo, um conciso histórico a respeito do pedagogo, e um breve estudo sobre a trajetória do curso de Pedagogia em nosso país, dando inicio dessa forma, a uma reflexão sobre esse profissional, na busca de desconstruir reducionismos e estereótipos que o envolvem, pincelando assim, a questão da identidade profissional do pedagogo embasados em alguns teóricos envolvidos na discussão. A história nos conta que os primeiros pedagogos surgiram a partir do confronto entre Grécia e Roma, onde Roma sai vencedora e entre os atenienses capturados como escravos encontram homens detentores de habilidades e conhecimentos múltiplos,
  • 14. que lhes causam admiração. Estes passam a ser os pedagogos-escravos, responsáveis por conduzir as crianças ao caminho da escola ao tempo em que segundo Brandão (1995) “[...] faziam a educação dos preceitos e das crenças da cultura da polis (p.43).” Mais tarde e segundo Holtz (1999) com o desaparecimento da escravatura o pedagogo escravo deixou de existir, passando então a receber o nome de Pedagogos os estudantes pobres, que aprendiam com os filósofos e se instalavam, nos castelos senhoriais e nas casas de famílias nobres, atuando como professores encarregados da educação dos filhos dos fidalgos e dos grandes senhores. Assim, enquanto estudavam, ensinavam e recebiam em paga, apenas pequenas importâncias. Na maioria dos casos, ensinavam a troco de hospedagem, alimentação, luz e roupa lavada. Buscando conhecer um pouco da trajetória do curso de pedagogia no Brasil, recorremos a Scheibe e Aguiar (1999) e percebemos que este, foi criado como conseqüência da preocupação com o preparo de docentes para atuarem na escola secundária e surgiu junto com as licenciaturas, instituídas ao ser organizadas a antiga Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, pelo Decreto-lei n° 1190 de 1939. Naquela época, a antiga faculdade Nacional de Filosofia, possuía uma organização curricular que separava bacharelado e licenciatura, seguindo o esquema conhecido como 3+1, destinando três anos as disciplinas de conteúdo e um ano as disciplinas de cunho pedagógico. Assim, oferecia-se o titulo de bacharel aquele que cursasse os três primeiros anos em estudos específicos, e de licenciado aquele que cursasse mais um ano de estudos dedicados a prática de ensino e a didática. Segundo tal esquema, o pedagogo formado, teria então, duas possibilidades de atuação: como bacharel em Pedagogia era preparado para ocupar cargos técnicos da educação, e como licenciado era destinado à docência no curso normal. De acordo com Silva (2006) “Em sua própria gênese, o curso de pedagogia já revelava muitos problemas que o acompanharam ao longo do tempo (p.12).” Entre eles, podemos destacar a exacerbada separação entre conteúdo e método que o
  • 15. esquema 3+1 estabelecia, e a falta de campo específico para seus profissionais, pois, segundo Silva (2006) o bacharel não possuía ainda suas funções bem definidas de maneira que não dispunha de campo que o demandasse; e para o licenciado a situação também não era das mais favoráveis, pois sendo o curso normal seu campo de atuação, este não era especifico a ele, pois para lecionar nesse curso era suficiente apenas, o diploma de qualquer formação de nível superior. Em 1962, a partir do parecer da CFE- Conselho Federal de Educação N. 251/62, algumas pequenas alteração são incorporadas ao currículo do curso de pedagogia, onde o então conselheiro Valnir Chagas trata de fixar a duração do curso e um currículo mínimo composto por cinco disciplinas obrigatórias a formação do bacharel, sendo elas: psicologia da educação, sociologia geral da educação, historia da educação, filosofia da educação e administração escolar. O aluno interessado no titulo de licenciado, cursava, além das cinco obrigatórias, as disciplinas de didática e práticas de ensino. Porém, apesar das pequenas alterações realizadas em 1962, o esquema conhecido como 3+1 foi mantido até 1969, ano em que o curso de pedagogia passou por uma reorganização curricular, abolindo-se a distinção entre bacharelado e licenciatura, e criadas as “habilitações”, cumprindo o que acabava de determinar a lei no 5540/68 de acordo com Scheibe e Aguiar (1999, p.5). É importante compreender que se buscava naquela época, segundo Silva (2006) estabelecer a correspondência imediata entre o currículo e as atividades a serem desenvolvidas por cada profissão, tendência muito clara no contexto pós golpe militar de 1964. Portanto, as mudanças ocorridas nesse período eram compatíveis com o projeto de desenvolvimento nacional visado pela ditadura militar. Assim, em 1969 criaram-se cinco “habilitações” para o curso de pedagogia. Eram elas: Ensino das disciplinas e atividades práticas dos cursos normais, Orientação educacional, Administração escolar, Supervisão escolar e Inspeção escolar. Todas estas, possuíam uma base comum de estudos, constituída por matérias consideradas básicas a formação de qualquer profissional da área. Além disso, cada uma das habilitações possuía também uma base diversificada, composta por
  • 16. disciplinas que atendiam as suas especificidades. Assim, o curso de pedagogia passou a oferecer exclusivamente diploma licenciado a seus formandos, pois, todas as habilitações permitiam o exercício da docência no curso normal. Portanto, a partir do parecer de 1969, o curso de pedagogia visava formar ao mesmo tempo especialistas, para as atividades de orientação, administração, supervisão e inspeção nas instituições escolares, e professores para o ensino normal. Definindo assim, o campo de atuação do pedagogo da época, o parecer de 1969, trouxe avanços significativos, porém em contrapartida sua reorganização curricular trouxe fragmentação à formação do pedagogo. Pois, segundo Silva (2006) ao estabelecer duas partes que compõem o curso, de um lado “a base de qualquer modalidade de formação pedagógica” e de outro, as “habilitações específicas” dá a entender que essas duas partes são distintas e independentes entre si. Além disso, os estudos sobre administração, supervisão, orientação e inspeção são previstos para serem feitos em habilitações distintas, como se cada uma delas dispusesse de um corpo de conhecimentos que lhe fosse próprio e exclusivo. Segundo a autora não se pode formar o educador com partes desconexas de conteúdos, principalmente quando essas partes representam tendências opostas em educação: uma tendência generalista e outra tecnicista. Ainda segundo Silva (2006) entre as três regulamentações apresentadas, o parecer de 1969 pode ser considerado o mais eficaz quanto à definição do mercado de trabalho, porém pouco fértil no oferecimento de condições para ocupá-lo, podendo ser considerado também, devido à fragmentação da sua organização curricular, o menos eficaz quanto às possibilidades de formação do pedagogo enquanto educador. Mais tarde, no período de 1973 a 1978 surge a ameaça de extinção do curso de pedagogia no país, através de indicações encaminhadas pelo então conselheiro Valnir Chagas ao Conselho Federal de Educação, objetivando a substituição do curso de pedagogia por novos e variados cursos e habilitações. Cabe salientar que a extinção só não aconteceu em virtude do Ministério da Educação e Cultura ter interrompido tal iniciativa.
  • 17. Entre 1978 e 1999 inicia-se um ciclo de revisão do curso de pedagogia a partir de indicações construídas coletivamente pelos próprios educadores. Em meio a esse período, destacamos o encontro de Belo Horizonte-MG em 1983 da Comissão Nacional dos Cursos de Formação do Educador (que em 1999 foi transformada em ANFOPE- Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação), onde se difundiu a idéia de que “a docência constitui a identidade profissional de todo educador.” Finalmente, em 1998 o curso de Pedagogia resistiu aos questionamentos sobre a sua existência ou extinção quando o MEC optou pela sua manutenção e reformulação por meio do Ofício Circular nº014/98. No mesmo ano a ANFOPE propõe as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Pedagogia tendo como base a autonomia para que as Instituições de Ensino organizem as suas propostas seguindo a Base Comum Nacional, estabelecendo a docência como base da identidade de todos os profissionais da educação. A ANFOPE especifica as seguintes áreas de atuação para os pedagogos: educação básica (infantil, ensino fundamental e médio, educação de jovens e adultos, educação para portadores de necessidades especiais, curso normal), educação profissional, educação não-formal, educação indígena e educação a distancia. A partir de 1999 inicia-se o período dos decretos presidenciais que atingem as funções do curso de pedagogia e para Silva (2006) esse período “[...] se diferencia dos demais por predominarem documentos que representam um deslocamento do poder de decisão do âmbito do Conselho Nacional de Educação (CNE) para a Presidência da Republica (p.93).” Tais decretos segundo a autora possuem a função de prescrever limites às funções do curso de pedagogia. As ultimas mudanças ocorridas no curso estão contidas na resolução da CNE/CP n° 1, de 15 de Maio de 2006 que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura; o documento traz claramente a denominação do curso como licenciatura e segundo Libâneo (2006): A redação indica um entendimento que substitui o conceito de pedagogia pelo de docência, em conformidade com o lema da ANFOPE: “A docência é a base da formação de todo e qualquer profissional da educação e da sua
  • 18. identidade” (p.846).” Assim, é notório que a resolução do CNE, também possui entraves que comprometem o curso de pedagogia, e o maior deles encontra-se na confusão entre os termos pedagogia e docência, pois para Libâneo (2006) é preciso se “[...] compreender a docência como uma modalidade da atividade pedagógica, de modo que a formação pedagógica é o suporte, a base, da docência, não o inverso (p.850).” Dessa forma, segundo o mesmo autor, “[...] por respeito à lógica e a clareza de raciocínio, a base de um curso de pedagogia não pode ser a docência (p.850).” Nessa breve abordagem histórica, apesar dos diferentes momentos pelos quais passou o curso de pedagogia percebemos que ao longo do tempo em sua legislação tem predominado a docência como foco de formação profissional. É notório também, que o curso se encontra ainda em fase de construção sendo que as últimas alterações realizadas no seu aparato legal têm mantido problemas crônicos do curso, sendo o maior entre eles, o questionamento interminável quanto à identidade profissional do pedagogo, que parece estar ainda longe de obter resposta, devido não apenas a legislação instável que acerca, mas também, frente ao novo mercado de trabalho que se abre na contemporaneidade para o pedagogo, que muito possivelmente produzirá mudanças no perfil desse profissional. 1.2 A pedagogia frente ao mundo contemporâneo: Perspectivas além dos muros da escola Nos tempos contemporâneos, a visão de educação limitada ao espaço escolar encontra-se ultrapassada. Já é sabido que o fenômeno educativo permeia toda a sociedade, através das modalidades de educação informal, não-formal e formal. É sabido também que estas três modalidades se distinguem entre si a partir do grau de intencionalidade que cada uma carrega. Dessa forma, a educação informal corresponde as praticas educativas não intencionais e não organizadas e que não estão ligadas especificamente a uma instituição. A educação não-formal já possui certa sistematização e organização, porém acontece fora do quadro de sistema formal de educação, ou seja, da escola. Já a educação formal é institucionalizada, totalmente intencional, estruturada e sistemática.
  • 19. Diante disso, segundo Libâneo (2001) “Se há muitas praticas educativas, em muitos lugares e sob variadas modalidades, há, por conseqüência, várias pedagogias [...] (p.24).” Ainda segundo o mesmo autor, “O pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal (p.20).” Nesse entendimento, compreendemos que assim como é ultrapassada a idéia de educação limitada ao espaço escolar, também é retrogrado o entendimento de pedagogia voltada especificamente para a docência, como estabelece o lema da ANFOPE no qual se apóia a atual legislação. Pois, o mundo contemporâneo tem aberto novas perspectivas de atuação do pedagogo, que ultrapassam o âmbito escolar, exigindo um profissional capacitado para atuar além dos muros da escola. Destacamos, portanto, a modalidade de educação não-formal, que como sabemos é intencional e acontece fora do quadro formal de educação, ou seja, em espaços extra-escolares, razão pela qual essa modalidade vem sendo chamada também de educação extra-escolar. Dentro desta modalidade de educação destacam-se múltiplas práticas pedagógicas intencionais em espaços diferenciados, que a cada dia se abrem para a atuação do pedagogo. Entre esses espaços podemos citar o ambiente hospitalar, empresarial, social e ambiental, que demandam orientação pedagógica. Diante disso, dentre esse novo cenário mercadológico que surge para o pedagogo, destacamos a empresa como um campo rico em novas perspectivas para esse profissional. Nesse entendimento, Holtz (1999) diz que “tanto a Empresa como a Pedagogia agem em direção a realização de ideal e objetivos definidos, no trabalho de provocar mudanças no comportamento das pessoas (p.6-7).” Portanto, há uma semelhança de interesses entre pedagogia e empresa. Razão pela qual Holtz (1999) diz que ambas fazem um casamento perfeito, pois possuem o mesmo objetivo em relação às pessoas, principalmente nos tempos contemporâneos, onde as empresas estão reconhecendo gradativamente a necessidade de desenvolver as potencialidades dos seus colaboradores, como arma de sobrevivência em mercados competitivos. Ribeiro (2008) afirma que “a pedagogia empresarial existe, portanto, para dar
  • 20. suporte tanto em relação à estruturação das mudanças quanto em relação à ampliação e aquisição de conhecimentos no espaço organizacional (p.11).” A partir deste entendimento, compreendemos que a Pedagogia Empresarial, já é uma realidade bem presente nos tempos contemporâneos, e que esta pode ser visualizada como um moderno campo de atuação do pedagogo, cabendo, portanto a esse profissional lutar pela ocupação desse novo nicho de mercado que cresce a cada dia. Tendo conhecimento que muitos pedagogos que atuam nas empresas encontram-se sem legitimidade profissional, seja pela falta de especialização na área, seja pelo desconhecimento de algumas empresas quanto às funções educativas que este profissional está apto a desenvolver, inquieta-nos neste estudo entender qual o verdadeiro papel dos pedagogos que atuam nas empresas da cidade de Senhor do Bonfim. Diante da problemática apresentada, nossa questão de pesquisa é conhecer a realidade da Pedagogia Empresarial na cidade de Senhor do Bonfim-Ba, a partir da visão dos pedagogos que atuam na área, elucidando a identidade desse profissional, desmistificando os desafios e expectativas encontrados nesse novo nicho de mercado. E nessa perspectiva nosso objetivo é conhecer a realidade da pedagogia empresarial na cidade de Senhor do Bonfim a partir da visão dos próprios pedagogos.
  • 21. CAPÍTULO II QUADRO TEÓRICO Desenvolvemos neste capítulo uma reflexão sobre a nossa temática a partir da contribuição de alguns teóricos que trazem uma discussão em torno dos seguintes conceitos chave que norteiam o nosso estudo: Pedagogo, Identidade profissional e Pedagogia Empresarial. 2.1 Pedagogo: Que profissional é este? Para entendermos de fato quem é o pedagogo precisamos buscar compreender a educação em um sentido amplo. É preciso reconhecer que o processo educativo está inserido em todas as esferas da sociedade. Brandão (1995) diz que a educação nos invade a vida e ressalta que “não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante” (p.9). Aliado a esse pensamento Cadinha (2009) salienta: Educação ocorre em todos os momentos de vida do indivíduo, os processos educativos acontecem em uma variedade de manifestações e atividades- sociais, políticas, culturais, econômicas, religiosas, familiares, escolares..., por meio de distintas modalidades-formais, informais e não formais. É nessas práticas educativas o campo de estudo científico da pedagogia (p.17) Portanto, entendendo que o processo educativo não se limita a escola, mas, perpassa todas as esferas sociais através das três modalidades acima citadas, podemos compreender que o pedagogo é o profissional capaz de atuar não apenas no ambiente escolar, mas em todos os espaços onde há processos educativos acontecendo. Como afirma Libâneo (2006): [...] pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de
  • 22. transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. Em outras palavras, pedagogo é um profissional que lida com fatos, estruturas, contextos, situações, referentes à pratica educativa em suas várias modalidades e manifestações (p.44-45). Salientamos que o mundo tem se tornado cada vez mais globalizado e complexo, vivemos a era da informação onde o conhecimento está amplamente disponível e nunca na historia da humanidade houve tanta necessidade de se desenvolver as capacidades intelectuais das pessoas. Hoje o mundo muda em alta velocidade, o que exige de nos maior disposição para aprender e reaprender a cada dia. Em meio a essa realidade temos nos tornado dependentes do o processo de ensino e aprendizagem. Como afirma Beillerot, (1985) apud Libâneo (2006) “estamos diante de uma sociedade genuinamente pedagógica (p.19).” Diante dessa realidade, segundo Ramal (2002) “a capacidade de gerenciar a informação se torna, muitas vezes, a competência mais valiosa p.1).” Fato que vem privilegiar o pedagogo, pois, como profissional mediador dos processos de ensino e aprendizagem, abre-se para este profissional um leque de novas possibilidades de atuação, como afirma Ortega e Santiago (2009): [...] ao contrario de outras profissões que perdem espaço no mercado de trabalho, o pedagogo a cada dia tem seu raio de atuação ampliado por uma gama de espaços educativos que demandam criticidade, consciência histórica e perspectiva política que é revelada na intencionalidade de sua práxis (p.29) Segundo Libâneo (2006), dentre as praticas educativas existentes na sociedade, todas as que se configuram como intencionais são campos de atuação para o pedagogo, havendo assim duas esferas para a atuação deste profissional: escolar e extra-escolar. Nesse mesmo entendimento, Cadinha (2006) afirma que o pedagogo é um estudioso das ações educativas existentes na sociedade e que além das atividades escolares propriamente ditas, os pedagogos atuam também como formadores, animadores, instrutores, organizadores, técnicos, consultores, orientadores que desenvolvem atividades pedagógicas (não escolares) em órgãos públicos e privados ligados a empresas, à cultura, aos serviços de saúde, alimentação, promoção social, etc.
  • 23. Diante do exposto, podemos concluir, que além do ambiente escolar, se abre na contemporaneidade, para o pedagogo um novo cenário mercadológico, distribuídos entre variados espaços extra-escolares, como afirma Ortega e Santago (2009): Nesse sentido, a demanda do pedagogo em espaços como hospitais, presídios, empresas, ONGs ou mesmo em espaços de comunicação como TV, rádio, revistas, editoras ou ainda campanhas sociais educativas é muito grande. Não param de crescer as opções de trabalho para o pedagogo. (grifo nosso) (p.30) Frente a essa nova realidade, é notório que se exige do pedagogo hoje competências mais complexas. Sua função na sociedade não é mais de mero condutor ou instrutor de crianças como nos primórdios, nem tampouco se restringe a sala de aula, como muitos ainda insistem em afirmar. O que se espera deste profissional na contemporaneidade é que ele seja um educador no seu sentido amplo. Mesmo sabendo que não é ele o único responsável pela educação, entende- se que cabe a esse profissional a missão de contribuir para a emancipação do homem, tornando-o cidadão consciente para o exercício de seus direitos e deveres. Assim, para que o pedagogo possa atender as exigências da atualidade faz-se necessário repensar a sua formação, pois, a atual Resolução CNE/CP n.1, de 15/05/2006 em seu artigo 2° estabelece que o curso de pedagogia se destina à formação de professores para o exercício da docência em educação infantil, anos iniciais do ensino fundamental, cursos de ensino médio na modalidade Normal, cursos de educação profissional na área de serviços escolar, cursos em outras áreas que requeiram conhecimentos pedagógicos. Também em seu artigo 4° a resolução explicita ainda o curso de pedagogia como licenciatura. Assim, de acordo com Libâneo (2006) “a Resolução trata, portanto, da regulamentação do curso de pedagogia exclusivamente para formar professores para a docência naqueles níveis de ensino (p.844).” Diante disso, é notório que a Resolução em vigor, ao direcionar a formação do pedagogo para a docência, encontra-se incompatível com essa nova realidade mercadológica que se abre para o pedagogo na contemporaneidade, pois, o cenário atual, demanda uma formação mais ampliada, extrapolando os muros escolares e abrangendo todos os espaços possíveis de atuação profissional, e para isso é
  • 24. preciso antes de tudo desfazer a confusão entre os termos docência e pedagogia, compreendendo que ambos “estão inter-relacionados, mas não são sinônimos (Libâneo 2001, p.9).” Ainda de acordo com Libâneo (2001), a pedagogia é o campo do conhecimento que se ocupa do estudo sistemático da educação, diz respeito a uma reflexão sistemática sobre o fenômeno educativo e as suas práticas, para poder ser uma instância orientadora do trabalho educativo em si. Ou seja, ela não se refere apenas às praticas escolares, mas a um imenso conjunto de outras práticas. Desse modo não podemos reduzir a educação ao ensino e nem a pedagogia aos métodos de ensino. Assim entendemos que a docência é apenas uma modalidade da atividade pedagógica, entre tantas outras existentes. Nesse entendimento, segundo o autor: O curso de Pedagogia se destina a formar pedagogo-especialista, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos, para atender demandas socioeducativas (de tipo formal, não formal e informal) decorrentes de novas realidades [...] (p.12) Ressaltamos que a docência é uma modalidade fundamental da pedagogia e que a nossa discussão sobre a ampliação dos campos de atuação do pedagogo não vem contestar a importância da formação do pedagogo escolar. A boa formação deste profissional é imprescindível para transformar a escola em um verdadeiro ambiente de aprendizagem, humanização e inclusão. O que conseqüentemente levará a uma melhoria de toda a estrutura social. O que questionamos é apenas a visão simplista que se tem criado ao longo da historia de que a pedagogia se limita a técnicas ou maneiras de ensinar. Esclarecida essa questão, voltamos a nossa pergunta inicial: que profissional é o pedagogo? Diante do caminho que percorremos durante a exposição dessa temática, fazemos nossas as palavras de Libâneo (2006) para dizer que o pedagogo é o profissional que atua em várias instancias da prática educativa, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica.
  • 25. 2.2 Identidade Profissional do pedagogo Entendemos que a Identidade é um tema muito rico e extenso, requer, portanto, muito estudo e pesquisa e, além disso, temos conhecimento que dentro desse universo há uma infinidade de contextos possíveis de serem discutidos como Identidade cultural, nacional, regional, racial etc. Porém, não é nosso objetivo neste texto aprofundar nossa discussão em torno dessa temática. Faremos então, apenas uma breve abordagem sobre a Identidade no seu contexto geral e profissional no intuito de desmistificar a questão da Identidade profissional do pedagogo nos tempos contemporâneos. Compreendemos que Identidade é o conjunto de características próprias de um individuo. Segundo Erikson (1976) a Identidade se constrói simultaneamente no juízo que o sujeito faz de si próprio, tendo como referência os seus julgamentos sobre os outros, os julgamentos dos outros sobre ele próprio, como também o contexto social em que está inserido. Assim, cada ser humano desde o seu nascimento, cotidianamente vai adquirindo a partir de suas vivências, uma gama de características que em conjunto formam aquilo que o torna único e diferente dos demais, a sua Identidade pessoal. É interessante observarmos que a Identidade do sujeito encontra-se em constante processo de transformação, sendo construída e reconstruída a cada dia a partir de aspectos psicológicos, sociais, culturais e econômicos dentro de um dado momento histórico. Nesse entendimento Tápias-Oliveira (2006) afirma que “as Identidades não são fixas, são flexíveis, tão flexíveis quanto às relações sociais em que se inserem (p.40).” Tedesco (1995) relata que na sociedade tradicional a construção da Identidade do sujeito baseava-se em fatores como o gênero, a raça, a etnia e a religião e que o capitalismo e a democracia minaram significativamente a importância destes fatores, substituindo-os pela nação, a classe social e a ideologia política. Ele afirma que o que há de peculiar no atual momento histórico é, precisamente, a importância que assume a atividade do sujeito na construção da sua Identidade, pois, diferentemente dos períodos históricos anteriores, as Identidades não são mais impostas totalmente
  • 26. do exterior, mas é preciso construí-las de forma individual, o que denota uma tendência ao enfraquecimento dos pontos de referencia tradicionais e conseqüentemente maior protagonismo das pessoas na construção de suas Identidades. No que se refere à Identidade profissional, compreendemos que esta é resultado da vinculação do ser humano a atividade econômica que desempenha dentro da sociedade. Ela é de fundamental importância na vida das pessoas, pois o trabalho nos tempos contemporâneos representa muito mais que uma forma de subsistência. Ele tem se tornado uma forma de realização pessoal e de status social, pois diante do modelo econômico capitalista, os indivíduos costumam sentir a necessidade de serem economicamente produtivos e, sobretudo reconhecidos pela tarefa que desempenham. Podemos constatar essa realidade ao observarmos que costumamos corriqueiramente nos identificar pela profissão que exercemos: sou médico, professor, pedreiro, gerente, etc. Nesse contexto, é interessante reconhecermos que esta é uma forma de identificação tão natural e corriqueira que muitas vezes nos leva ao entendimento que as formas de Identidade profissional e pessoal se confundem, parecendo ambas representarem a mesma coisa, nos esquecendo, portanto que a primeira é apenas parte componente da segunda. A construção da Identidade profissional é realizada a partir da formação técnica ou acadêmica e das experiências profissionais que o sujeito vivencia. Seu desenvolvimento consiste em o sujeito adotar como seus as normas e valores essenciais de uma profissão e sentir-se parte integrante de uma categoria que passa a representar em todas as suas atitudes profissionais, de maneira que ao assumir sua Identidade profissional o sujeito passa a estar comprometido não apenas com sua imagem pessoal, ele passa a ser responsável também pela boa representação de sua categoria perante a sociedade. Temos conhecimento que há no meio intelectual uma discussão histórica sobre a Identidade profissional do pedagogo. Desde sua criação em 1939 o curso de Pedagogia no Brasil tem passado por várias reformulações e duras críticas. Quanto
  • 27. às reformulações a partir da breve abordagem histórica realizada no capitulo I podemos observar que estas não foram eficazes no sentido de definir o campo científico e objeto de estudo da pedagogia, permanecendo, portanto, as velhas incertezas até os dias atuais. Segundo Libâneo (2001) “intelectuais ligados a algumas das disciplinas especializadas insistem em negar Identidade cientifica a Pedagogia, mesmo desconhecendo o seu campo teórico e sua problemática [...] (p.98).” Ainda segundo o autor: Os dilemas e impasses em torno da Identidade da ciência pedagógica no Brasil, inclusive o exercício profissional do pedagogo, decorrem: a) da forma como tem ocorrido, ao longo da historia da educação, a transferência e assimilação de paradigmas e modelos teóricos de outros contextos; b) da ausência de tradição de estudos especificamente pedagógicos, ou seja, relacionados com o campo científico da Pedagogia (p.107) Pimenta (1998) elucida que a natureza do objeto da Pedagogia, enquanto ciência da educação é a própria educação enquanto prática social (grifo nosso). Ela se ocupa com a ação de educar, com o ato educativo e com a intervenção neste ato, no intuito de conhecê-lo e de transformá-lo, munida, portanto de uma intencionalidade. Assim a autora afirma que a Pedagogia é a ciência que tem na prática da educação a sua razão de ser, sendo, portanto, a ciência responsável pelo estudo sistemático dos fenômenos educativos. Libâneo (2001) também conceitua a Pedagogia como Ciência da Educação e lembra que não é a pedagogia a única área cientifica que tem a educação como objeto de estudo, ao dizer que a Sociologia, a Psicologia, a Economia, a Lingüística, também, podem ocupar-se de problemas educativos, mas esclarece que cada uma dessas ciências aborda o fenômeno educativo sobre a perspectiva de seus próprios conceitos e métodos de investigação. Assim, o autor afirma que “É a pedagogia que pode postular o educativo propriamente dito e ser ciência integradora dos aportes das demais áreas (grifo nosso) (p.29).” E salienta que “A pedagogia, com isso é um campo de estudos com Identidade e problemáticas próprias (p.30).” O autor considera reducionista o lema da ANFOPE que estabelece a docência como base da Identidade de todo educador. Em relação ao pedagogo ele elucida que a pedagogia ocupa-se de fato, dos processos educativos, dos métodos e maneiras de ensinar, mas que antes de tudo isso ela tem um significado bem mais amplo, bem
  • 28. mais globalizante, pois se caracteriza como o campo do conhecimento sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, como uma diretriz orientadora da ação educativa. Assim segundo Libâneo (2006): É disto que trata a Pedagogia: a mediação de saberes e modos de agir que promovem mudanças qualitativas no desenvolvimento e na aprendizagem das pessoas, objetivando ajudá-las a se constituírem como sujeitos, a melhorarem sua capacidade de ação e suas competências para viver e agir na sociedade e na comunidade (p.866) Já abordamos no presente trabalho que na contemporaneidade o mercado de trabalho tem aberto para o pedagogo novos campos de atuação. Essa nova realidade vem provocar mudanças no perfil deste profissional, necessitando repensar, portanto a sua formação, pois segundo Libaneo (2001): Considerando-se a variedade de níveis de atuação profissional do pedagogo, há de se convir que os problemas, os modos de atuação e os requisitos de exercício profissional nesses níveis não são necessariamente da mesma natureza, ainda que todos sejam modalidades de prática pedagógica. De fato, os focos de atuação e as realidades com que lidam, embora unifiquem em torno das questões do ensino, são diferenciados, o que justifica a necessidade de formação de profissionais da educação não diretamente docentes. Ou seja, níveis distintos de prática pedagógica requerem uma variedade de agentes pedagógicos e requisitos específicos de exercício profissional que um sistema de formação de educadores não pode ignorar (p.53-54) Não pretendemos afirmar com isso que o curso de graduação em Pedagogia deva contemplar todas as possíveis áreas de atuação do pedagogo com profundidade. Sabemos que o aprofundamento sobre cada campo de atuação fica a cargo dos cursos posteriores como as especializações ou pós-graduações. Mas, entendemos ser necessária uma reformulação no sentido de equiparar à graduação em Pedagogia a nova realidade mercadológica da contemporaneidade, não ficando essa formação voltada somente para a docência, deixando a margem todos os outros contextos educacionais, favorecendo assim os atuais reducionismos que cercam Pedagogia. Assim, entendemos que a graduação em Pedagogia necessita capacitar o formando para compreender a educação num sentido amplo, fazendo-o conhecer a fundo a sua profissão para responder com facilidade os questionamentos sobre a sua Identidade. É preciso, portanto, fazê-lo compreender que, “a Identidade profissional
  • 29. do pedagogo se reconhece na Identidade do campo de investigação e na sua atuação dentro da variedade de atividades voltadas para o educacional e para o educativo (Libâneo 2001, p.47). 2.3 Pedagogia Empresarial A Pedagogia Empresarial é um novo campo da pedagogia em espaços não-formais ou extra-escolares e “caracteriza-se como uma das possibilidades de formação/atuação do pedagogo bastante recente no contexto brasileiro” (Ribeiro 2008, p.9). De acordo com Urt e Lindquist (2004) o pedagogo começou a atuar na empresa entre o final da década de 60 e início da década de 70, período em que se observou uma crescente automatização do processo de trabalho e surgimento de novas tecnologias. Naquela época, segundo Urt e Lindquist (2004) o mercado de trabalho passou a reclamar a profissionalização dos trabalhadores para acompanhar as mutações que estavam ocorrendo no mundo laboral, decorrentes de transformações tecnológicas e a escola encontrava-se despreparada para oferecer contribuições na profissionalização dos trabalhadores para que atendessem as perspectivas de desenvolvimento industrial. Assim, para formar o trabalhador que se necessitava naquele momento, se buscou outros mecanismos situados fora do espaço escolar. A formação profissional passou a ter seu âmbito cada vez mais definido no local de trabalho e o pedagogo passou a trabalhar no levantamento das necessidades de aprendizagem, no planejamento e execução de treinamentos, conduzindo os processos de escolarização que ocorriam dentro da empresa, viabilizando assim, programas de ensino normal que proporcionassem a escolaridade básica aos empregados que não tinham. Segundo os autores, a preocupação da empresa naquela época era a de possuir um trabalhador que tivesse uma escolaridade básica, o conhecimento técnico da atividade que iria desenvolver e que não promovesse conflitos, existindo, portanto, a preocupação com a adaptação pacífica do empregado ao posto de trabalho,
  • 30. incluindo-se então, no processo de treinamento os cursos de relações humanas, que na maioria das vezes eram ministrados pelo Pedagogo em parceria com o Psicólogo. Era notório, portanto que o interesse da empresa estava voltado para um modelo organizacional vertical e hierarquizado, onde o empregado era visto apenas como mais uma ferramenta dentro do processo produtivo e como as outras “maquinas” precisava de alguns reparos para que não apresentassem “defeitos” durante o processo de produção. Hoje, segundo Libâneo (2006) o mundo vivencia a 3ª revolução industrial, caracterizada pela internacionalização da economia e por inovações tecnológicas e cientificas que provocam mudanças no sistema de organização do trabalho, havendo assim uma “intelectualização” do processo produtivo que leva a novas exigências de qualificação do trabalhador. Para o profissional da atualidade, não é mais necessário apenas a competência técnica para a atividade que vai desempenhar dentro da empresa, mas também características como pró-atividade, liderança, autonomia, boa comunicação, flexibilidade e criatividade. Para Urt e Lindquist (2004) estamos vivenciando atualmente uma realidade onde nota-se que “[...] a capacidade manual não é mais imprescindível, mas a capacidade cognitiva e emocional são os fatores de desenvolvimento e produtividade, a empresa reivindica a “mente e o coração” do indivíduo (p.4-5).” É perceptível nesse cenário, o desenvolvimento de uma visão diferenciada das empresas em relação ao trabalhador. Podemos visualizar tal transformação, por exemplo, através da mudança de nomenclatura ocorrida na organização, onde o termo empregado vem sendo substituído por colaborador e recursos humanos por gestão de pessoas, indicando que a empresa tem se conscientizando que para atingir seus objetivos e metas é preciso manter o foco no desenvolvimento e valorização do potencial humano. Segundo Chiavenato (2008): As pessoas passam a significar o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso organizacional. Elas passam a construir a competência básica da organização, a sua principal vantagem competitiva em um mundo globalizado, instável, mutável e fortemente concorrencial (p.4)
  • 31. Diante dessa nova realidade, onde as empresas passam gradativamente a compreender a importância de desenvolver as competências dos seus colaboradores, como forma de sobrevivência em um mundo cada vez mais competitivo, muda-se o papel do pedagogo dentro da empresa, este deixa de ser um professor encarregado de complementar a escolarização básica dos trabalhadores, como nos anos 60/70, passando a atuar como agente educacional responsável por provocar mudanças positivas no comportamento das pessoas melhorando a qualidade de seu desempenho profissional e pessoal. E nesse novo contexto empresarial, segundo Ribeiro (2008): O “aprender” transforma-se em uma parte integrante do desenvolvimento da empresa, que passa a ter nos processos de aprendizagem uma forma de vínculo com o seu redor. Esta postura vem acompanhada de uma pedagogização das ações de gestão organizacional que precisa estimular e desenvolver cada vez mais a capacidade de auto-organização e desenvolvimento de seus empregados (p.31-32) Nesse entendimento Cagliari (2009) diz que “o Pedagogo Empresarial surge como uma nova ferramenta para este desenvolvimento nas organizações que caminham para serem empresas aprendentes (p.1).” Pois, possuindo a capacidade de lidar com a comunicação e a aprendizagem com uma facilidade maior que qualquer outro profissional, o pedagogo vem se firmando a cada dia como o gerenciador do processo educativo dentro do ambiente organizacional. Verificamos que o pedagogo empresarial tem como possibilidades atuar no setor de RH ou Gestão de Pessoas da organização, como também na gerencia, na elaboração de projetos educacionais e de responsabilidade social da empresa. Podendo ser ainda encarregado da formação de lideranças na organização. Lopes (2009) diz que “os espaços de atuação para o pedagogo empresarial são todos aqueles onde haja pessoas exercendo funções variadas e que podem melhorar cada vez mais como indivíduos em um processo mais humanizado (p.60).” Complementando nosso entendimento quanto às áreas de atuação do pedagogo na empresa Paz e Carvalho (2010) dizem que: As atividades do pedagogo empresarial relacionam-se a quatro áreas/campos à saber: atividades pedagógicas, sociais, burocráticas e administrativas. Essas atividades permitem a atuação do mesmo em empresas e escolas em função de natureza técnica pedagógica e
  • 32. administrativa; propor e coordenar atualização de profissionais em Empresas e Órgãos ligados à área educacional; coordenar serviços no campo das relações interpessoais; planejar, controlar e avaliar o desempenho profissional de seus subordinados; assessorar empresas e o entendimento de assuntos pedagógicos pessoais (p.3). Diante disso, torna-se evidente que o espaço organizacional se caracteriza na contemporaneidade, como um campo vasto em possibilidades de atuação para o pedagogo, pois apesar do seu trabalho estar centrado no setor de Gestão de Pessoas, que já oferece possibilidades infinitas de intervenção no ambiente e clientes internos da organização, o pedagogo pode atuar ainda em outros setores empresariais onde poderá afetar diretamente o cliente externo da empresa, como por exemplo, ao elaborar projetos de responsabilidade social da organização. Visto que tem se ampliado atualmente o campo de atuação para o pedagogo dentro da empresa, torna-se necessário salientarmos que se ampliam também a cada dia os desafios e responsabilidades deste profissional. Paz e Carvalho (2010) esclarecem que as responsabilidades do pedagogo empresarial são: Conhecer e encontrar as soluções práticas para a otimização da produtividade profissional; Conhecer a fundo e trabalhar de acordo com os objetivos da empresa onde trabalha; Conduzir com treinamentos dos funcionários e dirigentes que trabalham na empresa, na direção dos objetivos humanos, bem como os definidos pelo empreendimento; Promover treinamentos, eventos, reuniões, festas, exposições, enfim, atividades práticas necessárias ao desenvolvimento integral das pessoas, motivando-as positivamente (processo educacional), com o objetivo de aperfeiçoar a produtividade pessoal; Aconselhar de forma pertinente, sobre as condutas mais eficazes das chefias para com os funcionários e deste para com as chefias, com o objetivo de favorecer o crescimento da produtividade da empresa; Favorecer/conduzir um bom relacionamento entre os membros da empresa, através de ações pedagógicas, que garantam harmonia, e conseqüentemente, estimulando a produtividade.
  • 33. Conforme o exposto quanto às responsabilidades do pedagogo empresarial, podemos compreender que este profissional enfrenta grandes desafios, pois seu trabalho consiste basicamente em desenvolver pessoas, potencializando suas virtudes para o alcance da produtividade empresarial, tarefa difícil ao considerarmos a complexidade do ser humano e a presença do espírito competitivo, muitas vezes demasiado dentro do espaço organizacional. É nesse cenário amplamente competitivo que o pedagogo empresarial vai atuar buscando equilibrar as relações interpessoais e intergrupais, administrando conflitos, promovendo a ética, a harmonia e desenvolvendo as capacidades cognitivas das pessoas. Nesse entendimento, Urt e Lindquist (2004) salientam: Os desafios lançados sobre o Pedagogo são grandes, a empresa flexível, não o quer somente para coordenar os treinamentos, para elaborar planos didáticos, avaliar, ministrar cursos de relações humanas. Ela quer muito mais! Ela quer um aliado, um parceiro, um representante, alguém que lhe entenda e ajude a alcançar os seus objetivos. Alguém que forme, que “controle”, mas também que alivie as dores do trabalhador (p.8). Portanto, para atender as funções que lhes compete, o pedagogo empresarial precisa ser antes de tudo um ser humano bem resolvido, possuindo características básicas como serenidade, equilíbrio emocional, sensibilidade, persuasão, espírito de liderança e senso critico e, aliado a isso, possuir uma boa formação acadêmica que lhe dê sustentação teórico/prática para compreender a fundo toda a dinâmica educacional e empresarial e assim poder contribuir para a melhoria das pessoas e do ambiente organizacional. Dessa forma, entendemos que apenas a graduação em pedagogia não basta para preparar adequadamente esse profissional para os desafios que irá encontrar. Pois como já foi exposto no capitulo anterior, a graduação em pedagogia encontra-se atualmente muito voltada para a docência, deixando a margem os saberes necessários às práticas educacionais que acontecem fora do contexto escolar. Assim, entendemos que existe a necessidade, do pedagogo que se interessa pela área empresarial, buscar complementar a sua formação em cursos posteriores, como a pós-graduação em Pedagogia Empresarial ou áreas afins que lhe
  • 34. possibilitem um maior aprofundamento sobre a aprendizagem e o comportamento humano nas organizações, as relações interpessoais e intergrupais, conceitos básicos de administração e gestão empresarial e, sobretudo, um estudo mais avançado quanto à educação de adultos, uma fez que a atual graduação está mais direcionada a Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental.
  • 35. CAPÍTULO III METODOLOGIA Lembramos que o presente trabalho possui por objetivo conhecer a realidade da pedagogia empresarial na cidade de Senhor do Bonfim a partir da visão dos próprios pedagogos que atuam na área. Para tanto, além a pesquisa bibliográfica realizamos também um trabalho de campo, onde percorreremos alguns caminhos dentro da pesquisa qualitativa com o intuito de resolver a questão de pesquisa levantada no capítulo I. 3.1 A pesquisa Qualitativa A pesquisa qualitativa é um caminho investigativo que exige um intensivo trabalho de campo, onde o pesquisador deve manter o contato direto e estreito com seu objeto de estudo. Segundo Ludke, Menga (1986) na pesquisa qualitativa, o pesquisador é seu principal instrumento e a preocupação com o processo é bem maior do que com o produto. Assim, para que a pesquisa obtenha sucesso o pesquisador precisa estar atento a todas as etapas do processo e possuir sensibilidade para não apenas descrever, mas, sobretudo, interpretar o objeto/fenômeno que o estuda. Por exigir maior envolvimento do pesquisador com o processo da pesquisa, e também por sua característica flexível, principalmente no que diz respeito às técnicas de coleta de dados, onde o pesquisador pode escolher entre uma variedade, aquelas que mais de adéquam a observação que está sendo realizada, a pesquisa qualitativa permite compreender o objeto de estudo em sua profundidade. Nesse entendimento, Warlen (2004) afirma que: A abordagem qualitativa apresenta-se como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados [...] realça os valores, as crenças, as representações, as opiniões, atitudes e usualmente é empregada para que o pesquisador compreenda os fenômenos caracterizados por um alto grau de complexidade interna do fenômeno pesquisado (p.1). As características acima apontadas nos levaram a eleger a abordagem qualitativa como caminho investigativo da nossa pesquisa. Justificamos ser este o mais apropriado caminho investigativo para solucionar a nossa questão de pesquisa, pois
  • 36. ao buscar entender o porquê das coisas, as abordagens qualitativas são exploratórias e estimulam os sujeitos a pensarem e responderem livremente quando são entrevistados, e, permitindo a manifestação da subjetividade e espontaneidade, elas costumam provocar os sujeitos a revelarem seus pensamentos não explícitos, o certamente representou um fator significativo para o nosso estudo. 3.2 Lócus de Pesquisa Devido a nossos sujeitos estarem inseridos em empresas distintas, o presente trabalho possuiu dois lócus de pesquisa, a saber: CERB- Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia- Núcleo Regional de Senhor; Embasa- Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A-UNS - Unidade de Negócios de Senhor do Bonfim; 3.2.1 A Cerb A Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (Cerb) é uma empresa de economia mista, vinculada à Secretaria do Meio Ambiente, e tem como missão garantir a oferta de água para melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável, com ênfase no saneamento rural. Ela é responsável pela execução de programas, projetos e ações de aproveitamento dos recursos hídricos e saneamento rural do Estado da Bahia. Atualmente a Cerb possui núcleos regionais distribuídos em onze municípios da Bahia, entre eles o núcleo do município de Senhor do Bonfim, nosso lócus de estudo, que fica situado a Rodovia Lomanto Júnior, Km 104, e atende a mais vinte e sete cidades da região. 3.2.2 A embasa A Empresa Baiana de Água e Saneamento S.A. – Embasa - é uma sociedade de economia mista de capital autorizado, pessoa jurídica de direito privado, tendo como acionista majoritário o Governo do Estado da Bahia. Sua sede está localizada na capital baiana e a empresa se estende através de
  • 37. dezesseis Unidades Regionais situadas nos principais municípios baianos, entre eles o município de Senhor do Bonfim sede da UNS- Unidade de Negócios de Senhor do Bonfim, nosso lócus de pesquisa, que fica localizado na Avenida do Contorno, S/N, Casas Populares, e abrange vinte e quatro cidades da região através dos seus Escritórios Locais. 3.3 Sujeitos da pesquisa Compreendemos que para a realização de uma pesquisa é aconselhável uma mostragem maior de sujeitos para dar melhor sustentação aos resultados obtidos. Porém, como em nossa pesquisa os sujeitos são os pedagogos que atuam em empresas da cidade de Senhor do Bonfim e este município possui poucas organizações empresariais que disponham de pedagogos em seu quadro funcional, encontramos apenas 4 (quatro) pedagogos atuantes na área empresarial na cidade. Estes são os nossos sujeitos que nos ajudaram a solucionar a questão de pesquisa levantada no capitulo I, a partir de suas respostas no questionário e na entrevista semi-estruturada. Salientamos que anterior a realização dessa pesquisa fizemos um levantamento do número de pedagogos que atuam em empresas localizadas na cidade e encontramos somente os nossos quatro participantes que atuam em duas empresas estatais que possuem núcleos regionais na cidade de Senhor do Bonfim. Assim nossos sujeitos são: 01 Pedagogo da CERB- Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia- Núcleo Regional de Senhor; 03 Pedagogos da Embasa- Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A-UNS - Unidade de Negócios de Senhor do Bonfim; 3.4 Estratégias e Instrumentos da Pesquisa Entendemos que a escolha dos instrumentos de pesquisa utilizados para coletar dados é uma etapa de fundamental importância para o bom desenvolvimento da pesquisa e conseqüentemente a compreensão do objeto estudado. Pois, é a partir dos instrumentos de coleta de dados que entramos em contato direto com a realidade pesquisada e buscamos as respostas para solucionar a questão de pesquisa. De acordo com Cervo (2007) “os instrumentos de coleta de dados de largo
  • 38. uso são a entrevista, o questionário e o formulário (p.50)”. Ainda segundo o autor, a escolha dos instrumentos deve estar diretamente ligada ao objetivo da pesquisa. Nessa compreensão, elegemos como nossos instrumentos de coleta de dados o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada, acreditando serem estes os meios mais adequados ao nosso objetivo de estudo. 3.4.1 Questionário Fechado De acordo com Cervo (2007) “o questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com mais exatidão o que se deseja (p.53)”. Ainda segundo o autor o questionário “possui a vantagem de os respondentes se sentirem mais confiantes, dado o anonimato, o que possibilita coletar informações mais reais [...] (p.53)”. Assim, objetivando traçar o perfil identitário dos pedagogos que atuam nas empresas da cidade de Senhor do Bonfim aplicamos aliado à entrevista semi- estruturada um questionário fechado contendo 10 questões objetivas que foram de fundamental importância para a nossa pesquisa ao permitiram a extração de respostas confidenciais dos sujeitos, como por exemplo, dados referentes à remuneração profissional; e possibilitarem a extração de respostas claras e de fácil interpretação. 3.4.2 A Entrevista Semi- Estruturada Cervo (2007) conceitua muito bem este instrumento de coleta de dados ao dizer que “a entrevista não é uma simples conversa. É uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a pesquisa (p.51)”. Sabemos que existe uma variedade de formas de entrevistas cientificas, e entre elas elegemos para a nossa pesquisa a forma de entrevista semi- estruturada que combina perguntas abertas e fechadas, onde de acordo com Quaresma (2005) “o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto (p.75)”. Ao elaborarmos as perguntas da entrevista podemos observar que iramos obter respostas extensas e por isso optamos pelo tipo de entrevista semi-estruturada gravada que representou um instrumento muito significativo ao fornecer o contato
  • 39. direto com os nossos sujeitos, e possibilitar que além da escuta pudéssemos realizar também, uma observação e interpretação do comportamento, gestos e atitudes do entrevistado.
  • 40. CAPITULO IV ANÁLISE DE DADOS E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS No presente Capítulo apresentamos a análise dos dados coletados da pesquisa desenvolvida com os pedagogos atuantes na Cerb- Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia- Núcleo Regional de Senhor; e Embasa/UNS- Unidade de Negócios de Senhor do Bonfim. Para tanto, utilizamos como instrumentos de coleta de dados o questionário fechado, e a entrevista semi-estruturada, realizada com a utilização de gravador, o que permitiu apreender a veracidade das falas dos sujeitos. 4.2 O perfil dos sujeitos Como foi mencionado anteriormente foram aplicados questionários fechados aos quatro pedagogos das empresas acima citadas, onde por meio destes tornou-se possível traçar o perfil dos sujeitos conforme análise a seguir: 4.2.1 Idade e Gênero Quanto à faixa etária dos nossos pesquisados a variação vai dos 20 aos 40 anos, sendo que 50% possuem idade entre 26 a 34 anos; 25% entre 35 a 40 anos e mais 25% entre 20 a 25 anos, como apresentamos no gráfico 4.2.1. A partir destes dados podemos observar que todos os pedagogos são jovens profissionais na área do nosso estudo. Acreditamos que essa realidade está relacionada ao fato da Pedagogia Empresarial ser um nicho mercadológico ainda muito recente, sendo, portanto, mais conhecido pelos profissionais jovens, com recente formação e ainda a procura de inserção no mercado de trabalho.
  • 41. Gráfico 4.2.1 Idade No quesito “Gênero”, 100% dos pedagogos entrevistados são do sexo feminino, conforme o gráfico 4.2.2. Nesse panorama observamos que como afirma Fagundes (2002) há uma “destinação feminina para a área de Educação, em especial, para o curso de Pedagogia (p.65). Essa destinação segundo os estudos realizados pela autora deve-se as características do curso de Pedagogia de ser oportunizador de crescimento pessoal, facilitador de engajamento no mercado de trabalho, oportunizador de crescimento profissional e, sobretudo, possibilitador da construção de uma carreira profissional compatível com a vida familiar. Apesar disso, nos tempos contemporâneos esta realidade começa a mudar e os homens já apontam um interesse maior para a área da educação, apresentando freqüência em cursos de licenciaturas especificas e também Pedagogia. Gráfico 4.2.2 Gênero
  • 42. 4.2.2 Grau de escolarização e tempo de formação Na análise do grau de escolaridade dos pedagogos entrevistados, constatamos que 50% possuem apenas a graduação em Pedagogia e 50% deram continuidade a seus estudos, concluindo o curso de pós- graduação em Gestão de Recursos Humanos como apresenta o gráfico 4.2.3. Este dado é bastante relevante, pois mostra que estes pedagogos buscaram aprofundar seus conhecimentos na área empresarial, destacando-se da maioria dos pedagogos que comumente procuram cursos de pós-graduação voltados para a docência e para a problemática escolar. É importante compreendermos que de acordo com Libâneo (2006) “a formação profissional do pedagogo pode desdobrar- se em múltiplas especializações profissionais, sendo a docência uma entre elas (p.851)”. Compreendemos que para o pedagogo que se interessa pela área da Pedagogia Empresarial é de fundamental importância buscar complementar a sua formação com este tipo de especialização que lhe possibilite um maior aprofundamento sobre a aprendizagem e o comportamento humano nas organizações, as relações interpessoais e intergrupais, conceitos básicos de administração e gestão empresarial e, sobretudo, um estudo mais avançado quanto à educação de adultos, uma fez que a atual graduação está mais direcionada a Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental, como já apontamos no capitulo II deste trabalho. Segundo Paz e Carvalho (2010) “o RH é uma especialidade que surge para trabalhar com as complexidades organizacionais e para reduzir conflitos entre objetivos individuais e os interesses das empresas (p.3).” Assim, a opção dos nossos sujeitos pela especialização em Gestão de Recursos Humanos mostra o interesse destes em ampliar seus conhecimentos quanto à problemática educativa organizacional e assim, se desenvolverem dentro do ramo da Pedagogia Empresarial.
  • 43. Gráfico 4.2.3 Grau de escolaridade No que se refere ao tempo de conclusão da Graduação em Pedagogia dos quatro sujeitos entrevistados, 50% concluíram o curso entre 3 e 5 anos, 25% concluíram entre 1 e 2 anos e mais 25% concluíram o curso a menos de 1 ano, conforme o Gráfico 4.2.4. Observamos assim que os pedagogos que atuam nas empresas da cidade de Senhor do Bonfim, são formados recentemente. É importante ressaltarmos que 100% dos pedagogos entrevistados concluíram a graduação em Pedagogia na UNEB- Universidade do Estado da Bahia, Campus VII. Este dado vem revelar que apesar do curso de Pedagogia da Universidade estar voltado para a docência em conformidade com a Resolução CNE/CP n.1, de 15/05/2006, o nível de discussão em sala de aula quanto à problemática educacional favoreceu de alguma forma o conhecimento e direcionamento destes graduados para a área da Pedagogia Empresarial.
  • 44. Gráfico 4.2.4 Tempo de conclusão da graduação 4.2.3 Tempo de serviço na empresa e Requisitos da contratação Com relação ao tempo de serviço dos pedagogos nas empresas onde trabalham, dos quatro sujeitos entrevistados 50% trabalham na empresa há 3 a 5 anos; 25% de 6 a 10 anos e 25% a mais de 10 anos, conforme o Gráfico 4.2.5. Dessa forma, fazendo um comparativo dessa analise com a outra realizada no tópico anterior quanto ao tempo de conclusão da graduação em Pedagogia, podemos observar que alguns dos nossos entrevistados foram admitidos na empresa antes de concluírem a graduação. Gráfico 4.2.5 Tempo de serviço
  • 45. Quanto ao requisito de contratação, 100% dos sujeitos entrevistados não foram admitidos na empresa onde trabalham por conta da sua formação em Pedagogia, conforme o Gráfico 4.2.6. Os cargos ocupados possuem como pré- requisito de admissão apenas o nível médio de escolaridade. Assim apesar de possuírem a graduação em Pedagogia os sujeitos não são reconhecidos formalmente como pedagogos dentro da organização. Porém, apesar disso veremos adiante a partir da analise da entrevista semi-estruturada que estes mesmos sujeitos são solicitados pela organização onde trabalham a desenvolver atividades próprias da Pedagogia Empresarial em diversos momentos. Gráfico 4.2.6 Requisito de admissão 4.2.4 Situação Contratual: Terceirizado ou Efetivo No que se refere à situação contratual dos pedagogos dentro das empresas onde trabalham, 100% dos entrevistados são colaboradores terceirizados, de acordo com o Gráfico 4.2.7. Segundo Alves (2010) “A terceirização propicia a fraude de direitos trabalhistas e o enriquecimento espúrio de donos de empresas de intermediação de mão-de-obra (p.17)”. Assim, podemos observar que não são boas as condições de trabalho dos pedagogos entrevistados, pois enquanto colaboradores terceirizados encontram-se descobertos de muitos direitos trabalhistas, possuem salário muito inferior aos colaboradores efetivos que ocupam cargos iguais ou similares aos seus na mesma empresa, e, sobretudo, vivem em constante pressão psicológica quanto ao termino dos contratos e a sombra do desemprego.
  • 46. Gráfico 4.2.7 Situação contratual 4.2.5 Remuneração Quanto a remuneração dos quatro pedagogos entrevistados, 75% recebem igual ou aproximadamente 2 salários mínimos e 25% recebem igual ou aproximadamente 3 salários mínimos, conforme o Gráfico 4.2.8. Podemos observar que nossos sujeitos possuem uma baixa remuneração considerando a sua formação acadêmica e jornada de trabalho de 40h semanais. Também em comparação ao atual piso salarial dos professores da rede estadual da Bahia de R$ 1.187,08 (valor alvo de insatisfação por parte da maioria dos professores), a atual remuneração dos pedagogos entrevistados é ainda inferior. Essa realidade está relacionada à situação contratual acima revelada, pois como já pontuamos a terceirização propicia a má remuneração dos colaboradores.
  • 47. 4.2.8 Remuneração 4.3 Ouvindo os Pedagogos: A realidade profissional narrada pelos sujeitos Com o intuito de conhecer e analisar o perfil identitário dos sujeitos e a sua realidade profissional, utilizamos a entrevista semi-estruturada, com uso de gravador, para que pudéssemos apreender a veracidade dos depoimentos. Posteriormente os dados foram triangulados com aqueles extraídos do questionário fechado, o que nos possibilitou responder a nossa questão de pesquisa. Para salvaguardar a identidade dos sujeitos utilizamos o código “Ped.” seguido de numerais 01, 02 e assim sucessivamente. 4.3.1 A dicotomia entre cargo e atividades desenvolvidas Ao questionarmos quanto ao cargo ocupado e as atividades que desempenham na empresa observamos uma grande dicotomia entre ambos. Pois, apesar de nossos sujeitos ocuparem cargos de nível médio de escolarização, e desempenharem as funções burocráticas e administrativas que lhes competem , desenvolvem também em muitos momentos atividades próprias da Pedagogia Empresarial. Vejamos as respostas: Quanto ao Cargo: Eu sou supervisora dois, trabalho com acompanhamento de metas, indicadores e processos. (Ped. 01) Meu cargo é assistente administrativo. Função: eu coordeno processos de
  • 48. cobrança e supervisão de órgãos públicos. Trabalho com negociação, tudo que gira em torno de órgãos públicos na parte comercial da empresa eu atuo e no processo de cobrança. ( ped. 02) Como trabalho para uma empresa terceirizada a gente tem como função assinado na carteira técnico administrativo. Mas, dentro da empresa eu desenvolvo a coordenação do núcleo de planejamento e gestão [...] E, também trabalho na parte comercial no processo de faturamento. (Ped. 03) Eu sou assistente administrativo e trabalho na área comercial com processo de cliente, a gente atende a todos os tipos de clientes seja interno ou externo da empresa. (Ped. 04) Quanto às atividades desenvolvidas: Eu acompanho processo de comunidades, de instalação de novos sistemas, acompanho os indicadores, como é que andam as metas...é...o número de obras, porque a gente tem meta para tudo. (Ped. 01) Além das atividades que já citei, eu fico também responsável com o núcleo de planejamento e gestão da divisão comercial, é...sou responsável pela parte mesmo de gestão, de reuniões, atender a esses cronogramas, aos treinamentos internos, dou treinamento aos colaboradores dos escritórios locais da Unidade, dos nossos colaboradores internos também. [...] Muita coisa na área de gestão, essa questão de planejamento estratégico [...]. E, também, essas funções de treinamentos, é...essa parte também de artes, teatro, eventos. (Ped. 02) Além das que eu já citei, sempre tem as atividades extras que são na coordenação de eventos, as vezes coordenando, as vezes auxiliando o RH que é responsável diretamente, e na promoção também de treinamentos voltados pra área de gestão. (Ped. 03) Bom, nossas atividades são bastante diversas. A gente atende como eu falei a todos os clientes, e o nosso maior objetivo é elevar a satisfação da empresa e aumentar a gestão comercial. E através disso a gente atende a clientes de todas as localidades ou cidades que a empresa atende [...] E diversas outras coisas que a gente é...no decorrer do dia com prazos para prestar conta pra empresa, tipo essa questão das metas comerciais, processo judiciais, e... na questão de atendimento mesmo no geral. (Ped. 04) De acordo com Urt e Lindquist (2004) O Pedagogo é o agente educacional da empresa, sua função é a concretização da educação dentro dos interesses atuais da organização. Esse profissional atua na área de Recursos humanos, em setores como: Desenvolvimento e Treinamento, Recrutamento e Seleção, Desenvolvimento Gerenciado. Eles não têm uma função específica de Pedagogo e embora se afirme que, devido à sua formação, o seu forte seja treinamento, ele atua em várias frentes, como recrutamento, seleção e contratação. De forma geral, é denominado de Analista de Recursos Humanos ou Consultor de Recursos Humanos, fazendo parte
  • 49. de um grupo, dentro de Recursos Humanos, do qual fazem parte também, o psicólogo e o administrador. A partir das respostas dos entrevistados aos questionamentos quanto ao cargo que ocupam na empresa e as atividades que desempenham, podemos observar que os pedagogos entrevistados apesar de não ocuparem cargos ligados a sua formação acadêmica, são em muitos momentos solicitados a desenvolver também, atividades próprias da Pedagogia Empresarial, e essa realidade é expressa claramente nas falas do Pedagogo 02 e do Pedagogo 03. O Pedagogo 03 ao nomear essas atividades de “extras” nos faz entender a visão capitalista da empresa em relação ao pedagogo. Pelo mesmo preço de um funcionário de nível médio de escolarização ela contrata um pedagogo que além de desempenhar as funções para que foi designado no momento da admissão, possui a competência necessária para desenvolver também, quando preciso,as atividades “extras” . Vale ressaltar a situação das empresas visitadas quanto ao setor de RH (Recursos Humanos) ou Gestão de Pessoas. Já elucidamos que ambas as empresas são núcleos regionais instalados na cidade e suas respectivas sedes estão localizadas na capital baiana. Porém, apesar desses núcleos regionais atenderem a muitos municípios da região da cidade de Senhor do Bonfim, contado assim com um numero razoavelmente grande de funcionários, em uma das empresas visitadas, o setor de RH (Recursos Humanos) ou Gestão de Pessoas nem mesmo existe e na outra empresa, apesar de existir não dispõe de nenhum pedagogo ou profissional com formação especifica nessa área. Tal realidade denota, talvez, a falta de conhecimento das empresas em relação ao processo de Gestão de Pessoas e quanto ao aproveitamento da formação acadêmica dos seus colaboradores graduados em Pedagogia. De acordo com Paz e Carvalho (2010) “O papel do RH é essencialmente educativo, ele trabalha na sensibilização e educação dos seus funcionários (p.6)”. Assim, entendemos que apesar de haver outros setores dentro da empresa onde o pedagogo possa desenvolver seu trabalho, é o setor de RH (Recursos Humanos) ou Gestão de Pessoas, o espaço organizacional onde se mais necessita da presença deste profissional.
  • 50. 4.3.2 A formação acadêmica auxiliando a prática Questionamos aos nossos entrevistados se e como os componentes curriculares estudados durante a graduação em Pedagogia contribuíram para o desempenho das atividades que exercem dentro da empresa. Abaixo a visão dos sujeitos: Sim. A pedagogia, eu acho que ela é ampla, né?! Ela desenvolve, a gente se torna um cientista mesmo, buscador de conhecimentos. Então contribuíram sim. (Ped. 01) Sim. Essa noção que é criada no curso como um todo, de gestão. Muita coisa da área de gestão a gente acaba adquirindo no curso [...] os conhecimentos curriculares eu acredito que tenha me ajudado bastante. (Ped. 02) Não. Porque pelo menos na nossa região ou dentro da própria Universidade é...pra Pedagogia ser aplicada dentro da empresa ainda deixa muito a desejar, né?! [...] Acho que a grade ainda deixa muito a desejar em relação a isso. Eu já tive olhando muitas outras grades curriculares que já incluem dentro da grade a Pedagogia Empresarial, a Pedagogia Hospitalar, quer dizer, abrindo a Pedagogia pra outros campos que não seja a educação, somente no foco educação. Obvio [...] que a gente acaba utilizando um pouco daquilo que a gente desenvolve na faculdade, mas não exatamente parte da grade curricular. (Ped.03) Ah! Bastante [...]. Na questão de seminários, de palestras, né?! De capacitação de funcionários, seleções, na questão do próprio atendimento em si, né?! Você sabe como você é...planejar, a Pedagogia ela me abriu um pouco esse olhar [...] Então, os meus parâmetros curriculares na Universidade foram de grande valia pra mim, e estão sendo até hoje, né?! (Ped.04) Para iniciar essa analise é importante lembrarmos que todos os entrevistados concluíram a graduação em Pedagogia na mesma Universidade. Podemos observar que dos quatro pedagogos entrevistados três acreditam que os componentes curriculares estudados durante a graduação em pedagogia contribuíram para o desenvolvimento das atividades dentro da empresa, e atribuem essa contribuição aos conhecimentos adquiridos durante o curso na área de pesquisa (Ped. 01), gestão (Ped.02) e planejamento (Ped.04). Apenas o Pedagogo 03 possui uma opinião contraria. Em sua fala ele faz uma critica a grade curricular curso de pedagogia da UNEB- Campus VII dizendo que o curso ainda deixa muito a desejar quando comparado ao de outras Universidades que já incluem em sua grade a
  • 51. pedagogia empresarial. Os pontos de vista dos nossos entrevistados nos levam a refletir quanto à formação ideal do pedagogo perante a essa nova realidade em que seu campo de atuação vai muito além dos muros escolares. De acordo com Libâneo (2001): O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um profissional qualificado para atender demandas sócio-educativas de tipo formal e não-formal e informal, decorrentes de novas realidade [...] não apenas na gestão, supervisão e coordenação pedagógica de escolas, como também na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino, no planejamento educacional, na definição de políticas educacionais, nos movimentos sociais, nas empresas, nas várias instancia de educação de adultos, nos serviços de psicopedagoga e orientação educacional, nos programas sociais, nos serviços para a terceira idade, nos serviços de lazer e animação cultural[...]. A caracterização de pedagogo stricto sensu é necessária para distingui-lo do profissional docente [...] lato sensu. Por isso mesmo importa formalizar uma distinção entre trabalho pedagógico (atuação profissional em um amplo leque de práticas educativas) e trabalho docente (forma peculiar que o trabalho pedagógico assume na sala de aula), separando portanto, curso de Pedagogia (estudos pedagógicos) e cursos de licenciatura (para formar professores do ensino fundamenta e médio) (p.30-31) (Grifo nosso) O autor traz, portanto, o entendimento de que o curso de Pedagogia precisa ser dividido em Licenciatura para formar o profissional docente e Bacharelado para formar o especialista em educação que iria atender a essas novas demandas educativas da sociedade atual. Ainda reforça esse entendimento ao dizer: É difícil crer que um curso com 3.200 horas possa formar professores para três funções que têm, cada uma, sua especificidade: a docência, a gestão, a pesquisa, ou formar, ao mesmo tempo, bons professores e bons especialistas, com tantas responsabilidades profissionais e esperar tanto do professor e do especialista. [...] Para se atingir qualidade da formação ou se forma bem um professor ou se forma bem um especialista, devendo prever- se, portanto, dois percursos curriculares articulados entre si, porém distintos (Libâneo 2006, p.861) Para concluir, este ressalta ainda que “o curso de pedagogia oferecerá, portanto, três habilitações: bacharelado em pedagogia, licenciatura em educação infantil e licenciatura em anos iniciais do ensino fundamental (Libâneo, p.872)”. Concordamos com o posicionamento do citado autor em relação à formação de pedagogos, pois acreditamos que para atender as novas demandas extra-escolares que surgem na sociedade contemporânea é necessária uma grade curricular voltada
  • 52. para a formação do pedagogo especialista. Isto é, uma graduação não necessariamente deve-se aprofundar nas áreas especificas, pois isso fica a cargo dos cursos de pós-graduação, mas que possibilite uma visão geral da nova realidade mercadológica e contemple estudos mais profundos quanto à educação voltada para adultos e a prática pedagógica em espaços não-formais. Ao mesmo tempo, reconhecendo que a sociedade contemporânea clama por melhorias no contexto escolar, acreditamos ser de fundamental importância a existência de um curso de licenciatura que forme o profissional docente capaz de atender e contribuir para a resolução dos atuais e complexos problemas da educação formal. 4.3.3 A valorização profissional no espaço empresarial Questionamos os nossos sujeitos se eles se sentiam reconhecidos /valorizados enquanto pedagogo na empresa onde trabalham. As respostas abaixo revelam a realidade vivenciada pelos nossos sujeitos, mostrando que a maioria sente que a empresa não reconhece /valoriza sua formação acadêmica em Pedagogia. Mais ou menos, né?! Não é reconhecido pela função como...a minha graduação como pedagoga. Mas, ao longo do tempo aqui quando a gente foi discutindo, né?! O pessoal vendo, ah! *** é pedagoga então é gestão de pessoas. Ai eu me vi. Mas não a empresa em si, né?! Reconhecimento, gratificação salarial e essas questões não . (Ped.01) Na empresa como um todo não. Eu diria que em alguns momentos sim. É...quando meu gerente imediato me solicita algumas atividades que ele chega até a questionar: você que é pedagoga, por favor?! Então ele utiliza a minha formação em algumas atividades, mas não sou reconhecida como pedagoga não. Porque eu não atuo diretamente nisso, apesar da minha formação é...auxiliar no desenvolvimento das minhas atividades, eu não sou reconhecida na empresa diretamente como pedagoga.Eu...algumas vezes, por ser pedagoga sou solicitada a algumas atividades. (Ped. 02) Diante das atividades que eu desempenho, eu sou muito cobrada em tá colocando aquilo que a gente desenvolve na Universidade dentro do trabalho, que é justamente essa desenvoltura, essa capacidade de lidar com o outro, mas em relação a reconhecimento enquanto profissional não né?! (Ped. 03) Apenas um dos pesquisados se sente reconhecido/valorizado enquanto pedagogo dentro da empresa.
  • 53. Totalmente, totalmente! Se não fosse a Pedagogia eu acho que eu não tinha me encontrado. É...eu tenho praticamente seis anos aqui nessa empresa, e todas as praticas pedagógicas que eu consegui trazer pra empresa, eu fui bastante valorizada, e eu sentia da parte dos meus gestores que eles me ouviam bastante né?! as dinâmicas de grupo que a gente fazia, as reflexões que a gente fazia em grupo...tudo isso faz com que a gente se sinta valorizado, né? (Ped.04) Neste contexto, o pedagogo 01 menciona a sua insatisfação com a sua gratificação salarial, questão já analisada anteriormente, onde constatamos que a remuneração dos nossos sujeitos é realmente baixa. O pedagogo 02 salienta que em algumas vezes, por ser pedagogo é solicitado a desenvolver algumas atividades próprias da Pedagogia Empresarial, mas não é reconhecido pela formação acadêmica. Também o pedagogo 03 enfatiza que é muito cobrado em aplicar os conhecimentos acadêmicos no trabalho, mas não é reconhecido formalmente como pedagogo. Apenas o Pedagogo 04 diz sentir-se totalmente valorizado dentro da empresa. Assim, a maioria dos nossos sujeitos reconhece a falta de reconhecimento profissional enquanto pedagogos dentro da empresa, refletida não apenas na baixa remuneração salarial, como também, na situação contratual terceirizada que como já afirmamos anteriormente, os mantém descobertos de muitos direitos trabalhistas e em constante pressão psicológica quanto ao termino do contrato trabalhista. Porém, a fala Pedagogo 04 ao comentar que costuma ser ouvido por parte dos gestores, demonstra que a empresa na pessoa dos gestores talvez tenha conhecimento da competência intelectual do pedagogo, apesar de não reconhecer formalmente a sua profissão. 4.3.4 A contribuição do pedagogo para o espaço empresarial Procuramos descobrir o conhecimento que os sujeitos têm a respeito da contribuição do pedagogo para o espaço empresarial. As respostas abaixo apontam que os sujeitos estão informados quanto às reais atribuições do pedagogo dentro de uma organização empresarial e sua contribuição para este novo cenário mercadológico.