2. Pegarei todos os meus sonhos e os despacharei em envelope pardo, destinatário incerto, sem remetente. Passarei um pincel escuro no arco-íris que inocentemente eu desenhei, carregado de cores. Amassarei de vez todas as flores de mentirosas esperanças e arrancarei até mesmo os falsos botões que estão por vir.
3. Nublarei a noite quando ela me escancarar a lua cheia, apagarei uma a uma, todas as estrelas que teimarem em tremeluzir. Tingirei de cinza a manhã mais luminosa do meu santuário, emudecerei o canto do meu sabiá coração, não farei mais festa para o meu colibri.
4. Desfarei todas as pegadas do caminho, onde os teus passos e os meus estiveram perfilados. Encherei de colcheias e semifusas confusas todos os fados e canções que arrancaram lágrimas deste meu coração emocionado.
5. Farei em pedacinhos, pequenas e grandes lembranças palpáveis, sem esquecer aquele CD e o vestido de marquinhas, aquele que tu gostavas, mas não chegaste a conhecer.
6. Destroçarei também as recordações não palpáveis, que um dia me deram provas incontestes do teu amor e dizimarei todas as angélicas hostes que me atrelaram a ti, esquecidas da minha dor.
7. E se porventura em sonhos minha alma desvairada te buscar e, em prantos te encontrar andando pela rua, abraça-me, com aquele carinho de antigamente porque sonhando, nossas almas não mentem e a minha te dirá que ainda sou tua. Formatação: [email_address] sair