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Médico psiquiatra e analista junguiano, o pau-
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C
Entrevista com
quiatria e Psicanálise, e, em 1965, graduou-se
pelo Instituto Jung, em Zurique. Ao retornar
para o Brasil, fundou, com outros colegas, a
Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica,
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anos é supervisor e coordenador de seminários
na SBPA. Além de ministrar inúmeros cursos
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e divulgando a obra de Jung e conceitos pró-
prios, que originaram a Psicologia Simbólica
Junguiana. Nesta entrevista, Byington ensina
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Carlos Amadeu Botelho Byington
Entrevista
R e v i s t a d a ES P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1
12
GRACIOSO – Recentemente, a revista
Época publicou um estudo, cuja tese
central é o pensamento de que, por um
lado, a maioria reconhece que é preciso
mudar a educação, incluindo critérios
e valores parecidos com os que você
defende no seu livro: intuição, imagi-
nação, criatividade e ética. Entretanto,
cada vez mais, os países são obrigados
a competir entre si e não há mais pos-
sibilidade de nos contentarmos com o
pico no mundo, ou seja, temos sempre
de pensar no que o vizinho do outro
lado do Atlântico está fazendo. Mas,
nos concursos que a ONU promove, os
países que estão na vanguarda − como
China, Taiwan e Finlândia – incentivam
o ensino à moda antiga, tradicional,
disciplinador e competitivo.
CARLOS – É preciso avaliar que competição
é essa. A competição pode ser imediatista
em função de ganhos rápidos ou voltada
à criatividade, ao brilho de uma atividade
profunda.
GRACIOSO – No caso, a competição seria
medida em termos do conhecimento
que você consegue pôr na cabeça do
aluno.
J.ROBERTO – No seu livro tem um capítulo
que fala sobre o conceito de competição
e agressividade. Volta e meia lê-se que
um estudante japonês se matou porque
foi reprovado ou ainda que a menina
ficou doente de tanto estudar. Há um
sentimento de que só vale aquele que
chegar em primeiro, no máximo, em
segundo lugar. O terceiro colocado já
recebe vaias. Isso parece estar presen-
te mesmo na nossa própria escola, nas
faculdades e no ensino médio. Como
você avalia esses ingredientes?
CARLOS – Depende muito dos valores apli-
cados. É preciso avaliar se a proposta é de
uma educação integral − focada nos quesi-
tos de moral, emoção e bem-estar − para o
ser humano, porque o conceito de felicidade
é importante. Recentemente, assisti a um
video-livro sobre o Butão, um país que le-
galiza e exige nas escolas a busca da felici-
dade. Há delegacias para receber as pessoas
e instruí-las, e, até mesmo, para repreender
os vizinhos que estão atrapalhando a fe-
licidade ou dos pais que não professam a
busca da felicidade. Para a autorrealização
do ser humano é preciso incluir na edu-
cação a busca por bem-estar, felicidade e
plenitude. Muitas vezes, um aluno passa
no vestibular, faz o curso universitário,
a pós, o mestrado, o doutoramento e em
momento algum estuda como ele vê o mal
na sociedade, a felicidade e o bem-estar do
outro, ou seja, se ele tem alguma empatia
em perceber a felicidade do outro a quem
ele vai dar o saber, a profissão. Existe uma
alienação existencial muito grande entre
os valores buscados, os diplomas, a erudi-
ção e o humanismo. Como o humanismo
vem desde o Renascimento, ele traz para o
Ocidente valores importantes, que foram
fixados para trás com essa competitivi-
dade enorme dentro do nível da erudição.
Por isso no livro chamo a atenção para
a emoção, para aquilo que a pessoa está
} Se estamos tratando de Educação do Futuro,
é preciso falar da Imaginação Alucinatória Com-
putadorizada, que é a grande fronteira. ~
12
E N T R E V I S T A
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a ES P M
13
S o f i a E s t e v e s
	‘
sentindo, é a teoria de Jung, do Processo
de Individuação: a autorrealização emo-
cional durante a vida. Nós, que buscamos
análise e autoconhecimento, prestigiamos
muito essa busca no trabalho dos símbolos,
do conhecimento dos sonhos. Nas minhas
aulas costumo perguntar aos alunos sobre
os sonhos, contribuições riquíssimas que
podemos aproveitar no ensino. No entanto,
essa vida interior das emoções recebe pouca
atenção na universidade.
GRACIOSO – Nossa vivência na área aca-
dêmica confirma o que você diz. Como
professor, sempre fui humanista e me
dei muito bem. Hoje, há estudiosos no
assunto, como o neurocientista Miguel
Nicolelis, percebendo que o compu-
tador provoca muitos benefícios, mas
também alguns malefícios. Um deles
seria reduzir a importância das emo-
ções na percepção dos jovens de hoje,
porque o computador é uma máquina
burra, não tem emoções, apenas soma,
soma e soma.
J.ROBERTO – E padroniza a comunicação
também.
GRACIOSO – Os jovens se habituaram a
confiar no computador, que hoje é a bí-
blia deles. Vivem em função do Google
como fonte de consulta. O computador,
entretanto, não tem nada a dizer em
termos de emoção, que ficou para trás,
escondida. Nossos professores estão
lutando com isto, pois esta é uma esco-
la que precisa de emoção, criatividade,
marketing e comunicação. Sentimos o
efeito esterilizante desse novo mundo
digital.
CARLOS – Os jovens mostram novos cami-
nhos pelas coisas que aprendem. Estão fas-
cinados pelos jogos. Mas o que tem o jogo
unido a essa racionalidade do computador?
A emoção. Só que falo sobre a emoção no
nível da vivência computadorizada da alu-
cinação. Se estamos tratando de Educação
do Futuro, é preciso falar da Imaginação
Alucinatória Computadorizada, que é a
grande fronteira. Nós, na psiquiatria, na
psicologia e na educação, certamente temos
um mundo normal e um mundo psicótico
bem delimitado. Queremos o bem-estar
das pessoas e a saúde mental. Do outro
lado dessa fronteira temos o delírio psicó-
tico, que é a imaginação completamente
solta e desvairada, na qual o indivíduo
vivencia suas loucuras, principalmente, a
esquizofrenia. No último capítulo do livro
mostro que hoje a pessoa pode viver essas
experiências no Epcot Center, na Disney,
por exemplo, onde o indivíduo coloca uma
aparelhagem de audição e visão para assis-
tir e participar de um filme. Se a história
é algo como uma viagem num oceano, ele
vai pegar ondas, mergulhar, ver os peixes
e sentir as emoções, ou seja, vai vivenciar
alucinatoriamente a experiência. Nenhum
professor consegue esse tipo de vivência
nas técnicas de dramatização em sala de
aula, de inter-relação emocional dentro
da transferência pedagógica. Nessa nova
vivência é possível incluir na história uma
viagem à Pompeia, na qual você irá à Pom-
peia, verá a erupção vulcânica, estará lá
com as pessoas, verá o Vesúvio em erupção
e sofrerá o soterramento. Essa pessoa nunca
mais esquecerá porque terá uma vivência
impactante. No caso dos alunos, eles saem
da sala de aula tendo presenciado o acon-
tecimento, como testemunhas da história.
Então não é mais um ensino “falar de” e sim
um ensino vivencial – não só por meio de
símbolos, mas de alucinação computadori-
zada. E vamos ter isso em qualquer aula de
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Até mesmo na área religiosa, no futuro, a
pessoa poderá ter um encontro com Jesus,
além de participar da Última Ceia. Graças
à imaginação computadorizada, você vai
poder falar com Jesus e Ele falará com você.
Isso será o ensino moderno.
s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a ES P M
13
Carlos Byington

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Entrevista com Carlos Byngton - Revista da ESPM (setembro/outubro 2011)

  • 1. R e v i s t a d a ES P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 10 Donizetoi DonizeteS.Pinto
  • 2. s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a ES P M 11 Entrevista concedida a Francisco Gracioso e J. Roberto Whitaker Penteado Professores no divã A omo aumentar a profundidade do aprendizado e dificultar o seu esque- cimento? Em busca de respostas para esseproblema,CarlosAmadeuBotelhoByington colocou professores e alunos no divã, com um único objetivo: resgatar a vivência emocional e prazerosa no ensino. O segredo dessa fórmula inovadora, que leva emoção e imaginação para dentro da sala de aula, ele desvenda no livro A construção amorosa do saber. Médico psiquiatra e analista junguiano, o pau- lista com alma carioca formou-se em medicina no Rio de Janeiro, virou especialista em Psi- C Entrevista com quiatria e Psicanálise, e, em 1965, graduou-se pelo Instituto Jung, em Zurique. Ao retornar para o Brasil, fundou, com outros colegas, a Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, que já formou mais de noventa analistas.
Há anos é supervisor e coordenador de seminários na SBPA. Além de ministrar inúmeros cursos e palestras no Brasil e no exterior, ensinando e divulgando a obra de Jung e conceitos pró- prios, que originaram a Psicologia Simbólica Junguiana. Nesta entrevista, Byington ensina como utilizar o videogame, a vivência e a me- ditação para construir a escola do século XXI. Carlos Amadeu Botelho Byington Entrevista
  • 3. R e v i s t a d a ES P M – s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 12 GRACIOSO – Recentemente, a revista Época publicou um estudo, cuja tese central é o pensamento de que, por um lado, a maioria reconhece que é preciso mudar a educação, incluindo critérios e valores parecidos com os que você defende no seu livro: intuição, imagi- nação, criatividade e ética. Entretanto, cada vez mais, os países são obrigados a competir entre si e não há mais pos- sibilidade de nos contentarmos com o pico no mundo, ou seja, temos sempre de pensar no que o vizinho do outro lado do Atlântico está fazendo. Mas, nos concursos que a ONU promove, os países que estão na vanguarda − como China, Taiwan e Finlândia – incentivam o ensino à moda antiga, tradicional, disciplinador e competitivo. CARLOS – É preciso avaliar que competição é essa. A competição pode ser imediatista em função de ganhos rápidos ou voltada à criatividade, ao brilho de uma atividade profunda. GRACIOSO – No caso, a competição seria medida em termos do conhecimento que você consegue pôr na cabeça do aluno. J.ROBERTO – No seu livro tem um capítulo que fala sobre o conceito de competição e agressividade. Volta e meia lê-se que um estudante japonês se matou porque foi reprovado ou ainda que a menina ficou doente de tanto estudar. Há um sentimento de que só vale aquele que chegar em primeiro, no máximo, em segundo lugar. O terceiro colocado já recebe vaias. Isso parece estar presen- te mesmo na nossa própria escola, nas faculdades e no ensino médio. Como você avalia esses ingredientes? CARLOS – Depende muito dos valores apli- cados. É preciso avaliar se a proposta é de uma educação integral − focada nos quesi- tos de moral, emoção e bem-estar − para o ser humano, porque o conceito de felicidade é importante. Recentemente, assisti a um video-livro sobre o Butão, um país que le- galiza e exige nas escolas a busca da felici- dade. Há delegacias para receber as pessoas e instruí-las, e, até mesmo, para repreender os vizinhos que estão atrapalhando a fe- licidade ou dos pais que não professam a busca da felicidade. Para a autorrealização do ser humano é preciso incluir na edu- cação a busca por bem-estar, felicidade e plenitude. Muitas vezes, um aluno passa no vestibular, faz o curso universitário, a pós, o mestrado, o doutoramento e em momento algum estuda como ele vê o mal na sociedade, a felicidade e o bem-estar do outro, ou seja, se ele tem alguma empatia em perceber a felicidade do outro a quem ele vai dar o saber, a profissão. Existe uma alienação existencial muito grande entre os valores buscados, os diplomas, a erudi- ção e o humanismo. Como o humanismo vem desde o Renascimento, ele traz para o Ocidente valores importantes, que foram fixados para trás com essa competitivi- dade enorme dentro do nível da erudição. Por isso no livro chamo a atenção para a emoção, para aquilo que a pessoa está } Se estamos tratando de Educação do Futuro, é preciso falar da Imaginação Alucinatória Com- putadorizada, que é a grande fronteira. ~ 12 E N T R E V I S T A
  • 4. s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a ES P M 13 S o f i a E s t e v e s ‘ sentindo, é a teoria de Jung, do Processo de Individuação: a autorrealização emo- cional durante a vida. Nós, que buscamos análise e autoconhecimento, prestigiamos muito essa busca no trabalho dos símbolos, do conhecimento dos sonhos. Nas minhas aulas costumo perguntar aos alunos sobre os sonhos, contribuições riquíssimas que podemos aproveitar no ensino. No entanto, essa vida interior das emoções recebe pouca atenção na universidade. GRACIOSO – Nossa vivência na área aca- dêmica confirma o que você diz. Como professor, sempre fui humanista e me dei muito bem. Hoje, há estudiosos no assunto, como o neurocientista Miguel Nicolelis, percebendo que o compu- tador provoca muitos benefícios, mas também alguns malefícios. Um deles seria reduzir a importância das emo- ções na percepção dos jovens de hoje, porque o computador é uma máquina burra, não tem emoções, apenas soma, soma e soma. J.ROBERTO – E padroniza a comunicação também. GRACIOSO – Os jovens se habituaram a confiar no computador, que hoje é a bí- blia deles. Vivem em função do Google como fonte de consulta. O computador, entretanto, não tem nada a dizer em termos de emoção, que ficou para trás, escondida. Nossos professores estão lutando com isto, pois esta é uma esco- la que precisa de emoção, criatividade, marketing e comunicação. Sentimos o efeito esterilizante desse novo mundo digital. CARLOS – Os jovens mostram novos cami- nhos pelas coisas que aprendem. Estão fas- cinados pelos jogos. Mas o que tem o jogo unido a essa racionalidade do computador? A emoção. Só que falo sobre a emoção no nível da vivência computadorizada da alu- cinação. Se estamos tratando de Educação do Futuro, é preciso falar da Imaginação Alucinatória Computadorizada, que é a grande fronteira. Nós, na psiquiatria, na psicologia e na educação, certamente temos um mundo normal e um mundo psicótico bem delimitado. Queremos o bem-estar das pessoas e a saúde mental. Do outro lado dessa fronteira temos o delírio psicó- tico, que é a imaginação completamente solta e desvairada, na qual o indivíduo vivencia suas loucuras, principalmente, a esquizofrenia. No último capítulo do livro mostro que hoje a pessoa pode viver essas experiências no Epcot Center, na Disney, por exemplo, onde o indivíduo coloca uma aparelhagem de audição e visão para assis- tir e participar de um filme. Se a história é algo como uma viagem num oceano, ele vai pegar ondas, mergulhar, ver os peixes e sentir as emoções, ou seja, vai vivenciar alucinatoriamente a experiência. Nenhum professor consegue esse tipo de vivência nas técnicas de dramatização em sala de aula, de inter-relação emocional dentro da transferência pedagógica. Nessa nova vivência é possível incluir na história uma viagem à Pompeia, na qual você irá à Pom- peia, verá a erupção vulcânica, estará lá com as pessoas, verá o Vesúvio em erupção e sofrerá o soterramento. Essa pessoa nunca mais esquecerá porque terá uma vivência impactante. No caso dos alunos, eles saem da sala de aula tendo presenciado o acon- tecimento, como testemunhas da história. Então não é mais um ensino “falar de” e sim um ensino vivencial – não só por meio de símbolos, mas de alucinação computadori- zada. E vamos ter isso em qualquer aula de conhecimentos gerais, história e geografia. Até mesmo na área religiosa, no futuro, a pessoa poderá ter um encontro com Jesus, além de participar da Última Ceia. Graças à imaginação computadorizada, você vai poder falar com Jesus e Ele falará com você. Isso será o ensino moderno. s e t e m b r o / o u t u b r o d e 2 0 1 1 – R e v i s t a d a ES P M 13 Carlos Byington