O documento discute a dor abdominal recorrente em crianças, definindo-a como uma entidade distinta que afeta cerca de 10-15% das crianças em idade escolar. Apresenta critérios de diagnóstico, fatores de risco, abordagem diagnóstica focada em sinais de alerta para doenças orgânicas, e enfoque no manejo multidisciplinar com foco na educação familiar e alívio dos sintomas.
2. Problema comum em escolares
Alta freqüência no consultório
24% das consultas pediátricas
13-27% dos escolares têm dor abdominal
semanal
Dor Abdominal Recorrente (DAR) não é apenas um
sintoma. É uma entidade pediátrica distinta.
3. Critérios de Apley:
Pelo menos TRÊS episódios de dor, de
intensidade suficiente para INTERFERIR
nas atividades habituais da criança, por
um período mínimo de TRÊS meses.
4. 10 – 15%: crianças em idade escolar
Meninas são mais acometidas (1,5:1)
Início: a partir dos 4 anos
Meninas: aumento até os 10 anos
Meninos: aumento com 5 anos e declínio
Duarte MA, Mota JAC. Dor abdominal recorrente. J Pediatr 2000.
5. Complexa
Doenças Orgânicas x Distúrbios funcionais
10% dos casos: identifica-se doença orgânica
90 a 95% dos casos: sem doença orgânica
Classificação de Roma III (2006):
Dispepsia funcional
Síndrome do Intestino Irritável
Dor abdominal funcional
Migrânea abdominal
12. Causas Orgânicas Causas funcionais
Constipação Intestinal Dispepsia funcional
Má absorção de carboidratos Síndrome do Intestino Irritável
Infecção parasitária Dor abdominal funcional
Dores musculares Enxaqueca abdominal
Dismenorréia Aerofagia
Distúrbios pépticos
Infecções do trato urinário
Doença Inflamatória Intestinal
Endometriose
Doença inflamatória pélvica
Cálculos biliares
Nefrolitíase
Neoplasia de ovário
Tuberculose
13. Anamnese
Dados sobre a DOR
Dieta e Hábito intestinal
História familiar
Início, frequencia e evolução
Duração, localização e irradiação
Caráter e intensidade
Interrupção do sono
Outros sinais e sintomas associados
Fatores desencadeantes, pioram ou melhoram
Relação com estresse
Relação com alimentação
Uso de medicamentos
Reação da família à dor da criança
14. Exame Físico GERAL
◦ Estado geral e nível de desconforto
◦ Antropometria, velocidade de crescimento e
desenvolvimento puberal
◦ Sinais indicativos de doença orgânica
◦ Artrites
◦ Sinais de inflamação perirretal
15. Exame Físico Abdominal
Distúrbios funcionais: Exame
inespecífico, discreta área de maior
sensibilidade à palpação.
Sinais de irritação peritonial: Ausentes nos
distúrbios funcionais.
17. DADOS DA ANAMNESE/EXAME FÍSICO CAUSA
Dor ao amanhecer ou acorda a criança Origem péptica
Saciedade precoce, hálito azedo,
eructação, náuseas
Origem péptica
Dor em cólica, distensão, aumento de gás
relacionado à alimentação (leite e
derivados)
Intolerância à lactose
Giardíase
Sintomas respiratórios DRGE
Poucas evacuações, sensação incompleta,
massa em quadrante inferior esquerdo,
fezes endurecidas no reto, dieta pobre em
fibras
Constipação
Sangue nas fezes Doença inflamatória intestinal
Uso de medicações(ex:antibióticos para
acne)
Esofagite
Dor que surge com atividade física,
musculatura tensa ao exame
Tensão muscular
18. Exames complementares
◦ Excluir causas orgânicas
◦ Necessários quando presentes os SINAIS DE ALERTA
19. OUTROS ACHADOS QUE DEVEM SERVIR DE
ALERTA
Idade menor que 4 anos
Mudança no padrão da dor
Disfagia
Lesões orais
Dor que irradia para escápula, dorso ou MMII
Dor ou distensão persistente nos quadrantes superior ou
inferior direito
História familiar de doença inflamatória intestinal,
doença celíaca, úlcera péptica, litíase biliar ou
nefrolitíase
Anormalidades perianais
21. Multiprofissional
Suporte e educação para família
Alívio dos sintomas na DAR funcional
◦ Dispepsia: Antagonistas do receptor H2/ Dieta
◦ Migrânea: Antagonista serotoninérgico
◦ Crises álgicas: Analgésicos, antiespasmódicos
Tratar causa orgânica
Considerar origem multifatorial
Consulta de seguimento
23. Problema do dia a dia na pediatria
Ênfase para sinais de alerta
História psicossocial não descarta
problema orgânico associado
24. “O sorriso mais sincero é aquele dado por uma
criança,então, nunca deixe de ser uma.”
Rosane Oliveira
25. Consenso sobre dor abdominal recorrente. Disponível em:
http://www.sbp.com.br/pdfs/Consenso_DOR_Ab_Recorrente-
1A.PDF
Pediatria ambulatorial. Guia de consulta rápida. 1ª Edição. 2013.
MOTTA, M. E. F. A.; SILVA, G. A. P. Dor abdominal. In: FREIRE, L. M.
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